O* If) 00 __ <l' ^
V
Universidade Federal
de
Santa CatarinaPrograma de Pós-Graduação
em
Engenhariade
ProduçãoMaria Aparecida Pascale
ERGONOMIA
E
ALZHEIMER:
A
CONTRIBUIÇÃO
DOS
FATORES
AMBIENTAIS
COMO
RECURSO
TERAPÊUTICO
NOS
CUIDADOS
DE IDOSOS
PORTADORES DA
DEMÊNCIA
DO
TIPO
ALZHEIMER
Dissenação
de
MestradoFlorianópolis
EReoNo|vnA
E
A|_zHEuv|ERz
A
coNTR|Bu|çAo
Dos
i=AToREs
AMB|ENTA|s
como
Rscunso
rERAPÊu'r|co
Nos
culoADos
DE ioosos PoR'rAooREs
DA
oEMÊNciA
Do
Tipo
ALzHEuv|ER
Dissertação apresentada ao
Programa
dePos-Graduação
em
Engenhariade
Produção
da
Universidade Federalde
Santa Catarina
como
requisito parcialpara obtenção
do
Titulode
Mestreem
Engenhariade
Produção.Orientador: Prof. José Luiz
Fonseca da
Silva Filho, Dr.Florianópolis
Í '
›
P of. Ana\R gina d Aguiar Dutra, Dra. Prof. José L F s ` Filho, Dr.
Maria Aparecida Pascale _
EReoNoiiniA E
Ai_zi-iEiiviERzA
coNrRiBuiçAo
nos
i=AToREs
AiviBiENTAis
como
REcuRso
TERAi=ÊuTico
Nos
cuioAoos DE ioosos
PoRTAooREs
DA
DEMÊNciA
Do
Tipo
Ai_zHEiiviER
Esta dissertaçao foi julgada
adequada
para a obtençao do título deMestre
em
Engenharia
de Produção
e aprovadaem
sua forma final peloPrograma
de
Pós-Graduaçãoem
Engenhariade
Produção daUniversidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 28 de maio e'2002.
Prof. Ricar irand Barcia, Ph.D.
C
rde adoroCurso
BANCA
E
É
NADOBA
Universidade F ral de Santa Catarina Universidad, ed ral de Santa Catarina
Orientador
Prof. Vera Helena Moro Bins Dra.
Aos
meus
pais,Humberto e
Dadá
(inmemoriam),
que
mesmo
de
longeforneceram inspiração e
exemplo
para aslutas incessantes
de
minha vida.Aos meus
“pais americanos”, Jim eNancy,
que são
responsáveis pelaformação
de
importante partede
minhapersonalidade,
e
«demonstram
constantemente seu comprometimento e
colaboração
nas
minhas buscas erealizações.
A
Deus, porque o louvoe
conto maravilhasem
seu nome.AGRADECIMENTOS
Aos
Professoresque
participaram daBanca
Examinadora.Ao
“Mestre” Fonseca,que
me
acompanha
desde
ostempos da
Graduação, obrigada pela oportunidade
de
conhecer e entender a Ergonomia.Aos
amigos
Perci e Zé, colaboradores diretos na realizaçãodesse
projetopessoal e profisslonal.
Aos
sobrinhos Victor, Cris, Mari, Fernando e Adolfo, pelaamizade
nosmomentos
de
angústiae
de
vitoria.À
minha
famíliade Laguna
- Gladis, Natáliae
Carlos Queiroz - toda agratidão por estarem
sempre
e incondicionalmente aomeu
lado.RESUMO
PASCALE,
Maria Aparecida. Ergonomia e Alzheimer: a contribuição dos fatores ambientaiscomo
recurso terapêutico nos cuidados de idosos portadores da demência dotipo Alzheimer. 2002. 120p. Dissertação (Mestrado
em
Engenharia de Produção) - Programade Pós-Graduação
em
Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.O
presente estudo constituiem
uma
fundamentação teóricaem
que
se procurou relacionar aDoença
de
Alzheimer (DA)e o
ambiente fisico, imediatamenteao
redordo
individuo acometido,como
um
recursoem
potencial no tratamento dessarelevante
doença da
terceira idade.Os
fatores físicosdo
ambiente determinadospela iluminação, temperatura, ruido, mobiliário
e
cores, os quais constituemparâmetros utilizados pela
Ergonomia
no planejamentode
ambientesadequados
para convivênciado
homem
foram aqui aplicados,como
importantes recursos notratamento
de
Doença
de
Alzheimer.A
revisão teórica apresentada foicomplementada
com
um
estudode
caso, atravésda
observaçãoda
aplicabilidade práticae adequada de
tais fatoresem
duas
instituições geriátricas americanasde
referência, nos cuidados diários
de
individuos acometidos por DA..Na
observaçãorealizada comprovou-se a influência positiva
que
um
ambienteadequadamente
planejado exerceno comportamento e
na qualidadede
vidados
individuosacometidos.
Que
a propostadesse
trabalho,ou
seja, trazer estetema
para receberum
tratamentoda
Ergonomia,o que
reforça a multidisciplinaridadedessa
ciência, seja mais importanteque o
nivelde
detalhamento técnicodo
presente estudo.Espera-se
que
este estudovenha
estimular novas investigações, servindode
baseintrodutória para os pesquisadores
e
profissionais atuantes nas diversas áreasconcementes ao tema
pesquisado.Palavras-chave:
Doença
de
Alzheimer, Fatores Ambientais, Ergonomia, RecursoPASCALE,
Maria' Aparecida. Ergonomia e Alzheimer: a contribuição dos fatores ambientaiscomo
recurso terapêutico nos cuidados de idosos portadores da demência dotipo Alzheimer. 2002. 120p. Dissertação (Mestrado
em
Engenharia de Produção) - Programade Pós~Graduação
em
Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.The
present study provides a theoretical understanding about people withAlzheimer's Disease
and
the environment in which they live.The
physicalenvironment
was
here identified as a therapeutic potential resource on the treatmentof this most prevalent illness of the senior age.
The
sensory cues in such key areasas Iighting, ventilation I thermal sensitivity, acoustics, furnishings and color which are
Ergonomics issues
on
planning appropriate enviroments to thehuman
living,were
here applied as a therapeutic resource in the provision of care for people with
Alzheimer's disease.
The
theoretical revisionwas
completed andbased on
casestudies wich describes
and
analyses two facilities designed in response to the care ofpeople with Alzheimer's Disease located in the Unites States of America.
The
analyses demonstrate what positive effects of changes in the physical environment
may
exerton
the behaviorand
quality of life of these population. ls expected that the proposal of the present study, whishmeans
bringing anew
issue to the field ofErgonomics, reinforcing the multidisciplinary audience of this science,
be
more
significant than the technics approaches of this research.
