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Caracterização do perfil psicológico de prestação, da ansiedade competitiva e das orientações motivacionais de jovens atletas em fase de formação

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I

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Caracterização do Perfil Psicológico de Prestação, da

Ansiedade Competitiva e das Orientações Motivacionais de

jovens atletas em fase de formação

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

- Versão Final -

Inês Catarina Maia de Jesus Ferreira Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Orientador: Professor Catedrático José Jacinto Branco Vasconcelos-Raposo

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

(2)

II

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL PSICOLÓGICO DE PRESTAÇÃO, DA

ANSIEDADE COMPETITIVA E DAS ORIENTAÇÕES MOTIVACIONAIS DE

JOVENS ATLETAS EM FASE DE FORMAÇÃO

Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a fim de obter o grau de Mestre em Psicologia, especialização em Psicologia Clínica, sob orientação

do Professor Catedrático José Jacinto Branco Vasconcelos-Raposo.

(3)

III

AGRADECIMENTOS

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar,

mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”

Madre Teresa de Calcutá

Ao professor José Vasconcelos-Raposo pela disponibilidade, pela oportunidade de me permitir trabalhar consigo e de aprender novas coisas, pela paciência em todos os momentos e sobretudo por me orientar neste caminho tão duro e longo.

Ao Paulo Paiva pela disponibilidade e pela oportunidade para que o trabalho se tornasse tão mais fácil, pela confiança e pela partilha de conhecimentos.

Aos meus amigos da “Bila” que me acompanharam nos últimos anos. De lá trago no coração amizades para a vida e pessoas por quem tenho um vultoso carinho.

A todas as minhas amigas de infância, que por mais tempo que tenha despendido da vossa companhia, sempre me acolheram de braços abertos quando “voltava”.

Aos meus melhores amigos, Pedro e Catarina que me acompanham há longos anos e não descoraram as suas presenças na minha vida ao longo dos anos de faculdade, as pessoas com quem partilho as melhores histórias e recordações.

À Carina um grato agradecimento por ter tornado tudo tão mais fácil e suportável ao longo dos últimos anos, obrigada pela companhia, pelas viagens e pela

disponibilidade em qualquer momento.

Ao Leonardo por todo o carinho, amor e sobretudo paciência. Pela verdadeira força da natureza que és, por todo o orgulho e estima que tenho por ti, por seres um

(4)

IV lutador e transmitires-me todos os dias essa tua força de guerreiro para viver sempre mais um dia. Obrigada pelas palavras sempre tão sábias e por me acolheres e

reconfortares nesse abraço único, obrigada por dares rumo à minha vida.

A toda a minha família, sobretudo aos meus padrinhos pelo carinho e pelo orgulho que demonstram sentir por mim. À Mónica por seres a pessoa mais tresloucada e, ao mesmo tempo, mais sensível que conheço, sabes bem que ocupas um lugar de irmã no meu coração. Obrigada por acreditarem em mim e me fazerem sentir cada vez mais mimada e adorada.

Ao meu irmão Paulo Miguel agradeço-te por seres tão calmo e me proporcionares ser o centro das atenções. Mesmo com birras constantes, obrigada pela proteção, pela partilha e por teres abdicado de tantas coisas para que eu pudesse ser o mais bem-sucedida possível durante esta fase. Nem sempre é fácil, mas o amor de irmãos é o maior de todos.

Um enorme agradecimento, com um intenso e apertado abraço, aos meus pais por me terem proporcionado tudo isto, terem acreditado em mim, mesmo quando eu própria não acreditava e por sempre me incentivarem a seguir em frente com a cabeça erguida. Todos os valores e educação que me deram são os melhores da vida. O que faço, faço por vocês e para que se sintam orgulhosos de mim. O verdadeiro significado da palavra amor tem os vossos nomes.

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V

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ... III

ÍNDICE GERAL ... V

ÍNDICE DE QUADROS ... VII

LISTA DE ABREVIATURAS ... IX

INTRODUÇÃO ... 1

ESTUDO EMPÍRICO I:“Caracterização do Perfil Psicológico de Prestação de jovens atletas em fase de formação” ... 3

Resumo ... 4 Abstract ... 5 Introdução ... 6 Metodologia ... 13 Amostra ... 13 Variáveis ... 13 Instrumentos ... 14 Procedimentos ... 15 Resultados ... 17

1. Análise Descritiva das Habilidades Psicológicas ... 17

Escalão competitivo ... 18

Anos de prática ... 18

Posição competitiva ... 19

2. Correlações ... 20

Discussão dos Resultados ... 21

(6)

VI

ESTUDO EMPÍRICO II: “Caracterização da Ansiedade Competitiva e das

Orientações Motivacionais em jovens atletas em fase de formação” ... 29

Resumo ... 30 Abstract ... 31 Introdução ... 32 Metodologia ... 38 Amostra ... 38 Variáveis ... 39 Instrumentos ... 39 Procedimentos ... 40 Resultados ... 42

1. Análise descritiva das variáveis dependentes ... 42

2. Ansiedade Competitiva ... 43 Escalão competitivo ... 43 Anos de competição ... 43 Posição competitiva ... 44 3. Orientações motivacionais ... 45 Escalão competitivo ... 45 Anos de competição ... 45 Posição competitiva ... 46 4. Correlações ... 46

Discussão dos resultados ... 48

Referências bibliográficas ... 53

Considerações finais ... 58

(7)

VII

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Análise descritiva das habilidades psicológicas ... 17

Quadro 2 - Comparação e diferenciação das habilidades psicológicas em função do

escalão competitivo ... 18

Quadro 3 - Comparação e diferenciação das habilidades psicológicas em função dos

anos de prática da modalidade ... 19

Quadro 4 - Comparação e diferenciação das habilidades psicológicas em função da

posição competitiva ... 19

Quadro 5 - Correlações entre as variáveis dependentes do PPP ... 20

Quadro 6 - Análise descritiva da ansiedade competitiva e das orientações motivacionais

... 42

Quadro 7 - Comparação e diferenciação da ansiedade competitiva ao nível do escalão

competitivo ... 43

Quadro 8 - Comparação e diferenciação da ansiedade competitiva ao nível dos anos de

competição ... 44

Quadro 9 - Comparação e diferenciação da ansiedade competitiva ao nível da posição

competitiva ... 45

Quadro 10 - Comparação e diferenciação das orientações motivacionais ao nível do

escalão competitivo ... 45

Quadro 11 - Comparação e diferenciação das orientações motivacionais ao nível dos

anos de competição ... 46

Quadro 12 - Comparação e diferenciação das orientações motivacionais ao nível da

posição competitiva ... 46

(8)

VIII

Quadro 14 - Itens utilizados para o cálculo de cada habilidade psicológica do PPP .... 60

Quadro 15 - Correspondência entre valores e o seu significado no PPP ... 61

Quadro 16 - Itens utilizados para o cálculo de cada dimensão do CSAI-2 ... 65

Quadro 17 - Itens utilizados para o cálculo de cada orientação motivacional do TEOSQ

(9)

IX

LISTA DE ABREVIATURAS

A Avançado

CSAI-2 Inventário de Estado de Ansiedade Competitiva-2

DP Desvio-padrão F Razão F GR Guarda-Redes M Média Me Médio n Número amostral p Nível de significância

PPP Perfil Psicológico de Prestação

r Coeficiente de correlação

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

TEOSQ Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire

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1

INTRODUÇÃO

A psicologia do desporto tem ganho terreno junto das mais diversas modalidades e da maioria dos clubes e organizações de renome (Murphy, 2005). Sendo este um facto mundial, em Portugal ainda há um longo caminho a ser percorrido de forma a

implementar esta área no seio da comunidade desportiva. Ainda assim, a literatura tem apostado em diversos estudos para que se faça perceber que os fatores psicológicos fazem parte da competição desportiva e, em diversos casos, são eles que ditam a

performance dos atletas e, consequentemente, os seus resultados.

