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O IDOSO NO DISTRITO FEDERAL CARACTERÍSTICAS E MORTALIDADE

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O IDOSO NO DISTRITO FEDERAL

CARACTERÍSTICAS E MORTALIDADE

Ana Maria Peres França Boccucci1

Araci Cruzato Ministério1

Mirna Augusto de Oliveira2

1 INTRODUÇÃO

Ao se estudar os idosos, primeira tarefa que se apresenta é a da definição de que pessoas estão incluídas nessa categoria. Essa conceituação, quase sempre subjetiva, é influenciada por vários fato-res que englobam, além do critério cronológico, o envelhecimento biológico, psicológico e social. Em geral, consideram-se como idosos, numa determinada sociedade, aqueles que, depois de terem passado pelas fases de crescimento e maturidade, entram numa etapa de alteração de seus papéis sociais com diminuição de sua capacidade produtiva e relativa dependência para o desempenho de suas ativida-des diárias.

Na impossibilidade de avaliar essa perda de autonomia

pessoal e diante da necessidade de delimitar a população idosa,

optou-se aqui pelo critério cronológico que, segundo definição da Organização das Nações Unidas, em 1985, considerou os 60 anos como marco inicial caracterizador do envelhecimento em países em desen-volvimento (Saad, 1990, p. 5.)

A população dos países desenvolvidos vem, desde o século passado, sofrendo profundas transformações, que passaram por um substantivo declínio das taxas de mortalidade e conseqüente aumento da longevidade média, assim como, numa segunda etapa, por um processo de desaceleração no ritmo de seu crescimento, em decorrên-cia da redução nos níveis de fecundidade.

1 Sociólogas do Núcleo de Estudos Populacionais – NEP/CODEPLAN e Mestrandas

do CEDEPLAR/UFMG.

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Tais alterações, que estão ocorrendo em boa parte dos países do terceiro mundo, são irreversíveis e tenderão a intensificar-se num processo ainda maior de envelhecimento da população no próxi-mo século.

Até o início dos anos 40 a dinâmica demográfica brasileira caracterizava-se por altas taxas de fecundidade e mortalidade, resul-tando num crescimento populacional de cerca de 2% ao ano. A espe-rança de vida ao nascer situava-se por volta de 30 anos na virada do século, tendo evoluído lentamente até atingir 37 anos em 1940 (Ca-margo, Saad, 1990).

A importação de técnicas médicas e sanitárias de países desenvolvidos propiciou uma diminuição das doenças infecto-conta-giosas, reduzindo as taxas de mortalidade, principalmente infantil, a partir da década de 40, o que marca o início da transição demográfica brasileira, quando a esperança de vida ao nascer cresceu para 44 anos em 1950, atingindo 54 anos em 1960. Esse período é caracterizado pelo aumento do crescimento populacional, que esteve em torno de 3% ao ano, correspondendo à fase da chamada “Explosão Demográfica Bra-sileira”. A queda nas taxas de mortalidade, com a continuidade das altas taxas de fecundidade, não provocou grandes mudanças na estru-tura etária da população no período, permanecendo elevado o contin-gente de jovens – 42,7% até 14 anos – e baixo o de idosos – 4,7% os de 60 anos e mais, segundo o Censo de 1960.

Alterações significativas na estrutura etária da população brasileira só ocorreram a partir da década de 60, quando os níveis de fecundidade começaram a decrescer passando de 6,2 filhos por mulher em 1960 para 5,8 em 1970, 4,4 em 1980 e 2,8 filhos por mulher em 1991 (Machado, Abreu, 1992; Carvalho, 1993).

A diminuição proporcional de nascidos vivos, ocorrida nos últimos decênios, fez com que os menores de 15 anos sofressem uma redução gradual, passando de 42,7%, em 1960, para 31,6% em 1996.

Por outro lado, o montante de idosos evoluiu de 4,7%, em 1960, para 7,9% da população brasileira, em 1996. Em números absolutos esse grupo cresceu a uma taxa média geométrica anual de 3,7% entre 1960 e 1996, superior à média de crescimento da população brasileira no mesmo período (2,3% entre 1960 e 1996). Apesar da proporção de idosos no Brasil, ser bastante inferior à média mundial

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(13%), segundo estimativas da ONU para 1994 (UNITED NATIONS, 1994), o volume de sua população acima de 60 anos, aproximadamente 12 milhões de habitantes, em 1996, o coloca entre os países com maior número de idosos no mundo.

Essa elevação na parcela da população brasileira de 60 anos e mais se deve, em sua maior parte, ao declínio das taxas de fecundidade, mas também foi influenciada pela queda nas taxas de mortalidade dos idosos.

2 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO IDOSA DO DISTRITO FEDERAL

O adensamento populacional do DF teve início na década de 50, com a afluência das primeiras correntes migratórias de traba-lhadores destinados à construção da nova Capital.

Tabela 1

EVOLUÇÃO, TAXA MÉDIA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO ANUAL E DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA DA POPULAÇÃO

BRASIL 1960-1996

Anos (1000 hab.)População de Crescimento AnualTaxa Distribuição etária (%) 0 a 14 15 a 59 60 e mais 1960 70070 3,04 42,7 52,6 4,7 1970 93139 2,89 42,1 52,8 5,1 1980 119003 2,48 38,2 55,7 6,1 1991 146825 1,93 34,7 58,0 7,3 1996 157080 1,36 31,6 60,5 7,9 2000 165715 1,35 28,3 63,8 7,9

Fontes: O Idoso na Grande São Paulo – SEADE – SP – 1990. Contagem da População 1996 – IBGE.

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Em 1960, ano da inauguração da cidade, o Censo indicou a presença de 139.796 residentes. A grande maioria era de adultos em idade ativa, sendo que 67,7% tinham entre 15 e 59 anos (Tabela 2).

Naquele período os imigrantes exerceram importante pa-pel na estruturação etária da população, levando a que 41,1% dos residentes em 1960, contassem entre 15 e 29 anos, em vista dos contingentes jovens serem os que mais facilmente migram em busca de trabalho e melhores condições de vida.

Durante a década de 60, a população apresentou elevadas taxas anuais de crescimento (14,4%) ainda sob a interferência das migrações levando a que, em 1970, se enumerassem 537.492 habitan-tes, dos quais a população de 15 a 59 anos correspondia a 55,4% e os jovens entre 15 e 29 anos totalizavam 30,3% dos residentes. A queda na proporção dos jovens adultos deveu-se ao aumento relativo de crianças, que passaram de 31,1% em 1960 para 42,4% em 1970, sob a influência das altas taxas de natalidade vigentes.

Tabela 2

EVOLUÇÃO, TAXA MÉDIA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO ANUAL E DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA DA POPULAÇÃO

DISTRITO FEDERAL 1960-1996

Anos PopulaçãoResidente de Crescimento AnualTaxa Distribuição Etária (%) 0 a 14 15 a 59 60 e mais 1960 139796 – 31,1 67,7 1,2 1970 537492 14,42 42,4 55,4 2,2 1980 1176935 8,15 37,8 59,4 2,8 1991 1601094 2,84 33,9 62,1 4,0 1996 1821946 2,62 30,4 65,0 4,6 2000 2016777 2,57 28,4 66,6 5,2

Fontes: Censos Demográficos – IBGE. Contagem da População 1996 – IBGE.

