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Valorização paisagística da margem do rio Rabaçal no concelho de Valpaços

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista

Valorização paisagística da margem do rio Rabaçal no concelho de

Valpaços

Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista

Fausta Catarina Morais Mendes

(2)
(3)

III

Dissertação de Mestrado apresentada

para o efeito de obtenção de grau de

Mestre em Arquitetura Paisagista, de

acordo com o disposto no Decreto-lei nº

216/92, de 13 de Maio.

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(5)

V

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista

Valorização paisagística da margem do rio Rabaçal no concelho de

Valpaços

Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista

Autor: Fausta Catarina Morais Mendes

Orientador

:

Professor Doutor António da Silva Pinto de Nazaré Pereira

Júri: Professor Doutor Domingos Lopes

(6)
(7)

VII

Aos meus pais e irmão.

Aos meus grandes amigos.

As doutrinas apresentadas são da inteira

responsabilidade do autor.

(8)
(9)

IX

Dedicató ria

A todas a pessoas que me acompanharam nesta batalha.

Será um breve agradecimento comparado com o longo percurso. Muito tiveram

que aturar, apoiar, por vezes mostrar qual seria o melhor caminho, encorajar e

sobretudo estarem ao meu lado mesmo nos piores momentos.

Ao caríssimo professor Doutor António da Silva Pinto de Nazaré Pereira, que

esteve sempre presente e me deu força no momento em que estive prestes a desistir,

por todos os ensinamentos, conhecimentos transmitidos e sobretudo paciência. Desde

um muito obrigado

. Vou daqui uma pessoa melhor e com uma nova visão da vida.

Aos meus queridos pais, que sempre lutaram para me dar um futuro melhor e

estiveram comigo em todas as situações, que sei que não foram fáceis. Escusado será

dizer que são os meus pilares e o meu refúgio, sem eles não seria a pessoa que sou hoje,

isto é por vós. A vós, um muito obrigado.

Ao meu irmão, que sempre me deu força e me disse “Tu consegues, Tu és capaz”.

A ti Susana, que ao longo destes 8 anos, estiveste lá, para me abrir os olhos e ter

sempre o teu ombro amigo, melhor amiga, uma irmã que nunca tive, a ti o mais sincero

obrigada.

A ti Batilde, por todos os momentos que passamos, por seres a amiga que és, e

por estares lá quando precisei, podemos finalmente dizer “conseguimos!” a ti um

grande obrigada “estamos juntas”.

A ti Joana, por toda a paciência, sei que não deve ter sido fácil aturar-me. Um

enorme obrigado.

Foram tantos, que por muito ou pouco marcaram este meu percurso, a ti David,

Marcelo, Elisa, Soraia, Marli, Antunes, Sílvia, Hugo que tornaram estes últimos anos, em

algo especial, e que nunca me deixaram desistir, momentos que vou levar para a vida,

amizades que nunca vou deixar morrer.

(10)

X

Aos meus amigos Marisa, Miguel, Beto e Pedro, que depois de muitas tormentas

sempre estiveram lá nos últimos momentos deste percurso, onde toda a agonia, stress,

ansiedade, se torna em esperança, tranquilidades, sucesso e acima de tudo amizade.

A ti Kiki, que apesar desta recente amizade, te tens tornado uma amiga como já

existem poucas, a ti um obrigado pelos ensinamentos, pela confiança, por me mostrares

que nesta vida ao lutarmos, o sabor da conquista é único, por estares presente durante

este ultimo ano, do qual, como tu sabes foi duro, mas hoje podemos dizer que tudo na

vida tem uma explicação. Obrigada.

A vida pode tomar outros rumos, mas o que se viveu, permanece guardado em

nossa memória, a vós, um gigante obrigado.

Aos professores com quem tive o privilégio de me cruzar, e que me transmitiram

os conhecimentos para eu nos dias de hoje conseguir ser a pessoa que sou, a nível

profissional, mas também pessoal.

A todos um muito obrigada, por nunca me deixarem desistir, com todas as

controvérsias que a vida nos tem dado, incentivando, apoiando, mas acima de tudo por

me ensinarem a ser uma pessoa melhor, que acredita nas capacidades que tem, e

sobretudo a lutar pelos objetivos que anseia, eliminando a palavra desistir do seu

dicionário.

Obrigada!

Sem vocês não seria capaz

(11)

XI

“Curiosidade, criatividade, disciplina e especialmente paixão são algumas exigências para o

desenvolvimento de um trabalho criterioso, baseado no confronto permanente entre o desejo e a

realidade.”

(12)
(13)

XIII

Valorização paisagística da margem do rio Rabaçal no concelho de

Valpaços

Resumó

Visto a zona ser portadora de uma paisagem única, torna-se importante que esta área seja devidamente planeada, ordenada e gerida, aproveitando todas as características que ela detém, conseguindo desta forma, aproveitar o melhor, que é o espaço natural, mas de uma forma controlada e pensada ao pormenor, para que, esta intervenção não afete a sua sustentabilidade, o seu caracter e a sua essência. Para tal, é essencial que o “genius loci”, das margens do rio Rabaçal, seja mantido, para transmitir uma paisagem de valor inigualável que ali se encontra.

Foram delineadas metodologias, tendo como base as regras gerais determinadas num PIER e, posteriormente foram propostas estratégias que visam a promoção, conservação do local e, valorização e preservação do seu património cultural, natural e histórico.

Para tal, o Arquiteto Paisagista, conhecedor e capacitado, existe para exercer um ordenamento do território eficaz, que visa manter a sustentabilidade do local, a nível ecológico e natural, mas também, conseguir conjugar todas as vertentes ecológicas com património cultural e natural, numa interação credível e equilibrada com a sociedade.

Palavras-Chaves: Rio Rabaçal; Avaliação da paisagem; Planeamento e ordenamento da

(14)
(15)

XV

Abstract

As this region has a unique landscape, it becomes important that this area be properly planned, ordered and managed, taking advantage by all features that it holds, taking, this way, its best, which is the natural space, in a controlled way and detailed thought, so that, this intervention doesn’t affect its sustainability, its feature and its essence.

For this propose it is important that “genius loci” of Rabaçal river’s margins be maintained, to communicate an unequaled quality landscape that is found there. For that, were traced methodologies, based on general rules set in a PIER, and after, strategies that aim the local’s promotion and preservation, such as its cultural, natural and historic heritage’s promotion and preservation, were proposed.

For this propose, the Landscape Architect, expert and trained, exist to practice an effective territorial planning, which aims to keep the local’s sustainability, both at ecological and natural, but also to be able to conjugate all ecological strands with the cultural and natural heritage, in a credible and balanced interaction with the society.

Key-words:

The river Rabaçal; Landscape Assessement;

Planning and land use planning

landscape;

Planning territory; Sustainability.

(16)
(17)

XVII

1 Índice

Dedicatória ... IX Resumo ... XIII Abstract ... XV 1 Índice ... XVII Índice de figuras ... XX Índice de tabelas ... XXI Índice de Anexos ... XXI

Capítulo I – Introdução ... 1

1.1 Condições preliminares... 3

1.2 Justificação e importância do tema ... 3

1.3 Objetivos ... 4

1.4 Estrutura da dissertação ... 4

Capítulo II – Revisão bibliográfica ... 7

1 O concelho de Valpaços ... 9

2 O rio Rabaçal: Breve caracterização ... 10

2.1 Localização e enquadramento ... 10 2.2 Hipsometria... 11 2.3 Clima ... 13 2.4 Geologia e geomorfologia ... 14 2.5 Orografia ... 15 2.6 Hidrologia e hidrogeologia ... 16

2.7 Uso e ocupação do solo ... 17

2.8 Descrição geral da flora ... 19

2.8.1 Matos ... 19

2.8.2 Bosque de folhosas ... 20

2.8.3 Prados de montanha ... 20

2.8.4 Campos agrícolas ... 21

2.9 Descrição geral da fauna ... 21

2.10 Afluentes do rio Rabaçal ... 22

2.10.1 Rio Calvo ... 22

2.10.2 Rio Torto ... 23

2.10.3 Baias do Cachão ... 24

(18)