We
hope
this study willcontribute to a
more
infomied process of investigation suggesting starting points toresearchers
and
professional related to the theme's field.Key-words: Alzheimer's Disease, Sensory Cues, Ergonomics, Therapeutic Resource.
suMÁR|o
Lista de figuras ... _. 10
Lista de abreviaturas e siglas ... ._ 11
1
INTRODUÇÃO
... _. 121.1 Apresentação do Problema ... _. 12
1.2 Objetivos ... ._ 13
1.2.1 Objetivo Geral ... ._ 13
1.2.2 Objetivos Especificos ... _. 14
1.3 Justificativa e Relevância do Trabalho ... ._ 14
1.4 Limitações de Trabalhe ... _. 15
1.5 Procedimentos Metodológicos ... __ 17
1.6 Estrutura do Trabalho ... ._ 17
2
A
TERCEIRA
IDADE EA DOENÇA
DE ALZHEIMER
... ._ 192.1
A
Terceira Idade ... _. 192.2 As Doenças Demenciais da Terceira Idade ... _. 22
2.2.1 As principais demências ... _. 24
2.3
A
Doença de Alzheimer: Principal Demência da Terceira Idade ... _. 262.3.1
Um
breve histórico da Doença de Alzheimer ... _. 272.3.2
O
que é a Doença de Alzheimer? ... _. 282.3.3
O
que acontece no cérebro? ... _. 312.3.4 As possíveis causas da Doença de Alzheimer ... __ 35
2.4
O
Diagnóstico da Doença de Alzheimer ... _. 372.5 As Formas de Tratamento da Doença de Alzheimer ... _. 38
2.5.1
O
tratamento farmacológico ... __ 392.5.2
A
orientação familiar ... ._ 402.5.3
O
ambiente fisico ... ._ 423
coNs|DERAçõEs
soBRE
A
RELAÇÃO
ENTRE
A|v|elEN'rE Físico EDOENÇA
DE ALZHEIMER
... ._ 453.1
O
Ambiente Físicocomo
Recurso Terapêutico para Doença de Alzheimer ... ._ 453.2
A
Importância do Ambiente Físicocomo
Ferramenta Terapêutica ... ._ 473.3 Definição dos Principais Objetivos a serem alcançados através do
4.1
Um
Breve Histórico da Ergonomia ... ..4.2 Conceituações e Aplicações da Ergonomia ... ..
4.3 Ergonomia e Antropometria ... ..
4.4
A
Ergonomia e os Fatores Ambientais ... ..4.5
Os
Efeitos dos Fatores Ambientais na Doença de Alzheimer ... ..4.5.1 Iluminação ... ..
4.5.2 Ruído ... ..
4.5.3 Mobiliário ... ..
4.5.3.1
A
postura sentada ... ..4.5.3.2
A
postura diante de auto-alimentação ... ..4.5.3.3
A
postura deitada ... ..4.5.4 Ventilação I temperatura ... ..
4.5.5 Psicodinàmica das Cores ... _.
4.5.5.1
A
idade e as mudanças visuais ... ..4.5.5.2
O
uso da corem
instituições genátricas de cuidados especializados ... ..4.5.5.3
O
uso da cor como sinalização no ambiente fisico ... ..5
ESTUDO
DE
CASO
... ..5.1 Universo da Pesquisa ... ..
5.2 Caracterização das instituições ... ..
5.2.1 Instítuíção“A" ... ..
5.2.2 Instituição “B” ... ..
5.3 Análise do Ambiente Flsico nas Instituições "A" e “B” ... ..
5.3.1 Iluminação ... ..
5.3.2 Ruído ... ..
5.3.3 Ventilação/ temperatura ... ._
5.3.4 Mobiliário ... ..
5.3.5 Psicodinàmica das cores ... ..
6
CONCLUSÃO
ERECOMENDAÇÕES
... _.6.1 Conclusão ... ..
6.2 Recomendações ... ..
Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura \ Lista
de
Figuras
1: Gráfico do índice de crescimento da terceira idade ... .. 20
2: Cérebro humano normal ... .. 32
3: Cérebro humano com
DA
... .. 324: Cérebro normal seccionado ... ._ 33 5: Cérebro com
DA
seccionado ... .. 336: Neurónios normais ... .. 34
7: Neurônios anormais (DA) ... .. 34
8: Sistema individuo-ambiente ... _. 52 9: Pequenos recantos no ambiente intemo ... .. 56
10: Pequenos recantos no ambiente intemo ... .. 57
11: Cozinha terapèu ica ... .. 63
12: População usuária / Altura dos móveis ... .. 63
13: Cadeira de balanço ... .. 81
14: Mesa para a sala de refeições ... .. 84
15: Mesa para a sala de refeições ... .. 84
16: Mesa combinada para cadeira convencional e de rodas ... .. 85
DA
ONU
A.H.C.A A.R.D.A.OMS
Doença de AlzheimerOrganização das Nações Unidas American Health Care Association
Alzheimer's Disease and Related Disorders Association
1
|NTRoouÇÃo
1.1
Apresentação
do
Problema
A
longevidadedo
serhumano
tem
sido objetode
investigações por partede
pesquisadorese
entidades governamentais.O
crescimentoda
expectativade
vida é atribuida a inúmeros fatores, taiscomo:
a
reduçãoda
taxade
natalidade, gerandoum
processo maiorde
envelhecimento
da
população;a diminuição
da
taxade
mortalidade, relacionada à melhorana
qualidadede
vida,saúde
pública eficientee
à renda familiarem
ascensão.-
Com
a crescente elevação
da
expectativade
vida, mundialmente,resultando
em
uma
maior populaçãode
idosos, particularmente nos paises maisdesenvolvidos, surgiram
doenças
consideradasda
terceira idade, as quais nasúltimas
démdas
vêm
sendo
investigadase
reconhecidas nos meios médicoe
cientifico. Dentre essas doenças, as
demências
senisaparecem
com
grandeincidência
e
a sua importânciavem
sendo
constantemente investigada.Segundo
Corrêa (2001), asdemências
senis são conhecidasdesde
aAntigüidade, porém, muito recentemente, elas tiveram
um
estudo cientifico maisaprimorado para
uma
posterior avaliação fidedigna.Das
doenças
demenciaisda
terceira idade, aDoença de
Alzheimer (DA)é
a patologia maiscomum
e, conformedados do
American HealthCare
Association(A.H.C.A.), nos Estados Unidos, a
DA
responde por, no mínimo,50%
de
todas as demências, tornando-seo
distúrbio geriátricode
ordem
psíquica mais freqüente.Não
há causa específica motivadorada
DA
nem, tampouco, tratamentoeficaz
que
resulteem
uma
cura definitiva.Quanto
aos tratamentos gerais para a DA, há cada vez maiorunanimidade
de
opiniões entre pesquisadorese
médicos, - 'cujosser realizados
em
vários níveis e enfoques”, os quais incluem a farmacologia, a orientação às familiasdos
individuos acometidos, e as intervençõesno
ambientefisico para
uma
melhor funcionalidadee
interação,passando
a serum
importante recurso terapêutico.Em
países desenvolvidos,como
os Estados Unidos, o estudodos
aspectos
do
ambiente,com
referidasadequações
para vivênciade
indivíduos idososacometidos
de
DA
e
outras demências,vem
sendo
amplamente
aprofundado. Investigações nessa área especlficavêm
sendo
realizadas por Powell Lawton,pesquisador americano,
que
estuda a relação entre ao ambiente fisico e suainfluência
no comportamento e
funcionalidade desses individuos.Os
estudosdessa
naturezaem
relação àDA
ainda são incipientes noBrasil
e
pouco
sesabe
a respeito dessa perspectiva terapêutica para tão relevantedoença da
terceira idade.'
