Universidade
Federal
de Santa Catarina
›
Programa
de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção
A
CONTABILIDADE
E
MEIO
AMBIENTE:
UMA
VISÃO
DAS
INDUSTRIAS QUIMICAS
. O*
CERTIFICADAS
PELA
ISO
14000.
Vera
Sirlene
Leonardo
Dissertação
apresentada
ao
Programa de Pós-Graduação
em
Engenharia
de Produção da
K .
Universidade Federal
de
Santa
Catarina
como
requisito parcialpara
obtenção
do
títulode
Mestre
em
Engenharia'
de produção
Florianópolis
Vera
Sirlene
Leonardo
Ã
A
contabilidade
e
o
meio
ambiente:
uma
visão
das
.
indústrias
químicas
certificadas
pela
ISO
14000
Esta
dissertação
foijulgada
adequada
e
aprovada
para
obtenção
do
títulode
Mestre
em
Engenharia
de
Produção
no
Programa
de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção da
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis,
08
de
6utubro de
2001.
4'
Prof.
Ricaro
iran
›Barcia,
Ph.D.
Cordei
ador
o zCurso
BANCA EXAMINADORA
Pro~
Orientador
~¿
ÃProf.
Amál`
odoy
Co-orie
\
Dedico este trabalho,
com
amor, à querida PriscilaRhanny
eao
adorável Raphael Leonardo.Agradeço
aDeus
por terme
dado
serenidade para perceber quanto nosfortalecemos diante das dificuldades e por ter mostrado
que
podemos
vencer Squando
acreditamos naquiloque
nospropomos
fazer.Ao
professor Emílio Menezes, por seu estímulo, nos direcionando na buscade
novos conhecimentos; à professora Amália MariaGodoy
por todas as suas contribuições diante dos problemas;ao
professor Paulo Roberto Pereirade
Souza,que
abriu sua biblioteca particular para as pesquisas; ea
todos os colegasdo
Departamentode
Ciências Contábeis,que
contribuíram para arealização deste trabalho,
meu
sincero e eterno agradecimento.Às empresas que
tão prontamente atenderam à solicitação dasentrevistas, abrindo as portas à todas as indagações,
meu
muito obrigado.Manifesto
meus
agradecimentos à Rio Preto Distribuidora Ltda., napessoa
dos senhores Benedito Sebastião Corrêa
de
Almeida, Luiz Carlos Galbiatti eSidnei Galbiati,
que
subsidiaram financeiramente este curso.A
responsabilidadesocial dessa
empresa
é manifestada novamente, desta vez no incentivoao
capital intelectual.
Ao
meio ambiente vaimeu
muito obrigado, por permitirque a minha
geração, ainda se beneficie dos seus recursos, e
um
pedido de desculpaem
nome
de
todos aqueles que, consciente ou inconscientemente, estãodepredando-o, impedindo
que
a riquezado
ecossistema beneficie as futurasgerações. Especialmente à Priscila, ao Rapha,
ao Leo
e à.mamãe
pela paciência ecompreensão
em
meus momentos
de
ausência e apoioem
todos osmomentos,
só tenho a agradecer.“O ambientalismo será a próxima
grande
idéiapolítica, ta/
como
o
conservadorismoe o
liberalismoo
foramno
passado”,Extratos recolhidos -na Fortune
em
12de
fevereiro
de
1990 das vozesdos
chefes duidasdo Greenpeace ao
falar.“O ar, a
água
e o solonão
sãouma
prenda ~dos nossos
pai; e/essão
um
empréstimodos
nossos fi/hos”=Adâgio dos índiøâ Haida
“The environment,
does
not exist as a sphereseparate from
human
actions, ambitions,and
needs,and
attempts todefend it in iso/ation from
human
concernshave
given the veryword
environment a connotation of naivety in
some
political circ/es”.suMÁR|o
LISTA
DE
QUADROS
... .. ixLISTA
DE TABELAS
... ..X
LISTA
DE
REDUÇÕES
... .. xiRESUMO
... .. xiiABSTRACT
... ..xiii 1INTRODUÇÃO..
