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Estado, migração e escravidão no Brasil: Seletividade e reflexos na atualidade

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Academic year: 2021

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Estado, migração e escravidão no Brasil: Seletividade e reflexos na

atualidade

Renan Fernando de Castro¹ Marcos Jorge Godoy²

Resumo

Podemos considerar que o primeiro contingente populacional relevante e estrangeiro que forçadamente chegou ao Brasil foram os escravos africanos. Mesmo que durante um extenso período, o Brasil esteve sobre um controle rígido de Portugal, as instituições presente em território brasileiro, como a igreja católica, governo e exército (pouco numeroso e organizado, mas já existente), cumpriram um papel extremamente conservador e seguiram a tendência internacional do momento, contudo com traços peculiares, o que levou o Brasil no futuro a ser considerado um país completamente integrado e que apresenta uma harmonia entre as distintas culturas e grupos étnicos aqui presentes. A forma conflituosa e contraditória que se desenvolveu a relação entre o Estado brasileiro e os escravos vindos da África trouxe situações únicas e intrigantes no desenrolar da história do país. Mais de três séculos da chegada constante de mão de obra escrava ao Brasil colaborou de forma decisiva na configuração do país que temos hoje. A formação econômica, demográfica, cultural, política e social do Brasil, em mais de cinco séculos, esteve diretamente relacionada à mobilidade espacial de grupos humanos de nacionalidades distintas. Os contingentes populacionais vindos da África, e posteriormente da Europa, com a função de mão obra para as atividades desenvolvidas no país, deram a dinâmica que resultou no Brasil que observamos hoje. O Estado, contudo, nos seus diferentes e complexos arranjos no desenrolar da história brasileira, privilegiou determinados fluxos populacionais em detrimento de outros. O presente artigo pretende analisar a chegada dos africanos escravizados e imigrantes europeus; e seus reflexos na constituição do território brasileiro, considerando que esse processo ainda reflete de maneira significativa no Brasil atual, sobretudo nas populações mais vulneráveis e nas desigualdades expressas em distintos territórios.

Palavras-chave: Estado, Escravidão, Migração para o Brasil.1

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Mestrando em Planejamento e Gestão do Território na Universidade Federal do ABC. ² Mestrando em Geografia na Universidade de Brasília - UnB

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Introdução

O ser humano, ao longo da construção de sua história, percorreu distintos caminhos e trajetórias na busca por melhores condições de vida, em diferentes espaços e tempos. Este fenômeno, amplamente conhecido e vivenciado por muitos, passou a ser chamado de migração. Contudo, ainda nos tempos atuais, encontramos uma grande dificuldade de definição do termo, sendo que podemos encontrar um variado e abrangente leque de opções para a palavra migração (SALIM, 1992, p.120; VAINER, 1998).

Para o presente artigo utilizaremos uma definição específica para a palavra migração e migrante, mas para tal escolha apresentaremos duas definições, buscando dialogar com diferentes formas e níveis de complexidade de encarar o termo. A primeira, procurando utilizar uma das principais organizações mundiais que trabalham com a temática, a Organização das Nações Unidas (ONU), propicia uma definição mais geral de migração, refletindo uma indefinição e falta de profundidade sobre o tema. “Migrante é a pessoa que se deslocou a uma distância mínima especificada pelo menos uma vez durante o intervalo de migração considerado” (ONU, 1980, p.322).

Na segunda definição, que será apresentada, já poderemos perceber uma maior complexidade do termo e uma filiação clara com uma perspectiva de mundo, uma metodologia de análise da realidade.

A migração, fenômeno complexo essencialmente social e com determinações múltiplas, apresenta interações peculiares com as heterogeneidades de uma formação histórico-social concreta. Assim, diante da pluralidade das relações sociais ou dos diversos contextos sociais onde se verificam processos de mudanças, a migração tende a assumir feições próprias, diferenciadas e com implicações distintas para os indivíduos ou grupos sociais que a compõem e caracterizam (SALIM, 1992, p.119).

Esse debate é fundamental, pois nos coloca em lados completamente distintos na compreensão do fenômeno migratório, em qualquer período histórico. A primeira perspectiva, a elaborada pela ONU, reflete uma visão que coloca o processo migratório como simples decisão dos indivíduos, desconsiderando as contradições de uma sociedade de classes e as complexas relações que motivam a mobilidade dos indivíduos e grupos humanos.