É importante realçar que os fatores psicológicos e o desporto funcionam muito bem em conjunto, ou seja, com um programa mental adequado o rendimento de um atleta pode melhorar significativamente, bem como o seu bem-estar físico e mental (Cox, 2009). Sendo que não há um consenso entre os demais investigadores da área, muitas são as opiniões sobre quais as habilidades mentais que devem ser tidas em conta para abordar os fatores psicológicos. Loehr (1986) simplificou as coisas e elaborou um questionário que permite determinar o perfil psicológico de prestação de cada atleta, tendo em conta sete das suas habilidades psicológicas.

Aliadas a essas competências psicológicas existem outras que também merecem destaque e não são descritas por Loehr, como é o caso da ansiedade (fator muito presente do dia-a-dia da prática desportiva de um atleta e que condiciona o rendimento do mesmo) e as orientações motivacionais (ajudam a perceber quais os interesses do atleta pela modalidade e pelo treino desportivo). Todas estas habilidades mentais avaliadas individualmente, com base em três questionários distintos permitem ao treinador e ao psicólogo conhecerem melhor os seus atletas e, consequentemente, a sua equipa.

(11)

2 Neste sentido, este estudo tem como objetivo caracterizar uma determinada

amostra em contexto desportivo, tendo em conta as suas habilidades mentais, abordadas segundo fatores específicos. Numa primeira parte será reconhecido o perfil psicológico de prestação da amostra recolhida e numa segunda parte os níveis de ansiedade

competitiva e as orientações motivacionais da mesma. Esta divisão é feita de forma a simplificar a obtenção de resultados e o esclarecimento dos mesmos.

Em suma, este estudo visa realçar a pertinência da psicologia do desporto, bem como a importância que os fatores psicológicos têm no dia-a-dia de um desportista e o que eles nos podem dizer sobre uma determinada população no seio desportivo. Um programa de treino mental adequado pode potencializar o rendimento de um atleta e, subsequentemente, de uma equipa.

(12)

3

ESTUDO EMPÍRICO I:

“Caracterização do Perfil Psicológico de Prestação de jovens atletas em

fase de formação”

(13)

4

Resumo

Objetivou-se caracterizar o perfil psicológico de prestação de jovens jogadores de futebol e identificar as diferenças entre escalões (infantis de 1.º e 2.º ano e iniciados) relativamente às habilidades psicológicos. Participaram no estudo 62 futebolistas portugueses, do sexo masculino com idades entre os 10 e os 15 anos. Utilizou-se como instrumento o Perfil Psicológico de Prestação. Os resultados sugerem que estes jovens jogadores de futebol se preparam mentalmente para a competição, ainda que não de forma sistemática. A motivação destacou-se como a competência psicológica mais desenvolvido e o controlo de negativismo como o menos recorrente. Os jogadores mais novos têm competências psicológicas mais desenvolvidos. Jogadores mais experientes são mais motivados, enquanto os menos experientes têm as restantes habilidades psicológicas mais desenvolvidos, resultados que contrariam a demais investigação. Os defesas possuem as melhores médias nos habilidades psicológicos, com exceção da imagética e da motivação, dados assumidos pelos avançados. Estes resultados visaram um conhecimento das habilidades psicológicas de três equipas, o que fortaleceu a demagogia da psicologia do desporto de que os fatores psicológicos podem ser diferenciadores ao nível da performance de cada um.

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5

Abstract

This study aimed to characterize the psychological profile of performance in young footballers and identify the differences between ages (children of grade one and two and started) for psychological skills. 62 Portuguese male soccer players participated in this study, aged 10 to 15 years. The Psychological Performance Inventory (PPP) and Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire (TEOSQ) were used. The results suggest that these young football players prepare mentally for the competition, but not systematically. The motivation has emerged as the most developed psychological skill and negativity control as the least recurrent. Experienced players are more motivated, while the less experienced have other more developed psychological skills, these results that contradict other research. Defenders have the best averages in the psychological skills, except for imagery and motivation, information given by fowards. These results aimed a knowledge of the psychological skills of three teams, which strengthened the sport psychology of demagoguery that psychological factors can be differentiating in terms of the performance of each.

(15)

6

Introdução

O desporto de alto rendimento implica a definição de objetivos concretos, os quais visam resultados de sucesso e, para tal, o atleta tem um papel preponderante neste contexto (Mahl & Vasconcelos-Raposo, 2007). Se por um lado é necessário uma boa biomecânica (habilidades técnicas) das tarefas em causa, por outro, não menos importante, surge a habilidade mental para gerir os fatores tanto psicológicos como físicos que influenciam a dita performance do atleta (Vasconcelos-Raposo, 1993). Para este autor, esta habilidade mental é o fator que distingue os atletas de topo dos restantes.

É esta habilidade mental presente na rotina de um desportista que tem gerado discórdia entre a demais literatura, uma vez que não há um consenso relativamente às dimensões psicológicas que dela fazem parte ou, pelo menos, quais os fatores

psicológicos que, devidamente adequados, fazem diferença no resultado e na

performance desportiva (Gouveia, 2001; Murphy, 2005). Contudo, Loehr (1986) indica

que as habilidades psicológicas podem e devem ser aprendidas, daí a necessidade da existência de um treino psicológico para o aumento das mesmas.

Loehr (1986) afirma, cientificamente, que a forma ideal para determinar o perfil psicológico de cada atleta e consequente habilidade mental de cada um é ter por base as seguintes competências psicológicas: autoconfiança, controlo do negativismo, atenção, visualização mental, motivação, pensamentos positivos e atitude competitiva. Estas variáveis foram as que tipificaram os estudos do mesmo autor e, ainda, os estudos de Vasconcelos-Raposo (1994) e sob a orientação deste Coelho (2007) com atletas de elite portuguesas.

A autoconfiança é uma das variáveis psicológicas que tem mais influência na

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7 Lázaro, Casimiro, & Fernandes, 2005). Para Vealey (1986) o modelo explicativo da autoconfiança assenta na crença que os indivíduos têm das suas próprias competências para serem bem-sucedidos na prática desportiva.

Como oposição a esta autoconfiança, surge o negativismo ou os pensamentos negativos, pressuposto comprovado através de um estudo com jogadores de futebol de elite brasileiros em que os resultados indicaram que a variável autoconfiança se opõe ao negativismo (Vasconcelos-Raposo, Coelho, Mahl, & Fernandes, 2007). Esta é, então, uma variável que gera pensamentos relacionados com o fracasso e com o pessimismo, de tal forma que diminui os níveis de concentração e motivação, tornando mais

envolvida a tarefa do atleta de lidar com situações adversas (Burton & Raedeke, 2008). Outra das componentes psicológicas com maior relevo na prática desportiva é a atenção. Para William James (2007, pp.403-404), “a atenção é a tomada de posse por parte da mente, de um forma vivida e clara” por uma ou mais coisas que sejam passíveis de escolha, podendo ser objetos ou então meros pensamentos. Para o mesmo autor, a focalização e a concentração da consciência surgem como fundamentos básicos inerentes à atenção.

Tendo em conta estes alicerces, o atleta tem a capacidade para direcionar a sua atenção para tudo aquilo que é relevante na competição, pondo de lado os aspetos menos importantes. Atletas mais atentos às indicações do treinador conseguem perceber e entender melhor a informação que este lhes transmite, sendo assim um fator essencial no rendimento dos mesmos (Moreira, 2012).

Uma competência psicológica que tem ganho proeminência na investigação é a visualização mental e são vários os estudos que abordam esta variável como um fator preponderante no rendimento desportivo (Almeida, 2010; Greg & Hall, 2006; Lázaro et al., 2005; Mahl, & Vasconcelos-Raposo, 2007; Tavares, 2006).

