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Relatório de Estágio realizado na Farmácia do Campo

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Academic year: 2021

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RELA

T Ó RI O

D E EST Á GI O

M

2016- 17

REALIZADO NO ÂMBITO DO MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Farmácia do Campo

(2)

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia do Campo

16 de janeiro de 2017 a 16 de julho 2017

Miguel José Reis Simões

Orientador: Dra. Inês Fonseca Marques

____ _________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz

Garcia Guerra Junqueiro

_____________________________________________

(3)

Declaração de Integridade

Eu, Miguel José Reis Simões, abaixo assinado, nº 201103625, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

(4)

Agradecimentos

A Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto tornou-se a minha segunda casa. Aqui conheci pessoas fantásticas e vivi momentos inesquecíveis. Cresci a nível pessoal e a nível profissional. Aqui passei os melhores anos da minha vida e como tal devo agradecer:

• À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto por me ter ajudado a formar não só a nível académico mas também como pessoa. Um obrigado especial à Comissão de Estágios da FFUP por toda a dedicação e trabalho neste momento tão importante da nossa formação, em especial à minha orientadora Prof. Doutora Beatriz Junqueiro.

• À Farmácia do Campo por me ter proporcionado 6 meses excelentes. Tornou-se uma outra casa para mim. Contribuíram todos para uma excelente experiência e para o meu crescimento. Ganhei experiência e aprendi imenso ao longo destes 6 meses que passaram a voar. Não imaginava poder ficar com tantas saudades.

• À Dra. Inês Marques por toda a orientação ao longo do estágio. Pela abordagem que sempre teve comigo, a paciência e a transmissão de conhecimentos. Fez-me sentir parte importante da equipa. Por todo o tempo que disponibilizou para discutir comigo ajudando-me a crescer profissionalmente. Acima de tudo tornou-se uma amiga.

• A todos os colegas que fui conhecendo nesta casa e com os quais aprendi imenso, e fui moldando quem sou.

• Aos meus amigos que me acompanharam nesta caminhada. Felizmente muitos de vós continuarão a acompanhar-me numa nova etapa da vida. Aqui vivemos momentos inesquecíveis que nada poderá apagar. Por todas as noitadas que vivemos e momentos difíceis que ultrapassámos. Obrigado por todo o carinho.

• À minha família por tudo que fazem por mim. Agradeço especialmente à minha mãe por ser quem é. Por toda a compreensão e apoio ao longo desta jornada. Se hoje sou alguém devo-te a ti. Obrigado por seres a melhor mãe do mundo.

• À Inês por seres o meu porto de abrigo. Por estares sempre presente em tudo que faça. Por todo o apoio e carinho em todos os momentos. Por fazeres com que eu queira ser sempre melhor. Ajudas-me a ultrapassar todos os obstáculos e por isso estou-te grato. Não há palavras suficientes para te agradecer tudo que fazes por mim. Obrigado por mudares a minha vida.

(5)

Resumo

Durante o estágio em farmácia comunitária os estudantes do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas têm a possibilidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Ao mesmo tempo, desenvolvem-se novas competências sociais e pedagógicas devido às diferentes situações com que os estudantes se deparam durante o estágio.

Na sua rotina diário o farmacêutico tem que ser cada vez mais um gestor. A farmácia comunitária é uma atividade comercial, e como tal necessita de ser economicamente sustentável. Desta forma, na primeira parte do relatório é abordada a gestão da atividade farmacêutica e as várias tarefas dos farmacêuticos. Abordo, também, os produtos disponíveis nas farmácias e o papel do farmacêutico no seu aconselhamento e dispensa. Além disso, abordo a prestação de outros serviços nas farmácias como a medição dos parâmetros bioquímicos e as consultas de nutrição.

Na parte 2 do relatório abordo diferentes temas, focando-me na promoção da saúde da comunidade e adoção de hábitos de vida saudáveis. A prevenção é o primeiro passo para obter ganhos em saúde.

1) Sendo as doenças cardiovasculares a principal causa de morte em todo o mundo, decidi organizar um rastreio do risco cardiovascular. No rastreio foram avaliados os dados antropométricos e bioquímicos de diferentes utentes, e prestado um aconselhamento personalizado. Foram propostas alterações de hábitos de vida de forma a promover a saúde. O papel do farmacêutico na prevenção é fundamental devido à sua proximidade com a comunidade. A adoção de hábitos de vida saudáveis por parte do utente promove ganhos em saúde.

2) O sono é fundamental para o ser humano, sendo que um distúrbio do mesmo pode ser muito danoso. Devido ao elevado número de indivíduos com problemas de sono realizei uma avaliação da qualidade do sono dos utentes da farmácia. A qualidade de sono foi avaliada através da resposta a um questionário, sendo de seguido efetuado um aconselhamento. O aconselhamento focou-se na adoção de medidas de higiene do sono e na alteração dos hábitos prejudiciais ao sono do utente.

3) A maioria dos utentes não está informada relativamente à sua pulsação e a possíveis arritmias. As arritmias são muitas das vezes difíceis de detetar podendo levar a acidentes cardiovasculares fatais. Como tal, decidi participar num programa internacional para avaliar a pulsação dos utentes e educá-los para fazerem a sua avaliação em casa. O objetivo foi educar os utentes sobre a fibrilhação auricular, os seus perigos e a importância da avaliação da pulsação em casa, tornando os utentes mais autónomos.

(6)

Lista de abreviaturas

ANF Associação Nacional de Farmácias

AVC Acidente Vascular Cerebral

BPM Batidas por minuto

BZ Benzodiazepinas

CAT Centro de Atendimento a Toxicodependentes

c-HDL Colesterol das Lipoproteínas de Alta Densidade c-LDL Colesterol das Lipoproteínas de Baixa Densidade

CNP Código Nacional de Produto

CT Colesterol Total

c-VLDL Colesterol das Lipoproteínas de Muito Baixa Densidade

DCI Denominação Comum Internacional

DCV Doenças Cardiovasculares

DGS Direção Geral de Saúde

DL Decreto-Lei

DM Diabetes Mellitus

DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

DT Diretor Técnico

EEG Eletroencefalograma

FA Fibrilhação Auricular FC Frequência Cardíaca

FdC Farmácia do Campo

HTA Hipertensão Arterial IMC Índice de Massa Corporal

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

LDT Núcleo tegmental laterodorsal

MG Medicamento Genérico

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

NAV Nodo atrioventricular

NC Nota de Crédito

ND Nota de Devolução

NREM Non-Rapid Eye Movement

NSA Nodo sinoatrial

PA Pressão Arterial

PAb Perímetro Abdominal

PAI-1 Ativador do Plasminogénio Tecidual 1

PET Tomografia por Emissão de Positrões

PF Preço de Faturação

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PRM Problemas Relacionados com os Medicamentos PS Pressão Sistólica

PV Prazo de Validade

PVF Preço de Venda à Farmácia

PVP Preço de Venda ao Público

RAM Reação Adversa a um Medicamento

RCV Risco Cardiovascular

REM Rapid Eye Movement

RSP Receita Sem Papel

SCORE Systematic Coronary Risk Evaluation

SNS Serviço Nacional de Saúde

TCC Terapia Cognitivo-Comportamental

TDAH Transtorno do Défice de Atenção com Hiperatividade TG Triglicerídeos

(8)

Índice

Declaração de Integridade ... III Agradecimentos ... IV Resumo ... V Lista de abreviaturas ... VI Índice ... VIII Índice de tabelas ... XI Índice de figuras ... XII

