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A Importância do Autoconsumo e da Não Remuneração na Ocupação dos Idosos Brasileiros

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A Importância do Autoconsumo e da Não Remuneração na Ocupação

dos Idosos Brasileiros

Ana Lucia Saboia Lucia Maria Pereira da Cunha

Resumo

De fato, o processo de envelhecimento da população gerado pela queda da fecundidade e aumento da longevidade é um dos fenômenos mais significativos da atualidade brasileira. Em 2004, a população de 60 anos ou mais alcançava mais de 17 milhões de pessoas.

Desde a Segunda Assembléia Mundial das Nações Unidas para Pessoas Idosas, ficou estabelecido que deve ser dado estimulo à participação dos idosos na vida social, econômica e política. O Plano de ação desta Assembléia sugere que se incentive o trabalho voluntário dos idosos.

O objetivo deste trabalho é explorar os dados da PNAD 2004 que mostra um contingente de 5,3 milhões de idosos ocupados. Além disso, têm-se evidências que o trabalho

de autoconsumo ( trabalhadores para consumo próprio e construção para uso próprio) que

alcança 19,1% dos idosos é um dos principais tipos de atividades dos idosos.

Ao verificar que os idosos representam 30% do total de trabalhadores autoconsumo, verificou-se a importância de um estudo focado neste grupo. O trabalhador não remunerado também precisa ser pesquisado, pois, o voluntariado encontra-se no mesmo. Será verificado nestas posições de ocupação, se os idosos possuem algum tipo de renda de aposentadoria, sua renda familiar per capita e se há diferenças por sexo ou entre grupos etários e o nível de escolaridade. Examinar a jornada de trabalho, o tipo de família e sua condição na mesma complementam o quadro socioeconômico permitindo conhecer melhor a realidade deste idoso.

Introdução

A Segunda Assembléia Mundial das Nações Unidas para Pessoas Idosas realizada no ano de 2002, em Madri, foi explícita em suas recomendações quanto à importância da manutenção do status do idoso na sociedade para minimizar a discriminação que, de fato, leva ao isolamento, exclusão e marginalização. O idoso participante gera um processo de envelhecimento mais ativo, minimizando problemas psicológicos e biológicos comuns nos grupos etários mais velhos.

Nesta perspectiva, a participação da população idosa no mercado de trabalho seja em atividades monetárias ou não é uma das formas de integração. Segundo Wajman, 2004, nos últimos anos, ocorreu um crescimento na taxa de participação do idoso no mercado de trabalho em conseqüência do aumento relativo da população idosa, contudo no interior do grupo etário as taxas de participação se mantiveram estáveis.

(2)

O objetivo deste trabalho é utilizar as informações contidas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios / PNAD de 2004 relativas a população ocupada para analisar especificamente as características da ocupação entre os idosos. Esta fonte oferece um quadro amplo sobre as atividades no mercado de trabalho, permitindo que se conheça as principais características da população idosa ocupada. A classificação da PNAD por posição na ocupação detalha em 11 categorias: empregado com carteira; empregado sem carteira; estatutário; militar; trabalhador doméstico com carteira; trabalhador doméstico sem carteira; conta própria; empregadores; trabalhador na produção do próprio consumo, trabalhador na construção para próprio uso e os não remunerados.

Ao analisar os primeiros resultados sobre a ocupação dos idosos, verificou-se que o percentual de idosos nas categorias de trabalhador na produção do próprio consumo e trabalhador na construção para próprio uso1 é de quase 20%. Nessa medida, o principal foco de nossa atenção será sobre o grupo inserido nestas atividades. Para fins de análise, foram agregadas as duas categorias: próprio consumo e trabalhador na construção para próprio uso. Esta última alcança um número muito restrito de idosos não permitindo interpretações consistentes estatisticamente. Por outro lado, tais categorias, segundo Dedecca, 2004, tem efeitos positivos na redução da pobreza em função do fato de um membro da família exercer atividade de autoconsumo produz melhorias na qualidade de vida das mesmas. Por sua vez, o trabalho em construção para o próprio uso ameniza os problemas habitacionais da área urbana.