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No decênio seguinte ocorreu uma desaceleração da taxa de crescimento populacional, que caiu a 8,1% ao ano, com o arrefecimento da construção civil e da transferência de órgãos públicos. No ano de 1980 residia no DF o montante de 1.176.935 pessoas. O aumento na proporção de habitantes entre 15 e 29 anos (33%) pode ser explicado, em parte, pela alta natalidade da década de 60, e ainda pela continui-dade da imigração de adultos jovens. Nesse mesmo período verifica-se a diminuição da participação dos menores de 15 anos que repre-sentavam 42,4% em 1970 e, em função da queda da natalidade, fenômeno ocorrido em todo país, decresceram para 37,8% em 1980.

O recenseamento de 1991 apontou um total de 1.601.094 pessoas na Capital Federal, dos quais 33,9% contavam idades inferio-res a 15 anos, 32,2% se encontravam na faixa de 15 a 29 anos e 58,1% estavam entre 15 e 59 anos.

A taxa de crescimento anual para o período 1980/91 sofreu uma queda significativa passando dos 8,1% nos anos 70 para 2,8% nesse intervalo intercensitário.

A Contagem de População de 1996, registrou para o Dis-trito Federal, no último qüinqüênio, a menor taxa de crescimento anual da população (2,6%), não só em decorrência da queda das taxas líquidas de migração como também do declínio no ritmo do crescimen-to vegetativo.

Embora caracterizada como essencialmente jovem, a es-trutura etária da população do DF tem experimentado um paulatino envelhecimento, não só pela redução da migração como dos níveis de natalidade e mortalidade, o que corresponde à denominada transição

demográfica, e que tem como uma de suas mais importantes

conse-qüências o aumento do volume e participação relativa da população idosa.

A Tabela 2 indica um aumento constante na importância relativa dos idosos, que representavam apenas 1,2% do total de resi-dentes em 1960, tendo evoluído para 2,2% em 1970, 2,8% em 1980, atingindo 4% no censo de 1991. Em 1996, essa parcela da população cresceu para 4,6%. Em termos absolutos houve um crescimento médio anual no número dos idosos de 11,4% nos 36 anos analisados, superior, como no caso brasileiro, aos acréscimos médios anuais do total da população do DF – 7,4% (Tabela 3).

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T abela 3 D IS TRIB UIÇ ÃO D A P OPU LAÇÃO POR G RUP O S ETÁR IOS , S EG UNDO O S EXO D IS TRITO F EDER AL – 1 960-1996 Grup o s e tári o s 1960 1970 1980 1991 1996 H o m en s M u lh e res T o ta l H ome n s Mulhere s T o ta l H o m e n s Mulhe res Total H ome n s Mulhere s T o ta l H o m e n s Mulhe res Total 0 a 4 9824 9406 19230 45922 44344 90266 88754 85572 174326 88496 86336 174832 91736 89410 181146 5 a 9 7016 7121 14137 39938 39327 79265 69806 68250 138056 92955 90466 183421 89613 87767 177380 10 a 14 4973 5165 10138 28418 29911 58329 64706 68012 132718 91055 93144 184199 97089 98466 195555 15 a 19 8667 5364 14031 26608 29520 56128 64059 74879 138938 80098 93640 173738 100902 113105 214007 20 a 24 18804 6615 25419 28508 29065 57573 63070 71273 134343 85046 94499 179545 94711 105537 200248 25 a 29 12352 5693 18045 24223 25053 49276 54825 60950 115775 76198 86536 162734 85624 95014 180638 30 a 34 8605 4308 12913 23545 20289 43834 43576 47333 90909 59789 69427 129216 74805 85421 160226 35 a 39 6327 3278 9605 16534 15042 31576 33805 35575 69380 50953 59246 110199 59745 69388 129133 40 a 44 4093 1936 6029 12920 11030 23950 30650 28334 58984 41619 46137 87756 51179 58249 109428 45 a 49 3078 1366 4444 8569 7435 16004 20542 19424 39966 30725 33867 64592 39529 44343 83872 50 a 54 1640 858 2498 5769 5592 11361 15530 15119 30649 25734 25353 51087 28987 32200 61187 55 a 59 1019 572 1591 4074 4214 8288 9927 10148 20075 17301 18268 35569 22578 23040 45618 60 a 64 514 396 910 2525 2770 5295 6322 7191 13513 12043 13291 25334 15209 16802 32011 65 a 69 208 158 366 1464 1618 3082 4237 5316 9553 7748 9166 16914 10098 11822 21920 70 a 74 91 136 227 713 872 1585 2114 2901 5015 4257 5809 10066 6149 7789 13938 75 a 79 30 76 106 346 498 844 1145 1727 2872 2615 4045 6660 3183 4665 7848 80 a 84 32 26 58 163 297 460 413 721 1134 1256 2046 3302 1809 3134 4943 85 a 89 4 2 0 2 4 4 4 107 151 154 294 448 501 901 1402 681 1300 1981 9 0 e + 9 16 25 106 119 225 79 192 271 161 367 528 287 580 867 TOTAL 87286 52510 139796 270389 267103 537492 573714 603211 1176925 768550 832544 1601094 873914 948032 1821946 Fontes: C ensos Demogr áfic o s – IBGE . C o ntag em da População 1996 – IBGE.

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Além da acentuada queda da natalidade ocorrida nos últi-mos anos e da diminuição no número relativo de imigrantes, primor-dialmente jovens adultos, outro fator de aumento proporcional da população de mais de 60 anos, está vinculado à redução da mortalidade nesse grupo etário com conseqüente elevação da expectativa de vida. Entre 1960 e 1996 destaca-se essa tendência de aumento na proporção de pessoas das últimas faixas etárias. No início do período, o grupo de 60 a 64 anos representava 53% dos idosos; o de 65 a 79 anos, 40,7%; e, o de 80 anos e mais 6,2%. Em 1996 esses percentuais correspondiam, respectivamente, a 38,3%, 52,4% e 9,3% (Tabela 5).

Projeções da população do DF para o ano 2000 (Tabela 4) indicam que pode-se esperar, num futuro próximo, um significativo aumento da população idosa no DF, uma vez que o grupo etário de 60 anos e mais passaria a representar 5,2% dos residentes, ou cerca de 104.000 pessoas.

Tabela 4

PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO, POR GRUPOS ETÁRIOS, SEGUNDO O SEXO DISTRITO FEDERAL – 2000

Grupos etários Absolutos Percentual

Homens Mulheres Total Homens Mulheres

0 a 4 104236 100393 204629 5,17 4,98 5 a 9 95025 92355 187380 4,71 4,58 10 a 14 91112 89169 180281 4,52 4,42 15 a 19 94978 99261 194239 4,71 4,92 20 a 24 100852 117197 218049 5,00 5,81 25 a 29 100399 123198 223597 4,98 6,11 30 a 34 97561 110445 208006 4,84 5,48 35 a 39 71374 85739 157113 3,54 4,25 40 a 44 51336 63635 114971 2,55 3,16 45 a 49 43266 53152 96418 2,15 2,64 50 a 54 34196 40500 74696 1,70 2,01 55 a 59 24426 28777 53203 1,21 1,43 60 a 64 19148 21064 40212 0,95 1,04 65 a 69 11486 14207 25693 0,57 0,70 70 a 74 6939 9384 16323 0,34 0,47 75 a 79 3625 5667 9292 0,18 0,28 80 e + 3327 9348 12675 0,16 0,46 TOTAL 953286 1063491 2016777 47,27 52,73 Fonte: Projeção da População do DF – 1997-2021 – Hipótese Média – CODEPLAN – 1997.

