JULIANA
SCHMITZ
SÍNDROME DE KINSBOURNE
Relato de
Caso
Trabalho apresentado
àUniversidade Federal
de Santa
Catarina,
para
aconclusão
do Curso
de
Graduação
em
Medicina.
Florianópolis
Universidade Federal de Santa
Catarina
2003
JULIANA
SCHMITZ
SÍNDROME
DE
KINSBOURNE
Relato
de
Caso
Trabalho
apresentado à Universidade Federal
de Santa
Catarina,
para
aconclusao
do
Curso
de
Graduação
em
Medicina.
Presidente
do
Colegiado:
Prof.
Dr.
Edson
José
Cardoso
Orientador:
Prof.
Dr. José
Antonio de
Souza
Co-orientador:
Prof.
Dr.
Ronaldo
José
Melo
da
Silva
Florianópolis
Universidade Federal de
Santa
Catarina
AGRADECIMENTOS
Ao
Prof
Dr.José Antonio de
Souza, orientador deste trabalho,pelo
incentivo,dedicação
epaciência
em
todos osmomentos,
por
serum
exemplo
na
docência
ena
medicina, e por, enfim,ter
tornado
esse trabalho possível.Ao
Prof
Dr.Ronaldo
José
Melo da
Silva, co-orientador desse trabalho,pela
dedicação aos
seus
alunos
e excelente orientação.À
Profa. Dra. Clarice Bissanipela
compreensão
eexemplo de
profissional.À
minha
familia,em
especialmeu
pai,Lauro
Schmitz,minha
mãe, Vilma
Bleize_¡j'er Schmitz, eminhas
irmãs,Catherine
e Letícia Schmitz,por
todoamor
e incentivodurante
o
curso.Ao
Marcelo
Dacoregio, pelo
conforto,paciência
eajuda
na
realização desse trabalho.Às
amigas
de caminhada,
entre elasBianca Eastowood
Gruginski,Carla
Féix, CristianeEyng, Denise
C
aon
de
Souza,Fernanda Günther Ramos,
Karin
Hedwig
Stricker,Luciana
Goulart
da
Silveira e Patrícia Baretta,que
com
sua amizade tornaram mais
amenos
ospequenos
e os
grandes
obstáculos destajornada.
RESUMO
... ..SUMMARY
... ..INTRODUÇAO
... ..OBJETIVO
... ..REVISÃO
DE
LITERATURA
... ._RELATO DE CASO
... ..DISCUSSÃO
... _.REFERÊNCIAS
... ..NORMAS
ADOTADAS
... ..SÚMARIO
ivRESUMO
A
síndrome
opsoclono-mioclono-ataxia(OMA)
foi descrita iniciahnentepor
Kinsboume
em
1962, apresentandocomo
sintomas característicos mioclonia, ataxia e opsoclono.Mais
tarde, essasíndrome
foi consideradauma
manifestação paraneoplásica associada a neuroblastoma.O
presente trabalho relataum
casode
OMA,
consideradauma
doença
rara.Com
l ano e4
meses, acriança
passou
a apresentar alterações neurológicas,como
tremoresde
membros
ecabeça
e dificuldade para deambular. Foi realizada ultrassonografiaabdominal
que
confrmou
o
diagnóstico
do
tumor.Para
uma
melhor
investigaçãotambém
foi realizada ressonância nuclear magnéticaque mostrou massa
para-aórtica à direita.O
paciente foisubmetido à operação
para aressecção
do tumor
eo
exame
histológico foi compatívelcom
neuroblastoma.O
tratamento foirealizado
com
ciclosde
imunoterapiacom
imunoglobuljna intravenosa (Ig IV) associado acorticoterapia.
A
análisedo
caso relatado e revisãode
literatura permitiu verificar a importância de se associar essas manifestações neurológicascom
o tumor
maligno neuroblastoma, e assim,possibilitar
o
tratamento eacompanhamento
necessário.SUMMARY
The
opsoclonus-mioclonus-ataxia(OMA)
syndrome
was
first describedby
Kinsboume
in1962, presenting as characteristics
symptoms
mioclonus, ataxiaand
opsoclonus. Later, thissyndrome
was
considerate a paraneoplastic manifestation associed to neuroblastoma.The
presentwork
refers to a caseof
OMA,
which
is considerate a rare disease.At
theage
of
1 yearand 4
months, the child starded to present neurological alterations, as shakes
of
members
and head and
difficulty for walk. It
was
performed an abdominal
ultrasonographywas
realized thatconfirmed
the diagnosis
of
the tumor. In order to obtain a better investigation, a magnetic nuclear resonance scanwas
performed and
showed
a right para-aortic mass.The
patientunderwent an
operation to resect thetumor and
the histologicalexam
was
compatible with neuroblastoma.The
treatmentwas
realized with coursesof immunotherapy
using intravenous irnmunoglobulin(IV
Ig)associated to corticotherapy.
The
analysisof
this caseand
the literature review allowed to verify the importanceof
associating these neurological manifestations to neuroblastoma,and
so, to enable necessaries treatmentand
follow up.1.
