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Estudo de sinais de ECG de indivíduos sujeitos a situações de stress

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Estudo

de sinais de ECG de indiv´ıduos sujeitos a

situa¸

oes

de stress

– Versão Final –

Por

Pedro

Maur´ıcio Pimenta Sampaio

Orientadores:

Doutora

Argentina Maria Soeima Leite

Doutor

Lu´ıs Jose´ Cal¸cada Torres Pereira

Doutor

Jos´e Jacinto Branco Vasconcelos Raposo

Disserta¸c˜ao submetida `a

UNIVERSIDADE DE TR´AS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten¸c˜ao do grau de

MESTRE

em Engenharia Biom´edica, de acordo com o disposto no DR – I s´erie–A, Decreto-Lei n.o115/2013 de 7 de Agosto e no

Regulamento Geral dos Ciclos de Estudos Conducente ao Grau de Mestre da UTAD DR, 2.a s´erie – n.o 133 de 13 de Julho de 2016

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Estudo

de sinais de ECG de indiv´ıduos sujeitos a

situa¸

oes

de stress

– Versão Final –

Por

Pedro

Maur´ıcio Pimenta Sampaio

Orientadores:

Doutora

Argentina Maria Soeima Leite

Doutor

Lu´ıs Jose´ Cal¸cada Torres Pereira

Doutor

Jos´e Jacinto Branco Vasconcelos Raposo

Disserta¸c˜ao submetida `a

UNIVERSIDADE DE TR´AS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten¸c˜ao do grau de

MESTRE

em Engenharia Biom´edica, de acordo com o disposto no DR – I s´erie–A, Decreto-Lei n.o115/2013 de 7 de Agosto e no

Regulamento Geral dos Ciclos de Estudos Conducentes ao Grau de Mestre da UTAD DR, 2.a s´erie – n.o 133 de 13 de Julho de 2016

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Orienta¸c˜ao Cient´ıfica :

Doutora Argentina Maria Soeima Leite

Professora Auxiliar do Departamento de Matem´atica

Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

Doutor Lu´ıs Jos´e Cal¸cada Torres Pereira

Professor Auxiliar do Departamento de Engenharias

Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

Doutor Jos´e Jacinto Branco Vasconcelos Raposo

Professor Catedr´atico do

Departamento de Educa¸c˜ao e Psicologia Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

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Estudo de sinais de ECG de indiv´ıduos sujeitos a situa¸c˜

oes de stress

Pedro Maur´ıcio Pimenta Sampaio

Submetido na Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro para o preenchimento dos requisitos parciais para obten¸c˜ao do grau de

Mestre em Engenharia Biom´edica

Resumo — O conceito de sa´ude indica que por um lado um ind´ıviduo ou grupo ´

e capaz de realizar as suas aspira¸c˜oes e satisfazer as suas necessidades e por outro lado modificar ou lidar com o meio que o envolve sendo assim uma dimens˜ao de qualidade de vida e n˜ao o objetivo de vida. Os alunos que ingressam pela primeira vez no ensino superior devido a v´arios condicionantes sofrem de stress psicol´ogico. Uma aproxima¸c˜ao ao estudo do impacto do stress sentido pelos alunos passa pela an´alise de dados biol´ogicos em diferentes per´ıodos num evento de stress como uma apresenta¸c˜ao oral. Foram recolhidos sinais de ECG dos alunos do primeiro ano do curso de Engenharia biom´edica da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro numa apresenta¸c˜ao oral e estudadas as s´eries de intervalos de tempo adquiridas atrav´es de metodologias lineares e n˜ao lineares.

Palavras chave: Stress, Intervalos RR, Intervalos QT, ECG, Processamento de Sinal.

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Study of ECG signals of individuals subjected to stress situations

Pedro Maur´ıcio Pimenta Sampaio

Submitted to the University of Tr´as-os-Montes and Alto Douro in partial fulfillment of the requirements for the degree of

Master of Engenharia Biom´edica

Abstract — The concept of health indicates that on the one hand, an individual or group is able to fulfill their aspirations and satisfy their needs, and also able to modify or deal with the environment that involves it, health is a dimension of quality of life and not a life objective. Students who first enter in higher education, due to various conditions suffer from psychological stress. An approach to the study of the impact of stress felt by students involves the analysis of biological data in different periods in a stress event as an oral presentation. ECG signals from the first year students of the Biomedical Engineering course at the University of Tr´as-os-Montes and Alto Douro were collected in an oral presentation and the acquired time series studied were studied using linear and non linear metodologies.

Keywords: Stress, RR intervals, QT intervals, ECG, Signal Processing.

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Agradecimentos

A concretiza¸c˜ao acad´emica nunca seria poss´ıvel sem o apoio da minha fam´ılia e amigos que felicitam as conquitas e apoiam nas piores fases, agrade¸co assim a todos os familiares e amigos que estiveram comigo nesta caminhada.

Agrade¸co `a Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro pelas oportunidades de aprendizagem que me proporcionou e agrade¸co aos meus orientadores Doutora Ar-gentina Maria Soeima Leite, Doutor Lu´ıs Jos´e Cal¸cada Torres Pereira e Doutor Jos´e Jacinto Branco Vasconcelos Raposo por toda a dedica¸c˜ao e empenho que demons-traram durante a orienta¸c˜ao da disserta¸c˜ao.

Agrade¸co `a Universidad de Zaragoza, ao Instituto de Investiga¸c˜ao em Engenharia de Arag˜ao (I3A), ao Grupo de investiga¸c˜ao BSICOS e ao Doutor Juan Pablo Mart`ınes Cort´es pelo apoio na aprimora¸c˜ao da minha disserta¸c˜ao de mestrado.

Obrigado a todos!

UTAD, Pedro Maur´ıcio Pimenta Sampaio

Vila Real, 20 de Outubro de 2018

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Indice geral

Resumo vii

Abstract ix

Agradecimentos xi

´Indice de tabelas xv

´Indice de figuras xvii

Abreviaturas, Nota¸c˜ao e Unidades xxi

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Motiva¸c˜ao e objetivos . . . 1

1.2 Sinal ECG . . . 3

1.3 Situa¸c˜oes de stress . . . 4

1.4 Organiza¸c˜ao da disserta¸c˜ao. . . 9

2 Aquisi¸c˜ao e pr´e-processamento do sinal 11 2.1 Aquisi¸c˜ao de sinal de ECG . . . 11

2.2 Ru´ıdo e mudan¸cas morfol´ogicas . . . 15

2.3 Dete¸c˜ao de ondas no ECG . . . 16

2.4 Batimentos ect´opicos . . . 19

2.5 Sum´ario . . . 21

3 Materiais e m´etodos 23 3.1 Aquisi¸c˜ao de dados . . . 24

3.1.1 Caracteriza¸c˜ao da amostra . . . 24

3.1.2 Protoc´olo experimental . . . 25

3.2 M´etodos tradicionais em s´eries temporais . . . 26

3.2.1 An´alise no dom´ınio do tempo . . . 27

(14)

3.4 M´etodos n˜ao lineares . . . 35

3.4.1 DFA . . . 36

3.4.2 Entropia aproximada . . . 37

3.5 An´alise estat´ıstica . . . 38

3.6 Sum´ario . . . 39

4 Resultados experimentais e discuss˜ao 41 4.1 Dete¸c˜ao e delinea¸c˜ao de ECG . . . 41

4.2 S´eries extra´ıdas do ECG . . . 43

4.3 An´alise em s´eries de intervalos RR . . . 47

4.3.1 Caso de estudo . . . 49

4.3.2 Aprecia¸c˜ao global . . . 52

4.4 An´alise em s´eries de intervalos QT . . . 57

4.4.1 Caso de estudo . . . 60

4.4.2 Aprecia¸c˜ao global . . . 64

4.5 Intervalos RR versus Intervalos QT . . . 67

4.5.1 Caso de estudo . . . 68

4.5.2 Aprecia¸c˜ao global . . . 71

4.6 Sum´ario . . . 73

5 Considera¸c˜oes finais 75

Referˆencias bibliogr´aficas 77

(15)

´

Indice de tabelas

4.1 Valores da m´edia (MeanRR),desvio padr˜ao(STDRR),vˆariancia e mediana

do desvio absoluto (MAD) correspondentes `as 4 deriva¸c˜oes do indiv´ıduo

VJ01. . . 44

4.2 Valores (m´edia ± desvio padr˜ao) correspondentes aos parˆametros em

es-tudo dos 4 Per´ıodos (P1, P2, P3 e P4) para a amostra de dimens˜ao 23. . . 53

4.3 Compara¸c˜ao dos 4 per´ıodos (P1, P2, P3, P4), referentes aos 23 estudantes, atrav´es do teste n˜ao param´etrico de Friedman com compara¸c˜oes m´ultiplas. Apresenta-se o n´ıvel de significˆancia do teste e o s´ımbolo X (X X) indica a presen¸ca de diferen¸cas estat´ısticas entre os per´ıodos ao n´ıvel de signi-ficˆancia 5% (0.1%). . . 56

4.4 Estimativas (m´edia ± desvio padr˜ao) de v´arios parˆametros para os inter-valos QT dos 4 per´ıodos em estudo (P1,P2.P3 e P4) para os 23 registos.

