A
NOVA EDUCAÇÃO
PIÊOFISSIONAL
DE
NÍVEL
TÉCNICO.
ESTUDO
PARA
A
CONCEPÇAO
DE
UM MODELO
PARA
O
CEFET-PR
1
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
SANTA
CATARINA
__'
PROGRAMA
DE
POS-GRADUAÇAOEM
ENGENHARIA DE
PRODUÇAO
A NOVA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL DE
NIVEL
TÉCNICO
ESTUDO
PARA
A
CONCEPÇÃO
DE
UM MODELO
PARA
O
CEFET-PR
CARLOS
EDUARDO
CANTARELLI
_Dissertação
apresentada
ao
Pro-grama
de Pós-graduação
em
Engenharia de
Produção da
Universidade Federal
de Santa
Catarina
como
requisito parcialpara a
obtenção
do
título'de
mestre
em
Engenharia
de
Produção.
|=|_oR|ANÓPoL|s
ll LI
Carlos
Eduardo
Cantarelli
A
NOVA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL
DE
NIVEL
TECNICO.
ESTUDO PARA
A CONCPÇÃO
DE
UM MODELO
PARA
O
CEFET-PR
Esta dissertação
foijulgada
e aprovada
para
obtenção
de
títulode
Mestre
em
Engenharia de
Produção no Programa
de Pôs-
Graduação
em
Engenharia de
Produção da
Universidade
Federal
de
Santa
Catarina.
Florianópolis,
1°de
fevereiro
,zde
2002.
z Prof. Dr.Ric
' | -da
Barcia,
Ph.D.
Co
dnador
-›Curso
BANCA
EXAMINADORA
tI.
¬Profa Dra.
Edi
V.
ra Lapolli, dra.(Ori
ntadora
- ,.á6k,<z‹z.>-gz;
_
Prof?
Dra.
na
Maria Bencciv
ranzoni
Prof. Dr.
Paulo
André de
Camargo
eltrão- iii
Dedico
este trabalho
à
minha esposa
Sônia
e aos
meus
filhos
Guilherme
e
Juliana,o
apoio
deles
me
ajudou a superar
todas as
dificuldadese a
continuar
na determinação
de
concluiresta
IV
Agradecimentos
A
Professora Dra. Edis Lapolli, pelopermanente
apoioe
orientação duranteo
desenvolvimento deste trabalho.
Ao
Professor Márcio Vieirade
Souza,nao
sócomo
Professormas como
orientador.Suas
sugestõessempre
foram valiosas.A
todos os professoresque
ministraram aula a turmaTecpar 6/CEFET-PR,
peloempenho
e dedicação.A
monitoriado
Led, Flavia,não
só pelo apoiomas
pela palavrasempre
amiga.Ao
Professor Paulo Beltrão,do
CEFET-PR,
que
com
critérioe
objetividadesoube
me
indicar o
caminho
correto parao
desenvolvimentoda
dissertação.A
todos os colegasdo
CEFET-PR,
que
me
apoiaramno
desenvolvimentodo
trabalho.
Aos meus
paisEduardo
e lraides peloamor
e apoio durante toda a trajetóriade
minha vida.
à
suMÁR|o
CAPITULO
m
.PÁGINA
Lista de Figuras ... .. viii
Lista de Tabelas ... .. ix
Resumo
... .. ' x Abstract ... .. xi 1.INTRODUÇÃO..
... ._ 1 1.1Origem
do
Trabalho ... .. 2 1.2 objetivosdo
Trabalho ... _. 5 1.2.1 Objetivo Geral ... .. 5 1.2.2 Objetivos Específicos ... ..5
1.3 Justificativa e Importância
do
Trabalho ... .. 51.4. Estrutura
do
Trabalho ... ._ 7*2.
FUNDAMENTAÇÃQ
TEÓR|cA
... _. 82.1
A
Educação
Profissional no Brasil- Históricodesde o
BrasilColonial ... _. 8
2.1.1
A
Históriado
Ensino e Ofícios no Brasil Colonial ... .. 8 2.1.2O
Inícioda
era Industrial ... _. 9 2.1.3O
Ensino Profissionalizanteno
SéculoXX
... .. 112.2
O
Desenvolvimento Industrial-
Breve Histórico ... _. 162.2.1
As
fasesdo
desenvolvimento industrial ... .. 17 2.2.2A
organizaçãodo
Trabalho Industrial ... .. 18 2.2.3A
indústria no Brasil ... ..20
2.3
A
Lei 5692/71- Os
Problemas da
Nova
Reforma
naEducação do
`22
Brasil ... _. 2.4
A
Nova
LDB
9394/96-
A
Superação de Paradigmas
... ..32
2.5 Decreto 2208/97 e Portaria 646/97
-
A
Regulamentação da Educação
4
2.5.1 Decreto n.°
2208 de
17 de abrilde 1997
... ..38
2.5.2 Portaria646 de
14de
maiode 1997
... .; ... ..43
2.6 Parecer
CNE/CEB
n° 16/99-
A
Instituiçãodos
referenciais para aEducação
Profissionalde
Nível Técnico ... ... ..46
2.6.1
A
Educação
eo
Trabalho ... .. C47
2.6.2A
Identificaçãoda Educação
Profissional ... ..47
2.6.3 Principiosda
Educação
Profissional ... _.48
2.7 Resolução
CNE/CEB
n.° 04/99 Diretrizes Curriculares para a novaEducação
Profissionalde
Nível Técnico ... ..49
2.7.1
O
Objetivoda
Educação
Profissional ... ._49
2.7.2 Princípios Norteadores daEducaçao
Profissional ... ..50
2.8
O
Impacto dasMudanças
naEducação
Profissional nas InstituiçõesFederais
de_Educação
Tecnológica-lIfET's ... _.60
A
IMPLANTAÇAO DE
NOVA EDUCAÇAO
PROFISSIONAL
NO
CEFET-
EE
... _.65
3.1
A
Educação no
CEFET-PR
... ..65
3.2Programa de Expansão da Educação
Profissional(PROEP)
... ..68
3.3A
Cooperação
Escola-Empresa, apoio àEducação
Profissional ... _.70
3.4A
priorização pelaEducação
Profissionalno
nível Tecnológico parao
CEFET-PR
... ..74
3.5
O
CenárioEconômico no
Estadodo Paraná
e nas Regiõesonde
foramimplantadas as Unidades
do
CEFET-PR
... _.78
A
ESTRUTURAÇÃO
DO
NOVO MODELO
PARA
A
EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL
DE
NÍVEL
MÉDIO
... .. 814.1
As
Diretrizes Gerais parao Novo Modelo
... ..82
~
4.1.1
A
Duraçao do
curso ... ..82
4.1.2As
Bases
Curriculares ... ._83
4.1.3A
Conte›<tuaIizaçao, a Interdisciplinaridadee
a Flexibilidadedo
Modelo
... ..84
4.1.4O
Ensino porCompetências
-A
InovaçãoPedagógica
doModelo 86
4.1.4.1
A
Comparação
doModelo
Anteriorcom
aNova
Propostapor
Competências
... ..98
4.1.5A
Modularização ... ..100
4.1.6O
Estágio Curricular ... ._103
4.2
O
Empreendedorismo, aEducação
Continuada e a Verticalizaçãona
Educação
Profissional ... ..104
4.3
O
Perfildo
Novo
Técnico ... ..105
4.4
A
Propostado
Novo
Modelo
Curricular ... ..106
4.5
O
novoOrganograma
Gerencialdo
CEFET-PR
... ..112
_ 4.5.1 A.Validação
da
Proposta ... ..115
4.5.2
A
Análisedos
Questionários ... ._116
4.6 Fluxogramade
Implementação ... ..119
5.