Parte I – Atividades desenvolvidas durante o estágio ... 1

1. Introdução ... 1 2. Farmácia do Campo ... 2 2.1. Localização e horário ... 2 2.2. Recursos humanos... 2 2.3. Instalações e equipamentos ... 3 2.4. Instalações ... 3

2.5. Equipamentos e sistema informático ... 3

2.6. Fontes de informação ... 4

3. Gestão em Farmácia Comunitária ... 4

3.1. Grupo de compras ... 4

3.2. Gestão de stocks e elaboração de encomendas ... 5

3.3. Receção de encomendas e marcação de preços ... 6

3.4. Armazenamento ... 7

3.5. Controlo de prazos de validade ... 7

3.6. Devoluções ... 8

4. Dispensa de produtos em farmácia comunitária ... 9

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 9

4.2. Prescrição médica ... 10

4.3. Validação da prescrição médica ... 11

4.4. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ... 12

4.5. Medicamentos genéricos e preços de referência ... 12

4.6. Sistemas de comparticipação ... 13

4.7. Conferência de receituário e faturação ... 13

4.8. Medicamentos não sujeitos a receita médica ... 14

4.9. Medicamentos de uso veterinário ... 15

4.10. Dispositivos médicos ... 15

4.11. Produtos cosméticos e de higiene corporal ... 16

4.12. Artigos de puericultura e produtos de conforto ... 16

4.13. Suplementos alimentares ... 16

5. Serviços adicionais ... 17

(9)

5.2. Consulta de nutrição... 17

5.3. VALORMED ... 17

6. Experiência pessoal ... 18

6.1. Primeira semana de estágio ... 18

6.2. Formações ... 18

6.3. Balanço final ... 19

Parte II – Temas desenvolvidos ao longo do estágio ...21

Projeto I - Rastreio do Risco Cardiovascular ...21

1. Patogénese das doenças cardiovasculares e fisiopatologia da aterosclerose ... 21

2. Fatores de risco para o desenvolvimento de acidentes cardiovasculares ... 22

3. Determinação do risco cardiovascular: o risco SCORE ... 23

4. Rastreio do risco cardiovascular na FdC ... 24

4.1. Resultados do rastreio do risco cardiovascular ... 25

Projeto II - Durma Melhor ...26

1. O sono ... 26

1.1. Ciclo do sono ... 26

1.2. Sono no adulto ... 27

1.3. Sono nos bebés ... 27

1.4. Sono no idoso ... 27

1.5. Fisiologia do sono... 28

1.6. Influência do ritmo circadiano no sono ... 29

1.7. Efeitos da privação do sono ... 30

2. Insónia ... 30

2.1. Causas da insónia ... 31

3. Medidas de higiene do sono ... 32

4. Tratamentos para a insónia ... 33

5. Pittsburgh Slee Quality Index ... 34

6. Durma Melhor ... 35

Projeto III - Know your pulse (Conheça a sua pulsação) ...36

1. Ritmo cardíaco ... 36

2. Fibrilhação Auricular (FA) ... 37

2.1. Fisiopatologia da Fibrilhação Auricular ... 38

3. Campanha Know Your Pulse ... 38

3.1. Resultados ... 40

Parte III – Conclusão reflexiva ...42

Bibliografia ... 42

Anexos ... 48

Anexo 1 ... 48

Anexo 2 ... 50

(10)

Anexo 4 ... 55 Anexo 5 ... 57 Anexo 6 ... 58 Anexo 7 ... 62 Anexo 8 ... 63 Anexo 9 ... 64 Anexo 10 ... 65 Anexo 11 ... 66 Anexo 12 ... 67 Anexo 13 ... 68 Anexo 14 ... 69 Anexo 15 ... 71 Anexo 16 ... 72 Anexo 17 ... 73 Anexo 18 ... 74 Anexo 19 ... 77 Anexo 20 ... 78 Anexo 21 ... 79 Anexo 22 ... 81 Anexo 23 ... 83 Anexo 24 ... 84 Anexo 25 ... 85 Anexo 26 ... 86 Anexo 27 ... 87

(11)

Índice de tabelas

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio ... 1

Tabela 2 - Formações atendidas ao longo do estágio ... 18

Tabela 3 - Dados gerais e antropométricos dos utentes participantes no rastreio cardiovascular . 62 Tabela 4 - Dados bioquímicos dos utentes participantes no rastreio cardiovascular ... 63

Tabela 5 - História clínica dos utentes participantes no rastreio cardiovascular ... 65

Tabela 6 - Dados relativos ao estilo de vida dos utentes participantes no rastreio cardiovascular 66 Tabela 7 - Resultados SCORE ... 68

Tabela 8 - Dados antropométricos dos utentes participantes no projeto "Durma melhor" ... 72

Tabela 9 - Hábitos de sono dos utentes participantes no projeto “Durma melhor” ... 73

Tabela 10 - Respostas ao Pittsburgh Sleep Quality Index (1) ... 74

Tabela 11 - Respostas ao Pittsburgh Sleep Quality Index (2) ... 75

Tabela 12 - Respostas ao Pittsburgh Sleep Quality Index (3) ... 76

Tabela 13 - Resultados do Pittsburgh Sleep Quality Index ... 77

Tabela 14 - Dados antropométricos dos utentes participantes no programa "Know your pulse" ... 84

Tabela 15 - Sintomas dos utentes participantes no programa “Know your pulse” ... 85

Tabela 16 - Antecedentes dos utentes participantes no projeto “Know your pulse” ... 86

(12)

Índice de figuras

Figura 1 - Expositor 1 ... 48

Figura 2 - Expositor 2 ... 48

Figura 3 - Balcão de atendimento ... 48

Figura 4 - Gabinete para consultas ... 49

Figura 5 - Armazenamento de produtos ... 49

Figura 6 – Local de receção de encomendas ... 49

Figura 7 - Certificado formação "Deficiência em Selénio - uma ameaça silenciosa" e "Q10:energia para o coração" ... 50

Figura 8 - Certificado formação "A-Derma" ... 50

Figura 9 - Certificado formação "Galénic” ... 51

Figura 10 - Certificado formação “Atopia” ... 51

Figura 11 - Certificado formação "Acne" ... 52

Figura 12 - Certificado formação "Klorane" ... 52

Figura 13 - Certificado formação "Avène" ... 53

Figura 14 - Certificado formação "Ducray" ... 53

Figura 15 - Estratificação do risco cardiovascular segundo o sistema SCORE ... 54

Figura 16 - Risco Absoluto SCORE ... 55

Figura 17 - Risco Relativo SCORE ... 56

Figura 18 - Cartaz "Avaliação do Risco Cardiovascular" ... 57

Figura 19 - Questionário Avaliação do Risco Cardiovascular (1) ... 58

Figura 20 -Questionário Avaliação do Risco Cardiovascular (2) ... 59

Figura 21 - Questionário Avaliação do Risco Cardiovascular (3) ... 60

Figura 22 - Questionário Avaliação do Risco Cardiovascular (4) ... 61

Figura 23 - Média dos valores de Pressão Sistólica e Diastólica, para os diferentes grupos de utentes, divididos consoante a idade ... 64

Figura 24 - Hábitos tabágicos dos utentes ... 67

Figura 25 - Pittsburgh Sleep Quality Index (1) ... 69

Figura 26 - Pittsburgh Sleep Quality Index (2) ... 70

Figura 27 - Panfleto de medidas de higiene do sono ... 71

Figura 28 - Cartaz "Know your pulse" ... 78

Figura 29 - Questionário "Know your pulse" (1) ... 79

Figura 30 - Questionário "Know your pulse" (2) ... 80

Figura 31 - “Pull-out card” (1) ... 81

Figura 32 - “Pull-out card” (2) ... 82

(13)

Parte I – Atividades desenvolvidas durante o estágio

1. Introdução

A farmácia comunitária é a área de atuação predominante para o farmacêutico. Sendo o profissional de saúde de mais fácil acesso à população, o farmacêutico tem, por diversas vezes, o primeiro contacto com o utente e os seus problemas de saúde. Por outro lado, sendo a farmácia comunitária o local de dispensa exclusiva de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), o farmacêutico é também o último profissional de saúde a estar em contacto com o doente antes deste iniciar o seu tratamento, estando, portanto, numa posição de grande responsabilidade no tratamento e acompanhamento do doente.