Outro aspecto que merece atenção é a ocupação não remunerada2 entre a população idosa cujo percentual, em 2004, gira em torno de 5%. Neste particular, a classificação da PNAD dos não remunerados engloba o trabalho voluntário, ajuda à pessoa da família, aprendizes e estagiários. Estas duas últimas não são voltadas para população idosa porém as duas primeiras são importantes para os idosos principalmente no que diz respeito às mulheres. Os resultados mostram que 11,7% das mulheres estão ocupadas, mas não são remuneradas enquanto que os homens apenas 1,7% estão nesta situação. O trabalho voluntário vem assumindo um grau de importância na sociedade sendo explicitado no Plano de Madri (UNITED NATIONS, 2002) que propõe estímulo aos idosos para o trabalho voluntário objetivando um desenvolvimento e envelhecimento ativo.

1

Trabalhador na produção para consumo próprio – pessoa que trabalha, durante pelo menos uma hora na semana, na produção de bens do ramo que compreende as atividades da agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal, pesca e piscicultura, para a própria alimentação de pelo menos um membro da unidade domiciliar; Trabalhador na construção para o próprio uso – Pessoa que trabalhava, durante pelo menos uma hora na semana, na construção de edificações, estrada privadas, poços e outros benfeitorias (exceto as obras destinadas unicamente à reforma) para o próprio uso de pelo menos um membro de unidade domiciliar. (PNAD, 2004).

2

Trabalhador não remunerado membro da unidade domicilia r – Pessoa que trabalha sem remuneração durante pelo menos uma hora na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar que era: empregado na produção de bens primários (que compreende as atividades da agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal ou mineral, caça, pesca e piscicultura), conta-própria ou empregador (PNAD 2004).

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A população ocupada de 60 anos ou mais

A população idosa ocupada representa 6% no total dos ocupados no Brasil correspondendo a um total de 5,2 milhões de pessoas. Destes, quase 42% se inserem na categoria dos conta-própria, 21,2% como empregados, 19,9% como trabalhadores para auto consumo, 7,5% como empregadores, 4,8% como não remunerados e apenas 4,1% na categoria dos trabalhadores domésticos (tabela 1).

No conjunto de ocupados que se dedicam ao autoconsumo, o grupo de idosos é o que tem maior representação, em torno de 30% (gráfico 1). Mesmo as atividades de autoconsumo não sendo a principal categoria de ocupação dos idosos tais resultados demonstram a importância desse estudo específico.

Tabela 1 Empre-gados Trabalhado-res domésticos Conta-própria Emprega-dores Não- remune-rados Auto consumo Total 84 596 294 55,2 7,7 22,0 4,1 7,0 4,1 10 a 14 anos 1 713 595 18,0 5,7 6,8 0,0 58,1 11,4 15 a 19 anos 6 994 226 58,9 8,4 7,6 0,3 21,2 3,6 20 a 24 anos 11 238 117 71,7 7,0 10,8 1,1 7,3 2,0 25 a 29 anos 11 031 217 67,0 7,8 16,4 2,5 4,2 2,1 30 a 39 anos 20 912 835 59,3 8,4 21,7 4,5 3,7 2,3 40 a 49 anos 17 495 256 52,1 8,3 27,2 6,0 3,6 2,8 50 a 59 anos 9 933 786 41,7 7,2 34,1 6,7 4,6 5,7 60 anos ou mais 5 273 383 21,8 4,1 41,9 7,5 4,8 19,9 Homens 49 241 975 60,1 0,9 26,0 5,2 5,4 2,4 10 a 14 anos 1 169 006 20,7 0,8 7,3 0,0 59,8 11,3 15 a 19 anos 4 404 711 64,2 1,0 7,7 0,3 23,8 3,1 20 a 24 anos 6 565 066 76,9 0,6 12,6 1,3 7,6 1,1 25 a 29 anos 6 362 281 73,4 0,8 19,1 3,1 2,9 0,8 30 a 39 anos 11 697 935 65,6 0,9 25,8 5,8 1,1 0,8 40 a 49 anos 9 827 124 56,7 0,8 33,3 7,8 0,5 1,0 50 a 59 anos 5 803 629 46,2 1,0 41,1 8,9 0,4 2,4 60 anos ou mais 3 410 814 25,6 1,3 49,1 9,9 1,1 13,1 Mulheres 35 354 319 48,4 17,1 16,3 2,5 9,1 6,6 10 a 14 anos 544 589 12,1 16,1 5,6 0,0 54,6 11,6 15 a 19 anos 2 589 515 50,0 21,0 7,5 0,3 16,8 4,4 20 a 24 anos 4 673 051 64,5 16,0 8,4 0,9 6,9 3,3 25 a 29 anos 4 668 936 58,2 17,3 12,7 1,8 6,1 4,0 30 a 39 anos 9 214 900 51,4 17,8 16,6 3,0 6,9 4,3 40 a 49 anos 7 668 132 46,3 18,0 19,4 3,6 7,6 5,0 50 a 59 anos 4 130 157 35,3 16,0 24,4 3,6 10,6 10,2 60 anos ou mais 1 862 569 14,9 9,2 28,7 3,2 11,7 32,3