XVIII

2.11.1 Moinhos da margem direita do rio Rabaçal ... 25

2.11.2 Lagares rupestres ... 25

2.11.3 Aldeia do Cachão ... 27

2.11.4 Fontes de abastecimento de água ... 28

2.11.5 Caminhos romanos – Via Augustas XVII ... 30

2.11.6 Percursos de BTT ... 31

Capitulo III – Metodologia ... 33

Capítulo IV - Estudos de caraterização das margens do rio Rabaçal ... 39

1.1 Avaliação do caráter da paisagem ... 41

1.2 Caraterização da paisagem ... 41

1.3 Localização e enquadramento das margens do rio ... 42

1.4 Flora predominante ... 43

1.5 Fauna predominante ... 47

1.6 Património cultural e natural ... 47

1.7 Património arqueológico e arquitetónico ... 48

1.7.1 Moinhos da margem direita do rio Rabaçal ... 48

1.7.2 Ponte romana sobre o Rabaçal ... 49

1.7.3 Ponte do Arquinho ... 49

1.7.4 Açude do Cachão ... 50

1.7.5 Açudes do Rabaçal ... 51

Capítulo V – Proposta ... 53

1. Estratégia ecológico-ambiental ... 57

Valorização, conservação e preservação ... 57

Objetivo 1: Património arquitetónico e arqueológico ... 57

A: preservação, conservação e manutenção dos elementos patrimoniais arqueológicos e arquitetónicos existentes ... 58

B : Criação de infraestruturas de apoio (sanitárias e desportivas) ... 61

Objetivo 2: Coberto florestal ... 61

A: reflorestação e controlo de espécies ... 61

Proteção de áreas restritas para a conservação da biodiversidade ... 62

B: valorização e proteção das linhas de água e faixa da galeria ripícola existente ... 62

Objetivo 3: Coberto faunístico ... 63

2. Estratégia sociocultural ... 64

(19)

XIX

Objetivo 5: desenvolvimento turístico e regional ... 65

A: (re) criação de zonas com aptidão para recreio e lazer ... 66

B: centro interpretativo do ambiente e biodiversidade do Rabaçal ... 67

Promoção de atividades no âmbito da interpretação da natureza ... 67

Fomentação do turismo de natureza ... 67

Promoção da investigação científica ... 68

Promoção do património cultural – histórico existente ... 68

C: turismo de natureza com base no ecoturismo ... 68

D: criação de percursos interpretativos ... 69

E: reforço da sinalética nas Vias Augustas XVII ... 70

F: Criação de passadiços de madeira ... 71

G: Criação de uma ciclovia mista... 72

Objetivo 6: promoção e divulgação da paisagem ... 72

A: promoção do local e respetiva divulgação ... 73

Capitulo VI – Análise e Critica da proposta ... 75

Capitulo VII – Conclusões ... 89

Referências bibliográficas ... 95

(20)

XX

Í

NDICE DE FIGURAS

FIGURA 1-LOCALIZAÇÃO E ENQUADRAMENTO DA ZONA DE INTERVENÇÃO ... 9

FIGURA 2-VISTA ÁREA SOBRE PARTE DO CONCELHO DE VALPAÇOS. ... 10

FIGURA 3-MARGENS DO RIO RABAÇAL ... 11

FIGURA 4-CARTA DE ALTIMETRIA CONCELHO VALPAÇOS ... 12

FIGURA 5-DIVERSAS VISTAS SOBRE O CONCELHO DE VALPAÇOS ... 13

FIGURA 6-CARTA DE DECLIVES DO CONCELHO DE VALPAÇOS ... 14

FIGURA 7-VISTA DA SERRA DA PADRELA ... 15

FIGURA 8-VISTA SOBRE O LEITO DO RIO RABAÇAL, OBSERVADO A PARTIR DA PONTE ROMANA ... 15

FIGURA 10-REDE HIDROGRÁFICA DO CONCELHO DE VALPAÇOS ... 16

FIGURA 9-VISTA DO RIO RABAÇAL, NAS MARGENS DA ALDEIA DO CACHÃO ... 16

FIGURA 11-ESTRADA NACIONAL, SENTIDO POSSACOS -VALPAÇOS ... 19

FIGURA 12-VISTA AÉREA PARTE DO CONCELHO VALPAÇOS. ... 19

FIGURA 13-BOSQUE DE FOLHOSAS, JUNTO DAS MARGENS ... 20

FIGURA 15-EXEMPLAR DE ALGUMAS ESPÉCIES PRESENTES NA ZONA ... 20

FIGURA 14-VISTA PARA A MONTANHA ... 20

FIGURA 16-CAMPOS AGRÍCOLAS DO CACHÃO ... 21

FIGURA 17-VISTAS SOBRE ALGUNS LOCAIS DO RIO CALVO ... 23

FIGURA 18-PONTE ROMANA SOBRE O RIO TORTO ... 23

FIGURA 19–VISTAS SOBRE AS BAIAS DO CACHÃO ... 24

FIGURA 20-MAPA COM O PERCURSO DA ROTA DOS LAGARES RUPESTRES NO CONCELHO DE VALPAÇOS ... 26

FIGURA 21-LAGARES, CANAL E "LAGARETAS" CRAVADAS NA ROCHA ... 27

FIGURA 22-ALDEIA DO CACHÃO ... 27

FIGURA 23-CAPELA DO CACHÃO RECONSTRUÍDA ... 27

FIGURA 24-FONTE DE CHAFARIZ EM GRANITO ... 28

FIGURA 25-FONTE DE CHAFARIZ ... 28

FIGURA 26–PIA DA FONTE DE CHAFARIZ ... 28

FIGURA 27-ANTIGO “GARAVANO” ... 29

FIGURA 28-MARCO FONTANÁRIO ... 29

FIGURA 29-CARTA DE UM DO PERCURSO DAS VIAS AUGUSTAS XVII... 30

FIGURA 30-CARTA DE UM DOS PERCURSOS DE BTT DO CONCELHO DE VALPAÇOS ... 31

FIGURA 31-ESQUEMA METODOLÓGICO ... 35

FIGURA 32–CARTA REFERENTE A ÁREA DE INTERVENÇÃO ... 42

FIGURA 33– MARGENS DO RIO RABAÇAL JUNTO A AÇUDE Nº2 ... 43

FIGURA 34-MARGENS DO RIO RABAÇAL, JUNTO A PRAIA FLUVIAL DE MIRADESES ... 44

FIGURA 35–MARGEM JUNTO PARQUE DE CAMPISMO ... 45

FIGURA 36-VISTA PARA A AÇUDE DO PARQUE DE CAMPISMO ... 46

FIGURA 37-BAÍAS DO CACHÃO ... 47

FIGURA 38-RESTOS DE PEÇAS PERTENCENTES AO MOINHO DO CACHÃO ... 48

FIGURA 39-PONTE ROMANA ... 49

FIGURA 40-PONTE DO ARQUINHO ... 49

FIGURA 41-VISTA DO ARCO PELO SEU INTERIOR ... 50

FIGURA 42-AÇUDE DO CACHÃO ... 50

FIGURA 43-AÇUDE VISTA NO MEIO DO RIO RABAÇAL ... 50

FIGURA 44-AÇUDE JUNTO PARQUE CAMPISMO ... 51

FIGURA 45-AÇUDE Nº2 ... 51

(21)

XXI

FIGURA 47-PERSPETIVA DA PONTE ... 79

FIGURA 48-PASSADIÇOS DE MADEIRA ... 79

FIGURA 49–CAMINHOS DA ECOVIA ... 80

FIGURA 50-CAMINHOS JUNTO A MARGENS ... 80

FIGURA 51-CAMINHOS JUNTO A MARGENS ... 81

FIGURA 52-FOTOGRAFIA DE UM DOS TRAJETOS DA ECOVIA... 82

FIGURA 53–VISTAS SOBRE A ÁREA DE PATEIRA DE FROSSOS ... 84

FIGURA 54-IMAGEM ILUSTRATIVA DE UM DOS PERCURSOS ... 85

FIGURA 55–RIO BEÇA ... 86

FIGURA 56-PONTE PEDRINHA ... 87

FIGURA 57-VISTA SOBRE O PARQUE JUNTA A MARGEM ... 87

Í

NDICE DE TABELAS TABELA 1- USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ... 18

TABELA 2 - ESTRATÉGIAS E OBJETIVOS GERAIS RESPETIVOS A DESENVOLVER NO PLANO DE ORDENAMENTO, PLANEAMENTO E GESTÃO PARA O VALE E ENCOSTA DO RIO RABAÇAL ... 55