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Tabela 5

DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO DE 60 ANOS E MAIS, POR GRUPOS DE IDADE, SEGUNDO O SEXO,

DISTRITO FEDERAL 1960-1996

Anos Sexo Grupos de Idade

60 a 64 65 a 69 70 a 74 75 a 79 80 a 84 85 a 89 90 e + Total 1960 Homens 29,95 12,12 5,30 1,75 1,86 0,23 0,52 51,75 Mulheres 23,08 9,21 7,93 4,43 1,52 1,17 0,93 48,25 Total 53,03 21,33 13,23 6,18 3,38 1,40 1,46 100,00 1970 Homens 21,69 12,58 6,12 2,97 1,40 0,38 0,91 46,05 Mulheres 23,79 13,90 7,49 4,28 2,55 0,92 1,02 53,95 Total 45,48 26,47 13,61 7,25 3,95 1,30 1,93 100,00 1980 Homens 19,27 12,92 6,44 3,49 1,26 0,47 0,24 44,09 Mulheres 21,92 16,20 8,84 5,26 2,20 0,90 0,59 55,91 Total 41,19 29,12 15,29 8,75 3,46 1,37 0,83 100,00 1991 Homens 18,76 12,07 6,63 4,07 1,96 0,78 0,25 44,51 Mulheres 20,70 14,28 9,05 6,30 3,19 1,40 0,57 55,49 Total 39,46 26,34 15,68 10,37 5,14 2,18 0,82 100,00 1996 Homens 18,21 12,09 7,36 3,82 2,17 0,82 0,34 44,81 Mulheres 20,12 14,16 9,33 5,58 3,75 1,56 0,70 55,19 Total 38,33 26,25 16,69 9,40 5,92 2,37 1,04 100,00 Fontes: Censos Demográficos – IBGE.

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T abela 6 RAZÃO D E S EX O P OR 100 M ULHE R ES S EGUN DO GRU P O S ETÁRIOS , D IS TRI T O F ED ERAL 1 960-1996 Anos Grupo s Etário s 60 a 6 4 6 5 a 69 70 a 74 75 a 7 9 8 0 a 84 8 5 a 89 90 e mais T o tal 196 0 1 2 9,80 131,6 5 6 6 ,91 3 9,47 1 23,08 20,0 0 5 6 ,25 10 7,25 197 0 9 1,16 90,4 8 8 1 ,77 6 9,48 54,88 41,1 2 8 9 ,08 8 5,35 198 0 8 7,92 79,7 0 7 2 ,87 6 6,30 57,28 52,3 8 4 1 ,15 7 8,86 199 1 9 0,61 84,5 3 7 3 ,28 6 4,65 61,39 55,6 0 4 3 ,87 8 0,23 199 6 9 0,53 85,4 2 7 8 ,89 6 8,34 57,70 52,3 4 4 9 ,57 8 1,18 Fontes : Censos D e mográf ic o s – IB G E . Conta gem d a População 1996 – IBGE.

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3 CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA E SÓCIO-ECONÔMICA DO IDOSO

A população idosa do DF em 1960 era caracterizada pela predominância de homens (51,7%), fato que ocorria também no total da população aqui residente e que se explica pela precedência de correntes migratórias masculinas para áreas de ocupação pioneira e pela expectativa de oferta de postos de trabalho na construção civil (Tabela 5).

Essa proporção sofreu, no entanto, alterações ao longo do tempo, em vista do diferencial por sexo nos movimentos migratórios posteriores, mais favoráveis às mulheres, e à maior longevidade média feminina. Assim é que, já em 1970, a participação das mulheres entre os idosos ultrapassa à dos homens ampliando-se para 53,9%, atingindo nos censos seguintes mais de 55% deste grupo etário, não somente em virtude da predominância da migração do tipo familiar, com maior equilíbrio entre os sexos, como também pela ampliação do setor serviços, tradicional empregador de pessoas do sexo feminino.

O desequilíbrio no número de componentes de cada sexo é fator que altera a composição e a estrutura familiar dos idosos, influen-ciando também nas suas oportunidades de contrair uniões, uma vez que as características do estado conjugal de uma população estão associadas aos padrões de nupcialidade vigentes, aos níveis de mortalidade nos diferentes grupos etários e aos movimentos migratórios.

Entre os idosos residentes no DF, verifica-se que é pequena a parcela dos que permaneceram solteiros após os 60 anos de idade. As variações ocorridas entre 1960 e 1991 indicam um aumento na proporção de mulheres solteiras e uma queda na proporção dos ho-mens celibatários. Fatores como o aumento da participação feminina no mercado de trabalho, diferenciais de mortalidade e de idade ao casar entre os sexos explicam a maior presença de mulheres solteiras. A predominância feminina nos grupos idosos, em vista da longevidade diferenciada entre homens e mulheres, conjugada às diferenças na idade dos parceiros ao casar e aos papéis culturais atribuídos a cada um dos sexos, levam à redução da duração e oportunidades de casa-mento e recasacasa-mento das mulheres. Assim é que, em todo período analisado, entre os maiores de 60 anos, há uma elevada proporção de homens casados, em contraposição à situação das mulheres, entre as quais a maioria é de viúvas (Tabelas 7 e 8).

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T abela 7 P ROP ORÇÃO D E P E SSOAS D E 60 AN O S E MAI S P OR S EXO, SEGU NDO O E STADO CONJU GAL D IS TRI T O F ED ERAL 196 0 G ru pos etári os Solte ir o s Casados Viúvo s S eparados Total H o m e n s Mulher es H omens M u lhere s H omens M u lhere s H omens M u lhere s H omens M u lhere s 60 a 6 4 2,37 1,95 50,1 1 1 6 ,85 4,97 27,11 0,4 5 1,47 57 ,90 47,3 7 65 a 6 9 1,35 0,98 19,6 4 4 ,64 2,37 13,55 0,0 0 0,00 23 ,36 19,1 7 70 + 1,92 1,95 11,6 3 5 ,13 5,19 26,37 0,0 0 0,00 18 ,74 33,4 6 T otal 5,64 4,88 81,3 8 2 6 ,62 1 2,53 67,03 0,4 5 1,47 100 ,00 100,0 0 Fonte: Censo De m ográfico – IBGE .

(12)

T abela 8 P ROP ORÇÃO D E P E SSOAS D E 60 AN O S E MAI S P OR S EXO, SE G UND O O E STADO CON JUG A L D IS T R ITO FE DERAL 199 1 Gru p o s etári os Solte ir o s Casados Viúvo s S eparados Total H o m e n s Mulher es H omens M u lhere s H omens M u lhere s H omens M u lhere s H omens M u lhere s 60 a 6 4 1,72 3,01 36,5 4 1 8 ,42 2,0 8 10,71 2,3 4 5 ,54 142 ,69 37,6 8 65 a 6 9 0,89 2,19 22,3 6 9 ,81 2,1 1 10,42 1,7 1 3 ,14 27 ,07 25,5 6 70 + 1,46 2,90 22,0 8 7 ,19 5,4 0 24,34 1,3 0 2 ,32 30 ,25 36,7 6 T otal 4,07 8,10 80,9 8 3 5 ,43 9,5 9 45,47 5,3 5 1 1 ,00 100 ,00 100,0 0 Fonte: Censo De m ográfico – IBGE .