A
problematizaçãodesse
estudo consisteem
propor instrumentose
mecanismos que
levemem
conta a contribuiçãoda
ergonomia, atravésdo
enfoqueem
fatores fisicosdo
ambiente,como
opção de
tratamento para a DA.1.2
Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O
objetivo deste estudo é analisar a importância das intervenções nosfatores
do
ambiente flsicoem
instituições geriátricasde
cuidados especializados,direcionados aos individuos residentes acometidos
de
DA, para utilizar esses fatorescomo
um
dos recursos terapêuticosda
doença, na melhoriada
qualidadede
vidae
14
1.2.2 Objetivos especificos
- ldentificar os fatores
do
ambiente fisico, suaconcepção e
adequação,para melhor convivência
e
interação dos individuos acometidosde
DA,em
especial nas instituições geriátricasde
cuidados especializados.- Avaliar a contribuição
dos
fatoresdo
ambiente fisico,que
podem
atuarcomo
recurso terapêutico auxiliarno
tratamentode
DA.- Efetuar
uma
análise comparativa entre instituições geriátricasde
cuidados especializadosem
individuos acometidosde
DA,abordando
os fatores
do
ambiente fisicoe
os fundamentosda
Ergonomia.1.3 Justificativa
e
Relevância
do
Trabalho
A
populaçãode
idososno
mundo
e no Brasilvem
aumentando
signíficativamente
em
funçãoda
melhora da expectativade
vida.Conseqüentemente,
uma
maior longevidade para a terceira idadepode
serobservada nas
duas
últimas décadas.A
Organização .dasNações
Unidas(ONU)
estabeleceque
a erado
envelhecimento iniciou
em
1975 e
que
essa tendencia deverá se estender por maiscinqüenta anos, isto é,
o
crescimento deverá ir atéo ano
2025.Para efeitos desse estudo, fica reconhecida a definição aceita pela
ONU,
segundo a
qual apessoa
idosaé
aquelaque
atingiu sessenta anosde
idade.Conforme
as últimas estatisticas, a Europaocupa
a primeira posição na proporçãoda
populaçãocom
maisde
sessenta anos de idade (19,8%), seguida pelaAmérica
do
Norte (16,3%)como
resultadodo
índicede
expectativade
vida (IBGE,2000). -
No
Brasil, os idosos representam8%
da população e, conforme atendência para as próximas décadas,
no ano de 2025
o Brasil terá a sexta maiorpopulação
de
idososdo
mundo
- cercade
trintae
dois milhõesde
pessoascom
sessenta
anos ou
mais. _Diante disto, os Estados Unidos
e
paises mais evoluídosda
Europa jápossuem
politicas eações
voltadasao
atendimentoda
terceira idade,em
todos osseus graus
de
necessidades e carências. Estas ações surgiramem
funçãodas
novas exigências já
que o aumento de
idadeda
população produziuuma
clientelaque,
em
sua maioria, desenvolve múltiplasdoenças
degenerativas e,com
isso háuma
crescente incidênciae
prevalênciade demências da
idade avançada.Entretanto, o processo demencial é
uma
sindrome relativamente raraantes dos sessenta e cinco anos,
que
adquire proporções epidêmicasno
grupodos
muitos idosose
conforme Tavares (apudRAMOS
eMACEDO,
2001),dado o
envelhecimento vertiginoso
da
populaçao mundial, notadamente nos países desenvolvidos, asdemências
serão a “epidemia”do
século XXI.Entre as principais
doenças
degenerativas,a
DA
responde por, nominimo,
50%
de
todas as demências, entre elas aSindrome
de
Parkinson, aDemência
em
Corpos
de
Lewy
e
asDemências
Vasculares Associadas.Não
háum
tratamento especifico para a DA,embora
a literatura citediversas formas
de
tratamento, as quais apresentam controvérsias.De
acordocom
Corrêa (2001, p.11), “chega-se auma
não muito otimista conclusãode que
praticamentenão dispomos
de
nenhuma
drogaque
seja realmente eficaz nocombate
a esse mal”.Assim, para enfrentar a DA, há necessidade
de
um
enfoque globalizante, pois os cuidados necessários se situamem
vários niveis. Dentre os tratamentosgerais,
além do
tratamento farmacológiconão
especifico, a orientação familiar e apromoção de
facilidades paraque o
paciente se relacionede
modo
convenientecom
o ambiente, são as possibilidades
que
existem hoje.Os
fatores fisicosdo
ambienteque
correspondem às.demandas do
paciente, oferecendo-lhes todas as informações necessárias através
de
sinais elououtras sugestões, juntamente
com
os serviços especializadosde
instituiçõesou
cuidadores, tornam-se
um
importante recurso terapêuticono
tratamentode
uma
das
doenças
mais devastadorasda
terceira idade.Na
buscade
paliativos terapêuticos para a DA, a qual estáse
tornando16
multidisciplinar,
pode
contribuir para minimizar os efeitos destadoença
aindasem
curano
atualmomento.