O estágio curricular em farmácia comunitária é o ponto chave do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. É neste momento que podemos demonstrar os conhecimentos adquiridos durante o curso, e, em simultâneo, adquirir novas competências no âmbito da nossa formação, ter um contacto com o mercado de trabalho e desenvolver atividades que contribuam para a saúde da comunidade. O meu estágio curricular decorreu na Farmácia do Campo (FdC), no Porto, entre 16 de janeiro e 15 de julho de 2017. O horário de estágio foi das 9h às 17h.

O relatório encontra-se dividido em duas partes: (1) Parte I - atividades desenvolvidas durante o estágio e (2) Parte II - temas desenvolvidos durante o mesmo. O cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio curricular encontra-se na tabela 1.

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho

Gestão em Farmácia X X X X X X X Serviços Farmacêuticos X X X X X X X Atendimento X X X X X X Formações X X X X X X Projeto - “Durma melhor” X Projeto - Rastreio do Risco Cadiovascular X

Projeto - Know your

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2. Farmácia do Campo

2.1. Localização e horário

A FdC situa-se na Praça da República, n.º 119, freguesia de Cedofeita, concelho do Porto. Localizada numa zona central e histórica da cidade, a FdC está rodeada por estabelecimentos comerciais, escolas, unidades de saúde, residências privadas e ainda vários alojamentos públicos, como hotéis e pousadas, sendo por isso um local de afluência turística. Nas imediações da FdC encontram-se o Hospital da Irmandade da Lapa, o Centro de Atendimento a Toxicodependentes (CAT), clínicas de medicina dentária e dermatologia. A maioria dos utentes da FdC são idosos, com diversas patologias, polimedicados e residentes nas proximidades. Estabelece-se com estes utentes uma relação de maior proximidade permitindo um melhor seguimento farmacoterapêutico.

A FdC é associada do grupo Farmácias Holon, um grupo de farmácias independentes e autónomas, que possuem a mesma marca e imagem, e têm como objetivo um atendimento pró-ativo e personalizado para cada utente1. As farmácias do grupo Holon têm um acompanhamento ao

nível da gestão, na promoção e realização de campanhas, como rastreios gratuitos para os utentes, produtos da marca Holon e acesso a informação científica, como protocolos de aconselhamento farmacêutico e a uma academia de formação online. A FdC está a implementar os primeiros serviços farmacêuticos tendo consultas de nutrição, dadas por um nutricionista do grupo Holon.

O horário de funcionamento da FdC é de segunda-feira a sexta-feira das 9:00h até às 19:30h e aos sábados das 9:00h até às 13:00h, estando aberta 24 horas no dias de serviço definidos pela Associação Nacional de Farmácias (ANF).

2.2. Recursos humanos

De acordo com o Decreto-Lei (DL) n.º 307/2007, de 31 de agosto, alterado pela Lei n.º 26/2011 de 16 de junho, DL n.º 171/2012 de 1 de agosto, Lei n.º 16/2013 de 8 de fevereiro, DL n.º 128/2013 de 5 de setembro e DL n.º 109/2014 de 10 de julho, que estabelece o regime jurídico das farmácias de oficina, os recursos humanos devem ser constituídos por um quadro farmacêutico, composto por um Diretor Técnico (DT) e, pelo menos, um segundo farmacêutico, e um quadro não farmacêutico, estando neste último incluídos técnicos de farmácia ou outros profissionais habilitados2-7. Trabalham na FdC 5 funcionários: no quadro farmacêutico, uma DT (Dr.ª Inês

Marques) e uma Farmacêutica-Adjunta (Dr.ª Vanessa Azevedo), e no quadro não farmacêutico, dois Técnicos Auxiliares de Farmácia (Paulo Sousa e Emanuel Caetano) e uma auxiliar (Bertila Oliveira). Sendo uma equipa multidisciplinar, cada um tem as suas responsabilidades definidas trabalhando para assegurar qualidade nos serviços que prestam aos utentes. No quadro farmacêutico, tem trabalhadores jovens e dinâmicos, que oferecem uma visão moderna e espiríto crítico, sendo um local de aprendizagem e melhoria constante. Por outro lado, a presença de dois Técnicos Auxiliares de Farmácia com muitos anos de casa, fideliza a população local fazendo com que os utentes se sintam em casa, e permite um melhor seguimento da saúde dos utentes ao longo da sua vida.

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2.3. Instalações e equipamentos

A farmácia comunitária carateriza-se pela elevada qualidade na prestação de serviços de saúde técnico-científicos à comunidade. Para tal, o farmacêutico necessita de instalações, equipamentos e fontes de informação adequados a esta prática8. Assim, de modo a corresponder

às expetativas da população e apresentar um serviço de elevada qualidade a FdC possui uma estrutura apropriada cumprindo as orientações indicadas nas Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária, Normas Gerais sobre as instalações e equipamentos, aprovadas em 2009, pelo Conselho Nacional da Qualidade.

2.4. Instalações

A FdC está situada ao nível da rua, local por onde se faz o acesso, sem obstáculos no acesso às instalações (anexo 1). Na entrada existe uma rampa para facilitar o acesso aos utentes com mobilidade reduzida. A FdC está identificada com uma placa com a inscrição “Farmácia” e o símbolo “cruz verde”, que permanece iluminado durante a noite quando a FdC se encontra de serviço. Há também uma placa com o nome da farmácia e da Diretora Técnica, assim como informação sobre o hórario de funcionamento, colocados de forma visível. Encontra-se também exposta, de forma visível, a informação sobre as farmácias do município que se encontram em regime de serviço permanente, a sua localização e a forma de contactar o farmacêutico responsável2,8.

A FdC tem duas zonas: uma zona de atendimento ao público e uma zona de back office, estando incluído no back office um gabinete para consultas farmacêuticas, medição dos parâmetros bioquímicos e consultas de nutrição. A zona de atendimento ao público tem três balcões de atendimento. A circundar toda a zona de atendimento ao público existem expositores de vidro, nos quais estão dispostos os mais variados produtos, como Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), produtos de dermocosmética e capilares, produtos de higiene oral, multivitamínicos, dietéticos, produtos de puericultura, produtos de ortopedia entre outros. São também armazenados nesta zona alguns MSRM de marca, dispostos por ordem alfabética, protegidos do acesso direto do utente. A zona do back office serve de área de armazenamento e de execução de atividades administrativas. Encontram-se aí armazenados os restantes MSRM de marca, e os medicamentos genéricos, dispostos por ordem alfabética de princípio ativo. São também armazenados os medicamentos que têm condições especiais de conservação no frigorífico, assegurando uma temperatura entre os 2-8ºC.

2.5. Equipamentos e sistema informático

É da responsabilidade do Diretor Técnico assegurar que a farmácia dispõe de todo o equipamento necessário ao desenvolvimento da sua atividade, e que este se encontra em bom estado de funcionamento e desempenha as funções requeridas2,8.