INTRODUÇÃO
O
neuroblastoma éum
dos mais freqüentestumores
malignos na infância'É
descritocomo
omelhor
exemplo
de regressão espontânea de neoplasia maligna e está entre os tiposde
câncer
com
menor
potencial de curabilidade,com
chance estimada de até l0%.2É
um
tumor
maligno originário de células nervosas indiferenciadasda
crista neural asquais, originando a
medula da
adrenal e todos os gânglios e plexos simpáticos, emigrando
portodo o organismo, explicam sua
ampla
distribuição.” Apresentauma
incidênciade
aproximadamente
l:8.000 a l:l0.000 crianças,com
predomínio de
1,2 a l,3:lno
sexomasculino.4
Segundo
Grosfeld4 e Nettos,90%
dos neuroblastomasacometem
crianças abaixodos
oitoanos de idade, sendo
que
o diagnóstico é feito principalmenteem
crianças abaixo de 2anos.”
A
localização intra-abdominal é a maiscomum,
mas
o neuroblastomapode
ser encontrado nos gângliosda
cadeia simpática paraespinhaldo
pescoço até a pélvis assimcomo
na
medula
adrenal.3
Os
tumores neuroblásticos são classificados por seu grau de diferenciação: neuroblastoma,pouco
diferenciado e altamente maligno; ganglioneuroblastoma,forma
intermediária; eo
ganglioneuroma,
que
é o tipo histológicobem
diferenciado e benignof”Na
grande maioria, adoença
apresenta-se silenciosa, sendoum
achado
radiográfico ocasional na investigaçãode
manifestações clínicas,como
desconforto respiratório, sintomasgastrintestinais e neurológicos.7
O
tratamento preferencial é a ressecção cirúrgica,4 sendo o prognóstico determinado pela idadeda
criança e tipo histológico.”A
menor
curabilidade é obtidaem
criançascom
idadeacima
deum
ano edoença
disseminada a esqueleto emedula
óssea.2Em
1962,Kinsboumeg
descreveuuma
síndrome
caracterizada por mioclonia, ataxia e opsoclono,que
mais tarde foi consideradacomo
uma
manifestação paraneoplásicado
neuroblastomag
Essa
síndrome
paraneoplásica échamada
de
opsoclono-mioclono-ataxia(OMA),'°
mas
pode
ser apresentada por outros termos,como
síndrome
de Kinsboume,8”l° encefalopatia cerebelar aguda9*]°ou síndrome
dos “olhos dançantes”.9'“É
estimadoque
2 a3%
de criançascom
neuroblastomas apresentam essasíndrome
paraneoplásica, ocorrendo quase exclusivamente
em
criançascom
idade entre 6meses
a 3anos.l2”'3
A
síndrome
é caracterizada poruma
combinação
de sintomas, entre eles: opsoclono, mioclonia, ataxia, irritabilidade e alterações de linguagem, entre outros.9A
ataxiapode
serde
tronco,
membros
ou
deambos.
Mioclonia é descritacomo
movimento
involuntário deorigem
central, brusco e muito breve, e opsoclono é conceituado
como
movimento
multidirecional involuntário dos olhos.9”l2Embora
essasíndrome
associada ao neuroblastoma apresente baixa mortalidade, osdanos
neurológicos
podem
permanecer
mesmo
após
o tratamento.° Portanto, é defimdamental
importância conhecer sobre essa associação para realizar a investigação necessária.Corticóides, imunoglobulina intravenosa e outros
imunomoduladores
sãoempregados no
tratamento,'2”l4
além da
ressecçãodo
tumor.4Assim,
no
intuito de informar sobre essa manifestação rarados
neuroblastomas,porém,
2.
OBJETIVO
Relatar
um
caso de opsoclono-mioclono-ataxiacomo
manifestação de neuroblastoma e3.
REVISÃO
DE LITERATURA
A
síndrome
opsoclono-mioclono-ataxia(OMA),
caracterizada pormovimentos
involuntários, incluindo
movimentos
oculares, foi descrita inicialmente porKinsboume
em
l962,8 por isso,
também
asíndrome
leva seu nome.8*9 Outros termos associados a essasíndrome
sao: encefalopatia cerebelar aguda,1°síndrome
dos “olhos dançantes”,“ opsoclono-ataxia.'5 e polimioclonia infantil.”
A
OMA
pode
seruma
síndrome
paraneoplásicaque pode
se manifestarem
adultosou
crianças.”
Em
adultos,tem
sido relacionadacom
tumores
demama,
pulmão, ovário ecarcinoma
de tiróide.l7Na
infância, de etiologia incerta, representauma
das trêsformas
rarasde
síndrome
paraneoplásica.'8Em
crianças, está associado a tumores originadosda
crista neural, principalmente neuroblastomas e ganglioneuroblastomas.mg Entretanto,também
ocorresem
a identificaçãodo
tumor.9 Pohl,'4em
1996
verificouque
a associação deOMA
com
tumores
da
crista neural foisomente de
10%.”