TABELA 3 -PRINCIPAIS MEDIDAS A TOMAR PARA OS ELEMENTOS DE INTERESSE PATRIMONIAL E MEDIDAS A TOMAR ... 60

Í

NDICE DE

A

NEXOS

Desenho nº1 – Enquadramento

Desenho nº2 – Património natural/cultural

Desenho nº3 – Património arquitetónico e arqueológico

Desenho nº4 – Património arqueológico e arquitetónico da margem direita do rio Rabaçal Desenho nº5 – Zona da galeria ripícola preservar

Desenho nº6 – Estratégia de planeamento, ordenamento e gestão para o vale e envolvente do Rabaçal

Desenho nº7 – Localização do centro interpretativo Desenho nº8 – Percursos de BTT

Desenho nº9 – Percursos interpretativos Desenho nº10 – Equipamentos adequados Desenho nº11 – Localização das áreas recreativas

(22)
(23)

1

(24)
(25)

3

1.1 C

ONDIÇÕES PRELIMINARES

A sociedade em geral, e cada um de nós no seu dia-a-dia, tem vindo, progressivamente, a dar maior atenção e importância às questões relacionadas com o ambiente, com os recursos hídricos e ao tributo para a qualidade de vida que pretendemos sempre melhorar. A sua importância resulta do facto de as zonas ribeirinhas serem zonas de grande valor para a conservação da natureza e da biodiversidade e desempenharem, também, um papel essencial no quadro de uma gestão moderna dos recursos hídricos, visando a proteção dos ecossistemas que lhe estão associados e proporcionando maior valor económico, social e ambiental.

Uma zona rural é um espaço compreendido no campo. É uma região não urbanizada, destinada a atividades da agricultura e pecuária, extrativismo, turismo rural, silvicultura ou conservação ambiental.

Visto a zona ser portadora de uma paisagem única, torna-se importante que esta área seja devidamente planeada, ordenada e gerida, aproveitando todas as características que ela detém, conseguindo desta forma, aproveitar o melhor que é o espaço natural, mas de uma forma controlada e pensada ao pormenor, para que esta intervenção não afete a sua sustentabilidade, o seu caráter, a sua essência.

Visto que se enquadra na região de Trás-os-Montes , N-E transmontano, com caráter rural, e estas características são cada vez mais procuradas pela sua essência, e beleza natural, é importante que exista um plano de planeamento sustentável, o qual é apresentado nesta dissertação.

1.2 J

USTIFICAÇÃO E IMPORTÂNCIA DO TEMA

As estruturas ecológicas são um dos elementos importantes, devido ao seu caráter multidisciplinar, visto que funciona como um equilíbrio rural, neste caso, proporcionando não apenas benefícios ecológicos (e ambientais), como também serviços sociais e económicos, funcionando como três pilares da sustentabilidade.

Este tema foi escolhido, sobretudo para que exista um equilíbrio funcional entre a ação humana e o espaço natural em si. Portador de uma vastíssima área florestal, agrícola e ribeirinha, esta área tem necessidade de ser ordenada, para que não exista sobre-exploração de determinados recursos, e sobretudo uma má gestão.

Para tal o Arquiteto Paisagista, conhecedor e capacitado, existe para exercer um

(26)

4

natural, mas também conseguir conjugar todas as vertentes ecológicas com património cultural e natural, numa interação credível e equilibrada com a sociedade.

1.3 O

BJETIVOS

A presente dissertação incide no âmbito de uma proposta de valorização paisagística da margem do rio Rabaçal no concelho de Valpaços que tem como objetivos:

 Reaproximar a população da zona ribeirinha elevando o rio como meio de valorização e dinamização à criação de espaços recreativos e de contemplação da natureza acessível a todos;

 Reconhecer os principais problemas e necessidades do local e respetivos condicionalismos à edificação na zona ribeirinha da margem;

 Reconhecer estratégias de valorização para o desenvolvimento do local de forma a torná-la num local de atração turística da região;

 Potencializar a utilização dos espaços verdes com extremo potencial adequados para todos os grupos etários;

 Requalificação das zonas balneares e novas criações em locais específicos, tornando-as mais apelativas e dinâmicas;

 Tornar o local mais visitado e utilizado pela população dando assim um novo e melhorado uso do mesmo.

1.4 E

STRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação encontra-se estruturada resumidamente em sete capítulos. No capítulo I podem ser encontrados elementos de uma primeira abordagem à temática do presente trabalho e relativo tema.

No capítulo II procede-se a uma revisão bibliográfica sobre o território onde se encontra a área de estudo em causa, que posteriormente irá servir para uma análise e melhor compreensão do local, tanto a níveis biofísicos como antropogénicos.

No capítulo III pode encontrar-se uma descrição e uma abordagem metodológica para a realização do presente trabalho, não esquecendo a discriminação das diferentes etapas do processo, incluindo a recolha de informação e respetiva interpretação.

O capítulo IV é uma revisão bibliográfica, esmiuçada para o local, no que respeita ao ambiente físico e biofísico onde são investigadas as condicionantes que fazem parte da paisagem do rio de Rabaçal, não esquecendo a sua caraterização a nível paisagístico.

(27)

5

O capítulo V é apresentada uma proposta, com uma estratégia de planeamento e ordenamento da área delimitada para a presente dissertação, apresentando todos os planos propostos, que vão desde medidas e objetivos pretendidos para a área, para assim conseguir obter um planeamento e ordenamento equilibrado e sustentável.

O capítulo VI apresenta uma análise e crítica à proposta, justificada com casos de estudo, que permitem avaliar a viabilidade das medidas propostas.

(28)
(29)

7

(30)
(31)

9

1

O concelho de Valpaços

Com uma superfície de 553,5 km² e 16876 habitantes, o concelho de Valpaços apresenta um povoamento rural com tendência para se organizar de um modo ordenado ao longo das vias de comunicação ou em pequenas concentrações, apesar de algumas concreções isoladas, tendentes para a dispersão.

Aquando da realização do último recenseamento geral da população (2011), Valpaços tinha uma densidade populacional de 30,8 habitantes/ km² (PORDATA (2011)).

No concelho a distribuição geográfica da população configura-se, essencialmente, na concentração em torno de três grandes freguesias: Valpaços, Carrazedo de Montenegro e Vilarandelo. É ainda de salientar que estas freguesias se situam no cruzamento das principais vias de comunicação que atravessam o concelho.

(32)

10

2 O rio Rabaçal: Breve caracterização

2.1 L

OCALIZAÇÃO E ENQUADRAMENTO

Legenda:

Núcleos habitacionais: Valpaços, Possacos, Rio Torto, Valverde, Mirandela

Zonas destacadas para intervenção: 1- Parque Campismo 2- Aldeia do Cachão 3- Miradeses Figura 2- Vista área sobre parte do concelho de Valpaços. (Fonte: Googlemaps (2007); Adp.)

(33)

11

Rio Rabaçal encontra-se localizado entre os concelhos de Mirandela e Valpaços, servindo de fonteira entre os dois concelhos (Fig.2).

Por opção e depois de muita ponderação, o trabalhado será somente relativo à margem direita deste.

O seu percurso é traçado ao longo do vale que serve de encosta às aldeias de Possacos, Valverde e Miradeses. Ao longo deste percurso encontram-se vários açudes (Fig.3), alguns naturais outros construídos por ação do homem, para se conseguir aproveitar os benefícios que a passagem desta linha de água oferece. Não esquecendo os moinhos que, infelizmente, nos dias de hoje se encontram em ruínas e em alguns casos somente se encontram vestígios desta existência.

A cerca de 10 minutos do núcleo urbano, estes locais, que foram destacados para intervenção, não deixam de ser bastante frequentados. Trata-se de uma zona bastante rural, onde os declives são bastante acentuados, e onde predomina a atividade agrícola. Pode ser observado na figura 2 uma mancha florestal, bastante extensiva, representada pelas cores verdes e agrícola um pouco mais reduzida, a cor castanho terra e os núcleos habitacionais, com dimensões reduzidas.

2.2 H

IPSOMETRIA

Segundo o autor Briot (1946), observa-se plataformas planas colocadas a diferentes níveis, sobretudo mais presentes no relevo transmontano. Sendo o concelho de Valpaços, um território de esplendor único, onde os elementos naturais e humanos marcam pela diferença.

