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A Recuperação Populacional dos Txicão (Ikpeng), Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso, Brasil

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A Recuperação Populacional dos Txicão (Ikpeng), Parque

Indígena do Xingu, Mato Grosso, Brasil

∗∗

Samantha Filev Maia♣♣ Rummennig O . de Albuquerque♦♦

Heloisa Pagliaro♥♥ Douglas Rodrigues♠♠ Roberto G. Baruzzi♠♠

Palavras Chave: índios da América do Sul; Txicão; Ikpeng; demografia indígena

Resumo

Em julho de 1968, coube à equipe da Escola Paulista de Medicina, examinar e fazer o cadastramento médico dos Txicão, índios de língua Caribe, mais recentemente conhecidos como Ikpeng, como se autodenominam. Eles haviam ingressado no Parque no ano anterior, ao final de um processo de contato que tivera início em 1964, conduzido por Cláudio e Orlando Villas Boas, e que fora precedido, em 1952, de uma primeira tentativa, sem sucesso. Os Ikpeng viviam numa região a sudoeste do Parque, no rio Batovi e depois no rio Jatobá, afluentes do Ronuro, e eram inimigos dos índios do Alto Xingu, com os quais entravam em constantes conflitos. Em 1960 seriam em número de 125 a 130 (Menget, 2001). Nos anos seguintes sofreram grave processo de depopulação decorrente de choques com os alto-xinguanos e de epidemias provocadas por invasores de suas terras. Ao chegarem ao Parque eram 56, entre adultos e crianças. Ao serem examinados pela equipe médica, os Ikpeng estavam reduzidos a 50, tendo ocorrido seis óbitos, um por morte acidental e cinco por doenças. Após 34 anos de presença no Parque, os Ikpeng somam 302 indivíduos, dos quais 38 são sobreviventes dos que entraram no Parque em 1967. A proporção de menores de 15 anos é de 56,6%, indicando uma população em franco crescimento. Este trabalho constitui-se numa descrição preliminar do comportamento demográfico desses índios, entre 1970 e 1999, realizado no âmbito do Programa de Bolsas de Iniciação Científica da UNIFESP. Baseia-se nas estatísticas vitais contínuas geradas pelo Programa de Saúde desta Universidade no Parque Indígena do Xingu. Insere-se no âmbito de um estudo longitudinal retrospectivo mais amplo, que contempla a reconstrução da população por idade e sexo para cada ano do período de tempo em questão, e a estimativa de indicadores demográficos, como mortalidade, natalidade, fecundidade, nupcialidade e migração.

“Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambu – MG – Brasil, de 20 a 24 de Setembro de 2004”.

Graduanda em Ciências Médicas, bolsista PIBIC

* Graduando em Ciências Médicas.

Demografa, Departamento de Medicina Preventiva da UNIFESP/EPM .

Médico, Coordenador do Programa de Saúde da UNIFESP/Parque Indígena do Xingu.

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A Recuperação Populacional dos Txicão (Ikpeng), Parque

Indígena do Xingu, Mato Grosso, Brasil

∗∗

Samantha Filev Maia♣ ♣ Rummennig O . de Albuquerque♦ ♦

Heloisa Pagliaro♥♥ Douglas Rodrigues♠ ♠ Roberto G. Baruzzi♠ ♠

Txicão

Um dos objetivos definidos para o Parque Indígena do Xingu (PIX), ao ser criado em 1961, foi abrigar povos indígenas de outras áreas, ameaçados de extinção pela invasão de suas terras. Assim ocorreu com os Kaiabi dos rios Arinos e Teles Pires, entre 1952 e 1973; com os Txicão do rio Jatobá, em 1967; os Tapayuna do rio Arinos, em 1970, e os Kreen-Akarore do rio Peixoto de Azevedo, em 1975.

Estas migrações foram precedidas dos difíceis processos de contato com essas tribos e do trabalho de convencimento sobre os benefícios e a salvaguarda que teriam dessa transferência. Essas ações foram dirigidas por Orlando e Cláudio Villas Boas, responsáveis pela direção do PIX.