... ..01
1.1Apresentação
do
tema
... 01 1.2Problematização
da
pesquisa
... _.02
1.3Objetivos
... ..03
1.4 Justificativa
e
relevânciado
estudo
...03
1.5
Delimitação
da
pesquisa
... ..05
1.6 Estrutura
do
estudo
... ..05
2
SISTEMA
DE
GESTÃO
AMBIENTAL
... ..07
2.1
Evolução
da
questão
ambiental
... ..07
2.2
Gestão
ambiental
nas
empresas
... ..13
2.2.1 Posturas
das empresas
quanto à
conscientização ambiental ... ..212.2.2 Dificuldades
na gestão
do meio
ambiente
... ..253
A
CONTABILIDADE
E
SUA
INTER-RELAÇÃO
COMO
O
MEIO
_AMBIENTE
... .; ... ..31
3.1
Abordagem
tradicional. ... .. 313.2
Novas abordagens
...36
3.2.1
Balanço
social ... .. ... ..43
3.2.2
Evidenciação dos
efeitos ambientaisnos
demonstrativos contábeis53
4
PROCEDIMENTOS
METoDoLÓG|cos
... ._ao
~ I I
5
CARACTERIZAÇAO DAS
INDUSTRIAS
QUIMICAS
... ._84
5.1 Perfil
das
indústrias ... ..84
5.2
O
sistemade gestão
ambiental implantado ... ..87
5.3 Custos, investimentos e receitas ... ..
94
5.4 Registro
dos
fatos ambientaisna
contabilidade ... ..98
5.5
Demonstrações
contábeis ebalanço
social ... .. 1016
CONCLUSÕES
... ..107
6.1
Conclusões
eRecomendações
... ..107
6.2
Sugestoes
para trabalhos futuros ... ._ 1 13REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ._115
ANEXOS
... ..124
Princípios
de
conformidade
ambiental
... ..125Programa de Atuação
responsável
... ..127Questionário
... ..128Indústrias
químicas
pesquisadas
... ..131Quadro
01-
Desdobramento
dasnormas ISO 14000
... ._Quadro
02-
Tarefas ambientais, de segurança ede saúde
-
SSA
... ._Quadro 03
-
Entradas e saídas no processo industrial ... ._Quadro 04
-
Demonstrativos Contábeis ... _.Quadro 05
-
Modelo de
Balanço Social ... ._Quadro 06
-
Exemplo de
notas explicativas-
Grupo
Alcoa ... _.Quadro 07
-
Exemplo de
notas explicativas-
Grupo
Boeing ... ._Quadro 08
-
Nova
estruturados
demonstrativos contábeis .... ... ..Quadro 09
-
Indicadoresde
desempenho
da
Bosch
Siemens
... ..Quadro
10-
Organizações certificadas pelaISO
14001 e participantesdo
programa de atuação responsável ... ._
LISTA
DE
TABELAS
Tabea
O1-
Opinião Pública sobre as indústriasque
mais acarretam riscosou
problemas ambientais ... ._ ... ._
70
Tabe
a O2-
Identificação dos problemasque
as indústrias químicasprovocam
81Tabe
a 03-
Perfil dasempresas
respondentes ... ._85
Tabela O4
-
Itensque
seenquadram
na politica ambiental ... ._89
Tabe
a 05- Número
de
citaçõesem
relação aos motivosque
levam as -empresas
a se preocuparemcom
os aspectos ambientais ... _.90
Tabe
a O6-
Aspectos destacadosda
política ambiental ... _. 91Tabe
a O7-
Gastosde
natureza ambiental ... ._95
Tabela O8
-
Economia de
gastos ... _. 97Tabela O9
-
Evidenciação dos -custos, investimentos, passivo ambiental e.LISTA
DE
REDUÇOES
Siglas
e Simbolos
ONU:
Organização dasNaçoes
Unidas. ... _.O4
ISAR: United Nations Intergovernmental Working
Group
of Expertson
International Standards of Accounting
and
Reporting ... ._04
PNUMA:
Programa
dasNações
Unidas para o Meio Ambiente ... _.09
ISO: International Standardization Organization ... ._ 10
CIC:
Câmara
Internacional de Comércio ... _. 10BS
7750: British Standards ... _. 10TC
207: Comitê técnicoda ISO 14000
... _. 11SGA:
Sistemade
gestão ambiental ... ._ 11EHS:
- Environment, Health and Safety ... ._ 19SSA: Saúde, segurança e meio ambiente ... _. 19
ONG's: Organizações não governamentais ... ..21
CCPA:
Canadian
Chemical Producers Association ... _.26
IBRACON:
Instituto Brasileirode
Contadores ... ..32NPA
11:Normas
e procedimentosde
auditoria ... ..40ABC:
Activity-based costing ... ..41CFC's: Cloro Fluorcarbonos ... ..45
IBASE: Instituto Brasileiro
de
Análises Sociais e Setoriais ... ..45P&D:
Pesquisa e desenvolvimento ... ._75
SEC:
Securities andExchange Commission
... ..77DQUAL:
Diretoria de credenciamento e qualidade ... ...81INMETRO:
Instituto Nacional de Metrologia Normalização e QualidadeIndustrial ... ._ 81
Abiquim: Associação Brasileira
da
Indústria Química ... _. 82IBGE: Instituto Brasileiro
de
Geografia e Estatística ... _.85
CNI: Confederação Nacional
da
Indústria ... _.85
UNEP:
United Nations EnvironmentProgramm
... _. 101LEONARDO,
Vera Sirlene.A
contabilidade eo meio
ambiente:uma
visão dasindústrias químicas certificadas pela
ISO
14000. 2001.133 f. Dissertação(Mestrado
em
Engenharia de Produção) Universidade Federalde
Santa Catarina,Florianópolis.
RESUMO
A
questão ambiental tem se tornado mais freqüentemente discutida àmedida
em
que
se constataque
a interferênciado
serhumano
sobre os sistemasnaturais
pode
comprometer, tanto a qualidadede
vida da atual populaçãomundial,
como
a vida das próximas gerações.Os
problemas causadosao meio
ambiente decorrentes
da
açãodo
homem,
tem sido objeto de vários estudos pelas mais diversas áreas do conhecimento, e a solução dos problemas ambientaisdepende do
empenho
de cada segmento da
sociedadecada
um
contribuindo
de
acordocom
seu potencial,ramo de
atuação e habilidades.A
contabilidadecomo
uma
ciência _ de avaliaçãodo
patrimônio _,/_,. das organiza_ç_‹'_5_es _...pñode demonstrar o inter-relacionamento entre as organizações e o meio ambiente
`evidenciandocomowopàtrifmõniofieconôniconfé azfetadohpelasqcaufsas ambientais e
Êo'|TÊÍagëmÊÍpEd'eí
agir pwaramrèduzirou
'"eliminar~-~as<-~agress*ões'”'ã5Hmeioã"rñ"t5i'ëF1T."Ó|õrõ|5õsÍã`Aõíeštlšfitñrabai'Ê5”ë"9§ÍãTšã`r"ã""E6Htri5`LÍi”§:"ã`õ"`qÍi"ë"a«'cMÊ1tab`iAIidãie _,...,‹,...¬ _-.__.¬..,_,______
pode
dar à sociedade, permitindoque
os fatos relacionadosao
meio ambiente estejam transparentes nos demonstrativos contábeis. Para isto é propostoum
modelo de
demonstrativo contábil,capaz de
mostrar o resultadoda
gestãoambiental, propiciando à sociedade avaliar o
desempenho
ambientalda
organização.
O
foco deste trabalho está direcionado para as indústrias químicasbrasileiras
que
jápossuem
aISO
14001onde
buscou-se identificarcomo
asmesmas
estão demonstrando à sociedade os fatos econômicos e de naturezaambiental
que
afetam o seu estado patrimonial e o resultadode
suas atividadesbem
como
avaliarcomo
a variável ambiental estásendo
tratada pelos gestores.LEONARDO,
Vera Sirlene.Accounting
and
the environment: a view of thecompanies
certified byISO
14001. 2001.133 f. Dissertation (MasterDegree
inProduction Engineering) Federal University of Santa Catarina State, Florianópolis
city. .
ABSTRACT
The
environment issue hasmore
frequentlybeen
discussed in proportion tothe evidence that the interference of the
human
being on the natural systemsmay
involve the life quality of both the present world population
and
the future generations.The
problemscaused
to the environmentdue
to thehuman
beingattitudes have been discussed in several studies, as well as in different areas of
knowledge, and the solution of the environmental problems
depends upon
theengagement
of all thesegments
of the society, so that eachone
can contributeaccording to ones potential, area of performance,
and
abilities. Accounting asan
evaluation science of the companies'
endowment
canshow
the inter-relationshipamong
the organizations and, the environment, making evidenthow
theeconomical
endowment
is affected by the environmental interestsand
how
theseorganizations proceed
and
can act to reduce or eliminate the aggressionsupon
the environment.
The
aim of this study is to analyze the contribution of accountingto society, so that the facts related to the environment are clear in the
demonstratives pertaining to accounting.