Essa
síndrome
ocorreem
2 a3%
de criançascom
neuroblastoma,com
tumores
localizados,
pequenos
ecom
histologia favorável (estágio I e lI).'5'2°'2' Esse estadiamentodos
tumores
é necessário para a caracterização sistemática de neoplasias malignas identificandomaior
ou menor
gravidade, e, a partir disso, individualizar o tratamento e estabelecer o prognóstico. Recentemente, foi propostoum
novo
sistemade
estadiamento que determina4
estágios: estágio 1 é o
tumor
localizado, restrito ao local de origem, linfonodos negativos,podendo
ser realizada ressecção completa; estágio2A
é caracterizado portumor
unilateralparcialmente ressecado,
podendo
ocorrercomprometimento
de linfonodos; estágio2B
e'o
tumor
unilateral totalou
parcialmente ressecado, linfonodos ipsilateraisnão
aderidospositivos; estágio 3 é o
tumor que
ultrapassa a linhamédia
com
ou sem
envolvimentode
linfonodos
ou
tumor
unilateralcom
linfonodos contralaterais positivosou
tumor mediano
com
envolvimento ganglionar bilateral; estágio
4
apresenta metástases a linfonodos distantes, ossos,medula
óssea,figado
e/ou outros órgãos e o estágio 4-s é otumor
primário localizado,como
1,2A
ou
2B,com
metástases hepáticas, de pele e/oumedula
óssea.2”22Pranzatellilz e Mitchell” descreveram
que
as manifestaçõesocorrem
exclusivamenteem
crianças de idade entre 6meses
e 3 anosde
vida.¡2'l5Pohlm demonstrou que
93%
dos
casosacontecem
em
crianças abaixode
três anos.” Janssg relatouque
a idadede
apresentaçãomais
comum
écom
18 meses, variando de 8meses
a 5 anos.9Foi relatada distribuição semelhante entre crianças
do
sexo masculino e feminino,não
sendo encontrada diferenças entre grupos étnicos.
Também,
não foi encontrada relação entreo déficitno
DNPM
anteriorou
história familiarcom
doenças neurológicascom
OMA.”
O
intervalo descrito entre o iníciodos
sintomasda síndrome
deKinsboume
e o diagnósticode
neuroblastoma variou de 2 dias a20 meses.”
O
mecanismo
fisiopatológicoda síndrome
deKinsboume
é desconhecido.As
teoriasque
explicariam esse
mecanismo foram
propostas por Bray et al.”Uma
etiologia sugereum
agente indefinido, virusou
toxina,que
age diretamenteou
pormecanismo
imunológico,de
modo
oncogênico e neurotrópico.Há
um
grandenúmero
de
vims
comuns
que
são capazesde
entrar e se multiplicar
no
sistema nervoso central(SNC),
sem
produzirnenhum
prejuízocitopatológico.'4*23 Atuaria sobre a função celular, alterando a ação dos neurotransmissores.
Essa teoria é suportada pela presença
em
50%
dos casos analisados por Pohl,'4 dedoença
viral
no
início das manifestações dessasíndrome
paraneoplásica.“A
segunda
explicaçãobasear-se-ia
no
fatoque
oOMA
éuma
síndrome
paraneoplásica, assim metabólitos derivadosdo
tumor
teriamum
efeito neurotóxico direto e seletivo.”É
improvávelque
esses metabólitos estejam relacionadoscom
catecolaminas.” Isso seria explicado pelo fatoque
em
criançascom
OMA
relacionado a neuroblastoma, a redução dos sintomasnão
foi verificadamesmo
após
aremoção do tumor
e normalização dos níveis de catecolaminasna
urina.Além
disso, os metabólitos das catecolaminas apresentam baixa lipossolubilidade e, portanto, não atravessama barreira hematoencefálica.l4'26 Mitchell” descreveu
que
uma
síndrome
paraneoplásica neurológica ocorrequando
há antígenos similares entre as célulasdo tumor
e os neurônios. Assim,embora
os anticorposatuem
sobreo
tumor
resultando no controle biológico,também
promovem
um
dano
progressivo aos neurônios.Em
adultos, foi identificada a presençade
associação entre antígenos cerebelares e o tumor, os antígenos anti-Yo e anti-HU.9
Nas
criançascom
OMA,
anticorpos anti-neuronais sãomenos
encontrados e a associaçãode
antígenos é ainda incerta,
embora
Connolly etal”
recentementetenham
descrito anticorpos para várioscomponentes
cerebelaresem
alguns casos infantis deOMA.
Dyken
eKolarm
encontraram alterações imunológicasno plasma
eno
líquido cerebroespinhal. Essesachados
incluíram imunoglobulina
G
quantitativa e qualitativa alterada e plasmocitoseno
líquido,Microscopicamente, nos casos descritos originalmente por
Kinsboume, foram
encontradas alterações na histologia cerebral. Foi verificadauma
perdade
células de Purkinje e depleção de célulasna
camada
granular interna,com
proliferaçaode
astrócitos nacamada
de
Bergmann.
Entretanto, não foi identificada alteraçãono
núcleo denteado, diferentede
pacientes adultos
com
OMA.
Na
substância branca cerebral, foi encontradoum
aumento
incomum
nonúmero
de neurônios e seus núcleos, e áreas de desmielinização.23'28Lemerle
et alzstambém
descreveram a inexistência de alteraçõesem
algunsde
seus casos,sem
encontrar,portanto, alteraçoes
no
número
eno
aspecto das células de Purkinje oudo
núcleodenteado.19'23'28
A
síndrome
em
crianças é caracterizada por inícioagudo ou
subagudo,com
acombinaçao
de vários sintomas.
