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Diversificação alimentar e implicações no desenvolvimento da criança : Monografia : Complementary feeding and implications on children´s developing

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Academic year: 2021

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Monografia

Diversificação Alimentar e Implicações no

Desenvolvimento da Criança

Complementary feeding and Implications on children´s

developing

Ana Carolina Oliveira Fontes Orientado por: Dulce Lemos

(2)
(3)

Índice

_Toc183611703

Lista de Abreviaturas……….3

Resumo em Português e Inglês………..4

Palavras-Chave em Português e Inglês……….4

Introdução………5

1- Importância do Aleitamento Materno………..7

2- Características fisiológicas e metabólicas do lactente………9

3- Recomendações da OMS/UNICEF………..10

4- Alimentação Complementar………...10

5- Fórmulas Infantis……….13

6- Desvantagens de uma incorrecta Alimentação Complementar………..15

6.1- Desnutrição………...16

6.2- Doença Celíaca………...….16

6.3- Diabetes Mellitus tipo 1………..…….17

6.4- Obesidade……….18

6.5- Infecção………...19

6.6- Alergias e intolerâncias alimentares……….………..20

6.7- Anemia por deficiência de ferro………22

6.8 - Doença Cardiovascular……….24

7- Suplementação……….……..23

8- Análise Crítica……….……26

9- Conclusão……….…………..27

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Lista de Abreviaturas

AA – Ácido Araquidónico

AAP – Academia Americana de Pediatria AC – Alimentação Complementar

AD – Alimentação Diversificada AM – Aleitamento Materno DC – Doença Celíaca

DCV – Doença Cardiovascular DHA – Ácido Docosahexanoico DM1 – Diabetes Mellitus Tipo 1

ESPGHAN – European Society for Pediatric, Gastroenterelogy, Hepatology and Nutrition

FI – Fórmulas Infantis

IMC – Índice de Massa Corporal

LC-PUFAs – Ácidos Gordos Polinsaturados de Cadeia Longa LM – Leite Materno

LV – Leite de Vaca

OMS – Organização Mundial de Saúde UE – União Europeia

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RESUMO

Quando a criança começa alimentar-se de outros alimentos para além de leite materno ou fórmula, começa a despertar novos domínios pois esta é uma etapa de exploração e descoberta. Esta é uma fase de extrema importância já que é o primeiro contacto com os alimentos. Existem regras para uma adequada alimentação complementar, regras essas fundamentais para o desenvolvimento, a maturação da criança e para garantir um estado saudável.

Este trabalho tenta perceber se realmente esta fase tão importante da vida da criança vai ter repercussões mais tarde, ou seja, na adolescência e na vida adula. Palavras-Chave: Alimentação complementar, diversificação alimentar,

aleitamento materno.

ABSTRACT

When the children start to feeding with another foods beyond exclusive breast-feeding or infant formula, starts to evoke news domains whereas this is a period of exploration and innovation. This is an extremely important phase because is the first contact with foods. There are some rules for the convenient complementary feeding, which are crucial for the development, maturation of the child and that guaranties a healthy shape.

This works try to understand if this important phase of children’s life will have late repercussion, in the adolescence and later life.

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INTRODUÇÃO

Uma alimentação adequada durante os primeiros meses de vida é fundamental para um correcto desenvolvimento e crescimento do recém-nascido 1,2. Esta fase é importante para que a criança se possa desenvolver de forma saudável. Existem estudos que comprovam que esta é uma idade crítica para prevenir deficiências em micronutrientes e doenças que tradicionalmente ocorrem durante a infância, e que poderão ter consequências a longo prazo 1.

O alimento ideal para o recém-nascido é o leite da mãe 1,2,44. No século XXI cada vez mais as crianças são alimentadas por fórmulas infantis (FI) em vez do leite materno (LM). São muitas as razões que impedem a mãe de amamentar, como o stress, a falta de informação e a doença crónica. Este é um factor importante, pois além do do vínculo mãe-filho, este é o alimento ideal para a criança durante os primeiros meses de vida 3,4,5. Quando não é possível o aleitamento materno (AM), usam-se FI. Hoje em dia, a indústria tenta aproximar o mais possível a composição das fórmulas para lactentes do leite materno (LM). Estes leites são preparações à base de proteínas do leite de vaca (LV) e por isso o seu teor proteico, bem como o perfil lipídico é diferente do leite da mulher, no entanto respeita as recomendações da UE, estando dentro dos limites permitidos relativamente à composição em macro e micronutrientes 6. A partir de uma certa altura, o LM ou FI não é suficiente do ponto de vista nutricional para as necessidades do lactente 6. Para além disso, torna-se necessário para a maturação do aparelho digestivo, a introdução de novos alimentos 7. E aqui, há que ter em conta o aparelho digestivo ainda imaturo do

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lactente, e daí a grande importância do tipo de alimentos a dar primeiramente e a sua consistência1.