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8 A visualização mental está intimamente relacionada com o treino mental dos atletas, onde estão incluídos os seguintes parâmetros: preparação e estilos cognitivos, nível competitivo, respostas musculares ou estados de humor (Gouveia, 2001). Existe uma clara distinção entre visualização e imagética, sendo a primeira a capacidade de imaginar situações, enquanto a segunda significa “pensar com os músculos”,

acrescendo, assim, o uso de todas as sensações cinestésicas (Burton & Raedeke, 2008; Vasconcelos-Raposo, 1998)

Vasconcelos-Raposo, Costa e Carvalhal (2001) identificam a imagética como a habilidade de nos vermos a nós próprios a desempenhar tarefas, recorrendo à

informação armazenada na memória, como pensamentos e imagens. A pertinência deste processo no contexto desportivo e na performance surge através das funções cognitivas e motivacionais. A primeira função diz respeito às estratégias e habilidades de ensaio, enquanto a função motivacional permite ao atleta controlar emoções e superar as adversidades (Gregg & Hall, 2006; Mahl & Vasconcelos-Raposo, 2005).

Cunha (2009) num estudo de caso com ginastas portugueses, comprovou que os mesmos têm um elevado nível de eficácia, não só de visualização mental, como também de imagética, pelo que recorrem imensas vezes a esta técnica na sua prática desportiva.

Todos os fatores são importantes na prática desportiva e na consequente prestação de cada atleta, não obstante é crucial que estes se sintam motivados e disponíveis para a obtenção de resultados perfeitos. Assim, a motivação é uma característica essencial que conduz o atleta a uma determinada ação (Vallerand, 2004) e divide-se em dois tipos: motivação intrínseca e motivação extrínseca. A motivação intrínseca vem de dentro da pessoa (e.g. emoção, diversão, amor pela tarefa) e a extrínseca resulta de recompensas externas ao indivíduo (e.g. prémios, recompensas materiais, elogios) (Jarvis, 2006; Weinberg & Gould, 2015).

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9 Uma motivação forte e concisa remete desde logo para uma atitude competitiva mais intensa e satisfatória. Esta última funciona como um círculo e retrata os hábitos de pensamentos de um atleta (Loehr, 1986), podendo ser positivos ou negativos (Jarvis, 2006) e que são reproduzidos através de sentimentos ou comportamentos (Vasconcelos-Raposo, 1993). Por exemplo, atitudes certas propiciam emoções satisfatórias que por si só promovem energia positiva, que irá proporcionar um bem-estar psicológico, o que remeterá para o ponto inicial: atitudes corretas por parte do atleta (Loehr, 1986). Jarvis (2006) acrescenta a importância dos feedbacks dos treinadores ou dos pais como fundamentais na forma como o atleta desenvolve as suas atitudes.

Outra competência psicológica que está intimamente ligado a todas as já referidas anteriormente é a dos pensamentos positivos, que otimiza os níveis de confiança e ajuda a criar um fluxo de ideias positivas na mente do atleta, ou seja, auxiliam-no a manter uma atitude otimista, bem como a promover a sua concentração e motivação (Burton & Raedeke, 2008), sendo assim interpretados como um ponto forte na formação de respostas emocionais durante os treinos e a competição (Weinberg & Gould, 2015).

Neste sentido, um atleta que seja capaz de lidar positivamente com estas situações adversas, está a ter uma atitude competitiva adequada e positiva (Mahl & Vasconcelos-Raposo, 2005; Tavares, 2006). Por atitude competitiva, entenda-se a determinação que um atleta tem em função da obtenção dos seus objetivos (Jarvis, 2006) e, com isto, quanto mais emoções positivas ele sinta com o cumprimento desses mesmos objetivos, mais energia positiva irá vivenciar, pelo que irão surgir atitudes mais adequadas (Loehr, 1986).

As variáveis psicológicas acima referidas e explicadas foram as adotadas neste estudo uma vez que são as que estão tipificadas no estudo de Loehr (1986) que deu origem a um questionário, “Perfil Psicológico de Prestação”, devidamente construído e

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10 validado. O mesmo questionário encontra-se convenientemente traduzido e validado para a população portuguesa por Vasconcelos-Raposo (1993).

Com base em resultados científicos que adotaram igualmente este questionário como instrumento, em quase todos os estudos, a motivação surge como a variável mais desenvolvida pelos atletas e o controlo do negativismo como a que obtém valores médios mais baixos (Almeida, 2010; Lázaro et al., 2005; Moreira, 2012; Tavares, 2006; Vasconcelos-Raposo, 1993), sendo que no estudo de Lázaro et al. (2005) a dimensão que apresenta média superior é a da autoconfiança.

Almeida (2010), Mahl e Vasconcelos-Raposo (2007) e Vasconcelos-Raposo et al. (2007) através dos seus estudos concluíram, que atletas que competem a um nível superior obtêm valores médios superiores quando comparados com aqueles que integram equipas que defrontam uma competição com um nível de exigência mais baixo. O estudo de Lázaro et al. (2005) indica que este pressuposto só se comprova nas dimensões da autoconfiança, da imagética, da motivação e da atitude competitiva.

Ao nível de escalão e de anos de experiência, quanto mais velhos e mais

experientes, melhores os índices de competências psicológicas (Almeida, 2010; Lázaro et al., 2005; Moreira, 2012; Rodrigues, Lázaro, Fernandes, & Vasconcelos-Raposo, 2009; Tavares, 2006; Vasconcelos-Raposo et al., 2007; Vasconcelos-Raposo, 1993). Moreira (2012) concluiu o mesmo, mas com exceção da motivação e dos pensamentos positivos.

Os resultados ao nível da posição competitiva variam entre os demais, sendo que Mahl e Vasconcelos-Raposo (2005) num estudo com jogadores de futebol identificaram os guarda-redes como os mais bem preparados mentalmente e os avançados os que têm índices inferiores. Almeida (2010) num estudo similar concluiu que os guarda-redes têm índices superiores em todas as variáveis, os avançados são menos autoconfiantes, mais

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11 negativismos e menos competitivos, os médios recorrem menos à atenção, à imagética e são menos motivados e os defesas têm menos pensamentos positivos.

Ainda na órbita dos jogadores de futebol, Tavares (2006) identificou os guarda-redes como os menos negativos, os mais motivados e os que elaboram mais

pensamentos positivos e aqueles que usam menos a visualização imagética. Os

avançados são os mais autoconfiantes e os que têm melhor atitude competitiva, porém os menos motivados. Os defesas são os que recorrem mais à visualização imagética, mas os menos autoconfiantes, mais negativos, menos positivos e menos competitivos.

Em estudos feitos com jogadores de andebol (Lázaro et al., 2005; Moreira, 2012) as posições mais defensivas (e.g. guarda-redes e extremo) têm valores inferiores nas habilidades psicológicas, comparativamente às posições atacantes (e.g. pivot e universal).

Como se pode constatar, o questionário de Loehr (1986), devidamente validado por Vasconcelos-Raposo (1993) tornou-se num elemento de grande importância para auxiliar as equipas técnicas das equipas desportivas num vasto conhecimento dos seus atletas, proporcionando-lhes outras informações importantes, nomeadamente de cariz psicológico.

É neste sentido que este artigo representa um contributo para o aumento de dados científicos nesta vertente psicológica do desporto, visto que a investigação desta

temática com atletas em fase de formação ainda é muito escassa. É certo que a maioria dos atletas começam a sua carreira desportiva na infância e, como tal, é desde aí que começam a desenvolver as suas habilidades e competências psicológicas e as suas orientações motivacionais, sendo importante saber se estes fatores fazem ou não diferença na performance dos atletas.