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Posta desta maneira, a investigação desafia o pressuposto ideológico que sustenta o próprio universo conceitual da(s) teoria(s), firmemente ancoradas na famosa liberdade de ir e vir, representada como conquista fundamental, e verdadeiro mito de origem, da sociedade burguesa (VAINER, 1998, p.820).

A partir da compreensão do primeiro termo “chave” para o artigo e seu respectivo alinhamento com uma perspectiva de compressão do mundo e do fenômeno migratório, partiremos para uma próxima discussão fundamental: O Estado e suas possíveis interpretações quanto a sua função na organização de uma determinada sociedade, e seu papel determinante na configuração dos fluxos migratórios, sejam eles no marco nacional ou internacional.

Assim como o conceito e métodos de análise do fenômeno da migração são diversos, podemos também dizer que o termo Estado apresenta inúmeras definições ao longo da história humana. Não cabe neste artigo analisar o surgimento do Estado e seus desdobramentos, mas sim de alinhar-se com uma corrente do pensamento moderno que confere a devida importância ao Estado. Nos fluxos migratórios, o Estado consiste em um dos principais agentes na definição de todos os aspectos que envolvem o migrante, sobretudo o internacional. Desde a entrada em um país, passando pela acomodação e integração, até a recusa ou expulsão de um determinado imigrante de um país, passa pelo poder do Estado e as instituições que o compõe.

Buscando referenciar-se em autores clássicos, frente à grande polêmica que existe em torno da função e estrutura do Estado, utilizaremos Karl Marx, Friedrich Engels, Norbert Elias e Vladimir Lenin, autores que se debruçaram, com menor ou maior intensidade, nessa questão.

Para Marx, o Estado cumpre um papel de gerência e organização da sociedade, baseando-se nos interesses da classe dominante, no caso do mundo capitalista, representando os interesses da burguesia.

“... a burguesia, desde o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, conquistou, finalmente, a soberania politica exclusiva no Estado representativo moderno. O governo moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa” (MARX, ENGELS, 2003, p.28).

Mesmo a citação anterior se tratando do ano de 1848, sua atualidade permanece presente, inclusive no Brasil. Norbert Elias (1994, p.17), que se apoiou em Max Weber na reflexão sobre o Estado, escreve conferindo certo destaque a uma das instituições que

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compõe a organização social que chamamos de Estado, o monopólio para exercer a força física. O monopólio da violência, que deve ser estruturado exclusivamente pelo Estado, é um dos principais fatores que identificam o Estado no decorrer da história humana e, segundo Elias (1994), podendo ser comparado a períodos contemporâneos.

Outro autor que dedicou boa parte da sua vida e obras para pensar o Estado é Lenin. Prosseguindo na tradição marxista e incluindo novas perspectivas e ideias, sobretudo apoiando-se nas intensas experiências que ocorreram na Rússia, a partir do ano de 1905, Lenin elabora sua teoria sobre o Estado.

A Lênin coube o mérito de restabelecer e consolidar, no campo da sociologia, do direito e da politica, a teoria do Estado, que Marx e Engels elaboraram e os social-democratas, com o passar dos anos, se incumbiram de arquivar. “O Estado é o produto e a manifestação irreconciliável das contradições de classe”. Ele é, pois, “um órgão de dominação de classe, um órgão de opressão de uma classe sobre a outra, a criação da ordem que legaliza e afiança esta opressão, amortizando o choque entre as classes” (BANDEIRA, 1985, p.138).

A ideia de que o Estado é a manifestação irreconciliável entre as classes norteia a obra de Lenin a respeito do tema e coloca a necessidade permanente da tomada do poder pela classe proletária do poder estatal, ou seja, pela ditadura e opressão da grande maioria da população, os proletários, frente à minoria, os burgueses, até o momento que o Estado possa ser definitivamente extinto.

Pela impossibilidade de tratar, neste breve artigo, todas as instituições que compõem o Estado brasileiro, daremos destaque para as ações do governo, que representa um dos principais atores que interagem com o fenômeno migratório.