. . . 65

4.5 Compara¸c˜ao dos 4 per´ıodos (P1, P2, P3, P4), referentes aos 23 estudantes para os intervalos QT, atrav´es do teste n˜ao param´etrico de Friedman com compara¸c˜oes m´ultiplas. Apresenta-se o n´ıvel de significˆancia do teste e o s´ımbolo X (X X) indica a presen¸ca de diferen¸cas estat´ısticas entre os per´ıodos ao n´ıvel de significˆancia 5% (0.1%). . . 66

4.6 Dados relativamente `a rela¸c˜ao QT/RR para os diversos Per´ıodos para o indiv´ıduo VJ04, foi usado o coeficiente de correla¸c˜ao de Spearman r para avaliar a correla¸c˜ao. . . 70

(16)

registos da base de dados (de intervalos RR e QT ), considerando os seguin-tes per´ıodos: Per´ıodo total (aproximadamente 160 minutos) e per´ıodos P1, P2, P3 e P4. Apresenta-se o p − value da correla¸c˜ao entre os intervalos

RR e QT. . . 72

(17)

´

Indice de figuras

1.1 Exemplo de Eletrocardiograma retirado pelo VitalJacketr. . . . 3 2.1 Posi¸c˜oes dos v´arios el´etrodos para monitoriza¸c˜ao de ECG. Imagem

retirada de Francis(2016). . . 14 3.1 Histograma das dura¸c˜oes dos intervalos RR. Imagem retirada de (ESC/NASPE

Task Force , 1996). . . 28 4.1 Dete¸c˜ao da posi¸c˜ao temporal das amostras referentes ao complexo

QRS: onset da onda Q a verde, pico da onda R a preto e offset da onda Q a vermelho. . . 42

4.2 Detec¸c˜ao da posi¸c˜ao temporal da onda T: onset da onda T (verde), centro da onda T (preto) e offset da onda T (vermelho). . . 43

4.3 S´erie de intervalos RR a) antes da corre¸c˜ao de batimentos ect´opicos, b)intervalos RR com a corre¸c˜ao de batimentos ect´opicos, c) s´erie de intervalos RR (azul) vs s´erie de de intervalos RR com corre¸c˜ao de batimentos ect´opicos (vermelho). Dados referentes ao individuo VJ02. 44

4.4 Intervalos QT de acordo com as 4 deriva¸c˜oes retiradas do VitalJacket e de acordo com os crit´erios aplicados. . . 46

4.5 S´erie de intervalos RR (azul) versus s´erie de intervalos QT (vermelho) do sujeito VJ04, com a representa¸c˜ao dos quatro per´ıodos em estudo (P1, P2, P3 e P4). . . 47

(18)

ordem p do modelo AR para o total de segmentos de 10 minutos da amostra em estudo, n. . . 48 4.7 Tacograma referente ao registo do indiv´ıduo VJ04 e o seguimento ao

longo do tempo dos respetivos parˆametros no dom´ınio do tempo para os Per´ıodos 1 (cinza claro), 2(vermelho), 3 (cinza escuro) e 4 (preto). 49 4.8 Tacograma referente ao registo do indiv´ıduo VJ04 e seguimento ao

longo do tempo dos respetivos parˆametros frequˆenciais LF e HF ob-tidos pela modela¸c˜ao AR para os Per´ıodos 1,2,3 e 4. . . 50 4.9 Tacograma referente ao registo do indiv´ıduo VJ04 e seguimento ao

longo do tempo dos respetivos parˆametros frequˆenciais LF, HF e mem´oria longa d, obtidos pela modela¸c˜ao ARFIMA para os Per´ıodos 1,2,3 e 4. . . 51 4.10 Tacograma referente ao registo de um indiv´ıduo VJ04 e aos respetivos

parˆametros αLF, αHF do modelo DFA e ApEn referente `a entropia

aproximada para os Per´ıodos 1, 2, 3 e 4. . . 52 4.11 Diagramas de caixa dos v´arios parˆametros analisados para a amostra

em estudo, N=23, para os 4 per´ıodos. . . 53 4.12 a)Diagrama de caixas referente `a ordem optima do Modelo AR, p,

calculada automaticamente para os sujeitos em estudo, b) histograma para a ordem p do modelo AR para todos os segmentos de 10 minutos da amostra em estudo. . . 58 4.13 a) Segmento de intervalos QT do Per´ıodo 2 , b) fun¸c˜ao de

autocor-rela¸c˜ao do segmento representado em a). . . 59 4.14 S´erie de intervalos de tempo QT em a). Seguimento ao longo do

tempo de parˆametros corrrespondentes `as metodologias no dom´ınio do tempo: m´edia QT em b) e desvio padr˜ao QT em c). . . 60 4.15 S´erie de intervalos QT referente ao sujeito VJ04 em a) e seguimento

dos parˆametros obtidos pela modela¸c˜ao AR: componente LFAR em

b) e HFAR em c). . . 61

(19)

4.16 S´erie de intervalos QT referente ao sujeito VJ04 em a). Seguimento ao longo do tempo dos parˆametros obtidos pela modela¸c˜ao ARFIMA. Marca¸c˜ao dos v´arios per´ıodos em estudo: P1 (cinza claro), P2 (ver-melho), P3 (cinza escuro), P4 (preto). . . 62 4.17 Tacogramas do sujeito VJ04 referentes aos parˆametros b)αLF , c)αHF

e d)ApEn. . . 63 4.18 Diagrama de caixas dos parˆametros em estudo da amostra N=23 de

estudantes para os valores dos intervalos QT . . . 64 4.19 Rela¸c˜ao entre os intervalos QT/RR referente ao sujeito VJ04: a) para

o registo completo do sujeito VJ04 de aproximadamente 160 minutos, b) Per´ıodo 1, c) Per´ıodo 2, d) Per´ıodo 3, e) Per´ıodo 4.. . . 69 4.20 Diagrama de caixas dos valores do coeficiente de correla¸c˜ao de

Spear-man, r, referentes aos seguintes per´ıodos: per´ıodo total (160 minutos), P1, P2, P3 e P4, para os 23 registos da base de dados em estudo. . . 71 4.21 Diagrama de caixas do segmento total e per´ıodos dos a) declives da

regress˜ao linear entre os intervalos QT e RR e do coeficiente r2 em b). 72

(20)
(21)

Abreviaturas, Nota¸

ao e Unidades

Lista de Abreviaturas

Sigla Expans˜ao

ECG Eletrocardiograma

VFC Variabilidade da frequˆencia card´ıaca

FC Frequˆencia card´ıaca

CRH Fator secretor de corticotropina

MCL Modified chest leads

PSD Densidade espectral de potˆencia FFT Transformada r´apida de Fourier

SNA Sistema nervoso aut´onomo

LF Baixa frequˆencia

HF Alta frequˆencia

ARFIMA Modelos autoregressivos de m´edias m´oveis integrados fracio-nariamente

DFA Detrended fluctuation analysis

AR Modelos autoregressivos

MeanRR M´edia dos intervalos RR MeanQT M´edia dos intervalos QT

STD Desvio padr˜ao

STDRR Desvio padr˜ao dos intervalos RR

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SDNN Desvio padr˜ao de todos intervalos RR

RMSSD Raiz quadrada da m´edia da soma dos quadrados das dife-ren¸cas entre intervalos RR adjacentes em ms

pNN50 Propor¸c˜ao de diferen¸cas de intervalos RR sucessivos maiores que 50 ms

ApEn Entropia aproximada

Nota¸

ao e Unidades

Abreviatura Significado(s)

ms milisegundos

cm Cent´ımetros

d Parˆametro de mem´oria longa

fx(ω) Fun¸c˜ao de densidade espectral

fSM(ω) Fun¸c˜ao de densidade espectral de um processo AR-FIMA(p,0,q)

N Dimens˜ao do registo

x(t) Processo estoc´astico discreto no tempo ρ(κ) Fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao

ρ(.) Fun¸c˜ao gama

Ψ Matriz da wavelet base

(23)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

O estudo de sinais biol´ogicos, em particular os sinais de eletrocardiograma (ECG) tem vindo a mostrar aplica¸c˜oes transversais na ´area da Medicina. Dada a conex˜ao do ECG com o sistema nervoso aut´onomo ´e poss´ıvel aceder a informa¸c˜oes que de outro modo seriam inacess´ıveis.

Os m´etodos lineares da an´alise de sinais temporais transp˜oem muita informa¸c˜ao, contudo com o uso de metodologias n˜ao lineares ´e poss´ıvel aceder a componentes presentes em sinais com melhor detalhe fisiol´ogico.

O stress psicol´ogico nos estudantes de ensino superior ´e uma tem´atica de revelo social. Discriminar o stress em diferentes momentos em vari´aveis fisiol´ogicas pode impulsionar uma melhor compreens˜ao desta tem´atica com aplica¸c˜oes futuras.

1.1

Motiva¸

ao e objetivos

O stress psicol´ogico ´e abundantemente tema de preocupa¸c˜ao no seio acad´emico por parte dos alunos do ensino superior, apresentando assim relevo social ser alvo de estudo por v´arias aproxima¸c˜oes. Uma porta de acesso aos n´ıveis de stress reside na Variabilidade da Frequˆencia Card´ıaca (VFC) e no acesso a parˆametros que caracte-rizam o Sistema Nervoso Aut´onomo (SNA).

(24)

Com a ajuda de dispositivos wearable de recolha de sinal, este trabalho cont´em dados de sinal ECG de 23 estudantes pertencentes ao primeiro ano de ensino superior na realiza¸c˜ao de uma prova oral p´ublica.

O estudo levado a cabo tem um cariz comparativo onde os intervalos RR e QT obtidos atrav´es do sinal de ECG s˜ao submetidos a algumas metodologias lineares e n˜ao lineares sendo poss´ıvel comparar os v´arios momentos da prova oral.

´

E fortuita a obten¸c˜ao de parˆametros que caraterizam os intervalos RR e QT sendo assim poss´ıvel comparar os parˆametros para os dois intervalos com a influˆencia de agentes de stress.

Um contributo para o estudo do stress ´e a estima¸c˜ao espetral, oferendo assim in-forma¸c˜ao acerca da atividade do sistema nervoso parasimp´atico e sistema nervoso simp´atico (Pagani et al., 1984).

Os intervalos QT possuem uma componente afetada pela Frequˆencia Card´ıaca (FC). Contudo, existem estudos que indicam que o SNA pode ter influˆencia direta na dura¸c˜ao da repolariza¸c˜ao ventricular sendo assim poss´ıvel os intervalos QT inferirem acerca da atividade do SNA (Magnano et al., 2002).

Os principais objetivos desta disserta¸c˜ao s˜ao :

• Recolha de sinal de ECG em estudantes sujeitos a situa¸c˜oes de stress.

• Medi¸c˜ao dos intervalos RR e QT do sinal de ECG.

• Carateriza¸c˜ao dos intervalos RR e QT, considerando metodologias lineares e n˜ao lineares.

(25)

1.2. SINAL ECG 3

1.2

Sinal ECG

O fluxo sangu´ıneo ´e imprescind´ıvel para as necessidades metab´olicas dos tecidos constituintes do corpo humano. Como tal, este fluxo ´e poss´ıvel gra¸cas ao d´ebito card´ıaco (quantidade de sangue bombeada por minuto) e para que haja um ciclo de relaxamento e de contra¸c˜ao na contratibilidade do mioc´ardio existe uma pan´oplia de fen´omenos eletrofisiol´ogicos inerentes aos tecidos card´ıacos conduzidos desde o SNA.