A diversificação alimentar (DA), alimentação complementar (AC) ou beikost 51 constitui a introdução de novos alimentos na alimentação da criança, quando esta passa de uma alimentação exclusivamente láctea (LM ou FI) para uma alimentação constituída por alimentos semi-sólidos, como as papas e posteriormente sólidos, quando o lactente possui a capacidade de mastigar, até à integração na dieta familiar 2,8. Quando são introduzidos alimentos impróprios para a criança é possível que a sua alimentação fique comprometida. Há que ter em conta um organismo ainda imaturo, assim como a menor produção das enzimas necessárias para a digestão dos alimentos. Por isso é importante o tipo de alimentos a dar ao bebé de início, pois estes podem, por exemplo, agredir a flora intestinal ou causar vómitos 7.

Esta fase revela grande importância já que o lactente vai desenvolver a mastigação, a deglutição e conhecer os diferentes sabores, é uma fase de exploração 9.

É muito comum, nos dias de hoje, a ausência de AM ou a sua interrupção precoce, bem como a introdução de outros alimentos na dieta do lactente antes dos 4 meses de vida 3. Isto traz consequências para a saúde, prejudicando a digestão e a assimilação dos nutrientes, reflectindo-se no crescimento e desenvolvimento do lactente 7.

A introdução da AC é fundamental a nível do desenvolvimento da criança e para um bom estado a nível nutricional.

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1. A importância do Aleitamento materno

Organizações internacionais e associações científicas como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a European Society for Pediatric, Gastroenterelogy, Hepatology and Nutrition (ESPGHAN) e a Academia Americana de Pediatria (AAP), apontam que nos primeiros meses de vida a alimentação do recém-nascido deve ser exclusivamente constituída por LM. Na impossibilidade de poder amamentar, utilizam-se FI em substituição do LM.

De uma forma geral, as FI apresentam maior teor proteico e energético que o LM, e desta forma podem ser uma das causas desencadeantes da obesidade infantil 10.

Apesar de controversa, existe uma associação entre a duração do AM e a redução de doenças crónicas na infância, redução da obesidade e melhores efeitos cognitivos 1.

Um estudo feito no Reino Unido revelou que as crianças alimentadas com FI, dos 0 aos 6 meses de idade, ganharam mais peso, comprimento e adiposidade do que aqueles alimentados com LM. E quanto mais tempo forem alimentados com LM, mais lento será o ganho de adiposidade 11.

Alguns autores associam a idade, a escolaridade e o grau socioeconómico da mãe como factores que condicionam o AM. É o caso das mães adolescentes, que não têm muitas vezes a noção da sua importância e sentem-se inseguras em promover a alimentação do seu filho. Mães com maior grau de instrução amamentam por mais tempo, talvez por terem maior acesso à informação das vantagens do aleitamento materno 3. Vários estudos nos países desenvolvidos, dão conta que as crianças que não são alimentadas com LM têm mais

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hipóteses de morrer no inicio da vida (seis a dez vezes mais) do que aquelas que são amamentadas 2,12.

Um estudo defende que as crianças alimentadas com FI apresentam maior risco, cerca de um terço, de morrer por pneumonia e diarreia. Os benefícios do AM não são apenas para a criança mas também para a mãe, ajudando-a a alcançar o peso anterior à gravidez, a prevenir uma próxima gravidez nos primeiros meses após o parto, bem como a diminuir o risco de desenvolver cancro do peito e do ovário 2.

Sendo o alimento ideal nesta idade, o LM para além dos nutrientes essenciais, hidratos de carbono, proteínas, gordura, vitaminas, minerais e água, nas quantidades óptimas, possui elementos importantes para o sistema imunitário, promovendo protecção contra a infecção. Este benefício imunológico existe graças à acção das imunoglobulinas, principalmente a secretora, Imunoglobulina A, os glóbulos brancos que defendem o organismo contra microrganismos patogénicos, à lisozima e à lactoferrina importantes na destruição de bactérias, vírus e fungos, a oligossacarídeos que protegem a mucosa intestinal de bactérias patogénicas. O LM possui ainda factores bioactivos importantes na digestão, como a lipase, factores de crescimento que ajudam na maturação do intestino. Durante os primeiros dias após o parto, a mulher produz um “leite especial” amarelado e gorduroso, chamado colostro muito rico em vitaminas lipossolúveis (A, E e K), IgA, importantes contra agentes infecciosos 2.

O AM é recomendado também ao longo da introdução de AC. Ao contrário das FI, cuja composição não varia, o LM apresenta variações ao longo do dia, quer

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da composição, do cheiro e aroma o que poderá melhorar a aceitabilidade por parte do lactente do consumo de outros alimentos13.

Contudo, o leite materno é pobre em alguns nutrientes, nomeadamente ferro e zinco. Num estudo, Yang et al defende que as crianças cuja alimentação seja exclusivamente constituída por leite materno, até ao sexto mês de vida, apresentam maior risco de deficiência em ferro. Concluiu ainda que crianças com um peso à nascença maior que 2500g, têm pouca probabilidade de apresentarem anemia por deficiência em ferro antes dos 6 meses de idade. No entanto, crianças com peso à nascença de 2500 a 3000g apresentam maior risco de deficiência de ferro e de desenvolver anemia 14.

