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Relatório de Estágio realizado na Farmácia A Minha Farmácia e no Hospital Santa Maria Maior, E.P.E

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II

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

A Minha Farmácia

Março de 2016 a Julho de 2016

Mário João Sousa Martins

Orientador: Dra. Daniela Matos A. Faria Leite

Tutor FFUP: Prof.ª Doutora Susana Casal

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III Declaração de Integridade

Eu, Mário João Sousa Martins, abaixo assinado, nº 201106102, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

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IV AGRADECIMENTOS

À Dra. Daniela Leite, Diretora Técnica da farmácia “A Minha Farmácia” e minha orientadora de estágio, por me receber de forma acolhedora e contribuir de forma direta e importante na minha formação. Pela paciência e disponibilidade para esclarecer as minhas dúvidas, por transmitir-me conhecimentos e zelar ao longo dos quatro meses de estágio pelo meu bem-estar.

À Dra. Júlia Leite pela sua simpatia contagiante e constante disponibilidade para me transmitir conhecimentos, ouvir as minhas questões e auxiliar no desenvolvimento dos trabalhos de estágio no âmbito da atividade farmacêutica.

A toda a equipa da farmácia “A Minha Farmácia”, com quem tive o prazer de trabalhar, aprender e que desde o primeiro dia fizeram-me sentir à vontade e integrado. Um especial obrigado à Dra. Melissa e Andreia, licenciada em Farmácia, pela sua paciência, tempo despendido, compreensão e ajuda aquando da minha integração no atendimento ao público. Também ao Pedro Durães pelos seus ensinamentos na área de receção de encomendas e pela sua constante boa disposição e simpatia. À Dra. Joana e Técnicos de Farmácia Paulo e Pedro Vilas Boas por estarem sempre disponíveis para me ajudar, por se dedicarem a explicar as suas funções/tarefas na farmácia e pela sua alegria diária e hospitalidade. Ao Sr. Jorge pela sua simpatia, pelo seu respeito e por me fazer sentir parte integrante da equipa à qual já pertenceu. Não podia ter mais sorte no local de estágio, porque muito mais do que uma equipa esta farmácia foi uma “família” sempre pronta a acolher o seu “irmão mais novo”.

À Professora Doutora Susana Casal pela paciência, disponibilidade e orientação na elaboração deste relatório.

Aos meus pais e irmãos por me incentivarem e criarem todas as condições de estabilidade necessárias para que pudesse ter sucesso a nível académico e durante o estágio. As minhas conquistas são também vossas.

Aos meus amigos de longa data Mafalda, Nelson, Luís, Paula e Luísa pelas partilhas de experiências académicas, incentivos constantes e apoio incansável nos momentos mais difíceis. Parte da minha felicidade e sucesso ao concluir esta etapa também é vosso. Aos meus amigos/colegas de curso Andry, Diana, Marta, Jéssica, Hélder, Leonor, Adriana e Joaquim. Foi um prazer estudar e divertir-me com vocês. São a “família do Porto” que levo para o resto da vida.

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V RESUMO

Os farmacêuticos apresentam-se como uma classe dotada de grande versatilidade e capaz de integrar diferentes equipas ligadas ao sector da saúde. Isto deve-se à sua completa e diversificada formação académica, o que lhes permite encontrar diversas saídas profissionais que vão desde análises clínicas, indústria farmacêutica, farmácia hospitalar, farmácia comunitária, assuntos regulamentares, distribuição farmacêutica e até o ensino [1]. É esta capacidade de realizar múltiplas tarefas na área da saúde que faz com

que esta profissão seja das mais completas e fundamentais na nossa sociedade.

Desta forma, o farmacêutico apresenta-se como sendo o único profissional capaz de compreender e assegurar a qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos, por esse motivo, apresenta-se como uma peça-chave para o sucesso das terapias e aumento da qualidade de vida humana.

Um dos ramos onde é mais notória a importância da atividade farmacêutica é na farmácia comunitária. Neste local, o farmacêutico contacta diretamente com os utentes, o que lhe permite promover um estilo de vida saudável à população e aconselhar relativamente ao uso racional dos medicamentos [1]. Deste modo, o farmacêutico

comunitário apresenta várias funções como: esclarecer e aconselhar os utentes sobre os medicamentos, alertar sobre possíveis interações medicamentosas, reações adversas e prestar outros serviços [1]. Assim sendo, o farmacêutico comunitário tem a função crucial

de garantir a qualidade e segurança dos medicamentos que são dispensados aos utentes nas farmácias em Portugal.

Ao longo de 4 meses tive a possibilidade de realizar um estágio profissionalizante numa farmácia comunitária. Este estágio, que considero totalmente positivo e essencial, permitiu-me completar a minha formação dando-lhe uma vertente mais prática e realista do dia-a-dia de um farmacêutico. Nele foi possível aplicar os meus conhecimentos técnico-científicos adquiridos até então e desenvolver aptidões fundamentais para exercer a profissão no futuro, tais como: responsabilidade, autonomia, capacidade de resposta rápida e de resolução de problemas, melhoria da comunicação com o utente.

Através deste documento, relato as funções que desempenhei, atividades que executei e conhecimentos que adquiri enquanto estagiário na farmácia “A Minha Farmácia”. Porém, o farmacêutico, além destas tarefas do seu quotidiano profissional, também deve ter um papel ativo na sociedade e procurar sempre melhorar a qualidade de vida da mesma.

Neste sentido, enquanto futuro farmacêutico, desenvolvi ao longo do estágio ações que demonstrassem o papel ativo do farmacêutico e melhorassem a proximidade das relações entre farmacêutico/utente e farmacêutico/equipa da farmácia. Essas ações,

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VI descritas na parte II deste documento, passaram pela realização de um rastreio cardiovascular, elaboração e distribuição de panfletos relativos aos riscos de doença cardiovascular, construção de auxiliares de memória para facilitar a escolha do genérico de Sinvastatina e ainda uma formação interna sobre o risco do uso prolongado de corticosteróides intranasais.

