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Eficácia de Crenoterapia no Tratamento de Rinossinusite.

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Eficácia de Crenoterapia no

Tratamento de Rinossinusite

Mestrado Integrado de Medicina 2009/2010 Artigo de Investigação Médica

Daniela Couto Gomes

Orientador: Dr. Pedro Cantista

Termas de S. Jorge

Centro Hospitalar do Porto

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar – Universidade do Porto Largo Prof. Abel Salazar, 2,

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Eficácia de Crenoterapia no Tratamento de Rinossinusite

Resumo

Introdução: As doenças das vias respiratórias constituem um dos principais motivos de procura de tratamentos termais, particularmente de águas sulfúreas devido às suas propriedades antimicrobianos, à sua actividade antioxidante que leva à diminuição da viscosidade do muco e à sua capacidade de inibir a libertação de interleucina 2 e do interferon gamma, diminuindo assim a actividade citocínica e o processo inflamatório. A qualidade de vida relacionada com a saúde tem sido frequentemente mencionada na literatura como um parâmetro útil na avaliação do impacte de uma doença e/ou o seu tratamento na vida diária do doente. O objectivo deste estudo é realizar uma avaliação prospectiva do efeito da água sulfúrea das Termas de S. Jorge nos doentes diagnosticados com rinite/sinusite após um mês de tratamento utilizando um questionário sobre a qualidade de vida. Estes resultados são considerados preliminares porque pretende-se realizar uma avaliação seriada até 12 meses após o tratamento.

Métodos: Foi utilizado um questionário (Rhinoconjuntivitis Quality of Life Questionnaire) para avaliar os sintomas de 18 doentes antes e um mês depois de realizarem um tratamento termal durante 14 dias. Estes dados foram analisados utilizando o teste não-paramétrico de amostras emparelhadas de Wilcoxon.

Resultados: Em todos os parâmetros avaliados houve uma diminuição da média da gravidade ou da frequência dos sintomas após o tratamento termal. Nenhumas das diferenças entre estes valores médios são estatisticamente significativas.

Conclusão: Apesar de existir uma diferença na média da gravidade e na frequência de sintomas após o tratamento termal, está diferença não é estatisticamente significativa. No entanto, outros estudos demonstram melhoria da qualidade de vida a longo prazo. O alargamento da amostra e prolongamento deste estudo seria necessário para estabelecer definitivamente uma diferença estatisticamente significativa.

Palavras-chave

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Introdução

As doenças das vias respiratórias constituem um dos principais motivos de procura de tratamentos termais. São particularmente as águas sulfúreas (como, por exemplo as das Termas de S. Jorge) as que melhores resultados evidenciam neste grupo de patologias. Estudos demonstram que os efeitos terapêuticos de águas sulfúreas sobre a inflamação das vias respiratórias superiores apresentam uma camada bacteriana reduzida, um transporte mucociliar normalizado, um metabolismo lipoproteíco aumentado e um aumento dos níveis plasmáticos de imunoglobulinas. (Salami, et al., 2008) (Staffieri & Abramo, 2007)

As águas minerais das Termas de S. Jorge são captadas numa única nascente, a 90 metros de profundidade, e apresentam uma temperatura natural de 23°C (Tabela 1). Apesar de incluídas no vasto grupo de sulfuradas, revelam propriedades microbiológicas e químicas distintivas e bastante estáveis. (Termas de S.Jorge). A tradição termal de crenoterapia nas Termas de S. Jorge indica que os resultados mais práticos na sintomatologia da rinossinusite ocorrem após três anos consecutivos de tratamentos. Assim faz todo o sentido que este estudo deve prosseguir de modo a incidir sobre a análise de um ou mais resultados seriados dentro de um período de 12 meses após o tempo do programa crenoterápico.