Distribuição percentual das pessoas de 10 anos ou mais, ocupadas, por posição na

ocupação, segundo sexo e grupo etário - Brasil - 2004

Sexo e

grupos de idade Total

Posição na ocupação no trabalho principal Pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

(4)

Gráfico 1

Distribuição percentual das pessoas de 10 anos ou mais, total, ocupadas, autoconsumo, não remuneradas e outras posições de ocupação por grupo

etário - Brasil - 2004 11,4 16,9 5,6 11,9 8,3 25,2 7,2 7,0 11,4 13,3 14,0 6,4 13,5 9,9 13,0 8,0 6,7 13,7 17,9 24,7 13,1 14,0 26,1 15,3 20,7 10,7 13,9 21,8 10,4 11,7 7,8 16,1 11,8 11,8 6,2 4,3 30,0 5,3 2,0 0,7

Total Ocupadas Não remuneradas Auto consumo Outras posições de ocupação

10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos

30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 anos ou mais

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

A atividade não monetária na população idosa

A análise das atividades não monetárias, autoconsumo e não remuneradas será feita separadamente pelas características diferenciadas: as de autoconsumo são realizadas basicamente na área rural e as não remuneradas englobam circunstâncias muito diversificadas.

A distribuição por sexo na análise da ocupação entre os idosos revela aspectos muito diferenciados exigindo que este recorte esteja presente. A população de 60 anos ou mais ocupada apresenta um maior número de homens - 183 para cada 100 mulheres no conjunto dos ocupados. Aqueles dedicados ao autoconsumo e os não remunerados apresentam um perfil diferente com uma razão de sexo de 74 e 17, respectivamente (gráfico2). Esta baixa razão de sexo entre os não remunerados pode ser explicada pelo fato do voluntariado como trabalho principal ser uma característica das mulheres mais velhas e mais religiosas conforme discute Ladim, 2000. Outro fator pode ser a tradicional solidariedade feminina na ajuda as pessoas da família. A razão de sexo entre os ocupados não monetários aumenta entre os idosos mais velhos, o que pode significar que o homem ao se aposentar passe a ter como principal trabalho uma ocupação não remunerada para se manter ocupado e ativo na sociedade.

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Gráfico 2

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

As ocupações não monetárias possuem proporções de aposentadoria bastante elevadas. Há um diferencial dos ocupados não monetários em relação ao total de idosos ocupados entre as pessoas de 69 a 69 anos para ambos os sexos. A aposentadoria rural que, atualmente, assegura renda vitalícia para os membros dos domicílios que trabalharam, não só a pessoa de referência, explica as altas taxas de aposentadorias entre as mulheres inseridas no autoconsumo. Pode-se dizer que praticamente todos os homens de 70 anos ou mais com posição de ocupação não monetária são aposentados, 97% dos não remunerados e 98% dos em autoconsumo, mostrando em certa medida, que o homem mesmo ao se aposentar continua trabalhando (tabela 2).

