ERICH
LEONARDO
RATZAT
'NOTAS
E
APONTAMENTOS PARA
ESTUDO
DE
O
CAPITAL
DE
KARL
MARX
Florianópolis
ERICH
LEONARDO
RATZAT
NOTAS
E
APONTAMENTOS PARA
ESTUDO
DE
O
CAPITAL
DE
KARL
MARX
Monografia
submetida ao Departamento de Ciências Econômicas naArea
deEconomia
Marxista, paraobtenção de carga horária na disciplina
CNM
5420-
Monografia,
pela Universidade Federal de Santa Catarina.Orientador: Prof. Idaleto Malvezzi
Aued
Florianópolis
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA CATARINA
CENTRO
SÓCIO-ECONÔMICO
CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
A
Banca
Examinadora
resolveu atribuir a nota aoacadêmico
ErichLeonardo
Ratzat
na
disciplinaCNM
5420
- Monografia
pela apresentação deste trabalho.BANCA
EXAMINADORA:
Prof. Dr. I a vezzi
Aued
Presidente`
Prof. Dr. Nildo
Domingos
Ouri' esMembro
Prof.
Márcio
Moraes
RutkoskiMembro
RESUMO
Este trabalho
tem
como
objetivo primeiro, fazer análise sobre ométodo
marxista,ou
seja, a dialética materialista e o materialismo histórico para poder entender o processode
montagem
da
teoria de K. Marx.Depois
de explicado o método, passou a ser investigadasalgumas das categorias marxistas
que
são peça chave paracompreender
o
presente trabalho,assim, explicadas essas variáveis, passou-se então, à análise da mais-valia,
que
é a questão fundamentaldo
texto.Nas
seções seguintes foram abordados omodo
de produção feudal e omodo
de
produção escravagista,onde
foram explicitadas as características maiscomuns
desses
modos
e feitas comparaçõescom
omodo
capitalistade
produção. Este é analisadoem
uma
seção a parte seguida pelaabordagem
de suas relações sociais.Por
fim,
as seçõesseguintes
abordam
a produção capitalista dentro da fábrica e a circulação do capital industrial.Palavras Chaves: Relações sociais;
Modo
capitalista de produção;Reprodução do
capital; Mais-valia.SUMÁRIO
WTRODUÇÃO
... ..CAPÍTULO
1 -MÉTODO
DE
KARL
MARX
... ..CAPÍTULO
11 -ASPECTOS TEÓRÍCOS
... ..CAPÍTULO
III -TEORIA
DA
MAIS-VALIA
... ._CAPÍTULO
IV
-O
MODO
DE
PRODUÇÃO
ESCRAVAGISTA
.... ._CAPÍTULO
V
-O
MODO
DE
PRODUÇÃO
FEUDAL
... _.CAPÍTULO
v1
-PRODUÇÃO
CAPITALÍSTA
... ..CAPÍTULO
vu
-As
RELAÇÕES
sOCÍA1s
... ..CAPÍTULO
v111
_ENTRANDO
NA PRODUÇÃO
CAPITALISTA
CAPÍTULO
lx
-A
CIRCULAÇÃO
DO
CAPÍTAL ÍNDUSTRÍAL
..CONSIDERAÇOES
FINAIS
... ..2
1NTR0DUÇÃo
As
relações sociaisno
mundo
de hojeaparecem
aos olhoscomuns
como
totalmentetransparentes.
Se
perguntarmos a qualquer pessoacomo
ela vive, a respostasem sombra
de dúvidas será: vivodo
meu
trabalho.Porém
porque
esta pessoa e seu patrão estãoem
ladosopostos
na
divisão de classes, porque
uns sãochamados
de capitalistas e outros de assalariados, porque
unsganham
mais e outros menos, essas perguntas nos faz parar e pensarna
sociedade atual e tentar esclarecer e desmistificar algumas lendasem tomo
dasrelações sociais.