Durante os últimos anos, a avaliação da Qualidade de Vida (QL) tem sido considerado um tópico importante na investigação clínica. É consensual que o estudo de QL deve ser incorporado nos estudos clínicos como uma ferramenta importante, nomeadamente nas taxas de mortalidade e sobrevivência. Na prática, pode ser utilizado para medir a contribuição clínica na redução do impacto de doença crónica nas actividades de vida diária do doente. A avaliação QL também foi demonstrada ser útil em monitorizar a eficácia de um tratamento específico no controlo de uma doença. No contexto da saúde, a QL é baseada em dados mais objectivos e mensuráveis, em relação à limitação e desconforto produzido pela própria doença e/ou o seu tratamento. (Nascimento Silva, Naspitz, & Solé, 2001)

A qualidade de vida relacionada com a saúde tem sido frequentemente mencionado na literatura como um parâmetro útil na avaliação do impacto de uma determinada doença e/ou o seu tratamento no dia-a-dia do doente. A aquisição de um método padrão de interpretação (escalas ou graus) permitiram uma quantificação objectiva destes dados, previamente obtidos como parte da anamnese, e a sua comparação com outros parâmetros clínicos e/ou laboratoriais. (Juniper & Guyatt, 1994). O estudo de de Graaf-in't Veld, et al. (1996) refere a

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utilização do RQLQ de Juniper & Guyatt (1994) como sendo instrumento útil nos ensaios clínicos para detectar alterações no doente ao longo do tempo.

Tabela 1: Composição Química

Constantes Físico-químicas e Substâncias Não Dissociadas

pH a 23°C 8.55

Resíduo seco a 180°C 637.2 mg/L

Alcalinidade total em HCl N/10/L 33.9

Sulfuração total em IN/100/L 61.6 mL

Condutividade (µS/cm 826.00

Dureza total (p.p. 105 CaCO3 0.82

Sílica (mg/L de SiO2) 61.90

Dióxido de carbono livre (mg/L de CO2) - Aniões (mg/L) Fluoreto 14.10 Cloreto 149.00 Bicarbonato 163.00 Sulfato 7.80 Nitrato 0.36 Nitrito <0.01 SOMA 334.27 Catiões (mg/L) Lítio 0.76 Sódio 177.00 Potássio 6.90 Magnésio 0.17 Cálcio 3.00 Ferro - Amónio 0.25 SOMA 188.08

Resumo da Composição Química (mg/L)

Aniões 334.27

Catiões 188.08

SOMA 522.35

Quimismo Francamente mineralizada. Cloretada Sódica Sulfúrea.

O objectivo deste estudo é realizar uma avaliação prospectiva do efeito da água sulfúrea das Termas de S. Jorge nos doentes diagnosticados com rinite e/ou sinusite após um mês de tratamento utilizando um questionário sobre a qualidade de vida. Estes resultados são considerados preliminares porque pretende-se realizar uma avaliação seriada até 12 meses após o tratamento.

Material e Métodos

Este estudo foi realizado em 26 doentes com rinite e/ou sinusite, entre as idades de 4 a 82 anos. Devido ao preenchimento insatisfatório dos inquéritos ou perda no seguimento após um mês, o número de doentes foi reduzido a 18. Todos os doentes foram submetidos a uma

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Guyatt, 1994). Todos os doentes assinaram um consentimento informado. Este estudo preenche todos os requisitos éticos e deontológicos indispensáveis à sua realização.

Modalidades de Tratamento

Todos os doentes foram submetidos a um tratamento de duração de 14 dias das águas sulfúreas das Termas de S. Jorge, constando de irrigação nasal, aerossol nasal, inalação nasal e pulverização faríngea.

Questionário sobre a Qualidade de Vida

A elaboração deste questionário é uma tradução em português do Rhinoconjunctivitis Quality

of Life Questionnaire (RQLQ) (Juniper & Guyatt, 1994). É baseado em 27 itens dividido em

4 categorias: gravidade dos sintomas, frequência dos sintomas, problemas práticos na actividade de vida diária devido a sintomas e emoções. A avaliação da gravidade dos sintomas foi feita utilizando uma escala quantificativa de 4 pontos em que 1 significa “sintoma ausente” e 4 significa “muito frequente, todos os dias”. Na avaliação das restantes 3 categorias, foi utilizado uma escala quantificativa de 7 pontos onde 1 significa “não sinto desconforto” e 7 significa “incomoda imenso (todos os dias, todas as horas) ”. Utilizou-se este questionário porque foi concebido especificamente para poder avaliar a qualidade de vida em ensaios clínicos. Isto facilita na comparação com outros estudos realizados que utilizam o mesmo questionário.

Análise Estatística

Devido a amostra reduzida (18 doentes) que pode induzir resultados não representativos da população em geral, foi utilizado o teste não-paramétrico de amostras emparelhadas de Wilcoxon para estabelecer a significância estatística das diferenças entre os valores médios das variáveis. Foi comparado a qualidade de vida (utilizando o questionário) antes de realizar o tratamento e um mês após a realização do tratamento termal. Estes dados foram introduzidos numa base de dados e analisados utilizando o programa SPSS 17.0. A hipótese nula é de não haver diferença estatística entre os valores médios das variáveis antes e após o tratamento termal. Foi assumido um nível de significância de 0,05 para todos os cálculos em determinar a (não-) rejeição da hipótese nula.