Há, contudo,
um
vácuo nos estudos sobre a qualidade nos serviçosde
atendimento
ao
individuo idoso acometidode
demência, tanto para aquelesque
residem
no
seio familiar, quanto para aqueles residentesem
instituições geriátricasde
cuidados especializados, demonstrando, assim, a necessidadede
tornar esseserviço mais eficaz,
com
ênfaseno
respeito ao idoso acometidode
demência.Diante disso, a contribuição desse estudo
ê
relevante,sendo
dirigidoàqueles
que
lidamcom
a terceira idade,em
especial às instituições geriátricasde
cuidados especializados. Tais instituições
podem
se munir de conhecimentos ergonômicos naconcepção e adequação de
ambientesque correspondam
às necessidadesdo
indivíduo acometidode
demência, na medidaem
que vão ao
encontrode
uma
das
principais finalidadesda
ergonomia,que ê
o melhoramentoda
qualidadede
vidado
serhumano.
1.4
Limitações
do
Trabalho
Toda
a
pesquisa cientifica impõe limitaçõesque não
podem
serdesconsideradas
e
omitidas pelo pesquisador.A
principal limitação encontrada tratada
obtençãode
importante parteda
literatura
que é dominada
por teóricosde
origem estrangeira,em
especial norte~americana,
na
qual esse estudo se fundamentou. Portanto, a buscade
literaturareferente
ao tema
vaialém dos
padrõescomuns
de
acesso às informações, taiscomo
biblioteca, informática, internet e outras fontes.Outra limitação encontrada é a relação entre
tempo de
observação edistância
do
objetode
estudo, tendoem
vistaque
os gastos foram custeados pelo1.5
Procedimentos
Metodológicos
A
metodologiaque
constitui parte desse estudo tem a finalidadede
indicaros procedimentos
que
serão utilizados. Lakatose
Marconi (1992)colocam que
a pesquisapode
ser consideradaum
procedimento formalcom
método de
pensamento
reflexivoque
requer-um
trabalho científico e se constitui nocaminho
para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.
Sendo
assim, pode-se inferirque
existem diversosmodos
de
conhecer arealidade
que
nos cerca.Para o perfeito alcance
dos
objetivos deste estudo, a metodologiaconsistirá das seguintes etapas:
Inicialmente, realizou-se
uma
pesquisa bibliográfica acercada
terceiraidade
e
suas correspondentes demências,com
enfoque na DA, parauma
melhorcompreensão do
objetode
estudo.Em
seguida, na continuaçãodesse
levantamento bibliográfico foram selecionadas considerações quanto à Ergonomia,com
enfoque nos fatoresambientais,
como
recurso para o tratamentoda
DA.Após,
buscando
atingir os objetivos propostos, foram realizadasobservações, através
de
visitasem
duas
instituições americanas especializadasem
cuidados
de
individuos acometidosde
DA,com
intuitode
obter conhecimentos parase estabelecer a relação entre teoria
e
pratica. »Por último, foi elaborada a conclusão
do
estudocom
recomendações
gerais para aplicabilidade futura nesses ambientes específicos.
1.6
Estrutura
do
Trabalho
O
presente estudo foi organizadoem
seis capítulos, objetivando abordar a importânciados
fatores fisicosdo
ambiente nos cuidados dos individuos acometidosde
demência,em
especialde
DA, considerando e identificando os aspectosfuncionais na
adequação do
ambiente,como
recurso no tratamentoe
na18
O
Capitulo 1 discorre sobre a apresentaçãodo
problema, os objetivos dapesquisa, a justificativa
e
relevância, as limitaçõese
a estrutura do trabalho.No
Capitulo 2, fez-seuma
revisão teórica sobre a terceira idadee
suasdoenças
demenciais.O
Capitulo 3 aborda as considerações sobre os fatoresdo
ambiente fisicocomo
tratamentoda
Doença
de
Alzheimer.No
Capitulo 4, é abordadaa
contribuição dos fatores ambientais,quando
utilizados
de
forma adequada,no
tratamentode
DA, considerandoque
asintervenções ergonômicas no ambiente fisico
podem
ser utilizadas para amenizar as conseqüências negativasda
perdadas
capacidades funcionais, causadoras das limitações caracteristicasdessa
doença.O
Capitulo 5 apresentaum
estudode
caso, atravésde
obsen/açõesem
duas
instituições americanas especializadasem
cuidadosde
individuos acometidosde
DA, objetivandouma
analogia relativa aos fatores ambientaisde cada
uma,e
relacionando às teoriasdessa
áreade
conhecimento.O
Capitulo 6 conclui esse estudoe
relata asrecomendações
sobre esse2.1
A
Terceira
idade
O
número de
pessoas idosasaumentou
em
todo omundo
nos últimoscem
anos, devidoao aumento da
taxade
natalidade edo tempo de
vidado
serhumano,
bem
como
em
funçãodo
decréscimoda
fecundidade.Se
as condiçõessociais continuarem a melhorar no
mundo,
diminuirá a taxade
mortalidade infantil ede
morte precocede
adultos,como também
onúmero
da população idosaaumentará
em
proporções imprevisíveis.Assim, a longevidade da população é considerada atualmente
um
fenômeno
mundial,não
sendo apenas
um
privilégio dos paises desenvolvidos, poisocorre
também,
de
modo
crescente nos subdesenvolvidos.Segundo
Herrera Júnior et al. (2001, p.2), “no Brasil, oaumento da
população idosa será
da ordem de
quinze vezes entre1950
e 2025, enquanto seestima
que
o
aumento
populacionalcomo
um
todo seráda ordem de
cinco vezes”.Isto significa que,
em
2025
o Brasil terá a sexta maior populaçãode
idosos
do mundo,
cercade
trintae
dois milhõesde
indivíduoscom
sessentaanos
oumais. Assim,
é
esperado para as próximasdécadas
um
aumento
significativoda
20
p|nÃMloÉš ~
******* A "
A queda da fecundidade modlflcou a estrutu_ra“étária do país
afzâiizmisso Í emitem zooo*
Í azdziizmzoâo* Butt 2 ..;llll5‹l L '›=6la6i 3 mas Iullieres , 50:54 Mens. 150,54
Mim
aim
; shall A ;3l=34 il til tãall ¡ il .¬ = ozol_..
wziiziziizmi
msôlzozisslol
wssizizlesil
A _|›Í.¬ià 1,1.:-.›.1z›r, r sem A ›z¬.^.~..‹r.i.~.›:f..i.1r.,V:;'.' 1'‹"" `5¿f*'›`›.\_\‹‹'\›s mr' Fzlidarac IBGE. censo da 1959
Fonte: Trindade et al. (1999).
Figura 1: Indice de crescimento da terceira idade.
A
“terceira idade" ou velhice aindanão
possui conceitos estabelecidos euniversalmente aceitos.