Como
manifestações características ocorre opsoclono, mioclonia e ataxia.Há
outros sintomas presentescomo
irritabilidade, ansiedade, dificuldade na linguagem e regressão noDNPM,
entre outros.9”l4*2°Opsoclono
(“olhos dançantes”) foi usado primeiramente para descrever omovimento
ocularem
criançasem
1927
por Cushing. Essetemo
também
é utilizado para descrevermovimentos
oculares similaresem
outras doenças.”É
conceituadocomo
mudanças
rápidas e espontâneas demovimentos
ocularesem
direções lineares e rotatórias, são involuntários,arrítmicos, caóticos e irregulares.
O
opsoclono é agravado pela fixaçãodos
olhosem um
objeto e persisteno
sono inicialmente.A
duração é inferior a 10segundos
ecom
o desenvolvimento dadoença
essesmovimentos
tomam-se
contínuos.”O
opsoclono foi. . . . , _, , A . 3
inicialmente atribuido a lesoes
do
mesencefaloou dos
gangliosda
base.Cogan
1descreveu
um
caso de opsoclonocom
encefalite limitada ao hipotálamo, mesencéfalo e ponte.”Pode
ocorrer
também
por perdado
controlede
inibiçãodo
sistemaque produz
osmovimentos
súbitos oculares.” Essesmovimentos
oculares rápidos estão sobreo
controlede grupos
de neurônios pré-motores presentes naformação
reticular. Portanto,pode
ser o resultadode
uma
falência primária
ou
um
distúrbio de outros controles (cerebelo, tálamo, partes específicasdos
hemisférios cerebrais, tegmento
do
mesencéfalo, colliculi superior).l9”32Mioclonia é
uma
manifestaçãoque pode
ocorrer espontaneamente, associado à açãoou
intenção, persistindo durante o sono.
Pode
ainda ser estimulado por barulho, luz e alteraçõesvisuais e é exacerbado por choro, excitamento
ou
estresse.Acontece na
face, cabeça e pescoço,membros,
mãos
ededos
e tronco.A
gravidadeda
mioclonia é variável,podendo
serocorrer antes
ou
sem
o opsoclono.O
impacto funcionalda
miocloniaem
crianças é considerado grave para oDNPM,
comprometendo
o ato de caminhar, sentar epermanecer
de pé dessas crianças.”Além
disso, é importante salientarque
a mioclonia não é condiçãoessencial nessa síndrome,
podendo
apresentarcomo
manifestaçõessomente opsoclono
e ataxia.”Ataxia é descrito
como
a presença de titubeaçãoda
cabeça e tronco e dismetria demembros,
porém
na
OMA
não
está associado à alteração cerebelar.É
importante diferenciar essasíndrome
deuma
outra doença,que
é a ataxia cerebelar aguda,que
também
apresenta sintomasmuito
semelhantes. Entretanto,há mais
similaridadesdo que
diferenças entre essas duas manifestações, caracterizadas por ataxia de tronco emembros,
encefalopatia e seqüelas neurológicas decomportamento
e cognição. 12Irritabilidade é notada
como
um
sintoma presentena
OMA27
ecomo
uma
manifestação precoceda
síndrome.'5¬33Há
outros sintomas,como
disfasia, disartria, ansiedade e letargia, entre outros.”Em
criançascom
OMA,
deve
ser realizadoexame
clínico completo,exames
laboratoriaise radiológicos para pesquisa
de tumores da
crista neural, devido à associação.34A
dosagem
de
catecolaminas e seus metabólitos, ácido vanil-mandélico e homovalínico, está indicada nesses
pacientes, já
que
seuaumento
é sugestivode tumores
derivados da crista neural.Apesar
disso,a sua normalidade não afasta a possibilidade
do
diagnósticodo
tumor.Na
suspeita clínicadessa associação entre neuroblastomas e
OMA
deve
ser feitauma
investigação,com
exames
de
imagens
de
tórax,abdômen
e pelve, principalmenteTC, punção
demedula
óssea e cintilografia óssea.9”l9”35Segundo
Pranzatelli,'2nem
todos ostumores
são detectadosusando
esses
métodos
diagnósticos,mas
aproximadamente
60%
dostumores
setomariam
evidentesem
3meses
após o início dos sintomas.”Estudos
de
neuroimagem
e eletroencefalograma(EEG)
são geralmente desnecessários.”Exames
como
eletrólitos,hemograma
e enzimas hepáticas estão normaisem
pacientescom
OMA.”
O
diagnóstico diferencial paraOMA
deve sempre
ser realizadocom
encefalites causadas por vírus,como
CoxsackíeB
eHaemophílus
ínfluenza, entre outros,síndromes
desmielinizantes e intoxicação (fenitoína, amitriptilina, inseticidas), principalmente
quando
aNos
anos 80, era descritoque
asíndrome de Kinsbourne
freqüentemente cedia espontaneamenteapós
a ressecção cirúrgicado
tumor.'5*3° Entretanto, vários estudos concluíramque
os sintomas neurológicoscomumente
continuam após
aremoção do
tumor
eo desenvolvimento raramenteretoma completamente
ao normal. 1520Os
primeiros relatosda síndrome não
comentavam
sobre as seqüelas, implicandoque
adoença aguda
era auto-limitadasou
os déficits residuais gradualmente melhoravam.1°'“ Estudos recentesem
criançascom
OMA
e neuroblastoma,sugerem
apermanência de
seqüelas principahnente neurológicas.”