2. Características fisiológicas e metabólicas do lactente

Durante os primeiros anos de vida ocorre no lactente, um processo de maturação de sistemas e órgãos e por isso, uma incorrecta introdução de alimentos poderá prejudicá-lo, quer por excesso ou deficiência de nutrientes, podendo desenvolver problemas seja na infância ou até posteriormente na idade adulta 15.

É importante que a alimentação seja adequada e fisiologicamente adaptada ao lactente, tendo em conta que estas particularidades anatómicas e funcionais do tracto gastrointestinal podem prejudicar na digestão e assimilação dos nutrientes pelo organismo da criança. O lactente, nos primeiros meses de vida, apresenta um aparelho digestivo imaturo, levando-o muitas vezes a episódios de vómito e regurgitações, pelo facto da ligação entre o esófago e estômago constituir uma larga abertura que se fecha de modo fraco 7. As glândulas salivares produzem ainda pouca saliva e a camada muscular do estômago

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ainda se encontra insuficientemente desenvolvida. Estando portanto mais vulnerável a infecções gastrointestinais e a contaminantes 2. Aos 4 meses as crianças já se podem sentar e possuem um adequado controlo neuromuscular do pescoço e tronco 7.

3. Recomendações da OMS e UNICEF:

Em 2002, a OMS e a United Nations Children’s Fund (UNICEF) propuseram uma “estratégia global” para a prática de uma alimentação saudável na infância:

-AM exclusivo até ao sexto mês;

-Introdução de alimentação complementar, nutricionalmente adequada, juntamente com AM até ou além dos 2 anos de idade 2.

4. Alimentação Complementar

Uma alimentação complementar (AC) traduz-se na introdução de alimentos para além do LM ou fórmula 45. A partir dos 6 meses de idade, o leite (LM ou FI) tornam-se insuficientes para suprir as necessidades do bebé. O LM é insuficiente em energia, proteínas, em alguns minerais, como o ferro e o zinco e algumas vitaminas lipossolúveis (A e D) 8.

Nesta idade, o sistema digestivo da criança já se encontra maduro o suficiente para digerir amido, gordura e proteínas. Até aos 9 meses tolera bem as papas (alimentos semi-sólidos).

No entanto, o LM deve permanecer na dieta da criança, sempre que possível até depois dos 2 anos. Este leite fornece metade das necessidades de energia

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entre os 6 e os 12 meses e um terço dos 12 aos 24 meses. Continua com a mesma qualidade que lhe é característica, ou seja, fornece à criança uma maior qualidade de nutrientes que os alimentos complementares e possui factores de protecção contra infecção 15.

A OMS e a Pan American Health Organization (PAHO) publicaram em 2003 orientações para a introdução AC na alimentação da criança, onde separam as recomendações para crianças alimentadas com LM e crianças alimentadas com FI. As concentrações em alguns nutrientes são maiores nas fórmulas infantis que no leite materno, como o zinco, o ferro e as proteínas. No entanto a ESPGHAN considera que tal divisão pode causar confusão 8.

Existe uma série de cuidados a ter na introdução da AC. Práticas de higiene, na preparação dos alimentos são factores importantes para garantir à criança uma alimentação desprovida de contaminantes. Nesta altura, entre os 6 e os 12 meses é muito comum o aparecimento de diarreia, sendo muitas vezes causada pela contaminação dos alimentos da AC. Uma correcta preparação e armazenamento dos alimentos podem prevenir a contaminação 2.

Outro factor importante prende-se com o tipo e a quantidade de alimentos a dar à criança, sendo que muitas vezes estes não são adequados em termos nutricionais e/ou não são dados no tempo correcto. Deve-se aumentar a consistência e variedade dos alimentos gradualmente.

Quanto às necessidades energéticas provenientes da AC, deve-se ter em conta a quantidade de leite materno que a criança costuma ingerir. Em média, nos países desenvolvidos, a quantidade de energia proveniente do leite materno é de aproximadamente: 486 Kcal/ dia, dos 6 aos 8 meses, 375 kcal/dia, dos 9 aos 11 meses, 313 kcal/dia, dos 12 aos 23 meses. Assim, tendo