Tabela 2 60+ 60 a 69 70+ 60+ 60 a 69 70+ 60+ 60 a 69 70+ Total 64,9 57,8 74,0 78,6 67,6 93,9 54,2 49,7 59,5 Ocupada 62,4 42,4 84,8 64,3 54,6 91,1 58,9 30,3 72,4 Autoconsumo 82,7 78,9 87,9 92,1 86,2 98,4 75,7 74,5 77,7 Não remunerada 77,4 74,1 88,1 85,7 78,3 96,6 76,0 73,6 85,2

Proporção de aposentados entre as pessoas de 60 anos ou mais, total, ocupadas, autoconsumo e não

remuneradas, segundo o sexo e grupo etário - Brasil - 2004

Pessoas de 60 anos ou mais

Ambos os sexos Homens Mulheres

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

As posições de ocupação não remunerada e autoconsumo por não apresentarem vínculo empregatício ou estímulo monetário possibilita que as pessoas realizem suas tarefas no ritmo e horário que lhes convier. A tabela 3 indica que realmente há um diferencial dos ocupados sem remuneração, seja autoconsumo ou não remunerada, em relação ao total de idosos ocupados. Enquanto 51% dos ocupados trabalham mais de 40 horas, provavelmente o perfil dos trabalhadores em conta própria e empregadores, os

R a zã o d e se x o d a s p e sso a s d e 6 0 a n o s o u m a is, to ta l, o c u p a d a s, a u to c o n su m o e n ã o r e m u n e r a d a - B r a sil - 2 0 0 4 1 6 ,8 7 8 ,6 1 8 3 ,1 7 4 ,0 1 2 ,5 8 3 ,0 1 7 9 ,2 6 0 ,2 3 3 ,8 9 7 ,5 7 3 ,2 1 9 4 ,8 Id o sa s O c u p a d a s A u to c o n su m o N ã o re m u n e ra d a 6 0 + 6 0 a 6 9 7 0 + 1 0 0

(6)

ocupados em autoconsumo 55,4% trabalham menos de 14 horas. Os não remunerados concentram sua carga horária entre 15 a 39 horas (52%).

Tabela 3 Até 14 15 a 39 40 ou mais Total 5.267.561 17,7 31,3 51,0 Autoconsumo 1.046.292 55,4 33,8 10,8 Não remunerada 255.145 22,1 52,0 25,9 Horas trabalhadas Pesssoas de 60 anos ou mais

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais, ocupadas, total, autoconsumo

e não remuneradas, por número de horas trabalhadas - Brasil - 2004

Ocupadas

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

Gráfico 3

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais, ocupadas em autoconsumo, por número de horas trabalhadas, segundo o

sexo e grupo de idade - Brasil - 2004

35,3 70,2 53,8 57,6 44,3 26,1 33,5 34,4 20,4 12,5 8,0 3,6 Homens Mulheres 60 a 69 70+ Até 14 15 a 39 40 ou mais

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

Gráfico 4

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais, ocupadas não remuneradas, por número de horas trabalhadas, segundo o

sexo e grupo de idade - Brasil - 2004

23,9 21,8 18,8 33,2 41,1 53,8 53,4 47,2 35,0 24,4 27,8 19,6 Homens Mulheres 60 a 69 70+ Até 14 15 a 39 40 ou mais

(7)

O alto percentual de menos de 14 horas de trabalho entre aqueles dedicados ao autoconsumo é influenciado pelas mulheres - 70,2% trabalham este número de horas contra 35,3% do sexo masculino. Em relação aos grupos etários, como era de se esperar, tanto os não remunerados quanto os autoconsumo trabalham menos horas à medida que envelhecem. (Gráficos 3 e 4).

Os idosos nas ocupações não monetárias possuem maior proporção tanto de analfabetos absolutos3 quanto de analfabetos funcionais4. As pessoas ocupadas em autoconsumo alcançam taxas de 53,2% e 77,5% respectivamente. Esta ocupação indica, também, um baixo nível de pessoas com mais de nove anos de estudo (2,3%). Estas altas e baixas taxas em autoconsumo podem ser explicadas pelo fato da maioria destes idosos morarem em área rural onde o acesso a educação era pequeno (tabela 4).