(21)

12 Contudo, não poderá deixar de ser referido que a elaboração do Perfil Psicológico de Prestação em atletas jovens constitui apenas um caráter informativo para o momento em causa e não poderá ser assumido como válido para o mesmo atleta em momentos e idades diferentes, muito menos para todos os atletas nestas idades. Tal como referido por Piaget (1994) o desenvolvimento cognitivo ocorre em diferentes estádios, ou seja, apesar da inteligência ter por base uma estrutura inata, está em constante contacto com o meio e, por isso, em constante atualização e desenvolvimento. Neste sentido, o Perfil Psicológico de Prestação irá, também, ser alvo de mudanças ao longo do

desenvolvimento dos mesmos estádios.

Desta forma, a realização deste artigo tem como problema central encontrar resposta para a questão: Qual o perfil psicológico de atletas em fase de formação, quanto às suas habilidades e competências psicológicas (autoconfiança, controlo do negativismo, atenção, imagética, motivação, pensamentos positivos e atitude competitiva)? Para se conseguir o objetivo principal foram elaborados os seguintes objetivos específicos: Comparar os escalões competitivos, comparar os diferentes anos de prática da modalidade e comparar as diferentes posições competitivas.

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13

Metodologia

O presente estudo segue um paradigma quantitativo, com um desenho transversal, isto porque os dados foram recolhidos num único momento, sem qualquer tipo de controlo das variáveis independentes, pelos investigadores. Tem, ainda, um padrão descritivo na medida em que pretende desenvolver o conhecimento de um determinado fenómeno.

Amostra

A amostra em questão foi não probabilística e de conveniência. Foi constituída por 62 jogadores do sexo masculino de diferentes escalões competitivos. Os dados recolhidos são pertencentes a um clube de futebol português da região norte de Portugal.

No que diz respeito às faixas etárias e aos escalões, 22 (35.5%) eram infantis de primeiro ano e tinham 10 e 11 anos, 24 (38.7%) eram infantis de segundo ano e tinham 12 e 13 anos, enquanto os iniciados eram 16 (25.8%) e tinham 14 e 15 anos.

Os anos de prática da modalidade variaram entre 2 e 11 anos, pelo que os atletas foram divididos em 3 grupos, entre os 2 e os 4 anos de prática estavam 13 (21%) jogadores, 35 (56.4%) entre os 5 e os 7 anos e 14 (22.6%) há mais de 8 anos.

Respeitante à posição em campo que cada jogador ocupa, estas foram divididas em quatro grupos, 7 (11.3%) eram guarda-redes, 19 (30.6%) eram defesas, 22 (35.5%) médios e os restantes 14 (22.6%) ocupavam a posição de avançado.

Variáveis

As variáveis independentes estabelecidas para este estudo foram o escalão competitivo, os anos de prática da modalidade de futebol e a posição em campo.

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14 Sendo o objetivo estudar o perfil psicológico de prestação de jovens jogadores de futebol foram utilizadas as seguintes variáveis dependentes: autoconfiança, negativismo, atenção, motivação, visualização mental, pensamentos positivos e atitude competitiva.

Instrumentos

O estudo foi elaborado com base na aplicação de dois questionários: um

questionário de dados pessoais e o Perfil Psicológico de Prestação (PPP) para avaliar as competências psicológicas.

Questionário de dados pessoais

Este primeiro questionário contava com questões relacionadas aos elementos pessoais de cada atleta como escalão competitivo, anos de prática da modalidade e posição em campo.

Perfil Psicológico de Prestação (PPP)

O PPP foi construído por Loehr (1986) e traduzido e validado para a população portuguesa por Vasconcelos-Raposo, Fernandes, Lázaro e Coelho (1995) e pretende conhecer o estado de preparação psicológica dos atletas (forças e fraquezas) através das 7 dimensões avaliadas: autoconfiança, negativismo, atenção, visualização mental, motivação, pensamentos positivos e atitude competitiva.

É um questionário constituído por 42 itens, respondidos através de uma escala tipo Likert de 5 pontos, que varia entre 1 (quase sempre) e 5 (quase nunca). Os resultados obtêm-se através do cálculo da média dos itens que compõem cada escala, com um valor máximo possível de trinta pontos, sendo este o considerado como ideal.

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15 A única variável que tem uma interpretação feita em sentido inverso é a de negativismo, pelo que quanto mais elevado o valor obtido, menos índices de pensamentos negativos.

Procedimentos

Primeiramente foi realizada uma reunião com o clube em questão e foram dados a conhecer todos os pormenores do estudo em causa, bem como foram obtidos os

consentimentos assinados pelos pais dos atletas que participaram no estudo, uma vez que estes eram menores de idade. Posteriormente, todos os questionários, sem exceção, foram distribuídos e preenchidos pelos atletas na presença dos autores do estudo, para que o objetivo do mesmo fosse exposto, bem como o esclarecimento de quaisquer dúvidas que pudessem surgir. Garantiu-se a confidencialidade e o anonimato das respostas, ressalvando-se que serviriam, apenas, para fins investigacionais.

Nenhum questionário foi, posteriormente, eliminado, visto todos responderem na íntegra a todos os itens.

Procedimentos estatísticos

Para o tratamento estatístico dos dados recorreu-se ao programa SPSS 21

(Statistical Package for the Social Sciences) e para auxílio na utilização do programa e, posterior interpretação dos resultados foi utilizado o livro “Estatística sem Matemática para Psicologia” de Dancey e Reidy (2006).

A análise descritiva dos dados serviu para calcular a média, o desvio-padrão e o valor máximo e mínimo e a normalidade das distribuições foi calculada através da análise das medidas de simetria (Skewness) e achatamento (Kurtosis). A igualdade das matrizes de covariância foi adquirida através do teste M de Box e a homogeneidade das variâncias foi analisada através do teste de Levene. Para analisar o efeito das variáveis

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16 independentes nas dimensões contidas nos instrumentos utilizados foi feito um estudo através da análise de variância multivariada (MANOVA).

Para o tamanho do efeito utilizado consideraram-se os seguintes valores: p2 >

0.01 efeito fraco, p2 > 0.04 efeito moderado e p2 > .14 efeito forte (Cohen, 1992).

A intensidade do relacionamento de coeficientes de correlação, teve por base os graus de coeficiente de relação propostos por Dancey e Reidy (2006). Quando r = 1 ou -1 temos um relacionamento perfeito, sendo que: r < 0.3 é um relacionamento fraco, r < 0.6 é um relacionamento moderado e r > 0.6 é um relacionamento forte, sejam estes positivos ou negativos.

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Resultados

Seguidamente serão apresentados os resultados obtidos através da recolha de dados e, posterior, tratamento estatístico. Esta investigação conta com a análise das habilidades psicológicas. Esta análise é composta pela estatística descritiva, análise multivariada, análise univariada e pela realização dos testes Post-Hoc.

1. Análise descritiva das Habilidades Psicológicas

No quadro que se segue (quadro 1) é apresentada a análise descritiva das habilidades psicológicas, através da média, do desvio-padrão, dos valores mínimos e máximo, do Skewness e Kurtosis que comprovam uma distribuição normal para a amostra do presente estudo.

Quadro 1 - Análise descritiva das habilidades psicológicas

Mínimo Máximo Média ± Desvio Padrão

Skewness Kurtosis

Estatística Erro Estatística Erro Autoconfiança 12.00 30.00 24.98 ± 3.77 -.846 .304 .658 .599 C. Negativismo 12.00 29.00 19.97 ± 3.82 .395 .304 -.178 .599 Atenção 14.00 30.00 21.71 ± 3.20 -.183 .304 .370 .599 Imagética 15.00 30.00 23.68 ± 3.60 -.449 .304 -.375 .599 Motivação 18.00 30.00 26.53 ± 3.40 -.746 .304 -.618 .599 P. Positivos 16.00 30.00 24.13 ± 2.85 -.598 .304 .688 .599 Atitude Comp. 13.00 30.00 24.29 ± 3.64 -.428 .304 .079 .599

Verifica-se que a habilidade psicológica mais desenvolvida é a motivação com uma média de 26.53 (± 3.40) e o menos desenvolvido é o controlo do negativismo (19.97 ± 3.82), enquanto as restantes habilidades situam-se entre o intervalo 21-25. Comprova-se uma normalidade das distribuições, através da análise dos valores de

(27)

18

Escalão competitivo

A análise de variâncias multivariada (Manova) sugeriu não haver diferenças significativas quanto à variável escalão competitivo [F(14,106) = .699, λ de Wilks = .838, p

= .771, p2 = .084 e PO = .414].