Os Txicão ou Ikpeng (como se autodenominam) são índios de língua Caribe, que habitavam uma região situada ao sudoeste do PIX, no Estado de Mato Grosso. Eram conhecidos como índios destemidos que atacavam com freqüência aldeias do Alto Xingu, na parte sul do PIX, para roubar panelas de cerâmica, utensílios e raptar crianças (Menget, 2001). Os índios Waurá, Mehinaku e Nahukwa eram os alvos prediletos desses ataques.

Em 1952, os irmãos Villas Boas fizeram uma primeira tentativa de contato com os Txicão. Acompanhados de dois índios Juruna entraram de surpresa na aldeia Txicão, provocando grande agitação e confusão, mas tiveram de se retirar de imediato, com risco de morte, face à hostilidade com que foram recebidos (Galvão, 1979).

Oito anos depois, em 1960, em represália por agressões sofridas, os Waurá, com armas de fogo obtidas de um aventureiro, atacaram a aldeia Txicão, matando doze de seus habitantes. Os atacantes esperavam resgatar duas garotas Waurá que haviam sido raptadas pelos Txicão. Algum tempo depois uma epidemia de gripe acometeu os Txicão, dizimando metade da tribo.

Em 1960 os Txicão seriam em número de 125 a 130. Nos quatro anos seguintes, que precederam o contato, sofreram considerável perda populacional por choques com alto-xinguanos e por doenças trazidas por invasores de suas terras: garimpeiros e aventureiros.

Em 1964, em nova tentativa, os Villas Boas conseguiram o desejado contato com os Txicão, com a entrega de presentes para demonstrarem suas intenções pacificas. Mais

“Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambu – MG – Brasil, de 20 a 24 de Setembro de 2004”.

Graduanda em Ciências Médicas, bolsista PIBIC

* Graduando em Ciências Médicas.

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adiante, com as noticias que grupos de garimpeiros estavam rodeando e penetrando no território tribal, com o risco de conflitos, foi resolvida a transferência dos Txicão para o PIX, o que veio a ocorreu em Julho de 1967.

Mudança para o Parque Indígena do Xingu

A chegada dos Txicão ao Posto Leonardo Villas Bôas, no Alto Xingu, foi precedida de intenso trabalho de persuasão para que eles fossem recebidos de maneira amistosa por seus ex-inimigos. Recebidos por centenas de alto-xinguanos, os temíveis Txicão não eram mais que 56 entre adultos e crianças, pequenos e magros.

A adaptação ao novo habitat foi difícil, dependendo no início do auxilio outras tribos na obtenção de alimentos. Pouco depois se estabeleceram nas proximidades do Posto Leonardo, quando passaram a receber apoio mais direto da administração do Parque e abriram suas primeiras roças.

Um ano depois, em Julho de 1968, os Txicão foram examinados por equipe médica da Escola Paulista de Medicina, atual Unifesp. Eles estavam reduzidos a 50 indivíduos devido à ocorrência de seis óbitos, um por morte acidental e cinco por doenças. Do grupo, 19 (38%), eram menores de 15 anos de idade, e apenas um índio, do sexo masculino, tinha mais de 50 anos. Na ocasião foi aberta uma ficha médica individual contendo o número de registro, foto, dados de identificação e do exame físico, e a data das vacinas aplicadas. Assim, os Txicão passaram a estar incluídos no sistema de cadastramento médico geral do Parque, instituído pela Escola Paulista de Medicina.

Segundo Menget (2001), devido à situação pr ecária e instável em que se encontravam, os Txicão adotaram medidas de contenção da natalidade e reduziram voluntariamente os nascimentos, registrando-se apenas um nascimento em 1967, nenhum em 1968 e dois em 1969. A ingestão de plantas, possivelmente, abortivas e ações mecânicas, resultaram em 6 abortos registrados pelo autor, tendo recorrido, também, ao método do coito interrompido (Onan). A partir de 1969, compreendendo que a situação havia melhorado, essa tendência se inverte e o número de nascimentos começa a crescer.

Em 1970, o grupo Txicão contava 67 indivíduos, incluindo três homens e uma mulher Kaiabi e duas mulheres Waurá. Em 1999, eram 279, distribuídos entre a aldeia Moyngo, Posto Indígena Pavuru e Posto de Vigilância Ronuro. O crescimento médio anual da população nesse período foi de 4,2% ao ano, conforme se observa na Tabela 1.