A
model of demonstratives pertaining toaccounting that can
show
the result of the environmentalmanagement
issuggested, notes, so that the' society can evaluate the organization environmental
performance. This research focus
on
the Brazilian chemical industries thathave
already obtained the
ISO
14001 certification,and
tries to identifyhow
they havebeen
showing to society the economical facts of environmental nature that affecttheir patrimonial status and the result of their' activities, as well
as
to evaluatehow
1.1
Apresentação
do tema
O
cenário mundialem
finsdo
séculoXX
presencia o despertarde
uma
nova consciência
da
sociedadeem
relação à questão ambiental,que
ganha
dimensão
por causa da importânciaque
tem sido atribuída à proteçãoao
meio ambientecomo
um
dos fatores-chaveda empresa
moderna.A
preocupação_ ecológica e a crescente buscade
alternativasde
desenvolvimento sustentável levam as
empresas
a planejar os investimentosem
tecnologia antipoluente
em
solo, água, florestas e biodiversidade e a buscarmecanismos de ação
para incrementar o aproveitamento de resíduos, evitando a exploraçãode
novos recursos naturais e oacúmulo
de materiais desperdiçados.O
compromisso
e a responsabilidadecom
a questão ambientaltêm
sido matériade
discussãoem
todas as áreasdo
conhecimento nomundo
inteiro.A
globalização dos negócios, a internacionalização dos padrões de qualidade
ambiental, a conscientização crescente dos consumidores e a disseminação
da
informação ambientalfazem
com
que
as exigências futuras dos stakeholders seintensifiquem no
que
se refere à qualidade de vida e à preservaçãodo
meio ambiente.A
contabilidade, enquanto instrumentode comunicação
entre asempresas
a e sociedade, temcomo
responsabilidade evidenciar os eventoseconômicos
efinanceiros relacionados
com
a área ambientalque
afetam o estado patrimonial e o resultado das entidades, objetivando tornar transparentes asações dos
gestores nacondução
de medidasque
possam
culminarcom
a preservação, proteção e recuperação ambiental,afirma
Ribeiro (1992).Os
relatórios contábeis publicados periodicamente são instrumentosde que
situação econômica, financeira e patrimonial.
O
setor empresarial mundialtem
se tornado altamente competitivo, exigindo excelência e alta qualidade nos produtos.Para
que
asempresas
possam
ter continuidade nomercado
Luca (1991) entendeque
elas\devem
buscaruma
convivência eficaz entre o capital e a natureza,adotando condutas
de
justiça social, eficiênciaeconômica
e harmonizaçãoecológica. ç
A
contabilidade temum
papel importante adesempenhar no
processode
identificação, registro, demonstração e análise dos fatos patrimoniais .que se
referem às relações ambientais naturais, conscientizando os empresários
dos
seus deveres éticos ambientais e desenvolvendo critérios
que possam
beneficiarem
vezde
depredar a natureza.O
mercado
requer, hoje,da
contabilidadeuma
visão maior,uma
visão sociale
humana,
disposta a demonstrar asações
quanto à integraçãoda
responsabilidade social,
da
administração empresarial edo
sistemade
gestãoambiental, justifica Ferreira (1998). Surge assim a necessidade
de
identificar asalternativas
que
a contabilidade possui para evidenciar à sociedade seudesempenho
ambiental,firmando
o interesse social das empresas,1.2 Problematização
da
pesquisa
Em
conseqüênciado
cenário eiposto, a problemáticapode
ser sintetizadana seguinte questão:
A
contabilidade, da formacomo
está .estruturada hoje, está gerando informações relevantes sobre quanto asempresas
estão perdendoou
deixando de ganhar
com
a degradação ambiental oucom
as ineficiências edesperdícios dos seus processos produtivos
em
relação ao meio ambiente?1.3 Objetivos
Os
objetivos desta pesquisa subdividem-seem
objetivo geral e objetivos específicos.O
objetivo geral deste trabalho é analisar a contribuiçãoque
acontabilidade
pode
dar àcomunidade
atravésda
evidenciação nos demonstrativos contábeis, dos eventoseconômicos
e financeiros relacionadoscom
a preservação, proteção e-recuperação ambiental.`
Para alcançar a meta proposta no objetivo geral, este é desdobrado
em
alguns objetivos específicos: _o listar a forma utilizada pelas indústrias pesquisadas para tomar pública a sua preocupação
com
o meio ambiente;0 propor contribuições
que
a contabilidadepode
dar ã sociedade para tornar agestão ambiental transparente;
0 listar os indicadores de
desempenho
que
podem
ser utilizados para oacompanhamento
da
política de gestão ambiental adotada pelasorganizações;
0 Identificar os relatórios a
serem
dirigidos à sociedade,que
permitam a análise periódica dos indicadores dedesempenho
da
gestão ambiental.1.4 Justificativa e relevância
do
estudo
A
abundânciade
artigos recentes sobre questões ambientaisna
áreacontábil
em
jornais e revistas especializadas,como
a Revistade
Administração deorganismos intemacionaisl
de
contabilidadeem
termosde
consolidaçãode
estudos científicos e o estabelecimento
de
grupos de trabalho, associadosaos
esforços persistentes
de
firmas internacionaisde
contabilidade para monopolizar omercado de
auditoria ambiental justificam a escolha deste tema.As
empresas
começam
a despertar para as obrigações sociais ambientais por exigênciada
própria sociedade civil, que, através de gruposque
visamdefender o ser
humano
e o meio ambiente, passa a divulgar asempresas que
depredam
o meio ambiente, incentivando o consumidor final a boicotar os seusprodutos. A
Os
problemasque
atingem o serhumano,
como
o esgotamento dos recursos naturais, níveis de poluição elevados, o aquecimento global, achuva
ácida e o desmatamento, são
de
responsabilidadede
toda a sociedade. “Investirna proteção
do
meio ambientenão
é só maisum
diferencial, mas, sim,uma
obrigação” garante Gray (1994, p. 95).
Segundo
relata Smith (1995), as pressõesdo mercado
obrigamque
asempresas
saiamde
esquemas
tradicionaisde
gestão epassem
a adotar novos paradigmas,como
a gestão ambientalem
seus produtos e processos. Isto teriarepercussao na contabilidade se: a) as
companhias
chegassem
a ver o seurelatório periódico
como
um
importante meiode comunicação
noque
diz respeitoàs questões ambientais e sociais; b) os sistemas
de
informaçãoda
administraçãofossem
concebidos para promover adimensão
verde auma
posição centraldentro
do
processo de tomada-de
decisões. *Os
contadores,ao
elaborarem as técnicas para medir odesempenho
econômico,segundo
Ribeiro (1992),devem
estar alertas para amensuração
dosprejuízos sociais decorrentes
da
poluição ambientalque
produz alteraçõesna
fauna, na flora e
em
todo o ecossistema, os quaispodem
comprometer não
só ofuturo do ser
humano,
mas
também
a própria existênciada
empresa, entendidacomo
garantiade
sua reproduçãodo
capital.*
Organismos intemacionais, tais como o ISAR, grupo de trabalho da ONU, e o IOSCO,
organização que congrega as principais comissões de valores mobiliános do mundo, têm
Identificar os investimentos, custos, receitas e
despesas
ligados aos fatoresde proteção, preservação e recuperação
do
meio ambiente faz-se necessário paraque
os demonstrativos contábeispossam
refletir a verdadeira situação econômico-financeirae
patrimonialde
uma
organização e servirde
auxílio natomada de
decisoes. .1.5 Delimitação
da pesquisa
O
universo de abrangência para o desenvolvimento deste trabalhode
pesquisa foio
estudo e a análiseda
informaçao ambiental disponibilizada à sociedade atravésda
contabilidade, ficando limitado a:1. pesquisar as indústrias
do ramo
químicoque
já implantaram aISO
14000
e participantesdo Programa de
AtuaçãoResponsável®
parafins de coleta dos
dados
para a elaboraçãodo
estudo de caso;2. coletar informações referentes
ao
último exercício social disponívelpelas indústrias selecionadas.