Com a definição clara e necessária apresentada até aqui sobre a perspectiva de migração e Estado que perpassará a construção deste artigo, cabe, portanto, inserir esse debate no contexto brasileiro.

A história dos fluxos migratórios para o Brasil está intimamente relacionada com as necessidades da classe dominante presente no Brasil, desde o processo de ocupação do território brasileiro realizado pelos países europeus no início do século XVI. Outro aspecto que não deve ser negligenciado é a conexão entre os fluxos migratórios com destino ao Brasil e os acontecimentos ao redor do mundo, ou seja, o que ocorre no Brasil em relação às migrações internacionais está intimamente relacionado com as principais transformações e rupturas no sistema capitalista. Nesse sentido algumas perguntas se fazem necessárias. Qual foi a atuação e peso do Estado brasileiro, em suas

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diversas configurações, na acomodação (ou na falta de acomodação) dos principais fluxos migratórios que tiveram o Brasil como destino? Qual foi a postura do Estado (nesse momento personificado por Portugal) frente à chegada de escravos vindos da África? Como o Estado brasileiro, atualmente, trata a crescente chegada de imigrantes ao Brasil, sobretudo os que apresentam um quadro de vulnerabilidade?

Portanto, o presente artigo busca refletir a relação entre o Estado brasileiro, com destaque para as ações do governo ao longo da história do país, a vinda de escravos do continente africano durante mais de três séculos, e por fim dos imigrantes europeus em meados do século XIX; e como essa relação contribuiu e se constituiu como uma das gêneses dos problemas sociais enfrentados pelo Brasil na atualidade.

A formação do território brasileiro e a chegada dos escravos africanos

Entre as divergências ao redor da temática migratória uma que vem ganhando destaque nos últimos anos, consiste em classificar o escravo como uma das categorias, das inúmeras existentes, de migrante. Não se pretende entrar neste debate, pois ele não irá colaborar para responder as perguntas levantadas por este artigo.

Considerar ou não o escravo africano como um migrante não muda o fato da sua importância fundamental na construção do que viria a ser o Brasil. O volume do tráfico de africanos para o Brasil foi gigantesco, e essa quantidade expressiva refletia a dependência desse modelo de exploração do trabalho para o desenvolvimento da colônia e, também, do sistema econômico predominante existente no globo.

É estimado que cerca de quatro milhões chegaram no curso de três séculos. Comparados com cerca de 560 mil transportados para a América do Norte britânica, o tráfico para o Brasil, representa quase 40% de todos os escravos remetidos da África. Os engenhos de açúcar da Bahia e Pernambuco permaneceram como o principal destino dos escravos até 1700, mas alguns foram para outros lugares (GRAHAM, 2002, p.124).

O valor de quatro milhões citados por Graham (2002) pode e deve ser bem maior. O levantamento exato desses dados é de difícil aferição por inúmeros motivos. O que fica claro é a importância de diferentes povos africanos na construção da identidade, economia e território brasileiro, que perpassam o tempo e chegam à atualidade com muita intensidade e se constitui como parte da gênese de problemas crônicos

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enfrentados pela sociedade brasileira, sobretudo, os sentidos pelo conjunto dos trabalhadores.

Outro importante autor que trabalha com a escravidão no Brasil é Caio Prado Júnior. Segundo Júnior (2012) o tráfico de escravos e a escravidão no Brasil se constituiu como um dos principais pilares da economia brasileira, consequentemente interferindo em outras esferas do país. Mesmo que no século XIX tenha ocorrido à abolição da escravidão, esse tipo de mão de obra ainda se mostrava representativa quantitativamente na população brasileira.

População livre e escrava no Brasil entre os anos de 1800 e 1872

Ano População Livre População escrava

1800 2.000.000 1.000.000

1823 2.813.351 1.147.515

1850 5.520.000 2.500.000

1872 8.601.255 1.510.806

Fonte: Júnior, p.358, 2012

O chamado sistema colonial brasileiro tinha o escravo vindo da África como principal sujeito de sustentação deste sistema. Contudo, se fez necessário a elaboração de uma ideologia capaz de justificar a escravidão dos africanos e posteriormente a criação de uma justificativa mais sofisticada para a continuidade da exploração dos negros e seus descendentes já libertos. Gilberto Freyre esteve na vanguarda na construção do mito da democracia racial existente no Brasil e que ainda ecoa de forma contundente.