A an´alise da VFC baseia-se no estudo da atividade do n´o sinoatrial como fonte de im-pulsos repetitivos que geram batimentos card´ıacos normais. A atividade normal do n´o sinoatrial ´e assumida como sendo regulada, entre outros, pelo sistema aut´onomo simp´atico e parassimp´atico. Al´em do nodo sinoatrial, existem outros marcapassos latentes no cora¸c˜ao, todavia o per´ıodo refrat´ario das c´elulas do mioc´ardio rejeita qualquer outro impulso que n˜ao tenha origem no nodo sinoatrial (Mateo e Laguna,

2003). 1.5 2 2.5 3 3.5 Tempo(s) 3.2 3.4 3.6 3.8 4 4.2 4.4 4.6 4.8 Amplitude(mV) Q QT RR R T S P

(26)

O ECG (figura 1.1) capta a atividade el´etrica durante um per´ıodo de tempo re-correndo a el´etrodos, geralmente a sua representa¸c˜ao consiste em uma sequˆencia de ondas redondantes/peri´odicas de ondas P, Q, R, S e T, associadas a cada batimento. A primeira deflex˜ao denomina-se onda P, deve-se `a despolariza¸c˜ao atrial, a despo-lariza¸c˜ao dos ventr´ıculos ´e respons´avel pelo complexo QRS, este ´e o complexo com maior amplitude. Por fim ´e vis´ıvel a ´ultima deflex˜ao, a onda T, correspondendo esta `

a repolariza¸c˜ao ventricular do cora¸c˜ao (Hegde et al.,2011).

Alguns intervalos de tempo entre estruturas presentes no ECG s˜ao medidos, no-meadamente os intervalos RR e QT. A s´erie temporal de intervalos RR ´e definida como o conjunto das distˆancias de duas ondas R sucessivas de todo o registo. A sua dura¸c˜ao reflete a FC sendo assim poss´ıvel aceder `a VFC. Os intervalos QT s˜ao obtidos pela diferen¸ca entre o fim da onda T e o in´ıcio do complexo QRS. Este intervalo representa a dura¸c˜ao da despolariza¸c˜ao e repolariza¸c˜ao ventricular.

1.3

Situa¸

oes de stress

O estudo do stress torna-se necess´ario atualmente devido ao impacto que provoca no bem-estar do indiv´ıduo, sendo j´a relatado em v´arias obras, tais como Kendler et al. (1999) em que eventos de stress podem estar na origem de depress˜ao.

Quando um indiv´ıduo ´e exposto a uma situa¸c˜ao de stress ativa o sistema nervoso simp´atico resultando em secre¸c˜ao de hormonas tais como a norepinefrina e epine-frina levando ´a vasoconstri¸c˜ao dos vasos sangu´ıneos aumentando a press˜ao sangu´ınea provocando altera¸c˜oes na VFC e no ritmo card´ıaco (Taelman et al., 2009).

O stress ´e atualmente apontado como um fator de risco card´ıaco, associando-se so-bretudo a epis´odios em indiv´ıduos com aterosclerose, sendo a modela¸c˜ao da resposta fisiol´ogica ao stress apontada em parte `a atividade do sistema nervoso simp´atico (Steptoe e Kivim¨aki, 2012). E tamb´´ em conhecido um s´ındrome coron´ario com liga¸c˜oes aos n´ıveis de stress em que h´a hiperatividade do sistema simp´atico, deno-minado de cardiomiopatia de Takotsubo, este apresenta uma acrescida dificuldade

(27)

1.3. SITUAC¸ ˜OES DE STRESS 5

para os cl´ınicos devido `as semelhan¸cas com o enfarte do mioc´ardio com eleva¸c˜ao do segmento ST (Kazakauskaite`e et al., 2014).

Dimsdale(2008) levou a cabo um estudo em que eram discutidos os efeitos de alguns agentes percussores de stress no mioc´ardio humano, estes agentes de stress eram caraterizados como agudos ou cr´onicos.Como exemplos de agentes de stress agudos s˜ao apontados desastres naturais tais como terramotos, neste caso ´e percet´ıvel o risco cardiovascular nos momentos consequentes ao desastre. Kario et al. (1997) demonstraram algumas diferen¸cas a n´ıvel hemost´atico ap´os um terramoto no Jap˜ao com 7.2 numa escala de Richter, a press˜ao sangu´ınea diast´olica e sist´olica estava com n´ıveis significativamente elevados, o hemat´ocrito estava com n´ıveis elevados, contudo n˜ao foram detetadas diferen¸cas ao n´ıvel da frequˆencia card´ıaca.

Os agentes de stress cr´onicos s˜ao comuns no quotidiano do indiv´ıduo, s˜ao persistentes no tempo e podem variar entre problemas no relacionamento e stress no trabalho.

Dimsdale (2008) usa como exemplo o cerco de Leningrado, onde durante o cerco era vis´ıvel o aumento da press˜ao sangu´ınea. Atualmente segundo o mesmo ainda ´e not´avel esse mesmo sintoma com valores de mortalidade elevados devido a causas cardiovasculares.

Ranabir e Reetu(2011) refere que a presen¸ca de stress cria uma resposta a nivel hor-monal, onde h´a varia¸c˜ao do n´ıvel de v´arias hormonas. A hormona cortisol ´e secretada na presen¸ca de um est´ımulo de stress pelo cortex supra-renal sendo a sua secre¸c˜ao modulada pelo hipot´alamo atrav´es do factor secretor de corticotropina (CRH) que posteriormente na hip´ofise induz produ¸c˜ao da hormona adrenocorticotr´ofica. Outras hormonas diferem a sua concentra¸c˜ao na presen¸ca de stress, como a vasopressina, produzida no hipot´alamo, capaz de estimular a produ¸c˜ao da hormona adrenocorti-cotr´ofica na hip´ofise. A insulina diminui a sua concentra¸c˜ao em condi¸c˜oes de stress, os n´ıveis das hormonas da tir´oide e de gonadotropinas diminuem em condi¸c˜oes de stress psicol´ogico (Ranabir e Reetu, 2011) .

O impacto dos agentes de stress em alunos ´e uma ´area com grande relevˆancia ci-ent´ıfica, estes podem ser de origem intrapessoal, interpessoal, acad´emica e ambiental.

(28)

Algumas das fontes de stress mais frequentes s˜ao a mudan¸ca de h´abitos de sono, f´erias ou tempos livres, mudan¸cas de alimenta¸c˜ao, carga de trabalho/estudo em excesso e novas responsabilidades (Ross et al., 1999).

Segundo Zurilla e Sheedy (1991) existem alguns grupos no seio acad´emico mais vulner´aveis a agentes de stress, tal como os alunos que ingressam pela primeira vez ao ensino superior. A transi¸c˜ao abrupta onde pela primeira vez o aluno fica deslocado da sua terra natal, as novas exigˆencias acad´emicas e o novo contexto social tˆem um papel preponderante no que toca a situa¸c˜oes de stress.

Ross et al.(1999) num estudo realizado a uma amostra de cerca de 100 alunos , 38% da amostra aponta fatores intrapessoais como fonte de stress, 28% aponta como fonte de stress o ambiente onde se enquadra, 15% prov´em de fontes de stress acad´emicas, e 19% fontes de stress interpessoais. No referido estudo ´e poss´ıvel distinguir que segundo a metodologia de an´alise da amostra que mudan¸cas na alimenta¸c˜ao, mu-dan¸cas de h´abitos de sono, dificuldades financeiras, discursos p´ublicos, mudan¸cas de actividades sociais, novas responsabilidades, expectativas acad´emicas, rela¸c˜oes amorosas, f´erias ou tempos livres, ´alcool e drogas s˜ao vari´aveis de stress com grande impacto na amostra em estudo.

Um modo de aceder `a VFC causada por stress cr´onico psicol´ogico consiste na me-dida de indicadores de VFC em eventos e incidentes de menor gravidade como por exemplo uma argumenta¸c˜ao entre amigos (Moss e Andrasik, 1973).

De acordo com Geus et al. (1990), sujeitos saud´aveis quando expostos a situa¸c˜oes de stress agudo ´e poss´ıvel verificar o aumento da frequˆencia card´ıaca e a diminui¸c˜ao do valor do desvio padr˜ao dos intervalos RR (STDRR), enquanto que indiv´ıduos com stress cr´onico apresentam valores de frequˆencia card´ıaca mais baixos. Taelman et al.(2009) indica que os valores m´edios da s´erie temporal RR apresentam diferen¸cas estatisticamente significativas entre per´ıodos de descanso e de esfor¸co mental onde no segundo caso ´e usado o teste mensa como agente de stress.

(29)

1.3. SITUAC¸ ˜OES DE STRESS 7

`

a Transformada de Fourier ´e poss´ıvel aceder `a atividade nervosa card´ıaca paras-simp´atica, atrav´es dos valores das altas frequˆencias (HF) entre os valores de 0.15−0.4 Hz, tanto como a atividade do sistema nervoso simp´atico atrav´es dos valores das baixas frequˆencias (LF) que s˜ao compreendidos entre 0.04 − 0.15 Hz e rela¸c˜ao entre o sistema nervoso simp´atico e o sistema nervoso parassimp´atico atrav´es da raz˜ao LF/HF (Pagani et al., 1984).

Schubert et al. (2009) demonstram que a amostra sob situa¸c˜oes de stress agudo o STDRR e os valores de LF e HF diminuem, por outro lado a raz˜ao LF/HF mantˆ em-se inalterada. Sendo que em-segundo as tipologias n˜ao lineares o referido estudo aponta para um aumento da frequˆencia card´ıaca e dos valores de LF quando os sujeitos em estudo s˜ao submetidos a situa¸c˜oes de stress agudo, apresentando discrepˆancias entre as an´alises segundo m´etodos lineares e n˜ao lineares.

Bernardi et al. (2000) apresentam um estudo para casos em que existe sinergismo entre o ato de fala em situa¸c˜oes de stress e a frequˆencia respirat´oria, com implicˆancias nos valores de LF, diminui¸c˜ao da m´edia da s´erie temporal RR e aumento dos valores de STDRR.