3. Utilizar os demonstrativos contábeis publicados e os relatórios
ambientais divulgados pela
companhia
à sociedade.Serão utilizados
como
basede
coleta dedados
questionários endereçadosàs indústrias químicas e os demonstrativos contábeis, por
serem
instrumentosde
apoio na
tomada de
decisões por parte dos usuários externos.1.6 Estrutura
do
estudo
Esta dissertação,
em
seu capítulo inicial, introduz otema
e seu contexto, descreve a problemática, além de objetivos,da
justificativa, das delimitações eencerra apresentando a sua estrutura.
O
segundo
capítulo descreve a evoluçãoda
questão ambiental ecaracteriza a gestão ambiental implantada pelas organizações, mostrando a
dificuldade
com
que
as organizações se defrontam perante essa nova variávelna
política empresarial.
No
terceiro capítulo é apresentada a contabilidade sob o enfoquetradicional e
uma
sugestãode
novas abordagens para a ciência contábil,onde
sediscutem o balanço social e a evidenciação das contas ambientais. Ele ainda traz
uma
proposta para discussaoonde
a questão ambientalpode
ser visualizadapelos usuários e
um
conjunto de indicadoresque
permitem a análisedo
desempenho
ambiental das organizações.O
quarto capítulo contempla a metodologia utilizada paraa
realizaçãodesta pesquisa,
bem
como
destaca a relevância da escolhado
ramo
de atividadea
que
se direciona esta pesquisa.O
quinto capítulo é destinado a apresentar osdados da
pesquisade
campo
realizada nas indústrias químicas
e
discutir os resultados obtidos.O
sexto capítulo, finalmente, apresenta e discute as conclusoes acercado
trabalho
e
algumasrecomendações
para o desenvolvimentode
trabalhos futuros.2
SISTEMA DE
GESTÃO
AMBIENTAL
Este capítulo descreve a evolução
da
questão ambiental e caracteriza a gestão ambiental implementada pelas organizações,demonstrando
a sua posturaem
face dos problemas ambientais e as dificuldadescom
que
as organizações se defrontam perante essa nova variável na política empresarial.2.1
Evolução
da
questão
ambientalOs
problemas ambientais, taiscomo
o aquecimento global, a poluição, oefeito estufa e a chuva ácida, para mencionar
apenas
alguns, transformaram-seem
reportagens habituais dos noticiários nos atuais meiosde
comunicação.Quase
diariamente, governos e organismos internacionaispropõem novas
iniciativas para combater várias
ameaças
ao
meio ambiente. Estas intervençõespassaram
a ocorrer, principalmente,quando
ocomunicado
finalem
1990 do
encontro entre os líderes dos sete maiores paises industrializados
do
mundo
dedica
um
espaço
considerável aos problemas ambientais. Daí por diante,não
sepôde
duvidarda
supremacia política eeconômica da
crise ecológica?O
ambientalismonão
éuma
causa nova; suas raizesvêm
do séculoXlX
nas contra-reações à Revolução Industrial.
É
possível identificar referenciaisambientais na Grã-Betanha,
como
cita Smith (1995), nos grandes pensadoresoitocentistas, tais
como
KarlMarx
e John Stuart Mill,que
questionavam aaceitabilidade
do
desenvolvimentobaseado
nos recursos naturais ilimitados,2
Crise ecológica é entendida como o esgotamento progressivo dos recursos naturais e da
capacidade de recuperação dos ecossistemas e bem como o aumento crescente dos resíduos
sólidos, líquidos e gasosos que são gerados pelo padrão de desenvolvimento que afetam de
embora cada
um
tenha tratado destas questõesde
forma diferente.Nos
EstadosUnidos, continua Smith (1995), a crítica era dirigida aos
movimentos
progressistasdo
capitalismo e liderada por políticosrenomados
como
Gifford Pinchot e Theodore Roosevelt.O
movimento de
preservação erauma
das forças políticasmais fortes
da
nação.Apesar de
haveruma
consciência crescente dos problemas ambientais, este fato, até recentemente,não
encontrou expressão naagenda
política enem
se fixou
de
uma
forma organizada, anão
serem
alguns grupos isoladosde
lutapela preservação,
que promoviam
a conscientização pública dos problemas ambientais.Segundo
Smith (1995, p. 34), “a inércia estatal e a complacênciainstitucionalizada impediam
que
as questões ambientais fossem seriamenteconsideradas
como
problemas políticos importantesdo
dominio público”.No
final dos anos 1960, o ambientalismo atinge as discussões políticasde
forma mais significativa na maioria das sociedades industrializadas, o
que
coincidiu
com
o período de crescimentoeconômico do
pós-guerra e o despertarde
culturasque
vieram desafiar as estruturas e os valores fundamentais das sociedades capitalistas modernas,como
realça Costanza (1997).Os
grupos ambientalistas proliferavam e o ambientalismo transformou-seem um
movimento
mais amplo, cuja base era
uma
filosofia ética revolucionária: o ecocentrismo,que
resulta na oposição à exploração da natureza pelo
homem.
Esta posição trouxeconsigo a rejeição aos valores dominantes do capitalismo
moderno e
dassociedades industriais pelo crescimento
econômico
desordenado.O
ambientalismo moderno, hoje, no entanto, comportauma
variedadede
causasque
partilhamuma
preocupaçãocomum em
proteger o ecossistemade
uma
degradação futura e salvaguarda-lo para as gerações futuras.
Até
meados
da década de 70, o movimento foi dominado por representantes domeio científico que lançaram
um
desafio formidável aos pressupostos fundamentaisda sociedade industria/
com
base na ciência ecológica,mas
que, na ignorânciainocente das implicações sociais e políticas revolucionárias de
uma
análisecomo
esta, defendiam, de
modo
pouco convincente,uma
politica de angariação depetições e correspondência.