A FdC dispõe de equipamento que possibilita a monitorização da temperatura e humidade, um frigorífico para armazenamento dos medicamentos a temperaturas entre os 2-8ºC, um aparelho

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de medição da Pressão Arterial (PA) e Frequência Cardíaca (FC), um aparelho para a medição do colesterol total e perfil lipídico, um aparelho para a medição da glicémia, duas balanças calibradas, uma balança para pesar os utentes, e os restantes aparelhos necessários ao bom funcionamento de uma farmácia, como telefones, fax, fotocopiadora e computadores. Os computadores dispõe do software Sifarma®, ferramenta que auxilia na gestão e prática farmacêutica diária.

2.6. Fontes de informação

De forma a executar o seu trabalho da melhor forma, o farmacêutico deve dispor de fontes de informação atualizadas sobre os medicamentos, nomeadamente as suas indicações, contra-indicações, interações medicamentosas, posologias e precauções com a sua utilização2,8. Na FdC

encontram-se disponíveis as fontes de presença obrigatória, nomeadamente a Farmacopeia Portuguesa, o Prontuário Terapêutico e Resumo das Características do Medicamento. Encontram-se ainda disponíveis várias outras fontes de informação como o Formulário Galénico Português.

3. Gestão em Farmácia Comunitária

3.1. Grupo de compras

A farmácia comunitária é em simultâneo um espaço de saúde e uma atividade comercial, tendo por isso, que ser economicamente sustentável. No contexto económico atual torna-se um desafio gerir uma farmácia. A redução da faturação das farmácias faz com que o farmacêutico tenha que se assumir também como gestor, de forma a rentabilizar o seu negócio sem nunca descurar os valores éticos da profissão. Ao ter este papel de gestor, o farmacêutico aumenta a rentabilidade da farmácia ao mesmo tempo que promove a saúde da sua comunidade.

Tendo em conta as dificuldades financeiras, as farmácias procuraram fazer rentabilizar os seus recursos, através da sua integração em grupos de compras. De forma a obter melhores condições comerciais algumas farmácias têm-se agrupado ao nível das compras fazendo compras agregadas. A FdC faz parte do grupo Holon, tendo descontos nos produtos que integram o seu portfólio. O grupo Holon tem uma estrutura central, a qual negoceia e adquire o portfólio junto dos laboratórios colocando os produtos em dois armazenistas, Udifar e OCP, que os distribuem pelas farmácias do grupo. Este desconto é feito à unidade, e as farmácias adquirem os produtos conforme as suas necessidades. Esta capacidade de compra à unidade com desconto representa uma grande vantagem na gestão de stocks, permitindo às farmácias ter uma maior cash flow e não ter tanto valor parado em stock.

Uma desvantagem do grupo de compras é que as farmácias passam a ter objetivos de vendas comuns, sendo necessário satisfazer da melhor forma as necessidades do utente sem descurar esses objetivos. Mesmo assim, a FdC mantém a sua independência, sendo a gestão feita pela sua Diretora Técnica.

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3.2. Gestão de stocks e elaboração de encomendas

A gestão de stocks tem como objetivo responder a três perguntas: quanto encomendar, quando encomendar, e qual a quantidade de stock segurança. Isto permite evitar excesso de stock, rutura do mesmo e diminuir os desperdícios. Esta gestão é de grande importância, pois ter um excesso de stock é ter dinheiro empatado, sendo que o farmacêutico desempenha um papel essencial na gestão das compras. Deve-se ter em conta o perfil dos utentes da farmácia, mas também outros aspetos, como a sazonalidade de certos produtos e a existência de campanhas publicitárias. Com uma boa gestão de stocks a farmácia consegue satisfazer a procura sem haver desperdício. A possibilidade de fazer várias encomendas diárias é uma grande vantagem para a gestão de stocks permitindo satisfazer necessidades não expectáveis.

O software Sifarma® pode ser utilizado na gestão de stocks. É possível definir um stock mínimo e máximo de cada produto, tendo em conta o consumo do mesmo. Quando o produto atinge o stock mínimo, o software gera uma encomenda automaticamente. É, também, importante garantir que os stocks se encontram sempre corretos, correspondendo o stock físico (real) ao stock informático. Por vezes há discordância, que se deve a erros nas vendas, erros na receção das encomendas, marcação errada dos produtos, ou até mesmo, por furtos. Assim, é necessário, fazer contagem física do stock.

As encomendas podem ser feitas quer aos armazenistas quer diretamente aos laboratórios. Na FdC a maioria das encomendas são feitas aos armazenistas. Os fornecedores diários na FdC são a Udifar, que efetua uma entrega diária (ao início da manhã) e a OCP, que efetua três entregas diárias (manhã, início e fim da tarde). Quando necessário, recorre-se a outros armazenistas como a Alliance Healthcare, Empifarma e Maciel & Ferreira. Periodicamente, são ainda, efetuadas encomendas diretamente à Holon Distribuição. As encomendas são feitas através do Sifarma®, através de plataformas online, por e-mail ou por telefone. As encomendas feitas pelo Sifarma® podem ser manuais, diárias ou instantâneas.

Na FdC fazem-se três encomendas diárias, sendo uma feita ao fim da manhã e as outras duas no final do dia. As encomendas diárias têm como objetivo a gestão e manutenção do stock. O Sifarma® atualiza os stocks após as vendas e a receção de encomendas. Quando o stock mínimo de um produto é atingido o software cria uma proposta de encomenda que será analisada pelo farmacêutico ou técnico de farmácia responsável pela encomenda. Após aprovação esta é enviada para o fornecedor.

As encomendas instantâneas servem para satisfazer a procura de produtos de forma pontual e dos quais a farmácia não dispõe de stock. Assim, quer através do Sifarma® ou de plataformas online é verificada a disponibilidade do produto no fornecedor e efetuada a encomenda. Grande parte das encomendas instantâneas são efetuadas para a OCP e Udifar, excetuando quando estes não têm o produto disponível.

Por vezes, as encomendas de produtos pedidos pelo utente que não têm rotação na farmácia são efetuadas pelo telefone. Ainda, o contato com certos fornecedores como a Holon Distribuição ou Maciel & Ferreira é efetuado por telefone, e-mail ou presencialmente. Estas encomendas não

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ficam registadas no software sendo por isso necessário proceder à sua criação e envio para papel, de forma a que a encomenda fique disponível para receção no Sifarma®.

Durante o estágio efetuei encomendas manuais e instantâneas numa base diária, pois é comum os utentes pedirem produtos sem rotação na farmácia (por exemplo, laboratórios de medicamentos genéricos diferentes, produtos de dermocosmética, entre outros). Observei e prestei apoio na elaboração das encomendas diárias informando sobre os produtos que já tinham sido pedidos por telefone ou por via instantânea e sugerindo alterações ao nível dos stocks mínimos e máximos.

Podem ainda ser efetuadas encomendas diretamente aos laboratórios, através dos delegados de informação médica que visitam a farmácia, mas para se conseguirem descontos é necessário adquirir grandes quantidades de produto. Na FdC estas encomendas são efetuadas apenas em situações pontuais, uma vez que as compras através do grupo Holon permitem ter descontos à unidade, diariamente. Na FdC as encomendas têm, habitualmente, um número reduzido de unidades de cada produto. As encomendas refletiam os produtos que tinham sido vendidos, isto é, na encomenda do fim da manhã eram pedidos os produtos que tinham saído nessa manhã. Isto permite que a farmácia não tenha muito stock parado, pois muito rapidamente faz a reposição quando este se encontra em baixo.