Híbrida desde o início, a sociedade brasileira é de todas da América a que se constituiu mais harmoniosamente quanto às relações de raça: dentro de um ambiente de quase reciprocidade cultural que resultou no máximo de aproveitamento dos valores e experiências dos povos atrasados pelo adiantado; no máximo de contemporização da cultura adventícia com a nativa, a do conquistador com a do conquistado. Organizou-se uma sociedade cristã na superestrutura, com a mulher indígena, recém-batizada, por esposa e mãe de família; e servindo-se em sua economia e vida doméstica de muitas das tradições, experiências e utensílios da gente autóctone (FREYRE, 2004, p.160).

A suposta democracia racial existente no Brasil, defendida por Freyre será duramente criticada por inúmeros autores e fundamentalmente pelo movimento negro.

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Um estudioso de grande destaque que criticou essa democracia racial harmoniosa que perdura no Brasil, foi Florestan Fernandes. No livro “o negro no mundo dos brancos”, Fernandes faz uma contundente crítica a essa visão da questão racial no Brasil, argumentando que o negro no país esteve sempre largado à própria sorte, inclusive após a abolição da escravatura, permanecendo excluído da sociedade e percebido como inferior, inclusive na atualidade. Fernandes, ainda, reflete a urgente necessidade de o Estado criar mecanismos reais de integração dos negros e mulatos, afirmando que eles devem ser incluídos como minorias para facilitar essa integração (FERNANDES, 1972).

Outra importante instituição que colaborou ideologicamente e materialmente com a exploração dos escravos negros foi a igreja católica.

Um padre, em 1758, defendia que: "Nas fazendas, engenhos e lavras minerais (...) a primeira hospedagem que lhes fazem logo que comprados (...) é mandá-los açoitar rigorosamente, (...) inculcando-lhes, que só eles nasceram para competentemente dominar escravos, e para serem por eles temidos e respeitados, (...) e para que desde o princípio se façam, e sejam bons". Outro religioso, o jesuíta Jorge Benci, um defensor da aplicação de castigos "moderados", em 1700, afirmava: "Haja açoites, haja correntes e grilhões, tudo a seu tempo e com regra e moderação de vida e vereis como em breve tempo fica domada a rebeldia dos servos; porque as prisões e acoites (...) lhes abatem o orgulho e quebram os brios" (LARA, 1989, p.7)

Tanto o Estado brasileiro, como a igreja católica, passaram séculos construindo o que futuramente seria conhecido como o “mito da democracia racial” e que, infelizmente ainda se manifesta de maneira contundente na sociedade brasileira e que colabora com as desigualdades sociais no país, seja de imigrantes ou não.

Essa discussão é importante, pois mesmo que de maneira distinta, no período colonial, passando por todas as fases de desenvolvimento do Brasil, até os dias atuais, o Estado, dirigido pela classe dominante, tratou os negros, sobretudo os imigrantes, como um fardo problemático a ser resolvido e obrigatoriamente acomodado na sociedade brasileira. Durante a escravidão essa postura era explícita e feita sem constrangimento, atualmente o Estado brasileiro age de maneira mais velada e “sofisticada”, se apoiando no mito da democracia racial, no convívio harmonioso e igualitário entre negros e brancos. Um exemplo claro desta situação em que vivemos nos dias de hoje, e que possui lastro com a formação do nosso país, desde o ano de 1500, é a postura do governo brasileiro ao receber imigrantes, negros, do continente africano e do Haiti. Não

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é mera coincidência, mesmo que os motivos sejam complexos, da vulnerabilidade marcante em sua maioria dos imigrantes negros que estão atualmente no Brasil, além da postura de uma parcela da sociedade brasileira de racismo, por vezes velado, por outras mais evidentes, conforme divulgado pelos meios de comunicação.

Para Marx e Engels (2013) o surgimento do racismo possui ligação direta com o surgimento do capitalismo, e a escravidão estabeleceu as bases necessárias para a indústria moderna e consequente desenvolvimento do comércio mundial. Ainda segundo Marx e Engels, a escravidão criou o “valor” das colônias, possibilitando a sua continuidade como base da sociedade do período.