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Resultados

Todos os doentes completaram o tratamento e não foram relatados nenhuns efeitos laterais. Tabela 2: Gravidade dos Sintomas Nasais Escala 1-4

Sintoma Pré-Tratamento Pós-Tratamento Obstrução nasal 3.11 3.06

Prurido Nasal 3.33 3.06

Espirrar 3.61 3.28

Coriza 3.39 2.89

Figura 1: Gravidade Sintomas Nasais

Tabela 3: Frequência de Sintomas

Sintoma Pré-Tratamento Pós-Tratamento Nariz congestionado 4.11 3.50

Espirros 4.50 3.56

Corrimento nasal 4.44 3.11

Prurido nasal 4.33 3.33

“Pingo” nasal 3.89 2.61

Prurido na boca ou garganta 3.28 2.56

Garganta seca 3.28 2.67

Cefaleias 3.44 2.67

Cansaço 3.50 2.78

Comichão nos olhos 3.50 3.28

Lacrimejo/fotofobia 2.78 2.44 0 1 2 3 4 Pré-Tratamento Pós-Tratamento

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Figura 2: Frequência de Sintomas

Tabela 4: Frequência do Problema Prático

Problema Prático Pré-Tratamento Pós-Tratamento Não pode comer certas comidas 2.50 2.28

Continuamente a coçar o nariz 4.22 3.44

Continuamente a limpar o nariz 4.22 3.67

Andar sempre com lenços de papel 4.22 3.83

Obrigado a tomar medicamentos 4.61 3.83

Incapacidade de deitar sem almofada 3.00 2.89

Figura 3: Frequência de Problemas Práticos

0 0.51 1.52 2.53 3.54 4.55 Pré-Tratamento Pós-Tratamento 0 1 2 3 4 5 Pré-Tratamento Pós-Tratamento

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Tabela 5: Frequência de Emoções

Emoção Pré-Tratamento Pós-Tratamento Irritabilidade 2.72 2.06 Ansiedade 2.94 2.28 Impaciente 3.00 2.33 Zangado 2.56 2.00 Nervoso 2.94 2.50 Embaraçado 2.89 2.33

Figura 4: Frequência de Emoções

Em todos os parâmetros avaliados houve uma diminuição da média da gravidade ou da frequência dos sintomas após o tratamento termal. Para determinar se esta diferença era estatisticamente significativa, aplicou-se o teste não-paramétrico de Wilcoxon para amostras emparelhadas.

Tabela 6: Teste Wilcoxon Amostras Emparelhadas

Test Statisticsc (Pós-tratamento) – (Pré-tratamento)

Gravidade obstrução nasal Gravidade prurido nasal Gravidade Espirros Gravidade Coriza 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 Pré-Tratamento Pós-Tratamento

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Z -.707a -1.667a -1.684a -2.460a Asymp. Sig.

(2-tailed)

.480 .096 .092 .014

a. Based on positive ranks. c. Wilcoxon Signed Ranks Test

(Pós-tratamento) – (Pré-tratamento) Test Statisticsc

Frequência nariz congestionado Frequência espirrar Frequência corrimento nasal Frequência prurido nasal Z -2.050a -2.579a -3.001a -2.848a Asymp. Sig. (2-tailed) .040 .010 .003 .004

a. Based on positive ranks. c. Wilcoxon Signed Ranks Test

(Pós-tratamento) – (Pré-tratamento) Test Statisticsc

Frequência pingo nasal

Frequência prurido na boca ou garganta Frequência garganta seca Frequência cefaleias Z -2.965a -2.032a -1.557a -2.558a Asymp. Sig. (2-tailed) .003 .042 .120 .011

a. Based on positive ranks. c. Wilcoxon Signed Ranks Test

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Frequência cansaço Frequência comichão nos olhos Frequência lacrimejo/fotofobia

Frequência comer certos alimentos

Z -1.983a -.905a -.949a -1.414b

Asymp. Sig. (2-tailed)

.047 .365 .343 .157

a. Based on positive ranks. b. Based on negative ranks. c. Wilcoxon Signed Ranks Test

