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Arquitetura social: o espaço para acolhimento ao imigrante em vulnerabilidade social

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ARQUITETURASOCIAL:OESPAÇOPARAACOLHIMENTOAOIMIGRANTEEM VULNERABILIDADESOCIAL1

Mayara Paulini2 Cristienne Magalhães Pereira Pavez3

INTRODUÇÃO

Em 2016, quase 20 pessoas/por minuto imigraram à força no mundo, o que representou 65,6 milhões de pessoas tendo que sair de seus lares por conflitos ou perseguições, sendo o maior número já registrado (ACNUR, 2017).

A parcela destes imigrantes em vulnerabilidade social que escolheram o Brasil como destino e foram reconhecidos como refugiados chegou a cerca de 9,5 mil pessoas em 2016, vindas de mais de 80 países, representando um crescimento de 145% com relação ao ano de 2010 (BRASIL, 2017a).

Nos últimos sete anos, as principas nacionalidades que tem a solicitação de reconhecimento da condição de refugiado em trâmite no Brasil são: Venezuela e Haiti (BRASIL, 2018a).

Destarte, a questão problema que se identifica neste estudo está relacionada as questões do habitar temporário para os imigrantes em vulnerabilidade social. Logo, o presente artigo tem como objetivo compreender as condicionantes para o projeto arquitetônico de espaços de acolhimento ao imigrantes em vulnerabilidade social. Com este objetivo algumas questões preeminentes ao tema se aviltam: 1) Quem são os imigrantes brasileiros, qual o perfil e suas vulnerabilidades sociais? 2) Como definir o local adequado para a implantação deste tipo de equipamento e quais as implicações no entorno? 3) Quais soluções arquitetônicas que possibilitem o acolhimento e inserção social para os imigrantes?

Para o desenvolvimento deste trabalho a metodologia da pesquisa será em quatro etapas: 1) A primeira refere-se a introdução, que descreve o problema,

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Trabalho apresentado no XI Encontro Nacional sobre Migrações, realizado no Museu da Imigração do Estado de São Paulo, em São Paulo, SP, entre os dias 9 e 10 de outubro de 2019.

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Graduanda do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário UNISOCIESC. E-mail: mayarapaulini@hotmail.com.

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Arquiteta e Urbanista, Mestre (UFPR), Professora do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo na UNISOCIESC e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental Acadêmico (PPGPLAN) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). E-mail: cristienne.magalhaes@unisociesc.com.br.

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objetivos e justificativa do tema em questão; 2) A segunda apresenta o desenvolvimento teórico baseado no estudo de três pilares da arquitetura: pessoas (o comportamento, necessidades e dificuldades dos usuários), lugar (locais apropriados à implantação) e construção (condicionante para o habitar temporário), para este estudo se fará uma pesquisa exploratória com coleta de dados através de pesquisas bibliográficas por meio de livros, artigos e estudos publicados. 3) A terceira etapa, as análises de estudos que foram obtidos através de pesquisa bibliográfica e de campo, gerando análises descritivas, comparativas e correlacionais, a fonte de dados se deu por meio de projetos publicados e da observação presencial. 4) A última etapa compreende a conclusão composta pelos resultados, com elaboração de diretrizes de projeto para a arquitetura social que visa o acolhimento do imigrante.

COMPREENDENDO AS PESSOAS – O IMIGRANTE

Os imigrantes em vulnerabilidade social são divididos, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (2009) em: 1) Apátridas: que são pessoas não consideradas nacionais por nenhum Estado; 2) Refugiados: que podem ser classificados em acolhido por mandato, de fato, reconhecido, a posteriori e em órbita, que basicamente são pessoas que estão fora de seu país de origem por motivos de risco à vida; e 3) Solicitante de asilo ou refúgio: que requereram refúgio e estão aguardando o deferimento da solicitação.

Dentre o número de imigrantes que tiveram seus pedidos de refúgio deferidos no Brasil, a maioria são homens e adultos, ou seja, com idade para serem economicamente ativos (BRASIL, 2017a).