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O número crescente de nascimentos e relativamente reduzido de óbitos fizeram do crescimento vegetativo fator importante na recuperação do volume populacional dos Txicão, resultando num saldo vegetativo de 217 indivíduos, no período 1970-99 (Tabela 2). O saldo migratório foi irrelevante.

Mortalidade

As taxas brutas médias de mortalidade variaram muito entre 1970-99, tendo oscilado entre 3,4 e 10,4 óbitos gerais por mil habitantes, sendo de 6,7 óbitos por mil habitantes a média do período. Devido às mudanças na estrutura dessa população, padronizou-se estas taxas, utilizando como padrão a estrutura da população de 1995/99. O resultado do emprego desta técnica mostrou que o declínio da mortalidade foi quase constante, exceto no período 1990/94 (Tabela 3).

Anos População Taxas Médias

de Crescimento anual (%) 1970 67 4,5 1975 84 6,4 1980 116 5,1 1985 150 4,1 1990 184 4,6 1995 232 4,6 1999 279 1970/1999 4,2

Fonte de dados brutos: USMA-DMP/UNIFESP/EPM

População Ikpeng e Taxas Médias de Crescimento Anual, 1970/99 Tabela 1 Períodos M F T M F T M F T 1970/74 9 9 18 2 1 3 7 8 15 1975/79 22 13 35 1 4 5 21 9 30 1980/84 22 17 39 3 2 5 19 15 34 1985/89 21 21 42 3 1 4 18 20 38 1990/94 21 27 48 5 4 9 16 23 39 1995/99 28 38 66 2 3 5 26 35 61 1970/99 123 125 248 16 15 31 107 110 217

Fonte de dados brutos:USMA-DMP/UNIFESP/EPM

Óbitos Saldo vegetativo

Tabela 2

Nascimentos, Óbitos e Saldo Vegetativo dos Ikpeng, por sexo,1970-99 Nascimentos

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Dos 31 óbitos registrados entre 1970 e 1999, 16 são do sexo masculino e 15 do sexo feminino, resultando numa razão de sexos de 1,1. A distribuição dos óbitos por sexo, segundo grupos etários, exposta na Tabela 4, mostra que, em todo o período analisado, e em ambos os sexos, a maior proporção de óbitos foi no grupo de < de 1 ano de idade, com 43,7% dos óbitos masculinos e 40% dos femininos. Para os homens, é entre os adultos, de 20 a 49 anos, que se concentra a segunda maior proporção de óbitos (25%). Para as mulheres, o grupo de crianças de 1 a 4 anos concentra 33,3% dos óbitos.

Grupos 1970-74 1975-79 1975-79 1980-84 1985-89 1990-94 1995-99 1970-99 Etários < de 1ano 2 3 3 1 2 2 13 42,0 1a 4 anos 1 1 1 1 1 5 16,1 5 a 19 anos 2 2 4 12,9 20 a 49 anos 1 1 3 1 6 19,3 50 anos e + 1 1 1 3 9,7 Total 3 5 5 4 9 5 31 100,0 < de 1ano 1 1 2 1 1 1 7 43,7 1a 4 anos 5 a 19 anos 2 1 3 18,8 20 a 49 anos 1 3 4 25,0 50 anos e + 1 1 2 12,5 Total 2 1 3 3 5 2 16 100,0 < de 1ano 1 2 1 1 1 6 40,0 1a 4 anos 1 1 1 1 1 5 33,3 5 a 19 anos 1 1 6,7 20 a 49 anos 1 1 2 13,3 50 anos e + 1 1 6,7 Total 1 4 2 1 4 3 15 100,0

Fonte de Dados Brutos: USMA - DMP/UNIFESP/EPM Tabela 4

AMBOS OS SEXOS

SEXO MASCULINO

SEXO FEMININO

Número absoluto e relativo de óbitos dos Ikpeng, segundo grupos etários por sexo, 1970-99

Períodos Óbitos População TBM TBM

Gerais acumulada Observada Padronizada

1970/74 3 367 8,1 19,30 1975/79 5 477 10,4 10,70 1980/84 5 638 7,8 7,60 1985/89 4 823 4,8 4,70 1990/94 9 1009 8,9 9,50 1995/99 5 1269 3,9 3,90 1970/99 31 4583 6,7