(34)

12

Os grandes valores naturais, tais como o vale que abriga as linhas de água dos rios principais e por consequente, os seus afluentes, oferecem um grande valor cénico ao local.

Características específicas e com altos contrastes existentes neste território, onde existe uma expressão geológica do maciço de granito e xisto, oferecem desta forma uma paisagem única.

Há que salientar os pontos mais elevados, como é o caso da serra da Padrela, ponto este com 1148m, e um pouco mais abaixo a serra da Santa Comba que se eleva ate aos 1013m (Fig.4).

Um ponto também bastante importante é o fosso tectónico, segundo geólogos, se encontra na linha de percurso do rio Rabaçal, conseguindo assim características bioclimáticas diferentes do resto do concelho. Como se pode verificar na figura 4, junto à margem do rio

(35)

13

Rabaçal, existe uma gradual elevação sobretudo num certo ponto onde o rio se encaixa num estreito canal e percorre alguns quilómetros naquelas condições, até que volta a começar a alargar encontrando locais amplos e com pouca inclinação, mais precisamente junto ao enlace com o rio Torto.

Todas estas diferenças altimétricas dão características ao lugar com paisagens únicas e com grande variedade tornando-se agradável apreciar (Fig.5).

2.3 C

LIMA

O clima da região é descrito pelos valores climatológicos relativos à região e meteorologicamente estudados.

Visto não existir nenhuma estação meteorológica sediada em Valpaços são utilizadas as das Pedras Salgadas, Chaves e Mirandela.

Condições, como por exemplo, localização geográfica, latitude, circulação atmosférica, não esquecendo os fatores locais, como por exemplo a proximidade ao mar, cadeias montanhosas, a própria natureza e revestimento do solo, tudo isto criando sub-regiões com diferentes climas. Relativamente a este ponto o território insere-se num clima sub-atlântico.

No lado Ocidental predomina o clima denominado de Terra Fria, inserida no culminar dos 1148m da serra da Padrela. Já na área central de Valpaços prevalece o clima sub-atlântico da

(36)

14

Terra de Transição, onde o relevo começa a amenizar e a criar zonas mais onduladas, deixando as formas de cristas angulosas, com declives elevados, para passar a ter zonas mais amplas e suaves. À medida que nos aproximamos do vale que encaixa o rio Rabaçal encontra-se por sua vez um clima sub-atlântico de Terra Quente (MARTINS, 1990).

Segundo autores a serra da Padrela funciona como uma barreira de condensação face aos ventos oceânicos que contem bastante humidade, e a isso se deve a elevada precipitação. Devido a algumas das características, já referidas anteriormente, a precipitação diminui de poente para nascente, mas existem algumas exceções como é o caso da serra da Santa Comba a sul do concelho, em contrapartida os valores de precipitações diminuem quando nos aproximamos das encostas do rio Rabaçal, registando-se valores abaixo dos 600mm/ano, devido às suas encostas se encontrarem abrigadas dos ventos oceânicos (MARTINS, 1990).

Resumidamente, o concelho de Valpaços regista uma temperatura média anual de 10°C aproximadamente, com verões amenos e invernos frios, e no aproximar ao rio Rabaçal uma média de 14°C com verões quentes e invernos frios (MARTINS, 1990).

2.4 G

EOLOGIA E GEOMORFOLOGIA

O conselho de Valpaços caracteriza-se pela presença predominante de granito, rochas granitoides e de xistos.

Segundo vários geólogos, esta rocha granítica encontra-se bastante exposta aos agentes erosivos e por seguinte originam grandes maciços graníticos, com uma geometria arredondada,

denominada pelas

populações de “fragões” ou “fragas”.

Não esquecendo os xistos, estes podem ir desde argilosos a micaxistos.

(37)

15 Os grandes maciços montanhosos, presentes no concelho que oferecem maior destaque são a serra da Padrela, com os seus 1148m (Fig.7), e um pouco mais a sul a serra da Santa Comba com 1013m como se pode observar, e completando pode ser observado na carta de declives figura 6, representado pelas cores avermelhadas.

A nordeste observa-se um destaque na serra do Barracão com apenas 786m, que faz fronteira com o concelho de Vinhais, apesar de está inserido no planalto de Trás-os-Montes.

2.5 O

ROGRAFIA

A orografia presente no concelho é bastante interessante visto que se consegue avaliar uma paisagem onde existem pontos mais altos num enorme planalto cortado com vales bastantes profundos (Fig.8), onde também as cristas como a serra da Padrela e Santa Comba emergem.

A sensação de um relevo montanhoso é muito mais expressiva junto às linhas de água.

Com a descida suave para o rio Rabaçal onde se verificam zonas mais planas, registam-se ausência de cristas montanhosas angulosas, as quais dão lugar a pendentes suaves. Sendo nestes locais onde se notam mais para estes lados as superfícies doces e amenas com tendência para a planificação.

O concelho de Valpaços regista valores entre os 500 e os 620m.

Figura 7 - Vista da serra da Padrela

Figura 8 - Vista sobre o leito do rio Rabaçal, observado a partir da ponte romana

(38)

16

2.6 H

IDROLOGIA E HIDROGEOLOGIA

O rio Calvo, rio Torto e o rio Rabaçal são as linhas de água que merecem maior destaque no concelho de Valpaços. Mas existem outras linhas de água, muito menos marcantes, mas que não podem ser esquecidas, como se pode ver na figura 9.

Estas linhas de água funcionam como fronteiras naturais, que abrigam grandes valores paisagísticos e de igual forma culturais nas suas

vertentes, onde as águas frias da montanha correm até ao planalto valpacense.

Figura 10 - Vista do rio Rabaçal, nas margens da aldeia do Cachão

Figura 9 - Rede hidrográfica do concelho de Valpaços

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Como já é sabido, as linhas de água condicionam as atividades humanas, tirando os habitantes partido deste recurso. Deste modo, consegue-se uma grande diversidade nas paisagens da envolvente, não esquecendo o quebrar das formas esculpidas nas rochas por causa da erosão hídrica junto as margens.

Mais concretamente as linhas de água existentes no território valpacense, não assumem na íntegra o conceito integral de “rio”, e por vezes assumindo o papel de ribeiros ou pequenos cursos, visto terem caráter torrencial, cortados por açudes, onde é aproveitado para uso agrícola (rega), quer para moinhos, sendo impossível a navegação no seu percurso. A maioria tem pouca corrente acabando mesmo por secar na época do verão. Os pequenos cursos de água são tribuários ao rio Rabaçal, o Calvo que passa pela aldeia dos Possacos, o rio Torto pela aldeia de Rio Torto, o rio de Curros, junto a serra da Padrela, e a ribeira de Lila, na aldeia de Veiga de Lila (Fig.10). Esta particularidade aplica-se a todas as linhas de água, menos ao rio Rabaçal, que assume o conceito de “Rio” na íntegra, acabando por desaguar no rio Tua.

Resumidamente a nível hidrológico, o concelho de Valpaços caracteriza-se pelas linhas de água em zonas baixas, com relevos acentuados, na zona Este, encontrando-se o vale onde se encaixa o rio Rabaçal caracterizado com um perfil transversal em U, com um traçado com curvas extensas e largas, onde existem áreas planas em determinados pontos, fruto de um fosso tectónico. Em relação ao traçado este é feito no sentido oeste – sudoeste.

Em geral os vales que abrigam os rios alargam-se de montante para jusante, registando zonas ora planas, arenosas ou zonas férteis, onde é praticada agricultura. (MARTINS, 1990)

2.7 U

SO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Depois de uma análise do território é percetível que grande parte do concelho é abrangido por uso agrícola, aproximadamente 43,25%, onde predominam as culturas de sequeiro numa uma maior altitude e as culturas de regadio nas orlas fluviais e nas áreas da envolvente da zona habitacional.

Existem culturas permanentes, entre as quais a vinha, soutos e olival, tornando-se a principal atividade no meio económico do concelho (Tab.1). No que respeita ao uso florestal, certo autor refere que este representa 22,4% da superfície do concelho, do qual se engloba pinheiro bravo (Pinus pinaster), o qual é o mais expressivo e se pode encontrar disperso por todo o concelho, contudo é na serra da Santa Comba que existe uma grande mancha deste coberto florestal.