Pohlm observou
a persistênciade
inabilidade residualem
88%
dos casos, sendo considerada graveem
61%.
Dos
casos analisados,69%
permaneceram
com
motricidade anormal,59%
com
dificuldadeno
aprendizado e61%
com
alteração de fala. Foi verificadoque
o tipo de seqüela neurológica independeda
idadedo
paciente
no
iníciodos
sintomas e da gravidadeda
manifestação clínicada
síndrome.As
seqüelas neurológicas incluem hiperatividde, impulsividade, labilidade emocional, deflcit cognitivo e persistência
do
deficít motor.9O
tratamentona
OMA
pode
ser realizadocom
corticoterapia,8'23com
amedicação de
escolha a prednisona, na dose de 2-3 mg/kg/dia por 2
meses
com
diminuição gradualem
2ou
3 meses,9 na justificativa de melhorar a grave incapacidade
aguda
gerada peladoença.”
A
explicação para o uso de corticóide seria
o
efeitoimunomodulador,
agindo diretamenteno
sistema
de
neurotransmissoresdo
SNC.”
Foi verificadocomo
efetivoem
60-80%
dos
casos. 1°Pohlm observou que
em
100%
dos casos tratadoscom
corticóideshouve algum
tipo de resposta.”Outro
tratamentopode
sercom
o uso de corticotropina(ACTH).
Pohlm
verificou-se aindaque
aACTH
produz
uma
resolução mais rápida nos sintomasagudos
secomparada ao
corticóide.”Hammer
et al33 não encontraram benefíciocom
o uso de corticóides orais enotaram
respostasomente
com
oACTH.”
Em
contraste, Mitchell” não encontrou vantagens daACTH
sobre os corticóides orais, apesar das dosagens edo
tempo
de utilização variarem amplamente. 15O
tratamento é bastante efetivono
controledos
sintomas agudos,mas
uma
boa
respostainicial
não
determina necessariamenteum
resultado neurológico favorável mais tarde.Não
há
portanto evidência
que
o tratamentocom
corticóideou
ACTH
afete o cursoda
doença, incluindo a tendência à recorrênciados
sintomasou
a probabilidadede
seqüelasmotoras ou
Bolthauser et
al”
descreveramum
bom
resultado tardiocom
uma
Pobre resP
osta inicial e observaramum
ótimo resultadoem
pacientessem
tratamentocom
corticóide.38 Entretanto,segundo
Pohl,'4 mais de80%
dos pacientes tiveram recidiva dos sintomasalgum
tempo
após
a
remoção do
corticóideou do
ACTH
e60%
necessitaram de administração prolongadade
coiticóides por anos.
O
tratamento prolongadopode
resultarem
supressão de crescimento,sindrome
de Cushing, baixa resistência a infecções e miopatias.l4Outros tratamentos
com
imunomoduladores,
como
imunoglobulina intravenosa (Ig IV),têm
sido utilizadoscom
sucesso variável.A
lgIV
é utilizadacomo
terapia imunossupressoraem
várias condições neurológicas,como
na síndrome
de Guillain-Barré, degeneração cerebelar paraneoplásicaem
adultos e encefalomieliteaguda
disseminada, entre outros.Na
OMA
tem
sido utilizadacom
dosagens variáveis, sendo preconizado l-2 g/Kg/dia,l5em
combinação ou não
com
corticóides,ACTH
e outras medicações.Embora
se verifiquemudanças
imediatas na função neurológica depoisdo
tratamentocom
lg IV, essasmudanças
são dificeis de confirmar e quantificar.”
A
utilização de agentes quimioterápicos é incerto.Um
estudo relatorque
crianças tratadascom
quimioterapia apresentarammelhor
resultado neurológico.” Entretanto, Mitchell” verificouque
quimioterapia adicional não determina proteção neurológica oumelhora no
desenvolvimento. 15
Apesar do
tratamentocom
corticóides,ACTH,
lgIV
e outrasmedicações
imunossupressoras, a maioria das crianças
com
OMA
tiveramum
significante déflcít neurológico residual. 111530A
recorrênciados
sintomas neurológicos,após
um
intervalo livre da doença, poderia serexplicada por
um
mecanismo
imunológico. Entretanto, aOMA
persisteem
80%
dos
casos etambém
pode
aparecer após aremoção do
tumor. Assim, é dificil explicar essa recorrênciacom
baseno mecanismo
imunológico jáque
requer aprodução
contínua de anticorpos anti-neuronais
mesmo
depoisda
ressecção tumoral.”O
número
médio
de recidiva por paciente é2,4, variando de
nenhum
a 9 episódios e o intervalo desses episódiospode
variarde
I a36
meses.
Mesmo
com
a recidivada
OMA
não se evidenciou a recorrênciados tumores
neuroblásticos
ou
alteração na excreção de catecolaminas, persistindo, dessa forma, aOs
sintomasda
OMA
podem
recorrerem
até 15 anos.Na
maioria dos casos, a recorrênciae exacerbaçao
dos
sintomas é precedida por infecçao, principalmente gastrenterites ecomprometimento
respiratório.9¬l°Não
há aspectos claros para predizer a extensão das seqüelas. Pohll4no
seu estudode
1996 não
encontroumelhor
prognóstico neurológicoem
pacientescom
tumores malignos ocultos daquelescom
tumores
determinados.”O
prognóstico neurológiconão
está relacionadocom
o atrasoou
resposta ao tratamento enem
a dose de corticóideou
ACTH.