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em conta as necessidades energéticas totais da criança (615 kcal/d – 6 a 8 meses; 686 kcal/d. 9 a 11 meses; 894 kcal/dia – 12-23 meses), subtrai-se a energia proveniente do leite materno para poder obter a energia necessária para AC. As necessidades energéticas para crianças alimentadas com LM, nos países desenvolvidos, são de aproximadamente 130 kcal/dia dos 6 aos 8 meses, 310 kcal/dia dos 9 aos 11 meses e 580 kcal/dia dos 12 aos 23 meses 1. Um factor importante na AC prende-se com o número de refeições que a criança deve ingerir por dia. Aqui há que ter em consideração a densidade dos alimentos já que, se os alimentos forem de baixa densidade energética (menos que 0,8 kcal/d), a criança poderá não alcançar as suas necessidades energéticas, tendo em conta o pequeno volume do estômago da criança pequena (30-40 ml/kg de peso) 9. Poderá também diminuir com a ingestão do aleitamento materno, o que não é aconselhável, por isso, terá de aumentar o número de refeições por dia para suprir com as necessidades energéticas 1. No entanto a ESPGHAN alerta para o risco de desenvolver excesso de peso na infância, se o consumo de alimentos energeticamente densos for elevado, recomendando que a ingestão energética não deve estar acima dos 25% 8. Em média, o número de refeições de AC que uma criança deve fazer por dia, deve ser de 2 a 3, dos 6 aos 8 meses; 3 a 4, dos 9 aos 11 meses e 3 a 4 dos 12 aos 23 meses, com mais 2 “snacks” como fruta ou um pedaço de pão, devem ser dados entre as refeições.

Para além dos benefícios mencionados anteriormente, a AC é necessária para suprir a necessidade em micronutrientes, como o ferro e o zinco, que nesta altura estão insuficientes no LM. Carne, aves, peixe ou ovos (gema) devem estar presentes diariamente na alimentação da criança, para além de

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equivalentes do leite, por serem uma óptima fonte de proteínas de alto valor biológico.

Por outro lado, alimentos com elevado risco alérgico, como o leite de vaca (LV) são contra-indicados antes do primeiro ano de vida 8.

Outros alimentos com maior risco de causar alergia alimentar a clara do ovo, peixe, nozes e marisco devem ser dados o mais tarde possível de forma a evitar alergia alimentar. Fontes de vitamina A como as frutas, devem ser consumidas diariamente 1.

As dietas vegetarianas são desaconselhadas nestas crianças já que não cobrem as necessidades em nutrientes essenciais, podendo causar deficiências nutricionais, levando a atraso no crescimento, um desenvolvimento psicomotor mais lento, pelo baixo teor em energia, proteínas, vitamina B12,

vitamina D, cálcio e riboflavina. O mesmo acontece para o seu leite, se a mãe estiver a fazer uma dieta vegetariana e não tomar suplementos, e se a criança estiver com uma dieta que não inclua alimentos de origem animal, este pode ter problemas de desenvolvimento, pois o leite não possui quantidades suficientes de nutrientes essenciais 8.

5. Fórmulas infantis

Algumas crianças não podem beneficiar da AM. A OMS e a UNICEF desenvolveram recentemente uma actualização, das razões médicas aceitáveis para substituir o LM. Como foi dito anteriormente, a amamentação durante os primeiros meses de vida (6 meses) é o melhor para a criança e para a mãe. No entanto, quando a mãe e/ou a criança não têm condições de saúde que o permitam, torna-se, portanto, necessária a utilização de substitutos do leite, FI.

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A mãe, quando portadora de HIV ou de doença grave, quando toma uma medicação que comprometa a saúde do lactente, deve alimentar o seu filho com FI. Em relação às condições da criança, quando nascem com baixo peso (menos de 1500g), prematuros, lactentes em risco de hipoglicemia em virtude de adaptação metabólica, necessitam de complementar a sua alimentação com FI, juntamente com o LM. Em caso de doença, quando a criança necessita de fórmulas especiais, como lactentes com galactosémia clássica, deverão obter uma fórmula especial, isenta de galactose. Os lactentes com doença da urina de xarope de bordo, a fórmula especial terá de ser livre de leucina, isoleucina ou valina, e os lactentes com fenilcetonúria necessitam de fórmulas especiais isentas de fenilalanina, neste caso a amamentação pode ser possível se cuidadosamente controlada 16.

Hoje em dia, cada vez mais as FI aproximam-se do leite materno.

A constituição nutricional das FI é obviamente diferente do LM, por ter maiores concentrações de alguns nutrientes, como por exemplo, proteínas, ferro e zinco. Havendo até orientações que recomendavam que as crianças com AM deveriam comer certo tipo de alimentos, como a carne mais cedo por este leite ser mais pobre nestes nutrientes 8.

O teor proteico das FI oscila entre 1,8 e 3,0g/100kcal e apresenta, normalmente uma relação caseína/proteínas solúveis inferior a 50/50, sendo portanto muito semelhante à do leite materno que é 45/55. As FI são preparações à base de leite de vaca, contudo, apresentam maior conteúdo em proteínas, minerais, gordura saturada e ferro. Em relação aos hidratos de carbono, estas fórmulas são constituídas exclusivamente por lactose ou por uma associação de açúcares 6.

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Hoje em dia, há uma vasta oferta de leites infantis adaptados ao bebé. Muitos deles suplementados com nucleotídeos, ferro, oligossacarídeos, oligoelementos, probióticos traduzindo vantagens nutricionais 6.