(Pós-tratamento) – (Pré-tratamento) Test Statisticsc

Frequência coçar o nariz Frequência limpar o nariz Frequência andar com lenços

Frequência obrigado a tomar medicamentos

Z -2.140a -1.313a -1.035a -2.585a

Asymp. Sig. (2-tailed)

.032 .189 .301 .010

a. Based on positive ranks. c. Wilcoxon Signed Ranks Test

(Pós-tratamento) – (Pré-tratamento) Test Statisticsc

Frequência deitar com almofadas Frequência irritabilidade Frequência ansiedade Frequência impaciente Z -.315a -2.264a -2.124a -1.897a Asymp. Sig. (2-tailed) .752 .024 .034 .058

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(Pós-tratamento) – (Pré-tratamento) Test Statisticsc

Frequência deitar com almofadas Frequência irritabilidade Frequência ansiedade Frequência impaciente Z -.315a -2.264a -2.124a -1.897a Asymp. Sig. (2-tailed) .752 .024 .034 .058

a. Based on positive ranks. c. Wilcoxon Signed Ranks Test

(Pós-tratamento) – (Pré-tratamento) Test Statisticsc

Frequência zangado Frequência nervoso Frequência embaraçado

Z -1.841a -1.219a -1.084a

Asymp. Sig. (2-tailed) .066 .223 .279 a. Based on positive ranks.

c. Wilcoxon Signed Ranks Test

Nenhuns dos valores z são inferiores aos respectivos valores críticos (α = 0.05) para cada variável emparelhada, não se podendo rejeitar a hipótese nula. Como tal, nenhuma das diferenças entre os valores médios das variáveis são estatisticamente significativas.

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Discussão

Tem sido sugerido em vários estudos que o tratamento inalatório nasal promove a melhoria de sintomas nasais, e assim a qualidade de vida, ao melhorar a função mucociliar, diminuir o edema da mucosa nasal, diminuir os mediadores inflamatórios e promove a limpeza mecânica do muco inspirado. (Mora, et al., 2003) (Ottaviano, et al., 2010) (Salami, et al., 2008) (Staffieri & Abramo, 2007) (Wang, Yang, Ku, Sun, & Lue, 2009)

Estas águas têm um efeito antibacteriano: poucos microrganismos conseguem sobreviver em água sulfúrea devido à toxicidade do sulfureto. Dados recentes relatam os efeitos atróficos na mucosa respiratória e actividade mucolítica. A água sulfúrea tem uma actividade anti-oxidante que contribui ao efeito terapêutico nas doenças inflamatórias das vias aéreas superiores. A inalação de água sulfúrea pode modular as actividades antioxidantes dos grupos sulfídricos ou tiólicos na cisteína da glutationa ou várias moléculas solúveis de baixo peso. Nos processos inflamatórios crónicos caracterizados por muco nas vias aéreas superiores, a crenoterapia com água sulfúrea induz efeitos benéficos nas secreções. A água sulfúrea actua sobre as mucoproteínas ao dividirem as ligações dissulfuretos, diminuindo assim a viscosidade do muco. (Salami, et al., 2008)

A modulação do sistema imune por água sulfúrea tem sido realçada em vários estudos. Foi demonstrado em estudos in vitro que a água termal sulfúrea pode inibir a proliferação de linfócitos T normais obtidos nos doentes com doenças imunes crónicas. Também foi relatado que as águas termais sulfúreas podem inibir a libertação da interleucina 2 (IL-2) e do interferon gamma (INF-γ) das células T helper (Th 1), sugerindo que a inalação do vapor da água sulfúrea consegue modular alguns aspectos fisiopatológicos das células linfocíticas T de memória. Sabe-se que a INF-γ e a IL-2 são as primeiras citocinas activadas para induzir a cascata de outros mediadores inflamatórios. (Salami, et al., 2008)

Neste estudo, embora tenha sido demonstrado uma diminuição dos valores médios da gravidade e frequência de sintomas, melhorando assim a qualidade de vida, após o tratamento termal com águas sulfúreas, esta diferença de médias em nenhuma das variáveis é considerada estatisticamente significativa. Este estudo é limitado devido a um tamanho amostral relativamente pequeno, ao facto de o considerar um estudo preliminar baseado em resultados precoces e por ser somente analisado a qualidade de vida. Espera-se que, com a continuação do estudo, se consiga obter dados estatisticamente significativos em

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concordância com os vários estudos já existentes nesta área em outros países, tal como Mora, et al., (2003) onde se concluiu que a terapia termal traduz resultados clinicamente evidentes um mês e um ano após tratamento, produzindo melhorias sustendadas nos sintomas e nos exames clínicos.