Portanto, podemos considerar que o primeiro contingente populacional relevante e estrangeiro que forçadamente chegou ao Brasil foram os escravos africanos. Mesmo que durante um extenso período, o Brasil esteve sobre um controle rígido de Portugal, as instituições presente em território brasileiro, como a igreja católica, governo e exército (pouco numeroso e organizado, mas já existente), cumpriram um papel extremamente conservador e seguiram a tendência internacional do momento, contudo com traços peculiares, o que levou o Brasil no futuro a ser considerado um país completamente integrado e que apresenta uma harmonia entre as distintas culturas e grupos étnicos aqui presentes. A forma conflituosa e contraditória que se desenvolveu a relação entre o Estado brasileiro e os escravos vindos da África trouxe situações únicas e intrigantes no desenrolar da história do país. Após mais de três séculos da chegada constante de mão de obra escrava ao Brasil e que colaborou de forma decisiva na configuração do país que temos hoje, a partir, principalmente, da abolição da escravatura, outro tipo de mão de obra chegará ao Brasil, recebendo um tratamento completamente distinto do Estado e cumprindo um novo papel na restruturação do capitalismo mundial e do Brasil.

A transição da mão de obra escrava para a imigrante no Brasil

A transição de um modelo de país baseado na mão de obra escrava para um que tenha como referência os imigrantes europeus assalariados não ocorreu da noite para o dia. Foram décadas de um processo marcado pela ação deliberada do Estado brasileiro, sustentado ideologicamente na igreja, de substituição do escravo negro, pelo europeu branco. O projeto de branqueamento da população brasileira foi encarado pelas autoridades brasileiras sem nenhum pudor ou constrangimento, e se buscou por diversas teorias justificar a não inserção dos antigos escravos no regime de trabalho assalariado.

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Falta de conhecimento na agricultura, preguiça, insubordinação natural dos negros e até mesmo a animalização destes, entre outros inúmeros argumentos foram elaborados para justificar a vinda de imigrantes europeus para o Brasil.

O branqueamento é uma das modalidades do racismo à brasileira. No pós-abolição este fenômeno era retratado como um processo irreversível no país. Pelas estimativas mais "confiáveis", o tempo necessário para a extinção do negro em terra brasilis oscilava entre 50 a 200 anos. Essas previsões eram difundidas, inclusive, nos documentos oficiais do governo, como, por exemplo, no censo de 1920, materializado no texto de apresentação de Oliveira Vianna (1922). Este texto é uma prova cabal de que o governo era avalista do projeto de branqueamento. Salientamos, todavia, que o objetivo era menos o branqueamento genotípico e mais o "clareamento" fenotípico da população. Em São Paulo, a situação não foi diferente: o ideal de branqueamento da população constituiu-se numa das vertentes ideológicas assumidas pelo pensamento racista da Belle Époque (DOMINGUES, 2002, p.566).

Dois pontos merecem destaque na transição do trabalho escravo para o assalariado imigrante no Brasil. O primeiro está relacionado a um caráter mais ideológico que foi construído e inserido na sociedade brasileira durante séculos, a inferioridade do negro frente aos brancos, em todos os aspectos, e a necessidade de branqueamento da população brasileira para se tornar possível um desenvolvimento econômico e cultural verdadeiro no país. O segundo ponto, e talvez o de maior importância, consiste no momento que o capitalismo mundial estava passando no período. A lei Áurea, sancionada em 1888, coexistiu com a fase de intensa industrialização do capitalismo, impulsionada pelas grandes potências europeias da época, ou seja, era impensável que em um momento no qual a oferta de mercadorias, de todos os tipos, aumentava assustadoramente, continuasse a existir o trabalho escravo e não remunerado. Portanto a junção desses dois fatores impulsionou de maneira decisiva a inserção do imigrante europeu, principalmente, no território brasileiro.

O Estado brasileiro, com suas mais diversas instituições, foi o protagonista consciente do “descarte” e marginalização da mão de obra recém liberta e a inserção da mão de obra imigrante europeia. Essa postura esteve em perfeita consonância com determinados setores da burguesia da época, que se viam perfeitamente representados nas instituições que compunham o Estado brasileiro.