3.3. Receção de encomendas e marcação de preços

As encomendas entregues na FdC vêm em contentores próprios que permitem identificar o distribuidor e onde estão identificados o nome e a morada da farmácia. Os produtos que necessitam de armazenamento no frigorífico são enviados em contentores térmicos, diferentes dos restantes, o que permite que o seu armazenamento seja rápido. Os contentores, na maioria dos casos, são acompanhados da fatura em duplicado, e caso a encomenda não tenha sido faturada vem acompanhada de uma guia de remessa. Nas encomendas instantâneas, cada contentor está associado a uma encomenda.

No Sifarma® a receção de encomendas é efetuada no menu “Receção de Encomendas”. Primeiro verifica-se se há mais do que uma encomenda na mesma fatura, e se houver, estas são agrupadas. De seguida, identifica-se o número da fatura e o valor total faturado. Procede-se à leitura ótica do código de barras de cada produto, e verifica-se o estado, número de embalagens, possíveis produtos bónus, Prazo de Validade (PV) e o Preço de Faturação (PF). Para os produtos com Preço Inscrito na Cartonagem (PIC), verifica-se se este corresponde ao Preço de Venda ao Público (PVP) do sistema informático. Quando não há correspondência, verifica-se se há stock na farmácia. Se não existir mais produto em stock atualiza-se o preço no Sifarma®, no entanto, se existir stock, deve-se colocar uma identificação no produto novo para posterior atualização do PVP, de forma a garantir que o produto com o PVP antigo é vendido em primeiro lugar, e só após a venda desse, se altera o PVP no sistema informático.

Para os produtos sem PIC o PVP é estabelecido pela farmácia tendo em conta uma margem de lucro definida pela mesma. Após a leitura ótica de todos os produtos, verifica-se se há correspondência entre o total de embalagens faturadas e rececionadas, e se o valor total faturado

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se encontra em conformidade. Após esta verificação a receção da encomenda é aprovada e o Sifarma® gera uma lista de produtos em falta, isto é, produtos que foram encomendados mas que o distribuidor não enviou. Caso haja algum erro (como por exemplo, produtos faturados e não enviados, produtos faturados mas não encomendados, embalagens danificadas, preços errados, entre outros) realiza-se uma reclamação e devolução do produto, situação que o armazenista regulariza, na maioria das vezes, através da emissão de uma nota de crédito.

A receção de encomendas foi a primeira tarefa que realizei no meu estágio e realizei-a diariamente ao longo dos 6 meses de estágio. É uma tarefa de elevada importância para um estagiário pois é o primeiro contacto físico com os medicamentos e permite conhecer as embalagens dos medicamentos e os seus nomes comerciais. Aproveitei para enquanto recebia as encomendas ver a posologia, indicações terapêuticas, contra-indicações e reações adversas dos medicamentos, através do Sifarma®, tornando-se bastante proveitoso. A receção de encomendas permitiu-me ainda perceber de melhor forma a gestão de stocks e gestão económica da farmácia estando a par do Preço de Venda à Farmácia (PVF) e PVP.

3.4. Armazenamento

Após a receção da encomenda os produtos são armazenados no seu local respetivo. Os produtos são armazenados tendo como base o seu PV, de forma a que o que produto que tenha PV mais curto seja o primeiro a ser dispensado. Utiliza-se o Método FEFO (First Expired, First Out), sendo o produto com PV mais curto colocado em cima ou à frente para ser vendido primeiro; e o Método FIFO (First In, First Out), quando os produtos não têm PV, de forma a serem vendidos os produtos mais antigos primeiro. Há situações excecionais quando, por exemplo, há uma campanha promocional de um produto, colocando-se o produto mais recente à frente e visível para o utente de forma a promover a campanha.

Conjuntamente com a receção de encomendas esta foi a primeira tarefa que realizei na FdC. É uma tarefa importante para um estagiário pois permite aprender a localização dos produtos na farmácia. Além disso, é uma tarefa de bastante responsabilidade pois um erro de armazenamento pode levar a um erro na dispensação pois há muitos produtos com embalagens idênticas (por exemplo, o mesmo medicamento mas com número diferente de comprimidos, formas farmacêuticas diferentes, dosagens diferentes).

3.5. Controlo de prazos de validade

Para que um medicamento mantenha as suas caraterísticas e segurança, sem alteração da sua composição, é necessário assegurar a sua integridade, sendo o PV um dos parâmetros de maior relevo. Um dos momentos em que se efetua o controlo do PV é durante a receção das encomendas. Outra forma de controlar o PV, é através da emissão de uma “Lista de Controlo de Prazos de Validade” no Sifarma®. Recolhem-se todos os produtos da lista e verifica-se o PV. Se exisitir uma discrepância entre o Sifarma® e o PV este deve ser atualizado. Esta é, também, uma

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boa oportunidade para a verificação do stock. Caso o PV esteja a expirar é efetuada uma devolução ao fornecedor.

Na FdC verifiquei os PV todos os dias através da receção das encomendas e mensalmente através da emissão da “Lista de Controlo de Prazos de Validade”. O controlo do PV permite ter uma gestão eficiente do stock diminuindo o número de produtos cujo PV expira. Na FdC quando alguns produtos (dermocosmética, capilares, suplementos alimentares) têm PV curtos estes são colocados em promoção e em destaque de forma a facilitar a sua rotação.

3.6. Devoluções

Por vezes, é necessário devolver produtos retirando estes do stock da farmácia. Esta situação pode acontecer quer por expiração do PV mas também, por outros motivos. Entre esses motivos estão (a) produtos sem rotação na farmácia, reservados por utentes que entretanto desistiram da compra; (b) atualização do PVP de produtos com PIC; (c) embalagens danificadas no momento da receção; (d) produtos faturados mas não encomendados; (e) produtos faturados a preços errados; (f) circulares de suspensão de comercialização pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED); (g) circulares de recolha voluntária emitidas pelo detentor da AIM; (h) produtos encomendados com PV muito curto. Para proceder à devolução é efetuada uma Nota de Devolução (ND) no menu "Gestão de Devoluções" do Sifarma®. Na criação de uma ND identifica-se o distribuidor e procede-se à leitura ótica dos produtos a devolver. Em cada produto é indicada a quantidade que vai ser devolvida, o motivo da devolução, o número da fatura de origem e o preço de faturação. Após a criação da ND, esta é impressa em 3 vias, que são carimbadas e rubricadas, sendo a original e duplicada enviadas para o distribuidor e a triplicada arquivada na farmácia até a sua regularização. Quando as ND são aceites efetua-se a sua regularização no menu "Regularização de Devoluções" do Sifarma®. A regularização ocorre através do envio de uma Nota de Crédito (NC), na maioria das situações; no entanto, quando a devolução se deve a expiração de PV, ou a atualização de preços, a regularização é efetuada através da troca de produtos, sendo que muitas vezes, esta troca é acompanhada de uma NC de forma a culmatar a diferença de preços. Quando a ND é rejeitada o produto volta à farmácia, sendo acompanhado de uma guia de remessa indicando o motivo da não aceitação. É necessário proceder à regularização da ND, de forma a dar entrada do produto em stock novamente. Quando o produto se encontra em condições de comercialização procede-se ao rearmazenamento deste, no entanto, quando o PV se encontra expirado procede-se à quebra do stock.

Ao longo do estágio elaborei várias ND, principalmente de produtos faturados a preços errados e de produtos sem rotação na farmácia reservados para utentes que desistiram da compra. Mensalmente, após o controlo dos PV através da emissão da “Lista de Controlo de Prazos de Validade” procedi à devolução dos produtos com PV a expirar. Da mesma forma, procedi à sua regularização, quer através de NC, de troca de produtos ou quando não eram aceites.