CONCLUSÕES
E
RECOMENDAÇÕES
PARA FUTUROS
TRABALHOS...
1225.1 Conclusão ... ... ._
120
5.2 Sugestões ... ..123
Fontes Bibliográficas ... ..
128
'
viii
LISTA
DE FIGURAS
Figura 3.1
Mapa
do Paraná-
Unidades doCEFET-PR
... ._ 68Figura 3.3 Mecanismo de Interação Escola-Empresa ... _. 72 Figura 4.1.5 Concepção do Módulo ... ._ 102 Figura 4.4 Proposta de Estrutura Curricular para a Educação Profissional de Nível
Técnico ... ... _. 111
Figura 6 Fluxograma de Implantação dos Cursos Técnicos Pós Médio no
CEFET-
LISTA
DE
TABELAS
Tabela 1
-
instituições Federais de Educação Tecnológica-
lEFTs no Brasil-
2001.Tabela 2
-
Número
de alunos formados no ensino-
2° Grau-
Técnico, no 'CEFET-PR
-
Unidade de Curitiba 1992-
1996 ...Tabela 3
-
Relatório de Egressos-
1995 e 1996 ... .. Tabela 4-
Quadro das Áreas Profissionais e cargas horárias mínimas-
1999 ... _.Tabela 5
-
Atuação das lEFTs no Ensino Técnico 2000 ... ..`Tabela 6
-
Relação dos cursos superiores de Tecnologia ofertados peloCEFET-
PR
-
2001 ... ..Tabela 7
-
Comparação da procura aos cursos superiores de Tecnologia no SistemaCEFET-PR
-
1999/2001 ... ._Tabela 8 Comparaçao entre paradigmas
em
superaçao e implantação ... ..Tabela 9
-
Comparação entre as propostas de Ensino por Competências e deEnsino Baseado
em
Conteúdos-
2001 ... ..Tabela 10
-
Questionário para validação da proposta de Curso Técnico Pós Médio' x
RESUMO
O
ensino profissionalizanteno
paispassou
por fasesque
permitiramconsolidá-lo na 'Educação Brasileira, fortalecendo as instituições especializadas
que o
tinhamcomo
base para a sua atuação. Durante muitos anos, estas escolas,em
quase
todo o país, experimentaramum
alto índicede
procura e sucesso.A
credibilidade depositada pela sociedade vinha de
um
currículo integradoe que
~ ,..
garantia
boa
formaçao para o ensino médio, conjugadocom
uma
preparaçao profissionalizante parao mercado de
trabalho. 'O
que
parecia serum
modelo
idealnão
se consolidouna
prática, vistoque
a grande parte dos' alunos sóbuscavam
este ensino pela gratuidade epreparação
ao
vestibular, descaracterizando assim a propostado
ensinoprofissionalizante,
que
era de formaro
indivíduonão
só para a vida,mas
principalmente para a sua preparação e inserção no
mercado de
trabalho.Nesta dissertação foi desenvolvido
um
estudoque
analisa estal
--
condição,
comparada
com
a proposta educacional estabelecida pelanova
Leide
Diretrizes e
Bases
daEducação
/?'“'¬$'_' (LDBE),de
1996, para aeducação
profissional.Definidas estas considerações,
o
objetivo é desenvolveruma
propostaque
permita à instituição, respeitadas as suas condições estruturais enquanto sistema,
adotar
um
novomodelo
curricular, únicoem
todas as suas unidades paraa
atuação na
Educação
Profissional de nivel técnico, instituído dentrodas novas
Xl
ABSTRACT
The
professional educational system in the countrywent
byphases
that allowed consolidatlng it in the Brazilian Education system, strengthening the specialised schools that had it as centrepiece for its performance. For
many
yearsthese schools, in almost the whole country, have proved a high search
and
success indexes.
The
system's credibility granted by the societycame
froman
integrated curriculum that guaranty
good
middle level education together with aprofessional development for the job market.
The
professional educationmodel
thatseemed
tobe
ideal, did not consolidate in practice, because great part of the students only looked for its freemiddle level education
and
for their preparation to the University access'sexam,
modifying the original proposal of the vocational teaching. This proposal
was
based
on preparing the person not only for the life, but mainly for your insertion in the job
market.
ln this thesis it is developed an analyses of this old education
condition,
compared
with the educational proposal established bynew
LDB
1996, for the professional education.Defined
these considerations, the objective is todevelop a study that allows the schools, respected its, structural conditions while
system, to adopt a
new
curricular model in all its units for a better performance inthe professional education system of technical level, instituted in the
new
legalpremises established for this educational level.
`
1
A
NovA`
EoucAçÃo
PRo|=|ss|oNA|.
DE
NívEL
TÉcN|co.
Esruoo PARA
A
coNcEPçAo
DE
um
|v|oDELo
PARA
o
cE|=ET-PR
cAPiTu|.o
||NTRoDuçÃo
O
CEFET-PR
tem
desempenhado
um
papel significativono
cenárioda
educação
brasileira,em
especial no Estadodo
Paraná.Sua
origem confunde-secom
a própria históriado
ensino profissional no Brasil.São
maisde 90 anos
atuando no âmbito da
Educação
Tecnológica,acompanhando
e servindode
alicercepara o desenvolvimento social e
econômico do
Estado. Hoje, suas seis unidadesestão distribuídas
em
regiões geográficascapazes de
atender a grande maioriadas
cidades
do
Estado.Há
4 anos o SistemaCEFET-PR
deixou, por forçade
lei,de
oferecerseus cursos técnicos integrados,
aguardando
a consolidaçãodas
diretrizesnorteadoras para a atuação das “escolas neste nível
de
ensino, situaçãonão
muitobem
entendida na ocasião pelacomunidade
em
geral.Em
contrapartida, foramimplementados no
CEFET-PR,
31 novosCursos
Superiores de Tecnologia,também
de
Educação
Profissional, para atender auma
demanda
crescente no Estado para oEnsino Superior.