(13)

A escolaridade dos habitantes de uma região é um impor-tante indicador de suas condições de vida, uma vez que a instrução se reflete em variáveis tais como o nível de renda ou a permanência no mercado de trabalho.

A precariedade do ensino brasileiro, que se fez sentir ainda mais fortemente no passado, repercute nas condições de vida da população hoje idosa. Assim sendo, dentre as pessoas de 60 anos e mais, residentes no DF em 1970, apenas 70,8% dos homens eram alfabetizados, enquanto uma parcela ainda menor das mulheres do mesmo grupo etário (50,6%) sabiam ler e escrever, o que pode espelhar o pequeno acesso ao ensino elementar vigente nas primei-ras décadas do século, época em que deveriam ter freqüentado escola (Tabela 9).

O Censo de 1991 apontava uma melhoria nos níveis de alfabetização dos idosos já que nesse ano 78% dos homens e 65% das mulheres sabiam ler e escrever. No DF, essa melhoria está ainda relacionada à fixação de funcionários públicos aqui chegados princi-palmente nas correntes migratórias posteriores aos anos 70 (Tabela 10).

Tabela 9

PROPORÇÃO DE PESSOAS DE 60 ANOS E MAIS POR SEXO, SEGUNDO A ALFABETIZAÇÃO

DISTRITO FEDERAL 1970 Grupos

etários

Alfabetizados Analfabetos Total Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres 60 a 64 34,60 23,09 13,12 21,40 47,72 44,49 65 a 69 20,02 13,12 7,72 12,89 27,74 26,02 70 + 16,22 14,35 8,33 15,14 24,54 29,49 Total 70,84 50,56 29,16 49,44 100,00 100,00 Fonte: Censo Demográfico – IBGE.

(14)

Outro aspecto a ser considerado quando se observa a instrução de um grupo é o numero de anos de estudo que tiveram, e que está relacionado aos seus níveis de renda enquanto ativos e, conseqüentemente, à qualidade de vida de que desfrutarão na ve-lhice.

Mesmo tendo ocorrido uma melhoria nos níveis de ins-trução da população idosa entre 1960 e 1991, neste último ano ainda era elevada a parcela dos sem nenhuma instrução (32,9%) e pequena a proporção (24,9%) dos que estudaram o mínimo necessário para completar o ensino elementar, e menor ainda (7,6%) a dos que haviam cursado entre 8 e 10 anos, o tempo requerido para o término do primeiro grau. Aqueles que freqüentaram escolas por um núme-ro de anos equivalente à conclusão do segundo grau representavam 10,1% dos idosos e os que estudaram um número de anos suficiente para terminar o ensino superior atingiam apenas 8,7% (Tabelas 11 e 12).

Tabela 10

PROPORÇÃO DE PESSOAS DE 60 ANOS E MAIS POR SEXO, SEGUNDO A ALFABETIZAÇÃO

DISTRITO FEDERAL – 1991 Grupos

etários

Alfabetizados Analfabetos Total Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres 60 a 64 35,49 26,69 7,12 10,75 42,61 37,44 65 a 69 20,93 17,03 6,04 8,66 26,97 25,69 70 e mais 21,23 20,98 9,19 15,89 30,42 36,87 Total 77,66 64,70 22,34 35,30 100,00 100,00 Fonte: Censo Demográfico – IBGE.

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Tabel a 11 PROP ORÇÃO DA P OPULAÇ ÃO D E 6 0 ANOS E MAIS POR G RUP O S ETÁR IOS E S EX O , SEGU NDO O NÚME RO D E ANOS D E E STUDO D IS TRI T O F ED ERAL 196 0 Anos de estu d o G rupos Etár ios 6 0 a 64 6 5 a 69 7 0 e m a is Total H o m e n s Mulher es Total H o m e n s Mulhe re s T o ta l H o m e n s Mulhe re s T o ta l H o m e n s Mulhe re s T o ta l s/ inst r. 11,19 1 2,76 23 ,95 4,08 5 ,13 9,21 3,55 10 ,20 13,75 18,82 28 ,09 46,91 1 a 3 9,09 3,79 12 ,88 3,15 1 ,75 4,90 2,10 0 ,99 3,09 14,34 6 ,53 20,86 4 a 7 4,25 4,60 8 ,86 3,26 1 ,63 4,90 2,10 3 ,15 5,24 9,62 9 ,38 19,00 8 a 10 1,69 0,70 2 ,39 0,93 0 ,70 1,63 0,76 1 ,40 2,16 3,38 2 ,80 6,18 11 a 1 4 0,23 1,22 1 ,46 0,23 0 ,00 0,23 0,23 0 ,23 0,47 0,70 1 ,46 2,16 15 ou + 3,50 0,00 3 ,50 0,47 0 ,00 0,47 0,93 0 ,00 0,93 4,90 0 ,00 4,90 T otal 29,95 2 3,08 53 ,03 1 2,12 9 ,21 21,33 9,67 15 ,97 25,64 51,75 48 ,25 1 00,00 Fonte: Censo De m ográfico – IBGE .

(16)

Tabel a 12 P ERC ENTUAL DA P OPULAÇ ÃO D E 6 0 ANOS E MAIS POR G RUP O S ETÁR IOS E S EX O , SEGU NDO O NÚME RO D E ANOS D E E STUDO D IS TRI T O F ED ERAL 199 1 Anos de estu d o G rupos Etár ios 6 0 a 64 6 5 a 69 7 0 e m a is Total H o m e n s Mulher es Total H o m e n s Mulhe re s T o ta l H o m e n s Mulhe re s T o ta l H o m e n s Mulhe re s T o ta l s/ inst r. 3,7 5 6,44 1 0,19 3,02 5,35 8,3 7 4,8 5 9,48 14,3 3 11,6 2 2 1,27 32,89 1 a 3 2,7 8 3,48 6,26 2,03 2,29 4,3 2 2,3 6 2,92 5,2 9 7,1 7 8,69 15,86 4 a 7 4,8 4 5,25 1 0,09 2,95 3,51 6,4 6 3,3 2 5,01 8,3 4 11,1 2 1 3,77 24,89 8 a 10 1,7 1 2,02 3,73 0,72 0,96 1,6 8 0,7 5 1,41 2,1 5 3,1 7 4,38 7,56 11 a 1 4 2,3 3 2,41 4,74 1,49 1,52 3,0 1 0,9 0 1,46 2,3 7 4,7 2 5,40 10,12 15 ou + 3,3 6 1,37 4,73 1,68 0,71 2,3 9 1,2 1 0,36 1,5 7 6,2 5 2,44 8,69 T otal 18,7 7 20,97 3 9,73 11,88 1 4,35 26,2 3 13,3 9 2 0,64 34,0 4 44,0 4 5 5,96 1 00,00 Fonte: Censo De m ográfico – IBGE .

(17)

As deficiências de instrução nos grupos mais idosos ainda deverão continuar ocorrendo num futuro próximo, em vista da relativa precariedade do ensino brasileiro mesmo em anos mais recentes, mas o diferencial por sexo no que se refere aos níveis de escolarização tende a diminuir e mesmo sofrer uma inversão, uma vez que, há algum tempo, é maior a proporção de mulheres freqüentando escolas.