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Tabela 1- Uso e ocupação do solo

CLASSE DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Agrícola 43,25% Inculto 30,81% Água 1,61% Urbano 1,25% Improdutivo 0,62% Folhosas diversas 3,98% Carvalhos 1,73%

Floresta Povoamento Misto 3,02%

Pinheiros 13,43%

Resinosas diversas 0,30%

Os carvalhos (Quercus sp.) encontram-se presentes na denominada Terra Fria, em povoamentos dispersos juntos a serra da Padrela. Por sua vez os sobreiros (Quercus suber) localizam-se na Terra Quente, mais concretamente no vale do Rabaçal.

Referentes à classe das folhosas encontram-se, com bastante destaque, povoamentos mistos no centro E do concelho. Encontramos também povoamentos de matos e incultos com uma área extensa em zonas de maior altitude, dispersos pelo concelho.

A partir dos 400m encontramos os povoamentos florestais onde estes marcam a sua dominância.

A área agrícola é relativamente mais importante entre os 300 e 700m, mas por vezes é praticada até as 900m, onde o cultivo de vinha, soutos e olivais, predominantemente em declives acidentados, se faz notar. Para zonas mais amplas e com declives moderadamente suaves, predomina culturas de sequeiro e regadio, as quais tendem não estar expostos a N.

Não esquecendo o castanheiro (Castanea sativa) marca a região de Carrazedo de Montenegro, por ser zona de Terra Fria, enquanto, junto às linhas de água encontram-se uma diversidade de folhosas, formando assim uma galeria ripícola rica e bio diversificada.

(fonte: http://www.arquivo.valpacos.pt/autarquia/pdf/pme_2005.pdf ; Adp. Plano municipal de emergência de Valpaços.)

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2.8 D

ESCRIÇÃO GERAL DA FLORA

Pode se afirmar-se que o território valpacense é uma fonte de grande riqueza em termos de revestimento vegetal. Este facto deve-se à influência atlântica e mediterrânica, que se interligam e criam um coberto único e diversificado.

Podemos dar como exemplo o sobreiro (Quercus suber) que é uma espécie mediterrânica que aparece na zona da Terra

Quente (Fig.11). Já o vidoeiro é espécie nitidamente típica do norte, encontrando-se localizado na terra fria.

Espécies bastante diferentes conseguem desta forma criar novos e diferentes tipos de paisagens.

Resumidamente, as paisagens vão sofrendo mudanças à medida que os valores da altitude, precipitação e o aumento da temperatura se registam, mostrando diferentes planos com diferentes cobertos florestais. Junto às linhas de água, os povoamentos diferenciam-se do resto do concelho, com espécies características e diferenciadas que marcam a diferença, oferecendo vários tipos de paisagens e uma descoberta única.

2.8.1 Matos Mais concretamente as zonas de matos e

incultos distribuem-se uniformemente ao longo das altitudes, onde existem maiores áreas onde os declives são mais baixos e com exposição a este, sul e oeste. Os povoamentos de pinheiro bravos (Pinus pinaster) encontram-se ao longo de diferentes altitudes, mas encontram uma maior expressividade entre os 300 e 750m (Fig.12). Encontramos também

várias espécies de carvalhos, tais como o carrasco, carvalho negral e o sobreiro, que ocupam um total de 13% da área florestal.

Não esquecendo os povoamentos muitíssimo importantes de castanheiro manso, que se localiza junto à serra da Padrela, mais concretamente em Carrazedo de Montenegro, onde é um dos meios de subsistência de muitas famílias daquela zona.

Figura 11 - Estrada nacional, sentido Possacos - Valpaços

Figura 12 - Vista aérea parte do concelho Valpaços.

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2.8.2 Bosque de folhosas

A maioria das folhosas encontra-se ao

longo das linhas de água denominada por muitos por galeria ripícola, como o próprio nome indica “galeria” rica em grande variedade de espécies que tem por habitat naturais, zonas junto às linhas de água.

Podem ser encontradas espécies

como o freixo (Fraxinus excelsior), o vidoeiro (Betula pendula), amieiro (Alnus glutinosa) e salgueiro (Salix), que são espécies de grande porte (Fig13). Estas conjugações de espécie são características destas zonas visto ao seu grande porte, servirem de barreira e a sua capacidade de resistir ao leito do rio em épocas de inverno, quando este aumenta o seu caudal.

2.8.3 Prados de montanha

Os prados de montanhas (Fig.14)

encontrados neste território são de uma beleza extrema. As espécies que nele habitam dão ao lugar, uma essência bastante caracterizadora da região onde se encontram. Estes prados são povoados por giestas (Cytisus striatus, Cytisus multiflorus, Calicotome villosa, Genisteae ssp.), muito comum no território é curiosamente

usada no 1º de Maio, junto às portas das habitações, visto que os populares referem que os ramos deste pequeno arbusto travam o dito “ mau-olhado”, e o “demónio”, sendo inclusive por isso, chamada de “Maia”.

Figura 13 - Bosque de folhosas, junto das margens

Figura 15 - Vista para a montanha

Figura 14 - Exemplar de algumas espécies presentes na zona

Cistus ladanifer Erica cinerea

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A urze (Erica cinerea) muito comum em todo o país, mas bastante presente em zonas do norte e zonas montanhosas como é o caso. Temos também presentes a carqueja (Baccharis trimera) e as estevas (Cistus ladanifer) (Fig.15).

Estas espécies com diferentes tempos de floração conseguem dar uma dinâmica natural à paisagem.

As pastagens, onde os animais se alimentam, dão-se em terreno acidentado, e montanhoso, a dita Terra Fria. Enquanto nas zonas amplas predominam os lameiros, mais junto a zonas de habitação, para assim facilitar a deslocação e manutenção.

2.8.4 Campos agrícolas

Em relação à fauna no concelho de Valpaços, como já foi referido, a atividade agrícola é a atividade económica preferencial e essencial para a população residente, que tira desta prática o seu sustento (Fig.16).

Como já foi referido as culturas de sequeiro são praticamente em zonas de maior altitude, como se pode verificar nas zonas mais a oeste do concelho, onde o centeio, trigo entre outros cereais, ocupam a maioria dos terrenos e parcelas agrícolas.

As zonas mais amplas e planas que se aproximam das zonas de linhas de água são

utilizadas para a produção agrícola no setor hortícola, encontra-se bastante marcado junto ao rio Torto, onde este desagua no rio Rabaçal.

Não esquecendo uma das maiores práticas agrícolas, que passa pelo cultivo de vinhas, oliveiras e castanheiros, que marcam o território numa vastíssima área, caracterizando a paisagem com a sua ocupação.

2.9 D

ESCRIÇÃO GERAL DA FAUNA

Relativamente à fauna existente no concelho de Valpaços, esta caracteriza-se como uma fauna rica e diversificada.

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Por ser uma longa lista de fauna, deixamos apenas um pequeno resumo, onde são expostos os elementos mais caracterizadores e aqueles que marcam o território.

Começando pela classe dos mamíferos segundo a monografia de Valpaços (MARTINS, 1990), livro de repositório do município, encontramos o lobo, a raposa, o gato, a lontra, o texugo, a fuinha, a doninha, o coelho do monte, o javali, a lebre entre outros, bastante presentes no território, não se estabelecendo somente numa determinada área, mas sim um pouco por todo o concelho. Segundo testemunhos recolhidos por populares e habitantes da região, ainda nos dias de hoje existem lobos, junto à serra da Padrela, enquanto o coelho do monte marca a sua passagem junto à encosta do rio Rabaçal.

Na classe das aves, existem a andorinha, estourinho, poupas, tordos, gaios, rolas, cucos, vermelhões, alvéolas, calhandras, merlos, pintassilgos, codornizes, açores, milhafres, coruja, canários, piscos, chasco-do-monte, papa-figos, pica-paus, entre tantas outras. Muito raro, mas onde ainda por vezes mostra a sua existência, é a aguia, na serra da Padrela.

Relativamente à classe dos répteis subdividimos na família dos quelónios, o cagado ou sapo-concho. Na família dos sáurios a sardanisca ou lagartixa, o sardão ou lagarto. E finalmente na família dos ofídios a víbora, a cobra, a cobra rateira, a cobra de ferradura, e a cobra da água. Se entretanto aparecer uma cobra, que atinja mais de um metro de comprimentos, o animal é denominado por “ bestigo”.