Os intervalos QT inferem sobre a dura¸c˜ao de despolariza¸c˜ao e repolariza¸c˜ao ventri-cular, este intervalo de tempo toma valores inferiores com uma FC elevada e valores superiores com a diminui¸c˜ao da FC. Os intervalos QT podem ser ajustados `a FC com implementa¸c˜oes como a Formula de Bazzet (Bazett, 1920), sendo o valor do intervalo QT dividido pela raiz quadrada dos intervalos RR. Contudo, este m´etodo falha na estima¸c˜ao para frequˆencias card´ıacas muito altas ou muito baixas.

Alguns factores tˆem um papel ativo na variabilidade da s´erie de intervalos QT, como o g´enero,Hasan et al. (2012) sugerem que haja uma maior variˆancia nestes valores em mulheres em algumas deriva¸c˜oes de ECG. A idade ´e outro fator na variabilidade dos intervalos QT, alguns estudos como os conduzidos por Yeragani et al. (2000) onde foi descrita uma diminui¸c˜ao nos valores da variˆancia do intervalo QT com o aumento da idade.

(30)

aumentam a variabilidade do intervalo QT (Pohl et al., 2003). Por fim o ritmo circadiano tamb´em exibe alguma influˆencia na variabilidade do intervalo QT, sendo a variabilidade do intervalo QT menor durante a noite em rela¸c˜ao ao per´ıodo diurno (Kostis e Belina, 2000).

Khandoker et al. (2016) indica que o declive da regress˜ao entre os intervalos RR e QT quantificam a liga¸c˜ao entre a repolariza¸c˜ao ventricular e o SNA. Adicionalmente, (Khandoker et al., 2016) associa a baixa variabilidade dos intervalos QT e declive da rela¸c˜ao QT /RR a pacientes com dist´urbios depressivos que apresentam inten¸c˜oes de suic´ıdio.

Um estudo piloto foi levado a cabo porPaiva et al.(2016) com o prop´osito de analisar mudan¸cas em intervalos de ECG tais como o intervalo ST, QT e RR devido ao stress agudo em bombeiros durante o combate aos fogos. No entanto, n˜ao foram descritas varia¸c˜oes significativas nos intervalos RR devido a condi¸c˜oes de stress agudo. O estudo indica tamb´em que intervalos QT prolongados podem dever-se a eventos de stress emocional.

O estado do SNA afeta n˜ao s´o o nodo sinoatrial mas tamb´em a enerva¸c˜ao ventricular, deste modo mudan¸cas no SNA despoletam altera¸c˜oes nos ventr´ıculos, modelando as-sim a dura¸c˜ao da repolariza¸c˜ao card´ıaca. A estimula¸c˜ao beta-adren´ergica provocada por isoproterenol ´e verificado o encurtamento dos intervalos QT, sendo algumas al-tera¸c˜oes por estimula¸c˜ao dos intervalos QT independentes da FC (Magnano et al.,

2002).

Baumert et al. (2011) relaciona a variabilidade dos intervalos QT com SNA onde indica que os valores m´edios deste intervalo s˜ao modulados pelo SNA e um aumento da variabilidade dos intervalos QT estar˜ao relacionados com per´ıodos de maior ati-vidade do sistema nervoso simp´atico.

Bhide et al. (2016) estuda o efeito de stress agudo em compara¸c˜ao com uma fase relaxada com v´arios intervalos de tempo entre os quais o intervalos QT. Segundo o referido estudo, a m´edia dos intervalos QT durante uma fase de stress agudo ´e superior `a m´edia destes intervalos numa fase relaxada. O referido estudo aponta

(31)

1.4. ORGANIZAC¸ ˜AO DA DISSERTAC¸ ˜AO 9

ainda um aumento para a atividade simp´atica na atividade el´etrica do cora¸c˜ao, sendo que esta atividade poder´a levar a problemas de mioc´ardio tal como disfun¸c˜ao contratil do ventr´ıculo esquerdo e disturbios no ritmo cardiaco.

Melillo et al.(2011) estudou as varia¸c˜oes da VFC segundo m´etodos n˜ao lineares num determinado evento do quotidiano de estudantes. Neste estudo ´e feita a compara¸c˜ao entre um dia em que uma amostra de 42 alunos leva a cabo o exame para uma unidade curricular, sendo este o agente de stress e um dia ap´os as f´erias. Neste estudo foram evidˆenciadas diferen¸cas significativas em quase todas os m´etodos n˜ao lineares usados.

O discurso p´ublico por vezes determina que o orador sofra influˆencia de stress, dado que, os dados fisiol´ogicos apresentam uma solu¸c˜ao vi´avel para uma poss´ıvel identi-fica¸c˜ao e estudo do stress psicol´ogico. Aguiar et al.(2013) demonstram uma alterna-tiva neste sentido, usando dados fisiol´ogicos como intervalos RR e dados psicol´ogicos de modo a tecer um elo entre este dois tipos de dados e interpretar varia¸c˜oes causa-das pelo stress num discurso p´ublico. Este estudo apresenta diferen¸cas significativas em alguns parˆametros da VFC, sobretudo na raz˜ao LF/HF, na frequˆencia card´ıaca com este ´ultimo parˆametro a sofrer um aumento no caso da presen¸ca do agente de stress.

1.4

Organiza¸

ao da disserta¸

ao

Na presente disserta¸c˜ao ´e efetuada uma an´alise comparativa de dados biol´ogicos numa prova oral p´ublica em estudantes que ingressam pela primeira vez no ensino superior.

No Cap´ıtulo 2 ´e fornecida informa¸c˜ao relevante para o trabalho pr´atico e ´e abordada a aquisi¸c˜ao de sinal de ECG. Uma vez que foi feita a recolha de sinal permite enri-quecer o trabalho com conhecimento acerca de quais as normas, vantagens e estado da arte do mesmo. Neste Cap´ıtulo ´e tamb´em abordada a tem´atica da interferˆencia de sinal que est´a sempre subjacente a qualquer recolha de sinal.

(32)

No ˆamb´ıto de um est´agio internacional na Universidade de Zaragoza no Centro de Investigac´ıon Biom´edica de Arag´on (CIBA) com o grupo de investiga¸c˜ao Biomedi-cal Signal Interpretation and Computational Simulation (BSICoS) ao qual ingressei pude ganhar conhecimentos em termos bibliogr´aficos e pr´aticos sobre dois pontos fulcrais para este trabalho descritos no Cap´ıtulo 2, a dete¸c˜ao e delinea¸c˜ao de ondas e o tratamento de batimentos ect´opicos.

O Cap´ıtulo 3 introduz os dados rocolhidos para o estudo e traz m´etodos de an´alise de s´eries temporais. Inicialmente descreve metodologias tradicionais no dom´ınio do tempo e das frequˆencias, descreve a modela¸c˜ao ARFIMA com a remo¸c˜ao da mem´oria longa de s´eries temporais, referindo por ´ultimo metodologias n˜ao lineares, a meto-dologia Detrented Flutuation Analisys (DFA) indicando os expoentes de escala para as baixas e altas frequˆencias e por fim ´e tratada a medida de entropia aproximada, ApEn, inferindo acerca da regularidade ou complexidade de um sistema.

Com as metodologias descritas s˜ao apresentados no Cap´ıtulo 4 os resultados obtidos pela aquisi¸c˜ao de sinal e aplica¸c˜ao das metodologias descritas no Capitulo 3 e com as respetivas compara¸c˜oes de parˆametros referentes aos intervalos QT e RR.

O Cap´ıtulo 5 tece as considera¸c˜oes finais referentes `a disserta¸c˜ao com a an´alise global do tema, metodologias utilizadas, pontos fortes, lacunas e trabalho futuro.

(33)

Cap´ıtulo 2

Aquisi¸

ao e pr´

e-processamento do

sinal

Para obter informa¸c˜oes acerca do comportamento do stress psicol´ogico atrav´es de sinais fisiol´ogicos como o ECG ´e necess´ario captar o sinal. Para tal existem v´arias solu¸c˜oes de acordo com o objetivo da aquisi¸c˜ao de sinal, uma das solu¸c˜oes ´e o dispositivo VitalJacketr.

A an´alise de dados requere ter em considera¸c˜ao as v´arias fontes de altera¸c˜oes do sinal, para tal ´e necess´ario conhecer as fontes de poss´ıveis interfˆencias, que s˜ao tratadas neste Cap´ıtulo.

Neste Cap´ıtulo ´e tamb´em abordada a dete¸c˜ao e delinea¸c˜ao de ondas de interesse no sinal de ECG para posterior an´alise de intervalos de tempo RR e intervalos de tempo QT.

2.1

Aquisi¸

ao de sinal de ECG

A atividade el´etrica do cora¸c˜ao pode ser captada na superf´ıcie da pele gra¸cas `a sua magnitude, sendo deste modo poss´ıvel captar potenciais biol´ogicos da atividade card´ıaca. Para a tradu¸c˜ao de correntes i´onicas geradas nesta atividade biol´ogica em

(34)

correntes el´etricas para posterior grava¸c˜ao de dados ´e necess´ario uma interface tal como os el´etrodos que atuam como transdutores para a posterior amplifica¸c˜ao do sinal de ECG. Para a tradu¸c˜ao ser efetuada os el´etrodos s˜ao colocados na pele com um gel eletrol´ıtico, a corrente el´etrica ´e criada atrav´es de uma rea¸c˜ao qu´ımica entre o eletr´olito e o el´etrodo (Ng e Goldberger,2014).

Ng e Goldberger(2014) divide os el´etrodos em duas classifica¸c˜oes: polariz´aveis e n˜ao polariz´aveis. Os polariz´aveis apresentam um comportamento semelhante ao de um condensador, ao qual a corrente carrega o el´etrodo deixando este polarizado, sendo esta corrente nomeada de corrente capacitiva. Os el´etrodos n˜ao polariz´aveis n˜ao alteram o seu potencial de equil´ıbrio mesmo que sejam submetidos a uma grande corrente. Deste modo segundo o autor, os el´etrodos polariz´aveis s˜ao mais adequados para grava¸c˜ao enquanto que os el´etrodos n˜ao polariz´aveis ser˜ao mais adequados para estimula¸c˜ao.