Em relação à introdução da AC, a OMS/PAHO recomendam algumas orientações um pouco diferentes das recomendadas para crianças alimentadas com LM. As orientações diferem na ingestão de líquidos, sendo que estas crianças alimentadas com FI necessitam de obter líquidos provenientes de outras fontes, ao contrário dos lactentes amamentados que adquirem quase 90% de água do LM. Estimou-se que o lactente necessita de 400 a 600ml/dia de líquidos extra, em climas amenos, tendo em conta que aproximadamente 200 a 700 ml são ingeridos por dia, provenientes de do leite e outros alimentos

17

.

Em relação às necessidades energéticas, estas baseiam-se igualmente nas orientações para lactentes em AM 17.

6. Desvantagens de uma incorrecta alimentação complementar

A alimentação do lactente neste período é muito importante para um correcto desenvolvimento e crescimento da criança. Nesta altura o lactente está mais vulnerável a desenvolver malnutrição, podendo a AC interferir na saúde da criança. As crianças europeias provavelmente não sofrerão de carências nutricionais de macronutrientes durante a AC. Poderão até apresentar excesso de peso ou obesidade 8.

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6.1 Desnutrição

Uma tardia introdução de AC pode traduzir-se numa deficiência de nutrientes para a criança e pode ter consequências no desenvolvimento desta enquanto, uma precoce introdução deste tipo de alimentos, pode também prejudicar a criança, dado o seu “estado vulnerável”, correndo o risco de infecções e mortalidade 12,18. É sobretudo nas classes desfavorecidas que há maior risco de desenvolver desnutrição e carências específicas de micronutrientes, particularmente de ferro, zinco e vitamina A 19. Durante o período de AC as crianças correm o risco de desnutrição 2.

As quantidades em zinco e ferro do leite materno são inferiores às necessárias para o lactente aos 6 meses. É importante não só garantir os nutrientes necessários à criança, como também se devem respeitar as quantidades, o tipo de alimentos a dar primeiro no tempo oportuno.

6.2 Doença Celíaca

A Doença Celíaca (DC) é uma doença de etiologia imune, genética e ambiental. Caracteriza-se pela intolerância ao glúten, mais precisamente à gliadina, componente solúvel responsável pela extensibilidade do glúten e que constitui a porção proteica do trigo, centeio e cevada. Esta doença atinge a mucosa do intestino delgado, aumentando o número de linfócitos intra-epiteliais, hiperplasia das criptas e atrofia das vilosidades intestinais, desta forma, condiciona a absorção de nutrientes. Indivíduos geneticamente susceptíveis são possuidores de antigénios de histocompatibilidade: HLA de classe II, DQ2 e DQ8 20.

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Apesar de esta doença apresentar forte predisposição genética, é recomendado que o glúten seja gradualmente introduzido na alimentação da criança, após os 6 meses de idade, enquanto o lactente continua a ser alimentado com LM, pois poderá reduzir o risco de desenvolver DC 8.

Esta doença está associada a complicações graves de saúde, devido à perda da superfície de absorção e consequente malabsorção de nutrientes, vitaminas e minerais, como anemia, infertilidade, problemas neurológicos, cancro e outras complicações devido à constante inflamação e deficiência em mucronutrientes21,22.

6.3 Diabetes Tipo 1

A Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença auto-imune e caracteriza-se pela destruição das células beta do pâncreas e consequente perda de produção de insulina. Esta é uma doença que atinge indivíduos geneticamente susceptíveis, portadores de antigénios de histocompatibilidade HLA de classe II

23

. Um estudo demonstrou que se a introdução do glúten for tardia, superior a 7 meses, aumenta o risco de desenvolver DM1 8,23. Estudos epidemiológicos demonstraram que o AM protege o lactente de desenvolver DM1 enquanto o LV parece promover o risco de desenvolver DM1 23.Existe uma associação entre o tipo de leite que a criança está a ser alimentada e o desenvolvimento da DM 1.

Ambas as doenças (DC e DM 1) resultam da interacção de factores genéticos, imunes e ambientais. Há um aumento da prevalência de DC em crianças com DM1 22,24,25. Assim como na doença celíaca, em que o AM pode prevenir a

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doença, também as crianças que estejam a ser alimentadas com LM têm menor risco de vir a desenvolver DM 1 8.

6.4 Obesidade

Hoje em dia, o aumento da prevalência de obesidade/ excesso de peso na infância atingiu proporções preocupantes. A prevenção poderá modificar os valores inquietantes da obesidade infantil. Hábitos de vida saudáveis devem começar logo na infância. Por isso, a criança começa a experimentar novos alimentos, a descobrir os alimentos quando inicia a AC.