Não tendo havido diferenças significativas, foram obtidos efeitos moderados para as variáveis da autoconfiança (p2 = .045), da imagética (p2 = .053) e da atitude

competitiva (p2 = .061), as restantes variáveis obtiveram efeitos fracos.

Quadro 2 - Comparação e diferenciação das habilidades psicológicas em função do escalão competitivo Infantis 1.º ano (n=22) Infantis 2.º ano (n=24) Iniciados (n=16) p F p 2 PO

Média ± DP Média ± DP Média ± DP

Autoconfiança 26.05 ± 3.36 24.46 ± 4.38 24.31 ± 3.14 .260 1.379 .045 .285 C. Negativismo 20.95 ± 3.79 19.25 ± 4.23 19.69 ± 3.09 .307 1.206 .039 .254 Atenção 22.45 ± 3.07 21.25 ± 3.90 21.38 ± 1.96 .401 .929 .031 .203 Imagética 24.77 ± 3.10 22.96 ± 4.07 23.25 ± 3.32 .202 1.646 .053 .334 Motivação 27.14 ± 3.30 25.75 ± 3.73 26.88 ± 2.96 .351 1.066 .035 .228 P. Positivos 24.64 ± 2.38 24.00 ± 3.84 23.63 ± 1.36 .545 .614 .020 .148 Atitude Comp. 25.41 ± 3.20 24.00 ± 4.33 23.19 ± 2.71 .157 1.908 .061 .381 Anos de prática

O recurso à análise de variância multivariada (Manova), indicou não existir nenhuma diferença significativa nesta variável, relativamente às habilidades psicológicas [F (14,106) = 1.555, λ de Wilks = .688, p = .105, p2 = .17 e PO = .831].

Apesar de não existirem diferenças significativas, foram obtidos efeitos

moderados para as variáveis do negativismo (p2 = .043) e dos pensamentos positivos

(28)

19 Quadro 3 - Comparação e diferenciação das habilidades psicológicas em função dos anos de prática da

modalidade 2 – 4 (n=13) 5 – 7 (n=35) 8 + (n=14) p F p2 PO

Média ± DP Média ± DP Média ± DP

Autoconfiança 24.54 ± 3.62 25.23 ± 4.02 24.79 ± 3.45 .836 .179 .006 .077 C. Negativismo 21.38 ± 4.13 19.80 ± 3.67 19.07 ± 3.83 .274 1.325 .043 .275 Atenção 22.38 ± 3.10 21.83 ± 3.22 20.79 ± 3.26 .415 .894 .029 .197 Imagética 24.85 ± 3.44 23.43 ± 3.56 23.21 ± 3.87 .419 .882 .029 .195 Motivação 26.85 ± 3.21 26.20 ± 3.53 27.07 ± 3.38 .678 .390 .013 .110 P. Positivos 25.38 ± 2.33 23.80 ± 3.14 23.79 ± 2.33 .206 1.624 .052 .330 Atitude Comp. 24.54 ± 3.48 24.14 ± 3.81 24.43 ± 3.59 .935 .067 .002 .060 Posição competitiva

A análise de variância multivariada (Manova) visou não haver efeito diferenciador significativo [F(21,149) = 1.006, λ de Wilks = .685, p = .46, p2 = .119 e PO = .711].

Sendo que não houve diferenças significativas, foram obtidos efeitos moderados nas variáveis da autoconfiança (p2 = .122), do negativismo (p2 = .045), da imagética

(p2 = .047) e dos pensamentos positivos (p2 = .042). As restantes variáveis obtiveram

efeitos pequenos.

Quadro 4 - Comparação e diferenciação das habilidades psicológicas em função da posição competitiva GR1 (n=7) D2 (n=19) Me3 (n=22) A4 (n=14) p F p2 PO

Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP

Autoconfiança 23.00 ± 5.54 26.26 ± 2.40 23.82 ± 3.72 24.98 ± 3.77 .056 2.674 .122 .623 C. Negativismo 20.57 ± 5.13 20.95 ± 3.96 19.05 ± 3.82 19.79 ± 2.83 .443 .907 .045 .237 Atenção 21.14 ± 4.22 22.16 ± 3.08 21.27 ± 3.17 22.07 ± 3.10 .766 .382 .019 .121 Imagética 22.43 ± 4.31 23.74 ± 3.05 23.23 ± 4.03 24.93 ± 3.17 .418 .960 .047 .249 Motivação 25.14 ± 3.53 27.05 ± 2.86 26.18 ± 3.69 27.07 ± 3.65 .542 .723 .036 .195 P. Positivos 22.71 ± 3.35 24.63 ± 2.11 24.32 ± 2.90 23.86 ± 3.42 .479 .837 .042 .221 Atitude Comp. 23.29 ± 5.53 25.00 ± 2.67 23.73 ± 3.72 24.71 ± 3.71 .588 .647 .032 .178 1

(29)

20

2. Correlações

Foram correlacionadas todas as variáveis dependentes do PPP, tendo sido apresentados os valores de r (relacionamento) e ocasionalmente o valor de p (significância).

Quadro 5 - Correlações entre as variáveis dependentes do PPP Controlo

Negativismo Atenção Imagética Motivação

Pensamentos Positivos Atitude Competitiva Autoconfiança .446* .571** .514** .657** .667** .869** C. Negativismo .678** .160 .286* .301* .485** Atenção .259* .468** .485** .606** Imagética .533** .517** .569** Motivação .624** .616** P. Positivos .729** * p< 0.05 ** p<0.01

As correlações entre as variáveis dependentes, avaliadas pela correlação de

Pearson, indicaram correlações significativas ao nível de todas as dimensões do PPP

quando relacionadas entre elas, com exceção da relação entre o controlo do negativismo e da imagética (r = .160, p = .214).

A análise correlacional demonstra que todas as variáveis se correlacionam de forma positiva, o que significa que à medida que uma variável aumenta, a outra a si associada aumenta de igual forma. Por exemplo, à medida que a autoconfiança aumenta, aumentam também os índices de atenção, imagética, motivação, etc.

Assim, assiste-se a uma associação com significado positivo entre as sete variáveis do PPP: autoconfiança, controlo do negativismo, atenção, imagética, motivação, pensamentos positivos e atitude competitiva.

(30)

21

Discussão dos Resultados

Os objetivos deste estudo passaram por caracterizar uma amostra de atletas de futebol em fase de formação quanto às suas habilidades/competências psicológicas, comparando os escalões competitivos, os anos de prática e as posições competitivas.

Tendo em conta os critérios para a interpretação dos resultados proposto por Loehr (1986), os valores médios das habilidades psicológicas revelam que os futebolistas da presente investigação incluem-se no intervalo médio 20 a 25, com exceção do controlo do negativismo (≤ 19) e da motivação (26 – 30). Isto significa que os jogadores na maioria das suas habilidades têm uma preparação mental desenvolvida, ainda que não de forma sistemática, pelo que devem integrar o treino mental no seu dia-a-dia de treino. O controlo do negativismo indica uma preparação mental muito fraca ou até mesmo inexistente, sendo que esta competência necessita de ser bastante trabalhado. Por fim, a motivação é aquela competência que apresenta excelentes valores de

preparação mental.

