r
Florianópolis,
Dezembro de
1989
i' I , , I(I
**
MelhorPeça
Gráfica I e II Set Universitário Maio 88 Setembro89ZEBO
Jornal-laboratóriodo Curso de JornalismodaUniversidadeFederal deSantaCatarina.
Arte: Frank. Hubert, Mirko
!liá.Quino
Colaboradores: professor
CésarValente;PatrickChawel.
Stephen Ferry. Devoss-Wer
ner-Reichenback (fotos).Pier
re Rou"elin. Vavv Pacheco
Borges(textos); Inside. Istoé
Senhor.Time.
Coordenação: profe�sora
Neila13ianchin _
Diagramação: Alessandra
Meinicke.BllIe.Christiane Bal
bys. Fabiano Melato. Jeanine
Bellini. Josiane Laps. Nilva
Bianco. Pedro Saraiva, Vivian
deAlbuyueryue
Edição: Daniela Aguiar.Fa biano Melato. Geraldo Hoff
mann. Ivaldo Brasil Jr. Maria
Teresinha da·Silva.Murilo Va
lente. Rogério F. da Silva. Sô
nia Bridi
Edição esupervisão: profes
�orRicardo Barreto
Fotogralia: Ana Paula Mar
cili.Carol do Vale Pereira.
.Iac-4"es Mick. Maria T da Silva.
MartaMoritz. Romir Rocha
Laboratóriofotográlico: Pe
dro Mello
Textos: Christiane Balbys.
Clari""dosSantos.Deise Frei
ta:-.. Elaine Tavares. FabülI10 Melato. Geraldo Hoffmann.
HeloísaDalanhol.Iv,ildoBrasil
.Ir. .Iacqllt:� Mick."Marta Mo
ritz. Murilo Na�polini. Ozia�
Alves Jr. Pedro dosSantos,Pe
dro Saraiva. Rafael Ma�:-.cli.
RobertWillecke, R""me Por
to.SílviaPav��i' Telefone:(04X2)33-Y2I5
Telex:(t14X2)240 HR
Tclerax:3340(1Y
.
At'ahamentneimpressão: JIll-prelar
Correspondência:Caixa Po:-. tal .fT:!, Depart,.ullLntndt' Co nlllnic;,I�,.IO, Cur:-.o de
.Inrnali�-1110,Flnrianüpoli:-.-SC
Circula(;;jo dirigida Dístrihuiçúu gratuita
VENCE O
FENÔMENO
VIDEO-C'LIP
oo candidato
dos
poderosos
Le
Figaro
não
se
impressiona
com
o
eleito
�
o
candidatochega
numambiente
efervescente,
er gue ospunhos
em sinal dedeterminação.
A multidãosecomprime, querendo
tocálo,
abraçá-lo.
O "belo" Fer nandoCollor
é ofenômeno
desta
campanha
eleitoral.
Campeão
em todas as pesquisas
e puroproduto
damagia
mediática,'
ele estabe lece um contactofísico
com o seupúblico.
Umaequipe
de"fazedores
deimagens"
,que não
fica
nada a deveraos
publicitários
deManhat
tan ede LosAngeles,
rodeiao
jovem
pródigo
dapolítica
brasileira. Os
seuscomícios
são
verdadeiros
espetáculos,
onde
aexuberância
docar
naval se
mistura
aorigor
deHollywood.
Collor
não recorre aos Iefeitos
dramáticos,
quejá
são
tradição
em tribunas latino-americanas. Os
favela dos e ospobres
dointerior
não vão
escutá-lo falar.
Habitualmente,
ele não discursa por
muito
tempo.
Só fala poralguns
minutos
antesdeseguir
para outros comícios nestegigantesco país.
Sãoestas
aparições
q�eopovão
vai assistir:aparições
que para eles têm um pouco de milagre. "kbaixo
Judas,
vivaCollor".
Uma mulher da fa vela daFregut;sia
doÓ,
naGrande
SãoPaulo,
brandiaeste cartazem
apoio
ao candidato. Deus sabe
porquê
...Fernando
Collor
de Mello,
ex-governador
de Ala goas,garantiu
suavaga paradisputar
osegundo
turnonodia IT de dezembro. E tem
boas chances de
toçnar-se
opróximo
Presidente
do Brasil,
oprimeiro
Chefe de Esta do eleitopelo
votodireto
após
29 anos. O candidatotem40anos,equerencarnar
a nova
geração.
Metade dos·82.
milhões' de eleitores temL!:� oetues oens oe ta
ta...eta tt"UJccsllOurgaele�
ceImteneur. ne vrennent
oaspourrecovrer Comme
dnabnune. II ne partera
Que cueroues minutes,
avant deIllerversunauve
.
�naen��;�u�,<t��s
cv�e��;�1
��VOir, ass.stetiiceneappan
nonQUI, pourecx.trentun
peudu miracle .. A bas Judas,viveCollorI .. Une
ternmedeIa faveladeFrf'· questa rO.dansIegrand
SaoPaulo,br ancrsseu cene oancarteI autreJour Drev
sanoour cuc..
fernando Collor ele
Mette ancien oouverneur
ducem Elatde-I'Alagoas
dansIe Noroeste eSIman ouemenl assure dedisputer
Ieoeuneme lourqur aura
lieu te 17 oecembre.II ade bonnescnancesde oevemr
te orocnam- prés.oent du êrés!t. te premier cnet d'Etat éluausuttiaçeuru
versei ceours vmçt-neut
ans.A quarenteans: LIveut
mcarnerIanouvellegene.
retrcn. Lamoitlêdesqua
tre-vmct-oeux millions "
���I���:;�e
al��n�:��s�oter
MERCREDI 15NOVEMBRE19B! Lachasse aux" maharajas»Beau çosse.athlênoue.
Collorest cemture nonede aeretê.II8bAheonImage
sur une idee simple Qui plaitauxpetnesgens dont ii veutsetarreIe heros:..Les
mauxduBrésil sont liés à Ia corrupt/onde sesjdiri·
geanlset desacressepo/i·
tIque..