Hoje, porém,
também
em
funçãoda demanda,
é objetivo/metada
instituição atender à formação
de
proflssionaisde
nível técnico dentrode
uma
nova' 2
qualificação ou
mesmo
para se reinserir nomercado do
trabalho. Neste capítulo épossivel perceber a estrutura
que
nortearáo
desenvolvimento desta pesquisae
osresultados
que
ela se propõe a atingir. - ~1.1
ORIGEM
DO
TRABALHO
As
transformações naEducação
Brasileira, provocadascom
adefinição
das
suas novas bases legais, presentes na Lei n°9394 de
dezembro
de
1996,
desencadearam
grandes debatesem
todos os setores. educacionaisbrasileiros. Este trabalho
tem
sua origem neste contexto, vistoque
aEducação
Profissional, seu foco
de
análise, foium
dos
níveisde
ensinoque
mais recebeumodificações.
O
ensino industrial no paístem
o seu iníciocom
a publicaçãodo
Decreto n° 7566, de
23 de
setembrode
1909, assinado pelo Presidenteda
República, Dr. Nilo Peçanha, criando as Escolas
de
Aprendizese
Artífices.Esse
ensino e as respectivas escolas
deram
origem à atualRede
Federalde
Ensinoou
IFETs - Instituições Federais
de
Educação
Tecnológica, constituídados
CentrosFederais
de Educação
Tecnológica - CEFET's, Escolas Técnicas e AgrotécnicasFederais
que atuam
naEducação
Profissional.A
rede passou poruma
sériede
transformações e reformas devido
não
só a suas legislações,mas
também,
àsmudanças
sociais e econômicas,que
alteraramo
mundo
do
trabalho neste século.O
desenvolvimento tecnológicodo
paístambém
provocou profundasalterações no perfil
dos
alunos formados por essas escolas, exigindo parcerias euma
atuaçãodas
instituições cada vez mais ágil e contextualizadacom
osavanços
- 3
F'
I
-1
Um
dosmarcos
dessa transformaçao ocorreucom
apromulgaçao da
Lei n° 4024,de
1961,quando
tanto o ensino secundáriocomo
o
profissionalpassaram
a fazer partedo
ensino médio.Os
cursos técnicos industriais nasciam sob a égidedo
desenvolvimentoindustrial e
do
conhecimento tecnológico. Nestemomento, o panorama
socialbrasileiro.demonstrava
que
o país estavamaduro
para acolher a “RevoluçãoTecnológica”,
que
já ocorria nos países mais desenvolvidos. Para muitos,o
ingressodo Brasil na era tecnológica carecia
de duas
condições:o
desabrocharde
uma
experiência tecnológica e o aparecimento
de
uma
ideologia técnica.São
compreensiveis, portanto, as dificuldades encontradas para aimplantação
de
um
novomodelo
para -o ensino profissional, poiso
paísnão
possuíatradição tecnológica e o próprio sistema escolar incentivava estudos
acadêmicos
.zaministrados
num
ensino verbalista e formal, dissociadodas
aplicaçoes práticas._ Outro
marco
significativo, objetode
uma
análise posterior maisaprofundada, foi a 'Lei n° 5692,
de
agostode
1971.Essa
leimodificou
completamente 'a atuação
do
ensinomédio no
Brasil, tornando compulsória aprofissionalização no Ensino
de
2° Grau.Neste periodo, início dos
anos
70,mesmo
com
aeconomia
brasileiraexperimentando
o
chamado
“milagre econômico”, os objetivos dessa leinão
foramplenamente alcançados.
.A aplicação dessa legislação
não promoveu
a esperadaprofissionalização nas escolas
de
2°Grau
poruma
sériede
situações,como
adificuldade
de
orçamento para equipar laboratórios, e aformação de
professores~ 4
Porém, as escolas técnicas
da
Rede
Federalde
Ensino diferenciavam-se das demais: seus cursos
de 4
anos, integrando o ensinode
2° grauao
técnico,possuíam
laboratórios equipados eum
corpo docente qualificado para atuar nestenivel
de
ensino. Assim, essas escolasdespontaram
epassaram
a obter resultadosexpressivos
com
uma
procurade
alunoscada
vez maior.Ocorreu, entretanto,
um
problema que, a partirdos anos
90,ficou
maisevidente,
que
foio
crescimento da procura pelo ensino superiorem
todas as regiõesdo pais. .O aluno
que
buscava o ensino técnico fazia-o pela sua qualidadee
gratuidade, porém, essa clientela,
em
sua maioria, buscavana
verdadeuma
boa
~ ~
preparação para
o
vestibular enao
uma
formaçaoque
o preparasse parao mercado
de trabalho e para a atuação
como
profissional técnico.~ ~
A
nova LDB,de
1996, inseriu transformaçoes profundasna educaçao
brasileira,
em
especial naEducação
Profissional. Foi extinto o currículo integrado (2°”grau e técnico) para o ensino técnico,
que
passou a constituiruma
modalidadeda
Educação
Profissional juntocom
os níveis Básico e Tecnológico. Já o EnsinoMédio
passou a integrar a
Educação
Básica,da
qualtambém
fazem
parte aEducação
Infantil e a
Educação
Fundamental.A
extinçãodo
currículo integrado provocou indefinições nasf.
~
instituiçoes,
que atuavam
fortemente neste nívelde
ensino.A
partirdo ano
2000,o
CEFET-PR
iniciou,em
suas seis Unidades,um
trabalho
baseado
nas novas Diretrizesda Educação
Profissionalde
nivel técnico,(Resolução
CNE/CEB
n° 04/1999) objetivando aconcepção de
um
modelo
própriode
estrutura curricular para a atuação neste nívelde
ensinoda
Educação
Profissional no Estado
do
Paraná.S
1.2
OBJETIVOS
DO TRABALHO
O
objetivo geral e os específicosdo
trabalho se concentram nadefinição de
uma
nova estrutura curricularque
atenda as novas diretrizes para estamodalidade
de
ensino eque
atenda asdemandas
das regiõesonde
estãolocalizadas as Unidades do
CEFET-PR.
1.2.1 Objetivo Geral
O
objetivo geral deste trabalho é aconcepção
deuma
estruturacurricular
que
norteie a implantação de cursosde
nivel técnico nas seis Unidadesdo
CEFET-PR,
baseado
nas novas diretrizes curriculares, já definidas pelo Ministério daEducaçao-MEC
para esse nível de ensino.1.2.2 Objetivos
Específicos
Obter
um
modelo
de estrutura curricularque
possa atender as novaspremissas e diretrizes estabelecidas para o ensino técnico, partindo de
uma
fundamentação
que
permita a construção deum
planejamento estruturadocom
aequipe gerencial de ensino e leve à
concepção de
uma
estrutura única para todas asUnidades do
CEFET-PR.