De forma geral, estes resultados vão ao encontro de outros estudos que destacam as habilidades psicológicas como existentes mas pouco praticados pelos atletas,

exaltando-se a motivação como a variável que aparece com resultados excelentes e o controlo do negativismo como sendo a variável mais fraca e com necessidades de maior intervenção (Almeida, 2010; Lázaro et al., 2005; Moreira, 2012; Tavares, 2006). Lázaro et al. (2005) admitem que os treinadores e atletas reconhecem a importância do treino psicológico, contudo não o incluem na prática diária desportiva.

No que concerne aos escalões competitivos, não há grandes diferenças entre os resultados dos três escalões que compõem a amostra do presente estudo, ainda assim o escalão dos atletas mais novos apresentou médias mais altas nas dimensões do PPP.

(31)

22 Todos os escalões estudados situam-se no intervalo médio (20-25), exceção feita à variável do controlo do negativismo nos dois escalões mais velhos. Contudo, a média de todas as dimensões não difere assim tanto nos três escalões, pelo que não há nem um aumento nem uma regressão demasiado acentuados de escalão para escalão. A presente investigação não pôde ser comparada e relacionada com a restante literatura, uma vez que as faixas etárias não coincidem.

No que diz respeito aos anos de experiência, verificou-se que o grupo dos atletas com menos anos de experiência obteve melhor média na maioria das dimensões do PPP, sendo que a dimensão da autoconfiança obteve melhor média no grupo mediano,

contudo os mais velhos são os mais motivados. Estes resultados contestam os obtidos noutros estudos que identificam os atletas mais velhos como aqueles que têm melhores médias nas variáveis do PPP (Almeida, 2010; Lázaro et al., 2005; Moreira, 2012; Tavares, 2006) e ainda no estudo de Vasconcelos-Raposo et al. (2001) relativamente à variável imagética, excetuando a variável motivação que está de acordo com estes resultados. Apesar dos resultados obtidos neste estudo relatarem o contrário, é de esperar que à medida que o tempo passa as habilidades psicológicas se vão

desenvolvendo e, com isso, os atletas adquiram e desenvolvam estratégias psicológicas como complemento para as suas performances de excelência.

Relativamente às posições competitivas, apesar de não haver diferenças

significativas entre os grupos, a posição de defesa é a que revela melhor média em todas as dimensões, exceto na imagética e motivação, que são os avançados. Os guarda-redes demonstram pior média em quase todas as dimensões. Estes dados contrapõem os vários estudos na área, nomeadamente os de Almeida (2010) e de Tavares (2006) com

jogadores de futebol que identificaram os guarda-redes como os que evidenciam índices mais altos em quase todas as escalas e o de Moreira (2012) com andebolistas que

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23 identificou as posições mais avançadas como aquelas que têm os índices mais elevados em quase todos as competências psicológicas e as posições mais defensivas como as que têm piores médias. O estudo de Mahl e Vasconcelos-Raposo (2007) apenas

coincide com o presente nas dimensões da autoconfiança e dos pensamentos positivos. Ao nível das correlações entre as variáveis dependentes todas obtiveram

relacionamentos positivos, indo assim ao encontro de outros estudos (Lázaro, et al., 2005; Moreira, 2012; Tavares, 2006). A maioria das correlações obtiveram efeitos fortes, sendo que algumas das variáveis se relacionam fortemente entre si, como é o caso das relações da atitude competitiva com a autoconfiança, a atenção, a motivação e os pensamentos positivos, estas duas últimas variáveis entre si e, também, com a autoconfiança e, por fim, o controlo do negativismo com a atenção.

As correlações são importantes na medida em que se consegue perceber quais os fatores psicológicos que se relacionam entre si, ou seja, se durante um treino mental trabalharmos um determinado fator psicológico, os outros que se associam a si

fortemente irão, por consequência, ser melhorados também (Moreira, 2012). A título de exemplo e tendo em conta os resultados deste estudo, a autoconfiança relaciona-se de forma forte e positiva com a motivação, o que nos indica que se estabelecermos um programa de treino mental para aumentar a autoconfiança, estaremos,

consequentemente, a aumentar a motivação.

Sucintamente, os resultados do presente estudo não evidenciaram diferenças significativas e de uma forma geral nem sempre os estavam de acordo com a demais investigação da área. Contudo, é necessário evidenciar que se deu primazia à recolha de uma amostra mais jovem, uma vez que a bibliografia nestas faixas etárias ainda é escassa. Este ponto foi assumido como uma das principais dificuldades do estudo, uma

(33)

24 vez que a maioria dos estudos conta com amostras de adultos e, assim, existem poucos termos de comparação, ou pelo menos não são tão fidedignos.

Outra dificuldade prendeu-se com a aplicação dos questionários, visto que nestas idades (entre os 10 e os 15 anos) os adolescentes não estão em nada motivados para o preenchimento dos mesmos e, por vezes, denotava-se um ligeiro aborrecimento por parte dos jovens, enquanto preenchiam os questionários.

Não obstante, os resultados são bastante promissores, tendo em conta a amostra em causa, para os treinadores poderem “conhecer” melhor os seus jogadores e

desenvolverem as habilidades psicológicos que se encontram menos desenvolvidos. Jogadores em fase de formação são muito motivados, autoconfiantes, positivistas e competitivos, mas devem melhorar o controlo do negativismo e atenção e devem integrar e reconhecer a pertinência da imagética nos seus treinos diários.

(34)

25

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29

ESTUDO EMPÍRICO II:

“Caracterização da Ansiedade Competitiva e das Orientações

Motivacionais em jovens atletas em fase de formação”

(39)

30

Resumo

Objetivou-se caracterizar as orientações motivacionais e a ansiedade competitiva de jovens jogadores de futebol e identificar as diferenças entre escalões (infantis de 1.º e 2.º ano e iniciados) relativamente a esses fatores. Participaram no estudo 62 futebolistas portugueses, do sexo masculino com idades entre os 10 e os 15 anos. Utilizaram-se como instrumentos o Inventário de Estado de Ansiedade Competitiva-2 e Questionário sobre a Orientação para a Tarefa e para o Ego no Desporto. Não foram encontradas diferenças significativas ao nível dos resultados, com exceção da comparação entre a ansiedade competitiva e o escalão competitivo, o qual indica que jogadores mais velhos são mais ansiosos e menos autoconfiantes. De uma forma geral, a presente amostra revela que estes jovens jogadores de futebol são mais orientados para a tarefa do que para o ego. Ainda que contrariamente à literatura da área, jogadores menos experientes são mais orientados para a tarefa e para o ego, menos ansiosos e mais autoconfiantes do que os mais experientes. Os avançados são os jogadores mais direcionados tanto para a orientação para a tarefa, como para o ego, os menos ansiosos e os mais autoconfiantes, enquanto os guarda-redes obtiveram os dados contrários. Desta forma, os fatores psicológicos apresentam um caráter essencial no rendimento de um jogador e na forma como este encara cada desafio.

Palavras-chave: psicologia do desporto, orientações motivacionais e ansiedade

(40)

31

Abstract

This study aimed to characterize the motivational orientations and the competitive anxiety in young footballers and identify the differences between ages (children of grade one and two and started) with respect to these factors. 62 Portuguese male soccer players participated in this study, aged 10 to 15 years. The Competitive State Anxiety Inventory-2 (CSAI-2) and Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire (TEOSQ) were used. There were no significant differences in the results, except for the

comparison between competitive anxiety and the competitive level, which indicates that older players are more anxious and less confident. In general, this sample shows that these young soccer players are more task-oriented than for the ego. Although contrary to the literature of the area, less experienced players are more oriented to task and ego, less anxious and more self-confidence than the more experienced. Advanced players are the most targeted both the task orientation, as for the ego, the less anxious and more

confident, while goalkeeper obtained the contrary data. This way, the psychological factors has an essential character in the performance of a player and in the way he view each challenge.