Aos baixos níveis de instrução da população idosa brasi-leira estão associadas as suas menores oportunidades de permanên-cia no mercado de trabalho, agravadas pela concorrênpermanên-cia da grande massa de trabalhadores jovens competindo por empregos e pela relativa diminuição das atividades agrícolas, setor no qual tradicio-nalmente os idosos tinham uma significativa participação. No Dis-trito Federal a população economicamente ativa de 60 anos e mais, que em 1960 representava 44,4% desse grupo etário, reduziu-se para 28,8% no ano de 1970 e, segundo os resultados do Censo de 1991 baixou para 26,6%.

Apesar da queda generalizada da participação do idoso nas atividades produtivas, quando se analisa esse fenômeno por sexo observa-se que o grupo feminino, ao contrário dos homens, elevou sua taxa de atividade nos anos mais recentes de 3% em 1960 para 4,2% em 1970 chegando a 7,6% em 1991. Isso se explica pela inserção e perma-nência das mulheres no mercado de trabalho, como complementação da renda doméstica ou mesmo como responsável econômica pelo sustento familiar, num processo de redefinição da divisão sexual do trabalho (Tabela 13).

De modo geral, a saída dos idosos das atividades produtivas não significa a conquista de um benefício merecido após longos anos de trabalho, mas o ingresso numa situação precária, quando a inati-vidade representa queda pronunciada da renda, limitadas possibilida-des de obter novas ocupações em vista das deficiências educacionais e da competição dos jovens num mercado limitado e ruptura na intera-ção social.

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Tabel a 13 P R OPORÇ ÃO D A S P E SSOAS D E 60 AN O S E MAI S S EGUN DO O S EX O , P OR S ETORES D E ATIVI DADE DI STR ITO F EDERAL – 19 60-1 970-1980 -199 1 Setor es de Ati vidades Anos 196 0 1 9 7 0 1 9 8 0 199 1 Homens Mulhe re s Total H o m e n s M u lh e re s Total H omens M u lh e re s Total H o m e n s Mulher es Total

Agric., Pec. ,Silvi

c., Extr. Vege t., Caça e Pesca 7,46 0,00 7,46 4,6 5 0,0 9 4,7 4 2,6 7 0,13 2,80 1,75 0,10 1,85 Ati vidad es I n d u striais 1 8,47 0,23 18,71 6,2 9 0,0 0 6,2 9 3,5 5 0,06 3,61 4,11 0,36 4,47 C o mércio 5,13 0,00 5,13 3,7 2 0,0 3 3,7 5 2,1 7 0,41 2,59 2,68 0,66 3,34 Pres ta ção d e Se rviços 1,63 2,33 3,96 1,7 8 2,8 1 4,5 9 4,3 2 2,32 6,64 3,82 2,50 6,32 T rans p., Co m. e Armaz. 1,17 0,00 1,17 0,8 3 0,0 8 0,9 0 0,7 4 0,02 0,77 0,84 0,13 0,97 Ati vidad es So ci ai s 0,93 0,23 1,17 1,5 6 0,7 9 2,3 5 1,8 1 0,65 2,46 2,03 1,19 3,22 Ad mini straç ão Pú b li ca 4,20 0,23 4,43 4,4 2 0,3 8 4,7 9 5,2 4 0,98 6,22 3,04 0,96 4,00 Ou tr as Ativid ade s 2,39 0,00 2,39 1,3 7 0,0 3 1,3 9 0,5 9 0,06 0,66 0,77 1,67 2,44 Econom ic am en te Ati vos 4 1,38 3,03 44,41 24,6 1 4,2 1 28,8 2 21,0 9 4,65 25,74 19,04 7,57 2 6,61 In at ivos(1 ) 1 0,37 4 5,22 55,59 21,4 3 49,7 5 71,1 8 23,0 0 51,26 74,26 24,98 4 8,40 7 3,39 T otal 5 1,75 4 8,25 1 00,00 46,0 4 53,9 6 100,0 0 44,0 9 55,91 1 00,00 44,03 5 5,97 10 0,00 Fontes : Censos Dem ogr áfic o s – IBGE. (1) Inc lu sive p essoas procurand o e m

prego, por inex

istê

n

(19)

Outro aspecto a salientar nas condições de vida dos idosos refere-se às diferenças entre os sexos. À medida em que a idade avança elas se tornam mais marcantes, refletindo-se de forma acentuada sobre as mulheres, que apresentam maior índice de analfabetismo, maior dificuldade de acesso a uma nova ocupação, maior índice de viuvez e menor possibilidade de novas uniões, em vista da menor longevidade masculina. As desigualdades sociais vigentes no país tornam-se mais agudas na velhice, principalmente nos dias atuais, quando o rápido processo de urbanização tem provocado o enfraque-cimento das relações comunitárias e familiares, tradicionais suportes na integração e cuidados ao idoso.

4 A EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE

E A EXPECTATIVA DE VIDA NO DISTRITO FEDERAL

As condições de saúde da humanidade têm sofrido cons-tantes alterações em função do desenvolvimento social e tecnológico. Como o nível de mortalidade é resultante do efeito combinado de um conjunto de fatores que afetam o bem-estar da população, tais como a oferta e acesso aos serviços públicos de saúde e saneamento básico e o nível de rendimentos auferidos, a taxa específica de mortalidade pode ser considerada como indicador da qualidade de vida dessa população. Importantes mudanças vêm ocorrendo, em todo o mundo, na estrutura da mortalidade por idades, como conseqüência do enve-lhecimento gradativo da população e substituição paulatina da inci-dência de moléstias infecciosas e parasitárias por doenças crônico-degenerativas.

No Brasil, alterações significativas também têm sido ob-servadas no perfil da causas de morte e nos níveis e padrões de mortalidade por idade e sexo. Contudo, diferentemente do ocorrido nos países desenvolvidos, essas alterações são devidas menos à melho-ria nos níveis de renda e sua distribuição, e mais à ação pública de relativo controle das doenças transmissíveis, associada às modifica-ções na estrutura etária da população.

Tendo como base a Taxa Bruta de Mortalidade Padroniza-da, verifica-se que, no DF, entre 1970 e 1980, o número de óbitos por mil habitantes caiu de 7,1 para 4,5, enquanto nas décadas seguintes

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sofreu pequenas oscilações entre 4,5 e 4,1. A queda observada na primeira década analisada pode ser explicada pelo descenso da morta-lidade na infância e pela oferta de serviços públicos de saúde e saneamento mais eficazes. Deve ser levada em conta, também, a melhoria na qualidade das informações de mortalidade, pela diminui-ção paulatina do registro de óbitos de não residentes no DF. As Taxas Brutas de Mortalidade vigentes nos demais períodos analisados podem ser consideradas baixas em comparação à média brasileira, 7 óbitos por mil habitantes (UNITED NATIONS, 1994 ), e sua pequena variação pode ser atribuída a uma queda mais lenta da mortalidade na infância e maior longevidade da população (Tabela 14).

A expectativa ou esperança de vida pode ser interpretada como o número médio de anos que os componentes de um grupo etário ainda viverão.

Tabela 14

TAXAS ESPECÍFICAS DE MORTALIDADE POR GRUPOS ETÁRIOS DISTRITO FEDERAL

1970-1996

Grupos etários Taxas Específicas de Mortalidade/1000 Hab.