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VII ÍNDICE

Parte I: A Farmácia “A Minha Farmácia” ... 1

Cronograma do estágio na Farmácia “A Minha Farmácia” ... 2

1.“A Minha Farmácia” ... 3

1.1- Localização, Horário de Funcionamento e Público-alvo ... 3

1.2- Estrutura e Organização Exterior e Interior d` “A Minha Farmácia” ... 4

1.2.1- Espaço físico exterior d` “A Minha Farmácia” ... 4

1.2.2- O Interior d` “A Minha Farmácia” ... 4

1.3- Recursos Humanos d` “A Minha Farmácia” ... 6

2. Aprovisionamento e Gestão de Stocks ... 6

2.1- Sistema Informático ... 7

2.2- Gestão de Stocks ... 7

2.3- Fornecedores e realização de encomendas ... 8

2.4- Receção e conferência de encomendas ... 8

2.5- Devoluções e quebras ... 9

2.6- Controlo de prazos de validade e contagem física de stocks ... 10

3. Laboratório e Medicamentos Manipulados ... 10

4. Atendimento ao Utente ... 11

4.1- Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 12

4.1.1- Prescrição Médica ... 12

4.1.2- Validação da Prescrição Médica ... 13

4.1.3- Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 13

4.1.4- Informação ao Utente ... 15

4.1.5- Sistemas de Comparticipação ... 15

4.1.6- Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos ... 16

4.2- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 16

4.3- Outros Produtos de Saúde ... 17

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VIII

4.3.2- Produtos para Alimentação Especial, Suplementos e Multivitamínicos ... 18

4.3.3- Produtos Homeopáticos e Fitoterapêuticos ... 18

4.3.4- Dispositivos Médicos ... 18

4.3.5- Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário ... 18

5. Conferência e Faturação do Receituário ... 19

6. Serviços Farmacêuticos Prestados pelas Farmácias ... 19

7. Outros Serviços ... 20

7.1- Aconselhamento nutricional ... 20

7.2- Recolha de Radiografias ... 20

7.3- Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos ... 20

Parte II: AÇÕES NO ÂMBITO DA ATIVIDADE DO FARMACÊUTICO COMUNITÁRIO 22 8. DOENÇAS CARDIOVASCULARES... 23

8.1- Fatores de Risco das Doenças Cardiovasculares ... 24

8.2- Rastreio Cardiovascular na farmácia “A Minha Farmácia” ... 26

8.2.1- Resultados e Discussão do Rastreio Cardiovascular ... 27

8.2.2- Principais Conclusões do Rastreio ... 29

8.2.3- Acompanhamento da Utente 4 ... 30

9. FORMAÇÃO INTERNA: A RINITE E O PERIGO DOS CORTICOSTEROIDES NASAIS ... 31

9.1- A Rinite Alérgica ... 31

9.2- A Rinite Alérgica no Quotidiano d` “A Minha Farmácia” ... 32

9.3- Formação Interna: Objetivos e Metodologia ... 33

9.4- Corticosteróides Intranasais e Perigos do seu uso abusivo ... 33

9.4.1- Enquadramento no tratamento da Rinite Alérgica ... 33

9.4.2- Corticosteróides Intranasais ... 34

9.4.3- Perigos dos corticosteróides intranasais ... 34

9.4.4- Uso abusivo dos Corticosteróides Tópicos e sua venda sem receita médica.. 36

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IX 10. AUXILIARES DE MEMÓRIA: ESCOLHA DO GENÉRICO DE SINVASTATINA 20 mg

... 37

10.1- Medicamentos Genéricos ... 37

10.2- A Problemática dos Medicamentos Genéricos nas Farmácias Comunitárias ... 37

10.3- Auxiliares de Memória: Uma Solução? ... 38

10.4- A Sinvastatina na Terapia da Hipercolesterolemia ... 38

10.5- Feedback e Principais Conclusões ... 39

REFERÊNCIAS ... 40

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X ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Exterior d` “A Minha Farmácia”……….……….3

Figura 2- Parte do interior d` “A Minha Farmácia”……….………..3

Figura 3- Gráficos obtidos com base nos resultados da medição da pressão arterial e colesterol total dos participantes no rastreio cardiovascular………27

Figura 4- Esquema de classificação da Rinite Alérgica quanto aos sintomas e à gravidade………...31

Figura 5- Sinais e Sintomas típicos do Síndrome de Cushing……….………35

ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1- Cronograma do estágio n` “A Minha Farmácia”……….…….…2

ÍNDICE DE ANEXOS Anexo 1- Interior d` “A Minha Farmácia”……….47

Anexo 2- Laboratório de medicamentos manipulados e exemplo de medicamento manipulado………..………48

Anexo 3- Formações frequentadas durante o estágio………..…..….49

Anexo 4- Gráficos da DGS relativos à taxa de mortalidade em Portugal………..….50

Anexo 5- Tabelas de SCORE para cálculo do risco cardiovascular………..……….52

Anexo 6- Fotografia do Rastreio Cardiovascular na farmácia “A Minha Farmácia”………..53

Anexo 7- Panfleto “Pense no Coração!” realizado no âmbito do Mês do Coração…...……54

Anexo 8- Página do Facebook d` “A Minha Farmácia” com cartaz de promoção do Rastreio Cardiovascular………....55

Anexo 9- Tabela com dados obtidos para cada participante do rastreio………..……..56

Anexo 10- Auxiliar de Memória – Medicamentos Genéricos de Sinvastatina 20 mg………...59

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XI LISTA DE ABREVIATURAS

AIM – Autorização de Introdução no Mercado AMI – Assistência Médica Internacional AVC - Acidente Vascular Cerebral CI – Corticosteroides Intranasais

c- LDL - Low Density Lipoprotein Cholesterol CNP – Código Nacional do Produto

CT – Colesterol Total

DCI – Denominação Comum Internacional DCV – Doença Cardiovascular

DGS – Direção-Geral da Saúde DM – Dispositivos Médicos EM – Enfarte do Miocárdio FEFO – First Expired First Out

HMG-CoA Reductase - 3-Hidroxi-3-MetilGlutaril-Coenzima A Reductase HTA – Hipertensão Arterial

IgE – Imunoglobulina E

IMC – Índice de Massa Corporal IVA – Imposto de Valor Acrescentado MG – Medicamento Genérico

MM – Medicamento Manipulado

MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica PA – Pressão Arterial

PCHC – Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal PVF- Preço de Venda à Farmácia

PVP – Preço de Venda ao Público RA – Rinite Alérgica

RM – Receita Médica SC – Síndrome de Cushing

SCI – Síndrome de Cushing Iatrogénico

SCORE - Systematic Coronary Risk Evaluation SNS – Serviço Nacional de Saúde

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PARTE I

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- 2 - Cronograma do estágio na Farmácia “A Minha Farmácia”

O meu estágio n` “A Minha Farmácia” realizou-se durante 4 meses, tendo início a 14 de Março de 2016 e conclusão a 14 de Julho do mesmo ano. Através da Tabela 1, apresento o cronograma no qual se encontram mencionados os períodos nos quais realizei as diferentes tarefas e ações na farmácia comunitária.

Tabela 1- Cronograma do estágio n` “A Minha Farmácia”. Tarefas/Período

de estágio

Março Abril Maio Junho Julho

Conferência de Receituário Receção de encomendas e aprovisionamento Atendimento ao utente com acompanhamento Atendimento ao utente de forma autónoma Verificação de prazos de validade e contagem física de existências Medicamentos Manipulados Rastreio Cardiovascular Formação Interna Auxiliares de Memória

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- 3 -

1.“A Minha Farmácia”

1.1- Localização, Horário de Funcionamento e Público-alvo

A farmácia “A Minha Farmácia” (Figura 1) localiza-se na zona central da cidade de Barcelos, mais concretamente na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra nº 210. Esta localização no “coração da cidade” apresenta-se como uma vantagem, porque deste modo a farmácia está próxima do Hospital Santa Maria Maior, de vários consultórios médicos privados de diversas especialidades, dos transportes públicos da cidade e das zonas de comércio e hotelaria local.

“A Minha Farmácia” funciona de segunda a sexta-feira das 9h às 22h, sem encerrar na hora de almoço. Além disso, funciona aos sábados das 9h às 20h e, por vezes, encontra-se de serviço permanente das 9h até às 9h do dia seguinte. Este serviço permanente é rotativo durante o ano entre as farmácias do centro da cidade, assegurando que todos os dias existe no mínimo uma farmácia aberta durante toda a noite. Deste modo, o horário de funcionamento d` “A Minha Farmácia” está de acordo com a legislação, nomeadamente, com o disposto no Decreto-Lei n.º 53/2007 [2], de 8 de Março, que regula

o horário de funcionamento das farmácias de oficina.

Devido ao facto d` “A Minha Farmácia” se encontrar no centro da cidade e próxima de um hospital podemos considerar o público-alvo heterogéneo. Contudo, também podemos constatar que existe um grupo restrito que é frequentador mais assíduo da farmácia, os quais são maioritariamente idosos. Muitos desses idosos aproveitam a quinta-feira, dia de feira semanal na cidade, para se dirigirem à farmácia uma vez que esta se situa muito próxima do local da feira e dos transportes públicos que os idosos utilizam. Figura 1- Exterior d` “A Minha Farmácia”. Figura 2- Parte do interior d` “A Minha

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1.2- Estrutura e Organização Exterior e Interior d` “A Minha Farmácia”

1.2.1- Espaço físico exterior d` “A Minha Farmácia”

“A Minha Farmácia” está inserida num prédio junto à avenida principal de Barcelos, sendo de fácil acesso a todos os potenciais utentes, nomeadamente, a utentes com mobilidade reduzida ou portadores de deficiência [3], pois possui uma rampa amovível e um

estacionamento para pessoas portadoras de deficiência em frente à farmácia (Figura 1). A identificação deste estabelecimento é feita através de uma placa identificativa na sua parte exterior e através uma cruz verde luminosa [3], a qual se encontra colocada

perpendicularmente à fachada da farmácia. Esta cruz passa informações úteis para os utentes, tais como: o horário de funcionamento, temperatura ambiente e horas.