Collors'est fait Ie cham
pionde Ia .. chasse awe
maharaJas.,testcncnon
nanesquitouchenldessa
íarresmiTifiques etnese
présententpranquement ja
maisà leur travail.- Naus allonsemprisonnerles íri buns .,a-t-il annoncé en·
profitanl de I'impopularite
.
dugouvernementpour fa ire dupresident.JoséSarney,
saprLnclpaletêle deTurc.
II seveul intra liable à
I'egarddecesfonctlonnai-'
resQui,du hautenbas de Ia hiérarchle, dOlvent leur�
placeau..c/ienté/ismepoli· tique",.. Nous allonsen
fmlr aveccescorrompuset
cesincapabJesqui�eulenl transformer /e Brésilenune
mer, dedésespolf. .. Des
slogans simplistes,des for mules àI'emporte-p,êce,un
physiQuequipasse bien à 12télevision,Ia receiteést
connue
FernanCo Collor est Ie RonaldReagandesmilieux
Ion. rlIrl.:fJd��t:fJéI� oe I«o rue a 16core-e IILrrt-et maneie M:S mOI�. IepOlng Ierme Collorest un mau vais orateur Ses ccnseu
lerslU! onl eeoc Clil oe par.
ler temorns possible Drx
rmnuteste plus souvent. IIa
adopte un rvtnme euréoé QUI rmpreasronne!!'plO)!!!!..
�
de reooesse.tloen��r;�a��IS���rmlOa.
5esãõVeTmes cons
derent QU'II nest auun
.. candida' video-clip �
Peut-etre MaiScamarche parti de nen.IIestmonte
rusou'a42 % Clansresson
cages avantdesestabu
sera 25 % áta vetne du
premier 10Ul, 1010 cevant
sesconcunents oecaucne Collor fallcarnpeçneau nomdupentpeupte.m�!!...
est soutenu par les_.DIUS
p��o Ma
r)nno,teproOfletarrede Ia chame de tetevlSlon _o GlobO c�ntróle 70 % ã 80 % de raucrence cesr
unarne decotes.Le canm dai mene sa cr orsade
centreIa classepotrucue.
maisiien'estIui-mêrne Ie
proouu
, Petit-fils d'un ministre
��s����:n:��I�
V�;;
�l��r:
(IeschetspohtlQuesduNor
deste),sonpéreatue.un
jour.undesescg"êglles
d'un COllpde pistolel au
c cuzs d'lIop pye au
�
Aormratecr deMargaret
Tnatctrer;Collorn apasélé
'resexpliCitesurspopro
gramme,Itveutpnvauseret 1iDãfãTiSer t'econorrúe. II
comptesurIe..choc psy
ch%gique..desonelec tion pour vemr àboutde
l'inflaUon QUI enetnt 1300%.
Fernit.doCoilracorn
mencésa
a IX ans: en devenant maire de Macelo,Iacapi
tale de l'Alagoas, �
volontéde'smitilaires.Ouel ques annéesauparavant.ii avait pns Ia directiondu groupe familial:unjournal,
unestallon de televiSionel
deux slatLons de radio. Les conseillers ducan
didal aHlrmenl que, s'i1 esl
élu,ii feraappelaux"for
cessocis/esprogressistes..
pour soulenir son acILon,
Impulsileld'esprit indepen
dant., iI cachesonjeu:" La
gaúcheapeur de Collor à caUse 'fie sonpsssé; Is droileâcausedeson ave
nif",resumeunobserva teurbresilien.
P.R.
çâo,
de "machismo". Osseusadversários
o consideram
um candidato "vídeo-clip".
Talvez. Mas issomarca: saído do
nada,
elesubiu até 42 % nas
pesquisas,
antes de se
estabilizar
em25 % nas
vésperas
doprimei
roturno. Mesmo assim
supe
rando todos os outros con
correntes..
Collor
fazcampanha
em nomedos maispobres,
comoele
gosta
deafirmar,.
mas é.
apoiado
pelo.
todo-poderoso
Roberto.
Marinho,.
proprie
tário da Rede Globo de Tele
visão,
que controla entre70 % a 80 % da audiênciano
país.
É
um aliado de peso.O candidato direcioná sua
cruzada contraa classe
polí
tira,
daqual
éproduto.
Eneto deum
ministro
doTrabalho
Ide
GetúlioVargas
nos anos 30 e filho deSenador.
Na pura
tradição
dos "coro néis"(os
chefes
políticos
doNordeste),
seupai matou,
umdia,
umdeseuscolegas,
com um tiro de
pistola,
durante uma rixa 11.0,
Congres
so.
Admirador de
Ma'rgaret
Thatcher,
Collor
não foi explícito
sobre seuprograma.
Ele quer
privatizar
e liberara
economia,
contando com"o
choque
psicológico"
quepode
advir da suaeleição.
Não esclatece como comba terá a
inflação
que está subindoaum
ritmo
galopante.
Fernando Collor
de Mello começou a sua vidapolítica,
há dezanqs,
quando
foi
no-meado
prefeito
biônico deMaceió, capital
daAlagoas.
Alguns
anosdepois
assumiu
�direção
dó
grupo familiar: umjrlrnal,
umaestação
de televisãoeduasemissoras
de rádio.Os seus
assessores
afir
mam que,- se
eleito,
Collor
faráum
apelo
às"forças
sociais
progressistas"
para
apoiarem
suaação. Impul
sivo e de
espírito
indepen
dente,
o candidato doPRN
só
representa
umaincerteza:
"a
esquerda
tem receio de Collorpelo
seupassado
polí
tico;
a direitapelo
seufutu-'ro",
resume um observadorbrasileiro.
entielle
�dQ__Collor
I
��n__'
à la
brésilienne
d'affaires bresiliens, Une
éQUlpede..faiseurs d'ima ges"',quin'a rien àenvier
auxpublicistesdeManhat tan et de LosAngeles, efl toure Iejeuneprodlgede Ia
politique 'brésillenne. Ses
meetings sont de vrais
spectaclesauI'exubérance
du carnavalsemêle ii. Ia
rigueur d'Hollywood.