Mas
em
meados
dos anos 70, o fatalismo científicoperdeu muito da sua força e o centro de interesse transferiu-se para questões de
O
autor acrescenta aindaque
esta nova erado
ambientalismo caracteriza-se pela preocupação pública
com
as questões ambientais, pelo crescimentodo
consumismo
verde, pela difusão de valores ecológicos e pela intensificaçãoda
regulamentação estatal
em
matéria ambiental.Em
1972, foi realizadaem
Estocomo, na Suécia, a I Conferência dasNações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,que
teve grande repercussão para a conscientizaçãoda
sociedade mundial sobre os problemas ecológicos e os impactos ambientais industriais (BARBIERI, 1997a). Pela primeira vez, 112 representantesde
governos,de
forma oficial, reuniram-se para discutir anecessidade
da adoção de
medidas efetivas de controle dos fatores quecausam
a degradação ambiental e tratar das relações
do
homem
e o meio ambiente. Entreos principais resultados formais
do
encontro estão a Declaração sobre oAmbiente
Humano
e a criaçãode
uma
mecanismo
institucional para tratar das questõesambientais denominado,
de
Programa
dasNações
Unidas para o MeioAmbiente
-Pnuma.
Nessa
conferência o Brasil liderou77
paises subdesenvolvidosque
semostravam
contrários a qualquer intervenção referente a sua industrialização,mesmo
gerando poluição.Ao
longo das últimas décadas,houve
considerávelaumento
na atividadepolítica intemacional dirigida à regulamentação e à gestão ambiental,
que
desencadeou
um
verdadeiro processode
sensibilização das nações para ainstitucionalização
de
um
regime florescente de normas, regras e órgãosde
controle internacional para proteger o meio ambiente, a
que
neste trabalho se dará ênfase a partirda
década de
noventa.Em
1992 foi realizada a ll Conferência dasNações
Unidas sobre oMeio
Ambiente e Desenvolvimento
-
CNUMAD,
também
denominada
RIO
92,que
alémde comemorar
os20 anos da
Conferênciaem
Estocolmo, ratificouque
osproblemas ambientais têm
um
caráter relevante para a sociedademoderna
e envolvem a participaçãode
todos os agentes econômicos (BARBIERI, 1997b).Nesta conferência, o conceito
de
desenvolvimento sustentável,que
foilançado no Relatório
de
Brundtland -Nosso
FuturoComum
-de
1987 eque
propôs a busca simultânea
de
eficiência econômica, justiça social e equilíbrio“desenvolvimento sustentável é aquele
que
satisfaz as necessidades da geraçãopresente,
sem
comprometer
a capacidadede
as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”(RELATÓRIO
BRUNDTLAND,1991).
A
conferência dividiu-seem
très fóruns concomitantes:a) ll Conferência das
Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente,que
reuniu 178países,
passando
a serchamada
de
Conferênciade
Cúpulada
Terraou
Rio - 92.O
documento
mais importanteda
Rio-
92 foi aAgenda
213,bem
como
todas asconvenções
assinadas na ocasião: biodiversidade, florestas,mudanças
climáticas.b)
Fórum
Global das Organizaçõesnão
Governamentaise
entidadesrepresentativas.
c)
Fórum
dos empresários,que
divulgou a Cartade
Princípios* para o Desenvol-vimento Sustentável, constituída por 16 princípios, na busca
de
uma
sociedade mais justa.
Um
marco
na normalização ambiental foi anorma
britânicaBS
7750,publicada
em
1992.A
partir dela diversas outrasnormas
foram elaboradasem
outros países.
No
âmbitoda
International Standardization Organization - ISOS foicriado
um
grupode
assessoria para estudar as questões decorrentesda
proliferação de
normas
ambientais e seus impactos sobre o comérciointernacional. Esse grupo
recomendou
a criaçãode
um
comitê específico para aelaboração
de normas
sobre gestão ambiental.Essas
normas,que fazem
parteda
famíliaISO
14000,começaram
a ser elaboradasem
1993, atravésdo
Comitê3
A
Agenda21 consiste
em um
programa recomendado para os govemos, agências dedesenvolvimento, grupos setoriais independentes para que a coloquem
em
prática, ao longo doséculo 21
em
todas as áreas onde a atividade humana atue de forma prejudicial ao meioambiente. No seu capítulo 4, entre as estratégias sugeridas, está a de reforçar os valores que
apóiam o consumo responsável através da educação, de programas de esclarecimento público,
publicidade de produtos ambientalmente saudáveis, etc.
(AGENDA
21, 2001) 4A
Carta de Principios para o Desenvolvimento Sustentável, lançadaem
1991 pela CâmaraInternacional de Comércio (CIC), que estabelece os 16 princípios de conformidade ambiental,
compreendidos como metas a serem perseguidas é apresentada no anexo 1.
5
ISO é uma organização não govemamental fundada
em
1947, com sedeem
Genebra, na Suíça,que atua como uma federação mundial de organismos nacionais e intemacionais de nonnalização.
Conta com membros
em
diversos países, entre eles a Associação Brasileira de Nomwas Técnicas-Técnico
207
(TC 207), presidido pelo órgãode
normalização do Canadá.Quando
completa, essa nova sériede normas
deverá abordar a gestão ambiental através denormas
sobre sistemasde
gestão ambiental, avaliaçãodo
desempenho
ambiental, auditoria ambiental, avaliação do ciclode
vidado
produto, rotulagem ambiental e aspectos ambientaisem
normas de
produtos.As
très primeiras sãovoltadas à organização, enquanto as demais, a avaliar produtos e processos.
O
quadro 01 apresentaum
paineldo
desenvolvimento dos trabalhosda
ISO
14000.Quadro
01:Desdobramento
dasnormas ISO 14000
Sistema
de
gestão ambientalSO
14001Regulamenta
as especificaçoes parao
usodo
SGA
SO
14004
Trata das diretrizes gerais s/princípio,'
sistemas e técnicas de apoio
Auditoria ambiental
SO
14010
Trata dos princípios gerais e diretrizesde
auditoria ambiental
lSO
14011 Trata dos procedimentosde
auditoriaSO
14012
Estabelece os critérios de qualificação parade
auditores ambientaisRotulagem ambiental
SO
14020
Princípios básicos da rotulagem ambiental lSO 14021 AutodeclaraçõesSO
14022
Simbologia para rótulosISO 14024
Trata dos princípios, práticas eprocedimentos
em
programas multicriteriosoDesempenho
ambiental 1
4030
Trata dos termos
de
avaliaçãodo
_
desempenho
ambientalCiclo
de
vidado
produto 1
4040
Normas
sobre o ciclo de vida dos produtosÓrgãos
denormalização 1
4060
Guia para os órgãos de normalização,
no
sentido
de
incluir aspectos ambientais enormas de
produtos, tendocomo
premissaque
qualquer produtosempre
geraalgum
tipo
de
impacto sobre o meio ambiente.Para
uma
organização, o Sistemade
Gestão Ambiental-
SGA
é partedo
sistemade
gestão global,que
inclui a estrutura organizacional, atividadesde
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos
para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política
ambiental” (ISO, 1998). Por política ambiental entende-se a declaração
da
organização
expondo
suas intenções e princípiosem
relaçãoaoseu desempenho
ambiental global,
que
prevêuma
estruturade
ação e definiçãode
seus objetivos emetas ambientais” (ABNT, 1996).