Moragas
(1991) disponibiliza três conceitos:a) Velhice Cronológica
Aquele
que
atinge os sessenta e cinco anosde
idade. Torna-se discutívelo impacto
do tempo
para cada pessoaem
virtudede
sua condiçãode
vida,de
trabalho,de saúde
e, principalmente,do
graude
desenvolvimentodo
paísem
que
vive.b) Velhice Funcional
Aquele
que
se torna incapaz e limitadoem
funçãode
deficiências reais,enfrentando as barreiras
da
funcionalidade típicade
anciãos,como
conseqüência davelhice.
c) Velhice
-
Etapa de VidaAquele
que
por condições subjetiva e objetiva, tanto externacomo
interna, atinge
uma
etapade
vida mais equilibrada e madura.As
outras limitaçõespodem
sercompensadas
pela serenidade, experiência e maturidadede
vidaque
Contudo,
de
acordocom
Trindade et al. (1999), a “terceira idade” ou avelhice está
sendo
reolassificadaem
três novas categorias,que
são: o idoso-jovem, entre sessenta e cincoe
setentae
seis anos;o
idoso-idoso, acimade
setentae
cinco anos;
e
os centenários,que
seenquadram
na mtegoria “quarta idade”. Entretanto, para efeitosdesse
estudo, tem-secomo
referência o critério cronológicoconsiderado pela
ONU,
e
mundialmente aceito, ade que
pessoa idosaou
integranteda terceira idade
é
aquelaque
atingiu os sessenta anos.O
processode
envelhecimentotem
conceitos distintos,sendo
diferenteem
cada
sociedade.As
categoriasde
idade são particularese
dentro a velhicecorresponde a maneiras diferentes, dependendo, principalmente, dos valores
pessoais predominantes
em
um
grupo social.Conforme
Néri (1997), no Brasil as apreciações negativas relacionadas àvelhice
são
improdutividade, dependência, isolamentoe
desvalorização sociale
as apreciações positivas estão dirigidasà
sabedoriae
à dignidade.Dessa
fonna, a qualidadede
vida na terceira idade,que é
um
processodinâmico
e
circunstancial,pode
ser vistano
Brasilda
mesma
formaque
já é vistaem
paises
onde
as condições sociais já atingiram seu ápice,ou
seja,onde
há apreservação
da
dignidadee o
respeitoao
idosocomo
pessoa. lsto porque antesde
tudo,
ê
preciso lembrarque
esse individuopode
ser afetado por diferentes doenças,enfrentar perdas afetivas
e
de
papéis ocupacionais,como
também
o envelhecimentobiológico
que
levaà
diminuiçãode
reservas funcionaisdo
organismo.H
Entretanto, atualmente,
em
particular nos paises desenvolvidos, a faixa etária acimados
oitentaanos tem
sido objetode
muitos estudos, vistoque
a“terceira idade"
é
consideradauma
clientela que,em
sua maioria, desenvolvemúltiplas patologias crõnims,
e
que
cercade
80%
dos idosostêm
pelomenos
uma
doença
crônicanão
transmissivel.Sendo
assim,o
crescimentoda
população idosa faz aumentarsignificativamente
o
número
das doenças
crônicase
degenerativas, provocandouma
incapacidade fisica
e
um
maior custo por paciente na área da saúde, vistoque
essesidosos necessitam
de
tratamentos prolongadose
caros.V
Conforme
Pickler (1998), o efeito das alterações biológicas e fisiológicas22
humano,
em
especialno
sistema nervoso,mas
a velocidade ea
extensão destedeclínio
pode
variarde
um
indivíduo para outro. .Numerosos
estudoscomprovam
que
na idadeavançada
ocorremenor
prontidãoda
memória, tendoem
vista a reduçãodo peso e
otamanho do
encéfalo(cerca
de
7%)
em
relaçãoao
adulto jovem. Esteé
um
processode
atrofia dassubstâncias branca
e
cinzentaque
se acelera após os sessenta anos. Assim, aspatologias
do
sistema nervoso central são maiscomuns
nos idosose
causadaspelas
doenças
degenerativas peculiares nesta faixa etária, juntocom
asdoenças
vasculares. _
Contudo,
segundo
Ramos
e
Macedo
(2001), as perdas cognitivas,seguida
de comprometimento da
memória, são os problemas maiscomuns
apresentados pelos idosos nos consultórios médicos. Percebe-se, então,
que
issorepresenta
um
aumento
significativoda
incidênciae
prevalênciade
processos demenciaiscom
a idade avançada.2.2
As
Doenças
Demenciais da
Terceira
Idade
O
processo normalde
envelhecimento produz perdas sensoriais, prejuizoda coordenação
motorados
reflexos rápidose
diminuição dos níveisde
energia, asquais irão
comprometer a
habilidadedo
idoso para interagircom
omeio
ambiente.Porém,
quando
este processode
declínio está acoplado à perda cognitiva progressiva, associada aalguma
confusão mental, o idoso estará mais comprometidoe
menos
competente para essa interação.Como
a
expectativade
vidavem
aumentando
nas últimas décadas, noBrasil
e
no mundo,
vem
sendo
observada a incidênciae
a prevalênciade
demênciasde
forma crescente. Dias (2001, p.2) colocaque
“ademência
éuma
doença
cerebrale, portanto,
não
faz partedo
envelhecimento nomral",sendo
conhecida pelos leigoscom
onome
de
“esclerose". Sabe-se, porém,que de
5 a6%
da
população idosa sofrede algum
tipode
demência.Nos Estados Unidos, enfermidades de demência estão no ranking da quarta
causa de marte de pessoas acima de sessenta e cinco anos de idade,
seguida de doenças cardíacas, câncer e derrames. De 1,5 a 3 milhões de americanos sofrem de algum tipo de demência.
A
demência é
uma
doença
relativamente raraem
indivíduos abaixode
sessenta
e
cinco anos,porém
atinge proporçõesde
epidemia nos muito idosos.investigações realizadas
na
última década, a maioriaem
países desenvolvidos,confimiam
que
ademência
atinge até1%
de
indivíduos entre sessenta e sessentae
quatro anos, e
aumenta
para42%
a68%
em
individuoscom
maisde
noventae
cinco anos, significando, portanto,que
a prevalênciadas demências
em
individuosda
“terceira idade"quase
duplica a cada cinco anos.Num
estudo epidemiológico populacionalde
demência, realizadono
decorrer
do ano de
2000
em
Catanduva/SP, constatou-seque
a prevalênciade
demência
foide 1,3%
(65-69 anos), elevando-se para36,9%
(idades superiores aos84
anos) conforme Herrera Júnior (2001). Portanto, acada
mil individuos entresessenta e sessenta
e
cinco anos encontraremos até quatro casos e, naquelescom
mais
de
noventae
cinco anos, encontraremosde
cinqüentaa
centoe
trintae
seiscasos.