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4. Dispensa de produtos em farmácia comunitária

A dispensação de medicamentos é a atividade central da farmácia comunitária, situando-se entre a seleção do medicamento (prescrição, indicação e automedicação) e a administração do mesmo. Este ato reveste-se de grande importância pois o farmacêutico é muitas vezes o primeiro profissional de saúde a contatar com o utente, prestando um aconselhamento, que pode passar pela indicação de um MNSRM, ou outros produtos de saúde, ou mesmo o encaminhamento para o médico. É, também, o último a contactar com o doente após a prescrição médica e antes do início da terapêutica. Tem ainda um papel fulcral no acompanhamento do doente, tendo contacto com ele de forma regular, fator exponenciado pela introdução da Receita Sem Papel (RSP). Por isso, o objetivo não passa apenas por disponibilizar a medicação ou outros produtos de saúde mas sim prestar aconselhamento personalizado, de forma a garantir um uso racional do medicamento por parte do utente e a adesão deste à terapêutica. Só com este acompanhamento e seguimento é possível resolver os Problemas Relacionados com os Medicamentos (PRM) e obter mais ganhos em saúde8,9.

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

O DL 176/2006, de 30 de Agosto, define medicamento como “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”10. Os medicamentos, quanto à

forma de dispensa ao público, podem ser divididos em MSRM e MNSRM10. São MSRM aqueles que

"possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica (...) possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam (...) contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar (...) destinem-se a ser administrados por via parentérica". Os MSRM são prescritos por um profissional de saúde habilitado, e dispensados nas farmácias após verificação e validação da receita médica. Aquando da dispensação o farmacêutico deve assegurar o uso racional dos medicamentos por parte dos utentes, fornecendo-lhes todas as informações que considerar necessárias, como a indicação terapêutica, posologia, modo de administração, contra-indicações e possíveis efeitos secundários10.

A FdC tem um perfil de utentes muito próprio. Contactei com muitos utentes idosos polimedicados dispensando frequentemente anti-hipertensores, antidiabéticos, dislipidémicos, entre outros. Em muitas situações, procedia à dispensa através de Venda Suspensa pois, por vezes, os utentes deixavam ultrapassar o PV das receitas ou ficavam sem medicamentos antes da consulta médica seguinte, sendo que o fato de serem utentes habituais da farmácia permitia saber as suas terapêuticas. Aí revela-se, também, o contributo do farmacêutico para o Serviço Nacional de Saúde

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(SNS) e a necessidade deste possuir capacidades sociais para, por exemplo, explicar ao utente como ver o PV da receita.

O fato de estar na proximidade do Hospital da Irmandade da Lapa que trata de seguros de acidentes de trabalho permitiu-me ter um contacto com um diferente tipo de doentes, maioritariamente com lesões muscúlo-esqueléticas. Ainda, a proximidade com o CAT fez com que dispensasse com frequência medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, e outros medicamentos do Sistema Nervoso Central, a toxicodependentes em tratamento, tendo sido enriquecedor acompanhar o tratamento deste tipo de doentes.

4.2. Prescrição médica

Receita médica é o “documento através do qual são prescritos, por um médico ou, nos casos previstos em legislação especial, por um médico dentista ou por um odontologista, um ou mais medicamentos determinados”10. A receita médica pode ser11:

• Prescrição por via manual: a prescrição dos medicamentos é feita num documento previamente impresso11. O uso deste tipo de receitas tem diminuído e só podem ser usadas em casos

excecionais, tais como (1) falência do sistema informático; (2) inadaptação do prescritor; (3) prescrição no domicílio; (4) outras situações, até um máximo de 40 receitas médicas por mês11.

Estas receitas não podem ter rasuras, não são renováveis pois não permitem mais do que uma via, e têm uma validade de 30 dias12.

• Prescrição por via eletrónica: a prescrição dos medicamentos é efetuada informaticamente permitindo diminuir os erros na prescrição e dispensa. Em tratamentos de longa duração estas receitas podem ser renováveis, contendo até 3 vias, sendo impressa a indicação da via. Cada via tem validade de 6 meses12. Dentro da prescrição eletrónica é possível encontrar11:

 Receita eletrónica em papel (materializada): Podem ser prescritos até 4 medicamentos distintos em cada receita, num máximo de 4 embalagens por receita. Podem ser prescritas até 2 embalagens por medicamento. No caso de medicamentos unidose, como é o caso dos injectáveis, é possível prescrever 4 embalagens do mesmo medicamento12.

 Receita eletrónica sem papel (desmaterializada): O despacho n.º 2935-B/2016 tornou obrigatório, desde 1 de abril de 2016, a utilização deste modelo de prescrição13. Esta prescrição é

feita online, tendo que ser validada e registada no sistema central de prescrições antes da sua emissão. Após este processo os dados da receita (número da receita, código de dispensa e código de direito de opção) podem ser impressos e/ou enviados para o telemóvel do utente12. Este novo

modelo apresenta inúmeras vantagens: (1) Ausência de limite de unidades por receita, isto é, os prescritores podem receitar um número ilimitado de produtos diferentes. O prescritor pode receitar um máximo de 2 embalagens para MSRM que se destinam a tratamento de curta duração, tendo um PV de 30 dias; para tratamentos de longa duração podem ser prescritos até 6 unidades com um PV de 180 dias12; (2) redução dos erros no processo de dispensa; (3) permite ao utente ter um maior

controlo sobre a sua medicação, envolvendo-o no processo aumentando a adesão à terapêutica. O utente pode ir à farmácia e levantar apenas os medicamentos que necessita no momento, podendo levantar o resto quando quiser e na farmácia que pretender.

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A prescrição médica é efetuada pela Denominação Comum Internacional (DCI) da substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e tamanho da embalagem, devendo conter a posologia. Na posologia o prescritor deve informar a dose do medicamento, o intervalo de administração e a duração do tratamento12. Em casos excecionais a prescrição pode ser feita por nome comercial.

Esta prescrição pode acontecer quando se trata de um medicamento de marca sem similar e sem Medicamento Genérico (MG) comparticipado ou quando existe uma justificação do prescritor12. Para

tal o prescritor deve aplicar uma das seguintes exceções: (A) medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito12; (B) quando há suspeita, previamente reportada ao INFARMED, de

intolerância, alergia ou Reação Adversa a um Medicamento (RAM) com a mesma substância ativa12;

(C) continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias. Nas exceções A e B o farmacêutico apenas pode dispensar o medicamento constante na receita, no entanto na exceção C, o utente pode optar por um medicamento equivalente, desde que seja de preço inferior12.

Ao longo do meu estágio lidei maioritariamente com a RSP que traz inúmeras vantagens. Permite acelerar o processo de dispensação permitindo focar a atenção no utente, diminui os erros na dispensação e facilita muito a vida aos utentes, pricipalmente aos polimedicados, pois apenas têm que ter uma ou duas folhas de papel ou até mesmo apenas a mensagem no seu telemóvel.