Apesar do uso de el´etrodos convencionais ser uma mais valia para a captura da ativa¸c˜ao e repolariza¸c˜ao do cora¸c˜ao, Taji et al. (2014) apontam algumas lacunas, tal como a irrita¸c˜ao cutˆanea devido ao contacto com a pele, os dados podem ser adulterados devido ao sistema nervoso do utilizador em caso deste n˜ao se sentir confort´avel com os el´etrodos, e por fim estes el´etrodos tˆem um tempo limitado de captura de sinal com qualidade. Deste modo, (Taji et al., 2014) examinam o impacto na medi¸c˜ao do ECG de uma pan´oplia de el´etrodos convencionais e apresenta el´etrodos tˆexteis como uma escolha de modo a minimizar impedˆancia entre o el´etrodo e a pele atrav´es da aplica¸c˜ao de press˜ao na zona aumentando a ´area de contacto.

No que toca `a captura de sinal dos intervalos QT segundo Davey (2000) dever´a ser feita atrav´es da deriva¸c˜ao V3 ou deriva¸c˜ao II, com a deriva¸c˜ao V3 segundo o referido autor cont´em uma melhor marca¸c˜ao da onda T e traz mais informa¸c˜ao de todo o ECG atrav´es de v´arias deriva¸c˜oes de ECG e ap´os a dete¸c˜ao de ondas ´e poss´ıvel aplicar crit´erios de escolha de valores referentes `as v´arias deriva¸c˜oes tendo em conta a natureza fisiol´ogica do sinal de ECG em determinados intervalos como ´

(35)

2.1. AQUISIC¸ ˜AO DE SINAL DE ECG 13

A literatura no que concerne `a aquisi¸c˜ao de sinal de ECG ´e vasta. SegundoESC/NASPE Task Force (1996) o sinal de ECG amostrado a 100Hz pode ser suficiente para a an´alise da VFC. Bailey et al. (1990) afirma que um filtro passa-alto de 0.5 Hz dis-torce os sinais de ECG, particularizando que no caso das ondas T e segmentos ST esta distor¸c˜ao ´e mais vis´ıvel no caso da frequˆencia superior admiss´ıvel admite uma padroniza¸c˜ao de 100 Hz mas com entrave de poder ser perdida informa¸c˜ao nas altas frequˆencias nesse caso teoriza um valor de corte de 500 Hz.

No que diz respeito aos m´etodos a aplicar `as s´eries temporais, ESC/NASPE Task Force (1996) refere que os m´etodos no dom´ınio da frequˆencia s˜ao mais eficientes quando se trata de um registo curto, sendo os m´etodos no dom´ınio temporal melhores para a an´alise de registos mais longos. Salienta tamb´em que a dura¸c˜ao do registo dever´a ser pelo menos dez vezes superior ao cumprimento de onda do limiar da menor frequˆencia, garantindo nestas condi¸c˜oes a estabilidade do sinal.

Em determinadas an´alises `a variabilidade de intervalos de tempo como ´e o caso do intervalo de tempo QT, h´a algumas preocupa¸c˜oes a ter, tais como, a taxa de amostragem. Em casos da taxa de amostragem ser inferior a 500 Hz, ´e poss´ıvel observar o aumento dos valores da variabilidade deste intervalo (Baumert et al.,

2016).

Seguidamente, apresentam-se algumas configura¸c˜oes de eletrodos para a aquisi¸c˜ao de sinais de ECG, correntemente referidas na literatura (Ng e Goldberger, 2014), (Mason e Likar, 1966).

Configura¸c˜ao de 12 deriva¸c˜oes

A configura¸c˜ao de 12 el´etrodos superficiais ´e uma das mais usadas, onde estes s˜ao colocados locais padronizados. Estes el´etrodos s˜ao caracterizados de acordo com a zona onde s˜ao colocados, el´etrodos perif´ericos, el´etrodos para deriva¸c˜oes posteriores e el´etrodos precordiais. Os el´etrodos perif´ericos colocados nos membros fornecem as deriva¸c˜oes bipolares com a nomenclatura de I,II e III. Os el´etrodos para deriva¸c˜oes posteriores(aVL, aVR e aVF ) s˜ao unipolares uma vez que o el´etrodo positivo ´e reti-rado atrav´es da combina¸c˜ao de outros el´etrodos. Os el´etrodos precordiais consistem

(36)

nas deriva¸c˜oes V1, V2, V3, V4, V5 e V6 (Figura 2.1) sendo estas deriva¸c˜oes uni-polares uma vez que usam um ponto de referˆencia denominado de terminal central de Wilson´s. Como este ponto ´e a m´edia dos potenciais dos el´etrodos dos membros superiores e perna esquerda, os el´etrodos positivos das deriva¸c˜oes precordiais s˜ao colocados ao longo da zona peitoral sendo os el´etrodos V1, V2,V3 respons´aveis pela dete¸c˜ao da propaga¸c˜ao do sinal nas dire¸c˜oes anteriores e posteriores e os el´etrodos V4, V5 e V6 usados para a detec˜ao da propaga¸c˜ao do sinal nas dire¸c˜oes laterais (Ng e Goldberger, 2014).

Figura 2.1 – Posi¸c˜oes dos v´arios el´etrodos para monitoriza¸c˜ao de ECG. Imagem retirada de

Francis (2016).

Configura¸c˜ao de el´etrodos Mason-Likar

A configura¸c˜ao de Mason-Likar consiste na modifica¸c˜ao dos 12 el´etrodos conven-cionais com vasta utiliza¸c˜ao sobretudo em provas de esfor¸co. Nesta configura¸c˜ao as posi¸c˜oes convencionais do peito mantˆem-se, contudo os el´etrodos dos membros s˜ao transpostos para o tronco com o prop´osito de reduzir artefactos de movimento (Mason e Likar, 1966). Os el´etrodos dos membros superiores s˜ao posicionados na

(37)

2.2. RU´IDO E MUDANC¸ AS MORFOL ´OGICAS 15

fossa intraclavicular, medial ao musculo delt´oide e 2 cm abaixo da clav´ıcula. Os el´etrodos dos membros inferiores s˜ao posicionados na linha axilar anterior entre a margem costal e a crista il´ıaca. O el´etrodo RL serve como el´etrodo terra.

Configura¸c˜ao de 5 el´etrodos

A monitoriza¸c˜ao de cinco el´etrodos ´e correntemente usada nos cuidados intensivos. Esta configura¸c˜ao tem quatro el´etrodos posicionados no tronco correspondendo aos membros, o el´etrodo correspondente ao membro direito inferior ´e o el´etrodo terra e o quinto el´etrodo est´a posicionado numa das posi¸c˜oes padr˜ao do peito com um bom posicionamento para a monitoriza¸c˜ao de arr´ıtmia. Este sistema de cinco el´etrodos tem como vantagem a dete¸c˜ao de anomalias r´ıtmicas e anormalidades no segmento ST (Drew et al., 2004).

Modified Chest Leads (MCL)

Geralmente para monitoriza¸c˜oes em ambulat´orio h´a a preferˆencia de configura¸c˜oes com um n´umero reduzido de el´etrodos. Nesta abordagem para a aquisi¸c˜ao de sinal de ECG s˜ao geralmente utilizados trˆes el´etrodos ou cinco el´etrodos, numa configura¸c˜ao de trˆes el´etrodos h´a a configura¸c˜ao destes para obter as deriva¸c˜oes I,II ou III equi-valentes `a configura¸c˜ao de Mason-Likar atrav´es dos 3 el´etrodos correspondendo ao polo positivo, polo negativo e el´etrodo terra. No caso da abordagem de 5 el´etrodos ´

e poss´ıvel obter as deriva¸c˜oes I, II, III, aVR, aVL e aVF com o posicionamento do el´etrodo V1 no peito.

2.2

Ru´ıdo e mudan¸

cas morfol´

ogicas

O sistema de captura de sinal de ECG pode, por vezes captar diversas interferˆencias diminuindo a qualidade de sinal adquirido pelos el´etrodos. E poss´ıvel distinguir´ ru´ıdo, um tipo de onda que aparenta uma periodicidade e ´e cont´ınua no tempo, de artefactos, que neste caso s˜ao interpretados como interferˆencia momentˆanea ao qual n˜ao ´e poss´ıvel identificar um padr˜ao. Altera¸c˜oes da linha base, est´a associada

(38)

a movimentos corporais, respira¸c˜ao e por vezes mau contacto dos el´etrodos com a pele. Este tipo de interferˆencia tem um espetro frequencial destinto compreendido entre 0.15 e 1 Hz. Por outro lado a amplitude nos picos do ECG podem variar at´e 15% das frequˆencias compreendidas entre 0.15 e 0.3 Hz devido a altera¸c˜oes da linha base associadas `a respira¸c˜ao (Friesen et al., 1990).

A interferˆencia da linha da rede el´etrica ´e causada por acoplamentos indutivos e capacitivos de linhas de energia onipresentes nos circuitos de aquisi¸c˜ao de sinal de ECG. Os componentes de ru´ıdo de frequˆencia mais baixa da interferˆencia da rede el´etrica s˜ao misturados com o conte´udo de frequˆencia do sinal de ECG. Os ru´ıdos estruturados severos podem distorcer as carater´ısticas morfol´ogicas, tais como amplitude, dura¸c˜ao e forma das ondas locais de baixa amplitude do sinal de ECG (Satija et al., 2018).

Os artefatos musculares ou eletromiogr´aficos s˜ao causados pela atividade el´etrica dos m´usculos durante os per´ıodos de contra¸c˜ao ou devido a um movimento repentino do corpo. Em geral, a amplitude de um ru´ıdo eletromiogr´aficos ´e de cerca de 10% da amplitude do ECG com uma largura de banda entre 20 e 1000 Hz (Satija et al.,

2018).

2.3

Dete¸

ao de ondas no ECG

V´arios instrumentos eletr´onicos com fins de diagn´ostico contemplam a dete¸c˜ao e an´alise da frequˆencia card´ıaca, para tal regem-se de m´etodos capazes de identificar propriamente o complexo QRS (Fraden e Newman,1980). Com base na morfologia das ondas presentes no sinal de ECG ´e poss´ıvel proceder `a sua dete¸c˜ao e delinea¸c˜ao, ou seja identificar os picos e in´ıcio e fim de cada onda, adquirindo a posi¸c˜ao temporal de estruturas de interesse para futuras an´alises.