(41)

32

Introdução

O desporto tem ganho cada vez mais adeptos, sendo que a participação das

crianças e jovens em competições desportivas tem aumentado consideravelmente (Paiva & Silva, 2008). Nestas faixas etárias, o ritmo competitivo contribui para um

desenvolvimento físico, psicológico e intelectual e, como tal, deve ser incitado junto dessas mesmas crianças e adolescentes (Interdonato, Oliveira, Júnior, & Greguol, 2010).

Se por um lado o desporto capta a atenção e motivação dos jovens e a partir da concretização de determinados objetivos lhes proporciona sensações satisfatórias, por outro lado as emoções como a ansiedade podem perspetivar efeitos negativos (Paiva & Silva, 2008). Desta forma, o papel do psicólogo no contexto multidisciplinar do

desporto é tão importante como qualquer outro, uma vez que ajuda os atletas a

trabalharem os fatores psicológicos que tanta diferença fazem no rendimento desportivo (Gomes & Cruz, 2001; Gea, 2010; Murray, 2000).

Nesta perspetiva, o trabalho do psicólogo passa por ajudar o atleta a otimizar o seu desempenho, através do uso de técnicas psicológicas (Casimiro, Lázaro, Fernandes, & Vasconcelos-Raposo, 2007; Murray, 2000; Weinberg & Gould, 2015). Mais

especificamente, a ansiedade, a autoconfiança e as orientações motivacionais têm sido amplamente estudadas neste contexto da psicologia do desporto (Fernandes, M., Vasconcelos-Raposo, & Fernandes, H., 2012; Ntoumanis & Biddle, 1998).

A ansiedade pode ser explicada segundo um modelo proposto por Martens, Vealey e Burton (1990) – o Modelo Multidimensional da Ansiedade. Este modelo indica que a ansiedade pode ser vista segunda duas vertentes: a cognitiva e a somática. A primeira baseia-se nas expectativas negativas que o atleta tem, relativamente à sua

(42)

33 (e.g. aumento da frequência cardíaca, sudorese) (Fernandes et al., 2012; Martens et al., 1990).

Como esquema regulador dos níveis de ansiedade surgem os níveis ótimos de ativação, considerados por diversos autores os mais relevantes no controlo da ansiedade e do stress, pelo que os atletas devem, então, definir pensamentos positivos associados à confiança, bem como encontrar estados fisiológicos adaptados a cada situação

competitiva (Corrêa, Alchieri, Duarte, & Strey, 2002; Gomes & Cruz, 2001; Reis, 2014; Vasconcelos-Raposo, Lázaro, Mota, & Fernandes, 2006).

Vasconcelos-Raposo (1993) acrescenta aqui um ponto bastante interessante que é o facto de a ansiedade poder ser vista como negativismo, ou seja, em contexto clínico aquilo que é ansiedade, no desporto é mais recorrente que seja interpretado como negativismo, uma vez que no desporto tende a predominar a resposta adaptativa da típica situação de luta ou fuga com as sensações corporais que lhe estão associadas. Este é um pressuposto que tem vindo a ganhar relevo e vários apoiantes na investigação (Almeida, 2010; Moreira, 2012; Rodrigues, Lázaro, Fernandes, & Vasconcelos-Raposo, 2009).

No que diz respeito à autoconfiança, esta é vista como um dos fatores base para a prestação desportiva, ou seja, quanto maiores os níveis de autoconfiança de um atleta, melhores serão os seus resultados desportivos (Cruz & Viana, 1996a; Lázaro, Casimiro & Fernandes, 2005; Loehr, 1986; Martens et al., 1990).

Cruz e Viana (1996a) indicam que a autoconfiança é a convicção que os

indivíduos têm das suas capacidades para serem bem-sucedidos. É um dos fatores mais citados no desempenho atlético, sendo que elevados níveis de autoconfiança ditam maiores índices de sucesso. Em contraste a falta de autoconfiança está intimamente

(43)

34 ligada ao fracasso desportivo. Assim, a autoconfiança distingue atletas com boas

performances daqueles que obtêm resultados menos satisfatórios (Feltz, 1988).

A autoconfiança aliada a um bom conhecimento permite ao atleta manter o seu desempenho, isto porque um atleta com um conhecimento elevado tem sempre a possibilidade de ajustar os seus esforços da melhor forma ao contexto em questão. Portanto, a fim de aumentar os níveis de autoconfiança, as estratégias adequadas passam por uma definição de metas, formas positivas de pensamento e controlo de emoções e pensamentos. Este é um programa que tanto pode ser ajustado ao atleta, como ao seu treinador (Gyambrah, Amponsah & Sackey, 2013).

Ao nível dos estudos e da investigação da área os resultados nem sempre são congruentes entre os demais estudos, pelo que Almeida (2010) e Moreira (2012) concluíram nos seus estudos que os atletas se tornam mais autoconfiantes e menos ansiosos à medida que se tornam mais experientes. Este pressuposto da experiência verifica-se de igual forma na variável da idade (Almeida, 2010; Moreira, 2012; Reis, 2014), contudo não acontece o mesmo no estudo de Tavares (2006).

Carvalho (2007) estudou atletas de diversas modalidades e diferentes faixas etárias e não encontrou diferenças significativas ao nível dos estados de ansiedade, relativamente à idade e aos anos de competição, exceção feita à relação efetuada entre os anos de competição e a autoconfiança. Porém, a autoconfiança é a variável do questionário utilizado por ele, o CSAI-2, que apresenta média superior, enquanto a ansiedade somática tem os valores medianos mais baixos (Carvalho, 2007; Reis, 2014; Rodrigues et al., 2009; Tavares, 2006; Vasconcelos-Raposo et al., 2006). Por sua vez, Junior (2012) concluiu no seu estudo com jovens atletas de remo que a variável ansiedade cognitiva era a que apresentava índices medianos superiores.

(44)

35 Relativamente às orientações motivacionais, para Nicholls (1989), as pessoas demonstram as suas competências segundo dois tipos de orientação motivacional: orientadas para a tarefa e/ou orientadas para o ego. A primeira ocorre quando um indivíduo decide superar as suas próprias habilidades, tentando superar-se a si próprio e só é bem-sucedido quando tal acontece, podendo experienciar uma afetividade positiva (e.g. alegria) ou negativa (insatisfação) (Moreira, 2012; Nicholls, 1989). A segunda diz respeito aos indivíduos que pretendem atingir patamares superiores aos demais, ou seja, são pessoas que se comparam constantemente aos outros e querem sempre ser melhores do que eles (Nicholls, 1989).

Ao nível dos resultados encontrados na investigação da área são diversas as conclusões que podem ser retiradas sendo que não há um pressuposto totalmente definido e intensificado como universal. Contudo, relativamente às orientações

motivacionais, vários estudos indicaram a orientação para a tarefa como a variável que apresenta médias superiores (Almeida, 2010; Carvalho, 2007; Cerdeira, 2009; Coroa, 2009; Moreira, 2010). Contudo, o estudo de Junior (2012) comprovou o contrário.

Almeida (2010) concluiu no seu estudo com jogadores de futebol que jogadores mais velhos são mais orientados para a tarefa e os mais novos mais orientados para o ego, enquanto Moreira (2012) concluiu o mesmo com jogadores de andebol

relativamente à variável da orientação para o ego.

Cerdeira (2009) acrescenta que à medida que os anos de experiência aumentam, aumentam, também, os índices de orientação para a tarefa e diminuem os de orientação para o ego. Almeida (2010) concluiu no seu estudo com jogadores de futebol

exatamente o contrário quanto à orientação para o ego. Moreira (2012) por sua vez assume um bocadinho de cada um dos autores mencionados anteriormente, pelo que

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36 afirma que os índices de orientação tanto para a tarefa como para o ego aumentam à medida que aumenta a experiência dos atletas.

Almeida (2010) observou, no futebol, que os guarda-redes são os jogadores em campo mais orientados tanto para a tarefa como para o ego e Moreira (2012), no andebol, que os universais são mais orientados para a tarefa e os pivô mais orientados para o ego.

