• Nenhum resultado encontrado

Tipos de discurso e recursos linguísticos: análise comparativa entre português e espanhol

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Tipos de discurso e recursos linguísticos: análise comparativa entre português e espanhol"

Copied!
68
0
0

Texto

(1)1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM DEPARTAMENTO DE LETRAS. TIPOS DE DISCURSO E RECURSOS LINGUÍSTICOS: análise comparativa entre português e espanhol. NATAL - RN 2015.

(2) 2. LUANA VITAL DOS SANTOS. TIPOS DE DISCURSO E RECURSOS LINGUÍSTICOS: análise comparativa entre português e espanhol. Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Estudos da Linguagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) como requisito de conclusão do mestrado em Estudos da Linguagem. Orientador: Pinheiro.. Natal - RN 2015. Prof.. Dr.. Clemilton. Lopes.

(3) 3. UFRN. Biblioteca Central Zila Mamede. Catalogação da Publicação na Fonte. Santos, Luana Vital dos Santos. Tipos de discurso e recursos linguísticos: análise comparativa entre português e espanhol / Luana Vital dos Santos. – Natal, RN, 2015. 66 f. : il. Orientador: Prof. Dr. Clemilton Lopes Pinheiro. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. 1. Gênero discursivo – Dissertação. 2. Produção textual – Dissertação. 3. Interacionismo sociodiscursivo – Dissertação. 4. Análise do discurso – Dissertação. I. Pinheiro, Clemilton Lopes. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BCZM. CDU 81’232.

(4) 4. RESUMO O presente trabalho toma como objeto de estudo os tipos de discurso, umas das noções centrais do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). Segundo o ISD, a linguagem assume um ponto central no desenvolvimento do ser humano e o texto é concebido como uma unidade comunicativa global que movimenta recursos linguísticos de determinada língua natural, adotando e adaptando determinado modelo textual (os gêneros textuais). Os tipos de discurso são definidos como segmentos, em número finito, que entram necessariamente na composição dos gêneros e, consequentemente, de cada texto empírico, nos quais semiotizam diferentes mundos discursivos particulares ou diferentes atitudes de locução. A identificação dos tipos de discurso é possível a partir das unidades linguísticas que neles ocorrem. Considerando essas noções, partimos da hipótese formulada por Miranda (2008) segundo a qual, de acordo com os gêneros, os tipos de discurso apresentam especificidades no plano da configuração do tipo linguístico, que, por sua vez, podem variar nas diferentes línguas naturais. Nosso objetivo é, portanto, detectar o tipo de discurso que predomina no gênero painel do leitor e depreender as unidades e mecanismos linguísticos que se associam ao tipo de discurso ou tipos de discurso predominantes, comparativamente em relação ao português e ao espanhol. O trabalho se caracteriza por sua natureza exploratória e pretende tratar a questão com vistas a torná-la mais explícita para a discussão de hipóteses. Para atingir esse objetivo, analisamos um corpus composto por 30 painéis de leitores, 15 extraídos do jornal El periódico de Catalunya, em língua espanhola, e 15 do jornal Folha de São Paulo, em língua portuguesa. Palavras-chave: Gênero textual; Interacionismo sociodiscursivo; Tipos de discurso.

(5) 5. ABSTRACT The object of study in this research are the types of discourse from the theoretical and epistemological framework of the socio-discursive interactionism (ISD). According to ISD, language has a central point in the development of the human being and the text is designed as a global communicative unit that moves linguistic resources of a natural language, adopting and adapting a textual composition (the text genres). The types of discourse are defined as segments in finite number, which necessarily enter in the composition of genres and consequently in each empirical text. They semiotize particular different discursive worlds or different attitudes of expression. Identifying the types of discourse is possible from the language units that occur in them. Considering these notions, we start from the assumption made by Miranda (2008) that, according to genres, types of discourse have specificities in the level of the linguistic type, which, in turn, may vary in different natural languages. Our goal is therefore to describe the kind of discourse that dominates the genre reader panel and inferred units and linguistic mechanisms that are associated to the type of discourse or types of discourse dominants. We also intend to relate the description of the type of discourse and language units associated with different natural languages: Portuguese and Spanish. The work is characterized by its exploratory nature and intends to address the issue in order to make it more explicit to discuss hypotheses. To achieve this goal, we analyze a corpus composed of 30 panels of readers, 15 extracted from the newspaper El periódico de Catalunya, in Spanish, and 15 of the newspaper Folha de São Paulo, in Portuguese. Key-words: Text genres; Socio-discursive Interactionism; Types of discourse.

(6) 6. “Tenho o privilégio de não saber quase tudo, e isso explica o resto.” Manoel de Barros.

(7) 7. AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar à Deus, inteligência suprema e causa primária de todas as coisas. Aos meus familiares, em especial, aos meus pais Ana Lúcia e João Vital pelo esforço contínuo para me proporcionarem uma boa formação moral e acadêmica, e ao meu esposo Wellington Nouschangs pelo apoio e paciência em todas as horas. Aos meus companheiros de trabalho da escola estadual prof. Anísio Teixeira pelo incentivo e compreensão nos momentos necessários a reflexão, e aos amigos da EaD do IFRN pelas trocas de experiências e amizade. A todos os professores do mestrado que contribuíram na minha formação acadêmica. Um agradecimento especial ao meu orientador prof. Dr. Clemilton Lopes Pinheiro pela dedicação e apoio em todas as revisões e sugestões que foram fundamentais para a conclusão deste trabalho. Enfim, agradeço a todos que de alguma forma colaboraram e estiveram presentes nesta jornada..

(8) 8. SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................09 2 PANORAMA TEÓRICO......................................................................................................11 2.1 Classificações e tipologias textuais.....................................................................................11 2.2 O ISD e os tipos de discurso...............................................................................................20 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................................25 4. ANÁLISE COMPARATIVA DE PAINÉIS DE LEITORES EM PORTUGUÊS E ESPANHOL..............................................................................................................................29 4.1. O contexto de produção.....................................................................................................29 4.2. O plano global do conteúdo temático................................................................................31 4.3. Os tipos de discurso e os recursos linguísticos..................................................................31 4.3.1. Análise dos painéis em português...................................................................................31 4.3.2. Análise dos painéis em espanhol....................................................................................45 4.3.3. Comparação entre português e espanhol.........................................................................63 5. CONCLUSÃO......................................................................................................................65 REFERÊNCIAS........................................................................................................................67.