A
Classificação Internacionalde Doenças
-
CID-10define demência
como:
Sindrome decorrente de uma doença cerebral, usualmente de natureza
crónica ou progressiva, na qual há perturbação de múltiplas funções
corticais superiores, a começar pela memória, incluindo distúrbios do
pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento.
Calkins (1988), autora americana, enfatiza
que
ademência não
éuma
doença,mas
uma
descriçãode
um
grupode
sintomas,que
basicamente inclui perdaprogressiva
e
gradualde
capacidades cognitivas, confusão,mudanças de
personalidade, diminuiçãode
capacidadede
raciocínioe
julgamento, e depressão.Há
vários fatoresque
podem
ser confundidoscom
um
quadrode
demência
em
seu estágio inicial, isto é, amenor
prontidãode
memória
decorrenteda
idadeavançada
confunde-secom
demência
em
seu estágio inicial.24
Por ser
uma
condição adquirida,em
particular,com
oavanço
da idade, ademência é
diferentedo
retardoou doença
mental congênita, diferindo,também, de
amnésia, pois
além da memória
apessoa
perdetambém
outras cognições. Aindacom
relação às alterações cognitivas, se estas forem flutuantes descaracteriza-se odiagnóstico
de
demência, cujas alterações cognitivas são progressivas.Para
Ramos
eMacedo
(2001, p.2), a depressãoé
outra enfermidadeque
se
pode
confundircom
demência, “porémtem de
ser tratada para saber se ocomportamento
cognitivo alteradoé
devidoao
quadro depressivoou
se háum
quadro demencial”.2.2.1
As
principaisdemências
As
principaisdemências
são aDoença de
Alzheimer (demência primária);a
Demência
Vascular Cerebral (lesões cerebrais resultantesde
acidentes vascularescerebrais); a
Demência
Mista(Doença de
Alzheimere
Doença
Vascular Cerebral); aDoença
de
Parkinson; aDemência
Fronto-Temporal (por degeneraçãodo
lobofrontal);
e
a
Demência
com
Corpos
de
Lewy.Neste estudo, abordar-se-á as demências
não
pelas suas diferenças,mas
sim pelos sintomas
que
são similares, dentroda
etiologiade cada
uma. Calkins(1988) coloca que, enquanto as
demências
relatadas são altamente individualizadas,tendo
o
indivíduo exibido diferentes déficitsde
funções, háalgumas
perdas e comportamentos padrões nos vários estágiosda
doença. Estas individualidades similares säo:-
Memória
A
essênciada demência é
a deterioração das capacidades intelectuaise
mentais.Há
uma
grande diferença entre perdade
memória
e
simples esquecimento.A
perdade memória
encontradaem
individuoscom
demência
significa perdasirreversíveis.
No
esquecimento,que pode
acontecercom
qualquer um, a idéiaque
se perdeu
pode
ser recuperada. ~Na
demência,a
perdade memória é
progressiva e, eventualmente,tem
o sintoma mais precoce, e
que o
déficit afeta, primeiramente, amemória
para fatosrecentes e, posteriormente
acomete
outros tiposde
memória.A
perdade memória
adicionaao
individuoum
sentimentode
confusão,que
interfereem
sua interaçãocom
omeio
ambiente.- Orientação
A
desatençãoé
um
fenômeno
comum
em
individuoscom
demência.Essa
desorientaçãopode
se refletirem
ansiedade, tédio, ociosidade, faltade
clarezade
pensamento,
ou
ainda, inabilidade para se situarem
um
espaço físico. Caikins(1988)
expõe
que
o individuoque
deseja voltar para o seu quarto,mas
não
consegue
encontrá-lo, poderá entrarem
vários outros quartos até reconhecer aqueleque é
“asua
casa".- Tarefas
Complexas
Os
indivíduoscom
demência
se tornam progressivamentemenos
capazesde
realizar tarefas complexas,chegando ao
pontoem
que
até abrir ou fecharum
zíper estáalém
de
sua capacidade.Em
função dessa inabilidadede
realizarações
motoras (apraxia), as tarefas mais complexas poderão ser distribuidas
em
sériesde
tarefas mais simples. Caikins (1988) propõeque o
ambienteonde
reside esseindividuo propicie tarefas
que
sejam simplesde
realizar, como, por exemplo,em
etapas. ,
- Níveis
de
Atividade FisicaHá
indicaçõesde que
um
individuocom
demênciaque
era ativofisicamente antes
de
adoecer, continuarásendo
altamente ativo ao longoda doença
(Robb e
Monsour,apud CALKINS,
1988, p.7).0
nivelde
atividadeaumenta
porqueeste individuo fica insatisfeito por estar excluído
da
realizaçãode
tarefas complexas.Assim
uma
pistade caminhada ou
um
caminho
tortuoso,porém de
forma segurae
com
paisagem
interessante,e
ainda tarefas para realizarao
longodo
caminho,podem
ajudá~lo a queimar suas energiasdeforma
não-destrutiva.- Agitação '
Alguns portadores
de demência
ficam
em
constante estadode
agitação26
ambiente.
Com
a deficiëncia cognitivapodem
ocorrer reações catastróficasem
relaçãoaos
problemas aparentemente pequenos, sentimentoscomo
opressãodo
ambiente,de
estar perdido ou abandonado,e
estarsendo amedrontado
por pessoasestranhas. Nestes casos, Calkins (1988)
recomenda
mantero
individuoem
ambientes menores,
sem
muitos estímulos, mais calmose
com
acústiw adequada.2.3
A
Doença
de
Alzheimer:
Principal
Demência da
Terceira
Idade
Entre as
demências do
envelhecimento, aDoença de
Alzheimeré
aque
prevalece, constituindo, atualmente, cerca
de
50%
entre todos os tipos.A
DA
surgegeralmente entre os setenta
e
oitenta anos,porém
observam-se casos precoces,ou
seja,
após
os quarenta e, mais significativamente,após
sessentae
cinco anos.Confome
dados do
Alzheimer Diaseaseand
Related Disorders Association (A.R.D.A.), nos Estados Unidos,em
tornode
10%
da
população (acimade
sessenta e cincoanos de
idade)e de 47,2%
(aos oitenta e cinco)é
acometidapela DA.