Le
Figaro:
Collor éum demagogoReagan
latinoPierre RouSSelin
Tradução
PedroSantosRIO DE JANEIRO:
,., de notreenvoyé spécial
P;e....ROUSSELtN
, Le candida! arrive dans
'unebousculade eHrénee. 11 tend lespoingsenI'airen
slgne de' determination.La foulesepresse. On veut Ie toucher, I'embrasser, Le beauFernando Collor est te
phénomene de cettecam
pagne électorale, Cham
piontoutescatégorieS'des
sondages,purproduitde Ia
magie médlatlque,ti établit
uncontact physique avec sonpubhc,
Candidal
ccvidéo-clip..
Cen'estpasuntribun â Ia modelatino-amencaine. Ouanditparle,iineprati
que pas d'eftets dramali
que�: de changem�nl"de
II
com os
corruptos
e os inca pazes que queremtransfor
maroBrasilnum marde de
sesperança".
Este discursoapaixonado
só convence opovão,
queinfelizmente
constitui
boaparte
doselei�
tores brasileiros.
Fernando Collor de Mello é Ronald
Reagan
de meiotom,
e não passa da ironiaà
cólera.
Elegrita
e martelaseus
slogans,
com opunho
_ cerrado.Collor
é um mauorador. Osseus
conselheiros
lhe
recomendaram
falar omenos
possível.
Dez minutos de
palanque,
bastam.Eni
compensação
adotou um
ritmo acelerado
que
impressiona,
eprojeta
umaimagem
dejuventude,
deenergia,
dedetermina-menos de 30 anos.
"Belo
rapaz",
atlético,
Collor é faixa
preta
de kara tê.Identificou
a suaimagem
a uma idéiàsimples
e queagrada
aosjovens,
de quemele quer fazer-se
heroí: "Os
males do Brasil estão
ligados
àcorrupção
de seus governantes e dasuaclasse
políti
ca". Ele se fez'
campeão
àcaça aos
marajás.
"Nós va mosprender
oscorruptos",
anunciou
aproveitando-se
da
impopularidade
do governo
Sarney,
sua
principal
cabeça
deturco.
-Os
discursos
docandidato
baseiam-se
emslogans
simplistas
e em fórmulas talha daspela
indústria televisiva.Mas,
ele não se cansa dereEm IS de novembro come
morou-seos cem anosdevida
republicana
e seprocessa, depois
de 29anos,aescolhadlretae
universal,
por 80 milhões de brasileiros, de um novopresidente. É
uma coincidên ciaimportante
para opaís
e quetrazalgumas inquietações
ereflexões: oquecomemorar
nesse centenário'? O que pen
sardoséculo de vida
republia
na
cujo
terço
se passou "emregime
deexceção"?
O fantasma dessa
excepcionalida
de, ou
seja,
de uma ditadurabaseada na
força
militar, éuma-constante em nossa vida'
republicana,
que desde suaproclamação
foi vista como meraquartelada
pelos
que adesvalorizavam ,e
ignoravam
a
evolução
dasaspirações
repub l ica na s. Na sucessão
atual, essa
excepcionalidade
funcionacomo uma
espada
deDâmocles a influir num voto
aparentemente cada vez mais
conscientedesua
importância
na história do
país.
O que
significa
aRepública
paranós
brasileiros?
Otermorecobre formas diferentes,
pois
.vern daAntigüidade
greco-romana,
passando pela
"respublica
christiana" medieval... Em 1776, houve a
primeira concretização
republicana na América Norte, e
em 1792, aPrimeira
Repúbli
caFrancesa,durante operío
do revolucionário: as duas
marcaram
profundamente
nosso
imaginario
cotidiano enossas
aspirações.
Nossa noção
deRepública
parece tersefundidocom ade democra
cia, baseada nas
experiências
acima,
com característicastaiscomoliberdades
políticas,
império
dalei,
sufrágio
eleitoral...universalizadossomente
para os cidadãos
proprietá
rios.
A
prática
republicana
foimuito diversa e mostra em
cem anosdiferentesordens
ju
rídico-políticas.
De 1889 a1930 houve a Primeira
Repú
blica,
de iníciopresidida
por doismilitares,
depois
por civis,
eleitos sem voto secreto.Esse
regime
termina com omovimento
político-militar
deoutubro de
30,
que instalanopoder
o Governo Provisóriode Getúlio
Vargas.
Em 34houve nova
Constituição
queprolongou
ogovernoVargas,
poreleição indireta,
até37,
quando
o mesmo grupo proclama o "Estado Novo". O
ano4'5traznovo
golpe
militar e novamudança
deregime,
com um
período
de quase 20anosde
eleições
regulares
como voto secreto. Em
64,
outrogolpe
e novoperíodo
ditatorial. No conhecimento
histórico,
DESAFIO
-Brasil
festeja
os
cem anos
de
falsa
República
Historiadora
questiona
as
comemoraçoes
pontos
nevrálgicos
da históriacontemporânea
paraadiscus são das rupturas, das transições
de umtipo
de sociedadepara outro, assim como para
a discussão da democracia.
Percebeu-se quea
política
temseuslimites: nãose consegue,
de uma hora para outra,
transformar uma sociedade
porum passede
mágica,
comum
golpe
militar ou mesmo umarevolução.
Háhoje
inclusiveum consensosobrealenta
mudança
dosvalores, dos hábitose mesmo as
instituições.
Mas há tambémoutroconsen
so: apesar de seus limites, o
campo da
política
é fundamental para efetivar transfer
mações, pois
nele seexplici
tame seresolvem conflitos de
toda natureza.
Mudanças
estrurais
jamais
ocorremde forma súbita, por mais que as
vontades
políticas
odesejem!
A
eleição
emquestão pode
serum momento fundamental
paraosdestinos do
país,
masnão éuma
revolução.
,Xeste centenário. o que se
dencomemorarnão é a Pro
clamação
daRepública.
Essa foi aruptura
doregime
anterior, apresentada
oficialmentecomo o fim do processoem
queo
país
estevepresoàssuasorigens
coloniais,
à monarquia.