A
implementaçãode
um
SGA,
portanto, pressupõeque
aempresa
estejaatuando, conforme apresentado acima.
É
neste estágioque
aempresa passa
atratar a questão ambiental do ponto
de
vista estratégico.O
livroMudando
o rumo:uma
perspectiva empresarial global sobredesenvolvimento e meio ambiente é a expressão das novas atitudes empresariais. Nele, Schmidheiny (1992) argumenta
que
a exigênciade
um
crescimentoeconômico
limpo e equitativoacaba
sendo
a maior dificuldade parao
desafio mais
amplo do
desenvolvimento sustentável”,uma
vezque
demonstrar aviabilidade desse crescimento representa para a indústria e o comércio
uma
tarefa das mais árduas, à
medida que
eles têmde
estabelecer estratégiasde
crescimento e manter
uma
liderança ativa para alcançaravanço no
sentidode
atingir o desenvolvimento sustentável.
O
mesmo
autor salientaque
as atitudes empresariais, atéalgumas
décadas
atrás, não consideravam os efeitos negativos nos ecossistemas ena
própria sociedade, o
que
permitiu emergirem problemas sociais e ambientaiscada
vez mais críticos para o bem-estar
da
sociedade,como
a misériae
a pobreza, o desemprego, a devastaçãode
solos produtivos, a poluição das águas edo
ar,entre outros. '
Nesse
sentido, as organizações empresariais necessitam estar abertas aum
processo contínuode
mudança
em
que
a orientação dos investimentos, autilização
de
novas tecnologias e a exploração dos recursos naturais estejamde
acordo
com
as necessidades atuais e futurasdo
sociedade. Inserirem
suasestratégias administrativas a preocupação ambiental passa a ser condição básica para a sua continuidade.
implementação
do
desenvolvimento sustentávelao
atuarcomo
elo de ligação entre os consumidores e a transformação dos insumos(CAIRNCROSS,
1992).A
discussão sobre o meio ambiente, entretanto, trouxe implicações económicas e estruturaisde
longo alcance, tanto por parte dosmovimentos
ambientalistas,
como
dos organismos reguladores.As
organizações empresariais foram particularmente afetadas pelomovimento
ambientalista.Segundo
Smith(1995), existe
uma
preocupação maiorem
conservar os recursos naturaisque
abastecem
os processos de produção industrial.Há
uma
procura maior portecnologias que poluam
menos
o ambiente e por produtos ambientalmente mais seguros ouamigos do
ambiente.Neste contexto aborda-se, na seção 2.2, a gestão ambiental nas empresas.
2.2
Gestão
Ambientalnas
empresas
As
empresas,segundo
a editora ambientaldo
The_Economist Frances Caimcross (1992), são instituiçõesque operam
num
meio físico, portanto, seuambiente pertinente deve ser conceituado
como
uma
biosferaeconômica que
inclui influências não só econômicas, sociais e políticas,
mas
também
biológicas e atmosféricas.As
organizações empresariais,comenta Gray
(1994), são geralmente, sistemas tecnológicos vantajosos de produçãoque servem
aos interessesde
muitos acionistas
em
maximizar lucros a curto prazo. Este pressuposto ignora ofato
de
que,ao
irao
encontro desses interessesde
curto prazo, estão provocandoa destruição
sem
volta dos recursos naturais,causada
pelos sistemas produtivos.Exemplos
disso são: o esgotamentoda
camada
de
ozônio pelos cloro-fluorcarbonos e o aquecimento global
causado
pela emissão de poluentes químicos das centraisde
energia e dos veículos motorizados.“A evidência cada vez maior da destruição ambiental força-nos a admitir
que
asempresas nao
são simplesmente sistemasde
produção,mas
são
destruição
que causam
inclui tanto a destruição crônicade
baixo nível,como
osacidentes
de
grande escalaque
atingem o ambiente e a saúde, tais como, odesastre
de
Bhopal, na Índia, oderramamento de
petróleodo Exxon
Valdez, noAlasca, o acidente nuclear
de
Chernobyl, na Rússia, o acidentecom
materialradioativo Césio 137,
em
Goiânia e ovazamento de 1200
litrosde
óleo na Baíade
Guanabara no
Riode
Janeiroem
janeirode 2000
e mais4
milhões de litrosem
Araucária no Paraná, no
mesmo
ano.V
Estes
danos
causadosaomeio
ambiente trazem problemas para alucratividade das organizações, pois este
ônus
poderá ser cobrado, a qualquermomento,
pelo governo atravésde
multasou
impostos,ou
por instituições oupessoas
que
se sintam prejudicadas,como
os clientes e o públicoem
geral,através de indenizações (RIBEIRO, 1992). Isto
pode
afetar aimagem
da
empresa, vindo a
comprometer
sua competitividade no mercado. _Gray
(1994) acredita que,em um
mundo
onde
os empresáriospodem
operar
um
sistemaque
produz profunda pobreza e miséria, prejuízo planetário mortal eum
efeitodesumano
sobre as pessoas e as comunidades, deve-sesuspeitar,
embora
com
relutância,que
existe algode
erradocom
esse sistema.O
autor acrescenta que:
Nada
passa a ser mais urgente do queuma
mudança
fundamental que possaoferecer alguma esperança para esses problemas.
Uma
mudança
não apenas nocomércio
em
si,mas
atingiruma
transformação completa na educação, naformação profissional, na economia, na política e na ética da sociedade moderna,
para começar (GRAY, 1994, p. 306).
Com
basena
observaçãode que
a sociedade mundial, os governos e as grandesempresas
estão participandodo
debate ambiental, depreende-seque
aquestão ambiental constitui
uma
variável importante e,também,
de risco para acontinuidade e lucratividade da empresa.
Fischer (1995, p. 60) esclarece que, “apesar das pessoas estarem
raramente expostas a
um
único risco isolado dos restantes, existepouca
informação empírica sobre os efeitos interativos destes perigos".
A
sociedadetem
controle mais rígido
do
usosem
critério dos recursos ambientais e odesenvolvimento
de
tecnologias ambientalmente benígnas. VOutro fator
que
leva asempresas
aum
maiorcomprometimento
com
a degradaçãodo
meio ambiente é a regulamentação governamentalque
estásurgindo progressivamente
e impondo
elevada taxação pordanos
causados.A
regulamentação é necessária,segundo
Porter&
Linde (1995, p. 76), por seis razões:o Cria pressão para motivar as empresas a inovar.
o Melhora a qualidade ambiental nos casos
em
que a inovação e osresultados de melhoria na produtividade de recursos não
compensem
completamente o custo de adequação.o Alerta e educa as empresas sobre possíveis ineficiências de
recursos e áreas potenciais para melhorias tecnológicas.
o Aumenta a probabilidade de que as inovações nos produtos e no processo
em
geral sejam amistosas ao meio ambiente.~ Cria
demanda
por melhorias ambientais até que empresas econsumidores sejam capazes de perceber e mensurar as
ineficiências.