Esta é uma fase de descoberta de novos aromas e sabores. A criança está geneticamente predisposta a gostar do doce e do salgado e rejeitar o azedo e o amargo. Um estudo feito por Beauchamp e Morgan, demonstrou em 200 crianças, que estas preferiam soluções doces ao invés da água simples 8. Apesar destas preferências serem inatas à criança, cabe aos pais educar e restringir o acesso a alimentos que prejudiquem a saúde da criança, não adicionando sal ou açúcar nos alimentos da AC. Estas medidas podem beneficiar o lactente quer a curto-prazo quer mais tarde, para evitar que a criança desenvolva o gosto do doce e salgado, evitando assim alimentos açucarados, cariogénicos, e salgados uma vez que, quando o sal está em excesso na alimentação da criança, pode elevar a pressão sanguínea 8. Estudos demonstraram que quanto mais rápido for o ganho de peso no primeiro ano de vida, maior será o risco de ter obesidade quando entrar na escola 13. Estudos epidemiológicos demonstraram que a ingestão aumentada de proteína pode estar associada à ocorrência de obesidade e maior índice de

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massa corporal (IMC). Esta teoria assenta na hipótese de lactentes alimentados com FI, comparando apenas a maior concentração de proteína e não de hidratos de carbono ou energia, com lactentes amamentados, podendo os primeiros verem aumentada a predisposição da obesidade no futuro. Esta hipótese, “the early protein hypothesis” está a ser testada no projecto da European Chilhood Obesity, que inclui mais de 1000 crianças de cinco países (Bélgica, Alemanha, Itália, Polónia e Espanha) 13,26.

6.5 Infecção

Nos primeiros anos de vida, as crianças são mais susceptíveis a malnutrição, uma insuficiente ingestão ou absorção de calorias são factores de risco para desencadear infecção. Nutrição e infecção estão intimamente associadas uma vez que, uma pode prejudicar a outra. A carência de certos nutrientes, como o ferro, vai ter repercussões na saúde da criança já que corre maior risco de infecção. Esta é uma carência habitual nos países desenvolvidos, levando a deficiência imunitária e é a segunda causa de susceptibilidade à infecção e mortalidade, depois da malnutrição energético-proteica 27. A deficiência em ferro, diminui a imunidade celular, a capacidade fagocitária e a imunidade das mucosas, logo terá efeitos no desencadeamento de uma infecção.

Os ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa (LC-PUFAs) têm um efeito imunomodulador e têm implicações na imunidade mediada por células 27. Os LC-PUFAs mais importantes são: ácido araquidónico (AA) e o ácido docosahexanoico (DHA) e estão presentes no leite materno 28. O AA é percursor dos eicosanóides, mais precisamente de prostaglandinas que estão envolvidas na intensidade e duração da inflamação e da resposta imune

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enquanto o DHA poderá ter um efeito de diminuição da resposta imune, já que diminuem a produção mediadora que desencadeia a resposta das células Th2. Existe uma diminuição de infecções respiratórias em crianças cuja alimentação foi suplementada com n-3 PUFAs (DHA) 27.

O zinco é um oligoelemento essencial ao crescimento, desenvolvimento e reprodução, cuja deficiência traduz-se em imunodeficiência – diminuição da produção de anticorpos, diminuição da capacidade fagocítica, da imunidade mediada por células, pelo que porvoca susceptibilidade à infecção27.

É prudente que a criança seja alimentada com LM até ao sexto mês e que a sua alimentação complementar seja suficientemente capaz de suprir com as necessidades energéticas da criança, prevenindo carências em determinados nutrientes, vitaminas e minerais, prevenindo a infecção 27.

6.6 Alergias e intolerâncias alimentares

Ao contrário da alergia, uma intolerância alimentar não envolve o sistema imunitário. Quando certos alimentos causam uma intolerância alimentar, deve-se ao facto do organismo não condeve-seguir administrá-lo, por problemas de assimilação e/ou digestão como a deficiência de enzimas digestivas 29. Os sintomas podem ser diarreias, gases e/ou obstipação. Exemplos de intolerância alimentar são a intolerância à lactose e ao glúten 30.

Alimentos como o peixe, ovos, amendoins, LV e marisco são os mais envolvidos em alergias alimentares, são portanto alergénicos 8,31,32. As alergias alimentares são comuns em cerca de 7 a 8% das crianças 34. A alergia consiste numa reacção exagerada do sistema imunitário contra determinados

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antigénios. Existe uma tendência pessoal e/ou familiar para produzir Imunoglobolinas E (anticorpos) em excesso, em resposta ao contacto com alergénios 33. Existem evidências que comprovam que a introdução precoce da AC está associada a uma maior incidência de doenças atópicas 8,9. Estudos demonstraram que o LM pode prevenir as alergias alimentares, mesmo nas crianças mais susceptíveis. No entanto, o American College of Allergy, Asthma and Immunology, criou medidas preventivas a tomar em crianças com alto risco de desenvolver alergia, em que atrasava a introdução dos alimentos ditos alegénicos da seguinte forma: ovos aos 24 meses, amendoins, frutos secos, mariscam aos 3 anos. Esta posição criou conflitos com outros investigadores que consideram importante alertar para as consequências nutricionais de atrasar a introdução de alimentos específicos 8.