Somos
regidos pela religião, pela política, por valores morais, éticos e outros valorese cada corrente tenta explicar a origem das pessoas e
dependendo da
fé, acreditamos. Para aIgreja,
somos
fiutos deuma
criação divina., os pobres são pobres porqueDeus
quis,da
mesma
fonna
acontecendocom
os ricos. Parao
espiritismo, aquelesque
sofrem hoje estãopagando
por erros e pecados cometidosem
outras vidas, e aquelesque
gozam
hoje estão desfrutandoo
direito adquiridoem
outras vidastambém
onde
praticaramo
bem.A
política explicaque
a divisão doshomens
é fi"uto deuma
sériede
fatorescomo
educação, família,posição social, local de nascimento, etc.
Cada
corrente tenta explicar, tenta se auto explicar, devemos, entretanto, esquecer nessemomento
tudoo que
nos foi dito e partir da formulação deque
ahumanidade
já se colocou principalmente pelaeconomia
política e por KarlMarx,
como
explicação para alémdo
homem
comum,
assim,devemos
entendero
modo
de
funcionamento
da
sociedade atual,como
as pessoas se relacionam, porque
se relacionamdessa maneira e
como
que o
atualmodo
de produçao determina as condiçoes de vida das pessoas.3
O
presente trabalho se basearáem
O
Capital, obra de KarlMarx como
a linha mestra, pois écom
este autorque
aeconomia
política aparecenua
epode compreender
os enigmaseas interpretações errôneas da
economia
vulgar. Essa obraque
até hoje conserva suaimportância e atualidade através
do tempo
e consegue explicar omodo
de funcionamentoda
sociedade atual
sem
deixar vazios incompreensíveis.Em O
Capital, KarlMarx
desenvolve ateoria e a história
do
capitalismona
plenitude de sua abstração,em
outras palavras, desenvolve a_ teoriado
capitalismoem
seu surgimento, desenvolvimento e desaparição,ou
seja,
como
que
o
próprio sistema cria as bases para sua autonegação.Enquanto que
outrosteóricos conseguiram explicar a história
do
capitalismo, deixaram a desejarem
relação aos problemas teóricos, incompreensíveis para eles.É
justamente por essa razão que se estudará KarlMarx
neste trabalho e principalmente sua obra principal,O
Capital.OBJETIVOS GERAIS
O
objetivodo
presente trabalho é analisar as relações sociaisno
modo
capitalistade
produção, identificarcomo
oshomens
se relacionam e porque
se relacionam desta maneira,como
e porque
a sociedade é divididaem
duas classesque
se opõe, capitalistas deum
ladoe assalariadosdo
outro.oBJET1vos
EsPEcÍ1=1cos
Os
objetivos específicos deste texto visam a análiseda
mercadoria capitalista-
uma
abordagem
marxista-
ecomo
a mais-valia se escondepor
detrás das relações entre coisas,ou
seja, entre mercadorias,onde
seus possuidores se defrontam comovindivíduos livres e4
simplesmente a aparência
da
relações socialno
modo
capitalista de produzir,onde
a mais-valia
fica
obscurecida, sendo impossível explica-la a partir de sua aparência, ésomente
quando
a análise ultrapassa a superflcie dosfenômenos
e atinge a essênciada
questãoque
épossível entender e explicar as relações sociais
no
modo
de produção
capitalista.METODOLOGIA
O
presente trabalho está baseado na obra de KarlMarx,
mais precisamenteem
sua obra principalO
Capital. Para a elaboraçãodo
texto foi realizada leitura dos livros pertinente, além de debatescom
alguns professores.ó
1.
MÉToDo
DE
KARL
MARX
Neste capítulo será abordado
o método
de KarlMarx,
para entender o processode
materialização
do
raciocínio de suas obras.O
método
de análise deMarx
sobre osfenômenos
por ele estudados é
o método
dialético materialista, e éempregado
igualmente na história ena filosofia, foi através
da
dialética materialistaque
K.Marx
construiu toda sua formulação teórica.Em
que
consiste então a dialética? Essemétodo
nos ensinaque não
existeuma
verdade abstrata, esta ésempre
concreta.Empregando
esse princípio àeconomia
política, K.Marx
a transforma radicalmente, poisbuscou o
concretoem
todas as categorias e leisda
economia
política,ou
seja, investigou sobque
premissas históricas estas categorias e leisentram
em
vigor e adquirem força. Assim,o
autor descobre o caráter histórico daeconomia
política, entretanto não
no
sentido de ciência descritiva.Seu
caráter histórico se expressa,primeiramente,
em
que
seu objeto, medianteo
qual seestudam
as formações econômicas, está historicamente condicionado e,em
segundo lugar, todas as categorias e leis sãotambém
historicamente condicionadas.