1970 1980 1985 1991 1996 0-4 22,20 10,60 6,47 5,88 5,27 5-14 1,20 0,66 0,58 0,43 0,46 15-44 2,80 2,22 1,89 2,26 2,28 45-64 13,63 10,38 10,49 9,57 8,79 65 e + 55,14 52,56 53,49 50,11 51,88 Total 7,11 4,65 4,03 4,29 4,40 TBMPadronizada 7,11 4,50 3,58 4,10 4,10 Fontes: Ministério da Saúde – SIM.

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Para 1970, pela dificuldade de acesso às informações sobre óbitos por grupos de idade qüinqüenais, construiu-se uma tábua de vida com base no Censo de 1970 e no Sistema de Tabelas Modelo Coale-Demeny, adotando-se uma Tabela Modelo Oeste, que estimou para 1966 uma esperança de vida ao nascer no DF de 54,4 anos. Considerando-se que a expectativa de vida estimada, para 1980, com dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, foi de 67,9 anos, inferiu-se, apesar da utilização de métodos diferenciados, que a expectativa de vida para 1970 era de aproxima-damente 58 anos. Teria havido um ganho médio anual de 0,96 ano de vida no período 1966 a 1980 (Tabela 15). A Tábua de Vida, construída com base na estrutura da mortalidade de 1991, aponta uma esperança de vida ao nascer de 70,4 anos no DF o que representa o ganho de 2,5 anos no intervalo entre 1980 e 1991.

Tabela 15

EXPECTATIVA DE VIDA AO NASCER

E NA IDADE EXATA DE 60 ANOS, SEGUNDO OS SEXOS DISTRITO FEDERAL

1970-1980-1991-1996 EXPECTATIVA DE VIDA

Ao Nascer Aos 60 anos

Homens Mulheres Ambos Homens Mulheres Ambos 1970(1) 56,88 59,16 ~=58,00 ... ... ... 1980(2) 64,86 70,92 67,87 15,76 19,59 17,76 1991(2) 66,59 74,32 70,42 16,83 21,06 18,98 1996(2) 67,65 74,88 71,29 17,17 20,94 19,13 Fontes: Ministério da Saúde.

Censo Demográfico – IBGE – 1970.

Notas: (1) Tábua de Vida construída com base no Sistema de Tábuas Modelo de Coale-Demeny. (2) Tábuas de Vida construídas diretamente a partir do número de óbitos – Ministério da Saúde. = Aproximadamente igual.

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Comparando-se o número de anos adicionais de vida nos dois períodos intercensitários analisados, verifica-se que o ganho de 9,6 anos da primeira década poderia ser explicado pela queda subs-tantiva na taxa de mortalidade geral, influenciada, principalmente, pelo grupo etário de 0 a 4 anos, cuja taxa específica passou de 22,2 para 10,6 óbitos por mil habitantes entre 1970 e 1980. Entre 1980 e 1991, o acréscimo de 2,5 anos na esperança de vida reflete o envelhe-cimento da população e o menor declínio na mortalidade infantil. A forma diferenciada com que as enfermidades atingem cada um dos sexos gera taxas distintas de mortalidade e tem como conseqüência uma maior expectativa de vida para as mulheres do que para os homens.

Ao se analisar as tábuas de vida por sexo observa-se que enquanto os homens apresentavam, em 1980, uma esperança de vida ao nascer de 64,9 anos, as mulheres atingiram em média 70,9 anos, o que representava 6 anos a mais do que a média masculina. Em 1991, essa diferença na expectativa de vida entre os dois sexos aumentou para 7,7 anos, ou seja, os homens passaram a ter uma duração média de vida de 66 anos e as mulheres de 74.

Mesmo considerando-se que a ampliação na expectativa de vida está principalmente vinculada à diminuição da mortalidade in-fantil, constata-se que também no grupo dos idosos o avanço da tecnologia nos serviços de saúde tem proporcionado o controle de algumas moléstias e o conseqüente prolongamento nos anos de sobre-vivência. Assim, ao se observar a tábua de vida para os idosos do Distrito Federal, verifica-se que, em 1980, as pessoas que na época contavam 60 anos tinham a expectativa de viver mais 18 anos. Em 1991 a esperança de vida desse grupo etário se ampliou para 19 anos. Atendo-se à análise por sexos, as tábuas de sobrevivência revelam que no período de 1980 a 1996, enquanto os homens de 60 anos adicionaram 1,4 ano na sua expectativa de vida, as mulheres dessa faixa etária passaram de uma sobrevida de 19 para 21 anos. Verifica-se, portanto, que a redução da mortalidade vem favorecendo tanto a população feminina quanto a masculina, fenômeno que vem ocorrendo em todo Brasil nas últimas décadas (Pagliaro, 1992).

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5 A MORTALIDADE POR CAUSAS NA POPULAÇÃO IDOSA

As estatísticas de mortalidade no Distrito Federal, no período de 1979 a 1996, refletem, além de melhorias nas condições de saúde, as alterações que vêm se processando na estrutura etária de sua população. A Tabela 16 revela que, no início do período, a propor-ção de óbitos entre as crianças até 4 anos alcançava 36% do total, enquanto os óbitos de idosos representavam 21% e o grupo das pessoas que se encontravam em idade de trabalho (15 a 59 anos) participava com 40% dos óbitos ocorridos naquele ano.

Ao longo do tempo verifica-se que a proporção de óbitos do grupo de pessoas entre 15 e 59 anos permaneceu elevada, devido à maior concentração de indivíduos nessa faixa etária em relação à população total. O mesmo comportamento não ocorre quando se observam os outros dois grupos analisados. A situação se inverte, já que, a proporção da mortalidade entre as crianças se reduziu 23,7 pontos percentuais, enquanto os óbitos entre os maiores de 60 anos cresceram em 18,9 pontos percentuais, passando a representar 40% das mortes no DF em 1996.

A variação proporcional da mortalidade, segundo os sexos, aponta para o crescimento da participação masculina no grupo de 15 a 59 anos, enquanto a proporção dos óbitos femininos, entre as pessoas de 60 anos e mais, sofreu um aumento significativo ao longo do tempo (de 23,7% para 48,2%), fenômeno explicado em parte, no primeiro grupo pela maior exposição masculina aos riscos externos e no segundo grupo pela maior longevidade feminina.

Analisando-se informações do período de 1979 a 1996, verifica-se que, no grupo etário de 60 anos e mais, ocorreram pequenas alterações nos níveis de mortalidade por causas, com a continuidade da incidência da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e do aparelho respiratório, ao mesmo tempo em que ocorreu a predomi-nância de doenças do aparelho circulatório e aumento das mortes por causas externas (Tabela 17).

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Tabel a 16 D IS TRIB UI ÇÃO PER CENTU AL D O S ÓB ITOS , SE G UND O G RUP OS D E IDADE D IS TRITO F EDER AL 1 979-1996 Grup o s d e idad e 1979 1980 1985 1991 1996 H o m en s M u lh e res T o ta l H ome n s Mulhere s T o ta l H o m e n s Mulhe res Total H ome n s Mulhere s T o ta l H o m e n s Mulhe res Total 0 -4 33,80 38, 00 35,60 33,40 34,10 33,80 19,60 22,70 20,90 15,10 16,70 15,70 11,60 12,40 11,90 5-14 3,30 2, 90 3,10 3,40 3,10 3,30 3,50 3,10 3,30 2,60 2,00 2,30 2,11 2,20 2,10 15-59 43,00 35, 40 39,80 42,00 35,60 39,20 47,80 37,30 43,50 51,40 38,30 46,30 51,30 37,20 45,60 60 e ma is 19,90 23, 70 21,50 21,20 27,20 23,70 29,10 36,90 32,30 30,90 43,00 35,70 35,00 48,20 40,40 TOTAL 100,00 100, 0 0 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,01 100,00 100,00 Fonte: Ministé rio d a Saúd e.