1.3
JUSTIFICATIVA E
IMPORTÂNCIA
DO TRABALHO
Durante toda a sua história o
CEFET-PR
destacou-se por sua atuaçãono setor educacional
do
Estado,em
especial na formaçãode
profissionais para a' 6
_
A
partir dasprofundas
mudanças
ocorridas recentemente para todos osniveis
da educação
brasileira, todas as instituiçõesde
ensinoque atuam no
niveltécnico
passaram
a adequar seus curriculos e cursos, para atender asnovas
diretrizes nacionais para aEducação
Profissional deste.nívelde
ensino.Assim, a partir
de
1998,o
CEFET-PR
não
abriu maisvagas
paraentrada nos cursos técnicos e parou
de
atuarnesse
segmento, pois necessitavaconceber
um
novo modelo,que
atendesse asnovas bases
legais etambém
seadaptasse a todas as suas Unidades
do
Estado. Outro grande desafio foi conceberum
novo modelo que
também
atendesse o novo tipode
alunoque
efetivamente iriabuscar este curso. Certamente,
não
seria omesmo
tipode
clientelaque o
faziaantes,
não
sóem
relação à sua faixa etária, sua situação sócio-econômica mas,principalmente,
em
relação às perspectivas destenovo
alunoem
relaçãoao
curso. Hoje, a busca é por cursosque
possibilitemuma
formação mais rápida,adequada
àsnecessidades
do mercado
atual, tanto paraquem
está fora destemercado
como
para
quem
busca amanutenção de
seuemprego
atravésde
uma
requalificação.Um
modelo
parauma
clientelaque
busca continuar seus estudosem
nivel superior,mas
que ao
mesmo
tempo não pode
largar seu trabalhoou
mesmo
esperar por três ouquatro
anos
até concluiruma
graduação para iniciaruma
atividade profissional.Este
desafio
constituio
cerne dos princípiosda
função das Instituiçõespúblicas
que
sepropõem
a atuarcom
a formação deste profissional.Os
professoresque
Iecionam nestas instituiçõesnão
trabalharão maiscom
a elitedos
alunosque
antes incrementavam as estatísticas de procuraque
- 7
cliente aqueles alunos
que
realmente necessitam destes cursos para entraremou
semanterem
num
mercado de
trabalho cada vez mais competitivo.1 .4
ESTRUTURA
DO TRABALHO
V
O
Capítulo 1 apresentouuma
introduçãoao
tema, identificandoobjetivos,
sua
justificativa e estruturação.h
O
Capítulo 2 mostrará afundamentação
teóricado
tema,abordando
aparte histórica e as bases legais
que
definem
a atuação das instituições para nestede ensino.
O
Capítulo 3 aprofundará a discussão sobre a implantaçãoda nova
Educação
Profissional noCEFET-PR,
e a priorização adotada parao
niveltecnológico. Será analisado o cenário
da
indústria,em
especial no Estadodo
Paraná,
onde
estão sediadas as Unidadesdo
CEFET-PR.
O
Capítulo4
apresentará as novas diretrizes para a implementaçãode
um
novomodelo
de estrutura curricular para os cursos técnicos. Será propostoum
estudo
que
viabilizeum
modelo
para estes cursos ecomo
se dará sua validaçãoem
todas as Unidades
que
compõem
oCEFET-PR
no Estado.O
Capítulo 5 apresentará as conclusõesdo
estudocom
sugestões eoutras
abordagens do
tema. Serão analisadas as inovações propostas pelomodelo
' 8
cA|=íTu|.o ||
A
r=uNoA|v|ENTAçÃo
rEóR|cA
2.1
A
EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL
NO
BRASIL
-
HISTÓRICO
DESDE
O
BRASIL
COLONIAL
Conhecer
opassado
éuma
formaeficaz de
entendero
presente eplanejar o futuro.
O
que
vivenciamos hoje no âmbitodas
reformas propostas para aeducação
profissional no país, eem
que
princípios elas foram norteadas,é
um
exercício
que
nos leva a retornar à origemda
história deste nívelde
ensino no Brasil.Assim
este capítulo desenvolveráum
estudo cronológico, concentrando-seem
seus
momentos
mais significativos,desde
o Brasil Colônia até os nossos dias, permitindofortalecer a visão
do
novo quadro legal hojeem
vigor para aeducação
profissional.2.1.1
A
Históriado
Ensino
Profissional e Ofíciosno
Brasil ColonialA
históriado
Ensino Profissional no Brasiltem
sua origemna chegada
dos jesuítas à Bahia
em
1549.A
primeiraação desses
jesuítas,na América
espanhola e portuguesa, foi pedagógica, através
da
evangelização dos indígenas.Com
otempo
.passou a ser introduzido pelos jesuítaso
ensinodas
artes e ofícios,que
em
princípio atendia às necessidadesdo
cotidianodas
pessoas.O
desenvolvimentodas
localidades trouxe, porém,um
problema aosjesuítas,
em
especialaos da
Companhia
de
Jesus, consideradosos
primeirosprofessores no Brasil.
Como
faltavam pessoas capacitadas para osmais
diversos' 9
tecelagem, ferraria e sapataria, necessitando repassar estes conhecimentos
de
forma a capacitar mais pessoas para executarem tais trabalhos.
Esse
ensinode
ofícios, no entanto, era mal vistoaos
olhosdo
povo,porque era destinado às categorias
de
baixa renda.A
partir daí já despontavauma
predisposição contrária às profissões manuais,
em
oposição àsque
eram
consideradas as profissões intelectualizadas. Estas últimas
eram normalmente
obtidas na Europa para os filhos dos mais abastados,
enquanto
os trabalhosmanuais, considerados mais pesados,
eram
repassadosaos
índios e escravos.Segundo Machado
(2000), a idéiade que
uma
formação' escolar éfundamental para inserção no universo
do
trabalho é relativamente nova.O
mundo
grego, no qual o trabalho era reservado
aos
escravos,não
a conheceu.Apenas
com
a revolução industrial do século XVIII, tal proposição foi consolidada, particularmente
a partir da enciclopédia (1751),
de
Diderot e D'Alembert.É
na enciclopédiaque
aparece pela primeira vez descrito o quadro
de ocupações da
época, eo que
sedeveria estudar para exercê-las.
As
primeiras escolas superioresde formaçao
profissional surgiram neste período.