Gustafson et al. (1978) num estudo direcionado para arritmias indica dois pontos fulcrais para a detec¸c˜ao fiel da onda R,primeiro a filtragem de baixas frequˆencias da linha base seguido pela detec¸c˜ao da onda R no sinal limpo sendo poss´ıvel uma

(39)

2.3. DETEC¸ ˜AO DE ONDAS NO ECG 17

melhor medi¸c˜ao da amplitude desta onda.

Friesen et al. (1990) elaboraram um estudo em que compara v´arios algoritmos de dete¸c˜ao do complexo QRS e a sua efic´acia em situa¸c˜oes cujo o sinal tem ru´ıdo asso-ciado. Para tal foi usado um sinal limpo e sobre este foram simuladas v´arias fontes de ru´ıdo tais como a flutua¸c˜ao da linha base devido `a respira¸c˜ao,mudan¸ca abrupta da linha base, interferˆencia associada `a rede el´etrica e interferˆencia eletromiogr´afica. Os autores criaram um conjunto de crit´erios para atribuir uma classifica¸c˜ao a cada algoritmo testado, sendo testados os seguintes algoritmos:

• Algoritmo de detec¸c˜ao atrav´es de crit´erios de selec¸c˜ao;

• Dete¸c˜ao baseada na determina¸c˜ao de parˆametros, sendo estes orientados para o c´alculo de valores de constantes como o caso de multiplicadores e de thresholds;

• Dete¸c˜ao baseada na primeira derivada e na amplitude, onde ´e calculado um valor de threshold para a amplitude como sendo uma fra¸c˜ao do maior valor positivo no vector das amostras pertencentes ao ECG, um poss´ıvel candidato a QRS ocorrer´a quando trˆes pontos consecutivos do vetor das primeiras de-rivadas excederem um threshold positivo e forem sucedidas por dois valores consecutivos do threshold negativo que corresponde `a parte descendente da curva ;

• Algoritmos baseados apenas na primeira derivada, onde s˜ao avaliadas as amos-tras candidatas a valor de QRS de acordo com um threshold para o declive sendo este valor uma fra¸c˜ao do valor m´aximo do declive do conjunto de pri-meiras derivadas;

• M´etodos baseados na primeira e segunda derivada, cujos valores de primeira e segunda derivada do sinal s˜ao calculados e posteriormente s˜ao submetidos a determinados crit´erios e thresholds.

Ap´os a aplica¸c˜ao destes diferentes m´etodos de dete¸c˜ao de QRS,Friesen et al.(1990) constatou que para o caso do ru´ıdo eletromiogr´afico alguns algoritmos de dete¸c˜ao do

(40)

complexo QRS atrav´es da amplitude e primeira derivada ´e capaz de detetar a totali-dade dos complexos QRS sem a presen¸ca de nenhum falso positivo. Adicionalmente, para o caso de ru´ıdo da rede de energia revelou que a grande maioria dos algoritmos usados ´e capaz de detetar todos os complexos tendo apenas um algoritmo baseado na primeira e segunda derivada que gerou falsos positivos com um n´ıvel m´aximo deste ru´ıdo.

Al´em de detectar determinadas ondas tamb´em ´e poss´ıvel delinear o sinal de ECG adquirindo n˜ao s´o os picos mas tamb´em os limites de cada onda no sinal de ECG. Neste contexto v´arios autores mencionam a transformada de Wavelet como um ins-trumento poderoso para este fim, Li et al. (1995) demonstra esta transformada ´e capaz de detectar pontos caracter´ısticos do sinal de ECG distinguindo-os de v´arios artefactos,Deste modo a transformada de Wavelet de um sinal f(x) ´e definida como:

Waf (x) = f (x) ∗ Ψa(x) = 1 a Z ∞ −∞ f (t)Ψ(x − t a )dt, (2.1)

onde a ´e o fator escala, Ψa(x) = 1aΨ(xa) ´e a dilata¸c˜ao de uma wavelet segundo o

fator a e ∗ representa o operador de convuls˜ao.

H´a v´arias familias de wavelets das quais ´e possivel destacar a wavelet de Haar que possui um formato de fun¸c˜ao degrau, a wavelet de Daubechies carateriza-se por ser ortogonal, a wavelet Biortogonal que possui fase linear e duas fun¸c˜oes de escala capazes de gerar an´alises a diferentes resolu¸c˜oes, a wavelet Mexican Hat ´e a derivada de uma fun¸c˜ao que ´e proporcional `a segunda fun¸c˜ao derivada da fun¸c˜ao de densidade de probabilidade gaussiana.

Martinez et al.(2004) apresenta uma ferramenta capaz de delinear o sinal de ECG de uma ´unica deriva¸c˜ao tendo como base a Transformada de Wavelet. Com este tipo de abordagem ´e poss´ıvel gra¸cas ao fator escala a, tornando assim poss´ıvel descernir entre v´arias fontes de interferˆencia no sinal tais como artefactos causados pelo movimento, ru´ıdo muscular, oscila¸c˜ao da baseline e altera¸c˜oes na morfologia do ECG.

(41)

2.4. BATIMENTOS ECT ´OPICOS 19

2.4

Batimentos ect´

opicos

O sistema simp´atico e parassimp´atico regulam a atividade do n´o sinoatrial estando este na origem dos batimentos card´ıacos normais. Contudo, n˜ao ´e este o ´unico pacemaker existente no m´usculo card´ıaco, existem outros pacemakers latentes que em condi¸c˜oes normais o per´ıodo refrat´ario do n´o sinoatrial inibe qualquer poten-cial el´etrico cuja fonte n˜ao seja o n´o sinoatrial. Por outro lado, em determinadas condi¸c˜oes algumas fontes de impulsos podem criar impulsos el´etricos, gerando deste modo, batimentos ect´opicos, sendo manifestados com um batimento prematuro se-guido por um intervalo RR mais longo que o normal devido a uma compensa¸c˜ao do atraso causado pelo batimento prematuro (Malik e Camm, 1995).

A existˆencia de batimentos ect´opicos causa uma sobre-estima¸c˜ao de ´ındices do dom´ınio da frequˆencia nas amplitudes de banda de frequˆencias derivadas de im-pulsos das fontes de poss´ıveis batimentos ect´opicos impossibilitando deste modo o uso da Fun¸c˜ao de Densidade Espetral (PSD) (Albrecht e Cohen, 1988).

Os batimentos ect´opicos podem ser divididos em dois ramos de acordo com a sua ori-gem: caso esta esteja sobrejacente aos ventr´ıculos, ou caso esta tenha outra origem. Para o caso da origem destes batimentos estiver intr´ınseca aos ventr´ıculos ´e conhe-cida como Premature Ventricular Contraction (PVC) para o outro caso a designa¸c˜ao ´

e Premature supraventricular contraction (PSC). No que concerne `a PSC o impulso el´etrico pode ser oriundo do n´o atrial ou juncional, para batimentos ect´opicos origi-nados nestes locais a sua forma no ECG ´e similar (Palaniappan et al., 2004). No caso da origem de batimentos ect´opicos ser auricular, a atividade el´etrica destes pacemakers tem capacidade para reiniciar a actividade do n´o sinoatrial causando um encurtamento no intervalo entre dois batimentos normais, sendo este per´ıodo menor que a m´edia de intervalos entre batimentos normais. Por outro lado, no caso da origem de batimentos ect´opicos ser ventricular geralmente n˜ao reinicia a atividade do n´o sinoatrial sendo sucedido por um batimento normal causando uma adi¸c˜ao do per´ıodo entre dois batimentos normais, ficando o intervalo entre dois batimentos

(42)

quase o dobro do per´ıodo normal (Mateo e Laguna,2003).

As anomalias em rela¸c˜ao `a dete¸c˜ao autom´atica pode ter como origem erros de dete¸c˜ao ou causadas por batimentos ect´opicos. Deste modo os erros de dete¸c˜ao podem ser falsos positivos quando a dete¸c˜ao de uma onda se deve a ru´ıdo, ou podem ser falsos negativos no caso em que um poss´ıvel batimento real n˜ao ´e detetado devido `a baixa amplitude da onda ou ru´ıdo.

Mateo e Laguna(2003) propuseram um modelo capaz de identificar estas anormali-dades e corrigi-las. O crit´erio usado para detetar a posi¸c˜ao dos batimentos anormais ´

e baseado no facto da varia¸c˜ao da frequˆencia card´ıaca para batimentos normais ´e uma banda limitada de acordo com Impulse Frequency Modulation Model (IPFM). Com estas restri¸c˜oes ´e poss´ıvel aplicar um threshold na derivada do batimento card´ıaco instantˆaneo.Assim sendo segundoMateo e Laguna (2003),

rˆ 0 k = 2 tk−1− 2tk+ tk+1 (tk+1− tk)(tk−1− tk+1)(tk− tk+1) < U, (2.2)

onde tk ´e a posi¸c˜ao temporal de um batimento k, tk+1 e tk−1 ´e a posi¸c˜ao temporal

dos batimentos adjacentes, r0k corresponde `a derivada da frequˆencia card´ıaca ins-tantˆanea e U ´e um threshold para a referida derivada. No caso em que a equa¸c˜ao 2.2n˜ao ´e cumprida ´e assumido que o batimento tk ou tt+1 s˜ao anormais. Para

deter-minar qual dos batimentos ´e anormal, ´e testado removendo alternadamente os dois batimentos, inserindo um batimento entre estes, deslocando o batimento tk e

deslo-cando o batimento tt+1 de modo identificar em qual das situa¸c˜oes a equa¸c˜ao2.2 n˜ao

´

e respeitada. Caso o crit´erio seja satisfeito com a remo¸c˜ao de batimentos, trata-se de um batimento falso positivo na posi¸c˜ao `a qual foi removido um batimento, se o crit´erio ´e satisfeito com a inser¸c˜ao, ent˜ao indica a presen¸ca de um falso negativo, se por fim a descola¸c˜ao de batimentos satisfaz a equa¸c˜ao 2.2 indica a presen¸ca de batimentos etopicos A posterior correc¸c˜ao dos batimentos ect´opicos segundo Mateo e Laguna (2003), ´e efectuada atrav´es da dele¸c˜ao de batimentos falsos positivos, e interpola¸c˜ao dos batimentos irregularmente espa¸cados ou inserindo batimentos em caso de batimentos falsos negativos (Mateo e Laguna, 2003).