(9) 9. INTRODUÇÃO O interacionismo sociodiscursivo (ISD) é um quadro teórico-epistemológico que coloca a linguagem como o foco do desenvolvimento humano. Suas influências são percebidas não apenas nos estudos linguísticos, mas também nas diversas áreas do conhecimento. Dessa forma, o ISD, como afirma Bronckart (2009, p.10) “não é uma corrente propriamente linguística, nem uma corrente psicológica ou sociológica; ele quer ser visto como uma corrente da ciência do humano”. Nesse sentido, insere-se como uma variante do interacionismo social, corrente das ciências humano-sociais que sustenta que o desenvolvimento humano acontece através de dois processos inseparáveis, o processo de socialização e individuação. O ISD também coloca as questões da educação como ponto central das ciências humanas e critica a divisão dessas ciências em várias disciplinas. Na busca de entender como as práticas de linguagem situadas afetam o desenvolvimento humano, Bronckart (2009) organiza um modelo de análise dos textos chamado de modelo da arquitetura textual, dividido em três níveis. O nível mais profundo é o da infraestrutura textual que compreende o plano geral do conteúdo temático e os tipos de discurso. O segundo nível é o da textualização em que se encontram os mecanismos de coesão e coerência textual. O nível mais superficial é da responsabilidade enunciativa. O texto é concebido como “uma unidade comunicativa” que movimenta recursos linguísticos de determinada língua natural, levando em consideração os modelos textuais (gêneros) encontrados na memória coletiva da sua comunidade linguística (arquitexto). O agente/produtor do texto, ao encontrar-se em uma determinada situação de ação linguageira, escolherá o modelo (gênero de texto) que acredita ser o mais adequado a situação, adaptandoo aos seus objetivos comunicativos. Outra característica dos gêneros de texto é o seu movimento em mundos discursivos. Esses mundos discursivos se materializam no texto como os tipos de discurso, no nível mais profundo do modelo de arquitetura textual, entrando necessariamente na constituição dos gêneros e de todo texto empírico. Logo, quais seriam as relações possíveis entre tipos de discurso e gêneros? Os gêneros possuem tipos de discurso que lhes são peculiares? E os tipos linguísticos são determinados pelo gênero de texto, pelo tipo de discurso, ou pelo sistema da língua natural? Este trabalho se situa no campo desses questionamentos. Nosso objeto de estudos são os tipos de discurso, e partimos da hipótese de que, de acordo com o gênero de texto, os tipos de discurso podem apresentar especificidades no plano da configuração dos recursos.

(10) 10. linguísticos relativamente a uma língua natural. Nosso objetivo é, portanto, identificar os tipos de discurso e suas respectivas unidades linguísticas em duas línguas naturais distintas. Nesse último caso, fazemos então, uma análise comparativa entre o português e o espanhol. Dadas às inúmeras possibilidades de escolha de gêneros textuais para a análise, optamos pelo gênero painel do leitor. Identificamos, então, os tipos de discurso nos painéis das duas línguas e, em seguida, comparamos os tipos linguísticos, estabelecendo a relação entre eles e os tipos de linguísticos. A pesquisa está estruturada em três capítulos. No primeiro, faremos uma exposição das diferentes classificações e tipologias textuais e discutiremos a noção de tipos de discurso a partir do quadro do ISD. O segundo capítulo apresenta os procedimentos metodológicos e o último contém a análise comparativa dos painéis em português e espanhol..

(11) 11. 2 PANORAMA TEÓRICO 2.1 Classificações e tipologias textuais Um ponto de partida essencial para nosso trabalho são as diferenças em relação às classificações e tipificações dos textos. Essas diferenças de ordem conceitual se refletem em nomenclaturas diversas: gêneros, tipos, espécies ou formas. Segundo Coutinho (2003, p.57) “qualquer reflexão de ordem tipológica supõe naturalmente o conhecimento prévio dos objetos a tipologizar”. Sendo assim, este capítulo se propõe a discutir a noção de tipos textuais, gêneros de texto ou discurso e tipos de discurso, correntes na literatura mais representativa sobre o tema. Nosso objetivo é apontar as diferentes visões, relacionando pontos de divergências e convergências. A análise textual dos discursos (ATD), proposta por Adam (2008, 2011), posiciona a Linguística Textual como um subdomínio da análise do discurso. Adam reconhece a necessidade de expandir os limites da linguística para além da frase, “ao mesmo tempo em que pretende trazer respostas à demanda de proposições concretas sobre a análise de textos” (2008, p.25). Assim, existem níveis de análise do objeto texto e níveis de análise do objeto discurso, Adam (2008, p.25): O texto é, certamente, um objeto empírico tão complexo que sua descrição poderia justificar o recurso a diferentes teorias, mas é de uma teoria desse objeto e de suas relações com o domínio mais vasto do discurso em geral que temos necessidade, para dar aos empréstimos eventuais de conceitos das diferentes ciências da linguagem, um novo quadro e uma indispensável coerência.. É importante ressaltar que, quando Adam localiza a linguística textual no campo da análise do discurso, não se trata da análise do discurso da escola francesa, mas daquela delineada por Dominique Maingueneau. De acordo com Maingueneau (2006, p.02), a Análise do discurso (AD) consiste em um “espaço de pleno direito dentro das ciências humanas e sociais, um conjunto de abordagens que pretende elaborar os conceitos e os métodos fundados sobre as propriedades empíricas das atividades discursivas”. No esquema de análise proposto por Adam, interessa-nos as noções de sequência textual (N5) e de gênero que aparece interligada entre os níveis textuais e discursivos..

(12) 12. Figura 1: Níveis ou planos da análise de discurso. FONTE: (ADAM, 2011, p.61). Conforme Coutinho (2003, p.61) “na perspectiva de Adam, os tipos de texto correspondem, de forma explícita, a tipos de sequências”. As sequências são esquemas prototípicos transmitidos culturalmente, macroproposições que formam a estrutura composicional dos textos. Segundo Adam (2011, p. 205), “as macroproposições que entram na composição de uma sequência dependem de combinações pré-formatadas de proposições”. Essas combinações de natureza macrossemântica são memorizadas ao longo de nossa vida por meio da leitura e da escrita transformando-se nos esquemas base conhecidos por sequências narrativa, descritiva, argumentativa, explicativa e dialogal. Adam explica que a injunção não constitui uma sequência prototípica, pois, sua forma de textualização varia bastante em função dos gêneros. As sequências textuais são os constructos teóricos que permitem a análise dos textos empíricos, ou seja, reconhecemos e estruturamos nossa informação textual através das sequências. Dessa forma, Adam não apresenta uma teoria de classificação/tipificação textual, na realidade, ele expõe claramente que a “teoria das sequências foi elaborada como reação à excessiva generalidade das tipologias de texto” (2011, p.206). Os tipos de sequências baseiam-se na teoria do protótipo de Rosch, do início da década de 1970. As noções de protótipo, categoria e tipicalidade são também utilizadas pela ATD. As sequências prototípicas funcionam como pontos de referência representativos das categorias (narrativas, descritivas, argumentativas, etc.) e que, como admite o próprio Adam, raramente.