Ao nível das correlações efetuadas entre a ansiedade cognitiva e somática, a autoconfiança e os dois tipos de orientação (tarefa e ego), Ntoumanis e Biddle (1998) no seu estudo com atletas de diversos desportos universitários e Rodrigues et al. (2009) com alpinistas verificaram que a variável da orientação para a tarefa não se relaciona significativamente com os estados de ansiedade. Contudo, os estudos contrariam-se no que diz respeito à orientação para o ego, Ntoumanis e Biddle (1998) concluíram que esta dimensão se relaciona significativa e negativamente com a ansiedade cognitiva e positivamente com a autoconfiança, enquanto Rodrigues et al. (2009) assumem que a relação é significativa sim, mas tem um relacionamento positivo com a ansiedade cognitiva.

Coroa (2009) e Fernandes et al. (2012) encontraram, nos seus estudos, relações significativamente negativas entre a variável da orientação para a tarefa e a ansiedade somática, ou seja, à medida que uma aumenta, a outra diminui e vice-versa. Fernandes et al. (2012) correlacionaram, ainda, significativa e negativamente a variável da orientação para a tarefa com a ansiedade cognitiva, a orientação para o ego com a autoconfiança e a ansiedade somática com a autoconfiança. Obtiveram, também, relações significativas e positivas entre ambos os tipos de orientação.

Neste sentido, o objetivo do presente estudo visou identificar a ocorrência de determinados fatores que influenciam ora negativa, ora positivamente a performance

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37 desportiva de jovens jogadores de futebol, tendo em conta os estados de ansiedade e as orientações motivacionais dos mesmos. Para os propósitos semelhantes ao deste estudo e tendo em conta as variáveis referidas anteriormente, recorreu-se à utilização dos seguintes questionários: Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-2; Martens et al., 1990) e, Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire (TEOSQ; Duda & Nicholls, 1992). Assim, para a obtenção do objetivo principal foram comparados escalões competitivos, anos de competição da modalidade e posições competitivas, sendo que ambos os questionários utilizados foram, também, correlacionados entre si.

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38

Metodologia

O presente estudo é de caráter quantitativo com um desenho transversal, uma vez que todos os dados foram recolhidos num único momento e os investigadores não tiveram qualquer tipo de controlo das variáveis independentes. Segue um pressuposto descritivo e correlacional, dado que pretende aumentar o conhecimento de um

determinado fenómeno, ao mesmo tempo que recorre às correlações para procurar relacionar variáveis, avaliando as interações entre si.

Amostra

A amostra do estudo foi construída de forma não probabilística e é de

conveniência. É constituída por 62 jogadores de futebol do sexo masculino de diferentes faixas etárias. Os dados recolhidos são pertencentes a um clube de futebol português da região norte de Portugal.

No que diz respeito às faixas etárias e aos escalões, 22 (35.5%) eram infantis de primeiro ano e tinham 10 e 11 anos, 24 (38.7%) eram infantis de segundo ano e tinham 12 e 13 anos, enquanto os iniciados eram 16 (25.8%) e tinham 14 e 15 anos.

Os anos de competição na modalidade variaram entre 1 e 10 anos, pelo que os atletas foram divididos em 3 grupos, entre 1 e os 3 anos de competição estavam 36 (58%) jogadores, 20 (32.3%) entre os 4 e os 6 anos e 6 (9.7%) há mais de 7 anos.

Respeitante à posição em campo que cada jogador ocupa, estas foram divididas em quatro grupos, 7 (11.3%) eram guarda-redes, 19 (30.6%) eram defesas, 22 (35.5%) médios e os restantes 14 (22.6%) ocupavam a posição de avançado.

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Variáveis

As variáveis independentes estabelecidas para este estudo foram o escalão competitivo, os anos de competição da modalidade de futebol e a posição em campo.

Sendo o objetivo estudar as orientações motivacionais e a ansiedade competitiva foram utilizadas as seguintes variáveis dependentes: ansiedade cognitiva, ansiedade somática, autoconfiança, orientação para a tarefa e orientação para o ego.

Instrumentos

O estudo foi elaborado com base na aplicação de três questionários: um

questionário de dados pessoais, o Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-2) para avaliar o estado de ansiedade dos atletas e o Task and Ego Orientation in Sport

Questionnaire (TEOSQ) para avaliar as orientações motivacionais.

Questionário de dados pessoais

Este primeiro questionário contava com questões relacionadas com os elementos pessoais de cada atleta como escalão competitivo, anos de competição da modalidade e posição em campo e que se constituíram como variáveis independentes.

Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-2)

Este é um questionário desenvolvido por Martens e colaboradores (1990), tendo sido validado para a população portuguesa por Vasconcelos-Raposo (1995) e tem como objetivo avaliar a intensidade de negativismo, de ativação e de autoconfiança em situações de competição. É constituído por 27 itens, agrupados em três fatores: ansiedade cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança. As respostas foram dadas segundo uma escala tipo Likert de 4 pontos (1=nada a 4=muito). O cálculo dos

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40 resultados faz-se através da soma dos itens que correspondem a cada dimensão,

podendo oscilar entre os 9 e os 36 pontos.

Task and Ego Orientation in Sport Questionnaire (TEOSQ)

Este é um instrumento que foi construído por Duda e Nicholls (1992), tendo sido traduzido e validado para língua portuguesa por Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2010) e atualmente é um dos questionários mais utilizados nos estudos da psicologia do desporto (Fernandes & Vasconcelos-Raposo, 2010). O objetivo principal deste

questionário é avaliar a orientação motivacional de cada atleta para a tarefa e/ou para o ego em contexto desportivo. O presente é constituído por 13 itens, agrupados em dois fatores: 7 correspondentes à orientação para a tarefa e 6 de orientação para o ego. O tipo de resposta insere-se numa escala Likert de 5 pontos (1 = discordo completamente e 5 = concordo plenamente).

Procedimentos

Inicialmente foi realizada uma reunião com o clube escolhido para recolher a amostra, na qual foi explicado o propósito do estudo. Seguidamente, foram entregues os consentimentos informados a todos os encarregados de educação dos atletas que iriam responder ao inquérito, uma vez que eram menores. No momento da aplicação dos mesmos, os investigadores estiveram presentes para explicar em que consistia esta participação e para responder a qualquer tipo de dúvida. Garantiu-se a confidencialidade e o anonimato das respostas, ressalvando-se que serviriam, apenas, para fins científicos. Nenhum questionário foi, posteriormente, eliminado, visto todos terem respondido na íntegra a todos os itens.

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Procedimentos estatísticos

Para o tratamento estatístico dos dados recorreu-se ao programa SPSS 21 (Statistical Package for the Social Sciences), tendo sido, também, utilizado o livro “Estatística sem Matemática para Psicologia” de Dancey e Reidy (2006) para auxiliar na interpretação dos resultados.

O cálculo da média, do desvio-padrão, valores mínimos e máximos e a normalidade das distribuições foram calculados através da análise descritiva e das medidas de simetria (Skewness) e achatamento (Kurtosis). O teste M de Box serviu para calcular a igualdade das matrizes de covariância e o teste de Levene para verificar a homogeneidade das variâncias. A análise de variância multivariada (MANOVA) serviu paraa analisar o efeito das variáveis independentes nas dimensões contidas nos

instrumentos utilizados.

O tamanho do efeito utilizado foi o proposto por Cohen (1992): p2 > 0.01 efeito

fraco, p2 > 0.04 efeito moderado e p2 > .14 efeito forte.

A intensidade do relacionamento de coeficientes de correlação teve por base os graus de coeficiente de relação propostos por Dancey e Reidy (2006). Quando r = 1 ou -1 temos um relacionamento perfeito, não obstante, r < 0.3 é um relacionamento fraco, r < 0.6 é um relacionamento moderado e r > 0.6 é um relacionamento forte, sejam estes positivos ou negativos.

Referências

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