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Tabela 17

ÓBITOS OCORRIDOS EM MAIORES DE 60 ANOS, POR GRUPOS DE CAUSAS

DISTRITO FEDERAL – 1979-96

ANOS infecciosasDoenças

e parasitáriaNeoplasmas Endócr., nutricion. metabolic. e transtornos imunitár Doenças do Aparelho Circulatório Doenças do Aparelho Respiratório Sintomas sinais afecções mal definidas Causas

externas Outras Total

1979 Masculino 53 109 18 237 72 18 35 55 597 Feminino 40 95 30 214 77 13 9 36 514 Total 93 204 48 451 149 31 44 91 1111 1980 Masculino 65 128 26 276 86 15 32 45 673 Feminino 33 111 34 279 80 21 17 46 621 Total 98 239 60 555 166 36 49 91 1294 1985 Masculino 74 164 44 399 88 14 50 84 917 Feminino 72 161 45 373 88 18 15 59 831 Total 146 325 89 772 176 32 65 143 1748 1990 Masculino 94 212 46 473 106 29 84 109 1153 Feminino 86 213 78 485 127 55 35 83 1162 Total 180 425 124 958 233 84 119 192 2315 1991 Masculino 94 235 51 523 125 32 91 112 1263 Feminino 80 196 83 526 114 26 45 83 1153 Total 174 431 134 1049 239 58 136 195 2416 1995 Masculino 104 309 62 653 160 23 102 127 1540 Feminino 89 255 104 614 180 30 47 122 1441 Total 193 564 166 1267 340 53 149 249 2981 1996 Masculino 85 314 81 674 209 18 93 173 1647 Feminino 90 238 113 693 219 20 61 123 1557 Total 175 552 194 1367 428 38 154 296 3204 Fonte: Ministério da Saúde.

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As doenças do aparelho circulatório, os neoplasmas e o diabetes são causas de morte tipicamente relacionadas à população idosa. Dentre elas, as de maior incidência são as do aparelho circu-latório, grupo de doenças que, no decorrer do período analisado, sempre foi o que mais contribuiu nas causas de mortalidade dos idosos (entre 40% e 44%), observando-se, entretanto, um diferencial entre os sexos, com o maior crescimento da sua participação entre os óbitos femininos, de 41,6% em 1979 para 45,6% em 1991 e 44,5% em 1996.

As mortes por neoplasmas, que também são elevadas nessas idades, sofreram quedas discretas passando de 18,4% para 17,2% dos óbitos de idosos, entre 1979 e 1996, mantendo-se sempre como segunda grande causa de morte. O controle da hipertensão arterial, do sedentarismo, do alcoolismo, do tabagismo, entre outros, além do diagnóstico precoce e da melhor eficácia no tratamento devem ter contribuído para o pequeno declínio observado nas duas principais causas de mortalidade dos idosos no DF, as do aparelho circulatório e os neoplasmas.

As doenças do aparelho respiratório e as infecciosas e parasitárias são também importantes causas de mortalidade nesse grupo etário, embora em níveis menores que as duas anteriores. Proporcionalmente, as moléstias do aparelho respiratório ocupam a terceira posição, apesar da constatação de que essas causas apresen-taram decréscimo no período 1979 a 1991 (de 13,4% para 9,9%), voltando a se elevar nos anos seguintes até atingir 13,4% em 1996.

Apesar das medidas de prevenção e saneamento, as doen-ças infecciosas e parasitárias continuam sendo a quarta causa de mortalidade dos idosos – entre 8,4% e 5,5%.

O peso das mortes por doenças endócrinas e metabólicas mesmo não sendo tão expressivo como o dos grupos anteriores, repre-senta, da mesma forma que as causas externas, a quinta razão de mortalidade da população idosa. Nota-se, todavia, que enquanto as doenças endócrinas tem um maior peso na população feminina, as causas externas incidem mais entre os homens, confirmando a citada maior exposição masculina às violências e acidentes.

Dentre as demais causas de mortalidade, que juntas re-presentam cerca de 12% do total, no período 1979 a 1996, as “mal definidas” contribuíram com 2,8% caindo para 1,2% no último ano, o

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que reflete maior precisão no diagnóstico das doenças de pessoas mais velhas e melhoria no preenchimento dos atestados de óbitos (Tabela 17).

A importância crescente que vem assumindo as mortes violentas e acidentais no DF mereceriam maior atenção das autorida-des, como causas evitáveis, tendo em vista a sua potencial possibilida-de possibilida-de redução.

Os diferenciais entre os sexos observados no perfil de causas de morte entre os idosos podem, em parte, ser atribuídos à ocorrência desigual da mortalidade por causas externas entre homens e mulheres, apesar das doenças endócrinas e metabólicas incidirem mais sobre o sexo feminino. No DF, os dados da Tabela 18 mostram que, no período de 1991 a 1996, os acidentes de trânsito foram o principal motivo de morte entre as causas externas, sendo que dessas 69,6% atingiram os homens e apenas 30,4% as mulheres. No que se refere aos homicídios, a diferença de ocorrência entre os sexos fica ainda mais acentuada quando se observa que 90,9% dos assassinatos dos idosos tiveram como vítimas pessoas do sexo masculino.

O melhor indicador para avaliar os níveis de mortalidade é a Taxa Específica de Mortalidade, que refere-se ao quociente entre o número de óbitos de um grupo num determinado ano e a população correspondente no meio desse ano.

Verifica-se na Tabela 19 que, entre 1980 e 1996, a TEM dos idosos passou de 46,5 para 44 óbitos por mil homens, indicando uma variação percentual negativa de 5,4% no período, enquanto entre as mulheres idosas houve manutenção do nível de mortalidade.

Nesse aspecto, constata-se que, entre a população mascu-lina, ocorreram quedas significativas nas taxas de mortalidade refe-rentes às faixas de idades iniciais dos idosos (60 a 74 anos), enquanto, entre as mulheres, as mais expressivas variações percentuais negati-vas foram registradas nas taxas correspondentes aos grupos entre 65 e 79 anos.

As alterações na distribuição etária dos óbitos e as conse-qüentes mudanças registradas nas taxas de mortalidade por idade indicam uma expectativa de aumento na incidência das chamadas doenças crônico-degenerativas, que atingem principalmente os mais idosos.