Por outro lado, na fachada da farmácia encontra-se afixado o nome da Diretora Técnica, informações relativas ao horário de funcionamento da farmácia e as escalas de turnos das farmácias do município de Barcelos, tal como está legislado no Decreto-lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto, relativo ao regime jurídico das farmácias de oficina [3].

A farmácia do ponto de vista externo apresenta um aspeto moderno, possuindo duas portas automáticas em vidro (uma para a entrada e outra para a saída dos utentes) e, entre elas, uma montra que está em constante personalização, com o objetivo de publicitar as diversas promoções que a farmácia realiza para os utentes.

1.2.2 – O Interior d` “A Minha Farmácia”

A organização do espaço interno de uma farmácia é fundamental para o seu bom funcionamento. Neste sentido, “A Minha Farmácia” obedece aos requisitos das áreas e divisões obrigatórias, presentes na Deliberação n.º 1502/2014, de 3 de Julho [4]. Esta

farmácia apresenta um espaço dedicado aos utentes com diversas áreas e um sistema de senhas com ecrã, o que permite um atendimento mais organizado e eficaz.

Deste modo, o utente ao entrar na farmácia depara-se com uma área de exposição de produtos (Anexo 1). Esta área encontra-se organizada e localizada de modo a captar a atenção dos utentes, pois é nela que se encontram as campanhas promocionais, os lineares com produtos cosméticos, produtos materno-infantis, produtos de emagrecimento e ainda produtos de uso veterinário. Regra geral, estes produtos estão organizados por marca comercial e especificação, com objetivo de facilitar o aconselhamento ao utente. Nesta zona existe ainda uma balança eletrónica, na qual é possível fazer a medição do peso, altura, Índice de Massa Corporal (IMC) e pressão arterial (PA).

Segue-se uma área de atendimento personalizado que se destina a quem pretende fazer a medição da pressão arterial, glicemia, colesterol total e triglicerídeos ou, simplesmente, pode funcionar como local de aconselhamento farmacêutico e rastreios. Por

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- 5 - estes motivos, neste local existe um balcão, duas cadeiras, tensiómetros, aparelhos de medição de parâmetros bioquímicos e o material necessário para essas medições.

Na zona mais próxima da saída situa-se a área de atendimento ao utente (Figura 2). Esta zona é a mais importante, porque é onde ocorre a maioria do contacto com o utente e, por isso, deve ser uma área profissional e bem organizada. Deste modo, neste local “A Minha Farmácia” dispõe de quatro postos individuais de atendimento, os quais estão divididos em dois balcões e afastados da zona de espera, de modo a garantir a confidencialidade e facilitar a interação entre profissional-utente. Cada posto de atendimento é constituído por um terminal de computador, um leitor de código de barras e uma impressora, no entanto, em apenas três apresentam terminal de multibanco.

Nos balcões destes postos de atendimento são muitas vezes colocados, como estratégia de marketing, expositores de produtos farmacêuticos sazonais ou então produtos sujeitos a promoções.

Nesta área, a farmácia contém o chamado Cash Guard ® que se encontra entre os balcões de atendimento, esta ferramenta é muito útil, pois melhora a gestão do dinheiro na farmácia, uma vez que ao fazer pagamentos esta máquina recolhe o dinheiro e dá o troco, evitando erros humanos e aumentando a rapidez dos atendimentos.

Numa zona que não é bem visível aos utentes, a farmácia apresenta um espaço com gavetões deslizantes (Anexo 1), onde são armazenados os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), mas só os medicamentos com denominação comercial. Estes medicamentos estão divididos com base na sua forma farmacêutica e são armazenados com base no critério “First Expired First Out” (FEFO), sendo colocados nos gavetões por ordem alfabética, considerando as três primeiras letras do seu nome comercial. Do lado oposto aos gavetões, existem estantes onde são colocadas as pomadas, géis e cremes também por ordem alfabética. Em anexo a este local, existe um espaço no qual estão armazenados todos os medicamentos genéricos (Anexo 1), exceto xaropes, por laboratórios e ordem alfabética.

“A Minha Farmácia”, num local mais posterior, dispõe ainda de uma área destinada à receção de encomendas (Anexo 1), na qual se faz a receção dos contentores de medicação encomendada, bem como as devoluções e quebras. Nesta mesma área, existem prateleiras onde são armazenados medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) ordenados por ordem alfabética, fraldas, leites para lactentes, produtos de higiene íntima e champôs para tratamentos específicos. Existe ainda um frigorífico para os medicamentos e produtos que requerem temperaturas inferiores à temperatura ambiente. Este estabelecimento possui ainda um escritório onde se desempenham as funções de gestão da farmácia, umas instalações sanitárias, um laboratório, uma área de recolhimento, um armazém e uma sala do utente. O laboratório (Anexo 2) destina-se à

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- 6 - preparação de medicamentos manipulados que são solicitados na farmácia e, por esse motivo, contém toda a documentação e material necessário. A sala do utente consiste num espaço destinado para diálogos profissional-utente mais confidenciais, mas também serve para o utente ter acesso a conselhos de nutrição e a alguns serviços farmacêuticos

[4], nomeadamente, a administração de vacinas que não fazem parte do Plano Nacional de

Vacinação, prestação de primeiros socorros e testes de gravidez. Estes serviços farmacêuticos encontram-se descritos na Portaria nº1429/2007, de 2 de Novembro [5].

1.3- Recursos Humanos d` “A Minha Farmácia”

Os recursos humanos são uma das partes fundamentais para o sucesso de qualquer empresa, nomeadamente, para as farmácias de oficina. Deste modo, é importante possuir uma equipa com espírito de cooperação, empatia e com membros que se complementem, porque só desta forma é possível garantir uma boa gestão da farmácia, um bom ambiente e um atendimento eficiente dos utentes.

No caso d` “A Minha Farmácia”, a sua equipa de profissionais é constituída por 8 elementos: Dra. Daniela Leite (Diretora Técnica), Dra. Júlia Leite (Farmacêutica Adjunta

Substituta), Dra. Vera Melissa Cunha (Farmacêutica), Dra. Joana Brochado (Farmacêutica), Pedro Vilas Boas (Técnico de Farmácia), Jorge Araújo (Técnico de Farmácia), Andreia Novais (Licenciada em Farmácia) e Pedro Durães (Técnico Auxiliar de Farmácia). Todos estes profissionais encontram-se devidamente identificados pelo nome e título profissional. Através da constituição desta equipa, podemos constatar que a farmácia obedece ao disposto no Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto [3], o qual foi

alterado pelo Decreto-Lei n.º 171/2012, de 1 de Agosto [6] e que estabelecem a necessidade

de cada farmácia dispor no mínimo de dois farmacêuticos.

Além destes profissionais, ainda podemos considerar a nutricionista Dra. Antónia Ruão que presta serviços à farmácia e a auxiliar de limpeza D. Fernanda, como parte integrante dos recursos humanos d` “A Minha Farmácia”.

2. Aprovisionamento e Gestão de Stocks

Uma das etapas iniciais do meu estágio em farmácia comunitária foi a realização de tarefas na área de gestão e receção de encomendas. Esta foi crucial para me familiarizar com todos os medicamentos e restantes produtos que chegam diariamente à farmácia, para conhecer o local de armazenamento dos medicamentos e para compreender o sistema informático SIFARMA 2000®. Esta fase tornou-me mais capaz para no futuro realizar os atendimentos aos utentes de forma mais eficiente.