Na classe dos peixes encontramos a truta, a enguia, o bardo, a voga e o escalo.

Existem também alguns invertebrados onde temos o caracol, a lesma, o grilo, o ralo, o lacrau (alacrario), o saltão, o gafanhoto, a borboleta, o tira-olhos, a libélula, a cabra-loura, a sangsuga, e uma variadíssima gama de insetos.

Resumidamente o concelho de Valpaços regista uma variadíssima fauna conseguindo deste modo oferecer uma grande biodiversidade, sendo um local acolhedor, calmo e agradável (MARTINS, 1990).

2.10 A

FLUENTES DO RIO

R

ABAÇAL

2.10.1 Rio Calvo O rio Calvo, sendo afluente do rio Rabaçal, é considerado como referência do património natural do concelho de Valpaços.É um local que proporciona uma natureza no seu máximo esplendor, tratando-se de

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local natural, com uma beleza paisagística única onde proporciona aos visitantes momentos únicos contemplando a natureza.

As suas águas cristalinas e correntes são fontes para os agricultores utilizarem na sua atividade, visto atravessar inúmeros terrenos agrícolas, ate chegar a zona da aldeia do Cachão e desaguar nas águas do Rabaçal.

No entanto, o que mais marca o rio Calvo é a presença dos moinhos nas baías do Cachão, que faziam a moagem, do linho e centeio, que era uma atividade que dava subsistência às famílias da região que viviam junto aos rios. Junto às suas margens existe uma grande variedade de vegetação arbórea, mais especificamente uma galeria ripícola que resguarda o rio (Fig.17).

(Fonte:http://clubehistoriaesvalp.blogspot.pt, 11-12-2016)

2.10.2 Rio Torto

Rio Torto banha a aldeia de Rio Torto a qual deu o nome. Esta aldeia vive essencialmente da atividade agrícola, a qual é favorecida pela proximidade ao rio, onde as suas margens são férteis, os terrenos são praticamente planos.

O rio Torto (Fig.18) é afluente do rio Rabaçal, e localiza-se no ponto com menores altitudes, fazendo

uma transição entre a Terra Fria e a Terra Quente, conseguindo assim, com estas condições

Figura 18 - Ponte romana sobre o rio Torto Figura 17 - Vistas sobre alguns locais do rio Calvo

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climáticas, umas culturas favorecidas. Não é à toa que o concelho é fornecido com produtos hortícolas, essencialmente da zona de Rio Torto.

2.10.3 Baias do Cachão

As baías do Cachão localizam-se junto à aldeia do Cachão (Fig.19), aldeia, já abandonada há um longo período de tempo, do qual só existem ruinas e pequenos vestígios da ocupação humana que por lá passou.

Estas baías encontram-se, mais concretamente, na ligação entre o rio Rabaçal e o rio Calvo. Neste local existiam antigos moinhos, que serão apresentados no decurso deste trabalho, cuja função consistia em moer o linho e centeio. Neste momento só existem vestígios desse moinho, entre os quais as pedras trabalhadas de granito que dele faziam parte, curioso será dizer que este lugar é um lugar único e com uma beleza paisagista incrível. O local é somente frequentado por agricultores que trabalham os terrenos na sua envolvente, sendo os únicos que sabem da existência deste “ pequeno paraíso” digamos assim. Pode-se encontrar um local único, que não se encontra outro de igual valor no concelho.

Ali pode-se encontrar um local natural que não sofre pela ação do homem, somente pela ação das águas do rio, que vão moldando a paisagem de forma natural.

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2.11 P

ATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO E ARQUITETÓNICO

2.11.1 Moinhos da margem direita do rio Rabaçal

São reduzidos os “engenhos hidráulicos de moagem” que existiram ao longo da margem direita do rio Rabaçal. Alguns dos moinhos aproveitam a força motriz de pequenos cursos de água e seus afluentes. Com o vale profundamente cavado ao longo de centenas de milhões de anos através de rochas graníticas, e consequentemente acessos muito difíceis e bruscas e significativas variações de caudal ao longo do ano, obrigou ao desmantelamento das estruturas dos moinhos, sendo colocadas a salvo das enxurradas em sítios mais elevados, o que no entanto, torna as condições pouco favoráveis à instalação destes engenhos moageiros.

Para tal eram construídas instalações a cotas onde as cheias não influenciassem e assim conseguir proteger as estruturas.

2.11.2 Lagares rupestres

Os lagares rupestres cavados nas rochas remonta-nos a muitas décadas no passado. Trata-se de terrenos onde a agricultura se fazia sentir, e ainda hoje é uma marca pela qualidade do azeite e vinhos, sobretudo.

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Estes lagares encontram-se espalhados pelo concelho, como mostra o mapa (Fig.20), e onde podemos verificar que se encontram em locais onde a agricultura se faz presente (FREITAS( 2005(d)).

Com o empenho de variadíssimas pessoas, foi criado um percurso onde se podem visitar todos estes lagares, e tornar deste modo estes locais acessíveis e do conhecimento de todos, como ilustram as figuras a seguir apresentadas (Fig.21).

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2.11.3 Aldeia do Cachão

A aldeia do Cachão, atualmente é mais uma aldeia completamente desabitada (Fig.22) que entra nas estatísticas do despovoamento do concelho, que era outrora habitada por famílias nobres, que com o passar dos anos e com melhores condições de vida que a aldeia dos Possacos oferecia, foram-se mudando.

Depois de totalmente desabitada, começou a cair em ruínas, e nos dias de hoje somente encontramos grandes fachadas, algumas ainda totalmente de pé, outras parcialmente derrubadas. Dos telhados, praticamente já só existem vestígios, como é o caso de portas e janelas.

Curiosamente a CMV propôs recuperar a aldeia, e começou pela requalificação da capela existente (Fig.23).

O único movimento que aqueles terrenos têm, são agricultores, que herdaram aqueles terrenos e nos dias de hoje os cultivam.

Figura 21 - Lagares, canal e " Lagaretas" cravadas na rocha

Figura 22 - Aldeia do Cachão

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2.11.4 Fontes de abastecimento de água

Existem espalhadas pelo concelho variadas fontes. Entre as quais de diversos tipos, visto que algumas são fontes de mergulho, fontes de chafariz e marcos fontanários. Todas estas fontes serviam para que as populações tivessem acesso a água, visto que em tempos passados não havia abastecimento público e este era o método utilizado. Muitas delas são relíquias, que nos tempos de hoje são preservadas, mas em contrapartida, muitas outras caíram em abandono e neste momento só já restam pequenos vestígios. Cada uma era marcada com um estilo arquitetónico diferente, relativamente à

época em que fora construída, ou ao estilo das populações, visto que algumas destas se encontravam em casas senhoriais. Os materiais de construção davam preferência ao granito, visto ser uma rocha mais resistente e característica da zona (Fig.24).

Mais pormenorizadamente as fontes de chafariz, eram usadas em locais públicos onde esta fonte dava serventia à população e ao mesmo tempo aos animais que as pessoas tratavam. Neste tipo de fonte, existe uma em especial (Fig.25) que é particularmente no ponto de vista

Figura 24 - Fonte de chafariz em granito

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arquitetónico esplendida, que contém uma zona de estar à sua volta. Toda construída em granito, é envolvida por pomares, vinhas e campos agrícolas. O seu “reservatório” é em forma de Pia (Fig.26), oferecendo assim outro

encanto à fonte.

Relativamente às fontes de mergulho, estas são bastante fáceis de reconhecer, visto serem fontes fechadas, onde se resguarda a água de impurezas, visto que corre diretamente da nascente. Estas fontes como o próprio nome indica era necessário “mergulhar” o cântaro, ou mesmo um

utensílio muito usado no concelho, o “Garavano” para conseguir tirar a água (Fig.27). Enquanto os marcos fontanários, são

marcos em granito com 1 a 3 bicas onde a população se abastecia de água (Fig.28). Muitos destes marcos são gravados para marcar alguma data em particular, ou por ter sido um lugar onde se encontrava uma antiga fonte de chafariz.

Estas fontes encontram-se espalhadas pelo concelho em grande quantidade, muitas delas ainda hoje oferecem água potável, enquanto outras são preservadas como marca do passado e pela sua memória (FREITAS, (2005 (a)).