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Tabel a 18 ÓB ITOS P OR CAUS AS EXTE RNAS E M P ES SOAS DE 60 ANOS E MAIS S EGU NDO O S EXO D IS TRI T O F ED ERAL 1991 -96 Anos Aci dente s de Trânsi to H o m icídi os Outro s T o ta l Homens M u lh eres Total H omens M u lh e re s Total H o m e n s Mulher es Total Homens M u lh e re s Total 19 91 49 14 63 11 3 1 4 3 1 2 3 5 4 9 1 4 0 131 19 92 44 24 68 23 0 2 3 3 1 2 2 5 3 9 8 4 6 144 19 93 49 19 68 27 1 2 8 3 5 2 4 5 9 111 44 155 19 94 38 19 57 14 4 1 8 3 6 3 4 7 0 8 8 5 7 145 19 95 47 22 69 20 1 2 1 3 5 2 4 5 9 102 47 149 19 96 43 20 63 15 2 1 7 3 5 3 8 7 3 9 3 6 0 153 19 91/9 6 270 118 3 8 8 110 11 12 1 2 03 16 5 368 583 2 9 4 877 % no p e rí d o 69,59 3 0,41 100 ,00 9 0,91 9 ,09 100,0 0 5 5 ,16 44,8 4 1 00,00 66,48 33 ,52 1 00,00 Fonte: S ec retar ia d e Saúd e d o Dist ri to F ed e ra l.

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Tabel a 19 TAXAS D E MORTALI DADE DAS P ES SOAS D E 6 0 ANOS E MAIS , S EGUN DO GRU P O S ETÁRIOS E S EXO D IS TRI T O F ED ERAL 1 9 80 E 1 9 9 1 G ru pos etári os Ó b itos/1 000 H a b itantes Sobremortali dade M asculi na (%) Variação Percentu a l Masculi n o Femin in o 198 0 (1) 1 991 (2) 199 6 (3) 198 0 (4) 1 991 (5) 1996 (6) 1 980 (1 -4)/4 1991 (2-5)/5 199 6 (3-6)/ 6 M ascu lino (3-1)/1 Fe mi nin o (6-4)/ 4 6 0 -64 26,73 2 0 ,93 21,24 15,58 1 6 ,25 1 4,11 7 1 ,60 2 8,76 50,54 –2 0,55 –9,42 65 -69 38,00 34 ,20 34,06 25,77 21 ,71 1 9,54 47 ,20 5 7,54 74,34 –1 0,36 –24,19 70 -74 69,06 54 ,26 52,23 39,30 27 ,72 3 0,93 75 ,40 9 5,79 68,85 –2 4,38 –21,28 7 5 -79 88,21 8 4 ,13 86,32 70,06 5 4 ,64 6 0,06 2 5 ,80 5 3,98 43,71 –2,15 –14,28 8 0 -84 1 50,12 129 ,78 1 14,43 83,22 8 0 ,65 8 1,98 8 0 ,40 6 0,92 39,58 –2 3,78 –1,49 8 5 -89 1 68,83 187 ,62 1 79,15 1 39,46 130 ,97 1 3 9,12 2 1 ,40 4 3,26 28,77 6,11 –0,24 90 e + 1 01,27 236 ,02 1 90,97 1 87,50 198 ,91 22 3,75 –4 6 ,60 1 8,66 –14,65 8 8,59 19,33 T OTAL 46,53 44 ,19 44,02 33,86 32 ,36 3 3,78 37 ,30 3 6,54 30,30 –5,40 –0,23 Fonte: Ministé rio d a Saúd e.

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Em síntese, através dos indicadores apresentados, pode-se ter uma visão do que vem ocorrendo em termos de mortalidade das pessoas de 60 anos e mais no DF, no período de 1979 a 1996. Obser-vou-se que essa mortalidade apresentou um comportamento hetero-gêneo, e sofreu alterações, segundo as faixas etárias, a distribuição por sexo e as principais causas de óbitos.

Nota-se, por exemplo, que à medida em que ocorre o aumento na expectativa de vida, avançam as doenças crônico-degene-rativas como principais causas de morte e, ao mesmo tempo, as doenças infecciosas e parasitárias continuam presentes como impor-tante fator de óbitos entre os idosos, além do verificado aumento nos coeficientes de mortalidade por causas externas. Simultaneamente ao aumento da participação dos idosos na população total, a tendência é que o peso relativo das doenças crônico-degenerativas tenham um crescimento progressivo.

6 CONCLUSÃO

A população idosa do Distrito Federal, assim como no caso brasileiro, vem crescendo num ritmo mais acelerado que o do total de residentes e esse aumento tenderá a se intensificar, necessariamente, em decorrência da queda da fecundidade e mortalidade.

Como conseqüência da redução da mortalidade, ocorre um acréscimo na expectativa de vida ao nascer dos residentes no DF, bem como na longevidade da população idosa.

No que se refere às suas características básicas, observou-se a predominância feminina entre os idosos, acentuada nos grupos de idades mais avançadas, com uma maior incidência de mulheres sepa-radas e viúvas, acarretando problemas de desamparo, solidão e carên-cia afetiva.

A precariedade do ensino brasileiro, que se fez sentir mais fortemente no passado, repercute nas condições de vida da população hoje idosa fazendo com que a maioria dela possua pouca escolarização, com conseqüentes dificuldades de permanência e reinserção num mercado de trabalho restrito e de forte concorrência com os jovens.

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Como conseqüência do avanço das tecnologias médicas e das ações de saúde e saneamento, cada vez mais a incidência propor-cional de óbitos na infância e nos anos iniciais da vida adulta passa a ser substituída pela intensificação do peso relativo nas idades avança-das, resultante da falência dos mecanismos biológicos de regulação da vida. Caracterizando esse fenômeno, observa-se no Distrito Federal um crescimento do peso relativo de óbitos por doenças crônico-dege-nerativas, que se dão mormente entre os idosos, com destaque àquelas do aparelho circulatório e as endócrinas. Por outro lado, registra-se o aumento de óbitos por causas externas, principalmente com sobremor-talidade entre os homens.

Tendo em vista o momento de transição demográfica, ora em curso no país, a questão da terceira idade torna-se particularmente relevante quando se considera que o processo de modernização vem modificando as relações tradicionais de amparo à velhice, sem ter ainda desenvolvido outras formas de proteção social, geralmente a cargo do Estado. Tal problema não tem merecido atenção suficiente por parte da sociedade que, ainda pouco conscientizada, não se mobi-liza para que o idoso seja assistido em suas necessidades elementares. Os segmentos da população que chegam à terceira idade, dos quais boa parcela vivenciou condições econômicas e sociais precá-rias, que vão da desnutrição e deficiências educacionais à remuneração insuficiente, habitação sem conforto etc. ao atingir à velhice estão sujeitos ainda a sobreviver com aposentadorias irrisórias e a enfrentar a escassez de atendimento à saúde, além do preconceito e do abandono familiar.

Nessas circunstâncias, o que deve preocupar a sociedade e entidades governamentais é a expressão sócio-econômica dessa cres-cente parcela da população e a implementação de políticas públicas que as beneficiem e que envolvam a oferta de equipamentos físicos, bens e serviços, principalmente de saúde.

O crescimento quantitativo e relativo da população idosa pressionará, cada vez mais, o Estado e a sociedade por maior atenção a programas sociais de valorização e assistência ao idoso, o que envolverá, necessariamente a redistribuição dos recursos, hoje já insuficientes para o atendimento à infância e juventude. A sociedade encontra-se, desde já, diante do impasse de não ter conseguido ainda equacionar as dificuldades próprias de países com estrutura etária

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jovem e ter que enfrentar os problemas inerentes às sociedades em processo de envelhecimento, onde as ações de saúde e de assistência social demandam grandes somas de recursos.

Esse fenômeno emergente clama por medidas que visem atender a população idosa quanto à infra-estrutura de saúde e assis-tência social, aposentadoria digna, oportunidade e exploração de suas potencialidades e expectativas num processo de atualização para o desempenho de novos papéis.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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