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- 7 -

2.1- Sistema Informático

O sistema informático utilizado n` “A Minha Farmácia” é o SIFARMA 2000®, o qual está instalado em 7 terminais informáticos. Este programa é prático e intuitivo, o que facilitou a minha adaptação. Cada profissional tinha acesso a este sistema através de um código pessoal de acesso, o que permite saber quem realizou uma determinada venda ou outra tarefa.

Esta ferramenta informática é utilizada em quase todas as farmácias, porque permite uma gestão facilitada e diária das farmácias, permitindo realizar de forma mais rápida e comoda inúmeras tarefas. Assim, este sistema informático permite realizar tarefas como: a realização e receção de encomendas, devoluções, quebras, realizar inventários como a verificação de prazos de validade, controlo das entradas e saídas de Psicotrópicos e Estupefacientes, atendimento ao utente, emissão de documentos como faturas, executar a faturação dos diversos organismos, bem como a emissão e fecho dos respetivos lotes, definir stocks máximos e mínimos para cada produto farmacêutico, entre outras tarefas.

Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de realizar ou acompanhar a realização da maioria das tarefas acima indicadas. Deste modo, pude verificar que este sistema melhora a qualidade e eficácia dos serviços prestados na farmácia.

2.2- Gestão de Stocks

Uma boa gestão de stocks é fundamental para o bom funcionamento de qualquer farmácia, de modo a satisfazer as necessidades [7] dos utentes e criar nos mesmos uma

boa imagem da farmácia. Desta forma, tem de haver um equilíbrio entre saúde e economia no dia-a-dia da farmácia.

N` “A Minha Farmácia” a gestão de stocks é feita com base no SIFARMA 2000®, o qual fornece informações sobre o histórico de compra/venda dos medicamentos e outros produtos, dispõe a lista de fornecedores possíveis e ainda é possível definir um stock máximo e mínimo dos produtos. Esta última tarefa, regra geral, é feita pelo Diretor Técnico que avalia a sazonalidade e movimentos diários dos produtos, bem como as necessidades dos utentes, hábitos de prescrição das instituições de saúde mais próximas e prazos de validade.

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de acompanhar esta gestão de stocks, a qual se pode concluir que é essencial para evitar ruturas de stocks.

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2.3- Fornecedores e realização de encomendas

Os medicamentos e outros produtos de saúde existentes na farmácia podem ser adquiridos através de armazenistas/distribuidores ou, por vezes, diretamente aos laboratórios (através dos delegados de informação médica). A seleção de um fornecedor para realizar uma encomenda tem de ser feita de forma racional, ou seja, deve-se ponderar qual oferece as melhores condições e vantagens. No entanto, deve-se optar por trabalhar com mais do que um fornecedor, para evitar situações de rutura de stocks. No caso d` “A Minha Farmácia”, os principais fornecedores aos quais são feitas encomendas diárias são a Alliance Healthcare, Medicanorte e Cooprofar.

N` “A Minha farmácia” o processo de efetuar encomendas é diário, de modo a assegurar a reposição de stocks, e é maioritariamente efetuado através do SIFARMA 2000®, porque quando os produtos atingem um valor de stock mínimo são colocados, de forma automática, pelo sistema numa proposta de encomenda. Esta proposta é posteriormente avaliada por quem gere as compras da farmácia e pode ser alterada conforme as necessidades, sendo posteriormente aprovada e enviada através do sistema informático para os fornecedores selecionados.

Para além deste tipo de encomendas, quando existe urgência para obter um determinado medicamento ou produtos que não existem normalmente em stock, é possível realizar encomendas instantâneas (Alliance Healthcare), pelo gadget do fornecedor (Cooprofar) ou por via telefónica (Medicanorte). Estes tipos de encomenda apresentam as vantagens de sabermos a disponibilidade imediata do produto e da hora aproximada em que será feita a sua entrega. As encomendas feitas via telefone para fornecedores ou diretamente a laboratórios são exemplos das chamadas encomendas manuais.

No meu estágio realizei encomendas instantâneas, pelo gadget e via telefónica. Além disso, acompanhei a validação, alteração e aprovação de encomendas geradas pelo SIFARMA 2000®.

2.4- Receção e conferência de encomendas

As encomendas chegam à farmácia através de contentores próprios dos diferentes fornecedores e nos horários estabelecidos pelos mesmos para a entrega. Estes contentores garantem a integridade e segurança dos produtos de saúde encomendados.

A primeira tarefa a efetuar após a chegada das encomendas consiste em armazenar no frigorífico os medicamentos e outros produtos de saúde que são termolábeis, de forma, a garantir a sua qualidade. Por este motivo, o frigorífico possui um termohigrómetro que capta as informações relativas à temperatura e humidade deste

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- 9 - espaço, de modo a garantir que não existem variações bruscas destes parâmetros, que possam comprometer a qualidade dos produtos e a eficácia terapêutica.

Posteriormente, os restantes produtos são retirados dos contentores e verificados durante a receção, com o intuito de detetar erros de faturação, embalagens danificadas ou validades que estejam a terminar.

Cada encomenda deve ser acompanhada da respetiva fatura ou guia de remessa, uma original e um duplicado. A fatura contém informações como a identificação do fornecedor, identificação do destinatário, listagem dos produtos encomendados e enviados por ordem alfabética e respetivo código nacional do produto (CNP), o preço de venda à farmácia (PVF), a taxa do imposto de valor acrescentado (IVA), o preço de venda ao público (PVP) e, por vezes, descontos para a farmácia.

A receção de encomendas é efetuada através do SIFARMA 2000®, mais concretamente no menu “Encomendas”. Inicialmente, introduz-se o número da fatura e o valor total da encomenda, contudo no caso das encomendas manuais pode ser necessário criar a encomenda previamente. Segue-se a leitura ótica do CNP de cada produto ou a sua introdução manual, verificando os prazos de validade, o PVF e fazendo os cálculos para PVP (tendo em conta a margem de lucro da farmácia, o IVA e PVF) no caso dos produtos que não vêm marcados com o PVP. Caso existam produtos novos deve proceder à criação da sua ficha informática. No caso dos medicamentos de venda livre, após a sua receção são impressas etiquetas com o nome, código de barras, preço e IVA a que são sujeitos. No final da receção, o valor da encomenda presente no SIFARMA 2000® deverá coincidir com o valor presente na fatura.

Durante o período que estive n` “A Minha Farmácia” realizei diariamente a receção de encomendas, o que permitiu adquirir um domínio quase total desta tarefa e contactar numa primeira fase com os medicamentos, permitindo associar marcas a substâncias ativas.

2.5- Devoluções e quebras

Quando os medicamentos e outros produtos apresentam embalagens danificadas, prazos de validade curtos ou expirados, vêm em quantidades superiores, não são os corretos, ocorre um engano no pedido ou utente desiste da compra, então é possível realizar um processo de devolução. Regra geral, o período no qual se pode realizar uma devolução é de 72 horas após a chegada da encomenda com o produto a devolver, no entanto, existem exceções como os casos em que os produtos têm prazos de validade próximos do final, onde a devolução pode ser feita até término do prazo de validade.

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- 10 - As devoluções são registadas no SIFARMA® e efetuadas para o fornecedor em causa. Neste processo, através da opção “Gestão de devoluções” é criada uma nota de devolução, na qual se insere o nome do fornecedor, o produto devolvido, respetiva quantidade, o motivo da devolução e local de origem (número da fatura). Posteriormente, esta nota de devolução é impressa em triplicado, sendo que a nota original e o seu duplicado segue com o produto para o fornecedor e o triplicado é arquivado na farmácia.

Após este processo, o fornecedor faz chegar à farmácia uma nota de crédito que tem de ser regularizada no sistema informático. Mas, caso a devolução não seja aceite procede-se ao registo do produto no sistema informático como quebra e armazena-se o produto num local específico, de modo a estar disponível para fiscalização das finanças no final do ano.