A
remoção
do
tumor não
significa a redução das manifestaçõesda
OMA.
Altman
eBaehnerw
relatarammelhor
prognósticoem
pacientescom
tumores intratorácicos, estágios I, II e IV-s, e ganglioneuroblastomas.”Estudos
demonstraram que
a presença deOMA
éum
aspecto favorável paraum
melhor
prognóstico, quanto à sobrevida, nos casos associados a neuroblastomas nos estágios I e II,
com
uma
sobrevivência de 89-lO0%.'3*'4Nos
casossem
essa manifestação sindrômica, a sobrevivência ésomente
de30-40%.”
Altman
eBaehner”
verificaram sobrevivência semelhante, sendode
89,3%
nos casosde
neuroblastomascom
OMA,
enquanto criançascom
neuroblastomas apresentaram sobrevivênciade
30-34%.”
A
OMA
ou
suas seqüelasfieqüentemente
persistemna
vida adulta epodem
ter influência importanteno
graude
dependência eno
estilode
vida dessas pessoas.4.
RELATO
DE
CASO
Criança de l ano e 4 meses, masculino, branco, natural e procedente de
Rio do
Sul.Nascido de parto
normal
com
36 semanas de
gestação,pesando
2900
g
emedindo
46
cm.
Apresentou
Apgar
8no
primeirominuto
e 9no
quinto,sem
alteraçõesno
exame
fisico.Não
houve
intercorrênciasno
periodo neonatal esem
história de intemações anteriores.Apresentava desenvolvimento neuropsicomotor
(DNPM)
adequado
para idade eesquema
vacinal apropriado para a sua idade.Oito dias antes
da
intemaçãono
Hospital Infantil Joana deGusmão
(HIJG), o paciente apresentou a “cabeça torta”, semelhante aum
torcicolo,sem
outra sintomatologia.No
diaseguinte, refere irritabilidade, tremores de
membros
edo segmento
cefálico, e dificuldade para deambular. Nestemesmo
dia procurou auxíliomédico
na cidadede
origem,sendo
intemado
num
hospital local.O
pacientepemianeceu
com
amesma
sintomatologia por 5 dias,quando
passou aapresentar
movimentos
oculares caóticos e ataxiade
tronco emembros.
Sempre
semanteve
extremamente
irritado e agressivo,mesmo com
familiares.Em
momento
algum
apresentoufebre, anorexia
ou
perda de peso.Foram
solicitadosexames
laboratoriais,como hemograma
(Hg), velocidade de
hemossedimentação (VHS),
parcial de urina (PU), eletrólitos,transaminase glutâmico-oxalacética
(TGO),
transaminase glutâmico-pirúvica(TGP),
exame
de liquor,
que
seencontravam
normais.A
desidrogenase láctica(LDH)
e a creatina-fosfoquinase encontravam-se aumentadas,
com
valores de377
U/L
e305
U/ml, respectivamente.Foram
realizadas tomografiacomputadorizada (TC)
e ressonância nuclear magnética(RNM)
de
crânioque
nãomostraram
alterações. Foimedicado
com
clorpromazina e fenitoína,sem
sucesso pois persistiucom
os tremoresem
todo o corpo, osmovimentos
oculares desordenados e ataxiade
membros.
Sem
melhora do
quadro, o paciente internouno
setor de neurologiado
HIJG
com
a presença de ataxia de tronco emembros
com
agitação psicomotora, tendo sido diagnosticadocomo
síndrome
opsoclono-mioclono-ataxia(OMA).
Foimedicado
com
clobazam,mas
Foram
realizadas radiografias de tórax e esqueleto,que
nãomostraram
alterações, eultrassonografia
(USG)
abdominal,que
evidenciou lesão expansiva sólidacom
contornosregulares,
medindo
3,2 por 2,4 por 1,8cm,
para-aórtica à direita, ao nível de mesogástrio.A
lesão apresentava
pequenos
pontos calcificadosno
interior e a presença de linfonodomegaliaretro-peritoneal (Figura I).
A
USG
confirmou
a associação dessa sintomatologiacom
apresença de
um
tumor,como
havia sido diagnosticado.Figura l: Ultrassonografia abdominal - lesão expansiva sólida com contomos regulares, para-aórtica à direita, ao nível de mesogástrio (setas).
A
RNM,
realizada parauma
melhor
especificidade,mostrou massa
para-aórtica à direitamedindo
3,5 por 2,6 por 2,0 cm,com
discretacompressão
sobre veia cava inferior,sem
sinaisde invasão
de
aorta, musculatura retro-peritonealou
forames neurais (Figura 2 e 3).Também
com
o objetivo de investigação, foi solicitado adosagem
de acido vanil-mandélico e homovanílicoque
seencontravam aumentados
emielograma
bicristacom
imunofenotipagem
e citoquímicaque
estava normal.Figura 3: Ressonância Nuclear Magnética
-
cortes coronais.Massa (setas).
No
3° dia de intemação foi iniciado terapiacom
imunoglobulina (l g/kg/dia)com
duraçãode três dias, sendo posteriormente observado diminuição dos tremores.