Figura 27 - Antigo “Garavano”

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2.11.5 Caminhos romanos – Via Augustas XVII

As Vias Augustas XVII, que passam pelo concelho de Valpaços, fazem parte de um dos caminhos romanos, designados caminhos pedestres, as Vias Augustas XVII (Fig.29). Esta grande rota romana com uma extensão que ronda os 800km, aproximadamente, passa por 18 cidades da península ibérica. Esta torna-se uma rota rica, visto que através dela se conseguem contemplar paisagens únicas, assim como o conhecimento de várias culturas. As Vias Augustas XVII, do concelho, ficaram registadas com o número 117.

Com a realização deste percurso, consegue-se a promoção do património, tanto a nível cultural, promovendo a cultura, os habitats e crenças de cada local, como a nível natural, onde os caminhantes, ciclistas ou qualquer pessoa que deseje realizar estes caminhos é envolvida pela natureza, pelas suas variadíssimas paisagens únicas. Consequentemente leva a que exista um incentivo ao desporto ao turismo, sobretudo ao turismo de natureza de cada local. Expondo os valores paisagísticos de cada região, conseguindo deste modo dar “um empurrão” para o desenvolvimento destas áreas rurais.

Resumidamente e focando no pequeno troço que intersecta Valpaços, este pode contar com 19km, e passar pelas freguesias de Friões, Ervões, Vilarandelo, Valpaços (Lagoas) e Possacos. Ao realizar este percurso, é um entrar num mundo novo, onde a paisagem é totalmente natural, onde na maioria dos lugares, não existe a intervenção do homem. O passar pelas pequenas pontes, como é o caso da ponte do Arquinho, envolto em mato e passados uns Figura 29 - Carta de um do percurso das Vias Augustas XVII Fonte: CMV, departamento Turismo (21/11/2016); Adp.

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metros encontrar uma paisagem completamente agrícola. É esta mistura de paisagens ricas e diversas, com uma fauna e flora diversificada que é possível de observar. Uma visão da natureza no seu máximo esplendor, difícil de encontrar (CMV, s/d).

2.11.6 Percursos de BTT

Existem quatro percursos de BTT definidos pelo concelho de Valpaços. Sendo o BTT, um desporto de aventura, onde a natureza dá fundo a esse desporto, nada mais prazerosos do que juntar o prazer de praticar desporto ao prazer de, ao mesmo tempo, poder ter contemplar paisagens únicas e ter contacto direto com elas mesmas.

Existem diferentes graus de dificuldade, dependendo da capacidade de cada um. Cada percurso revela vários tipos de paisagem, conseguindo assim oferecer momentos únicos aos ciclistas e pessoas que por lá passam.

O percurso I, com 25km na zona de Valpaços, Valverde e Possacos, é classificado com dificuldade elevada (Fig.30). O percurso II percorre 27km na zona de Valpaços, Valverde e Possacos de dificuldade média. Enquanto o percurso III com extensão de 30km na zona de

Figura 30 - Carta de um dos percursos de BTT do concelho de Valpaços

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Valpaços e Argeriz, é de dificuldade média. E finalmente o percurso IV, também de dificuldade média, com 45km de distância na zona de Valpaços e limite do concelho de Mirandela. Este percurso oferece uma opção em Miradeses: seguir pela estrada nova de Rio Torto ou ir em direção a Valverde (CMV, s/d).

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A metodologia adotada para a elaboração desta dissertação envolve várias etapas sequenciadas para se conseguir chegar ao objetivo final.

Na figura a seguir apresentada (Fig.31) é evidenciado passo a passo as etapas realizadas.

Neste trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica, intitulada “ o Território”, esta busca bibliográfica passou maioritariamente por pesquisa tanto na biblioteca Municipal de Valpaços, onde foram recolhidas informações acerca do território do concelho de Valpaços em livros do arquivo municipal, tais como a Monografia de Valpaços, de Martins, A. Veloso, como também nos livros editados por Freitas, Adérito Medeiros, Concelho de Valpaços – Lagares cavados na rocha, Moinhos (Moinhos de rodízio e azenhas) volume I e II, Fontes de abastecimento de águas (Fontes de mergulho, Fontes chafariz e Marcos fontanários).

Foram realizados vários levantamentos de campo, como o auxílio de cartografias existentes no Google maps, do ano de 2007, e máquina fotográfica. Foram levantados todos os elementos, desde vegetação, muros, património existente, estados das margens, a vegetação que nelas habita, os vários estados da paisagem, património cultural e natural da zona e não esquecendo os pormenores que são relevantes nomear, desde fontes, marcos, caminhos, e alguns estratos da vegetação, inclusive fotos panorâmicas que conseguissem retratar o relevo da área, para que este material pudesse vir a ser comparado com toda a informação existente referenciada no

Metodologia

Análise Levantamento do existente Levantamento fotográfico Estudo das características da Revisão bibliográfica “ O território” Ferramentas usadas Google Googlemaps Cartografia Ortofotomapas Inquéritos Proposta de soluções para a área em estudo Análise das propostas Casos de estudo Viabilidade das propostas Proposta final

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PDM Valpaços, cartografias, ortofotomapas e deste modo conseguir obter uma base de trabalho completa. Com este levantamento de campo foi possível completar devidamente as cartografias, não esquecendo deste modo nenhum ponto que seja importante.

No levantamento da vegetação, foi maioritariamente através da fotointerpetetação > GoogleMaps do local. Conseguindo desta forma identificar os diversos povoamentos vegetais.

Os objetivos principais deste levantamento passaram por:

 Identificar os pontos ou marcos patrimoniais não classificados existentes no local e que por opção foram considerados importantes.

 Confirmar os traçados existentes na cartografia, adicionando alguns que não se encontravam referenciados, tais como caminhos agrícolas, pedestres e claro o seu estado de conservação.

 Não esquecendo os estratos de vegetação existentes, para que fosse possível agrupá-los em diferentes classes, tais como as galerias ripícolas, zonas de encosta, zonas agrícolas, zonas de matos.

Foram realizadas várias perguntas as pessoas que se encontravam no local, aquando das visitas de campo realizadas, conseguindo desta forma reunir um leque de informações sobre opiniões ou mesmo sugestões que as pessoas foram dando, e assim conseguir realizar uma proposta de ordenamento que fosse de encontro com o que a população deseja, não criando deste modo conflitos.

Depois de uma análise exaustiva as informações foram todas compiladas com o auxílio do software AutoCAD2014, e Photoshop e conseguiu-se desta forma, reunir toda a informação necessária, para conseguir a partir deste ponto passar para a fase de uma proposta de soluções sustentáveis, e adequadas a área em estudo.

As figuras/imagens retratadas ao longo desta dissertação são inteiramente da responsabilidade da autora, excluindo as que se encontram devidamente legendadas.

Na fase da proposta de soluções para a área em estudo, foi utilizada a carta militar nº62, cedida gentilmente pela Joana Dias, que veio servir de base para a apresentação das propostas aqui apresentadas em anexo.

Em seguida depois de obter uma base atualizada, foi realizado várias cartas com diferentes intuitos para representar o que é pretendido, com a ajuda do software Photoshop, local onde foram trabalhadas.

Depois de apresentadas as propostas foram delineadas para este plano de ordenamento vários objetivos. Que tiveram que passar por pesquisa a nível de estratégias de ordenamento do território, maioritariamente PIER, requalificação ribeirinhas, valorização e proteção do património cultural, arquitetónico e natural, centros interpretativos do ambiente e

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biodiversidade, com o intuito de servirem de exemplos e denominados de casos de estudo. Estes casos de estudo foram analisados, conseguindo ver se são ou não viáveis.

Os casos de estudo escolhidos e aqui apresentados foram escolhidos depois de avaliadas as suas características, locais onde se encontram, a sua evolução, fauna, flora, pontos de interesse turísticos, entre outros pontos, conseguindo desta forma arranjar sustentação para as propostas aqui apresentadas.

Em modo de conclusão é apresentado o plano de ordenamento final, com os desenhos em anexo que servem como meio explicativo à fomentação teórica aqui apresentada ao longo de toda esta dissertação.