2.6- Controlo de prazos de validade e contagem física de stocks

O controlo dos prazos de validade é realizado em duas fases distintas, uma delas aquando da receção de encomendas e a outra todos os meses. Deste modo, é possível garantir a qualidade dos produtos e evitar perdas.

Todos os meses n` “A Minha Farmácia” é gerada uma listagem com os medicamentos e outros produtos cuja validade expira nos três meses seguintes. A partir desta lista, um dos profissionais verifica os prazos de validade e retira os produtos cujas validades terminem nos três meses seguintes, para serem devolvidos aos fornecedores.

Em certas ocasiões, os stocks que aparecem no SIFARMA® podem estar errados, por exemplo, devido à venda de um produto no código errado. Nestes casos, justifica-se a contagem física de stocks/existências. Para tal é gerada uma lista com os produtos a serem contados e faz-se a sua contagem, posteriormente insere-se as contagens no sistema informático e verifica-se se há diferenças em entre a quantidade real e virtual. Caso existam diferenças é impressa outra lista e a contagem é novamente feita por outro profissional. No final é feita a atualização dos stocks SIFARMA®.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar estas duas tarefas e verificar a sua importância para uma boa gestão económica da farmácia.

3. Laboratório e Medicamentos Manipulados

Os medicamentos manipulados (MM) são preparados com base numa fórmula magistral ou oficinal [8] e utilizados quando não existem no mercado alternativas

adequadas, porque apresentam a vantagem de permitir personalizar e otimizar a terapia a cada doente. A sua preparação e dispensa nas farmácias é da responsabilidade do farmacêutico e, por este motivo, este deve assegurar a sua qualidade e segurança [8]. Para

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- 11 - tal, o farmacêutico deve cumprir as boas práticas na preparação de MM, as quais estão dispostas na Portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho [9].

Durante o meu estágio preparei medicamentos manipulados, nomeadamente, diversas Soluções de Minoxidil a 5% (Anexo 2) utilizadas para a queda de cabelo. Na preparação de MM é necessário proceder ao preenchimento da ficha de preparação que, posteriormente, é entregue à Diretora-técnica para ser aprovada e assinada, uma vez que só depois disto é que se pode dispensar o medicamento.

Além desta ficha, é ainda necessário preencher um registo relativo ao movimento das matérias-primas utilizadas e um rótulo que acompanha o medicamento manipulado, contendo o nome da farmácia, o número de lote, o nome do MM, prazo de validade e a data em que foi preparado.

Antes da dispensa e após a preparação do MM, com base no disposto na Portaria n.º 769/2004 de 1 de Julho [10], é necessário calcular o PVP do MM, o qual por vezes pode

ter uma comparticipação de 30% pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), caso o MM esteja na lista presente no Despacho n.º 18694/2010 de 18 de Novembro [11]. No caso da solução

de Minoxidil 5% anteriormente referida, não se aplicava esta comparticipação.

4. Atendimento ao Utente

No quotidiano de uma farmácia, podemos constatar que a população confia nas competências e recorre aos conselhos do farmacêutico para resolver problemas menores de saúde. Deste modo, o farmacêutico é muitas vezes o primeiro profissional na área da saúde com quem a população contacta, podendo muitas vezes servir para estabelecer a ligação entre os utentes e o médico.

Assim, a interação entre o farmacêutico e os utentes é um ponto fulcral para o bom funcionamento das farmácias, sendo que o contacto entre estas duas entidades ocorre maioritariamente através do atendimento ao utente, tornando esta ação numa das funções mais importantes que o farmacêutico pode desempenhar. É neste tipo atendimento que o farmacêutico tem a oportunidade de promover o uso racional do medicamento, promover a saúde, bem como garantir que o utente recebe todas as informações necessárias para usar de forma segura e eficaz os medicamentos.

Durante os quatro meses de estágio, tive a oportunidade de realizar vários atendimentos, os quais me permitiram adquirir experiência na área da dispensa de medicamentos, comunicação interpessoal, aconselhamento, promoção da saúde/bem-estar dos utentes e constatar a importância do farmacêutico comunitário na sociedade.

(25)

- 12 -

4.1- Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Com base no Estatuto do Medicamento [12], os MSRM são medicamentos que

podem constituir um risco para a saúde dos doentes quando usados sem vigilância médica, em quantidades consideráveis para fins diferentes do habitual, sejam administrados por via parentérica ou cujas substâncias tenham atividades ou reações adversas pouco conhecidas. Desta forma, estes medicamentos só podem ser dispensados quando é apresentada uma prescrição médica válida.

4.1.1- Prescrição Médica

A receita médica (RM) é o documento através do qual o médico faz a prescrição dos MSRM e o farmacêutico faz a dispensa dos mesmos. Assim, a RM pode ser considerada a principal forma de comunicação entre estes dois profissionais de saúde.

Existem dois tipos de RM, nomeadamente, a RM eletrónica e a RM Manual. A RM eletrónica é o modelo mais utilizado e que vigora atualmente. Este tipo de receita deixou de ser em formato de papel, podendo chegar à farmácia na forma de mensagem de telemóvel ou associada ao cartão de cidadão, ou seja, de forma “desmaterializada” [13]. Este

tipo de receita é vantajoso, porque na mesma receita podem ser prescritos medicamentos para tratamentos crónicos (Validade da prescrição é de 6 meses) e medicamentos para tratamentos com curta duração (validade de prescrição de 30 dias). Deste modo, evita-se a distinção anterior entre RM renováveis (validade de 6 meses e podiam ir até três vias) e RM não renováveis (validade de 30 dias a partir da data de emissão da receita).

No caso das substâncias psicotrópicas ou estupefacientes, compreendida nas tabelas I a II anexas ao Decreto-Lei n.º 15/93 de 22 de janeiro [14], é realizada uma

prescrição médica especial com uma só via e validade de 30 dias, sendo que nesta receita não podem ser prescritos outros medicamentos ou produtos de saúde [13].

Excecionalmente, os medicamentos também podem ser prescritos por via manual, ou seja, através de uma RM manual. No entanto, isto só é possível quando ocorre uma falência do sistema informático, inadaptação do prescritor ao sistema, prescrição ao domicílio ou outras situações até um máximo de 40 receitas/mês [13]. Neste caso, o

prescritor deve assinalar na receita qual o motivo pelo qual a prescrição é manual [13].

Segundo a Lei n.º 11/2012 de 8 de março, numa prescrição médica é obrigatório incluir a denominação comum internacional (DCI) da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e posologia [15]. Desta forma, o utente pode optar

por medicamentos bioequivalentes. Porém, existem exceções como as situações em que os medicamentos apresentem margens terapêuticas estreitas, se tenham verificado reações adversas prévias ou se pretenda assegurar a continuidade do tratamento por mais

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- 13 - de 28 dias [15]. Nestes casos, o médico pode prescrever o medicamento recorrendo à sua

denominação comercial.

4.1.2- Validação da Prescrição Médica

A validação da RM é da competência dos serviços de saúde, contudo aquando do atendimento ao utente, o farmacêutico deve certificar-se que a RM é válida.

Assim, a RM deve conter o seu número (19 dígitos) e a sua representação em código de barras, identificação do prescritor, nome e número de utente, indicação da entidade financeira responsável, indicação do regime especial de comparticipação quando aplicável, a DCI da substância ativa, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e número de embalagens, posologia, código nacional de prescrição eletrónica de medicamentos, data da prescrição e validade da receita e assinatura do médico prescritor [13]. Em situações excecionais, acima já mencionadas, a RM pode incluir ainda a

denominação comercial do medicamento [13].

No caso das RM manuais, além dos requisitos acima dispostos, é necessário a vinheta do local de prescrição [16]. Além disso, este tipo de receitas não podem conter

caligrafias diferentes, estarem rasuradas ou serem prescritas utilizando canetas diferentes ou lápis [17].