2.1.2
O
inícioda
era industrialA
era industrial no Brasil teve seu efetivorecomeço
em
1°de
abrilde
1808, através donalvará
de
D.João
Vl,que
autorizava a instalação de fábricas, poisdesde
o alvaráde
5de
janeirode
1785, elasestavam
proibidasno
país.Podem
ser relacionados alguns eventos marcantes neste periodoe
que estavam
relacionados ao ensino técnico profissionalizante, taiscomo:
- 1808 -
Fundação da
real impressão, origemda
imprensa nacional;10
- 1809 - Criação
do
Colégiodas
Fábricas;-
1810
- Criaçãoda Companhia
dos Artifices; .- 1812 - Criação
da
Escolade
Serralheiros, Oficiaisde
Linha e Espingardeiros naCapitania
de
Minas Gerais;- 1816 - Criação
da
Escola Realde
Ciências, Artes e Ofícios. Estas escolas tinhamo
propósito
de
articular o ensinode
Ciências edo
Desenho
paraos
ofíciosmecânicos.
Durante a fase Brasil Império outros fatos evidenciaram a
não
valorização
do
ensino profissionalizante, a saber: '- 1824 -
A
Constituição Imperialdo
Pais, promulgada nesta data,não
tratava sobreo
ensino profissional;
- 1827 -
Aprovação da
primeira organizaçãodo
ensino público no Brasilcom
4
graus:. “Pedagógicos” - primário -_
. “Liceus” - preparo
ao
ginásio . “Ginásios” -humanidades
. “Acadêmicas” - ensino superior;
- 1830 - Apresentação
de
projetode
lei noCongresso
(que posteriormentenão
foiaprovado),
que
objetivava a instituiçãodo
ensino profissionalizante no pais;- 1834 -
A
Fundação do
“Imperial Colégio Pedro ll” antes “SeminárioSão
Joaquim”,onde
valorizava-se o ensino de especulações intelectuais (cultura humanística eliterária);
f 1889 -
A
Proclamação da República dos Estados Unidosdo
Brasil,em
15de
novembro de
1889.' 11
Neste período, portanto,
no
referente àformação
profissional no Brasil,registraram-se
apenas
decisões circunstanciais, especialmente destinadas a“amparar os órfãos e os
demais
desvalidosda
sorte”,assumindo
um
caráterassistencialista que
marcou
este nívelde
ensino na história brasileira.2.1.3
O
Ensino
Profissionalizanteno
Século
XX
No
iníciodo
século XX,o
ensino profissional continuou mantendo,basicamente, o
mesmo
traço assistencialdo
período anterior, isto é, ode
um
ensinovoltado para os
menos
favorecidos socialmente.A
novidade nesta fase foio
iníciode
um
esforço públicode
organização da formação profissional, migrandoda
principalpreocupação
com
o
atendimentode
menores abandonados
para outra, consideradaigualmente relevante,
de
preparar operários parao
exercício profissional.Em
1905, a Proposição n° 195 daCâmara
dos Deputados
habilitava,pela primeira vez na República, o Estado a destinar recursos financeiros para a
criação
de
escolas profissionais federais.Em
1906,o
então Presidenteda
República, Afonso
Augusto
MoreiraPena
(1847-1909), foio
primeiro presidente acolocar
em
sua plataforma de governo o ensino técnicoprofissional.Afonso
Pena
afirmou: “A criação e a multiplicação de institutosde
ensino técnico-profissional muito
podem
contribuirtambém
parao
progressodas
indústrias, proporcionando-lhes mestres e operários instruídos e hábeis”.
Em
23de
setembrode
1909,o
então Presidenteda
República, Dr. NiloPeçanha,
que
assumiu a Presidência substituindoAfonso
Pena, assinouo
histórico- 12
Artífices.
Em
16de
janeirode
1910, 19 escolas foram criadas incluindo ado
Paraná,dando
inicioao
ensino profissional no pais.Nilo
Peçanha
já vinha pregandono
Parlamento e atravésdos
jornais, avalorização e a multiplicação das profissões técnicas, procurando libertar o
ensino
de
ofíciosdo
estigmade
inferioridade social,que
omarcava
e omarginalizava.
Chegou
mesmo
a afirmarque
seconhecesse
os resultados.-
obtidos
com
o
ensino profissional na Suíça e na Bélgica,nao
teria criadoapenas
19 escolasmas
um
número
muito maior. (Bastos, 1998, p. 19)No
iníciohouve
problemasnão
só pela faltade
professores e 'mestresespecializados,
como também
pelo estigmaque
ainda perduravaem
serem
estasescolas destinadas aos pobres e desvalidos.
Nesta primeira fase o periodo escolar era contido
em
dezmeses,
com
aulas de oficinas,
sendo 4
horas diárias para os dois primeirosanos
e seis horasdiárias para os dois últimos,
num
totalde 4 anos
em
regimede
internato.Ao
todoeram
50 alunos para as aulas teóricas e30
para as práticas.Na
década de
20, aCâmara
dosDeputados promoveu
uma
sériede
debates sobre a
expansão do
ensino profissional, propondo a sua extensão a todos,pobres e ricos, e não
apenas
para os “desafortunados”. Foi criada entãouma
comissão especial
denominada
“Serviçode
Remodelagem
do
Ensino ProfissionalTécnico”,
que
teve seu trabalho concluido nadécada de
30, àépoca da
criaçãodos
Ministérios
da Educação
eSaúde
Pública edo
Trabalho, Indústria e Comércio, para' 13
`
.
A
Constituiçãode 1934
inaugurou, objetivamente,uma
nova
políticanacional
de educação ao
estabelecercomo
competênciasda
união, traçar asDiretrizes
da
Educação
Nacional e fixaro
Plano Nacionalde
Educação.A
Constituiçãode
1937, a primeira a tratardo
Ensino Industrial, instituiu aCooperação
entre a indústriae
o Estado.Com
esta Constituição, tratou-setambém
pela primeira vez das escolas Vocacionais e pré-Vocacionais,como
um
dever do Estado para
com
as classesmenos
favorecidas (artigo 129). Estaobrigação deveria ser cumprida
com
a colaboraçãodas
indústrias edos
sindicatoseconômicos, as
chamadas
classes produtoras,que
deveriam criar, na esferade
suaespecialidade, escolas
de
aprendizes, destinadasaos
filhosdos
seus operáriosou
.za
de seus associados. Esta era
uma
demanda
do
processode
industrializaçãodesencadeado
nadécada de
30,que
estava a exigir maiores e crescentescontingentes de profissionais especializados, tanto para a indústria
como
para
ocomércio e serviços.
Em
22 de
janeirode
1942, foipromulgado
o Decreto-Lei n° 4048,criando o Serviço Nacional
de Aprendizagem
Industrial -SENAI.
Getúlio Vargas,então Presidente da República, destinou à Confederação Nacional
da
Indústria, aorganização e direção
do SENAI, ficando
para o então Ministérioda Educação
eCultura, aprovar seu regimento.