-ao trabalho escravo: a
Abolição
teria libertadoos escravos, a
República
igualaria
todaa nossa
população.
todosos homens exerceriam livre
mente sua
condição
de cidadãos e/ou venderiamsua
força
de trabalho. As elites domi
nantes
paulistas.
já
antes daRepública,
assumirama direção
daformação
de um mercado de trabalho que
hoje.
com as
alterações
de maisdecem anos, aí está. Mas, e o
exercíciodo
direito-de
cidadania para aimensa maioria da
população?
A oportuna coincidência
dennosincitar para,emcon
tinuidadecom
antigas aspira
ções
democráticas, travarumadiscussãosobrecomoim
plementar
essarepública
democrática não
concretizada,
onde todos
sejam
realmente.cídadãos:na
qual
asgarantias
indivlduais
(igualmente
perantea
lei,
liberdade decren-o ça, de
expressão,
de associa,�
çáo)
assimcomo osdireitossoo
cia is(a
educação
e asaúdepu
�
blica, a moradia, o trabalhoe sua
remuneração
condizente)
sejam
realidade paratodoopovo brasileiro.. .... . I <I " . I .. 4 • ••tI . '.� ,,"f .:-, I'
\'a\"�'Pacheco Borges
\"a\.,PachecoBurues,historiadora. épro
fessora da Lniversidude Estadual de Cam pinas ll"nicamphmembro daAs.so(.·ja-.:ào :\adonaldosPrulessures L'nivt'rsitoil'i(J�de
Uistúria tAnpuhr, autora de "(;eluiiu
Varuase aOligarquiaPaulista ".
-. ,
:"
DEZ-89
ZERO"
P
3
-' , , • •"1 I'a
ordenação
dos acontecimen toséumadasfunções primor
diais paraa
abordagem
doobjeto.
Essacronologia
dosregi
mes tem seu sentido óbvio e
uma
função
explicativa
inerente,
mastambémseuslimites; ao
citá-Ia,
eevidenciamos suasdiferenças
e oquedessasdecorre,
nãoexplicamos
continuidades estruturais que se
prolongaram pelo
séculoeque atéhoje
impedem,
à imensamaioria de nossa
população,
oexercício dos direitosessen
ciais do cidadão. Essa contí-
-nuidadede
dominação
se perpetua desde o início da vida
republicana,
porém
se concretizou,
logicamente, sob
di ferentes circunstâncias.Ao historiadorcompeteex
plicar
astransformações
e ascontinuidadesdassociedades;
ora,
quais
são e como se dãoas
mudaças
sociais? Agrande
transformação
-sempre ater
rorizadora para as minorias
dominantes- desdeasmudan
ças que culminaramna
Ingla
terra'do século 17com a"Re
volução
Gloriosa",
de1688,
é chamada de"revolução".
Foram feitas inúmeras análi
ses sobre o
significado
dessemovimento assimç.omoásre
voluções
FrancesaeRussa de1917 e de suas decorrências.
Isso por serem consideradas
I'
I
SEM-TETO
&
SEM-MURO
Prefeito
descumpre
promessa,
.
é
vaiado
e
o
povo
leva
a
culpa
Dia da aberturados trabalhos
deelaboraçãoda lei
orgânica
domunicípio
deFlorianópolis.
O povo queria entrar para reivindicarseusdireitos.Dentro da Câ
marade Vereadores,um pelotâo
da Polícia Militar esperava es
condido dentro deumasala. Nos
corredores, oclima entreosfun
cionárioserade tensão."Nãovai
entrar
ninguém.
só quem .tiver'0 crachá".
repetiam
feito autômatos.
O motivo de toda estaexpec
tativaeraa
chegada
deumgrupode "sem-teto", que viria protes
tar contraonão
cumprimento
deum acordojá firmado pela Pre
feitura, com o aval da Câmara.
No dia da aberturasolene dostra
balhos,eles láestiveramecobra
ram do
prefeito Esperidião
Arnin, também presente, a com
pra doterrenopara
alojgr
asfamílias que vivemnavia expressa.
O prefeito não deu
satisfações
esaiu debaixo de muita vaia. Foi porcausadesta "afronta"
ao
prefeito,
queo(PresidentedaIr praonde, Amin?
Câmara de Vereadores. Adir
Centil. decidiu baixar uma or
dem. Só entrariam no plenário
pessoascredenciadas, ecada H
readorteria direito de credenciar
apenas duas pessoas. A lei pegou
de surpresa todos os vereadores
com
prometidos
com as causaspopulares.
Jalila Achkar. doPV,recusou-se a pegar as duas cre
denciais. "Isto' é um absurdo, a
ditadura
já
acabou e as pessoasquerem participar do processo.
'ião vou compactuar comisso','.
Vitor Schmidt, do PT, também
estava
indignado.
"Restriglram
mais uma vez a
participação
dopO\O'·.
João Ghizoni, do PC doB. afirmava que ia devolver os
crachás e registrar um protesto
cm ata.
SEM-TETO
Enquanto isso, os "sem-teto"
"e reuniram em frente à Cate
dral,discutindocomoentrariam
naCâmara paraassistirà sessão.
Eram mais de 300 pessoas. Eles
Icmbraram a falta de
palavra
doprefeito,
que sõnaquela
semanamandou derrubarsete barracos.
O acordo estava
quebrado.
OFundo de Terrascriado
pela
Prefeitura, com a
aprovação
daCâmara, não estava saindo do pa
pel, Diziamaindaqueo dinheiro
estava no banco e a
prefeitura
não
'comprava
o terreno.por"questão
pohticá".
NaPraçaXV, os
policiais
desfilavam com seus cães e dentro
daCâmara havia um
pelotão
de'soldados. "Eles estão lá dentro
para defendero
quê?",
pergun
tavam os "sem-teto"_ Lembra
vam que, "se os dominantes fe
chamasportaspara fazerasleis,
com força de
polícia,
é porquenão estão
pensando
nopovo".
"Vamos pra lá", foi adecisáo.
E marcharam
pela
rua comfaixas ecartazes,
gritando
palavrasde ordem. Em
Florianópolis
sãoquase 500famíliassemtetoamea
çadas
dedespejo,
por estaremmorando emáreasirregulares.