O estudo de Ottaviano, et al. (2010) também demonstrou que após um mês de tratamento, as irrigações nasais com água termal demonstra uma vantagem estatísticamente significativa em relação a uma solução isotónica na melhoria clínica das características endoscópicas e microbiológicas da mucosa nasal em doentes com rinossinusite crónica. No entanto, não se obteve resultados estatísticamente significativos nos parâmetros citológicos, citando que é necessário tratamento mais prolongado para poder observar alterações nestes parâmetros. Este estudo não avaliou as alterações na qualidade de vida, obtendo assim resultados estatísticamente significativos em alguns parâmetros do estudo. No entanto, tal como no nosso estudo, refere a necessidade de um tratamento prolongado e/ou um estudo a longo prazo para poder observar alterações.

A existência de estudos a promoverem a terapia de água sulfúreas como o primeiro tratamento alternativo à fármacos (Salami, et al., 2008) em doenças inflamatórias crónicas refractárias indica a terapia termal como um tratamento eficaz, com resultados reprodutíveis e clinicamente significativas sem os efeitos secundários. As águas sulfúreas demonstram efeitos terapeuticos na inflamação das vias aerias superiores, nomeadamente na camada bacteriana que se apresenta diminuída, um transporte mucociliar normalizado, um aumento do metabolismo lipoproteíco e um aumento dos níveis plasmáticos de imunoglobulinas. O estudo de Staffieri & Abramo (2007) também confirmou com evidência estatísticamente significativa uma melhoria no fluxo nasal, diminuição da resistência nasal, uma melhoria da função mucociliar e uma presença bacteriana na mucosa nasal diminuída em doentes com doença sinonasal crónica após um tratamento de 14 dias de água termal sulfúrea-arsénica-ferruginosa. Estes parâmetros seriam importantes de estudar e/ou caracterizar nas águas termais portuguesas no futuro.

O estudo de Wang, et al. (2009) também utilizou o RQLQ de Juniper & Guyatt (1994) para comparar o tratamento de sintomas nasais em crianças com sinusite. Este estudo demonstrou que a irrigação nasal é benéfico como tratamento de sinusite aguda em crianças, mas a diferença das médias não é estatísticamente significativa de um grupo que realizou irrigações nasais comparado com um grupo placebo. Sugerem que esta diferença não seja

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estatísticamente significativa devido ao pequeno tamanho amostral. Seria interessante no futuro, com o aumento do nosso tamanho amostral, comparar os efeitos terapeuticos das águas sulfúreas das Termas de S. Jorge entre as faixas etárias de crianças, adolescentes, adultos e idosos.

Conclusão

Este estudo demonstra uma diferença, embora não estatisticamente significativa, nos valores médios de sintomas nasais após o tratamento termal, demonstrando assim a melhoria na qualidade de vida dos doentes. A tradição termal de crenoterapia nas Termas de S. Jorge indica que os resultados mais práticos na sintomatologia da rinossinusite ocorrem após três anos consecutivos de tratamentos. Assim faz todo o sentido que este estudo deve prosseguir de modo a incidir sobre a análise de um ou mais resultados seriados dentro de um período de 12 meses após o tempo do programa crenoterápico. O mecanismo por qual esta melhoria é devida ainda está por esclarecer. Foi sugerido que a irrigação nasal promove a melhoria de sintomas nasais devido a melhoria da função mucociliar, à diminuição do edema da mucosa nasal, à diminuição dos mediadores inflamatórios e pela limpeza mecânica do muco inspirado. Neste estudo envolvendo doentes com rinite e/ou sinusite crónica, os sintomas associados demonstram uma melhoria, e espera-se que com a continuação deste estudo se possa provar esta melhoria na qualidade de vida com significância estatística. Com o alargamento e prolongamento deste estudo podíamos avaliar outros parâmetros, tais como a quantificação das imunoglobulinas séricas, a avaliação do tempo de transporte mucociliar, realizar rinomanometrias e rinoscopias anteriores, e observar os seios maxilares através de imagiologia.