Ao
SENAI
cabia:/
Realizar aaprendizagem
metódicaem
escolas;/
Dar assistência àsempresas
na aprendizagem realizada no localde
trabalho;~/ Colaborar na preparação e treinamento de supervisores
da
indústria;' 14
Em
30 de
janeirode
1942, foipromulgado o
Decreto Lei n° 4073,conhecido
como
Lei Orgânicado
Ensino Industrial,que
unificou a organização destenível de ensino
em
todo o país e estabeleceucomo
objetivo principal, a preparaçaoprofissional dos trabalhadores
da
indústria,dos
transportes,das comunicações e da
pesca, agora
em
nivelde
2° Grau, paraleloao
ensino secundário.O
ensino industrialcomeçou
a vincular-seao
conjuntoda
organização escolardo
país onde, permitia-seo ingresso
de
egressos dos cursos técnicosem
escolas superiores diretamenterelacionadas à sua formação profissional.
O
ensino industrial era ministradoem
doisciclos.
O
primeiro, de4
anos, visava formar artifices qualificados, e o segundo,de
3anos, visava formar o técnico.
Além
dos cursosde
dois ciclos, haviatambém
oscursos extraordinários e os avulsos.
As
escolas seriam então técnicas, industriais, artesanais ede
aprendizagem.
O
ensino de aprendizagempassou
a ser atribuiçãodo SENAI,
ministrado
em
tempo
variável e horário reduzido, pois destinava-se amenores que
trabalhavam na indústria. ›
_
Desde
sua promulgação a lei orgânica buscousempre
dois objetivosprincipais
que
eram:H
~/ o atendimento ás exigências tecnológicas
do
setor industrial;/
a equivalênciado
ensino industrialcom
o
ensino secundário. ,Embora
tenham
representadoum
esforçode
sistematizaçãoda
políticaeducacional brasileira, os textos das Leis Orgânicas
da
Educação
Nacionalmantêm
o caráter dualista da
educação ao
afirmarcomo
objetivodo
ensino secundário e' 15
formação
adequada
aos filhos dos operários, aos desvaliadosda
sorte eaos
menos
afortunados, aqueles
que
necessitam ingressarprecocemente
na forçade
trabalho.Todos
os esforços, porém, aindaesbarravam
em
preconceitos sociaisque
marginalizavam o ensino industrial. Até 1949,quem
houvesse
concluídoalgum
curso técnico e quisesse se candidatar a qualquer curso superior, deveria,
obrigatoriamente, freqüentar
o
curso secundário.Na
década
de
50, a equivalência entre os estudosacadêmicos
e profis-sionalizantes passou a ser admitida.
As
leis federais n.°s 1076/50 e 1821/53permitiram
que
os concluintes dos cursos profissionaispudessem
continuar estudosacadêmicos
nos níveis superiores,desde que
prestassemexames
das
disciplinasnão
estudadas naqueles cursos. _O
avanço
na tentativa da unificaçãodos
doissegmentos do
sistemaeducacional só se concretizou no início
dos
anos
60,com
a flexibilização eequiparação legal entre os diferentes
ramos do
ensino profissional, para finsde
ingresso nos cursos superiores, embora, na prática, continuassem a existir dois tipos
de
ensino público diferenciados.Bonamino
(1999)Em
20de
dezembro de
1961, foipromulgada
a Lei n° 4024,estabelecendo a primeira Lei
de
Diretrizes eBases da
Educação
Nacional.Com
estalei ocorreu a verdadeira equivalência e continuidade
de
estudos,parao
ensinoacadêmico.
Todos
osramos
e modalidadesde
ensinopassaram
a ser equivalentespara fins
de
continuidadede
estudosaos
níveis subseqüentes.O
ensino técnicoindustrial atingia
uma
posiçaode
igualdadeem
relaçaoao
ensino secundário.A
' 16
variações, seguindo a preferência
dos
estabelecimentosem
relação às matériasoptativas. '
`
Basicamente os curriculos
eram compostos
por três partes:W Uma
parte nacional-
constituidade
disciplinas obrigatórias, indicadas peloConselho Federal
de
Educaçao;~/
Uma
parte regional-
abrangendo
também
disciplinas obrigatórias,fixadas
pelosConselhos
de cada
Sistema;~/ Finalmente,
uma
parte própriados
estabelecimentos, cujas disciplinas seriamescolhidas pelas escolas entre as avaliadas pelo Conselho. .
-
Posteriormente, por -resolução
do
Conselho Federalde
Educação,cada
estabelecimento
pôde
organizar seus próprios curriculos,desde que
incluíssemcinco matérias obrigatórias.
Essas
matérias eram: Português, Matemática, História,Geografia e Ciências.
Os
cursospassaram
a ter a duraçãode
quatro anos. V2.2
DESENVOLVIMENTOINDUSTRIAL
-BREVE
HISTÓRICO
O
crescimentoda
indústriaem
um
pais e sua posiçãono
dominioda
tecnologia
sempre
influenciaram nasdemandas
dos
profissionaisformados
pelasinstituições
de
ensino.No
Brasil, esta situaçãosempre
foimarcada
poruma
certainstabilidade, pois fatores
econômicos
e politicosnão
permitiramum
desenvolvimento
autônomo
e segurode
nossa indústria, taopouco houve
investimentos
adequados
em
ciência e tecnologiaque
possibilitassemuma
clara-
17
Com
a globalização econômica,novas
plantas industriais foraminstaladas no Brasil e no Paraná,
o
que
trouxeuma
nova
exigênciade
profissionaisque atendessem
à expectativa destes novos mercados.2.2.1
As
fasesdo
desenvolvimento
industrialO
desenvolvimento histórico da indústria nomundo
pode
ser divididoem
trêsfases distintas.
A
primeira é ado
artesanato, na qualo
processode
transformação érealizado por
uma
só pessoade
forma manual, utilizando ferramentas simples.É
opróprio indivíduo
quem
prepara a matéria-prima, transforma-aem
produto edá o
acabamento
final.A
segunda
fase é ada
manufatura,um
pouco
maisavançada do
que
oartesanato,
mas
ainda precária. Ai já existeo
uso demáquinas
simples euma
certa divisao no trabalho: cada trabalhador realizauma
atividade diferente e estas secomplementam
no finaldo
processo.A
terceira fase surgiu a partirda
revolução industrial.A
Revoluçãoindustrial corresponde à revolução
do
processo produtivo, pois se deixoude
produziratravés da manufatura e se passou à
mecanização ou
mais especificamente, àmaquinofatura.
Nos
primeiros casos, ohomem
era o agente produtivo e a produçãoestava limitada por .sua habilidade e sua própria energia
ou
capacidade fisica.Neste, a produção é
comandada
por seu talento e criatividade, jáque o
esforçoficava por conta da
máquina
sob ocomando
do
homem.