Ogrupo avançourumoàporta
da Câmara, os soldados fecha
ram umcordãoe com
empurrões
impediram a entrada. Os "sem
teto" sentaram na entrada do
prédio
eocuparam a rua. "Ninguém
saidaqui
sem uma solução",
diziam/Laemcima,os vereadores
prosseguiam
a reuniãocomosenadaestivesseacontecen
do.Sóas
janelas
foram fechadaspara evitarobarulho.
Os vereadores Vitor Schmidt
do PT, JoãoGhizzoni do PC do
B e Jalíla do PY são os únicos
que vão solidarizar-se com
os\
"sem-teto". Aslideranças
con versam com os vereadores. Játêmum documentopronto, que
remfalarcomoslíderes dos par
tidos. Duas
crianças
cantamumacanção
que fala da vida dura dequem não tem casa pra morar.
Só aíasessão é suspensa. Os líde
resdos
partidos
decidemconver-:sar."Foi maisumavitória daor:
ganização
dopovo, da união daspessoas em torno da
justiça",
,
acreditava honePerassa,doCa
prom(CentrodeApoioePromo
ção ao
Migrante).
Mas o
problema
da terra nacapital
nãoestá resolvido. A Pre'feituracomprouumterreno,que
vai beneficiarpoucasfamílias. O
restante vai ter que continuar o
jogo
decorrelação
deforças.
Outrogrupo, hápoucotempoconse
guiu
parar aconstrução
de umposto de gasolina_ Na área exis
tem moradores que estão sendo
expulsoscornviolência.Foioutra
vitória,só obtida .porque, segun
dosuaslideranças, "omovimen
todossem-teto estácoeso. firme
na luta pelo cumprimento das
promessas"
.Elaine Tavares
Depoisde 28anos,caium trecho deumabarreira de 28 milhas
Redemocratização
do
Leste
derruba
o
muro
'de Berlim
Berlinenses
celebram
nos
dois lados
A vassoura democrática que
varre o
planeta
têmlimpadopouco apoucoa
sujeira
eosresquí
cios depoeiradexadospelos
regi
mes autoritários
implantados
naEuropa
pós-guerra
e na Arnérica-milico-Latina.
1\1i1novecentoseoitentaénOH
ti o ano. Excluindo-se a
questão
milenarmente não resolvida da
Palestina, o massacre chinês na
praça da PazCelestial,asmortes
causadas pela máfia narcotrafi
cantecolombianae a insustentá
HI guerra civil salvadorenha,
1989 foi um bom ano. Pode ser
melhoraindaseocollorido
global
não emplacar em 17 de dezem bro.
O ser humano continua estú
pido,
ludibriandoasimesmo.Felizmente nem tudo está perdido.
Eleições
presidenciais
diretas naArgentina, no Brasil, no Uru
guai,
noUruguai,
noChile e naPolónia. Abertura democrática
na lJRSS.
Conseqüências glas
nostianasnos
países
doLesteeuropeucom .o
rompimen-to
desistemas
po.líticos
unipartidáriosnaHungria,
naTchecoslovaquia
ena Alemanha Oriental (a demo
crática!). Decididamente omun
do clama porliberdade,
igualda-Vmafuga via túnelem 64:nuncamais,
deefraternidade!
Apenas seis dia separam dos
grandes
momentos históricos: aquedadomuroberlinensenodia 09 e a
eleição
direta parapresi
dente do Brasilem 15 de novem
bro. Lá, emBerlim, federalistas
edemocráticosassistiram à que
da
ideológica
domuroqueenvergonhavaanaçãoalemã.Aqui,no
Brasil,assistimosà
queda
domu roautoritárioque sufocavaa naçãobrasileira.Em Berlim sonha
se corn a
unificação
alemã, noBrasil sonha-secom a
justiça
so-cial,com a erradicaçãoda misé
riaecom a
igualdade
deoportu
nidades._ Há quemdigaque
odia D não
existe e sim a era
apocalíptica
atualmente vivenciada por todos
nos. Poisentão que oapocalipse
seja
denso e doce, lento o suficiente para queos homensacor
demederrubemasmuralhas que
insistemem ficar de pév-E para
anovadécada, axé muito axé.
Os grupos que formamaFren
te são: Exército Revolucionário
doPovo(ERP), Forças Populares
de
Libertação
(FPL),PartidoComunista Salvadorenho (PCS),
Exército deResistênciaNacional
(ERN) e Partido Revolucionário
dos Trabalhadores Centro-Ame
ricanos (PRTC). A facção majo
ritária
hoje
é o ERP, que conta'com omaiorestrategistada guer
rilha, o ex-estudante de Econo
mia, Joaquin Villalobos, de 38
anos.AERPtemsua
origem
noMovimento Estudantile adotaa
tática da
insurreição popular
-participação
direta dapopula-o
SEMPAZ
I
,i
i
Entidades
.repudiam
massacre
Vários
países
condenam
governo'
salvadorenho
tillgrupodeultradireita inva
diu a L'niverxidade Católica da
capital
de EISalvador, nodia 16de novembro, e assassinou seis
padres jesuítas, entre eles o rei
tor, 19mírio Ellacuria, que teve
seu cérebro arrancado devido a
torturasque
sofreujunto
com outras vítimas. Â direita acusava
'()�jesuítas de colaborarem com
aFrente Farabundo Manti de Li
bertação Nacional(FMLNI, que
lançou uma ofensiva à
capital,
San Salvador quatrodias antes,
numa tentativa de demonstrar
força.O atentadosecaracterizou
como represália à Frente que é
o pólo oposto ail governo nessa .
guerra civil que
já
dura 17anos.Em repúdioa esse assassinato
e em favor da proposta de uma
solução políticaparaoconflito
-defendida
pela
FMLN-é que
oInstituto Cultural de Amizade
e Solidariedade entre os Povos
(Icasp) resolveu encaminharum
.abaíxo-assínado a várias entida
des deFlorianópolis.