(43)

2.5. SUM ´ARIO 21

2.5

Sum´

ario

Neste Cap´ıtulo foram abordadas metodologias de aquisi¸c˜ao de sinal, poss´ıveis causas de interferˆencia no sinal de ECG, dete¸c˜ao e delinea¸c˜ao de ondas presentes no ECG e por fim foi apresentada uma metodologia de corre¸c˜ao de batimentos ect´opicos.

No que concerne `a aquisi¸c˜ao do sinal de ECG a escolha da configura¸c˜ao de el´etrodos dever´a ser feita em conformidade com o objectivo de captura de sinal, algumas configura¸c˜oes fornecem mais mobilidade ao utilizador e potenciam a recolha de sinal de um indiv´ıduo perante uma tarefa espec´ıfica sendo deste modo poss´ıvel mensurar o esfor¸co.

Antes da dete¸c˜ao de estruturas de interesse do eletrocardiograma ´e vantajoso ter conhecimento de determinadas fontes de interferˆencia bem como a suas carater´ısticas para proceder `a corre¸c˜ao. Algumas interferˆencias tais como ru´ıdo causado pela contra¸c˜ao muscular podem estar subjacentes ao sinal com posterior aumento de dificuldade de dete¸c¸c˜ao de ondas e altera¸c˜ao das mesmas.

A dete¸c˜ao de ondas no sinal de ECG pode ser efectuada com base em in´umeros algoritmos passando pelo uso de crit´erios de sele¸c˜ao, thresholds e transformada de Wavelet.

Para o estudo da atividade do n´o sinoatrial ´e necess´ario proceder ao tratamento de batimentos de poss´ıveis potenciais que n˜ao foram inibidos pelo per´ıodo refrat´ario do n´o sinoatrial. Estes batimentos tˆem implicˆancias sobretudo no estudo do dom´ınio da frequˆencia.

(44)
(45)

Cap´ıtulo 3

Materiais e m´

etodos

Neste Cap´ıtulo ´e abordado o tipo de estudo em causa, a caracteriza¸c˜ao da amostra e as metodologias de an´alise de s´eries temporais como ´e o caso dos intervalos temporais RR e QT.

As metodologias abordadas tˆem uma evolu¸c˜ao hist´orica, onde incialmente as s´eries de dados temporais eram tratadas segundo metodologias cl´assicas e com o empenho da investiga¸c˜ao foram sendo associadas `as s´eries temporais metodologias no dom´ınio das frequˆencias e por fim dado a n˜ao estacionaridade e a n˜ao linearidade das s´eries foram aplicados m´etodos de cariz n˜ao linear de dados eletrocardiogr´aficos. O pre-sente estudo tem um car´ater comparativo, onde s˜ao avaliados diversos parˆametros e comparados em diferentes circunstˆancias.

Com este Cap´ıtulo ´e esperado compreender as metodologias com capacidade de an´alise de s´eries de dados temporais em diferentes per´ıodos caraterizando os registos de acordo com a metodologia aplicada para o problema em estudo.

(46)

3.1

Aquisi¸

ao de dados

Os sinais de ECG foram recolhidos em alunos de Licenciatura em Engenharia Biom´edica com o consentimento pr´evio durante uma prova de avalia¸c˜ao oral para a unidade cur-ricular de semin´ario em Engenharia Biom´edica na Universidade de Tr`as-os-Montes e Alto Douro.

O sinal de ECG foi adquirido atrav´es do dispositivo VitalJacket Motions 5L desen-R

volvido pela empresa Biodevices, sendo este um sistema de Holter com 5 el´etrodos com capacidade de grava¸c˜ao durante 72 horas cont´ınuas com uma frequˆencia de amostragem de 500 amostras por segundo. A capta¸c˜ao de sinal segue a configura¸c˜ao MCL, sendo ap´os a sua extra¸c˜ao usado o sinal de 4 el´etrodos (II, III, V 2, V 5).

3.1.1

Caracteriza¸

ao da amostra

A amostra em estudo ´e constitu´ıda por 24 estudantes do g´enero feminino com idades de 18.5±0.67 anos, dos quais 96% estavam no primeiro ano da Universidade, 83% vivem em zona urbana, a m˜ae de 33% da amostra tem a escolaridade b´asica, 42% secund´aria e 25% tem educa¸c˜ao superior, 50% dos pais da amostra em estudo tem o ensino secund´ario completo, 37% tem o ensino b´asico e 13% dos pais tem ensino superior, 43% da amostra tem 1 irm˜ao, 33% tem zero irm˜aos, 12% tem 2 irm˜aos e 12% da amostra tem 3 irm˜aos, aos quais 25% da amostra tem irm˜aos com ensino superior. A amostra em estudo revela que visita a fam´ılia todas as semanas em 92% dos casos. Numa escala de 0-10, 92% dos alunos quantificam o estado de nervosismo no dia a dia com um valor 5 ou inferior, 4% responde 6 e 4% responde 7. Quando questionados para quantificar o nervosismo para a prova oral de 0-10, 25% indica um valor 9, 29% responde 8, 21% responde 6, 4% indica o valor 10, 4% quantifica o seu nervosismo para a prova com o valor 5 e 4% indica o valor 7. De referir que apenas 4% da amostra vive sozinha, 20% j´a foi diagnosticada com ansiedade e 38% dos indiv´ıduos namora.

(47)

3.1. AQUISIC¸ ˜AO DE DADOS 25

Os dados de uma aluna foram declarados ilegiv´eis durante a captura do sinal devido `

a perda de conectividade entre o sistema de holter e o colete que contˆem os el´etrodos. Como tal em termos de n´umeros de amostras ´e considerado um valor de N = 23.

3.1.2

Protoc´

olo experimental

A recolha de sinal de ECG decorreu durante 8 dias uteis dos meses de Fevereiro e Mar¸co para todos os estudantes teve `ınicio `as 14:30 e uma dura¸c˜ao de aproxi-mandamente 2 horas e 40 minutos. Em cada dia, trˆes estudantes apresentaram os seus trabalhos e os dispositivos Vitaljackets foram colocados `as 14:30. Os dispositi-vos gravaram durante uma hora at´e as 15:30 onde nesse per´ıodo de tempo n˜ao foi aplicada nenhuma limita¸c˜ao f´ısica aos sujeitos portadores do sistema de Holter. A primeira apresenta¸c˜ao teve inicio `as 15:30 e teve dura¸c˜ao de aproximandamente 10 minutos, a segunda apresenta¸c˜ao teve ´ınicio pelas 15:40 com uma dura¸c˜ao de apro-ximadamente 10 minutos seguida pela ´ultima apresenta¸c˜ao de aproximadamente 10 minutos do terceiro aluno. Ap´os as apresenta¸c˜oes ´e iniciado um per´ıodo de cerca 10 minutos de aprecia¸c˜ao dos trabalhos apresentados e perguntas levado a cabo por docentes da unidade curricular. Ap´os serem aplicadas perguntas durante 10 minutos os 3 elementos estiveram a gravar sinal durante mais uma hora onde n˜ao tiveram nenhum impedimento f´ısico.

O per´ıodo de grava¸c˜ao de sinal cessou por volta das 17:10 em todos os alunos sub-metidos ao registo de ECG cumprindo cerca de 2 horas e 40 minutos de registo de sinal previamente estabelecido no protocolo experimental. Uma vez que a dura¸c˜ao de cada apresenta¸c˜ao foi de aproximadamente 10 minutos, para cada estudante foi registado a hora de ´ınicio e fim da sua apresenta¸c˜ao, bem como a hora de ´ınicio e fim do per´ıodo referente `A aprecia¸c˜ao do trabalho.

O conte´udo de ECG foi de seguida convertido em ficheiros linha e lido no Matlab R

sendo retiradas 4 deriva¸c˜oes de ECG. Os dados de cada ind´ıviduo foram nomeados por VJn, onde n corresponde `a ordem de apresenta¸c˜ao sendo este valor comprendido entre 1 e o valor da amostra em estudo, 23.

(48)

Para posterior an´alise foram delineados quatro per´ıodos de estudo:

Per´ıodo 1 : Constitu´ıdo pelo sinal durante os primeiros sessenta minutos de grava¸c˜ao de sinal;

Per´ıodo 2 : Este per´ıodo cont´em o sinal referente `a apresenta¸c˜ao de cada aluno com dura¸c˜ao pr´oxima de 10 minutos;

Per´ıodo 3 : Per´ıodo com o sinal dos alunos gravado entre o minuto 90 e o minuto 100 aproximadamente, corresponde `a aprecia¸c˜ao e avalia¸c˜ao do jur´ı;

Per´ıodo 4 : Este per´ıodo cont´em os ´ultimos 60 minutos de grava¸c˜ao de sinal de ECG, neste per´ıodo os alunos j´a apresentaram, responderam a quest˜oes e ouviram a aprecia¸c˜ao da apresenta¸c˜ao pelo j´uri;

3.2

etodos tradicionais em s´

eries temporais

Os m´etodos lineares da VFC s˜ao ferramentas de estudo da VFC n˜ao invasivas e assentam-se sobretudo no estudo dos sinais no dom´ınio do tempo e no dom´ınio da frequˆencia , estes s˜ao correntemente descritos como m´etodos tradicionais (ESC/NASPE Task Force, 1996). No caso dos m´etodos no dom´ınio do tempo s˜ao utilizadas ferra-mentas estat´ısticas para descrever varia¸c˜oes da frequˆencia card´ıaca sendo que nesta abordagem os batimentos ect´opicos s˜ao rejeitados (Mansier et al., 1996). No caso do estudo dos sinais de ECG no dom´ınio da frequˆencia este pode ser mais elaborado e passa pelo c´alculo de ´ındices com base na an´alise espetral, sendo particularmente ´

uteis na determina¸c˜ao da contribui¸c˜ao do SNA na VFC. Estes m´etodos lineares po-dem ser aplicados a s´eries temporais inferindo acerca de carater´ısticas destas s´eries.