Tabela 4 Total 36,4 21,0 29,8 12,8 Ocupada 36,2 22,3 27,7 13,7 Autoconsumo 53,2 24,3 20,3 2,3 Não remunerada 43,4 21,7 25,5 9,3 Sem instrução e menos de 1 ano de estudo

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais , total, ocupada,

autoconsumo e não remunerada, por anos de estudos - Brasil - 2004

Pessoas de 60 anos ou

mais 1 a 3 4 a 8 anos 9 anos ou mais

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

Gráfico 5

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais ocupadas em autoconsumo, por grupo de anos de estudo , segundo sexo e

grupo de idade - Brasil - 2004

55,8 51,2 51,0 56,2 21,6 26,2 24,8 23,5 19,5 20,8 21,2 19,0 1,3 3,0 3,1 1,8 Homem Mulher 60 a 69 70+

Sem instrução e menos de 1 ano de estudo 1 a 3 4 a 8 anos 9 anos ou mais

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

3

O analfabetismo absoluto refere-se à capacidade dos indivíduos lerem e escreverem ao menos um bilhete simples, são considerados aqueles com menos de 1 anos de estudo.

4

O analfabetismo funcional refere-se à capacidade de compreensão de mensagens, instruções, notícias, textos com tabelas e gráficos etc, além da habilidade de escrever e calcular no contexto do cotidiano diário. No microdados da PNAD, selecionam-se os idosos que não freqüentaram a escola somados aos idosos que freqüentaram os cursos elementar ou primeiro grau até a terceira série.

(8)

Gráfico 6

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais ocupadas não remuneradas, por grupo de anos de estudo, segundo o sexo e

grupo de idade - Brasil - 2004

32,2 45,3 42,3 46,9 21,9 21,7 21,7 21,9 28,5 25,1 26,5 22,5 9,5 8,7 17,4 8,0 Homem Mulher 60 a 69 70 +

Sem instrução e menos de 1 ano de estudo 1 a 3 4 a 8 anos 9 anos ou mais

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

Os trabalhadores em autoconsumo do sexo masculino apresentam maiores taxas de analfabetismo absoluto em contraste com a população idosa onde as mulheres apresentam maiores taxas. Quando aos trabalhadores não remunerados, os homens são mais instruídos apresentando uma proporção representativa entre os idosos com mais de 9 anos de estudo, 17,4% (gráfico 5 e 6). Será esta uma característica do voluntariado masculino?

As famílias com ao menos um morador de 60 anos ou mais de idade em sua maioria são formadas por casais com ou sem filhos tendo ou não a presença de outros parentes (tabela 5). Os não remunerados alcançam as maiores proporções, 86,7% de compartilhamento deste tipo de co-habitação. Neste grupo, por sua vez, encontram-se as menores proporções de idosos morando sozinhos, 4,9%, indicando que estes têm um menor intercambio com as pessoas da família para ajuda nos negócios e menor disposição para trabalhos voluntários.

Tabela 5

Unipessoal

Casal sem

filhos

Casal com

filhos e/ou

outros

Morando com

filhos e/ou

outros

Total

13,0 25,7 36,9 24,1

Ocupada

10,4 27,7 45,7 15,9

Autoconsumo

11,3 29,6 39,4 19,5

Não remunerada

4,9 37,5 49,2 7,8

Pessoas de 60 anos

ou mais

Tipo de família

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais, total, ocupadas,

autoconsumo e não remuneradas, por tipo de família - Brasil - 2004

(9)

A proporção de idosos em autoconsumo do sexo masculino morando em famílias com casais é superior a do sexo feminino (81,9% e 59,6%). Já entre os trabalhadores não remunerados a relação se inverte sendo a proporção feminina superior, 87,4% contra 82,2%. As mulheres separadas ou viúvas morando com os filhos apresentam uma proporção que merece destaque entre as trabalhadoras em autoconsumo, 28,2%. Deve-se destacar, que entre os não remunerados, é semelhante a proporção de casais entre dois grupos etários de idosos(gráfico 7 e 8).