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Capí tuló IV - Estudós de

caraterizaça ó das margens dó rió

Rabaçal

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1.1 A

VALIAÇÃO DO CARÁTER DA PAISAGEM

Nos dias que decorrem, a população em geral tem demonstrado um grande interesse e importância relativamente às questões relacionadas com a qualidade ambiental, recursos hídricos e um tributo de melhoramento da qualidade de vida. Visto as zonas ribeirinhas serem zonas com um enorme valor e importância paisagística, resulta daí um nível de preocupação relativamente à conservação da natureza e biodiversidade elevado, visto terem um papel fundamental na gestão moderna dos recursos hídricos, onde a proteção dos ecossistemas revindicam um grande valor económico, ambiental e social. Para tal a diretiva quadro da água (DQA, Diretiva 2000/60/CE), transposta para o nosso país pela Lei da Água (Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro, na sua última redação dada pela lei n.º 130/2012, de 22 de Junho), propõe novas metas para a reabilitação dos sistemas ribeirinhos, constituindo uma meta para que a qualidade ecológica nas massas de água.

Podendo tirar partido de todos os benefícios, não podemos deixar de pensar que existem normas que têm que ser cumpridas, visto ser uma zona com grande valor ecológico e paisagístico, o qual temos por objetivo melhorar, conseguindo tirar partido disto.

O “genius loci” de cada lugar é essencial para exprimir uma paisagem para que esta tenha sucesso nos planos de ordenamento e para que haja uma gestão do território que resulte como um fator de qualificação das paisagens na avaliação de potencialidades e de fraquezas que existem na paisagem onde constam elementos estéticos e ambientais (LAVRADOR.SILVA et al. 2004).

1.2 C

ARATERIZAÇÃO DA PAISAGEM

Percorrer paisagens é também experienciar paisagens, pois o modo como nos deslocamos na paisagem permite sentir, perceber e entender a paisagem de modo diferente, assim como a sua envolvente. Percorrer de carro ou de comboio implica velocidade e estar inserido num “involucro” que implica que os sentidos ficam limitados, não podendo aproveitar todas as sensações que esses percursos implicam.

Sendo esta etapa a primeira a ser colocada em prática, envolve técnicas que passam pela identificação do tipo de carater, área de carater e por fim a toponímia desta.

Através destas análises consegue-se um melhor mapeamento e classificação de cada tópico e através disso, posteriormente um melhor planeamento e ordenamento da paisagem (SWANWICK & CONSULTANTS, 2002).

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1.3 L

OCALIZAÇÃO E ENQUADRAMENTO DAS MARGENS DO RIO

A zona de intervenção localiza-se entre o concelho de Mirandela e o concelho de Valpaços, mais concretamente entre as freguesias de Possacos, Valpaços (Valverde) e Rio Torto. Resume-se a um troço que se localiza desde o Parque de campismo do Rabaçal, que faz parte

do perímetro da aldeia dos Possacos. Figura 32 – Carta referente a área de intervenção

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Seguindo a margem do rio do lado direito, iremos encontrar a aldeia do Cachão, ponto de intervenção bastante importante que trás identidade ao lugar.

Ainda no perímetro dos Possacos seguindo para S, deixa-se este perímetro para entrar no Rio Torto, até chegar a zona de Miradeses. Ao longo das margens podemos encontrar variadas paisagens que se vão alternando ao longo do percurso do rio (Fig.32).

A paisagem apresenta caráter rural podendo ser descrita como tendo um uso predominante agrícola. A biodiversidade ainda bastante presente ao longo das margens do rio reflete-se na fauna e flora. Toda a região N-E de Portugal sofre de despovoamento estando a população envelhecida, não sendo as freguesias de Possacos, Valpaços e Rio Torto. De igual modo, a estrutura da população ativa, bem como a sua composição profissional, constituem bons indicadores da forma como vivem as populações que tem por atividade o sector secundário ou terciário. No entanto dadas as caraterísticas da região verifica-se que mesmo os setores relacionados com a indústria e serviços se encontram diretamente relacionados com a agricultura e floresta. Aquando da realização do último recenseamento geral da população (PORDATA, 2011).

1.4 F

LORA PREDOMINANTE

Segundo a convenção europeia da paisagem (CEP) é fulcral, para se conseguir atingir um desenvolvimento sustentável, que exista uma relação equilibrada e harmoniosa entre as várias atividades económicas, as necessidades sociais, e o meio ambiente. Visto que a paisagem tem

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vindo a desempenhar um papel importante nos interesses públicos culturais, ecológicos, sociais e ambientais.

Para tal é necessário que haja um bom planeamento e ordenamento desta paisagem, para que se consiga conservar, e melhorar estas áreas, que têm de ser preservadas.

Na área de estudo existe uma flora bastante rica e diversificada, com um grande poder paisagístico, no que respeita às espécies florestais dividida em áreas bastante diversificadas, tanto a nível climático ou mesmo por ação do homem (Fig33).

O rio rabaçal é caraterizado como típico rio de montanha, com águas que correm rápido, num fundo rochosos como já foi referido anteriormente.

A espécie dominante no território de Valpaços, mais concretamente junto as margens do rio, é o pinheiro bravo (Pinus pinaster). Não pondo de parte o riquíssimo estrato de vegetação arbórea, que se conjuga com o arbustivo, criando um equilíbrio ecológico. Pode-se observar que à medida que vamos diminuindo as altitudes, a vegetação vai sofrendo por si só alterações e, alterando assim o aspeto da paisagem ao longo do percurso, no entanto, as temperaturas vão aumentando em contrapartida. Onde se pode realmente registar esta variação é na área de transição dos 600-800m. Nestas áreas encontram se espécies como zimbro (Juniperus oxycedrus), e carvalho negral (Quercus pyrenaica).

Em altitudes abaixo dos 600m, onde predomina a Terra Quente, o sobreiro (Quercus suber) e a azinheira (Quercus ilex) predominam o território. Junto as margens das linhas de água, os habitats de amieiros (Almus glutinosa), salgueiros (Salix salvofolia), freixos (Fraxinus angustifolia), como se pode observar nas imagens (Fig.34).

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Zona ripícola

Sendo a galeria ripícola um sistema de grande importância multifuncional é necessário que exista medidas por parte das autarquias técnicos, cidadãos, basicamente por parte da sociedade em geral, visto que, podem depender, direta ou indiretamente deste ecossistema (Fig.35).

Fig. 35 – Imagem para a zona ripícola envolvente.

A reabilitação dos ecossistemas ribeirinhos deve conter uma ligação com as ferramentas do planeamento, visto que deve ser interpretada como um conjunto e não individualmente (SARAIVA et al.2004).

As áreas da galeria ripícola são nomeadas de áreas com caráter tridimensional de transição, onde se regista uma ligação entre os ecossistemas aquáticos e terrestres.

Estas áreas localizam-se desde a margem do meio aquático até à orla do ecossistema terrestre, onde as linhas de água já não influenciam (GREGORY, 1991; NAIMAN et al., 2005; STANFORD et al., 2005; MALARD et al., 2006).

As faixas da galeria ripícola vão variando conforme o caudal do rio, podem ser muito estreitas ou então zonas largas criando planícies de aluvião (NAIMAN e DECÁMPS, 1997). Figura 35 – Margem junto parque de campismo

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A área ocupada pela galeria ripícola vai-se mantendo constante ao longo do curso do rio, aumentando em algumas áreas de jusante para montante. Esta zona é altamente essencial visto que é nelas que residem múltiplos ecossistemas que vão funcionar como mediadores entre os dois sistemas terrestre-aquático, onde é armazenada água, onde é realizada a recarga dos aquíferos subterrâneos, não esquecendo a conversão dos nutrientes e matéria orgânica. (HUGHES et al, 1997).

A margem, com um bom estado de conservação (Fig36), na qual reside predominantemente amieiros (Alnus glutinosa), freixos (Fraxinus angustifolia), salgueiros (Salix sp.), rodeados por carvalho-roble (Quercus rober), pilriteiros (Crataegus nosilis) e sobreiro (Quercus suber), margens, estas muito ricas, com um grande valor de biodiversidade, e paisagístico, as quais tem de ser preservadas e mantidas (anexo, carta nº7), como é referido na Convenção Europeia da Paisagem (CEP), no capítulo I, artigo 1º, refere na alínea d) “ “proteção da paisagem” designa as ações de conservação ou manutenção dos troços significativos ou característicos de uma paisagem, justificadas pelo seu valor patrimonial resultante da sua configuração natural e ou da interação humana;”

Referências

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