. Maurício Tomazoní,do
Icasp,
explica que,a proposta de uma
solução
políticanegociada
contém várias
exigências,
como: osa-neamento das Forças Armadas;
atransformaçãodaajudamilitar
dos EstadosUnidos- de 1,8mi
lhões dedólaresdiáriosemajuda
econômica para a reconstrução
do país e a
garantia
de socorro aosferidos,já
queaCruzVermelha InternacionaleaCruz Verde
estão
proibidas
de atenderaosfe-ridos da FMLN.
'
AFMLN,que controlaaterça
partedopaíshásete anos,
iniciou
uma ofensiva geral contra o go
vernodopresidenteAlfredoCris
tianinodia 12.
Segundo
aembaixadaamericana,abatalbajáma
tou mais de I.SOO pessoas só na
primeirasemana,Os ataquesdo
gOHrno não poupam nem os
bairros civis maispopulosos, co
mo osde Mejicanose Cuscatan
cingo,nacapital,que foram atin
gido� por bombas de até 250
kg,
lançadas('�aviões de combate.
Estrangeiros
-Além dos pa
dresjesuítas,dos10 sindicalistas
mortos e 23 feridos noatentado
à sede daFederaçãoNacional dos
Sindicatos Salvadorenhos, os es
trangeiros são também vítimas
da violência.No dia 17 denovem
broojornalista britânicoDavid
Michael
Blundy,
44 anos, do"Sunday Correspondent". foi
morto por uma bala
"perdida"
na
periferia
de San Salvador.Outra
estrangeira
vítima daviolência foi a norte-americana
Brenda Hubbard, de-41 anos.
Brendaestavacumprindomissão
em favor dos direitos humanos
juntoaoComitê de MãeseParen
tes dePrisioneiros,Assassinados
e Desaparecidos Políticos de EI
Salvador(Comadres).Elaemais
oito pessoas foram presas pela
polícia alfandegária,
quandoestainvadiuumadas sedes doComa
dres. Os
policiais
torturaram todoogrupoeos
fotografaram
emfrente às
paredes,
que estavamcobertas com propaganda da
FMLN. Além dastorturas,Bren
daaindafoiestuprada.
,
Comadívulgaçâodessesfatos,
houvemanifestaçõesemfavor do
povo salvadorenho em várias
partes do mundo. No Brasil, o
governo não se
pronunciou,
masaOrdem dosAdvogadosdo Bra
sil(OAB),a
Associação
BrasileiradeImprensa(ABI)e oComitê
Teotônio Vilela mandaram uma
moçãode repúdioaogoverno de
EI Salvador. Em
Florianópolis,
oIcaspenviou doistelegramasde
protesto: umaoItamaraty e ou
tro ao palácio presidencial de Cristiani.
Em 20 cidades norte-america
nastambém realizaram-se mani
festaçõesemapoioàsolução polí tica
pregada pela
FMLN. A Eu ropa, através da Anistia Internacional,
organizou
protestos emfrente às embaixadas de EI Salva
dorem todos os
países
do continente a favor do povo salvado
renho, contraTomasini.
A FMLN é reconhecidaemdi
versos
países
comoMéxico,Dinamarca, Suécia e Holanda. Mes
mo osEstados Unidos
-que fi
nanciam o
'governo
Arena, deCristiani- há 400 entidades de
solidariedade. O
Icasp
de Florianópolis
éligado
aoComitêdeSolidariedadeaosPovos do 3� Mun
do,eéformadoporentidadessin
dicaisepartidos políticos. Esteéoargumentoda direita salvadorenha
Entenda
El
Salvador.
Farabundo Marti foi assassi
nadojustamentecom30 milcam
poneses ao liderar uma revolta
pela reforma agrária em 1932.
" Marti era membro do Partido
Comunista Salvadorenho, foi
amigo pessoalde-Sadinoeaté lu
tou a seu lado na Nicarágua. A·
Frente que leva seu nome é a
união de cinco. grupos de
esquer
da de EI Salvador e foi criada
em1980- oito
anosapósoinício
daGuerraCivil.
ção. A segunda
força
dentro daFrente éaFLP,que é umadissi
dêncíado PartidoComunistaque
prega a guerra popular prolon
gada.
-Aestratégia
contaapenascom oapoio logístico da popula-�
ção,sem sua
participação
diretanoconfronto.
No governo estáa
Aliança
Republicana
Nacionalista (Arena),que
elegeu
Alfredo Cristianiem19 de março desteanoparasúbs
tituir
Napolean
Duarte, da Democracia Cristã. A Arena é o
mesmo
partido
domajor
Roberto D'Abuisson,-que foi ó man
dante do assassinato do
padre
progressista
Monsenhor Romero,em 1981
-.tem cornorefrão
de seu hino "Pátria sim, comu
nismo não".
A oligarquia salvadorenha é
formadapor 14 famíliaserecebe
umaajudadiária de 1,8milhões
de dólarese55assessoresmilita
res, ambos vindos dos Estados
Unidos paramanteraguerra ci
vil. Para arrumar soldados o
exército do governo invade al
deias onderecruta à
força
garotosa
partir
de 13anode idade.Textos DeiseFreitas
'"'
FICÇAO
Impasse.
na
cobertura da
ciência
ram
longos
anosde vida docientista,
mas emsuainabilidadeemabordareste
tipo
de entrevistado.
A
presença
de André- yves
Portnoff
foi valiosatambém para demonstraro
quanto
aexperiência
brasi -leira nesta área deJorna
lismo ainda é
primária.
A comunidade científica dequalquer
país
desenvolvidorespeita
e até reconheceplenamente
aimportância
da
divulgação
científica porjornalistas,
aoinvés de ten-_tar substituí-los em suas
funções.
Depoimentos
de médicos epesquisadores
'brasileiros forneceram subsídios para análises de coberturas
jornalísticas
detemas como aAidse asva
cinas
anti-meningite,
que efetivamente "mexeram"com seu
público.
Ainda quea
abordagem
sobre a Aidspareça ser
completa
eabrangente,
à vista de ummédico ela
negligencia
diversos
aspectos
ebateinsistentementenas mesmas te
clas,
nem semprenas maisimportantes.
A
Associação
Brasileira deJornalismo Científico
aproveitou
o 2�Congresso
I realizadoseteanosapós
suaprimeira edição
em1972,
para anunciar aabertura de
inscrições
paraestudantes
de Comunicação.