(13) 13. serão encontradas nos textos concretos, mas que podem ser avaliadas numa escala de tipicalidade de melhores e piores exemplos de uma categoria. A sequência prototípica narrativa é marcada por uma sucessão de fatos, com uma problemática, chegando a um clímax, para passar a uma transformação, concluindo com uma avaliação final (a moral da história). Já a sequência prototípica descritiva é caracterizada por uma série de operações: operações de ancoragem definem o tema da sequência; operações de ordem aspectual dividem o todo em partes; operações de relacionamento delimitam o objeto no tempo e no espaço além de relacioná-lo com outros objetos; e operações de encadeamento constitui-se uma nova sequência. A sequência prototípica argumentativa caracteriza-se pela relação entre argumentos e conclusão e a sequência prototípica explicativa inicia com uma proposição, passa para uma problematização e conclui com a explicação. A sequência prototípica dialogal seria marcada pelas fases do diálogo, ou seja, abertura, troca e fecho. (Coutinho, 2003) Para Adam a hipótese da existência de “tipos de texto” se deve ao que ele aponta por efeito dominante. Este efeito dominante acontece quando o mesmo texto possui um número maior de sequências de um mesmo tipo ou pelo tipo de sequência que abre e fecha o texto. Logo, afirmar que “um texto pode ter uma dominante de um tipo ou de outro não tem nada a ver com a hipótese demasiadamente geral da existência dos tipos de textos” Adam (2011, p. 277). Em relação ao gênero, Adam coloca-o na fronteira entre o texto e o discurso. O gênero não constitui um nível de análise propriamente dito, porém está fortemente relacionado à formação discursiva. Adam argumenta que “toda ação de linguagem inscreve-se em um dado setor do espaço social, que deve ser pensado como uma formação discursiva, ou seja, como um lugar social associado a uma língua (socioleto) e a gêneros do discurso” (2008, p.63). A noção de formação discursiva para Adam corresponde a de Pêcheux (1990), conceito importante para a análise do discurso francesa. [As] formações discursivas [...] determinam o que pode e deve ser dito (articulado sob a forma de um discurso público, de um sermão, de um panfleto, de uma exposição, de um programa etc.) a partir de uma dada posição, em uma determinada conjuntura: o ponto essencial aqui é que não se trata apenas da natureza das palavras usadas, mas também (e sobretudo) das construções nas quais essas palavras se combinam, na medida em que elas determinam a significação que assumem essas palavras [...], as palavras mudam de sentido, segundo as posições defendidas por aqueles que as usam; [...] as palavras “mudam de sentido” passando de uma formação discursiva para a outra. (PÊCHEUX 1990 apud ADAM 2008, p.45)..

(14) 14. O conceito de gêneros do discurso está vinculado aos estudos de Bakhtin (1992) que considera a linguagem humana como uma ação social responsável por determinar a produção dos enunciados que acontecem entre duas pessoas, por isso, dialógico. Nós produzimos enunciados nas diversas esferas da atividade humana, sempre com um propósito comunicativo e utilizando um determinado gênero. Os gêneros para Adam (2008, p.60) são discursivos, pois, se tratam de “práticas discursivas institucionalizadas”, ou seja, ocorrem no espaço da interação e regulados pelas formações discursivas de que fazem parte, sendo categoria de análise das ciências do discurso e não do texto. Por não ser seu foco de análise, Adam não se preocupa em fazer uma classificação dos gêneros, porém, utiliza-se dos conceitos de gêneros primários e secundários de Bakhtin para relacioná-los à teoria das sequências textuais. Os gêneros primários são mais simples e responsáveis pela criação dos gêneros secundários, logo os gêneros primários seriam correspondentes às sequências textuais prototípicas que formam os gêneros secundários mais complexos. Marcurshi (2005, 2008) preocupa-se com a tipologia textual. Para ele, a categoria tipo textual é um aspecto fundamental para a análise da natureza linguística dos gêneros, desconsiderando-se sua função social. Os tipos textuais são elementos fundamentais para a organização sequencial do conteúdo temático do texto. Marcurshi (2008) afirma que os tipos textuais são definidos por seus aspectos composicionais (tempos e modos verbais, presença ou ausências de articuladores textuais, aspecto, estilo, etc.) e abrangem as categorias que conhecemos como narração, descrição, argumentação, exposição e injunção. Ele esclarece que os tipos textuais são construções teóricas existentes nos textos, são modos textuais. Ainda nas palavras de Marcurshi (2008, p.154-155) “[...] O conjunto de categorias para designar tipos textuais é limitado e sem tendência a aumentar. Quando predomina um modo textual num dado texto concreto, dizemos que esse é um texto argumentativo ou narrativo, ou expositivo ou descritivo ou injuntivo”. Marcurshi classifica os gêneros como textuais, pois para Marcurshi (2005, p.29) os gêneros “são muito mais famílias de textos com uma série de semelhanças”. Os gêneros textuais são eventos linguísticos determinados pelas práticas sócio-discursivas, por isso, condicionados e refletores de uma determinada cultura em um determinado período de tempo. A variação cultural levaria, dessa maneira, a uma variação nos gêneros. Os gêneros textuais são os textos materializados do nosso cotidiano, formas relativamente estáveis que realizam linguisticamente objetivos específicos em situações comunicativas recorrentes. Por isso formam contrariamente aos tipos, listagens abertas..

(15) 15. (Marcurshi, 2005). É importante deixar claro que, na visão de Marcurshi, os tipos e os gêneros são complementares, mas não idênticos, portanto: Em geral, a expressão “tipo de texto”, muito usada nos livros didáticos e no nosso dia-a-dia, é equivocadamente empregada e não designa um tipo, mas sim um gênero de texto. Quando alguém diz, por exemplo, “a carta pessoal é um tipo de texto informal”, ele não está empregando o termo “tipo de texto” de maneira correta e deveria evitar esta forma de falar. Uma carta pessoal que você escreve para sua mãe é um gênero textual, assim como um editorial, horóscopo, receita médica, bula de remédio, poema, piada, conversação casual, entrevista jornalística, artigo científico, resumo de um artigo, prefácio de um livro. É evidente que em todos estes gêneros também se está realizando tipos textuais, podendo ocorrer que o mesmo gênero realiza dois ou mais tipos. (MARCURSHI, 2005, p. 25). Os gêneros textuais, apesar de não serem fórmulas estanques, condicionam nossas escolhas de composição dos textos, pois “toda vez que desejamos produzir alguma ação linguística em situação real, recorremos a algum gênero textual” (Marcurshi, 2008, p.156). Anteriormente apresentamos o conceito de gênero para Adam (2008, p.60) como “práticas discursivas institucionalizadas”. Para Marcurshi (2005, 2008), as práticas discursivas ou instâncias discursivas dão origem aos diversos gêneros textuais. Essa é a noção de domínio discursivo na visão de Marcurshi. O domínio discursivo constitui muito mais uma “esfera da atividade humana”, como compreendida por Bakhtin, do que um princípio de classificação de textos. Nas palavras de Marcuschi (2008, p. 155) o domínio discursivo: Não abrange um gênero em particular, mas dá origem a vários deles, já que os gêneros são institucionalmente marcados. Constituem práticas discursivas nas quais podemos identificar um conjunto de gêneros textuais que às vezes lhe são próprios ou específicos como rotinas comunicativas institucionalizadas e instauradoras de relações de poder.. Em oposição aos outros teóricos abordados anteriormente, Travaglia (2003) defende a necessidade de criação de uma teoria tipológica geral para os textos. Ele identifica três elementos que entrariam na classificação de todos os textos: tipo, gênero e espécie. Logo de início, o autor esclarece que sua preocupação é com a questão tipológica dos textos e não dos discursos. Travaglia entende como texto (2003, p.99) “uma entidade linguística concreta (...), que é tomada pelos usuários da língua (...), em uma situação de interação específica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, independente de sua extensão”..