(lanone, 1995) ›Historicamente a energia utilizada para a arrancada inicial
da
industrialização na
segunda metade
do
século XVIII, era obtida pelo carvão e ficou' 18
No
finaldo
século XIX,um
novoavanço
-sedefine
pela descobertado
método de
transformaçãoda
energia térmica eda
energiamecânica
em
eletricidade,por meio das usinas termoelétricas e hidroelétricas,
o
que
transformouo
processode
industrialização e foi
chamado
de
Segunda
Revolução Industrial.Neste período
surgem
importantes inventos e alguns recursostecnológicos
que
aceleram a produçãode máquinas
mais sofisticadas e fornecemenergia relativamente abundante para o funcionamento delas. Nesta fase,
o
processo de transformação industrial adquiriu
um
ritmo até então desconhecido,enquanto se desenvolveu
uma
divisãodo
trabalho muitobem
marcada,que
levou a~
extrema especialização
da
atividadede
cada trabalhador.Atualmente, a indústria entra
em
uma
nova fasede
sua evolução,que
seria a quarta fase.
O
trabalho tende a se automatizarde
forma radical. Percebe-sea entrada
numa
fasede
industrialização absolutamente automatizada ecoordenada
pela robótica.
É
sinônimoda
retiradado
homem
do
trabalho industrial,o que
poderálevar a
uma
conseqüente elevação das taxasde desemprego.
2.2.2
A
Organização
do
Trabalho IndustrialA
Revolução Industrial disseminou por todoo
globouma
nova
formade
trabalho: o assalariado. Junto
com
aexpansão do
assalariamento ocorretambém
um
processode
especialização profissionaldos
trabalhadores. Esta especializaçãoprofissional permitiu aos empresários
aumentar
a produção e osganhos
e assimsurgiram alguns sistemas
que
foram implantados nas indústrias,dando
um
novo
' 19
O
primeiro deles é o Taylorismoque
surgiuno
iníciodo
séculoXX,
porFrederick Taylor, engenheiro e economista norte-americano, considerado
o
criadorda
administração científica. Este sistema propunhauma
nova
forma de organizaçãodo
trabalho nas indústrias, caracterizada poruma
segunda
separaçãode
tarefas aserem
executadas pelos trabalhadores euma
segunda
divisão entre trabalhadoresadministrativos e executivos, de
um
lado, e operários,de
outro.A
produtividade era ameta
perseguida, e a formade
alcançá-Ia erao
rigoroso controle, pormeio da
medição
cronométrlca dotempo
em
cada
tarefa.O
segundo
processo criado nadécada de 20
por Henry Ford, fundadorda
Ford MotorCompany,
estabeleceuo
Fordismo,que
aperfeiçou as característicasdo
Taylorismomas
aprofundava a questão da produção eda
produtividade.`
A
meta
era levar a produção industrial auma
escala jamais vista, eassim foi implantada a linha
de montagem,
com
amáxima
especializaçãode cada
trabalhador,
porém
compondo
gruposde
tarefasque
secomplementam.
A
grande diferença entre os dois sistemas éque
para o Taylorismo,o
interesse maior estava na produtividade
do
operário,e
parao
Fordismo, nacapacidade
de
consumo
damassa
trabalhadora.O
terceiro sistema ou processode
produçãoque
se expandiu na~
atualidade e
que
teve origemno
Japao, foi implantado pelaempresa
automobilísticas Toyota.
Sua
principal característica é a quebrado que
foi fundamental nossistemas anteriores, ou seja, a especialização extremada
do
trabalhador.O
novo
~ 20
significa
que
cada operário na prática deve sercapaz
de
efetivamente realizar~
diferentes tarefas
no
processode
produçao. ~O
Toyotismo éum
sistemaque
surge no centrode
uma
sériede
transformações
que o
mundo
atualvem
sofrendo, especialmentecom
o avanço de
setores
como
osda
informática, telecomunicações, química pura e da biotecnologia,entre outras. Este processo
tem
sidochamado
de
revolução técnico-cientifica, ou,como
preferem alguns, de Terceira Revolução Industrial.Este novo sistema fez
com
que o
perfildo
trabalhador fosse -alteradonão
só para atender às novasdemandas
tecnológicasmas
para garantir a sualaboralidade.
Este novo profissional
também
passou a serbuscado
pelasempresas
no Brasil,
mesmo
porque,com
a globalização, muitasempresas
e indústriasmultinacionais aqui se instalaram
e
começaram
a definirem
seusmercados
os tiposde
profissionaisde
que
necessitavam. (Médice, 2001)2.2.3
A
Indústriano
Brasil~
O
processode
evolução históricada
industrialização no Brasilpassou
por
duas
datas significativas:1930
e 1956.Em
1930 houve
um
momento
de
grande turbulênciaeconômica
epolítica, conseqüência
de
uma
grave criseeconômica
mundial relacionadacom
o
famoso
crash da bolsade
valores deNova
York. GetúlioVargas
assumiupor
meio
da
Revoluçãode
1930. Estesanos
30 forammarcados
pelofim
do
poder absolutoda
atividade rural,no
caso a cafeicultura, e pela explosãode
uma
nova
atividade' 21
maior
de
unidades fabris visando atender aum
mercado
urbanocada
vez maiscrescente.
Medidas
governamentais foram decisivas para este processo,como
aConsolidação das Leis
do
Trabalho (CLT), o salário minimo, a carteira profissional,o
registro
do
trabalhador, férias remuneradas, odescanso semanal
remunerado, ajornada
de
8 horas, entre outras. Limites foram determinados para as importações,além
da
direçãode
investimentos estatais para a indústriade
base.Assim
foraminstaladas, entre outras, a
Companhia
Siderúrgica Nacional, aCompanhia
Valedo
Rio
Doce
e a Fábrica Nacionalde
Motores. Duranteum
periodode
25 anos, a partirda
Revolução de 30, considerando a depressãode 29
e asegunda
guerra mundial(1939 a 1945) o Brasil teve
um
crescimentoeconômico
significativo,sendo
esta faseconhecida
como
a Revolução Industrial Brasileira.O
segundo
momento
importante ocorreuem
1956. Juscelino Kubitchekassumiu o poder e estabeleceu
um
planode
metas,que
tinhacomo
slogan “crescercinqüenta
anos
em
cinco anos”.A
meta
foi desenvolver a indústria de base, investirna construção de estradas e hidroelétricas e fazer a extração
de
petróleocom
o
~
objetivo
de
levar o Brasil a serum
pais industrializado.Na
verdade, aaçao do
governo foi centrada
em
5 setores fundamentais: energia, transportes, alimentação,educaçao
e indústria.Houve
grande incentivo fiscal à entradade
capital estrangeiro, eindústrias
dos
setores automobilístico ede
eletrodomésticos estabeleceram-seno
pais.A
instauraçãodo
regime militar,em
1964, estabeleceuum
periodode
- 22
Na
década de
70, aexpansão
industrialacompanhou
transformações nocampo,
com
um
processode
mecanizaçao, acentuando no centro-sulum
quadrode
desemprego de
lavradores euma
conseqüente migração para as capitais.Na
década de
90, o Brasil iniciouuma
nova fase, a da globalizaçãoeconômica.