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Bibliografia

de Graaf-in't Veld, T., Koenders, S., Garrelds, I. M., & Gerth van Wijk, R. (1996). The relationships between nasal hyperreactivity, quality of life, and nasal symptoms in patients with perennial allergic rhinitis. Journal of Allergy and Clinical Immunology , 98 (3), 508-513.

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Mora, R., Salami, A., Casazza, A., Passali, G. C., Cordone, M. P., Mora, F., et al. (2003). Treatment of Specific Allergic Rhinitis with Salso-bromo-iodine Water: One Year of Therapy. International Archives

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Nascimento Silva, M., Naspitz, C., & Solé, D. (2001). Evaluation of quality of life in children and teenagers with allergic rhinitis: adaptation and validation of the Phinoconjunctivitis Quality of Life Questionnnaire (RQLQ). Allergol et Immunopathol , 29 (4), 111-118.

Ottaviano, G., Marioni, G., Staffieri, C., Giacomelli, L., Marchese-Ragona, R., Bertolin, A., et al. (2010). Effects of sulfurous, salty, bromic, iodic thermal water nasal irrigations in nonallergic chronic

rhinosinusitis: a prospective, randomized, double-blind, clinical, and cytological study. American

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Salami, A., Dellepiane, M., Crippa, B., Mora, F., Guastini, L., Jankowska, B., et al. (2008). Sulphuous water inhalations in the prophylaxis of recurrent upper respiratory tract infections. International

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Staffieri, A., & Abramo, A. (2007). Sulphurous-arsencial-ferruginous (thermal) water inhalations reduce nasal respiratory resistance and improve mucociliary clearance in patients with chronic sinonasal diesase: preliminary outcomes. Acta Oto-Laryngologica , 127, 613-617.

Wang, Y.-H., Yang, C.-P., Ku, M.-S., Sun, H.-L., & Lue, K.-H. (2009). Efficacy of nasal irrigation in the treatment of acute sinusitis in children. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology , 73, 1696-1701.

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Anexo 1

Questionário sobre Qualidade de Vida

Em Doentes com Rinite/Sinusite

Nome:

Data: Idade: Sexo: Masculino Feminino

Morada:

Localidade: Código Postal:

Se menor de idade, nome do responsável:

Contacto TLM: Contacto Casa:

Data de nascimento: Naturalidade:

Emprego: Médico de Familía:

Médico que referiu ou receitou termas:

Avaliação Sintomas Nasais (assinalar com x a resposta adequada)

Sintomas

Ausente

(nunca)

Ligeiro (menos que uma vez por

semana) Moderado (2-3 vezes por semana) Grave (Todos os dias) Obstrução Nasal

Prurido (comichão) nasal

Espirrar

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Perguntas: Durante a última semana, quantas vezes ocorreram estas

inconveniências?

(assinalar com x a resposta adequada)

Não sinto desconfor -to (nunca) Incomoda as vezes (uma vez por mês) Incomoda um pouco (uma vez por semana) Incomoda moderada-mente (2-3x por semana) Incomoda bastante (5-6x por semana) Incomoda muito (Algumas horas por dia, todos os dias) Incomoda imenso (Toda a hora, todos os dias)

Sintomas

Nariz congestio-nado Espirros Corrimento nasal Prurido (comichão) nasal “Pingo” nasal Prurido (comichão) na boca ou garganta Garganta seca Cefaleia (dor de cabeça) Cansaço

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Comichão nos olhos Lacrimejo/ Fotofobia

Problemas Práticos

Não pode comer certas comidas Continuamente a coçar o nariz Continuamente a limpar o nariz Andar sempre com lenços de papel Obrigado a tomar medicamentos Incapacidade de deitar sem almofada

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Perguntas: Quantas vezes esta semana teve inconveniências devido a sentir…

(assinalar com x a resposta adequada)

Nunca 1-2 vezes por semana 3-4 vezes por semana 5-6 vezes por semana Algumas horas, todos os dias Toda a hora, todos os dias Todos os dias e acordo de noite Irritabilidade Ansiedade Impaciente Zangado Nervoso Embaraçado devido a sintomas nasais

Nomeia 3 actividades físicas e/ou de lazer que se sente limitado devido à rinite, por

ordem de inconveniência

Não sinto desconforto (nunca) Incomoda as vezes (menos que uma vez por mês) Incomoda um pouco (menos que uma vez por semana) Incomoda moderada-mente (2-3 vezes por semana) Incomoda bastante (5-6 vezes por semana) Incomoda muito (Algumas horas, todos os dias) Incomoda imenso (Toda hora, todos os dias) 1. 2. 3.