(16) 16. Travaglia (2003) trata da tipologia textual, ele considera a análise dos tipos de texto essencial para a competência comunicativa dos falantes de uma língua. Segundo Travaglia (2003, p. 101), o tipo textual “pode ser identificado e caracterizado por instaurar um modo de interação, uma maneira de interlocução, segundo diferentes perspectivas (...)”. Assim, cada tipo de texto representa um tipo de interação específica. A primeira perspectiva de classificação dos textos é a perspectiva do produtor/locutor, da qual derivam os tipos conhecidos como narração, descrição, dissertação e injunção. A imagem que o produtor do texto tem em relação ao seu recebedor dá origem aos textos argumentativos e não argumentativos (concorda ou não com o que está dito). Já quando a perspectiva é de antecipação ou não ao objeto do dizer temos os tipos preditivos e não-preditivos. O movimento de busca exterior, exposição e análise das relações entre os homens caracterizaria o tipo dramático e o chamado gênero épico seria, na verdade, o mesmo que o tipo narrativo ou narração. De acordo com a concepção de tipo textual também estão os chamados “gêneros lírico, épico e dramático” propostos pela Teoria Literária. Travaglia explica que (2003, p. 102): Embora a teoria proponente os chame de gêneros, quase como sinônimo do que a Linguística tem chamado de tipo; dentro da classificação tripartite que estamos propondo dos “elementos tipológicos” em tipelementos, o lírico é um tipo, porque é dado por estabelecer um modo de interação que se caracteriza pela perspectiva de voltar-se para si mesmo para refletir-se como numa “confissão” [...].. O ponto de vista de Travaglia em relação aos tipos textuais é claramente afastado do foco dado por Marcurshi. Para este autor o tipo textual é de natureza linguística, constructo teórico ideal, enquanto que para Travaglia o tipo textual é definido pela interação comunicativa, pela maneira de interlocução e não por aspectos estruturais e formais do texto. Travaglia apresenta uma visão mais discursiva para a classificação textual. Também não se aproxima da proposta da ATD, pois como apontamos anteriormente, a teoria das sequências de Adam não é uma proposta de classificação dos textos, assim, não existiriam textos narrativos, descritivos, etc., mas sequências narrativas, descritivas, etc. que entram na composição dos textos. Em relação ao gênero de texto, Travaglia afirma que ele desempenha uma função social determinada. Essa função social é definida por seus atos de fala. Especificar essas funções sociais nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente quando estamos tratando de gêneros surgidos em épocas afastadas e que passaram por diversos processos de mudança. Travaglia cita 48 tipelementos caracterizados como gêneros a partir da sua função social, porém a dificuldade de classificação dos gêneros ocorre, pois, como afirma Travaglia.

(17) 17. (2003), o mesmo ato de fala, por exemplo, dar conhecimento de algo a alguém, pode dar origem a diversos gêneros: aviso, comunicado, edital, informe, participação e citação. Essa caracterização do gênero a partir de sua função social e do seu ato de fala é problemática, pois como aponta Adam (2011, p.128) “um enunciado é interpretado como mais ou menos um convite, um juramento, uma recomendação, uma ameaça, ou mesmo um insulto”. Para Adam, os atos de fala ou de discurso são os determinantes do valor ou força ilocucionária dos enunciados e não dos gêneros. Aproximando-se um pouco da visão de Travaglia (2003), Marcuschi (2008, p. 158) afirma que para a “noção de gênero textual, predominam os critérios de padrões comunicativos, ações, propósitos e inserção sócio-histórica”. Porém Marcurschi não utiliza o conceito de ato de fala. Outra tipificação textual utilizada por Travaglia é a espécie de texto. Diremos apenas que o termo espécie se refere aos aspectos mais linguísticos e estruturais da composição dos textos, além de aspectos de conteúdo. Não iremos nos aprofundar nesse conceito por se afastar do nosso objetivo. Bronckart deixa claro que sua visão decorre mais da psicologia da linguagem (influência de Vygotski) do que da linguística e que dentro dessa disciplina assume a posição do interacionismo social. Assim, a preocupação principal do ISD (Interacionismo sóciodiscursivo) é estudar como as práticas de linguagem situadas afetam o desenvolvimento humano. Em contraste com as posições anteriores, Bronckart (2003) não utiliza a noção tipos de texto, mas tipos de discurso. Todo texto é composto por segmentos com determinadas regularidades linguísticas, logo podem ser classificados em tipos, que ademais de estruturação linguística também caracterizam um trabalho de semiotização, de criação de sentido, revelando a construção de um mundo discursivo. A constituição do mundo discursivo é uma decisão universal, pois independente da língua natural que estamos utilizando, essa operação é necessária a toda produção textual. Quando as representações do mundo se referem a fatos passados e atestados, a fatos a acontecer, a fatos que podem acontecer ou fatos imaginários, há uma relação de distância em relação ao momento de interação que marca a origem espaço-temporal desses fatos, assim, ordem do NARRAR. Porém, quando essas representações não possuem uma origem e se situam no momento da interação, o texto EXPÕE estados ou eventos acessíveis. Outra decisão universal necessária a toda produção textual diz respeito à implicação dos parâmetros da situação material de produção do texto. Quando o emissor-enunciador integra.

(18) 18. referências explícitas do ato de produção no texto, constituindo parte de seu conteúdo, se faz necessário conhecer as condições de produção de tal texto, para assim, interpretá-lo. Entretanto, quando o emissor-enunciador não faz nenhuma referência explícita aos parâmetros da situação de produção, o texto é autônomo em relação a essa situação e sua interpretação não requer nenhum conhecimento da mesma. Podemos resumir que: A construção desses mundos se dá por meio de duas operações psicolinguageiras oriundas de uma decisão binária: ou as coordenadas que organizam o conteúdo semiotizado são explicitamente colocadas à distância das coordenadas gerais do actante (ordem do NARRAR) ou elas não o são (ordem do EXPOR). Além disso, ou as instâncias de agentividade semiotizadas no texto referem-se ao actante e à sua situação (implicação) ou não (autonomia). (BRONCKART, 2008, p.91). A interseção dessas duas coordenadas origina quatro tipos de discurso: o discurso interativo (expor implicado), o discurso teórico (expor autônomo), o relato interativo (narrar implicado) e a narração (narrar autônomo). Figura 2: Tipos de discurso.. A proposta de Bronckart para a noção de tipos se afasta das ideias anteriores, especialmente Adam (2011) e Marcurshi (2005, 2008), pois apesar dos tipos possuírem seus. FONTE: (MIRANDA, 2008, p.85). correspondentes linguísticos formalizados em uma determinada língua natural, eles são o “traço de operações de tratamento dos contextos em ação”. (Bronckart, 2003, p. 67) A noção de tipos de discurso também está distante dos tipos de texto de Travaglia. Afinal o que Travaglia busca é uma classificação dos textos, afirmando que eles são de diferentes tipos por materializarem diferentes modos de interação. Os tipos de discurso de Bronckart não são classificações ou tipologias textuais, eles são uma das camadas de estruturação dos textos. Bronckart (2012, p. 75) afirma que o texto é “toda unidade de produção de linguagem situada, acabada e auto-suficiente (...). Na medida em que todo texto se inscreve,.