A
característica da globalização, no estágiode
hoje,é
a extremainterdependência
econômica
entre as nações,com
a acentuaçãodas
trocasde
mercadorias e a intensificação
do
fluxosde
capitais entre os diversos paísesque
seenvolvem no processo.
Este processo
também
exigiuo
fim
das
empresas
sob controledo
Estado. Esta situação favoreceu
empresas
com
capital estrangeiro,que
ampliaramos seus mercados.
As
indústriasde
ponta se estabeleceram e a automatizaçãodas
fábricas aumentou.
Um
novo perfil dos profissionais passou a ser exigido.Não
só oprofissional multifuncional,
mas
aquele profissional pró-ativo,permanentemente
preocupado
com
sua qualificação profissional ecom
visão empreendedora,capaz
de rapidamente inserir-se dentro
do
contexto dos novos mercados. _2.3
A
Lei n° 5692/71 (osproblemas
da nova
reformana educação)
Em
11de
agostode
1971, foi promulgada a Lei n° 5692, anova
Leide
Diretrizes e
Bases da
Educação. Esta nova lei fixava as novas diretrizes ebases
para o ensino
de
1° ede
2° Graus, tendocomo
foco principal a constitucionalizaçãodo
ensino profissionalizante obrigatórioem
todo o país.V
O
milagreeconômico do
inicio dosanos 70
e a “revoluçãono
ensino”- '23
ensino técnico, no
modelo
proposto,o “modelo
ideal” para oque
sebuscava
implantar.
H
-
Algumas
conseqüências imediatas ocorreram,como
a eliminaçãodo
1°ciclo (curso industrial), a implantação exclusiva
do
2° ciclocom
os cursos técnicosindustriais,
com
duraçãode
quatro anos, incluindoo
estágio, e o funcionamento dasescolas
em
três turnos, terminandocom
o
chamado
tempo
integral.Ao
finaldo
quarto ano, concluído o estágio, era fornecido
o
diplomade
técnico industrial.Como
característicafundamental, implantada por toda a rede
de
ensino,os
cursos técnicospossuíam
o curriculo integradoao
ensino médio,o
que
possibilitava ao aluno,com
aconclusão
do
terceiro ano, receber o diplomade
conclusãodo
ensinode
2.° Grau.Isso permitia
o
prosseguimento de estudosde
nível superior, e forneciao
certificadode
auxiliar técnico, oque
já possibilitava sua inserçãono
mercado de
trabalho.Durante o processo de implantação e durante alguns
anos
iniciais,certas habilitações regulamentadas
não possuíam
número de
horas e conteúdosque
possibilitassemuma
efetiva profissionalização.Além
disso, o'mercado
em
algumas
áreas já era razoavelmente reduzido,o
que
centrou a ofertados
cursosem
áreas, principalmente as
da
indústria,que
demandassem
uma
maior procura.A
faltade
professores especializados ede
recursos financeiros para equiparapropriadamente os laboratórios, inviabilizou a oferta
dos
cursos técnicos, pelomenos
daqueles para os quaisnão
haviamercado de
trabalho definido. lsso ocorreuna grande maioria das Escolas.
Nesta época, as escolas
que não
pertenciam àRede
Federalde
ensinonão
conseguiram adequar-se à nova legislação, eo
que
se viu foi a proliferaçãode
- 24
por motivação politico-eleitoral
do que
pordemanda
realda
sociedade.Cursos
nasáreas
de
administração, datilografia, comércio, entre outras, foram explorados poisnão
requeriam altos custos para a implantação e manutenção._
A
reforma foium
processo terminal.Há
quem
digaque
ela foi vencida~
pelo formulismo e conservadorismo
do
setor educacional. Esta análisenao
reflete a verdade. Ela é frutodos
que
querem
justificar o erroda
proposta legal.A
verdade éque
não
levaramem
conta a realidade brasileira: as escolasnão
possuíam
infra-estruturaadequada
-
suas adaptações resultariamem
imensos
gastos, os professores
não
tinham o perfil para este tipode
ensino. (Peil, 1998,p. 25)
Os
efeitos desta lei foram reduzidoscom
a Lei Federal n.° 7044/82,que
tornou facultativa a profissionalização
no
ensinode
2° Grau,o que de
imediato levouestes cursos a
serem
ofertadossomente
pelas escolas especializadas. VAssim, a credibilidade
das
Escolas Técnicas Federaisaumentou
pois,por histórico,
possuíam
professores qualificados e ambientes físicos ede
laboratórios razoavelmente
adequados ao que
se pretendia para a formaçãoprofissional deste nivel. _
Segundo Cunha
(1988), os professores, especialmentedas
escolastécnicas federais,
temiam
pela desvalorizaçãodo
ensino técnicoque
ofereciam,em
~
funçao de outras ofertas
descomprometidas
com
a qualidadeque
sempre
caracterizou essas escolas.
Durante a
década de 70
e 80, o crescimento deste sistema foisignificativo, o
que
levou à consolidação destemodelo
curricular integrado, 2°- -25
A
alta na procura pelacomunidade pode
sercomprovada
pelasestatísticas dos
exames
seletivos para estes cursosno
período de1992 a
1996,-conforme anexo»1.
Há
que
se ressaltartambém
que,após
a implantaçãoda
Lei n°~
5692/71,
houve
um
marco
histórico na atuaçaodas
Escolasda
Rede
Federal, apublicação da Lei n° 6545,
de
30de
junhode
1978, publicada no Diário Oficialda
União
de 4 de
julho de 1978, transformando as Escolas Técnicas Federaisdo
Paraná, Minas Gerais e Celso
Suckow
da Fonseca
(Riode
Janeiro),em
CentrosFederais
de
Educação
Tecnológica.A _
Esta lei foi regulamentada pelo Decreto n°
87310 de
21de
junhode
1982, e
define
em
seu artigo 3° eem
seus incisosde
I a Vll as característicasbásicas dos entao
CEFETs.
Segundo
o artigo 3°da
referida Lei são caracteristicas básicasdos
Centros Federais
de Educação
Tecnológica:~/ Integração
do
ensino técnicode
2° graucom
o ensino superior;~/ Ensino superior
como
continuidadedo
ensino técnicode
2° Grau, diferenciadodo
sistema
de
ensino universitário;/
Acentuação
na formação especializada, levando-seem
consideração tendênciasdo
mercado de
trabalho edo
desenvolvimento;~/ Atuação exclusiva na área tecnológica; .
`
~/
Formação de
professores e especialistas para as disciplinas especializadasdo
ensino técnico de 2° Grau; .
6
~/ Realização