A alergia ao LV é a mais comum e atinge cerca de 7% das crianças 34,35. A alergia à proteína do LV resulta de uma reacção imunológica mediada ou não pela Imunoglobolina E, a uma ou mais proteínas do leite 34,36,52. Estas proteínas são classificadas como caseínas ou proteínas do soro, sendo que a β-lactoglobulina (proteína do soro), uma vez que está ausente do leite humano, foi considerada como a mais importante no desencadeamento de alergia, no entanto outras proteínas como as caseínas, são consideradas alergizantes 37. A alergia ao LV apresenta maior incidência na infância devido à impossibilidade de AM e por conseguinte introdução de fórmulas à base de LV 36. No entanto, o LV pode sofrer tratamentos que levem a uma menor alergenicidade das fórmulas infantis, como por exemplo, hidrólise da lactose ou da fracção proteica do leite. Assim, as fórmulas infantis apresentam-se como parcialmente hidrolisados e extensamente hidrolisados. Nas primeiras, as proteínas do leite

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são hidrolisadas, no entanto apresentam alguns fragmentos que podem desencadear reacção alérgica em crianças sensibilizadas, e as segundas as proteínas do leite são extensamente hidrolisadas, pelo que são desprovidas de proteínas alergizantes 6. O LV apresenta maior quantidade de proteínas, gorduras saturadas e minerais, e diferente composição de LC-PUFAs, apresenta no entanto níveis interessantes de DHA nos glóbulos vermelhos 8. Devido ao elevado suprimento proteico do LV, este está contra-indicado até aos 12 meses 8. Outra das razões da sua contra-indicação é devido ao baixo conteúdo em ferro, e ao contrário do LM, apresenta baixa biodisponibilidade, pelo que é insuficientemente absorvido. Apesar disso, existem FI presentes no mercado, à base de proteínas do LV, que por serem enriquecidos em alguns compostos aumentam a biodisponibilidade de ferro 6.

6.7 Anemia por carência de ferro

O ferro está envolvido em múltiplas funções vitais, capaz de alternar entre dois estados oxidativos (ferroso e férrico), sendo por isso um composto útil dos citocromos, das moléculas transportadoras de oxigénio como a hemoglobina e a mioglobina, e de enzimas 38,42.

O AM exclusivo até aos 6 meses de vida é o suficiente em ternos nutricionais para o lactente, apesar de ser pobre em ferro, apresenta alta biodisponibilidade (50% é absorvido), uma vez que se encontra ligado à lactoferrina. Cada vez mais, há uma interrupção precoce do AM e introdução de alimentos na dieta do lactente. Isto compromete a saúde do lactente comprometendo o seu crescimento e desenvolvimento 39.

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No entanto, a anemia por carência de ferro ou anemia ferropriva, é uma preocupação para alguns lactentes alimentados exclusivamente por LM antes dos 6 meses, principalmente nas classes desfavorecidas 14,40,43. Estima-se que 50% das crianças nos países em desenvolvimento apresentam anemia por carência de ferro 40.Os grupos mais susceptíveis a desenvolver anemia são as crianças (43%) e as grávidas (51%), e a prevalência tem vindo a aumentar 38. Nos lactentes alimentados exclusivamente de LM, entre os 4 e os 6 meses, e crianças amamentadas após os 6 meses, que não consigam obter um aporte em ferro suficiente nos outros alimentos, está recomendado a suplementação de ferro oral. A forma recomendada pela OMS é a de springles que são saquetas que contêm ferro em pó 38,41. Um estudo feito em lactentes de nove meses de idade, permitiu estudar a prevalência de anemia por deficiência de ferro, que foi de 19,4% numa amostra de 201 lactentes, em que os lactentes amamentados apresentavam maior prevalência de anemia por défice de ferro que os outros lactentes. Houve uma diferença relativa aos sexos, em que os do sexo masculino apresentaram maior risco de deficiência de ferro, provavelmente associada ao maior aumento do peso do nascimento até aos 9 meses 38. Demonstraram que os rapazes apresentam menores concentrações de ferritina (reflecte o tamanho dos depósitos de ferro) e hemoglobina do que as raparigas. Também é possível que este facto se deva a maiores reservas de ferro ao nascimento, nas raparigas e maiores perdas intestinais por parte dos rapazes. Apesar de ainda serem necessários mais estudos que o comprovem, factores genéticos e hormonais parecem explicar parcialmente a razão da diferença entre sexos 14. O comité de nutrição da ESPGHAN recomenda que AC deva incluir, no tempo oportuno, fontes de ferro como carne e ovos. A

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precoce introdução de LV na alimentação do lactente é um factor de risco de desenvolver anemia, por carência de ferro 6.