(19) 19. necessariamente, em um conjunto de textos, ou em um gênero, adotamos a expressão gênero de texto em vez de gênero de discurso”. Segundo o autor, existe um número ilimitado de gêneros de textos criados historicamente e organizados em um repertório de modelos, ou o arquitexto de determinada comunidade linguística. Dessa forma, quando falamos, acessamos esse arquitexto, escolhemos aquele modelo que consideremos o mais adequado a nossa intenção comunicativa e interacional. Como assevera Bronckart (2008, p. 88): [...] esses modelos de gêneros tem características semióticas mais ou menos identificáveis, mais eles também são portadores de indexações sociais, pois, na medida em que cada gênero, necessariamente, é objeto de avaliações sociais, ele é visto como sendo adaptado para comentar determinado agir geral, como possível de ser mobilizado em uma outra situação de interação ou como tendo determinado valor estético. Além disso, esses gêneros são também objetos de processos de conhecimento (eles foram descritos, estudados, etc.), no fim dos quais, encontram-se dotados de rótulos que podem ter menor ou maior estabilidade.. Os textos, sendo correspondentes empíricos das atividades de linguagem, revelam um gênero textual próprio de uma língua natural em um dado momento. O agente-produtor quer fazer algo com a linguagem, uma ação linguageira, recorre aos modelos existentes (gêneros) adaptando esse modelo a situação da ação. Essa concepção de gênero textual se aproxima do conceito de Marcurshi (2005, 2008), pois para ele, quando utilizamos um gênero, estamos dominando uma forma linguística de realizar uma ação. Em oposição a Adam (2011), Bronckart não posiciona o gênero como uma categoria de análise do discurso, mas como o produto das escolhas, por entre as possíveis, do agente-produtor do texto, interessando-se pela atividade de textualização propriamente dita. Bronckart (2005, p.62) também discorda de Travaglia (2003) na tentativa de classificação dos gêneros, porquanto, “os géneros mudam necessariamente com o tempo, ou com a história das formações sócio-linguísticas” e tentar tipificá-los de acordo com sua função social seria esbarrar em mudanças, por vezes aleatórias, evocadas constantemente, já que não há uma relação direta entre ação linguageira e gêneros de textos. Nossa pesquisa situa-se no projeto do interacionismo sociodiscursivo, assim as tipologias utilizadas serão tipos de discurso e gênero de texto. 2.2 O ISD e os tipos de discurso.

(20) 20. Como expomos, a noção de tipos de discurso é um ponto chave na proposta de análise de texto do ISD. A preocupação inicial do ISD é entender a relação existente entre as práticas de linguagem e a construção do pensamento humano. Com esse objetivo, seu quadro de trabalho está dividido em três níveis de análise: primeiro, a análise dos pré-construídos no ambiente humano; a análise dos processos de mediação ou de formação pelo qual passam os recémchegados para adquirir alguns aspectos desses pré-construídos; e enfim, a análise dos efeitos dos processos de mediação na formação do pensamento do indivíduo. Esses três níveis não podem ser tratados isoladamente. Afinal eles se mantêm em uma relação dialética constante, pois como afirma Bronckart (1999, p. 112) “admitimos que, se os pré-construídos humanos mediatizados orientam o desenvolvimento das pessoas, estas, por sua vez, com o conjunto de suas propriedades ativas, alimentam continuamente os pré-construídos coletivos”. Daí o entendimento de que os processos de mediação e formação são contínuos e devem sempre se atualizar. No primeiro nível de análise destacam-se os quatro elementos que formam o ambiente humano. Primeiro, as condutas dos membros da espécie humana que se organizam em atividades coletivas gerais e atividades linguageiras, sendo as atividades linguageiras que comentam as atividades gerais e regulamentam seus contextos. Depois, as formações sociais que organizam a atividade humana em regras, normas de condutas e valores perseguidos pelos membros da comunidade. Em terceiro, há os textos, ou seja, os correspondes empíricos das atividades linguageiras (Bronckart, 1999). Por último, os mundos formais de conhecimento, logo, o produto de operações de descontextualização e de generalização aplicados aos textos e ao conhecimento que eles revelam. No segundo nível de análise, encontram-se os processos de transmissão e reprodução dos pré-construídos que podem acontecer por meio da educação informal, formal e da transação social. A educação informal ocorre quando indivíduos já integrados promovem atividades coletivas com os recém-chegados comentando verbalmente essas atividades. A educação formal possui um caráter didático e pedagógico, e a transação social ocorre nas interações cotidianas entre as pessoas. O terceiro nível de análise pode ser dividido em três campos de investigação: a pesquisa sobre as condições de emergência do pensamento consciente; a análise das condições de desenvolvimento do pensamento, dos conhecimentos e das capacidades de agir; e a análise dos mecanismos por meio dos quais as pessoas interferem nos pré-construídos coletivos. Como vimos, é no primeiro nível de análise da proposta de trabalho do ISD em que se situam os textos. “Desde logo, os textos podem ser definidos como os correspondentes.

(21) 21. empíricos/linguísticos das atividades de linguagem de um grupo, e um texto como o correspondente empírico/linguístico de uma dada ação de linguagem.” (Bronckart, 2005, p. 57). Assim, o caminho de análise dos textos deve ser descendente: partem das atividades gerais para as atividades de linguagem (linguageiras), daí para os textos e, por fim, para seus recursos linguísticos. Para compreender o processo de construção e organização interna dos textos, Bronckart propõe o modelo da arquitetura textual. Segundo esse modelo, todo texto é visto como um folhado com algumas camadas sobrepostas. A camada mais exterior apresenta os mecanismos de responsabilidade enunciativa, ou seja, a gestão de vozes que assumem o que é dito no texto e as modalizações, diversas avaliações, julgamentos, opiniões que as vozes formulam sobre o texto; na camada intermediária encontramos os mecanismos de textualização, ou seja, os fenômenos de conexão, coesão nominal e verbal que asseguram a progressão temática e a organização do texto; e, na camada interior, no nível mais profundo, temos a infraestrutura geral dos textos, logo, o plano do texto, os tipos discursivos e as sequências. É claro que essa divisão em níveis é de caráter didático e metodológico, pois, as três camadas estão em interação constante. Figura 3: Níveis da arquitetura interna dos textos.. FONTE: (MIRANDA, 2008, p.84). A noção de .. tipos de discurso do. ISD foi inspirada. numa tipologização. dos discursos ou. planos enunciativos. que. marcam. diferentes atitudes de. de. Simonin-Grumbach. (1975). O objetivo. da linguista francesa. locução. era identificar as formas linguísticas relativamente estáveis que traduziriam esses planos.