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Os imigrantes europeus no Brasil

O processo de transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado no Brasil foi turbulento e com disparidades entre as regiões do país, contudo os cafeicultores foram os que mais ofereceram resistência a esse novo modelo de exploração do trabalho (SANTOS, 2003, p.23). O irresistível avanço da indústria europeia exigiu esse novo formato do trabalho em nível mundial e o Brasil não poderia ficar fora dessa tendência.

A vinda constante e cada vez em maior número de imigrantes europeus para o trabalho nas fazendas de café se tornou o fluxo imigratório mais marcante no Brasil do final do século XVIII e início do século XIX, redesenhando a ocupação do território brasileiro e trazendo novos processos e situações ao país.

Entrada de imigrantes no Estado de São Paulo entre 1827 e 1929

Fonte: “movimento imigratório do Estado de São Paulo”. Boletim da diretoria de terras, colonização e imigração, n°1, São Paulo, 1937, apud Domingues (2002, p.568)

Os dados apresentados nos mostram a representatividade dos europeus na formação de São Paulo. Segundo Domingues (2002) essa representatividade demográfica chegou ao extremo de haver, em 1897, dois italianos para cada brasileiro no estado de São Paulo.

“O censo de 1893 da cidade de São Paulo mostrou que 72% dos empregados do comércio, 79% dos trabalhadores das fábricas, 81% dos trabalhadores do setor de transporte e 86% dos artesões eram estrangeiros. Uma fonte de 1902 estimou que a força de trabalho industrial na capital era composta de mais de 90% de imigrantes; em 1913, o Correio Paulistano estimou que 80% dos trabalhadores do setor de construção eram italianos; e um estudo de 1912 sobre a força de trabalho em 33 indústrias têxteis do Estado descobriu que 80% dos trabalhadores têxteis eram estrangeiros, a grande maioria italianos” (ANDREWS, 1978, p.112).

Ano Num. De imigrantes

1827-1884 37.481 1885-1889 168.127 1890-1899 735.076 1900-1909 388.708 1910-1919 480.509 1920-1929 712.436 Total 2.522.337

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Não apenas em São Paulo os imigrantes europeus deixaram suas marcas no território brasileiro. De norte a sul houve, em menor ou maior grau, a influência dos europeus na construção da sociedade brasileira. Um exemplo que merece destaque é a ocupação da região sul do Brasil, no qual o governo brasileiro incentivou e fez diversas promessas e concessões (mesmo que nem sempre cumpridas) para que essa região fosse ocupada, dando total prioridade aos europeus e brancos.

Com o advento da independência, tanto o governo central quanto certos governos provinciais tentarão instaurar um fluxo mais ou menos contínuo de europeus, a serem instalados em terras livres. Alemães, suíços, russos, suecos, austríacos, poloneses foram trazidos, sobretudo para as províncias do sul (VAINER, 2000, p.73).

Ainda podemos perceber, na atualidade, o impacto dessa política do governo da época em incentivar a imigração de europeus para a região sul do Brasil. Algumas colônias de alemães, italianos, suíços, entre outros, mantêm os traços culturais com seus respectivos países de origem atraindo turistas de todo o Brasil.

Mesmo com a política deliberada do governo brasileiro em atrair imigrantes europeus, em detrimento dos negros recém-libertos formalmente, com promessas e vantagens de uma vida melhor no país, a realidade em solo brasileiro não se mostrou essa. As condições de trabalho e subsistência colocados aos imigrantes eram péssimas e contrastava com as promessas feitas pelo governo brasileiro da época. Comparações entre o trabalho escravo, realizado pelo negro africano, e o trabalho livre e assalariado realizado pelos brancos europeus se tornaram inevitáveis. Respeitada as diferenças nítidas entre os dois modos de apropriação do trabalho, é importante ressaltar que os imigrantes europeus foram intensamente explorados pela elite brasileira do período, que mantinha o poder do Estado para tal fim.