Nem todos os imigrantes da atualidade foram pobres em seus países de origem, muitos possuem altos níveis educacionais, mas ficaram sem recursos por terem que migrar como uma forma de sobrevivência (SASSEN, 2016).

O ser humano dispõe da necessidade de pertencer a um grupo social, onde seja conhecido, tenha seu lugar e se sinta responsável pelas pessoas próximas (HALL, 2005), porém quando o imigrante está longe de seu grupo, torna-se um desconhecido para a sociedade onde se inseriu, conforme descreve Bauman (2017, p. 13):

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Para quem está por trás dessas portas, eles sempre foram – como são agora – estranhos. Estranhos tendem a causar ansiedade por serem “diferentes” - e assim, assustadoramente imprevisíveis, ao contrário das pessoas com as quais interagimos todos os dias e das quais acreditamos saber o que esperar. Pelo que conhecemos, o influxo maciço de estranhos pode ser o responsável pela destruição das coisas que apreciávamos, e sua intenção é desfigurar ou abolir nosso modo de vida confortavelmente convencional.

Na relação entre a cidade e o imigrante é comum que os diferentes grupos culturais formem uma organização com fronteiras sociais, como bairros, onde todos os semelhantes convivem próximos para que haja uma manutenção de suas crenças e costumes, porém a persistência de sua cultura só se dá realmente através do contato e das relações interculturais, onde mesmo com agentes externos, sua origem continua a mesma (BARTH, 1998).

Para que cada indivíduo adquira o sentimento de pertencimento e identidade quanto a nova sociedade em que está inserido, a arquitetura deve atender as necessidades dos diferentes grupos étnicos (HALL, 2005), porém apesar de diferentes, as pessoas também tem necessidades básicas semelhantes, como explica Abraham Maslow com a teoria da Hierarquia de Necessidades, que mostra, através de uma pirâmide (Figura 1), os níveis de necessidades do homem que devem ser alcançados, seguindo uma ordem de prioridade, onde é necessário que se encerre uma etapa, para começar a próxima, e por fim obter a satisfação pessoal, sendo que as etapas de base são compostas primeiramente pelas necessidades fisiológicas (comer, beber, abrigar-se e dormir) e na sequencia, as necessidades de segurança, elementos estes que se almeja contemplar neste estudo(MASLOW, 1970).

Como no Brasil os refugiados que chegam em maior número são os venezuelanos e o haitianos, optou-se por caracterizar o perfil destas duas culturas para a compreensão de suas necessidades preeminentes.

Os venezuelanos passam por uma intensa crise econômica que levou a escassez de produtos básicos no país, o que tornou-se um dos principais motivos para muitos cruzarem a fronteira brasileira em busca do suprimento de suas necessidades básicas e novas oportunidades (BRASIL, 2018b). A população venezuelana é dividida basicamente em indígena e não indígena, sendo que dentre os indígenas, os Warao são um dos principais grupos, porém mais da metade deles já moram na área urbana do país (INE, 2011), vivendo da natureza e comércio (BOTELHO; RAMOS; TARRAGÓ, 2017), sua arquitetura indígena consiste de salas abertas e sem paredes internas, construídas em cima de palafitas, com madeira de manguezal e cobertura com folhas de palmeira, onde dormem em redes ao redor de uma fogueira feita com argila, possuem também um espaço para docas de canoas,

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que são compartilhadas entre a comunidade ou individuais, conectadas por passarelas de madeira (NICHOLS, 2010). Já os não indígenas, residem em uma arquitetura marcada por pátios internos, que definiam o formato do restante da construção, normalmente em “U” ou em retângulo com abertura no centro, voltadas para esses pátios, tinham acessos cobertos e este espaços serviam como local para reunir a família (NICHOLS, 2010), posteriormente ao início do movimento modernistas, houve a construção em massa de superblocos de habitação social, oriundos de medidas do governo para transferir os moradores das favelas para essas habitações (Figura 2) (HIRAO, 2015).