(22) 22. enunciativos em determinada língua natural e que ela classifica de tipos de discurso (Bronckart, 2005). Os tipos de discurso fazem parte da composição de todo texto. São segmentos que representam diferentes operações psico-linguageiras e mobilizam conjuntos particulares de recursos linguísticos. É nos tipos de discursos que as sequências se realizam como modos de enunciação. Os tipos são em número finito e semiotizam diferentes mundos discursivos. Em outros termos, esses mundos discursivos se constituem como quadros em que se desenvolve, no curso da produção ou da recepção textual, a interface entre as representações que estão sediadas em um determinado actante (representações individuais) e as representações que estão sediadas nas instâncias coletivas (representações coletivas). (Bronckart, 1999, p. 91). Quando as representações individuais são colocadas a distância das representações coletivas ocorre a ordem do narrar; quando não, a ordem do expor. Se as operações verbalizadas têm relação com o agente ou a situação de produção existe uma implicação, se não uma autonomia. A interseção entre esses dois tipos de operações psico-linguageiras dá origem a quatro tipos de discurso: o discurso interativo, o discurso teórico, o relato interativo e a narração. Os tipos de discurso fazem parte da camada mais interna do texto, da sua infraestrutura e são parte central para a análise dos textos, e consequentemente na composição e análise dos gêneros. Podemos encontrar diferentes tipos de discurso no mesmo gênero e cada gênero possui pelo menos um tipo de discurso. Conforme Miranda (2008), ocorre sempre uma relação entre tipos e gêneros. Não é qualquer tipo de discurso que aparece em qualquer género, mas que os géneros de texto estabilizam a mobilização de determinado(s) tipo(s) de discurso. Assim, haveria um ‘recorte’ operado no plano praxiológico. De facto, a opção por tipos de discurso específicos poderia ser vista como uma das escolhas que – organizadas em feixe – constituem uma configuração genérica particular. (Miranda, 2008, p.89). As ações humanas ocorrem na interação entre os membros de uma dada comunidade e, por isso, são infinitas e variáveis. O texto é o mediador da ação que implica linguagem, ou ação linguageira. O agente-produtor quer fazer algo com a linguagem em uma determinada situação de ação. Para isso, ele dispõe de uma série de modelos existentes nos pré-construídos do ambiente linguageiro, aglomerados ao longo do tempo no espaço do arquitexto, os chamados gêneros de textos. De tal modo, o agente-produtor do texto efetua um processo de escolha e.

(23) 23. adaptação do modelo ou gênero de texto, relativamente estabilizado pelo uso, e que ele considera mais adequado a situação de ação que ele quer representar. O fato de todo texto pertencer a um determinado gênero cria a necessidade de classificação dos textos em gêneros, porém, como os gêneros fazem parte desses “mundos de obras e de culturas” (Bronckart, 2005, p.63), do ambiente humano, eles “mudam necessariamente com o tempo, ou com a história das formações sócio-linguísticas” as quais pertencem, tornando o trabalho de tipologização dos gêneros impraticável. Enfim, ainda como qualquer obra humana, os géneros são objecto de avaliações no termo das quais eles se encontram afectados (nas representações colectivas) de diversas indexações: indexação referencial (que atividade geral o texto é susceptível de comentar?); comunicacional (para que interacção é este comentário pertinente?); cultural (qual é o “valor socialmente acrescentado” ao domínio de um género?); etc. (BRONCKART, 2005, p. 62).. A relação entre gêneros de textos e tipos de discurso parece clara. Afinal, os tipos de discurso estão presentes em todo texto, e os textos se organizam em gêneros, assim, os tipos de discurso também fazem parte dos gêneros. Miranda (2008) apresenta três níveis de articulação dessa relação entre tipos e gêneros: o nível da ligação vinculativa entre gêneros e tipos, o nível da escolha dos mundos discursivos, e o nível da seleção das unidades linguísticas características de cada gênero de texto. O primeiro nível de articulação entre as duas noções em questão implica que os gêneros não existem sem os tipos e vice-versa. Os tipos não são segmentos que aparecem eventualmente nos gêneros de texto, mas constituem esses gêneros, sempre, sendo uma das escolhas feitas pelo agente-produtor do texto em uma situação de ação linguageira. Todo texto, logo todo gênero textual mobiliza “sempre, e necessariamente, pelo menos um tipo de discurso” (Miranda, 2008, p.87). Assim, se o gênero mobiliza sempre pelo menos um tipo, é possível que tenhamos gêneros que mobilizam mais de um tipo, ou o mesmo tipo em vários gêneros. Essa relação entre gêneros e tipos não é aleatória. Existem determinados gêneros de texto que mobilizam tipos discursivos específicos, como por exemplo, o gênero monografia científica mobiliza o discurso teórico ou o gênero conto mobiliza o tipo narração. É claro que outros tipos de discurso podem ser encontrados nesses gêneros, porém o tipo de discurso narração seria o predominante e essencial ao conto, assim como discurso teórico seria predominante na monografia científica. Por fim, o terceiro nível de articulação refere-se ao nível dos recursos linguísticos utilizados em cada tipo discursivo. Se o mesmo tipo de discurso pode aparecer em diferentes.

(24) 24. gêneros, é necessário saber se as unidades linguísticas mobilizadas seriam próprias do tipo ou do gênero, e se esses recursos linguísticos seriam os mesmos em diferentes línguas naturais. Como já dito, os tipos discursivos mobilizam dois tipos de operações: a escolha dos mundos discursivos (vertente psico-cognitiva) e a escolha dos recursos linguísticos que traduzem esses mundos discursivos (vertente semiótica). Existiria, dessa forma, uma relação entre certos gêneros de texto e a mobilização/estabilização de traços linguísticos dos tipos de discurso vinculados ao gênero. Por exemplo, no gênero entrevista, cujo tipo de discurso predominante é o discurso interativo, a presença de frases não declarativas (interrogativas, imperativas e exclamativas) é um traço linguístico essencial do gênero. A caracterização dos tipos discursivos surgiu, conforme Bronckart (2006, p. 15), através de “análises distribucionais e estatísticas das configurações de unidades e de processos da língua francesa”. Para tanto, foram utilizados textos considerados standard, ou seja, textos que seriam mais simples em sua estrutura e que mobilizariam operações psicolinguageiras menos complexas. O autor destaca as possíveis limitações dos resultados obtidos, afirmando que o corpus foi formado somente por gêneros considerados mais tradicionais por uma questão clara de capacidade de análise. Essas limitações, contudo, são o ponto de partida para uma discussão apresentada por Miranda (2008). Para a autora, a questão que se coloca é a de saber que modos de relação é possível identificar entre as noções de gênero e tipo de discurso. “Ou, ainda, até que ponto a articulação entre tipos de discurso e géneros apresenta alguma regularidade?” (2008, p. 87). A esse respeito, Miranda, levanta algumas hipóteses tanto a partir da própria teorização desenvolvida no âmbito do ISD como a partir da observação de textos empíricos. A primeira relação postulada, no dizer da autora, como primária, é a de constitutividade, depreendida das próprias definições de gênero e de tipo de discurso do quadro do ISD. O termo ‘constitutivo’ indica, então, uma relação vinculativa necessária, de modo que os tipos de discurso não seriam simples configurações eventuais nos géneros, mas constituintes fundamentais. Poder-se-ia dizer, portanto, que um primeiro modo ou nível de relação entre géneros e tipos é esta espécie de ligação em que uns estão constitutivamente vinculados aos outros. Isto implica que os géneros mobilizam sempre, e necessariamente, pelo menos um tipo de discurso. (MIRANDA, 2008, p. 87). O segundo tipo de relação é a que prevê que cada gênero estabiliza a mobilização de um ou mais de um tipo de discurso particular..