No caso atual das receitas eletrónicas sem papel, o utente pode chegar à farmácia com uma mensagem de telemóvel contendo o número da prescrição, o código de acesso/dispensa e o código de direito de opção ou com o guia de tratamento. Nestas situações a validação está facilitada, porque, por exemplo, o sistema informático não deixa selecionar linhas de prescrição cuja validade já tenha terminado. Logo, podemos dizer que uma das vantagens das novas receitas “desmaterializadas” é a facilidade de validação.

4.1.3- Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Após o farmacêutico garantir a validade da RM, o passo seguinte consiste na dispensa dos medicamentos. É nesta fase que o farmacêutico tem de colocar em prática os seus conhecimentos farmacológicos, porque são o último profissional a contactar com o utente antes da toma do medicamento.

Deste modo, durante o atendimento, o farmacêutico deve questionar o utente para perceber se já é habitual a toma daquela medicação ou se o medicamento é novo para o utente. Caso o medicamento a dispensar seja uma novidade para o utente, é importante que o farmacêutico informe relativamente à posologia e possíveis efeitos adversos, de modo a garantir a segurança e eficácia da terapêutica.

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- 14 - Além disto, no ato da dispensa, é da obrigação do farmacêutico informar o utente sobre a existência de medicamentos similares ao prescrito e que possuam preços mais baixos [18]. O utente deve também ser informado em relação ao seu direito de opção

aquando da seleção do medicamento [18].

No entanto há exceções ao acima referido, nomeadamente, caso o medicamento de marca não tenha genérico similar ou exista uma justificação técnica do prescritor (reação adversa prévia ao medicamento, índice terapêutico estreito ou continuidade do tratamento superior a 28 dias)[18], o direito de opção do utente na dispensa do medicamento

não é aplicável.

Os procedimentos para a dispensa dos medicamentos variam consoante estejamos perante uma receita manual, receita eletrónica com papel ou receita eletrónica sem papel.

Deste modo, no caso da receita manual é necessário introduzir o organismo de comparticipação e portaria (se aplicável), depois proceder à leitura ótica do código de barras dos medicamentos, posteriormente procede-se à impressão do documento de faturação no verso da receita, o qual é assinado pelo utente. De seguida, é impresso o recibo/fatura e no final do atendimento o profissional de saúde carimba, data e rubrica o verso da receita.

No caso das receitas eletrónicas em papel, a introdução do organismo de comparticipação e portaria já é automática, aquando da leitura do número da receita. Depois faz-se a seleção dos medicamentos e realiza-se a leitura ótica dos mesmos, a qual é comparada no sistema informático com os códigos presentes na receita. As etapas seguintes são semelhantes às da receita manual. Contudo, neste caso o documento relativo à faturação pode ser impresso para o número 99 (se estiver tudo conforme) ou para o número 98 (se existirem erros).

Nas receitas manuais e eletrónicas em papel, caso o utente não pretenda levar todos os medicamentos ou estes não existirem em stock, é possível deixá-las suspensas e guardá-las num local específico da farmácia.

Por outro lado, no caso das receitas eletrónicas sem papel (as mais habituais na atualidade), o número da receita, o código de acesso e código de direito de opção podem ser apresentados pelo utente recorrendo ao guia de tratamento, mensagem de telemóvel ou associado ao cartão de cidadão. Utilizando esta informação a dispensa é feita de forma semelhante às receitas eletrónicas em papel, mas neste caso não é impresso o documento de faturação, nem assinado pelo utente e pelo profissional de saúde. Se tudo estiver correto o documento de faturação vai para o número 97 e caso ocorram erros vai para o número 96.

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- 15 -

4.1.4- Informação ao Utente

Durante o atendimento, o farmacêutico deve fornecer ao utente todas as informações que achar importantes para garantir a segurança do utente e a eficácia da terapêutica. Isto pode passar por questionar o utente relativamente ao objetivo da terapêutica, aconselhar relativamente à posologia, duração do tratamento e possíveis reações adversas. Estas informações podem ser transmitidas verbalmente ou por escrito e são elas que tornam o trabalho do farmacêutico indispensável na sociedade.

A informação ao utente deve ser transmitida na dispensa de MSRM, mas também no caso de MNSRM ou de outros produtos de saúde.

Durante o estágio tive a oportunidade de transmitir este tipo de informações aos utentes, o que me levou a perceber que a dificuldade desta tarefa é variável de utente para utente, consoante a sua capacidade de compreensão e do tempo que podem despender na farmácia.

4.1.5- Sistemas de Comparticipação

Existem dois regimes de comparticipação distintos no que diz respeito ao preço dos medicamentos. O regime geral de comparticipação do Estado abrange todos os utentes do SNS, os quais beneficiam da comparticipação quando apresentam a RM na dispensa dos medicamentos. Esta comparticipação do Estado está fixada de cordo com escalões: escalão A (90% do PVP dos medicamentos é comparticipado), escalão B (comparticipação de 69% do PVP), escalão C (37% do PVP dos medicamentos) e escalão D (comparticipação de 15% do PVP) [19]. Os grupos e subgrupos farmacoterapêuticos que

pertencem a cada escalão encontram-se dispostos no anexo da Portaria 195-C/2015, de 30 de Junho [19].

Por outro lado, existe o regime especial de comparticipação que abrange os utentes do SNS pensionistas (cujo rendimento anual não exceda em 14 vezes o salário mínimo nacional do ano civil anterior). Nestes casos a letra “R” é mencionada na receita médica e os pensionistas usufruem de mais 5% de comparticipação no escalão A e 15% nos restantes escalões [20].

Existe ainda um segundo regime especial de comparticipação para doentes crónicos, cuja dispensa dos medicamentos é exclusiva em farmácias de oficina. Neste caso, existem vários diplomas e portarias que correspondem a diferentes doenças e que estão identificados nas receitas, com o objetivo do utente usufruir da comparticipação. Por exemplo, no caso dos doentes com Paramiloidose o Estado comparticipa a 100% os medicamentos (comparticipados e não comparticipados), desde que haja menção ao Despacho n.º 4521/2001, de 31 de Janeiro [21].

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- 16 - Devido ao Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes [22], está

legislado pela Portaria n.º 364/2010 de 23 de Junho [23] a comparticipação especial do

Estado nos produtos de vigilância da diabetes. Deste modo, o Estado comparticipa em 85% do PVP as tiras-teste e em 100% do PVP as lancetas, seringas e agulhas [23].

4.1.6- Medicamentos Estupefacientes e Psicotrópicos

Os medicamentos psicotrópicos ou estupefacientes atuam sobre o Sistema Nervoso Central, podendo causar dependência. Apesar de serem utilizados para uma série de doenças, este tipo de medicamentos também podem ser usados de forma ilícita para o tráfico e consumo de drogas. Desta forma, este tipo de medicamentos está sujeito a um controlo mais rigoroso nas farmácias e a sua dispensa é feita de forma especial, com o intuito de evitar ao máximo o tráfico de estupefacientes [14].

No Decreto-Lei n.º 15/93 de 22 de Janeiro [14] estão presentes as tabelas dos

medicamentos considerados estupefacientes ou psicotrópicos, além disso este documento define as exigências especiais para prescrição destes medicamentos e menciona a obrigação de ser um farmacêutico ou seu substituto a proceder à sua dispensa.

Este tipo de medicamento tem de ser prescrito de forma isolada [18], ou seja, é

necessário uma RM para o medicamento psicotrópico ou estupefaciente, onde não podem estar prescritos outros tipos de medicamentos. Além disso, durante a sua dispensa o sistema informático obriga ao preenchimento de dados adicionais, tais como: o nome, a morada, a data de nascimento, número e data do cartão de cidadão do utente e do seu representante (se for o caso); nome do médico prescritor; número e data da RM. Aquando da sua dispensa é ainda necessário tirar uma cópia da RM (caso não seja eletrónica sem papel), à qual se vai anexar o Documento de Psicotrópicos.