A respeito do Haiti, este é o “país mais pobre da América, [...] marcado pela violência, desigualdade social e instabilidade política desde o início de sua formação” (MORAES; ANDRADE; MATTOS, 2013, p. 97), situação esta, que foi agravada após o terremoto ocorrido em 2010, resultando em destruição, desemprego e mais de 250 mil mortes (COGGIOLA, 2010). Fugindo desta situação, no Brasil, o povo haitiano que tem como característica marcante a união, residem em habitações compostas por várias pessoas de famílias diferentes, tornando-se um tipo de alojamento. Já no Haiti, grande parte de suas habitações possuíam hortas, por conta da cultura gastronômica e cobogós (MASCARELLO; LUNKES; CASAGRANDA, 2017), foram construídas com tijolos de cimento, cobertura de zinco, fachada com pórtico e seu interior era composto por apenas um cômodo, sem a presença de banheiro, que possuíam problemas de umidade e falta de iluminação (Figura 3) (FRANCO, 2015). Quanto aos ambientes de ensino do Haiti, tem como particularidade a utilização de mobiliários coletivos, a destinação de espaços a oração e a predominância das cores bege e marrom, que representam o país, para os haitianos (DORNELES et al., 2013).

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FIGURA 1 – Pirâmide de Maslow FIGURA 2 – Constr. Venezuelana

Fonte: Fontana (2014, p. 9). Fonte: Hirao (2015, p. 91).

FIGURA 3 – Constr. Haitiana

Fonte: Franco (2015).

A partir destas teorias, concluiu-se que os imigrantes em vulnerabilidade social são pessoas que saíram de seus países de forma forçada e atribulada e vêm em busca de um recomeço, por outro lado, a sociedade local tem receio quanto a intenção desses estranhos, dificultando assim suas relações. A arquitetura pode auxiliar oferecendo acolhimento temporário aos recém-chegados com ambientes que propiciem a integração com a sociedade e sejam dispostos de forma a reforçar a característica marcante da união entre os acolhidos e que supram as necessidades de identidade e do sentimento de pertencimento, por meio da utilização de elementos culturais na arquitetura. Para isso, compreender os aspectos da cidade e assim apontar o local mais adequado para a proposta de implantação de um espaço para o imigrante, é essencial.

O LUGAR DE IMPLANTAÇÃO PARA UM ESPAÇOS DE ACOLHIMENTO

O estudo de teorias que mostram a relação dos imigrantes com a cidade e consequentemente o melhor lugar para a implantação do tema em questão são essenciais, pois analisando a história das cidades, pode-se concluir que o planejamento urbano tem poder influenciador sobre o comportamento das pessoas e a maneira como a cidade funciona (JACOBS, 2011). Dentre os fatores influenciadores, está a topofilia, que é o elo de afeição entre as pessoas e lugar (TUAN, 1980).

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Se a cidade é um organismo vivo, passível de transformações, um empreendimento ao ser inserido em determinada região pode influenciar positivamente seu entorno se fomentar o exercício da cidadania e da igualdade. Relações sociais equilibradas criam o sentimento de pertencer, promovem expectativas de desenvolvimento e novas formas de interação com o entorno. A participação da comunidade, com ênfase na integração e organização espacial, torna-se fundamental para a criação de um espaço urbano sustentável [...] (ASBEA, 2012, p. 33).

A concepção de espaços agradáveis deveriam ser mais utilizadas pelos urbanistas, pois elas fortalecem a conexão cultural, auxiliando a cidade e o processo de transformação ocorrido no decorrer das gerações (HALL, 2005).

Segundo Jacobs (2011) para que uma rua possua infraestrutura para receber novos moradores, ou seja, estranhos, e continue sendo segura, deve possuir algumas características como: a separação clara entre o espaço público e o espaço privado, os olhos dos proprietários devem estar voltados à rua, sem que os fundos ou um lado das construções tenham uma fachada cega direcionada à rua e a calçada deve ter pessoas transitando, para obter-se mais olhos atentos, além de promover uma arquitetura que aumente o número de moradores observando a calçada de dentro dos edifícios.