(25) 25. Assim sendo, todos os géneros são constituídos por tipos de discurso, mas há géneros que preveem a mobilização de todos os tipos, géneros que seleccionam alguns e géneros que se caracterizam pela ocorrência de um único tipo de discurso. Esta observação é válida, ainda, se consideramos a possibilidade de ocorrência de variantes de (ou modalidades de articulação entre) tipos diferentes. (MIRANDA, 2008, p. 89). Assumindo esses dois tipos de relação possíveis entre gênero e tipo de discurso, Miranda (2008, p. 89), se pergunta ainda “se um mesmo tipo de discurso mobilizado em géneros diferentes pode apresentar especificidades”. Para aprofundar essa problematização, a autora analisa as unidades e os mecanismos linguísticos que se associam a um dos quatro tipos de discurso: o discurso interativo. Essa análise é realizada em quatro textos, escritos em português europeu, que se inscrevem em quatro gêneros diferentes: entrevista, horóscopo, receita de cozinha e boletim meteorológico. A conclusão a que a autora chega é a de que existem três níveis de relações entre gênero de texto e tipo de discurso. Em primeiro lugar, observámos que os tipos de discurso são elementos constituintes (ou, ainda, constitutivos) dos géneros e, portanto, os géneros mobilizam necessariamente tipos de discurso. Em segundo lugar, notámos que os géneros estabilizam a mobilização de determinado(s) tipo(s) de discurso, o que marcaria, então, um primeiro ‘recorte’ operado e instituído no plano praxiológico. Em terceiro lugar, e a partir da observação da ocorrência de marcas do discurso interactivo em textos de quatro géneros diferentes, vimos que em princípio certos géneros de texto demonstram a estabilização da ocorrência de alguns dos traços semióticos dos tipos de discurso em detrimento de outros. (MIRANDA, 2008, p. 98). É nessa perspectiva de contribuição que nos inserimos. Acreditamos, em consonância com Miranda (2008, p. 90), que “é preciso ainda avançar na análise de uma maior diversidade de géneros textuais e também na análise de unidades próprias das diferentes línguas naturais”. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS. 3.1. O tipo de pesquisa Este trabalho focaliza as relações entre tipo de discurso e recursos linguísticos comparativamente em português e espanhol. Nosso propósito é discutir a hipótese de que, de acordo com o gênero, os tipos de discurso podem apresentar especificidades no plano da configuração dos recursos linguísticos relativamente a uma língua natural. Nosso primeiro.

(26) 26. passo para abordar a discussão dessa questão foi classificar o trabalho quanto à maneira de abordar o problema, à natureza, aos objetivos e aos procedimentos técnicos utilizados. Há duas formas de abordar o problema da pesquisa: a qualitativa e a quantitativa. Segundo Godoy (1995, p.58), a abordagem qualitativa “é a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, para compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos”. Gil (2007, p.94) corrobora essa visão, dizendo que os “métodos de pesquisa qualitativa estão voltados para auxiliar os pesquisadores a compreenderem pessoas e seus contextos sociais, culturais e institucionais”. Já a pesquisa quantitativa considera que o conhecimento poder ser quantificável, o que significa traduzir, em número, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de métodos e técnicas estatísticas (GODOY,1995). Quanto à natureza, Gil (2007) classifica a pesquisa em básica ou teórica e aplicada. A pesquisa básica objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática necessariamente prevista. Normalmente, envolve interesses universais. A pesquisa aplicada focaliza a geração de conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Normalmente envolve verdades e interesses mais pontuais. Com relação aos objetivos, é possível desenvolver uma pesquisa exploratória e descritiva. A pesquisa exploratória tem como finalidade proporcionar maiores informações sobre objeto ou assunto de investigação a partir das quais possam se formular hipóteses ou propor um novo tipo de enfoque. Já a pesquisa descritiva, segundo Gil (2007, p. 46), “tem como objetivo primordial à descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre as variáveis”. Finalmente, quanto aos procedimentos, a pesquisa pode ser bibliográfica, experimental, documental, de campo, de levantamento, estudo de caso, pesquisa-ação, participante, etnográfica, etnometodológica. Considerando esses fundamentos, situamos nossa pesquisa como qualitativa já que pretendemos mostrar a complexidade das relações entre gênero, tipos de discurso e língua. Nesse sentido, não nos interessam recursos e técnicas estatísticas. Ao invés disso, interessa-nos o aprimoramento da questão e a discussão de hipótese, o que nos situa no campo da pesquisa exploratória. Quanto à natureza, trata-se um trabalho teórico, ou seja, pretendemos oferecer uma discussão acerca do tema, sem necessariamente oferecer aplicação prática. Por fim, como procedimento, recorremos basicamente ao levantamento de um pequeno corpus de dados. 3.2 O corpus.

(27) 27. Nosso corpus está composto por 15 painéis de leitores publicadas no jornal “El periódico de Catalunya”, entre os dias 14 e 17 de março de 2014, em língua espanhola, e 15 publicados, também entre os dias 14 e 17 de março de 2014, no jornal Folha de São Paulo, em língua portuguesa. El periódico de Catalunya é um jornal de referência da comunidade autônoma de Catalunha na Espanha, cujo nascimento data de 1978, sendo especialmente lido em Barcelona. O jornal possui uma versão impressa e uma eletrônica, sendo escrito em dois idiomas: espanhol e catalão. As “cartas de lectores” são recebidas através do e-mail cartalector@elperiodico.com ou por meio de uma conta do Twitter @EPentretodos. A Folha de São Paulo foi fundada em 1921 e, desde a década de 80, é o jornal mais vendido entre os diários nacionais de interesse geral (FONTE). Oferece uma versão on-line para os leitores. Na seção intitulada “Painel do Leitor” encontramos os painéis dos leitores recebidos através do e-mail: leitor@uol.com.br. A escolha desse gênero não tem nenhuma razão teórico-metodológica específica. Dada à natureza exploratória desta pesquisa, o trabalho de caracterização dos tipos de discurso e dos recursos linguísticos a eles associados em português e espanhol poderia ser realizado em qualquer gênero. Optamos pelo gênero painel do leitor pela facilidade de constituição do corpus, o uso da internet, por exemplo, especialmente em língua espanhola. 3.3 O método de análise O trabalho de análise foi organizado em duas etapas. Primeiro, fizemos uma análise geral das características linguísticas dos painéis do corpus, tanto em português quanto em espanhol. Em seguida, identificamos os tipos de discurso e verificamos se as unidades linguísticas variam nas duas línguas naturais. Para a identificação dos tipos linguísticos, o ponto de partida foi a descrição das unidades consideradas na caracterização dos tipos de discurso previstas por Bronckart (2012). 1. Ordem do Expor: . Discurso Interativo:  Presença de unidades que remetem a interação verbal;  Presença de frases não declarativas;  Verbos no presente, pretérito perfeito e futuro perifrástico;.

(28) 28.  Existência de unidades linguísticas que remetem a objetos acessíveis, ao espaço e ao tempo;  Presença de nomes próprios, verbos e pronomes de primeira e segunda pessoa do singular e plural de valor exofórico;  Presença de anáforas pronominais;  Densidade verbal elevada;  Densidade sintagmática baixa. . Discurso Teórico:  Ausência de frases não declarativas;  Dominância de verbos no presente e pretérito perfeito composto com valor genérico;  Ausência de unidades que remetem aos interactantes ou ao espaço-tempo da produção;  Existência de organizadores textuais com valor lógico-argumentativo;  Presença de frases passivas;  Presença de modalizações lógicas e do auxiliar de modo “poder”;  Presença de anáforas pronominais e nominais;  Densidade verbal fraca;  Densidade sintagmática elevada.. 2. Ordem do Narrar: . Relato interativo:  Ausência de frases não declarativas;  Verbos no pretérito perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito, futuro simples e condicional;  Existência de organizadores temporais;  Presença de pronomes, adjetivos e verbos de primeira e de segunda pessoa do singular e do plural;  Dominância de anáforas pronominais;  Densidade verbal elevada;  Densidade sintagmática baixa.. . Narração:  Geralmente monologada e escrita  Presença exclusiva de frases declarativas;  Verbos predominantemente no pretérito perfeito e imperfeito;.