Todas as farmácias têm de enviar o registo trimestral da entrada de psicotrópicos e o registo mensal da saída de psicotrópicos ao Infarmed, o que demonstra o controlo rigoroso deste tipo de substâncias.

4.2- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM não necessitam de prescrição médica para serem dispensados e, mesmo que o utente apresente essa prescrição, este tipo de medicamentos não são comparticipados, sendo pagos na totalidade pelo utente.

Como não é necessária uma prescrição médica, os MNSRM torna-se mais acessível aos utentes, podendo ser vendidos fora das farmácias [24]. Isto pode

(30)

- 17 - comprometimento da segurança destes medicamentos. Por estes motivos, mesmo nestes casos o aconselhamento farmacêutico é fundamental.

Deste modo, é necessário que o farmacêutico aconselhe o medicamento que lhe pareça mais correto, na dose e períodos de tempo adequados, por forma a garantir a segurança, eficácia e um uso racional dos medicamentos [25]. Deve também, apelar para o

utente ir ao médico caso os sintomas agravem ou persistam.

Hoje em dia, devido ao maior conhecimento sobre os medicamentos e doenças por parte dos utentes, a automedicação é uma realidade cada vez maior. Contudo, segundo a Organização Mundial de Saúde metade da população não toma os seus medicamentos de forma correta, o que pode aumentar o risco da dispensa de MNSRM. Para combater esta situação, a Ordem dos Farmacêuticos criou uma campanha chamada “Uso Responsável do Medicamento – Somos Todos Responsáveis” [25].

4.3- Outros Produtos de Saúde

Além de medicamentos, as farmácias apresentam outros produtos de venda livre, deste modo o conhecimento do farmacêutico para um correto aconselhamento do utente deve ir para além dos MSRM e MNSRM.

4.3.1- Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

Os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) obedecem a uma legislação diferente da dos medicamentos [26]. A procura destes produtos e a sua existência nas

farmácias tem aumentado, devido ao facto das pessoas se preocuparem cada vez mais com seu aspeto físico e bem-estar. Deste modo, o farmacêutico deve ter conhecimento das várias linhas de cosméticos, produtos de puericultura e até perfumes existentes na farmácia, da sua composição e perigos inerentes aos componentes dos produtos, para conseguir fazer um aconselhamento correto.

“A Minha Farmácia” apresenta um grande espaço dedicado a este tipo de produtos, trabalhando com diversas marcas, o que me fez perceber que era importante adquirir um maior conhecimento deste produtos com os quais estava menos à vontade. Nesse sentido, tive a oportunidade de participar em formações das marcas SKINCEUTICALS® e VICHY® (Anexo 3), onde fiquei a conhecer melhor os seus produtos e tornei-me mais capaz de os aconselhar.

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- 18 -

4.3.2- Produtos para Alimentação Especial, Suplementos e Multivitamínicos

Durante o estágio n` “A Minha Farmácia” tive a oportunidade de contactar e adquirir um maior conhecimento sobre produtos de alimentação especial, com especial destaque para os leites e farinhas envolvidas na alimentação dos bebés.

Por outro lado, tive a oportunidade conhecer suplementos alimentares e de assistir a uma formação sobre os multivitamínicos da marca FDC® (Anexo 3).

4.3.3- Produtos Homeopáticos e Fitoterapêuticos

Os produtos fitoterapêuticos são produtos naturais à base de plantas [12], o que faz

com que sejam visto como mais naturais, sendo procurados pelos utentes. Podem ser um bom complemento no tratamento da terapia farmacológica em inúmeros casos (ansiedade, insónia, fadiga, obstipação, …), podendo mesmo ser aconselhados pelo farmacêutico. Por este motivo, “A Minha Farmácia” disponha de produtos fitoterápicos.

Durante o estágio, tive também a oportunidade de contactar com medicamentos homeopáticos, cuja procura era quase nula. Este tipo de medicamentos são obtidos a partir de stocks homeopáticos por métodos de diluições sucessivas [12] e devem ser usados como

complemento à terapia convencional e não como alternativa.

4.3.4- Dispositivos Médicos

Os Dispositivos Médicos (DM) são um conjunto de variados produtos que se destinam a prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença humana, mas sem recurso a mecanismos ação farmacológicos, metabólicos ou imunológicos [27]. A sua presença e

venda é bastante comum nas farmácias. Por este motivo, no estágio verifiquei que DM como lancetas, testes de gravidez, preservativos, frascos de colheita de urina, tiras de medição da glicemia e fraldas/pensos para a incontinência são solicitados com frequência e, por isso, devem existir em stock.

4.3.5- Medicamentos e Produtos de Uso Veterinário

Os medicamentos e produtos veterinários encontram-se definidos e legislados no Decreto-Lei n.º 232/99 de 24 de Junho [28]. Este tipo de produtos são importantes para

manter a saúde e bem-estar dos animais, mas também para assegurar a saúde pública [28].

Por este motivo, estes produtos estão à disposição dos utentes nas farmácias e o farmacêutico deve ser capaz de aconselhar em relação ao seu uso, bem como ser capaz de aviar receitas prescritas por veterinários (não comparticipadas pelo Estado).

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- 19 - No estágio tive oportunidade de dispensar medicamentos de uso veterinário e constatei, que n` “A Minha Farmácia”, os mais procurados eram os anticoncecionais para animais domésticos de pequeno porte e os antiparasitários de uso externo e interno.

5. Conferência e Faturação do Receituário

N` “A Minha Farmácia” é feita diariamente a separação das receitas pelos organismos que fazem a comparticipação. Posteriormente, estas receitas são agrupadas em lotes de trinta receitas numeradas de forma sequencial e são conferidas para detetar possíveis erros durante a dispensa

No último dia de cada mês, após a conferência de cada lote, o responsável da farmácia por esta tarefa procede ao fecho dos lotes no sistema informático, sendo emitidos três tipos de documentos distintos.

Os chamados verbetes de identificação do lote são colocados em conjunto com cada lote de receitas. Além disso, é também emitida uma relação de resumo de lotes para cada conjunto de lotes de um determinado organismo. É ainda impresso um terceiro documento que corresponde à fatura mensal de medicamentos, que compila a informação presente em cada verbete de identificação dos lotes e da relação de resumo dos lotes. [29]

Posteriormente, as receitas pertencentes ao SNS e todos estes documentos anteriormente referidos são embalados para serem enviados para o Centro de Conferência de Faturas da Administração Regional de Saúde [29], nos primeiros 5 dias de cada mês,

através de uma transportadora. Por outro lado, o receituário de outros organismos é enviado para a Associação Nacional das Farmácias pelo correio.

Estas entidades conferem as receitas para depois a farmácia ser reembolsada no valor da comparticipação. Caso se detete alguma irregularidade nas receitas, elas podem ser devolvidas à farmácia para proceder à correção, se possível.

No caso das receitas eletrónicas sem papel (lote do tipo 96 e 97), não existe receituário em suporte físico e os dados da fatura são enviados por meio eletrónico.[29]

No meu estágio tive a oportunidade de participar ativamente na conferência e faturação do receituário.

6. Serviços Farmacêuticos Prestados pelas Farmácias

Com base no disposto na Portaria n.º 1429/2007 de 2 de Novembro [5], as farmácias

podem prestar uma série de serviços, tendo em vista a promoção da saúde e bem-estar dos utentes. Estes serviços estão regulamentados e podem ir desde a prestação de primeiros socorros até ao apoio domiciliário [5].

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- 20 - Neste sentido, n` “A Minha Farmácia” o utente pode usufruir da prestação de serviços como: determinação dos níveis de colesterol total (CT), triglicerídeos, glicémia capilar e pressão arterial (PA). Além disso, ainda é possível determinar o seu peso, altura e índice de massa corporal (IMC).