As duríssimas condições impostas aos imigrantes pelos contratos de parceria e a prepotência dos fazendeiros não tardariam a provocar reclamações, deserções, greves e verdadeiras revoltas. Na Prússia, o recrutamento de imigrantes para o Brasil foi expressamente proibido; na Suíça, o governo federal recomendou aos cantões a mesma interdição; em Portugal e na Itália também criou-se um clima largamente desfavorável à imigração para o Brasil (VAINER, 2000, p.76)

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A relação entre os sucessivos governos brasileiros e os imigrantes europeus foi marcada por contradições entre as necessidades econômicas, politicas e ideológicas de embranquecer a população brasileira e inserir a mão de obra livre e assalariada e ao mesmo tempo não garantiu concretamente os meios para uma acomodação digna no território brasileiro para os imigrantes. Uma das evidências da contradição entre os imigrantes europeus e os governos está na formação dos primeiros sindicatos operários do Brasil que acompanharam o desenvolvimento da indústria nacional e que tiveram os imigrantes, anarquistas e comunistas como principais referências na organização desses sindicatos. Assim como os escravos resistiram à exploração e desumanização, por meio dos quilombos e outras formas, frente às elites presentes no Brasil, os imigrantes europeus, principalmente através das associações e sindicatos, também resistiram e conquistaram direitos.

Mesmo considerando as diferenças entre o deslocamento forçado dos escravos africanos ao Brasil e a imigração europeia com o mesmo destino, existem alguns traços comuns entre o Estado e sua relação com os imigrantes. O Estado, dominado pelas elites de cada momento histórico brasileiro, assim como Marx preconiza, tratou a migração como uma necessidade de reprodução do capital e de maximização dos lucros, submetendo os diferentes tipos de trabalho, assalariado e escravo, a situações de imensa precariedade e vulnerabilidade.

A migração nos dias atuais

Ao falar na atualidade de migrações internacionais é importante localizá-la dentro da perspectiva da globalização. A globalização é um processo de integração de vários aspectos da vida humana. Na fase atual do desenvolvimento capitalista, a configuração econômica, espacial, política, social e cultural de um país estão intimamente relacionados com o que acontece no restante do globo. Contudo, essa globalização se manifesta na realidade muitas vezes de maneira perversa, como podemos observar em autores como Santos (2001), Ferreira (2001) e Martine (2005).

A perversidade sistêmica que está na raiz dessa evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas essas mazelas são direta ou indiretamente imputáveis ao presente processo de globalização (SANTOS, 2001, p. 19-20).

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A globalização entendida como um fenômeno perverso é facilmente compreendida quando observamos as diferença entre os fluxos de mercadorias, capitais e indivíduos pelo globo. Para Martine (2005) as regras da globalização se dão de maneira desigual, pois enquanto o capital financeiro e o comércio fluem livremente, os trabalhadores se movem a conta-gotas. Portanto, no mundo atual, trabalhadores que fogem de situações degradantes em seus países de origem não encontram, normalmente, as portas abertas em outros países.

No contexto da globalização, mesmo com as dificuldades no processo migratório, indivíduos de todas as partes do mundo chegam ao Brasil em quantidades relevantes.

Segundo o relatório de desenvolvimento humano (PNUD, 2009) o Brasil possuía no ano 2009 aproximadamente 688 mil imigrantes. A International Organization for Migration (IOM, 2015) coloca em destaque o Brasil nas rotas dos fluxos migratórios internacionais. Para a entidade, entre os países da América do Sul, Brasil, Argentina e Chile atraem, atualmente, números mais significativos da migração regional (América Latina) movidas principalmente pelas oportunidades econômicas e trabalhistas encontradas nestes países.

Mesmo que os números não demonstrem quantitativamente a relevância da migração com destino ao Brasil, três aspectos devem ser levados em conta. O primeiro relaciona-se com a dificuldade do governo brasileiro em controlar suas fronteiras, principalmente as terrestres. Um segundo aspecto consiste nas aspirações do governo brasileiro de cumprir um papel de maior prestígio no cenário internacional e faz com que, pelo menos no discurso, o Brasil pareça aberto e preparado para receber imigrantes de todas as partes do mundo. Por fim, um último aspecto está relacionado a entrada de imigrantes irregulares, ou seja, que não aparecem nas estimativas oficiais. Segundo o PNUD, estima-se que nos países em desenvolvimento a migração irregular seja em média um terço de toda a migração, contudo, existe uma grande incerteza sobre o verdadeiro número (PNUD, 2009, p.23). Portanto, deve haver mais imigrantes no Brasil do que estima os relatórios elaborados pelo PNUD.