Gráfico 7

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais ocupadas em autoconsumo, por tipo de família, segundo sexo e grupo de idade - Brasil -

2004 10,4 12,0 8,8 14,7 34,7 25,9 28,1 31,8 47,2 33,7 45,7 30,8 7,7 28,2 17,2 22,6 Homens Mulheres 60 a 69 70+

Unipessoal Casal s/ filhos Casal c/ filhos e/ou outros parentes Morando c/ filhos e/ou outros parentes

Fonte: IBGE, PNAD , 2004

Gráfico 8

Fonte: IBGE, PNAD , 2004

Os não remunerados apresentam um perfil diferenciado quanto a condição na família, apenas 18,4% são pessoas de referência enquanto no conjunto de idosos a proporção é superior a 60%. Este resulta expressa de certa forma que a remuneração ainda está muito

D istr ib u içã o p e rce n tu a l d a s p e sso a s d e 6 0 a n o s o u m a is o cu p a d o s n ã o re m u n er a d o s, p o r tip o d e fa m ília , se g u n d o o sex o e g ru p o d e id a d e - B r a sil

- 2 0 0 4 8 ,3 4 ,4 4 ,7 5 ,7 2 8 ,9 3 8 ,9 3 7 ,6 3 7 ,0 5 3 ,3 4 8 ,5 4 9 ,8 4 7 ,1 8 ,3 7 ,7 7 ,5 8 ,6 H o m e n s M u lh eres D e 6 0 a 6 9 7 0 +

(10)

ligada a “chefia” familiar (tabela 6). Os cônjuges são majoritariamente mulheres tanto no autoconsumo como entre os não remunerados (98%). O número de homens é praticamente igual ao de mulheres entre as pessoas de referência que trabalham em autoconsumo. Quanto aos que trabalham em autoconsumo as mulheres representam 35,2% dos idosos “chefes”. Em relação aos grupos etários o número de cônjuge diminui entre os mais velhos tendo como explicação a viuvez feminina (gráfico 9 e 10).

Tabela 6 P e sso a d e r e fe r ê n c ia C ô n ju g e O u tr o s T o ta l 6 5 ,4 2 2 ,9 1 1 ,6 O c u p a d a 7 6 ,5 1 8 ,8 4 ,7 A u to c o n su m o 6 2 ,0 3 2 ,7 4 ,8 N ã o r e m u n e r a d a 1 8 ,4 7 2 ,6 9 ,0

D istr ib u iç ã o p e r c e n tu a l d a s p e sso a s d e 6 0 a n o s o u m a is, to ta l, o c u p a d a s, a u to c o n su m o e n ã o r e m u n e r a d a s, p o r c o n d iç ã o n a fa m ília - B r a sil - 2 0 0 4

P e sso a s d e 6 0 a n o s o u m a is

C o n d iç ã o n a fa m ília

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

Gráfico 9

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

Gráfico 10

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

D i s t r i b u i ç ã o p e r c e n t u a l d a s p e s s o a s d e 6 0 a n o s o u m a i s o c u p a d a s a u t o c o n s u m o , p o r c o n d i ç ã o n a f a m í l i a , s e g u n d o o s e x o e g r u p o d e i d a d e - B r a s i l - 2 0 0 4 6 4 , 9 1 0 , 0 1 0 , 6 8 3 , 2 1 6 , 6 6 0 , 2 2 4 , 2 7 6 , 4 P e s s o a d e r e f e r ê n c i a C ô n j u g e H o m e m M u l h e r 6 0 a 6 9 7 0 + D i s t r i b u i ç ã o p e r c e n t u a l d a s p e s s o a s d e 6 0 a n o s o u m a i s o c u p a d a s n ã o r e m u n e r a d o , p o r c o n d i ç ã o n a f a m í l i a , s e g u n d o o s e x o e g r u p o d e i d a d e - B r a s i l - 2 0 0 4 6 4 , 9 1 0 , 0 1 0 , 6 8 3 , 2 1 6 , 6 6 0 , 2 2 4 , 2 7 6 , 4 P e s s o a d e r e f e r ê n c i a C ô n j u g e H o m e m M u l h e r 6 0 a 6 9 7 0 +