Fonte de dados brutos:USMA-DMP/UNIFESP/EPM Tabela 3

Óbitos Gerais, População e Taxas Brutas Médias de Mortalidade dos Ikpeng, por qüinqüênios, 1970-99

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As taxas de mortalidade infantil, bastante elevadas no início do período analisado, de 111,1 óbitos por mil nascimentos entre 1970/74, declinaram bastante, atingindo 30,3 óbitos por mil nascimentos entre 1995/99. Durante todo o período 1970/99, quando foram registrados 13 óbitos de < de 1 ano de idade, o nível médio da TMI foi de 52,4 óbitos por mil nascimentos (Figura 1).

As Doenças Infecciosas e Parasitárias foram as causas mais freqüentes de óbito (45,1%) no período 1970-99, sendo registradas 5 mortes por malária, 5 por doenças diarréicas, 2 por tuberculose e 2 por meningite meningocócica. Na população masculina este grupo de doenças foi responsável por 37,5% dos óbitos e, na feminina, por 53,3% (Tabela 5).

As Doenças do Aparelho Respiratório (IRA), segundo grupo mais importante de causas de morte, representaram 22,6% do total dos óbitos, sendo 25% na população masculina e 20% na feminina. As Causas Externas, representadas por um homicídio, um acidente por arma de fogo e uma queda, foram responsáveis por 9,7% dos óbitos. As Doenças do Aparelho Circulatório representaram 3,2% do total de óbitos, com uma morte por cardiopatia não esclarecida.

As Causas Mal Definidas representaram 19,4% do total das mortes, sendo 18,7% na população masculina e 20% na feminina.

Figura 1

Taxas de Mortalidade Infantil dos Ikpeng, PIX - 1970-1999 (por mil) 1 1 1 , 1 85,7 76,9 23,8 4 1 , 6 30,3 0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0 1 2 0 1 9 7 0 / 7 4 1 9 7 5 / 7 9 1 9 8 0 / 8 4 1 9 8 5 / 8 9 1 9 9 0 / 9 4 1 9 9 5 / 9 9 A n o s T M I

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Natalidade

As taxas brutas médias de natalidade estimadas para períodos de cinco anos, expostas na Tabela 6, variaram de 47,6 a 73,4 nascimentos por mil habitantes, entre 1970/79. No período de 1975/79 registrou-se o maior nível de natalidade, mostrando uma reação deste povo à depopulação, causada por conflitos, doenças e fome, em períodos anteriores ao ingresso no PIX, e na adaptação ao novo habitat. A partir de 1980 as taxas de natalidade começam a declinar, embora continuem em patamar muito elevado.

Estrutura da População

Os altos níveis de natalidade e o declínio quase constante da mortalidade propiciaram o crescimento populacional dos Txicão e a modificação de sua composição por idades e sexo. A pirâmide etária desta população para o ano de 1970 (Figura 2) mostra o que restou desta tribo, 3 anos após sua chegada ao Parque do Xingu. No grupo de 0 a 4 anos estão incluídas as crianças que nasceram no Parque e, nas demais faixas etárias as gerações sobreviventes dos deslocamentos, conflitos e contágios por doenças. Na população feminina só havia uma mulher com mais de 30 anos e, na masculina, apenas um homem tinha mais de 50 anos, o chefe Pavuru, à época com idade estimada em 53 anos.

Períodos Nascimentos População TBN Média

acumulada (por mil)

1970/74 18 367 49,1 1975/79 35 477 73,4 1980/84 39 638 61,1 1985/89 42 823 51,0 1990/94 48 1009 47,6 1995/99 66 1269 52,0 1970/99 248 4583 54,1

Fonte de dados brutos: USMA - DMP/UNIFESP/EPM

Tabela 6

Nascimentos, população e taxas brutas médias de natalidade dos Ikpeng, por qüinqüênios, 1970-99