Medianteopagamento
de uma
taxa,
o associadopassa a receber o boletim
informativo
da entidade. Destaforma,
ainda durante a fase de
graduação,
osaspirantes
aJornalismo
podemtomarconsciência que
amaioria das matérias de veriaser
ácompanhada
porum box com a
abordagem
científica do assunto. As
provas que a ciência ofere
ce têm a
força
de desmascarar
opiniões
inconsisten
tes e fariam a
festa
aos se rem confrontadas com asbaboseiras que
hoje
ocupam
lugar
nosjornais.
Jornalismo
não
tem
habilidade
com
o
tema
-Não
hã
nada quejustlfi
.
que a omissão da maioria
dos
jornais
brasileiros noque se refere à
divulgação
dematérias de cunho
cien
tíficoe
tecnológico. Olnsti
tutoGallup
deOpinião
PÚ blicajá
indicou que 16mi-,
lhões de brasileiros afir
mam ter interesse em notí cias desta
natureza,
através de um levantamento realizadoem1987. Foi para dis
cutirasrazõesdestalacuna
no jornalismo
nacional queprofissionais
de comunicação
ecientistas reuniram-seem
outubro,
emSãoPaulo,
para a
segunda edição
doCongresso
Brasileiro deJornalismo
Científico. Oevento,
promovido
pe laAssociação
Brasileira deJornalismo
Centífico,
serviu para que assessores de
imprensa,
repórteres,
redatores de empresas
jorna
lísticasecientistasconfron
tassemsuascríticas mútuas
edetectassem onde estãoos
problemas
queimpedem
ofluxo da
informação
cientí fica na sociedade.Apesar
da inevitável troca de far pas,os88participantes
saíram com umacerteza:ade
ficiência
da coberturajor
nalística naárea
de ciência etecnologia
tem a vercom aformação
insuficiente dosprofissionais
de comunicação.
Escrever sobre ciênciaexige
mais que técnica aliada abomsenso.
No Brasil não existe se
quer um curso de
especia
lização
emjornalismo
científico. A única universidade que promove o ensino da
especialidade
é o InstitutoMetodista de São Paulo. Seu mestrado em
Comuni
cação
Científica
atendeaosinteresses de
formação
depesquisadores
neste campo, mas de forma
alguma
instrumentajornalistas
que
pretendam
trabalhar dentro dasredações.
o
"Sem preparo, o
jorna
lista é controlado
pelo
dis-o
O
O
Q-curso
científico",
observaovice-diretor da
ASBJ,
De mócritoMoura,
que editao informativo da
Associa-o
ção
etrabalhanoJornal
da Tarde. Na medida em que os redatores não conseguem efetuara
tradução
daterminologia
técnica e dalinguagem
doscientistas,
osjornais
passam aargumentarque não vale investirem
matérias
incompreensíveis
para opúblico
leigo.
Estáconfigurado
ocírculo vicio so.Outro obstáculo à evolu
ção
dojornalismo
científico é o conservadorismo comque sempre foi tratado.
Quando
umjornalista opta
por uma
abordagem
maiscriativa do
tema,
cientistase leitores
reagem
contra aousadia na
linguagem
e notratamento de um assunto
"tão sério". Veículos
con-nizados para defenderseus
direitos
profissionais
epara.garantir
arepercussão
dos
resultadosdeseu
país
nestecampo, conforme foi rela tado
pelo
editor da revistá francesa "Sciences &Technologie",
André-Yves Portnoff, NoBrasil,
a uni dade interna da.categoria
é inviabilizadapela
richa histórica entrejornalistas
de empresas-eassessoresde
imprensa
dosCentros
dePesquisas.
Estes reclamam donão-aproveitamento
dos releasesenviadosede aindaterem que arcar com a fú
ria dos
pesquisadores
que insistem emapontar
"distorções"
na menordas notasque envolvemseunome,
àsvezes,comrazão.
O
problema não está no
jorna
lista
apressado
que emmeia hora
pretende
saber deinvestigações
que toma-ceituados como a Folha deS. Paulo ainda mantêm a
prática
de,
emmuitos
casos, reservar a
redação
denotícias sobre a
produção
científica e
tecnológica
aospróprios pesquisadores,
aoinvés de atribuir a tarefa a um
profissional
treinadoexatamentepara este fim.
Até na China os
jorna
listas científicos estão
orga-HeloisaDalanhol
oendereçoda
Associação
Brasileira deJornalismoCientífico é
Rua Francisco deMorais,137
-Chácara Santo Antônio, São
Paulo,
Capital.
CEP 04714. Fo 'ne:(011) 548-1649.Luta
perdida
no
segundo.
round
Depois
de 100 anos de República
sempovo,oprimeiro
encontro de dois candidatos
ao
segundo
turnodaseleições
presidenciais
-tansmitidoao vivo por um
"pool"
de emissoras de rádio e televisão no
dia 3 de dezembro
-revelou
porqueCollordeMello
(PRN)
fugiu
depelo
menos quatrodebatesno
primeiro
turno.Nocampo das idéias é manco,
mas usa meias
palavras
nosmeios de
comunicaçáo
comomulte paraatacaracanela do
adversário. Se debate decide
eleição,
Lula(da
FrenteBrasilPopular)
será o futuropresi
dente do Brasil. .
Collornão
conseguiu
esconder a sua
insegurança
atrásdo terno escuro, do cabelo
bem
penteado
e da"pose
deestadista". Tentou conter os
nervos com um bom tom de
voz
monocórdio, mas
o constante
piscar
de olhos denunciava que as
palavras
nãoestavammuito clarasno seu te
leprompter
cerebral. Cinismo àparte,
o candidatonão
foitão mal assim. Se estivesse
certo da
vitória,
não teriacomparecido
aodebate.Agradecer
a Lula um suposto
"elogio"
aogovernador
deAlagoas
eignorar
os57 diasde críticas da Rede Povo
foi,
noentanto,começarumdeba
te com as mesmas mentiras
com que Collor alimenta sua
campanha.