4.3. Validação da prescrição médica

Para a validação de uma receita médica é necessário conhecer os tipos de receita e os seus componentes. A RSP esta é validada automaticamente, estando toda a informação em formato digital. A receita eletrónica em papel deve conter12: (1) número da receita e respetivo código de

barras; (2) Identificação do médico prescritor (nome clínico, especialidade, contacto telefónico, endereço de correio eletrónico, se aplicável, e número da cédula profissional); (3) Local de prescrição e respetivo código; (4) Dados do utente: nome e número de utente do SNS, número de beneficiário da entidade financeira responsável, sempre que aplicável e regime especial de comparticipação demedicamentos, representado pelas letras “R” e “O”, se aplicável. A letra “R” aplica-se aos utentes pensionistas abrangidos pelo regime especial de comparticipação. A letra “O” aplica-se aos utentes abrangidos por outro regime especial de comparticipação identificado por menção ao respetivo diploma legal; (5) Entidade financeira responsável pelo pagamento da comparticipação da receita; (6) Identificação do medicamento: como indicado acima esta identificação pode envolver a prescrição por DCI ,prescrição por marca ou titular da AIM e as justificações técnicas/exceções; (7) Posologia (dose, intervalo de administração) e duração do tratamento; (8) Comparticipações Especiais: sempre que a prescrição se destine a um utente abrangido por um regime especial de comparticipação de medicamentos em função da patologia, além da menção à sigla “O”, é ainda obrigatória, junto ao nome do medicamento, a menção do despacho que consagra o respetivo regime; (9) Número de embalagens segundo as regras acima indicadas; (10) Data da prescrição preenchida automaticamente pelo software no formato aaaa-mm-dd. A verificação da data da prescrição é necessária para determinar a validade da receita no caso de receita materializada, ou da linha de receita no caso de receita desmaterializada; (11) Validade da prescrição; (12) Assinatura do prescritor.

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Nas receitas manuais o farmacêutico deve verificar os elementos relativos às receitas eletrónicas e ainda12: (1) A vinheta, data e a assinatura do médico prescritor; (2) A presença, no

local de prescrição, da vinheta do local de prescrição, se aplicável. Nas unidades do SNS, se a prescrição se destinar a um doente pensionista abrangido pelo regime especial, deverá ser posta a vinheta de cor verde de identificação da unidade de saúde. Nos consultórios e/ou médicos particulares, o local deverá estar igualmente identificado, através de carimbo ou inscrição manual; (3) A presença, no canto superior direito da receita, de uma exceção legal.

Ao longo de todo o estágio fiz a validação de receitas durante o ato de dispensação. A introdução das RSP veio facilitar imenso este processo pois elas são automaticamente validades sem erros.

4.4. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes podem ser utilizados no tratamento de várias patologias. No entanto, têm caraterísticas próprias, apresentando o risco de dependência estando por isso sujeitos a um controlo especial, havendo um regime jurídico próprio aplicável à sua venda e consumo. O DL n.º 15/93 lista os medicamentos sujeitos a este controlo14. Na FdC o controlo

destes medicamentos é feito em três momentos. Aquando da receção de encomendas eles são armazenados em local próprio fechado. Nas encomendas da OCP a fatura é acompanhada de uma requisição de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes em duplicado. A UDIFAR envia um resumo mensal da requisição destes medicamentos. Estas requisições devem ser carimbadas, assinadas, datadas e enviadas para o armazenista como comprovativo de receção. O documento original é arquivado na farmácia, permanecendo na mesma durante 3 anos, no mínimo. À sexta- -feira com a ajuda de um dos Técnicos Auxiliares contava e verificava os psicotrópicos e estupefacientes, sendo este o segundo momento de controlo. O terceiro momento de controlo é a dispensação destes medicamentos, sendo que durante o processo é preenchido um formulário com dados relativos ao utente (nome e morada), ao adquirente (nome, morada, número de identificação e idade), identificação do médico prescritor e número da receita. A dispensa só é feita mediante apresentação de um documento de identificação. Após a venda é impresso um comprovativo de venda (registo de saída) que deve ser guardado na farmácia. Até ao dia 8 do mês seguinte é enviado para o INFARMED a lista de saíde de psicotrópicos e a cópia das receitas manuais15.

Durante o estágio além de fazer o controlo semanal destes medicamentos, tive ainda a oportunidade de contactar com eles variadas vezes, como já referi. Fazia, regularmente, a dispensa de Buprenorfina, para toxicodependentes em recuperação provenientes do CAT.

4.5. Medicamentos genéricos e preços de referência

Segundo o DL nº 176/2006, de 30 de agosto, MG é “um medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de

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biodisponibilidade apropriados”10. O MG "deve ser identificado pelo seu nome, seguido da dosagem,

da forma farmacêutica e da sigla «MG», que devem constar do seu acondicionamento secundário10.”

Dentro do sistema de comparticipação existe um subsistema de preços de referência aplicado quando existem medicamentos genéricos comparticipados. O preço de referência é o valor sobre o qual incide a comparticipação no preço dos medicamentos incluídos num grupo homogéneo, de acordo com o escalão ou regime de comparticipação aplicável16-18. O preço de referência

corresponde à média dos cinco PVP mais baixos do grupo homogéneo, sendo revisto trimestralmente17,18. Quando existe um preço de referência e o médico prescreve ou o doente opta

por um medicamento de preço superior, este terá que pagar um valor que corresponde à diferença entre o preço do medicamento que optou e o preço de referência17. O farmacêutico, no ato de

dispensa, deve informar o utente sobre a existência de medicamentos homogéneos a preços mais baixos10,12. As farmácias devem dispor em stock de, no mínimo, três medicamentos homogéneos

que façam parte dos cinco com preço mais baixo. O farmacêutico deve dispensar o de menor preço, a não ser que o doente exerça o seu direito de opção.

4.6. Sistemas de comparticipação

Quanto ao Regime Geral de Comparticipação de Medicamentos, a comparticipação é efetuada num regime de escalões: Escalão A – comparticipação de 90%, Escalão B – 69%, Escalão C – 37% e Escalão D – 15%. O escalão é atribuído tendo em conta a classificação farmacoterapêutica do medicamento de acordo com a Portaria n.º 195-D/2015, de 30 de junho12,16,19,20. Existe também um regime especial, aplicado em situações específicas para

determinados beneficiários e patologias ou grupos de utentes12,16,19. Pensionistas com rendimento

total anual que não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais vigente, quando este ultrapassar aquele montante, são abrangidos pelo regime especial. Nestes casos, as receitas têm um “R” junto aos dados do utente, aumentando a comparticipação em 5% no escalão A e 15% nos outros escalões12,16. Nos medicamentos com PVP correspondente a um dos cinco preços mais baixos do

grupo homogéneo a comparticipação é de 95%12,16,19. Em determinadas patologias e grupos

especiais de utentes a comparticipação é definida por despachos especiais. São abrangidas patologias como o lúpus, hemofilia, alzheimer,psoríase, dor oncológica, entre outras. Neste caso o prescritor deve indicar na receita o diploma correspondente, sendo que em alguns casos esses diplomas apenas são aplicáveis se prescritos por um médico especialista. Têm, também, um regime especial os medicamentos manipulados (30% do PVP), produtos para o autocontrolo da Diabetes Mellitus (DM) (85% das tiras-teste e 100% nas agulhas, seringas e lancetas) e câmaras expansoras (80% do PVP, não excedendo 28€, e limitado a uma câmara expansora por utente, por ano12,21-23).