0 Nivela o
campo
de batalha durante o período de transição parasoluções ambientais baseadas
em
inovações, assegurando queuma
empresa não possa galgar posições competitivasem
relaçãoàs outras fugindo dos investimentos de natureza ambiental.
A
inflexibilidade crescenteda
ameaça
ambiental, juntamentecom
uma
maior consciência ecológicada
parte dos stakeholdersfi, já levou muitasempresas
a enfrentar
as
conseqüênciasde
mercado, por terem negligenciadouma
ação
apropriada. Ferreira (1998) afirma
que
os empresários, cada vez mais,reconhecem que
o descasocom
o meio ambiente trará sérios conflitosde
imagem
e competitividade, e desta forma, eles
têm
progressivamente reavaliado seudesempenho
quanto à gestão ambiental.6
Stakeholders, conforme Almeida (2000), são todos os interessados nas possíveis obrigações
ambientais da empresa: investidores, consumidores, fornecedores, competidores, empregados.
instituições financeiras, governo, público
em
geral, grupos tomadores de opinião, mídia,É
cada vez mais difícil, para as organizações, ignoraro
meio ambienteem
seu contexto
de
negócios, seja pelas pressões externas, seja pelas oportunidadesque
ele oferece, de obter benefícios próprios.Na
maioria dos casos, aempresa
não
tem outra escolhasenão
responderde
algummodo
às novas pressõessociais e econômicas.
A
única escolha, conformeGray
(1994), é qual tipode
resposta a organização irá dar
em
uma
dada
situação.Fazer negócios
em um
mundo
cada vez mais verde coloca novos desafios aos gestores. Estes desafios incluem produtos eembalagens
mais saudáveis emenos
poluentes, desenvolvimentode
equipamentos de fabricaçãomenos
poluentes, minimização dos desperdícios, gestão dos riscos tecnológicos,preservação dos recursos naturais não renováveis, proteção
ao
meio ambiente e salvaguarda àsaúde
de trabalhadores e do público.Até
que
ponto os gestores estão preparados para estes desafios? Smith(1995, p. 56) entende que:
Infelizmente a maioria das corporações ainda não estão preparadas para serem
sensíveis às exigências ambientais. Lidam
com
as questões ambientaiscom
má
vontade e
com
complacência, limitando-se muitas vezes a mera obediência àregulamentação govemamental.
A
adesão
dasempresas
à certificação ambiental e a indicadores e códigos de liderança setoriais é a fase maisavançada do
processode
incorporaçãoda
variável ambiental aos negócios.
A
base para aadoção
desses instrumentosvoluntários
de
controle ambientalemana
do conceito de desenvolvimentosustentável.
Ao
abordar a questao da gestão ambiental, dois grandes caminhospodem
ser imediatamente identificados,
segundo
Cairncross (1992),como
norteadoresdas ações das organizações:
o a redução de emissões na fonte,
que
incorpora preocupaçõescomo
boas
práticas,
mudanças
tecnológicas, reavaliação nos materiais de entrada eadequação
da produção;o a reciclagem, tanto dentro da organização
como
após a operaçãoda
Donaire (1995) aponta as principais motivações empresariais para a gestão
ambiental,
em
ordem
decrescentede
importância, são: sentidode
responsabilidade ecológica, requisitos legais, salvaguarda
da
empresa,imagem,
proteção aos empregados, pressão
de
mercado, qualidade de vida e lucro.O
autor discorre sobre as etapas necessárias para a excelência ambiental(DONAIRE,
1995):1. desenvolva e publique
uma
política ambiental;2. estabeleça
metas
e continue a avaliar os ganhos;3. defina claramente as responsabilidades ambientais
de
cadauma
das áreas edo
pessoal administrativo; -4. divulgue interna e externamente a politica, os objetivos e metas e as
responsabilidades;
5. obtenha os recursos adequados;
6.
eduque
e treine seu pessoal e informe aos consumidores e à comunidade; 7.acompanhe
a situação ambientalda empresa
e faça auditorias e relatórios;8.
acompanhe
a evolução da discussão sobre a temática ambiental.9. contribua para os programas ambientais
da
comunidade
e invistaem
pesquisas e desenvolvimento aplicada à área ambiental;
10.ajude a conciliar os diferentes interesses existentes entre todos os envolvidos:
empresa, consumidores, comunidade, acionistas, etc.
Uma
organização só alcançará a excelência ambiental se houverum
trabalho
de
revisão dos produtos e processosde
produção, a fim de reduzir apoluição na fonte e
com
isso diminuir os custos internos e externos.A
empresa
procura alterar os seus processos
de
produção, substituindo máquinas, equipamentos, materiais e recursos energéticos para obteruma
produção maiseficiente, poupadora
de
insumos e geradorade
menos
poluentes,de
acordocomo
o conceito de tecnologia mais limpa.Como
realça Barbieri (1997, p. 199), prevenira geração
de
poluiçãoem
vezde
controlá-Ia inclui-se entre as medidas típicaspara aumentar
a
produtividade.Segundo
Ferreira (1998, p. 55), o processode
gestão ambiental levaem
estabelecimento
de
políticas, planejamento,um
planode
ação, alocaçãode
recursos, determinaçãowde responsabilidades, decisão, coordenação, controle,
entre outros, visando principalmente o desenvolvimento sustentável.
Uma
decisãoambiental, nos seus diversos niveis, envolve variáveis complexas e alternativas
de ação
nem
sempre de
fácil aceitação.Os
executivos dasempresas
nem
sempre
escolhem a alternativaque
menos
danifique o meio ambiente.Embora
essedeva
serum
objetivo a ser alcançado,num
mundo
em
que
se deparacom
questões tão primordiaiscomo
a fome, a miséria, a educação, a saúde, enfim,com
problemas desobrevivênciado
homem
que
ahumanidade
ainda não conseguiu resolver, decidirem
favordo
meio ambiente se torna mais difícil.