Na
mesma
avaliação, osdados mostram que
essadoença é a
quartacausa
de
morte entre adultos, seguindo asdoenças
cardíacas, câncere
derrames,tirando mais
de
cem
mil vidas todos os anos. Estima-seque
senão
for descobertaa
curaou meios de
prevenção, cercade doze
a quatorze milhõesde
norte-americanospoderão ser acometidos até
o
ano de
2040.Ainda
não há
cura ou tratamento efetivo até o presentemomento;
entretanto,
são
gastos milhõesde
dólaresem
estudos na buscade
um
tratamentomédico
preciso.Fundos
alocados para pesquisas nesta área nos Estados Unidostêm aumentado de
3,8 milhõesde
dólaresem
1976e
5,1 milhõesem
1978
para 50,8 milhõesem
1985e
123,4 milhõesde
dólaresem
1989,quando
também
já haviamsido gastos
ao
redorde
15 bilhõesde
dólares nos cuidadoscom
a populaçãoacometida.
Conforme
Gwyther (1987), aDA
afeta mais mulheresdo que
homens, ocorrendoem
qualquer pais,com
qualquer individuoque
vivao
suficiente para terpopulacional
de
demência
realizadoem
Catanduva/SP,dos
centoe
dezoito casos o sexo femininoé o
mais acometido (85),numa
relaçãode
2:1 entre asdemências
levantadas(HERRERA
JúNloR,
2001).O
impactoda doença
vai alémdo
paciente.O
cuidador, geralmenteo
cônjugeou
outromembro
da
família, toma-se asegunda
vitimada
doença, pois o acometidode
DA
requer cuidados durante vintee
quatro horas por dia.A
familiasuporta
70
a80%
dos
cuidados requeridos, incluindo aí amovimentação
fisica, oscuidados pessoais
e
os problemasde
comportamento(COONS,
1991).Coons
(1991),complementa
ainda que,além
do
estresseem
proporcionaros cuidados, a familia
também
custeia os gastosda
doença, os quaissomam
em
torno
de
dezoito mil dólares/ano e,com
isso a quebra financeirapode
ser inevitável.A
famíliaé o
suporte básico, especialmente nas primeiras fasesda
doença,sendo
que
logoem
seguidapassa
necessitar da ajudade
enfermeiros,ou
mesmo
de
internaçõesem
instituiçõesde
cuidados especializadosquando
adoença
estáavançada.
Cummings
(1994) (apudCOONS,
1991, p.12) coloca que:Nos Estados Unidos, a Doença de Alzheimer está trazendo
um
impacto financeiro na sociedade americana, pois os gastos públicos são da ordemde, aproximadamente, trinta bilhões de dólares anualmente.
2.3.1
Um
breve
históricoda
Doença
de
Alzheimer
A
doença
com
o
nome
de
demênciaou
mesmo
com
outros nomes,como
“senilidade” por exemplo,
tem
sido reconhecida por séculos,mas
só recentementevem
sendo
estudadade
forma científica.Entre
1816 e
1850 psiquiatras franceses descreveram quadrosde
demências
senisde
fomwa crônicae
irreversível,sendo que
essas descriçõesem
muito se
aproximam da demência
conhecida nos diasde
hojecomo
DA.Primeiramente, foi descoberta
e
descrita pelo neuro-patologista e psiquiatraalemão
Alois Alzheimer,em
1907, atravésda
avaliação pós-morteno
tecido cerebralde
uma
paciente
de
cinqüentae
cincoanos
acometidade demência
progressiva. Este relato28
conhecida por muitos
anos e somente
a partirde
1960houve
uma
evolução nosestudos
da
histologiadas demências
senis.Coons
(1991, p.8) colocaque
aDA
era desconhecida da sociedade atémeados
da década de
80. Contudo,segundo
ele, atualmente,o
termo é:[...] Familiar para algumas pessoas, tomando-se uma palavra coniqueira, e
qualquer evidencia de esquecimento ou falta de memória, pode provocaro sentimento de estar sendo vitima da doença.
2.3.2
O
que
é
a
Doença
de
Alzheimer?
De
acordocom
a Organização Mundialda
Saúde
(OMS),a
DA
é assimdefinida:
Uma
doença cerebral degenerativa primária, de etiologia desconhecida,com aspectos neuropatológioos e neuroqulmicos característicos. Instala-se,
usualmente, de modo insidioso e desenvolve-se lenta, mas continuamente
por
um
periodo de anos, e este pode ser tão curto, como dois ou três anos,mas ocasionalmente, pode ser consideravelmente mais prolongado.
O
iniciopode ser na meia-idade ou até mais cedo (inicio pré-senil), mas a incidencia
é maior na idade avançada (inicio senil).
Em
casos com inicio antes da idade dos sessenta e cinco a setenta anos, ha a probabilidade deuma
história familiar de uma demência semelhante, tendo
um
curso mais rápidoe predominância de aspectos de dano do lobo-temporal e parietal, incluindo
disfasia ou dispraxia.
Em
casos com inicio mais tardio, o curso tende a sermais lento e caracterizado por
um
comprometimento mais geral das funçõescorticais superiores. Os individuos com Sindrome de Dovlm tem
um
granderisco de desenvolver a Doença de Alzheimer.
De
maneira maisamplamente
conhecida, estadoença é
uma
enfermidadeprogressiva, degenerativa,
que
atacao
cérebroe
resultaem
perdade
memória,com
incapacidadede pensamento
e comportamento. “Éuma
doença do
cérebro e nãoum
envelhecimento normal”(GWYTHER,
1987, p.21).Os
sintomas incluem perda gradualde
memória, declínioda
habilidadepara realizar tarefas complexas, desorientação
no
tempo e
no espaço, dificuldadede
aprendizagem, perda
da
linguagem e, conseqüentemente,de
comunicação.Conforme
Coons
(1991), adoença
retira, gradualmente, as capacidades fisicase
mentais.As mudanças
cerebrais são irreversíveise
o progressoda doença tem
mais.
A
sobrevidade
um
pacientecom
DA
pode
serde
très a vinteanos após o
inicio
dos
primeiros sintomas.A
seguir, as fasescom
os sintomas e os exemplosde
comportamento nadoença
são descritos,com
embasamento
noque
coloca a A.H.C.A.- Primeiro Estágio: dois a quatro anos (precedendo
o
diagnóstico).- Sintomas:
A
perdade memória
recentecomeça
a afetar as suasatividades (profissionais
ou
não),como
por exemplo:-
esquece
oque acabaram de
lhe dizer.- perde-se
no caminho
parao
trabalho e confundeos
lugares.- perde
a
espontaneidade e o estímulo ou gosto pela vida. - perdea
iniciativae não consegue
iniciar nada.- sofre
mudanças
de
personalidadee de
humor, ansiedadee
sobre os sintomase
introspecção.- apresenta dificuldade para tomar decisões. - leva mais
tempo
na realizaçãode
sua rotina.- demonstra problemas para administrar
o
dinheiroou
pagar contas.-
Segundo
Estágio: dois a dez anos (após o diagnóstico - estágio maislongo).