(29) 29.  Presença de organizadores temporais  Ausência de pronomes de primeira e de segunda pessoa do singular e do plural que remetem aos interactantes;  Presença de anáforas pronominais e nominais;  Densidade verbal média;  Densidade sintagmática média. Realizamos ainda, para efeito de contextualização, um breve comentário sobre o contexto de produção e o plano global do conteúdo temático dos painéis. Para a exposição da análise propriamente, transcrevemos o painel e comentamos os resultados individualmente, em cada língua. Em seguida, procedemos a uma comparação. Os painéis são identificados pelas letras P (português) e E (espanhol) e por um número, que corresponde à ordem (P1 – painel 1 em português, E1 – painel 1 em espanhol). 4. ANÁLISE COMPARATIVA DAS CARTAS DE LEITORES EM PORTUGUÊS E ESPANHOL 4.1. O contexto de produção Para identificarmos as condições de produção de qualquer texto é preciso considerar que o agente/produtor do texto se encontra em uma situação de ação linguageira. Quando esse agente/produtor elabora um novo texto, ele toma duas atitudes: primeiro, busca no arquitexto de sua comunidade linguística o modelo (o gênero de texto) mais adequado à situação em que se encontra. Depois, procura adaptar esse modelo às características individuais dessa mesma situação de ação linguageira. A análise das condições de produção dos textos deve levar em conta os elementos referentes à situação de produção do texto, a saber: a) as representações relativas ao quadro material da ação linguageira, ou seja, emissor, espaço e tempo; b) as representações sociosubjetivas da ação linguageira, ou seja, o tipo de interação, o papel social do emissor/enunciador, o papel social dos receptores/destinatários e os objetivos da interação; e c) outras representações da situação e dos conhecimentos do agente. O novo texto empírico será um exemplar do gênero de texto escolhido como melhor modelo para a situação de ação de linguagem em que o agente/produtor se encontra, ajustado aos parâmetros específicos dessa.

(30) 30. mesma situação. Abaixo ilustramos o esquema proposto por Bronckart (2009) para a análise das condições de produção dos textos. Figura 4: Condições de produção dos textos AÇÃO DE LINGUAGEM REPRESENTAÇÕES DO AGENTE/PESSOA 1. Parâmetros objetivos . Emissor; eventual co-emissor. . Espaço/tempo da ação. 2. Parâmetros sociossubjetivos . Quadro social da interação. . Papel do enunciador. . Papel dos destinatários. ARQUITEXTO NEBULOSA DE GÊNEROS 1. Diferenças objetivas. . Objetivo. 2. Classificações explícitas 3. Indexações. 3. Outras representações da situação e dos conhecimentos disponíveis na. . Conteúdo. pessoa. . Formas de interação. . Valor atribuído. FONTE: Bronckart (2009, p.146). Considerando esses aspectos, a análise das condições de produção dos painéis de leitores pode ser. TEXTO EMPÍRICO (Exemplar de gênero). configurada da seguinte forma: 1. Parâmetros objetivos . Emissores: Leitores dos jornais escolhidos.. . Co-emissor: não se aplica. . Espaço/tempo de produção: jornal on-line, entre 17 a 19 de março de 2014.. 2. Parâmetros sociossubjetivos . Quadro social da interação: instância jornalística eletrônica.. . Papel do enunciador: leitor. . Papel dos destinatários: editor, diretor e leitores dos jornais escolhidos.. . Objetivo: emitir opinião sobre os assuntos tratados nos jornais escolhidos.. 3. Outras representações da situação e dos conhecimentos mobilizados no texto: pressupõe que os destinatários também são leitores dos jornais escolhidos..

(31) 31. 4.2. O plano global do conteúdo temático Além do contexto de produção, o conteúdo temático também integra a ação de linguagem. A respeito deste, Bronckart (1999, p. 97) afirma que “o conteúdo temático (ou referente) de um texto pode ser definido como o conjunto das informações que nele são explicitamente apresentadas, isto é, que são traduzidas no texto pelas unidades declarativas da língua natural utilizada”. De forma semelhante aos parâmetros do contexto de produção, as informações constitutivas do conteúdo temático são representações construídas pelo agente-produtor. Essas se referem aos conhecimentos que variam em função da experiência e do nível de desenvolvimento do produtor e que estão estocados e organizados em sua memória, previamente, antes do desencadear da ação de linguagem. O conteúdo temático dos painéis dos leitores em espanhol é diversificado. São abordados temas do cotidiano dos espanhóis como aspectos da mobilidade da comunidade, urbanização, arte, política internacional, educação, saúde pública, imigração e, o que o jornal catalão classifica como “debate soberanista”, ou seja, a respeito da identidade enquanto catalães em oposição à identidade como espanhóis. O plano global do conteúdo temático das cartas dos leitores em português também é variado, porém possui mais temas relacionados à política nacional e ao cotidiano dos brasileiros, como casos de corrupção, o marco civil da internet, a cracolândia, a educação do trânsito, os atrasos dos pagamentos do INSS e a propaganda eleitoral. 4.3. Os tipos de discurso e os recursos linguísticos 4.3.1. Análise dos painéis em português P1 Cirurgião plástico critica artigo de João Pereira Coutinho – Luís Felipe Morais Prado de Jaú/SP (14/03/2014) Sou cirurgião plástico e me senti extremamente ofendido com o artigo “Frankensteins” de João Pereira Coutinho. Ele achincalha nossa categoria por conta de uma única análise. Não aceito essas reflexões feitas por um caso que pode até não ser estético, porém, generalizar não tem sentido e ofende toda uma classe..

Referências

Outline

Documentos relacionados

Os candidatos reclassificados deverão cumprir os mesmos procedimentos estabelecidos nos subitens 5.1.1, 5.1.1.1, e 5.1.2 deste Edital, no período de 15 e 16 de junho de 2021,

Neste trabalho foi desenvolvida uma metodologia analítica para determinação direta de Pb em resíduos de disparo de arma de fogo por espectrometria de absorção atômica com

Azeite extra virgem, alho, vinho branco e coentros, servido com tostas e manteiga de alho Extra virgin olive oil, garlic, white wine and coriander, served with toast and garlic

Exercício cujo sentido foi a ‘rotinização’ da critica aos princípios políticos liberais e democráticos de organização social que favoreceu o assentamento de uma

Para o lado direito deste P.A, segue-se o mesmo procedimento realizado para as conexões do lado esquerdo, iniciando-se no cabo de conexões do sinal excitador pelo conector R,

RESUMO - Este trabalho objetivou caracterizar as populações de moscas-das-frutas de quatro municípios da Região Noroeste do estado do Rio de Janeiro (Bom Jesus do Itabapoana,

Entre as atividades, parte dos alunos é também conduzida a concertos entoados pela Orquestra Sinfônica de Santo André e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São

Os indicadores do Balanced Scorecard devem relatar a história durante a implementação da estratégia, começando pelas metas financeiras de longo prazo e relacionando-os