6.8 Doença Cardiovascular

Apesar de ainda não ter sido devidamente estudada a relação entre a ingestão de sal na AC e o seu efeito nas doenças cardiovasculares (DCV), pensa-se que dado ao período de aprendizagem e adaptação por parte do lactente, este pode ter aumentada a sensibilidade para alimentos salgados, dado que, como referido anteriormente, a criança apresenta predisposição para gostar de soluções salgadas ao invés de soluções simples.Ziner et al mostraram que há um aumento da pressão sanguínea na primeira semana de vida e até um mês, em recém-nascidos que preferiam soluções salgadas. Estudos de Forsyth et al revelaram que os lactentes alimentados com FI enriquecidas em LC-PUFAs, apresentavam menor pressão sanguínea aos 6 anos de idade, demonstrando assim a importância daqueles ácidos gordos na prevenção de DCV. Não existindo ainda claras associações entre a ingestão de sal durante a AC e a prevenção de DCV é, no entanto, prudente que não seja adicionado sal aos alimentos da AC 8.

7. Suplementação em vitaminas e minerais

A OMS e a PAHO nas orientações para a AC, referem que nos países industrializados, os alimentos têm sido fortificados em ferro e zinco, embora só estejam disponíveis nalguns países em vias de desenvolvimento, assim como o uso de suplementos de vitaminas e minerais 1.

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Dois estudos verificaram o efeito da suplementação em LC_PUFAs na AC. Estes ácidos gordos não são sintetizados pelo homem, pelo que terão de ser adquridos dieta e estão associados ao neurodesenvolvimento 28. Crianças alimentadas com fórmulas enriquecidas em DHA, dos 4 aos 6 meses, apresentavam uma função visual mais madura aos 12 meses 8.

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8. Análise Crítica

Dada à grande importância da alimentação no estado de saúde da criança, é consensual que o LM é o alimento ideal para o lactente até ao 6º mês de vida. Tem-se verificado cada vez mais uma diminuição do AM e consequente utilização de FI. Apesar dos avanços da indústria, em aproximar a composição das FI do LM, só devem ser administradas FI no caso de impossibilidade do AM. A partir 6º mês, torna-se necessário a introdução de outros alimentos para garantir um bom estado nutricional, para um correcto crescimento e desenvolvimento, uma vez que o leite já não é capaz de suprir as necessidades nutricionais. Após a leitura de alguns estudos, verifica-se que apesar das recomendações, a introdução da AC nem sempre é correcta, causando muitas vezes problemas na saúde da criança, como diarreias ou alergias alimentares. O uso de suplementos (ferro e zinco) deve apenas ser utilizado em países em vias de desenvolvimento já que há maior risco de desenvolver desnutrição. No entanto, em crianças cuja absorção esteja comprometida, deve reforçar-se a AC com estes suplementos. O LV, bem como outros alimentos devem ser evitados a fim de prevenir situações de intolerâncias ou alergias.

Sendo esta uma fase de grande importância e responsabilidade para os pais, cabe-lhes a destreza de fornecer ao seu bebé uma alimentação adequada e equilibrada, prevenindo o desenvolvimento de patologia a curto e a longo prazo. Apesar da OMS ter recomendações diferentes para lactentes em AM e alimentados com fórmulas infantis, é de facto mais ponderada a recomendação global, como o recomendado pela ESPGHAN, que sugere que as recomendações sejam as mesmas para lactentes amamentados e lactentes alimentados com FI, minimizando assim eventuais confusões entre os pais.

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9. Conclusão

A alimentação do lactente com LM parece ter caído em desuso nos últimos anos e são muitas as razões que levam à alimentação com FI. Apesar destas fórmulas constituirem um alimento ajustado ao lactente, o LM continua a ser insubstituível. Vários estudos concluem que o AM é o ideal para o lactente a todos os níveis. É o alimento capaz de garantir todas as propriedades para o crescimento e desenvolvimento da criança. A introdução da AC deve ser acompanhada do LM pelo menos até aos 2 anos de idade, respeitando as recomendações em termos do tipo de alimentos e consistência de forma a evitar complicações no lactente, sendo tão recorrente nos primeiros meses de vida, a diarreia e outras situações que comprometem a alimentação do lactente. A alimentação com FI só deve ser opção quando, há de facto, algo que comprometa a saúde do lactente, como doença grave e a toma de fármacos prejudiciais ao lactente.

Esta é uma fase de extrema importância para o lactente, que acarreta apreensão e preocupações para os pais. Apesar das recomendações, nem sempre estas são levadas em consideração, por isso vemos tantos casos de alergia, anemia e outras doenças antes do primeiro ano de vida. É de facto, idealmente reconhecida a orientação da ESPEGHAN para a introdução da AC uma orientação para a introdução da AC, sem distinções sobre o tipo de leite que a criança é alimentada desde o nascimento.

As crianças mais susceptíveis a complicações devem ser acompanhadas, garantindo uma apropriada AC.

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A alimentação nos primeiros meses de vida poderá ser uma forma de poder prevenir problemas no futuro, como a obesidade que cada vez mais atinge crianças em todo o mundo.

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