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História da Sintomatologia

1) Há quanto tempo tem estes sintomas?

2) Estão a piorar? Sim Não 3) Os seus sintomas estão (escolher um):

a)Presentes todo os ano mas pior a certas alturas do ano? b) Vão e vem sem relação aparente com a altura do ano? c) Só em certas alturas do ano?

4) Seleccione os meses em que os sintomas estão piores:

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

5) Falta ao trabalho ou a escola devido a sintomas? Não As vezes Frequente

6) Está pior em (escolher um ou vários)… ambientes interiores, ambientes exteriores, casa, trabalho, manhãs, tardes.

7) A asma foi previamente diagnosticada? Sim Não 8) Tém pneumonias frequentes? Sim Não

9) Tém Raio X Torácico anormal? Sim Não Não fez Raio X

Quais dos seguintes elementos fazem piorar os sintomas?

Elemento Sim Não

Espaços verdes/campos Relva cortada Jardinagem Pó domiciliar Alterações do tempo Dias de vento Dias húmidos Dias de calor Dias de frio Ar condicionado Aquecimento/ventoinhas Correntes de ar Fumo de tabaco Aerossóis/spray Maquilhagem/perfume Químicos Sabão em pó Papel de jornal Animais. Quais? Exercício Stress/entusiasmo/excitação

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Roupa/tecidos Medicamentos

Leite/produtos de leite Cerveja/vinho

Certos alimentos. Quais? Menstruação

Outros. Quais?

Comentários:

Tratamento:

Lista de medicamentos que já tomou e toma para tratar Rinite/Sinusite.

Assinale os que funcionam e descreve como toma (ex: um comprimido quando

precisava).

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Efeitos laterais destes medicamentos: nenhum, sonolência, irritabilidade ou nervosismo, insónia, outros:______________________________________

Utiliza mediamentos sem receita como aerossóis nasais ou gotas? Sim Não Se sim, quantas vezes?

Tomou corticoídes (ex: cortisona) nos últimos 2 anos? Sim Não Fez alguma dieta especial devido às alergias? Sim Não

Tem alergias a medicamentos? Sim Não Se sim, quais?

Fuma tabaco? Sim Não

Se sim, quanto? Quanto tempo? Há quanto tempo deixou de fumar?

Há fumadores na sua residência? Sim Não

Antecedentes Médicos:

Nomeia todas as cirurgias, internamentos e traumatismos que já teve: Está grávida ou a amamentar? Sim Não

História Familiar:

Alguém na família (pais, avós, irmãos, filhos, etc.) têm os seguintes problemas médicos?

Doença Não Sim Não sei Relação

Familiar Artrite Cancro Diabetes Doença Cardíaca Tensões Altas Doença Renal Lúpus Doença da Tiróide Enfisema

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Anemia Doença Hepática Doença dos Intestinos Tuberculose Enxaqueca Epilepsia (convulsões) Doença da Próstata Úlceras Depressão Outro:

Revisão de Aparelhos e Sistemas: Têm ou alguma vez teve estes problemas?

Sistema Não Sim Não sei

Geral Febre, Perda ou aumento de peso Tegumentário (Pele) Neurológico Dores de cabeça Enxaquecas Convulsões Oftalmologia Perda de visão Usa óculos Prurido (comichão) Sensibilidade a luz Lacrimejo Endócrino Tiróide/outras glândulas Otorrinolaringologia Alergias Obstrução dos seios Rinorreia “pingo” nasal Tosse crónica Garganta/boca seca Respiratório Asma Bronquite crónica Enfisema Vascular/ Cardiovascular Diabetes Dor cardíaca

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Tensões altas Doença vascular Gastrointestinal Diarreia Obstipação Genitourinário Genitais/Rim/Bexiga Ossos/Articulações/ Músculos Artrite reumatóide Dor muscular Dor articular Linfático/Hematológico Anemia Problemas de sangue Alergia/Imunológico Psiquiátrico

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Responder a estas perguntas se já realizou tratamento termal para

Rinite/Sinusite previamente.

Quantas vezes já realizou tratamento termal?

Realiza tratamento termal mais do que uma vez por ano? Em que altura do ano realiza o tratamento termal? Qual a duração do seu tratamento termal?