4.7. Conferência de receituário e faturação

Nas receitas manuais e eletrónicas em papel nas quais tenha pelo menos um MSRM comparticipado, após serem aviadas, é impresso, no seu verso, o documento de faturação. Esse

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documento contém o DCI, o Código Nacional de Produto (CNP), preço total, a comparticipação e o valor a pagar pelo utente para cada medicamento. No final tem um espaço para a assinatura do utente. As receitas são guardadas para posterior validação. O objetivo da conferência do receituário é que as receitas não contenham erros e a farmácia seja reembolsada com o valor relativo à comparticipação do medicamento. Na FdC as receitas são organizadas pela entidade comparticipante, número de lote e número da receita no lote. São formados lotes de trinta unidades. De seguida, faz-se a verificação das receitas conferindo se a receita tem tudo correto e se a dispensação foi correta. Se não houver erros, a receita é carimbada, assinada e datada no verso. Caso exista algum erro este deve ser corrigido, se possível. No final de cada mês é efetuada a faturação das receitas. Para cada entidade comparticipante é impresso um verbete de identificação de cada lote. Emite-se ainda, a Relação de Resumos de Lote e a Fatura Final Mensal, documentos estes que juntamente com o verbete são anexados às receitas de cada plano de comparticipação, ficando a farmácia com uma cópia de cada documento. As receitas correspondentes ao SNS são enviadas para o Centro de Conferência de Faturas e as receitas dos outros organismos são enviadas por correio para a ANF. As receitas enviadas com erros são devolvidas, tendo a farmácia a possibilidade de rectificar o erro e refacturar, de modo a não perder o dinheiro. A farmácia tem que emitir uma nota de crédito das receitas devolvidas. Devido ao aumento das RSP, durante o estágio não corrigi e verifiquei muitas receitas, visto que estas são validadas automaticamente sem erros. No entanto, auxiliei todos os meses no processo de faturação, na emissão dos verbetes de identificação, da relação de Resumos de Lote e da Fatura Final para todas as entidades comparticipantes.

4.8. Medicamentos não sujeitos a receita médica

O DL nº 176/2006, de 30 de agosto, define MNSRM como “qualquer medicamento que não preencha nenhuma das condições acima referidas para ser considerado MSRM”. Tirando algumas exceções estes medicamentos não são comparticipáveis10. A automedicação é definida no

Despacho nº 17690/2007, de 23 de julho, como “a utilização de medicamentos não sujeitos a receita médica de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde”24. O aconselhamento farmacêutico assume elevada no importância no

processo de automedicação pois cada vez mais é uma prática descontrolada. Para o aconselhamento, o farmacêutico deve recolher informação sobre o utente, quanto aos seus sintomas, duração, entre outros, para então avaliar e decidir se se trata de um problema de saúde grave necessitando de encaminhamento para o médico ou se é um transtorno menor resolvido através de um tratamento não farmacológico ou de MNSRM25. No aconselhamento de um MNSRM

o farmacêutico deve informar o utente sobre a sua indicação terapêutica, posologia, contra-indicações e possíveis efeitos adversos.

Como comecei o estágio no inverno as primeiras situações de aconselhamento de MNSRM estavam associadas a situações de gripe e constipação. A procura de antigripais (Cêgripe®, Antigrippine®, IlvicoN®, Griponal®), pastilhas para as dores de garganta (Mebocaina®, Strepfen®,

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Strepsils®, Drill®), xaropes para a tosse (Ambroxol, Dextrometorfano, Bisolvon®, Bronchodual®), assim como analgésicos e antipiréticos (Aspirina®, Trifene®200 e 400, Paracetamol 500 mg) era muito elevada.

Durante a primavera devido à polinização das plantas mais alérgicas houve um aumento da procura de anti-histamínicos (Telfast®, Cetix®).

No Verão verificou-se uma elevada procura de cremes para o tratamento de queimaduras solares (Bepanthene®, Biafine®, Lamicreme®, Caladryl®), picadas de insetos (Fenistil®, Caladryl®).

Ao longo do estágio também aconselhei, por várias vezes, medicamentos antiácidos (Proton®, Gaviscon®, Kompensan®), laxantes (Pursennide®, Dulcolax®, Dulcosoft®, Sene) e antidiarreicos (Imodium Rapid®).

4.9. Medicamentos de uso veterinário

O DL n.º 148/2008, de 29 de julho define medicamento veterinário como “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”26.

Na FdC um dos lineares na área de atendimento é dedicado a estes produtos, estando ainda alguns armazenados no back office. Os mais relevantes ao nível das vendas são os anticoncecionais (Pilusoft® e Megecat®), desparasitantes de uso interno (Paravet® e Drontal®) e externo (Frontline® e Advantix®). Também, dispensava mensalmente Fortekor® 2,5mg para a insuficência cardíaca congestiva do cão de uma utente da farmácia.

4.10.

Dispositivos médicos

O DL n.º 145/2009, de 17 de junho, define dispostivo médico como “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação (...) cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos (...) destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos para fins de: diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença27".

Os dispositivos médicos são enquadrados em diferentes classes de acordo com potenciais riscos decorrentes do fabrico e conceção técnica. Existem então, dispositivos médicos de baixo risco (classe I), médio risco (classe IIa e IIb) e alto risco (classe III), tendo em conta a duração do contacto com o corpo humano, se é invasivo ou não e qual a parte do corpo afetada pela sua utilização27,28.

Na FdC os dispositivos médicos mais procurados são as tiras e lancetas para o controlo da glicémia. No entanto, devido à afluência de utentes, com lesões provocadas por acidente de trabalho, provenientes do Hospital da Irmandade da Lapa há também procura de produtos ortopédicos, principalmente punhos elásticos, pés elásticos, entre outros. Há ainda alguma procura, de sacos de urina, seringas, gazes, compressas, algodão e testes de gravidez.

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4.11.

Produtos cosméticos e de higiene corporal

A confiança nos produtos vendidos nas farmácias assim como a crescente preocupação com a aparência levou a um aumento das vendas dos produtos cosméticos nas farmácias. O DL n.º 189/2008, de 24 de setembro, define produto coméstico como “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de exclusiva ou principalmente os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais29”.

Na FdC há dois lineares na área de atendimento ao público dedicados ao produtos cosméticos e dermofarmácia. Os produtos mais frequentes são os de hidratação durante e após o banho (Avéne®, Holon®, Uriage®, Bioderma®, A-derma®, La Roche-Posay® Ducray® e Klorane®). Quanto à higiene íntima destaca-se a marca Lactacyd®. No entanto, os produtos com maior procura são os de higiene oral, como colutórios (Eludril®), pastas dos dentes (Sensodyne®, Elgydium® e Paradontax®), escovas dos dentes e produtos para a limpeza e fixação de próteses dentárias (Corega® e Holon®).

Esta é a área em que tive maior dificuldade no ínicio do estágio, principalmente na área de cosmética. Tive a oportunidade de fazer diversas formações com várias marcas diferentes o que me permitiu ter uma maior facilidade nesta área. No entanto, como na cosmética as gamas são enormes só com prática e estudo me tornei capaz de fazer aconselhamentos adequados.

4.12.

Artigos de puericultura e produtos de conforto

Os produtos de puericultura são destinados a promover o desenvolvimento e conforto nos primeiros anos de vida. Na FdC não existe muita venda destes produtos pois a maioria dos utentes são idosos, no entanto a farmácia dispõe de chupetas, brinquedos, biberões, papas e artigos de higiene30.

4.13.

Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares são “géneros alimentícios que se destinam a complementar o regime alimentar normal e que constituem fontes concentradas de determinados nutrientes ou outras substâncias com efeito nutricional ou fisiológico31”. Ao longo do estágio efetuei o

aconselhamento de diversos suplementos de magnésio (MagnesiumOK®) maioritariamente em idosos que sofriam de cãibras e fadiga física. Há também muita procura por suplementos como Bio-ritmo® para pessoas que tenham fadiga física e mental. Na FdC não há muita procura de produtos de emagrecimento, e quandos estes me eram pedidos, eu aconselhava os utentes para a Consulta de Nutrição existente na farmácia de forma a atingirem os seus objetivos de perda de peso sem recurso a suplementos.

Referências

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