No que concerne ao dom´ınio da frequˆencia h´a v´arios m´etodos para calcular a PSD, sendo estes m´etodos classificados em param´etricos e n˜ao param´etricos. A vantagem do uso de m´etodos n˜ao param´etricos coincide com o fato da simplicidade do algo-ritmo utilizado,sendo maioritariamente o Transformada R´apida de Fourier (FFT),

(49)

3.2. M´ETODOS TRADICIONAIS EM S´ERIES TEMPORAIS 27

e a maior velocidade de processamento, no caso dos m´etodos param´etricos a sua utiliza¸c˜ao prende-se sobretudo na suaviza¸c˜ao das componentes espetrais, uma es-tima¸c˜ao mais precisa da PSD independentemente do n´umero de amostras e por fim um p´os-processamento do espectro facilitado com o c´alculo autom´atico das compo-nentes das altas e baixas frequˆencias atrav´es da f´acil detec¸c˜ao da frequˆencia central de cada componente (ESC/NASPE Task Force , 1996).

3.2.1

An´

alise no dom´ınio do tempo

O dom´ınio temporal pode provisionar muita informa¸c˜ao acerca da variabilidade card´ıaca e carateriza¸c˜ao de s´eries de intervalos temporais com significado biol´ogico, como ´e o caso dos intervalos RR. Os m´etodos s˜ao aplicados a pontos na linha tem-poral ou a sucessivos intervalos, com o frequente uso de intervalos RR normais (NN) calculados atrav´es de cada complexo QRS detetado resultado da despolariza¸c˜ao do nodo sinuatrial (ESC/NASPE Task Force , 1996) ou intervalos QT.

Os m´etodos no dom´ınio do tempo s˜ao estat´ısticos, aritm´eticos ou geom´etricos. As vari´aveis estat´ısticas geralmente usadas s˜ao: o desvio padr˜ao (STD) dos intervalos temporais em estudo, cuja dura¸c˜ao do registo dever´a compreender-se em cerca de 5 minutos para registos curtos e 24 horas para registos longos, a raiz quadrada da soma dos quadrados das diferen¸cas entre intervalos RR sucessivos (RMSSD) que fornece informa¸c˜ao sobre varia¸c˜oes abruptas da variabilidade e a propor¸c˜ao das diferen¸cas entre intervalos sucessivos maiores que 50 milisegundos (PNN50).

Na an´alise da VFC no dom´ınio do tempo podem, tamb´em, ser usados m´etodos geom´etricos, cujas s´eries de RR ou NN s˜ao convertidas em padr˜oes geom´etricos. Estes m´etodos consistem em trˆes abordagens: o valor do padr˜ao geom´etrico ´e con-vertido numa medida de VFC, o padr˜ao geom´etrico ´e interpolado por uma forma matematicamente definida da VFC sendo esses parˆametros posteriormente usados e por ´ultimo a forma da geometria obtida (equa¸c˜ao 3.1) ´e classificada de acordo com v´arios padr˜oes base que representam classes diferentes da VFC (Kumar et al.,2013).

(50)

Figura 3.1 – Histograma das dura¸c˜oes dos intervalos RR. Imagem retirada de (ESC/NASPE Task Force ,1996).

De acordo com uma distribui¸c˜ao de densidade D obtida a partir do histograma dos intervalos RR( figura 3.1) ´e poss´ıvel retirar ´ındices tais como o ´ındice triangular da VFC obtido atrav´es da divis˜ao do integral da distribui¸c˜ao de densidade D pelo n´umero m´aximo da distribui¸c˜ao, Y . ´E poss´ıvel, tamb´em, obter outros parˆametros como a interpola¸c˜ao triangular do histograma dos intervalos RR (TIRR ou TINN ) dado em ms, onde a fun¸c˜ao q(t) ´e ajustada `a distribui¸c˜ao de densidade D, onde q(t) = 0 para t < N e t ≥ M e q(X) = Y , sendo o m´ınimo entre todas as sele¸c˜oes de N e M dado por

Z ∞

0

(D(t) − q(t))2dt. (3.1)

Kumar et al. (2013) aponta como principal vantagem nos m´etodos geom´etricos a insensibilidade destes m´etodos relativamente a qualidade anal´ıtica da s´erie de inter-valos NN , e como principal desvantagem consiste na necessidade de um numero razo´avel de intervalos NN para construir o padr˜ao geom´etrico, pelo menos 20 mi-nutos de dados.

3.2.2

An´

alise no domin´ıo da frequˆ

encia

A an´alise espetral tem sido um m´etodo largamente usado para o estudo de s´eries de dados temporais com cariz biol´ogicos,uma vez que e uma metodologia n˜ao invasiva

(51)

3.2. M´ETODOS TRADICIONAIS EM S´ERIES TEMPORAIS 29

d´a acesso `a atividade do sistema nrvoso simp´atico e parassimp´atico (Akselrod et al.,

1981). Esta an´alise prov´em da decomposi¸c˜ao da s´erie temporal em estudo numa soma de fun¸c˜oes peri´odicas de amplitudes e frequˆencias singulares.

A an´alise no dom´ınio da frequˆencia proura investigar em que medida diferentes frequˆencias contribuem para a variabilidade das s´eries temporais. Como ´e usual, os m´etodos no dom´ınio daa frequˆencia podem ser classificados em param´etricos e n˜ao param´etricos, sendo {x(t)} um processo estacion´ario discreto no tempo com fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao ρ dada por

ρ(h) = Corr {x(t + h), x(t)} , ∀t, hεZ, (3.2) A fun¸c˜ao de densidade espetral do processo {x(t)} ´e definida como sendo a trans-formada de Fourier da fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao (Hayes, 1996), isto ´e:

f (w) =

X

h=−∞

ρ(h)e−iwh, −π 6 w 6 π. (3.3)

Estima¸c˜ao espetral n˜ao param´etrica

Este tipo de m´etodo fundamenta-se no c´alculo pr´evio da fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao e posteriormente utilizada no c´alculo da PSD. O periodograma pode ser definido de acordo com a estimativa da fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao a partir da express˜ao

ˆ fP ER(ω) = N −1 X h=N +1 ˆ ρ(h)e−iωh, (3.4)

Com os ˆρ(h) caraterizados por,

ˆ ρ(h) = 1 N N −1−h X n=0 x(n + h)x(n), h = 0, 1..., N − 1, (3.5)

(52)

ˆ ρ(h) =    ˆ ρ(−h), h < 0 0, |h| > N − 1 (3.6) Sendo ωR

N(t) uma janela retangular de tamanho N que toma dois valores: 1 para

valores de t compreendidos entre 0 e N − 1 e 0 para outros valores. O periodograma pode ser obtido do seguinte modo,

ˆ fP ER(ω) = 1 N ∞ X t=−∞ ωNR(t)x(t)e−iωt 2 = 1 N N −1 X t=0 x(t)e−iωt 2 . (3.7)

Como alternativa `a janela retangular sobre os dados, usada na express˜ao 3.7, para o c´aulculo do periodograma poder´a ser utilizada qualquer outra janela ωR

N(t),

con-duzindo ao periodograma modificado

ˆ fP ER(ω) = 1 N U ∞ X t=−∞ ωN(t)x(t)e−iωt 2 , (3.8)

onde N indica o comprimento da janela ωN(t) com valores n˜ao nulos para t ∈

[0, N − 1] e U um fator de normaliza¸c˜ao descrito por,

U = 1 N N −1 X t=0 |ωN(t)|2. (3.9)

Estima¸c˜ao espectral param´etrica

Como alternativa dos m´etodos n˜ao param´etricos para a estima¸c˜ao espetral, os m´etodos param´etricos baseiam-se na h´ıpotese de que o processo x(t), estacion´ario e discreto no tempo, segue um determinado modelo.

O processo x(t) AutoRegressivo de M´edias M´oveis, ARMA(p, q), de ordem p, q ∈ N0

(53)

3.2. M´ETODOS TRADICIONAIS EM S´ERIES TEMPORAIS 31

φ(B)x(t) = θ(B)ε(t),

onde φ(B) = 1 − φ1B − ... − φpBp ´e o polin´omio autoregressivo estacion´ario, θ(B) =

1 − θ1B − ... − θqBq representa o polin´omio de m´edias m´oveis invert´ıvel, B representa

o operador atraso e ε(t) representa ru´ıdo branco de m´edia zero e variˆancia σ2 ε.

No caso particular, dos coeficientes do polin´omio θ(B) serem nulos, isto ´e, θl = 0,

para l = 1, ..., q, o modelo ARMA(p, q) reduz-se ao modelo AutoRegressivo de ordem p, AR(p). O modelo AR(p) ´e o modelo mais usual no estudo da variabilidade da frequˆencia cardiaca.

Para o caso do modelo AR(p) o processo x(t)tZ satisfaz a seguinte equa¸c˜ao,

φ(B)x(t) = ε(t)

.

Pode se definir o espetro do modelo AR(p) de acordo com a seguinte equa¸c˜ao

f (ω) = σ 2  |1 −Pp l=1φle−iωl| 2, −π ≤ ω ≤ π (3.10)

Existem v´arias m´etodos para estimar os parˆametros do modelo AR(p) entre os quais e as equa¸c˜oes de Yule-Walker descritas emMikosch et al.(1995), obtidas atrav´es do seguinte sistema matricial,

         ρ(0) ρ(1) ... ρ(p − 1) ρ(1) ρ(0) ... ρ(p − 2) .. . ... ... ... ρ(p − 1) ρ(p − 2) ... ρ(0)                   φ1 φ2 .. . φp          =          ρ(1) ρ(2) .. . ρ(p)          (3.11)

O parˆametro da ordem do modelo, p, ´e determinado como sendo o valor que minimiza o crit´erio de informa¸c˜ao Akaike (AIC) (Marple, 1987), deste modo,

Imagem

Figura 1.1 – Exemplo de Eletrocardiograma retirado pelo VitalJacket r .
Figura 2.1 – Posi¸c˜ oes dos v´ arios el´ etrodos para monitoriza¸ c˜ ao de ECG. Imagem retirada de Francis (2016).
Figura 3.1 – Histograma das dura¸ c˜ oes dos intervalos RR. Imagem retirada de (ESC/NASPE Task Force , 1996).
Figura 4.1 – Dete¸c˜ ao da posi¸ c˜ ao temporal das amostras referentes ao complexo QRS: onset da onda Q a verde, pico da onda R a preto e offset da onda Q a vermelho.
+7

Referências

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