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de realizar este tipo de serviços farmacêuticos e praticar o aconselhamento farmacêutico face aos resultados que as pessoas apresentavam nas determinações dos parâmetros bioquímicos. No sentido de acompanhar o utente de forma mais continua e de o fidelizar à farmácia, os resultados destas determinações eram registados em cartões disponibilizados pela farmácia para o efeito.

7. Outros Serviços

7.1- Aconselhamento nutricional

“A Minha Farmácia” coloca à disposição dos utentes uma nutricionista, para realizar aconselhamentos de nutrição numa sala apropriada e segundo uma marcação prévia.

7.2- Recolha de Radiografias

“A Minha Farmácia” colabora na campanha de reciclagem de radiografias da Assistência Médica Internacional (AMI) [30]. Neste sentido, a farmácia apela aos seus

utentes para entregarem as suas radiografias com mais de 5 anos ou que já não tenham valor para diagnóstico.

Posteriormente, a AMI recolhe nas farmácias as radiografias, as quais são utilizadas para obter prata que é depois trocada por dinheiro, com o intuito de ser utilizado para ajudar os mais desfavorecidos [30].

7.3- Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos

A Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos (VALORMED) é uma sociedade responsável pela gestão dos medicamentos fora de uso e dos resíduos de embalagens vazias, cuja recolha é atualmente feita em contentores próprios e devidamente identificados, os quais estão presentes nas farmácias [31].

Os contentores presentes nas farmácias vão sendo cheios pelos resíduos de embalagens e medicamentos que os utentes trazem e, quando cheios, são selados por um responsável da farmácia, de modo a garantir que chegam ao destino nas condições adequadas. Cada contentor possui uma ficha de identificação, onde o responsável pela selagem coloca os dados como: o nome da farmácia, peso do contentor e a sua rubrica.

(34)

- 21 - Posteriormente, este contentor é recolhido por um distribuidor aderente, o qual preenche o resto da ficha do contentor com o número do armazenista, data de recolha e a sua rubrica, procedendo depois à entrega do contentor na empresa que realiza a sua reciclagem/eliminação segura.[32]

Este processo é vantajoso, porque contribui para menores riscos de poluição ambiental e acidentes domésticos com medicamentos.

(35)

- 22 -

PARTE II

AÇÕES NO ÂMBITO DA ATIVIDADE

DO FARMACÊUTICO COMUNITÁRIO

(36)

- 23 - 8. DOENÇAS CARDIOVASCULARES

As Doenças Cardiovasculares (DCV´s) caracterizam-se por afetarem o coração ou os vasos sanguíneos, ou seja, afetam o sistema circulatório, o qual tem um papel fundamental para o funcionamento do nosso organismo [33].

Existem diversos tipos de DCV, no entanto destacam-se dois tipos: o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Enfarte do Miocárdio (EM). Em ambos, a fisiopatologia das doenças está relacionada com a aterosclerose.

A aterosclerose carateriza-se como um processo inflamatório no qual ocorre uma acumulação de Low Density Lipoprotein Cholesterol (c-LDL), outros lípidos, cálcio e restos celulares na camada íntima dos vasos sanguíneos [34]. Esta acumulação leva à formação

de células inflamatórias e outras alterações que resultam na deposição de placas ateroscleróticas nas artérias de calibre médio [33], [34]. Estas placas podem sofrer posterior

erosão com consequente formação de um trombo, que, por sua vez, pode dificultar a circulação sanguínea ou até mesmo bloqueá-la naquele local ou noutro no qual se acumule o trombo. Deste modo, há um comprometimento da irrigação sanguínea e oxigenação de órgãos vitais como o coração e o cérebro, podendo levar a lesões com sequelas irreversíveis ou em muitos casos à morte.

No caso do EM, ele ocorre quando uma ou mais artérias que irrigam o coração, como é o caso das artérias coronárias, são bloqueadas pelo trombo e as células da área afetada começam a morrer. Por este motivo, é uma situação de emergência médica e que deve ser tratada o mais rápido possível. A sensação de pressão no peito, de pânico, de dor que irradia para o braço esquerdo e uma respiração irregular e rápida podem ser algumas das formas como se manifestam os EMs [35].

Por outro lado, no caso do AVC, este ocorre quando o trombo se forma nos vasos sanguíneos cerebrais ou quando chega a esses vasos proveniente de outro local (embolia). Este trombo pode levar ao bloqueio do fluxo sanguíneo, falta de oxigenação e consequente lesão cerebral (AVC Isquémico). Sinais e sintomas como: assimetria da face, fraqueza súbita num braço ou perna, perda súbita de visão ou visão dupla e alterações no discurso são comuns e devem ser motivo para ligar imediatamente para o 112 [36].

Em Portugal, as DCVs, nomeadamente o EM e o AVC são das principais causas de morte nos adultos. Isto pode ser comprovado com dados da Direção-Geral da Saúde (DGS), presentes no documento “A Saúde dos Portugueses – Perspetiva 2015” [37], no qual

estão incluídos uma série de gráficos relativos a dados do Instituto Nacional de Estatística. Através deste documento é possível verificar que para pessoas entre os 45 e 74 anos, as doenças do aparelho circulatório são a segunda causa de morte a seguir aos tumores

(37)

- 24 -

[37].Porém, a partir dos 75 anos as DCV passam a ser a principal causa de morte [37]. (Anexo

4)

Deste modo, podemos verificar que nunca é demais alertar e promover ações para prevenir as DCVs, pois apesar da mortalidade ser elevada, este tipo de doenças podem ser evitadas ou o seu impacto reduzido, através da adoção de um estilo de vida saudável aliado a um bom controlo de parâmetros (pressão arterial, colesterol, …), que pode ser feito com visitas regulares ao médico e à farmácia.

8.1- Fatores de Risco das Doenças Cardiovasculares:

As doenças cardiovasculares apresentam fatores de risco modificáveis e não modificáveis. No caso dos fatores de risco não modificáveis incluem-se o género, idade e história familiar de DCV. Já nos fatores de risco modificáveis, que são aqueles que realmente podem ser alterados por mudanças no estilo de vida, fazem parte: a hipertensão, diabetes, excesso de peso, sedentarismo, hábitos tabágicos, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e dislipidemias [33].

A melhor forma de prevenir as doenças cardiovasculares e, consequentemente, a mortalidade a elas associada é através do controlo dos fatores de risco modificáveis [33].

Na farmácia comunitária é possível controlar alguns dos fatores de risco e aconselhar, se necessário, para a mudança de estilos de vida. Isto é possível, porque neste local, os utentes podem fazer uma medição regular da pressão arterial (PA), colesterol total (CT), glicemia e índice de massa corporal (IMC).

A PA consiste na pressão que o sangue exerce nas paredes das artérias aquando da sua circulação no organismo. Contudo, devido a fatores genéticos ou ambientais esta pressão exercida nas paredes das artérias pode ser excessiva e, nesse caso, estamos perante um caso de Hipertensão Arterial (HTA). [38]

A HTA é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de DCV e parte da população portuguesa hipertensa não se encontra com os valores de PA controlados

[38]. Deste modo, segundo a norma Nº 026/2011 da DGS, no tratamento da HTA um dos

objetivos principais é que os valores de PA sejam controlados e inferiores a 140/90 mmHg, no entanto, isto nem sempre é possível, porque depende também da história clínica do doente e de possíveis contraindicações [39]. A medição regular da PA pode ser feita na

farmácia comunitária e é fundamental para diagnosticar novos casos de hipertensão ou verificar se a terapia anti-hipertensora está a ser eficaz no controlo da PA. Assim, esta é uma das formas através da qual o farmacêutico pode intervir na prevenção de DCVs.

Um outro fator de risco modificável são algumas dislipidemias, ou seja, anomalias dos lípidos na circulação sanguínea do ponto de vista quantitativo ou qualitativo. Uma das

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