Para que uma rua ofereça interação entre os moradores deve ser como uma sala de estar, proporcionando espaço para atividades comunitárias. Para seu bom funcionamento deve haver um ponto de equilíbrio entre o público e o privado, onde os habitantes tenham sua privacidade, mas também possam olhar para a rua através de sacadas e varandas (HERTZBERGER, 2006).

Lynch (1960) complementa com a teoria de que podemos atrair pessoas a estes espaços públicos de integração através de elementos marcantes, localizados em pontos estratégicos, como cruzamentos, que podem ser grandes e altos, onde o entorno permita sua visualização ou baixos e pequenos, onde o tratamento de suas fachadas ao nível do observador é que o tornam especial.

Os centros de bairros são locais que trazem vantagens na implantação de centros de acolhimento, por serem formados por moradias e diferentes atividades econômicas, o que proporciona oferta de emprego próximo da habitação, com isto mitiga o problema de deslocamento ao induzir viagens curtas com meios de transporte não motorizados (DOTS, 2015).

A partir destas teorias conclui-se que o local de inserção do espaço para acolhimento terá grande importância quanto a inserção dos usuários na sociedade,

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devendo promover a interação com os moradores locais, impedindo assim a criação de regiões com habitantes de uma única cultura. É essencial estar em um terreno que possibilite a mobilidade não motorizada a serviços básicos, porém também precisa estar próxima de pontos de ônibus, para quando for necessário percorrer distâncias mais longas e também que esteja próximo à rodoviárias e/ou aeroportos, por onde a maior parte dos imigrantes cheguem na cidade escolhida, para ser de fácil e rápido acesso. Além da escolha do local adequado, é essencial que a construção possua soluções que induzam a integração e sejam adequadas ao acolhimento.

Com base no estudo de lugar para implantação, as teorias deram bases para traçar algumas diretrizes que podem auxiliar na escolha do local de implantação de um espaço de acolhimento para imigrantes, sendo elas: 1) Local de destaque, como uma esquina; 2) Proximidade à serviços básicos e oportunidades de emprego; 3) Proximidade à pontos de ônibus; 4) Proximidade à rodoviária e/ou aeroporto.

A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS PARA ACOLHIMENTO

Para compreender como funcionam os centros de acolhimento para imigrantes no Brasil, observou-se que os principais ficam na cidade de São Paulo/SP, sendo o Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI) que conta com ambientes para prestar acolhida, assistência social, psicológica e jurídica, formação e orientação de imigrantes (SÃO PALO, 2013) e o Centro de Integração e Cidadania (CIC) que por sua vez, conta com ambientes para prestar serviços de emissão de documentação, apoio jurídico, capacitação profissional, de idiomas e espaços para exposições culturais (DELFIM, 2014).

Já a Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania (BRASIL, 2016), através do Edital de Chamamento Público SNJ n. 01/2016 abriu uma a seleção de propostas de projeto e execução voltados à promoção da inclusão social, laboral, produtiva e cultural para imigrantes, refugiados, solicitantes de refúgio e apátridas, onde era necessário disponibilizar espaços para o atendimento psicossocial e jurídico, oferta de cursos educacionais, apoio quanto ao ingresso no mercado de trabalho, integração laboral, social e cultural e acolhida através de albergues.

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TEORIAS PARA ELABORAÇÃO DE ESPAÇOS DE INTEGRAÇÃO E ACOLHIMENTO

A discussão sobre o espaço euclidiano dos ambientes e acabamentos não é suficiente, deve-se também considerar qualidades que atraiam e causem sensação de conforto, acolhimento e que atendam às necessidades psicologicas do ser humano, proporcionando assim, sentimentos de prazer e afeição que induzam a permanência neste ambiente (OKAMOTO, 2002).