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A proporção de famílias (com pelo menos um idoso) com renda média mensal inferior a meio salário mínimo per capita que exerce algum trabalho não monetário é elevada. No outro extremo, as famílias com renda per capita superior a três salários mínimos apresentam uma baixa proporção de idosos, 4,9%, provavelmente em função da espaço rural onde estão localizadas a maioria destas atividades não monetárias. Quando se analisa a situação de renda familiar dos idosos na categoria não remunerados a distribuição percentual mostra que há uma concentração na faixa de rendimento de 1 a 2 salários mínimos per capita (38,6%). No caso daqueles no autoconsumo, esta proporção é ainda mais elevada, 43,3% (tabela 7)

Tabela 7

Total 8,3 22,8 37,7 10,9 17,0

Ocupada 10,2 23,5 34,8 11,2 16,4

Autoconsumo 11,1 30,4 43,3 8,9 4,9

Não remunerada 11,3 23,5 38,6 9,4 14,2

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais, total, ocupadas,

autoconsumo e não remunerada, por classe de rendimento médio mensal

familiar per capita em salário mínimo - Brasil - 2004

Pessoas de 60 anos

ou mais Até 1/2 De 1/2 a 1 De 1 a 2 De 2 a 3 3 ou mais

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

Gráfico 11

Distribuição das pessoas de 60 anos ou mais ocupadas em autoconsumo, por classe de renda média mensal familiar per capita em salário mínimo,

segundo sexo e grupo etário - Brasil - 2004

13,6 9,3 14,3 6,8 30,3 30,6 32,7 27,4 43,9 42,8 37,5 51,3 6,1 10,9 9,2 8,5 5,3 4,6 4,9 4,9 Homens Mulheres De 60 a 70 70+ Até 1/2 De 1/2 a 1 De 1 a 2 De 2 a 3 3 ou mais

(12)

Gráfico 12

Distribuição das pessoas de 60 anos ou mais, ocupadas não remuneradas , por classe de renda média mensal familiar per capita em salário mínimo,

segundo sexo e grupo etário - Brasil - 2004

18,7 10,1 12,6 7,2 15,2 24,9 24,3 20,8 36,7 38,9 36,7 45,1 9,1 10,4 9,1 10,4 19,0 13,4 14,1 14,5 Homens Mulheres De 60 a 70 70+ Até 1/2 De 1/2 a 1 De 1 a 2 De 2 a 3 3 ou mais

Fonte: IBGE, PNAD, 2004

Considerações finais

O processo de envelhecimento da população brasileira tem características singulares tendo em vista sua intensidade e rapidez com que está ocorrendo. Uma das evidências mais interessantes é a elevada proporção de idosos inseridos no mercado de trabalho na categoria dos conta-própria além da grande inserção de ocupados no auto consumo e não remunerados.

Enquanto há um predomínio masculino entre os idosos ocupados, as mulheres exercem função não remunerada. Os homens, à medida que envelhecem e atingem os 70 anos, apresentam uma proporção ainda maior coincidindo com o aumento proporcional dos idosos aposentados.

Na Itália, há um estudo5 sobre a viabilidade dos idosos permanecerem no mercado de trabalho sem se aposentar, mas ganhando o mesmo salário com um número menor de horas trabalhadas. Esta proposta surgiu devido aos altos índices de envelhecimento desta população. Por sua vez, no Brasil, o número de horas trabalhadas pelos indivíduos que estipulam seu horário e não têm estímulo financeiro é menor do que os que exercem funções remuneradas. Este parece ser o caminho a ser seguido pelos aposentados para permanecerem ativos, principalmente exercendo trabalhos voluntários.

A posição de ocupação não remunerada além de feminina, como citada anteriormente, é também exercida pelas mulheres casadas. Entre os idosos que moram sozinhos poucos exercem atividade não remunerada. Como este contingente de idosos tem tendência a se isolarem, o incentivo ao trabalho voluntário mostra-se importante.

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Referências Bibliográficas

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