-
aumenta
a perdade memória
e confusão, tendo atenção rápidae
distorcida.
- apresenta problemas
em
reconhecer amigos próximos ou familiares. - repete frases e/ou movimentos.-
dorme
excessivamente no finalde
tarde ou noite.- sente câimbras
ou
contrações musculares ocasionalmente. - demonstra problemasde
coordenação motora.- mostra dificuldade para organizar as coisas
e
pensarde
toma
lógica. -não consegue
se expressarcom
palavras adequadas.30
-
pode
se tornar desconfiado, irritado, agressivo, triste oumagoado.
- perde a iniciativa,
não
quer tomarbanho ou
se vestir.-
ganha e
perde peso.- poderá ouvir ou ver coisas
que
não existem,como
por exemplo,“meu
pai está
me
esperando lá fora.Eu
vou para casa".- poderá ter idéia fixa
em
coisas irreais. - necessitade
supervisão constante.- Estágio Terminal:
um
a três anos.- Sintomas:
-
não consegue
reconhecer-se no espelhoou
reconhecer os familiares. - perde peso,mesmo
com
dieta reforçada.-
não consegue
se comunicarem
palavras.- poderá colocar tudo na boca ou tocar
em
tudo. -não
controla intestino ou bexiga (esfincteres).- apresenta dificuldades
com
constipação, absorçãode
alimentos,infecções
de
pele.Diante
do
exposto, tica clara a necessidadeda
interaçãode
várias disciplinase
profissões envolvidas nos cuidadoscom
os individuos acometidosde
DA
e
a responsabilidadeda
sociedadecomo
um
todo, pois a familia,que é
o suporte básico. por inúmeros motivose
independentementede
seu status social, nãotem
capacidade
de
suportarhumanamente
os cuidados até o final dessa doença.Signoret (apud
CORRÊA,
2001, p.1) afirma que:Por seu diagnóstico e sua assistência, a Doença de Alzheimer pertence ao
domínio do neurologista, do psiquiatra, do gerontólogo, mas também e, antes de tudo. do médico clínico. Por sua freqüência, a doença pertenceà sociedade e à economia da saúde pública e/ou privada e, por seus
desconhecimentos, pertence às neurocièncias, este conjunto de disciplinas
que busca explicar o funcionamento cerebral e compreender as atividades
2.3.3
O
que
acontece
no
cérebro?
Durante o curso
da
doença, os neurônios*que
controlam a memória,o
julgamento
e o pensamento
são danificados, havendo, por conseqüência ainterrupção
da
passagem
de
mensagens
entre eles. Essas são passadas entre osneurônios por substâncias químicas
chamadas
neurotransmissoresz,porém
em
individuos
com
DA
há deficiênciade
um
neurotransmissor específico e acredita-seque
isso esteja relacionado às causasda
doença.Ramos
e
Macedo
(2001, p.3) colocamque
“emboracom
a etiopatologiaainda
não
conhecida sabe-seque o
déficit cognitivode
DA
tem
como
base
a deficiênciado
neurotransmissor acetilcolina”.O
cortéx3 atrofia*e
os ventriculoss se ampliam.Os
neurônios criammutações que
sãomarcas
geraisda
doença,porém
somente
perceptíveisapós
a morte,na
autópsia.As
Figuras2
e 3 a seguirdemonstram
as diferençasde
um
cérebrohumano
normale de
um
acometidode
DA
(GWYTHER,
1987, p.82).1
Neurõnios são células nervosas.
2
Neurotransmissor é a substancia liberada pelo neurônio que transmite o impulso nervoso para outra
célula.
3
Cortex é o centro do pensamento.
4
Atrofiar é encolher de tamanho.
5
Fonte: Gwyther (1987, p.82).
Figura 2: Cérebro humano normal.
Fonte: Gwyther (1987, p.82).
Nas
Figuras 4 e 5 têm-se os dois tipos de cérebro,de
forma seccionada, eainda aos neurônios
em
ambos
os casos (Figura 6 e 7).(GWYTHER,
1987, p.82)7-'I
Í
› . ‹ ` V4?
.J-"'%
\ , z.-‹<;.a .mf ~ \‹fl sÍ
L\ _ Fonte: Gwyther (1987, p.82).Figura 4: Cérebro humano com DA.
í
¬`..
‹ >~
Fonte: Gwyther (1987, p.82).
Fonte: Gwyther (1987, p.82).
Figura 6: Neurônios normais.
Fonte: Gwyther (1987, p.82).
Figura 7: Neurônios anonnais (DA).
<,,w
`.
42.3.4
As
possiveiscausas da
Doença
de
Alzheimer
Constata-se
que
aDA
não
écausada
por envelhecimento funcionalde
vasos
e
artérias, pois muitos acometidos por essadoença têm
os vasos sanguíneosnormais, os quais
fazem
acondução ao
cérebro.A DA
é diferenteda Demência
por Acidentes Vasculares,que
sãoresultados
de pequenos e
imperceptiveis eventos, geralmentecom
comprometimento neurológico. Indivíduoscom
demência
por acidentes vascularesapresentam
em
geral os vasos sanguíneos danificados.Conforme Gwyther
(1987, p.15), “Alzheimernão
ésomente o
resultadode
poluição tóxica, faltade
oxigenação no cérebro, alcoolismo ou má-nutrição”.Portanto,
não
sedeve
tratar adoença apenas
com uma
dieta reforçada(uma boa
alimentaçãoé sempre
benéfica), restringiro
álcool (os acometidos dessa doença,geralmente
não
toleram álcool),ou
mesmo
aplicarmedicamentos
visandoaa
melhora
da
fluidezdo sangue e da
oxigenaçãodo
cérebro (muitos delescom
fortes efeitos colaterais).Conforme
a A.H.C.A., aDA
nãoé
somente
causada por desestimulaçãoda mente ou
“preguiça mental” (demodo
que
a estimulação mentalnão
irá fazê-lo sentir-se melhor),não é
“bruxaria”ou
“feitiço” e, tampouco, sinalde
fraqueza moralou emocional, visto
que
pessoas saudáveis e produtivastambém
contrem essadoença.
inúmeros estudos para o entendimento
e
a eliminaçãode
DA
mostram
progressos significativos nos últimos dez
anos
nas pesquisas médicas.Conforme
Coons
(1991, p.9):Os
pesquisadores estão investigando diversas teorias sobre os fatorescausadores, mas os esforços são dificultados pela indicação de que deve haver mais de
uma
forma da doença. Suspeitas de causa incluem, não deforma definitiva,
uma
predisposição genética,um
vírus lento, outro agenteinfeccioso, poluição tóxica ambiental, e processos imunológicos.