Submetida
à operaçãono
10° dia de intemaçãocom
excisão completa demassa
retro- peritoneal,sem
ocomprometimento
de outros gânglios.O
anatomopatológico mostrounódulo
neuroblastoma
com
áreas focais sugestivas de diferenciação para ganglioneuroblastoma.A
lesão
mostrou o
predomínio de formas indiferenciadascom
célulascom
núcleos redondos,hipercromáticos, relativamente uniforrnes.
Apesar
disso, seria necessário à realizaçãode
imuno-histoquímica para
melhor
diagnóstico histológico.Figura 4: Proliferação de células pequenas com citoplasma escasso e núcleos pleomórficos
com
cromatinaNo
pós-operatório teveboa
evolução,com
diminuiçãoda
irritabilidade e da intensidadedo
opsoclono, melhora da coordenação dos
membros,
não mais apresentando dismetria e ataxia de tronco e voltando a sorrir e emitir palavras.Recebeu
alta hospitalarno
4° diado
pós- operatório.Em
consulta ambulatorial,após
16 diasdo
ato operatório, apresentavamelhora
progressiva
do
quadro. Voltou a sentarsem
apoio e a ficar na posição de pécom
apoio.Ao
exame
fisico apresentava-se sorridente, opsoclono ocasional e dificuldade no seguimento ocular de objetos. Apresentava oscilaçõesde
tronco, aindaque
em
menor
intensidade.Reintemou, após
49
diasdo
ato operatório,com
piora progressivado quadro
desde asemana
anterior,com
a acentuaçãodo
opsoclono,da
ataxia eda
irritabilidade. Referiaum
episódio de febre não aferida e presença de tosse.Negava
vômitos, diarréia, expectoraçãoou
alteração urinária.Ao
exame
ñsico apresentava-se afebril,com
opsoclono e ataxia.Evidenciava-se tremor postural e incoordenação motora.
Os
exames
laboratoriais(Hg
ePU)
e a radiografia de tórax apresentaram-se normais.Foi
medicado
com
prednisona (1 mg/kg/dia) e recebeunovamente
imunoglobulinaintravenosa (1 g/kg/dia) por dois dias. Apresentou
melhora
do
quadro, recebendo altahospitalar após seis dias dessa intemação.
Em
consulta ambulatorial, após70
diasdo
ato operatório, apresentavamelhora
do quadro
clínico. Voltou a sentar e dar passos
sem
apoio.Ao
exame
fisico, notava-se discreto opsoclono. Encontrava-seem
uso de20
mg
de prednisona por dia, sendo nessa consultareduzido para 10
mg.
Apresentou
novo retomo
ambulatorial, após l05 diasdo
ato operatório, estandocom
lano
e 9 meses. Encontrava-se sorridente. Persistia
com
ataxia,mas
conseguiacaminhar
sem
apoio enão
apresentava opsoclono ao exame.Manteve-se
em
corticoterapiacom
l0mg
de
prednisona.
Reintemou,
após 142 diasdo
ato operatório,com
piorado quadro há
uma
semana,com
recorrência dos sintomasda
OMA,
associado à irritabilidade e agitação.Ao
exame
fisico apresentava-secom
opsoclono e ataxia. Realizounovo
ciclo de imunoglobulina (1 g/kg/dia),por dois dias, associado a 10
mg
de
prednisona. Apresentou rash cutâneo e reação febrilapós
a imunoterapia.
Recebeu
alta após4
dias intemado,mantendo
a corticoterapia instituídadurante a intemaçao.
s.
DISCUSSÃO
A
síndrome
opsoclono-mioclono-ataxia(OMA)
éuma
síndrome
paraneoplásica, caracterizada pela presença de manifestações neurológicas: mioclonia, ataxia e opsoclono.8Em
crianças,pode
estar associada atumores
originadosde
células nervosas indiferenciadasda
crista neural,que
originam amedula da
adrenal e os gânglios e plexos simpáticos,como
os neuroblastomas.2'3A
associação entre a presençade
neuroblastoma eOMA
éde
2 a3%,
relacionados atumores
localizados,pequenos
ecom
estadiamento l e2.15303'
No
presente caso, foi encontradamassa
localizada, totalmente ressecada esem
o
comprometimento de
linfonodos, sendo assim estadiadocomo
estágio l.Além
disso,o
anatomopatológico evidenciou
quadro
histológico compatívelcom
neuroblastoma,com
áreas de ganglioneuroblastomas, estando portanto de acordocom
a literatura encontrada.2“3'15'2°”2'Em
93%
dos casos, as manifestaçõesocorrem normalmente
em
crianças abaixode
trêsanos de idade.”