Na
maioria das vezes, o empresário se limita a cumprira
legislação ambiental, adotando os programas antipoluição minimos obrigatórios. Entretanto,existem questões mercadológicas a
serem
consideradas,uma
vezque
omercado
consumidor tem se tornado mais consciente a respeito
da
gravidade das questõesambientais,
aumentando
a procura por produtosnão
poluentes.Em
respostas a estas preocupações ambientais crescentes, .hojeem
dia,nas organizações, conforme elencado no quadro O2, há
uma gama
de tarefas,aqui englobadas
em
deSSA7
-
Saúde, Segurança e Ambiente,que
representam o desafio das organizações.7
Quadro
02: Tarefas ambientaisde
saúde, segurança e ambiente -SSA
Segurança
industrial: Tratade
tornar as fábricas,armazéns
e outros sistemasde
produção industrial seguros para os trabalhadores e para o público. Envolve aescolha
de
tecnologiasde
segurança, a formulação e implementação de políticase práticas
de
segurança.Proteção ambiental: Trata
da
reduçãode
emissões e efluentes ambientalmenteprejudiciais originados pelos equipamentos industriais. Envolve
também
oplaneamento e a implementação
de medidas de
conservaçãoque
conduzam
à reduçãoda
utilizaçãode
recursos ambientaisnao
renováveis,como
o carvão, opetróleo e as florestas.
Gestão
dos
desperdícios: Identificação e recuperação de terrenos depositáriosde
desperdícios perigosos.
Integridade
dos
produtos:Programas
para garantir a segurança durante toda avida
do
produto,desde
a produção e transporte até à utilização e refugodo
produto
usado
e respectivaembalagem.
Saúde
no
trabalho: políticas e programas destinados a assegurar condiçõesde
trabalho saudáveis, a conformidade
com
as leis desaúde
e segurançaocupacional, a inspecção
de
perigos para asaúde
e segurança ocupacional, ainspecção
de
perigos para asaúde
provenientes dos produtos e dos equipamentosde
produção.Relações públicas e comunitárias: Comunicar-se
com
os acionistas externos ecom
o
públicoem
matériasque
afetam as relações companhia-público.Coordenar
planosde
emergênciacom
a comunidade.Relações
com
o governoe
a midia: Gerir as relaçõescom
a mídia,com
osorganismos legisladores e
com
o governo local, estadual e federal.Segurança
industrial:Programas
para garantir a segurança dos benscorporativos.
Programas de
minimizaçãode
perdas.Gestão
de
riscos, (dívidase
seguros):Programas
para minimizar riscosambientais e tecnológicos. Minimizar a dívida corporativa devida a
danos dos
produtos, acidentes tecnológicos e terrenos
com
detritos perigosos.Programas de
seguros para cobrir riscos empresariais extraordinários e
de
rotina.Gestão
da
crise:Programas de
prevençãode
riscosque
possam
desencadear
crises na empresa. Desenvolver a capacidade corporativa para gerir crises.
Através
do
quadro 2 pode-se observarque
as tarefasde
SSA
abrangem
grandenúmero de
questões. Esta amplitude éum
aspecto positivo nas reaçõesambientais das empresas; contudo, o
que
limita a sua efioácia conjuntano
ambiente é o
modo
como
estas tarefas são implementadas na prática.Outro fator é
que
os investimentosem
tecnologias novas exigem gastoselevadíssimos, provocando forte impacto no fluxo
de
caixa dasempresas
econseqüentemente sobre a lucratividade,
tomando-se
indispensávelum
estudo da relação custo/benefício para a gestãoeconômica
das empresas.Conforme
o entendimento de Shrivastava (1996, p. 60), “as tarefas deSSA
devem
ser tratadas nãoapenas no
nível operacional,mas
também
estratégiconas companhias”.
O
autor entendeque
no aspecto operacional, a administração temque
desenvolver políticas e procedimentos operacionais internos, prepararadequadamente
seus funcionários, estabelecer padrões, inspecionar osprocessos fabris, recompensar o
desempenho
e assegurar a conformidadecom
os regulamentos aplicáveis.
No
aspecto estratégico, a administração necessita desenvolver políticasde
SSA
euma
completa revisão na tecnologia usada. Necessita viabilizar recursos, optar por tecnologia de segurança, treinaradequadamente
seu corpo funcionalem
todos os níveis hierárquicos, para garantira
vigilânciade
tudo oque
serelacione
com
SSA.
A
faltade
conhecimentonão
é a única limitaçãocom
que
sedeparam
osgestores
de
hojeno
desempenho
eficiente das funções SSA: “...igualmente é afalta
de
valores éticos ede
sensibilidade ambiental, necessários para fazerbons
juízos e ter boas decisões administrativas sobre as questões ambientais”,
conforme registra Smith (1995, p. 61).
Para
que
asempresas
lidemcom
estas tarefas adequadamente, elas terãode encontrar formas de incultar valores
adequados
ede
fornecer a necessária informação aos administradores envolvidos na gestão ambiental.Do
relato de Lovins&
Lovins (2000), pode-se extrairque
o ambientalismovenha
a ser o próximo grande conceitode
organizaçãoda
sociedadeno
séculoXXI.
Num
mundo
pós-industrial epós-moderno
o ambientalismopode
ser osubstituto de ideais de bem-estar social e erradicação da pobreza.
A
aniquilaçãoambiental poderia dominar a geopolítica.
O
que
isto implicaria para as empresas, para os estudos e para os formadoresde
gestores?“Os desafios
que
os gestores enfrentam éde
proporções revolucionárias”,argumenta Shrivastava (1996, p. 72). Exige-se
que
todos os valores empresariais,objetivos, estratégias, produtos e programas sejam repensados e modificados.
A
gestão precisa avaliar, discutir e implementar estas idéias.
Se
não
o fizer, arrisca- se a ficar para trásnum mundo
de
negóciosque
rapidamente se tornará verde.O
informe publicitárioEmpresa
e Meio Ambiente (2000) divulgouum
estudorealizado pela Baxter,
uma
das gigantesda
indústria farmacêutica dos Estados Unidos, revelandoque cada
dólar aplicadoem
programas voltados para o meio ambiente trazuma
economia
financeirade
très a cinco vezes o seu valor. Estaconstatação
tem
levado asempresas
a reverem seucomportamento
perante avariável ambiental, motivando-as a incrementar os investimentos
em
gestãoambiental.
2. 2.1 Posturas das
empresas
quanto à conscientização ambientalAs
estratégias adotadas pelasempresas
como
resposta às interações entre ambiente externo (clientes, fornecedores, concorrentes, ONG's, poderpúblico) e
metas
internas,podem
levar à descobertado
seu posicionamentoem
torno da temática ambiental.
A
posturada
empresa
varia de acordocom
o tipode
negócio envolvido, a faixa
de
problemas ambientais potenciais, otamanho da
organização e a complexidade da estrutura corporativa.
Fundamentado
em
estudos teóricos e empíricos,Sanches
(1996) revelaque
as respostas dasempresas
em
face das questões ambientaispodem
ser caracterizadas por: a) posturade
não-conformidade, b) postura reativa, c) posturaem
transição e c) postura pró-ativa. Estas posturas serão resumidas a seguir:a) Postura