[...] Praticamente tudo o que o homem é e faz está associado à experiência do espaço. O sentido que o ser humano tem do espaço é uma síntese de muitos estímulos sensoriais: visuais, auditivos, cinestésicos, olfativos e térmicos. Cada um desses não só constitui um sistema complexo – [...] mas cada um é moldado e configurado pela cultura. Portanto, não há alternativa a não ser aceitar o fato de que pessoas criadas em culturas diferentes vivem em mundos sensoriais diferentes (HALL, 2005, p. 225).

A partir disto, o espaço é como um conjunto indissociável entre objetos geográficos, naturais e sociais e a vida que os preenche e anima, composta pela sociedade em movimento (SANTOS, 1988).

O formato arquitetônico do conjunto de espaços deve possuir componentes simbólicos em sua fachada que representem a identidade do local, ser convidativo por meio da existência de uma cobertura que acomode os usuários e continue nos elementos de transição entre o externo e o interno. Os ambientes precisam dispor de iluminação natural, mobiliários confortáveis que induzam a discussões e integrações e relação com a natureza. Um espaço educacional de qualidade leva em conta a necessidade de alinhar as aulas teóricas com as práticas, o uso de tecnologia e a flexibilidade que se dá com modulações estruturais inteligentes e divisórias internas que permitem mudanças rápidas e simples (Figura 4), já a área destinada aos equipamentos esportivos devem ser dispostas a uma distância considerável de ambientes que necessitem de concentração e em um local de fácil acesso à comunidade, que poderá fazer o compartilhamento do uso (KOWALTOWSKI, 2011).

Por outro lado, o interior do espaço de dormir compartilhado deve ser projetado de forma que também permita a individualidade dos usuários (TOLEDO, 2017), respeitando o conceito da comunicação proxêmica, que descreve como devem ser as distâncias íntimas, pessoais, sociais e públicas (Figura 5) (HALL, 2005).

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Todos os espaços e equipamentos devem possuir acessibilidade, pois é um direito humano de pessoas portadoras de necessidades especiais locomover-se com autonomia e segurança (NONATO, 2011).

FIGURA 4 – Espaços Flexíveis FIGURA 5 – Espaço para Dormir

Fonte: Kowaltowski (2011, p. 184). Fonte: Toledo (2017, p. 88).

A partir destas teorias, concluiu-se que os ambientes para este fim devem ser acolhedores, integradores, flexíveis, acessíveis e sustentáveis, com espaços para ofertar abrigo, refeições, higienização, oficinas de educação profissionalizante, assistência social e jurídica, manifestação cultural e área esportiva, para auxiliar o recém-chegado de forma temporária até que obtenha sua independência financeira e social.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

O estudo resultou na elaboração de diretrizes de projeto para a arquitetura social que visa o acolhimento do imigrante, sendo elas: 1) Acolhimento temporário, através de espaços que atendam às necessidades básicas dos usuários, até que consigam sua independência financeira; 2) Integração, por intermédio de soluções arquitetônicas que estimulem trocas sociais e atividades comunitárias, como mobiliários urbanos e área esportiva compartilhada; 3) Flexibilidade, por meio de elementos que permitam a mudança de layout de forma fácil e rápida, para atender diferentes necessidades; 4) Acessibilidade, onde a arquitetura possibilite que as diferenças pessoais não influenciem ou dificultem a mobilidade; 5) Sustentabilidade através de escolhas projetuais, como a priorização da iluminação natural e tecnologias, como a captação e utilização de águas pluviais.

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Durante as etapas da concepção deste artigo, buscou-se valorizar as relações humanitárias, pois diante dos problemas sociais, econômicos e ambientais que motivam esta crise migratória, verificou-se a importância da hospitalidade e da criação de pontes e não muros sociais, lembrando ainda que todos somos descendentes de imigrantes. Buscou-se assim, compreender como a arquitetura pode auxiliar na resolução do problema da falta de espaços adequados para o acolhimento dessa demanda de imigrantes presente no mundo inteiro, de forma nunca vista antes.

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