Mentirasque
repetiu
durante as 2h47min deduração
do programa e queextrapolaram
olimitedoridí culoquando
oex-governador
tentou desmentir uma foto
grafia
em que aparece fazen doumgesto
agressivo
durante um confronto commilitantes
do.
PDT,
PT em Niterói. Foiunia
banana para ostelespec
tadores.
Nos dois
primeiros
"rounds" oscandidatosestudaramum aooutro,
boxeando
dentro das linhas
programá
ticas. Collor
parecia
programado para vomitar
mímeros,
teoremas tecnocráticos discu
tidoscom a "sociedade
brasi
leira", formadapor400
técni-.
cos. Os colloridos devem ter
tido
orgasmos diante da inteligência
artificial dogaroto-Lula
venceu
o
1�.
debate,
mas
perdeu
o
decisivo
»:
propaganda
dos sonhos dasagências
depublicidade.
Atensãofez Lula escorregarnos
revidesaos
primeiros
ataques
. rasteiros do adversário. O
candidato da Frente não res
pondeu
às surradas críticascontraas
prefeituras
administradas
pelo
PT. Passouosdoisprimeiros
blocos rebatendo "inverdades" desferidaspelo
candidato
do PRN.Já descontraído Lula pas
souà ofensivanoterceiroblo
co,sobre
"Justiça
eDemocracia". Avisou que, se Collor
continuasse "falando inver
dades,
sairia dali sendo chamado de
Pinóquio
pelos
telespectadores".
Mostrou fotoscom cenas deviolência
prota
gonizadas
por seguranças doPRN,
criticou o autoristarismoà 1';Hitler doseu
oponente
edefe.ndeu as
alianças.
"Nandinho doPÓ" só con
seguiu
gaguejar
quando
Lulalembrou das
contratações
irregulares
feitaspela prefeitu
ra de Maceió na suagestão.
Nãoconvenceu, também,'
quando
Lulaquis
sabercomoaumentariadefatoo
poder
decompra do salário mínimo.
Collor tentou desmoralizar o
candidatoda Frente ressusci
tandoafarsa do "CasoLube
ca",
mas foi nocauteado porLula: ':£usabia que meuad
versárioeracolloridopor fora
eCaiadopor dentro".
O debate não trouxe fatos
novos, como era
esperado.
Além das
farpas
emartelações
programáticas,
só confirmouque Lula é um
democrata,
aberto às
negociações
corn as1forças
que resistiram à dita duramilitar,
eque Collor agecomo um andróide de 100 mi
lhões de dólares (ocusto de
sua
campanha
'noprimeiro
turno),
que tentaprojetar
umacapacidade
defazer tudosozinho,
nos moldes do"prendo
earrebento". Colloridos e lulistas
gostaram
dodesempenho
doscandidatos,
masnão é
preciso
nemrecorrer à
pesquisa
do Datafolha para comprovar que Luladerrotou o
marajá
das Alagoas.
Logo
depois
dodebate,
o
ex-presidenciãvel
e ex-go vernador Leonel Brizola(PDT)
anunciou que "subiria.aos
pal�nques"
daFrente.
Brasil
Popular,
e até o indeciso tucano
Mário
Covas migrou para a
esquerda,
convencidos de que Collor deve
mesmo"morrerna
praia"
nodia 17 de dezembro.
2�
TURNO
/
Mentiras convicentes Lula: excessode cautela
Surge
um
campeão
de
audiência
. , .
E veio o
segundo
turno dapropaganda
eleitoral,
invadindo,
coin Lula eCollor,
40minutos por
dia,
a telinha easondasdorádiodos eleitores
brasileiros. Pode parecer
mentira,
mas ohorário eleito ral doprimeiro
turno na TVsó foi
superado
em audiênciapelos
debates da Bandeirantese do SBT.Nesta
etapa
o programa tem tudo para-
repetir
os mesmos ou ter maioresín
dices. A guerra eletrônica foi
retomadana
terça-feira
28 dedezembro.
LulaeCollor
gastaram
me tade dos dez minutos que cadaumtemdireito
apelando
paraa fidelidade eleitoral. Collor
abriuoprograma
esbanjando
efeitos
especiais
e exibindo aestatística que the foi favorá vel no
primeiro
turno: liderança nas urnas de quase to
dososestados.Comum visual
impecável,
posounovídeo
co mo oJuscelino
Kubistcheckpós-moderno
e comopidão
de
votos, tornando a usar o
jar
dão "I needyou".
"Agora
é a vez dopovo".
Começa
o programa da Frente Brasil
Popular
e do Movimento Lula Presidente. Anto
nio
Fagundes,
ogalã
da RedeGlobo
(agora
da RedePovo),
foi escalado para tirarum sar
ro de quem não acreditava:
"Oi nós
aqui
traveiz".Lula,
agora
apelidado
de"sapo
barbudo",
surge na telaquente
dosegundo
turnocercado por
Brizola, Freire,
Ar-. raes e
Covas,
umaaliança
que
finalmente se materializou.
Ao final dos 10
minutos,
aFrente/Movimento tira mais
um sarro: mostra Collor cer
cado por Mario Amato e ou
tros
empresários
daFiesp,
Osegundo
programa eleito ral(dia
29 de novembro) não foi muito diferente. Lula falou dadistribuição
de renda e·mos!rou
ojogo
deesconde-es-conde de Collorcom Antonio
Carlos
Magalhães,
RobertoMarinho e outros colloridos-'
(ou seriam
píllantras").
Collor não deixou por menos e
abriu seu
segundo
programacom o que considera camba
lacho.MostrouLula,
Brizola,
Covas,
Sarney, Jorge
Murade outros
pendurados
no mesmo cacho de bananas.
'
Esconde-esconde e camba
lachosão a
parte
"Xuxa" doprograma
eleitoral,
um pratocheiopara osindecisosSe
per
-deremdevezeu
optarem pelo
mais
engraçado.
Começou
osegundo
round.Até a hora de votar serão
18
dias,
720minutos, 12 horas de p�ograma no rádio e na'LV. E a Rede Povo contra a
RedeGlobo.
O'
"Sapo
Barbudo" contraoJK
pós-moderno
ou PillantraCollorido.
Rosane Porto
/