Grupos de Causas

N % N % N %

Doenças Infecciosas e Parasitárias 6 37,5 8 53,3 14 45,1

Doenças do Aparelho Respiratório 4 25,0 3 20,0 7 22,6

Causas Externas 2 12,5 1 6,7 3 9,7

Doenças do Aparelho Circulatório 1 6,3 _ _ 1 3,2

Mal Definidas 3 18,7 3 20,0 6 19,4

TOTAL 16 100,0 15 100,0 31 100,0

Fonte de dados brutos: USMA-DMP/UNIFESP/EPM

Total Óbitos Segundo Causas de Morte na População Ikpeng, por sexo, 1970-99

Masculino Feminino

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A progressiva adaptação desses índios ao Parque e a conseqüente melhora de suas condições alimentares e sanitárias propiciou um melhor equilíbrio em sua composição por idades e sexo. Observa-se em 1999 uma pirâmide etária de bases mais largas, mostrando o aumento do número de crianças (63 de 0 a 4 anos), e de jovens com até 24 anos de idade, todos procedentes de gerações nascidas no Parque (Figura 3). O alargamento e prolongamento da cúspide da pirâmide espelham, também, o aumento da sobrevivência de adultos e idosos, sendo uma mulher e três homens com mais de 60 anos.

Figura 3

Pirâmide Etária dos Ikpeng, 1999

-15,0 -10,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 0 a 4 20 a 24 40 a 44 60 e + Grupos Etários % H M

A análise da população por grandes grupos de idade mostra o aumento da proporção de população nos grupos etários de 0 a 14 anos, que passou de 44,8% em 1970, para 53% em 1999. Evidencia, também, o aumento da sobrevivência de adultos, através das proporções de maiores de 50 anos de idade, de 1,5% do total da população em 1970, para 6,5% em 1999 (Tabela 7).

Figura 2

Pirâmide Etária dos Ikpeng, 1970

-10 -5 0 5 10 0 a 4 15 a 19 30 a 34 45 a 49 Grupos Etários % H M

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Considerações Finais

Uma das questões que se coloca com respeito às mudanças demográficas em sociedades indígenas em processo de recuperação populacional, principalmente as alterações no sentido de rejuvenescimento da população, diz respeito à perda de valores culturais tradicionais e à assimilação de valores próprios às culturas da sociedade envolvente, seja ela indígena ou não. Nesse sentido, a mudança dos Txicão para o Parque Indígena do Xingu teria impedido sua provável extinção, além de permitir que pudessem preservar sua identidade cultural.

Assim como os Txicão adotaram uma política intencional de controle da natalidade nos momentos de incerteza que marcaram seu ingresso no Parque puderam também, alguns anos depois, deliberar que queriam crescer em população. Sendo hoje cerca de 300 indivíduos, os Txicão teriam superado as expectativas de recuperação de seu volume populacional, estimado por Menget (2001), para os anos de 1932 a 1952, em 148 indivíduos.

Referências Bibliográficas

BARUZZI, R.G.; MARCOPITO, L.F.; IUNES, M. Programa Médico Preventivo da Escola Paulista De Medicina no Parque Nacional do Xingu. Revista de Antropologia. São Paulo: USP, 21: 155-170, 1978.

GALVÃO, E. Encontro de Sociedades: Índios e Brancos no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. (Coleção Estudos Brasileiros; vol. 29).

MENGET, P. Em Nome dos Outros. Classificação das Relações Sociais entre os Txicáo do Alto Xingu. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia, Assírio & Alvim, 2001.

Agradecimentos: Os autores agradecem aos Txicão que possibilitaram a realização deste trabalho.

Grupos MASCULINO FEMININO TOTAL

Etários 1970 1980 1990 1999 1970 1980 1990 1999 1970 1980 1990 1999 N= 37 N=67 N=101 N=140 N=30 N=49 N=83 N=139 N=67 N=116 N=184 N=279 0 a 14 43,2 53,7 46,5 48,0 47,0 49,0 56,7 58,0 44,8 51,8 51,1 53,0 15 a 49 54,1 43,3 49,5 44,0 53,0 51,0 42,1 37,0 53,7 46,5 46,2 40,5 50 e + 2,7 3,0 4,0 8,0 0,0 0,0 1,2 5,0 1,5 1,7 2,7 6,5 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte de Dados Brutos: USMA-DMP/UNIFESP/EPM

Tabela 7

Referências

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