Quais são os tratamentos que realizou? (assinalar com uma cruz) Hidropinia (beber água)

ORL/Vias Respiratórias Irrigação Nasal Aerossol nasal/oral Aerossol facial Inalação nasal Inalação oral Pulverização faríngea Pulverização facial Nebulização nasal/oral Balneoterapia Imersão simples Imersão corrente Hidromassagem simples Hidromassagem computadorizado Aerobanho Manilúvios-pedilúvios Hidropressoterapia Técnicas de duche Duche subaquático Duche geral Duche escocês Duche circular Duche vichy local

(26)

Duche vichy parcial Duche aix Técnicas de vapor Vapor à coluna Vapor mãos Vapor pés Bertholaix Vapor integral Fisioterapia

Massagem manual local Massagem manual parcial Massagem manual geral Massagem vibratória local Massagem vibratória parcial Massagem vibratória geral Massagem facial Termoterapia parafango Termoterapia calores húmidos Pressoterapia Mecanoterapia

Piscina Termal

Hidroterapia Hidrocinesioterapia Corredor de marcha musculo esq Corredor de marcha flebologia

(27)

Avaliação Sintomas Nasais Depois do Tratamento Termal

(assinalar com x a resposta adequada)

Sintomas

Ausente

(nunca)

Pouco Frequente (menos que uma vez por semana)

Frequente (2-3 vezes por semana) Muito Frequente (Todos os dias) Obstrução Nasal

Prurido (comichão) nasal Espirrar

Coriza (corrimento nasal)

Perguntas: Antes de iniciar tratamento termal, quantas vezes

ocorreriam estas inconveniências? (assinalar com x a resposta adequada)

Não sinto desconfor -to (nunca) Incomoda as vezes (uma vez por mês) Incomoda um pouco (uma vez por semana) Incomoda moderada-mente (2-3x por semana) Incomoda bastante (5-6x por semana) Incomoda muito (Algumas horas por dia, todos os dias) Incomoda imenso (Toda a hora, todos os dias)

Sintomas

Nariz congestio-nado Espirros Corrimento nasal Prurido (comichão) nasal “Pingo” nasal Prurido (comichão) na boca ou garganta Garganta seca

(28)

Cefaleia (dor de cabeça) Cansaço Comichão nos olhos Lacrimejo/ Fotofobia

Problemas Práticos

Não pode comer certas comidas Continuamente a coçar o nariz Continuamente a limpar o nariz Andar sempre com lenços de papel Obrigado a tomar medicamentos Incapacidade de deitar sem almofada

Perguntas: Depois tratamento termal, quantas vezes teve inconveniências devido a

sentir…

(assinalar com x a resposta adequada)

Nunca 1-2 vezes por semana 3-4 vezes por semana 5-6 vezes por semana Algumas horas, todos os dias Toda a hora, todos os dias Todos os dias e acordo de noite Irritabilidade Ansiedade Impaciente Zangado

(29)

Embaraçado devido a sintomas nasais

Nomeia 3 actividades físicas e/ou de lazer que se sente limitado devido à

rinite/sinusite, por ordem de inconveniência, antes de iniciar tratamento termal

Não sinto desconforto (nunca) Incomoda as vezes (menos que uma vez por mês) Incomoda um pouco (menos que uma vez por semana) Incomoda moderada-mente (2-3 vezes por semana) Incomoda bastante (5-6 vezes por semana) Incomoda muito (Algumas horas, todos os dias) Incomoda imenso (Toda hora, todos os dias) 1. 2. 3.

(30)

Listar medicamentos que toma devido a rinite/sinusite, as doses que tomava antes de iniciar tratamento termal, e as doses depois de iniciar tratamento termal

Medicamento 1: Dose prévia: Dose actual: Medicamento 2: Dose prévia: Dose actual: Medicamento 3: Dose prévia: Dose actual: Medicamento 4: Dose prévia: Dose actual: Medicamento 5: Dose prévia: Dose actual:

Por favor anexar fotocópias de análises e relatórios de imagem.

Comentários: Sente-se satisfeito após realização do tratamento termal? Nota alguma melhoria de sintomas?

Imagem

Tabela 1: Composição Química
Tabela 3: Frequência de Sintomas
Figura 3: Frequência de Problemas Práticos 0.5011.522.533.544.55 Pré-Tratamento Pós-Tratamento 012345 Pré-Tratamento Pós-Tratamento
Figura 4: Frequência de Emoções

Referências

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