A
idade de apresentaçãopode
ser entre 6meses
e 3 anos,como
o
relatadopor
Pranzatelli'2 e Mitchell,l5
ou
8meses
e 5 anos,como
o descrito por Janss.9Nesse
casorelatado, a idade de apresentação ocorreu
com
lano
e4
meses, sendouma
idade habitual parao início das manifestações.9”'2°'4”'5
Segundo
Mitchell,l5 o intervalo descrito entre o início dos sintomas naOMA
eo
diagnóstico
de
neuroblastoma variou de 2 a20 meses.” Nesse
caso, o intervalo foi de 18 dias,sugerindo
que o conhecimento
dessa manifestaçãodo
neuroblastoma pelo profissionalque
prestou o atendimento possibilitou
uma
investigação precoce parao
diagnósticodo
tumor.Na
OMA,
a distribuição entre criançasdo
sexo masculino e feminino é semelhantefónão
havendo
significado no relato desse caso.Também
não foi evidenciado déficit deDNPM
anterior
ou
história familiar de doenças neurológicasno
caso relatado,conforme
foi verificado nos trabalhos relatados anteriormente.16Foram
descritasalgumas
propostas de etiologia para asíndrome
OMA,14*23`27mas
a hipótese mais aceita é a associação entre antígenos cerebelares e o tumor.Nas
criançascom
OMA,
anticorpos anti-neuronais sãomenos
encontrados e a associação é incerta.27 Essasintomatologia
mesmo
após aremoção do
tumor, favorecendo, assim, a hipótese de etiologia imunológica.'4'26A
síndrome
é caracterizada por inicioagudo ou
subagudo,com
acombinação de
sintomascomo
opsoclono, mioclonia, ataxia e irritabilidade, entre outros.9"4”29É
importante salientarque
a mioclonia não éum
componente
essencial nadoença.”
O
paciente apresentouquadro
agudo de
tremores demembros
e cabeça, dificuldade paradeambular
e irritabilidade.Após
um
intervalo de tempo, passou a apresentarmovimentos
oculares caóticos, caracterizando o opsoclono, e ataxia de tronco emembros.
Não
foi verificado miocloniacomo
manifestaçãoclínica. Essa sintomatologia apresentada pelo paciente está de acordo
com
osachados da
literatura.9"4'l5'29
A
dosagem
de catecolaminas e seus metabólitos, ácido vanil-mandélico e homovanílicodeve
ser realizada devido sua associaçãoquando
elevada a tumoresda
crista neural,9"9'35principalmente por possibilitar parâmetro para o
acompanhamento
posterior. Estando adosagem
elevada,como
no
caso relatado, é sugestivode tumores
neuroblásticos.É
importante diferenciarOMA
de outras doençascomo
encefalite por vírus, síndromes desmielizantes, intoxicaçao por medicação, para isso, é necessáriouma
investigaçao,com
exame
clínico completo,exames
laboratoriais e radiológicos.” Essa investigação é essencialpara a identificação de
um
possíveltumor
e tratamento precoce.No
caso relatado, isso foipossível pela realização da
USG
abdominal.Mitchell” e
Savino”
descreveram a completa remissão dos sintomas neurológicosapós
a ressecçao cirúrgicado
tumor. Estudos recentesdemonstraram
apermanência dos
sintomas.l5'20
No
caso relatado, foi verificadouma
melhora
progressiva das manifestações neurológicas,mas
não sua resolução completa, estandode
acordocom
os artigos recentesda
literatura. 1 51°
Pohlm
observou a persistência de seqüelas neurológicasem
88%
dos casos, sendo principalmente relacionado à motricidade e permanência demovimentos
ocularesirregulares,l4 independente
da
idade de início dos sintomas eda
gravidadeda
manifestação.9No
presente caso, foi verificado a permanência de seqüelas, principalmente relacionadocom
motricidade e persistênciado
opsoclono, de igual maneiracomo
o
relatado na literatura,9“'4porém
otempo de
acompanhamento
pós-operatório ainda épequeno
para se avaliar asO
tratamentoda
OMA
pode
ser feitocom
imunomoduladores,
como
corticóide,8 IgIV”
eACTH,33
sendo bastante efetivosno
controledos
sintomasagudos.” Nesse
caso,o
tratamentoinicial foi feito
com
lgIV
por 2 dias, sendo verificadomelhora
imediatana
sintomatologia.Também
foi instituído corticoterapia.Apesar
disso, a literatura revisada evidenciaque o
tratamento
não
apresenta relaçãocom
a diminuição de recorrência dos sintomasou
a probabilidade de seqüelas.”A
recorrência e a exacerbaçãodos
sintomasda
OMA
está associada principalmente a infecções,como
descrito por Janssg e TelanderfoNo
caso relatado, o paciente apresentouuma
exacerbação das manifestações neurológicasquando
associado auma
IVAS,
fatoobservado
na primeira recorrência, estando
de
acordocom
a literatura descrita.9"°O
melhor
prognóstico oncológíco para os pacientescom
essa manifestação sindrômicaestá
na
sua associaçãocom
neuroblastomasem
estágios iniciais.Nesse
caso, a associaçãodo
neuroblastomano
estágio 1com
aOMA
determinaum
melhor
prognóstico,quanto
àsobrevida, para o paciente
em
questão,l3*l4mas
não determinaum
melhor
prognóstico quantoà sintomatologia, fato
demonstrado
pela persistência e recidiva das manifestações, apesardo
diagnóstico precoce e tratamento efetivo
do
tumor.Dessa
maneira, espera-seque
o relato desse caso raro desíndrome
OMA
em
uma
criançasirva
de
alerta para essa associaçãocom
tumores, possibilitandouma
investigação completa, tratamentodo tumor
e oacompanhamento
necessário.ó.
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da Universidade Federalde
TCC
UFSC
PE
0476
Ex.lNCMHI
TCC
UFSC
PE
0476 Autor Schm1tz,JuhanaTntulo
Smdrome
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relatod972807239 AC 2¬407l bx! UFSC BSCCSM