A importância do fenômeno migratório internacional reside hoje muito mais em suas especificidades, em suas diferentes intensidades e espacialidades e em seus impactos diferenciados (particularmente ao

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nível local) do que no volume de imigrantes envolvidos nos deslocamentos populacionais (PATARRA, BAENINGER, 2004, p.3).

Na atualidade, portanto, não podemos nos apoiar exclusivamente nos dados numéricos ou no volume de imigrantes em um dado território, seja pela dificuldade em encontrar informações confiáveis, ou pelo empobrecimento que essa perspectiva, sozinha, traz no estudo dos fluxos migratórios.

Mesmo não sendo possível caracterizar as quantidades exatas de imigrantes que estão no Brasil atualmente, algo que fica claro, consiste em perceber os imigrantes que sofrem com os maiores níveis de vulnerabilidade e segregação no território brasileiro. Latino-americanos e africanos, sobretudo os negros, sofrem claramente os reflexos passados e recentes do racismo e discriminação do Estado brasileiro e suas instituições. Obviamente a questão da discriminação racial no Brasil e seus reflexos concretos, seja nos imigrantes ou brasileiros, se modificou ao longo dos séculos, contudo suas marcas ainda são visíveis.

Conclusão

A configuração econômica, demográfica, cultural, política e social do Brasil, em mais de cinco séculos, esteve diretamente relacionada à mobilidade espacial de grupos humanos de nacionalidades distintas. Os contingentes populacionais vindos da África, e posteriormente da Europa, com a função de mão obra para as atividades desenvolvidas no país, deram a dinâmica que resultou no Brasil que observamos hoje.

A partir da compreensão discutida no início deste artigo, sustentada pela perspectiva de Marx, Engels e Lenin, de que o Estado cumpre um papel de gerência e organização da sociedade, baseando-se nos interesses da classe dominante, no caso do mundo capitalista, representando os interesses da burguesia, podemos traçar um panorama geral da relação entre Estado, escravidão e migração na história do Brasil. A classe dominante em cada momento histórico brasileiro, alicerçada no Estado, buscou explorar ao máximo o trabalhador, seja ele o escravo ou o imigrante assalariado, potencializando ao máximo seus lucros e aplicando todas as medidas possíveis para a exploração dessa mão de obra.

Outro ponto importante é a identificação de que o racismo, nos sucessivos governos brasileiros, foi se aprofundando e mudando de roupagem, contudo, se

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mantendo presente até os dias atuais. Algo que é facilmente observado na sociedade brasileira consiste na vulnerabilidade e precariedade que os imigrantes negros, em sua maioria, estão sujeitos em nosso país, e que o tratamento e percepção dada pela sociedade e Estado aos imigrantes negros é diferente das apresentadas aos imigrantes brancos. Portanto, temos uma questão de raça (entendida em sua dimensão sociológica) intrinsicamente relacionada à questão migratória brasileira atual, sendo um desafio a ser enfrentado na elaboração de políticas que tratem essa realidade.

Considerando que o Estado brasileiro atual dirigido pela classe dominante, com representantes das multinacionais, bancos, agronegócio, grandes empresas nacionais, entre outros, dificilmente trará relevantes transformações positivas para os imigrantes, sobretudo os latino-americanos e africanos, deve-se depositar a confiança em mudanças verdadeiras e radicais que tenham como protagonistas as organizações da sociedade civil, seja ela de cidadãos brasileiros ou de estrangeiros. Temos exemplos no Brasil dessas organizações que podem cumprir esse importante papel. A união social dos imigrantes haitianos (USIH) é um importante exemplo, entre outros, de organização dos próprios imigrantes, juntos com setores de trabalhadores nacionais, que podem servir como pressão para a conquista e garantia de direitos. Mesmo que a correlação de forças entre a burguesia brasileira e os trabalhadores, inclusive os imigrantes, seja desigual, é fundamental para o avanço dessa pauta, na perspectiva dos imigrantes, que trabalhadores nacionais e imigrantes não se vejam como diferentes e sim como pertencentes de uma mesma classe social que é explorada em todo o mundo.

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