Para K.
Marx, o
valor éuma
categoria histórica:“Uno
de los defectos fundamentales de la economía política clásica es el no haber conseguido jamás desentrañar del análisis de la mercancia, ymás
especiahnente del valor de ésta, la fomia del valor que lo convierte envalor de cambio. Precisamente en la forma persona de sus mejores representantes,
como
Adam
Smith y Ricardo, estudia la forma del valorcomo
algo perfectamente indiferente o exterior a la propia naturaleza de la mercancía.La
razón de esto no está solamente en que el analisis de lamagnitude del valor absorbe por completo su atención.
La
causa esmás
honda.La
forma de valor que reviste el producto del trabajo es la fomiamás
abstracta y, almismo
tiempo, lamás
general del régimen burgués deproducción, caracterizado asi
como
uma modalidad específica de producción social y a la par, y por ello mismo,como
una modalidadhistórica. Por tanto, quien vea en ella forma natural etema de la producción
7
del valor y, por consiguiente, en la forma mercancía, que, al desarrollarse,
conduce ala fomta dinero, a la forma capital, etcétera.”
(MARX,
1973: 47-43).
Essa
citação deixa clarocomo
devem
ser interpretadoo
caráter concreto e históricodas categorias
da economia
política; são históricas e concretas, poissomente
são válidas paraum
modo
de produção detenninadoque
as condicionam. Contudo, nos limites destemodo
de
produção
reflete os traços mais gerais e típicosdo modo, ou
seja, refletemo
abstrato.Desse
modo,
inclusive a categoria mais abstrata,como
aforma do
valor, está aomesmo
tempo
historicamente determinada,
ou
seja, é histórico-concreta.A
dialética materialista exigeque
osfenômenos
sejam analisados,não
isoladamentenem
em
repouso, e simem
suas inter-relações gerais eem
sua dinâmica.O
movimento
como
disse F. Engels, “es de por siuna
contradicción”. Paraexemplificar essa frase, Engels analisa
o movimento
mecânico simples deum
corpo e tennina dizendo:“Y
el surgimiento continuoy
la solución simultânea de esta contradicción, es precisamente loque
constituye el movimiento.”(ENGELS,
1975: 147).No
Capital, K.Marx
estuda precisamente assim osfenômenos
econômicos,em
suasinter-relações e movimentos,
em
seu constante surgimento e solução das contradições.Desde
o
princípio, a mercadoria setoma
como
“laforma
de la célulaeconómica
de la sociedadburguesa”,
ou
seja, não deforma
isolada.A
mercadoria éo
ponto inicialda
totalidade, e se investigaem
suas contradições entreo
valor-de-uso eo
valor; valorque
na troca setransforma de contradição interna para contradição externa,
em
contradição entre aforma
relativa
do
valor e aforma
equivalente. Esta contradição encontra sua solução,ou
seja, aforma
de seu movimento,no
dinheiro;mas
a própria mercadoria eo
dinheiro se manifestamnão
como
coisas isoladas, e simcomo
os dois pólos de expressãodo
valor.Por
conseguinte,8
O
resto dosfenômenos
é analisadoda
mesma
maneira.Temos
porexemplo
a conversão de dinheiroem
capital,tomado
por simesmo
e forado
movimento,o
dinheironão
pode
se converterem
capital; isto sópode
acontecerquando o
dinheiro: 1) se contrapõecomo
mercadoria à força de trabalho; 2) se transformaem
força de trabalho e meiosde
produção.
O
movimento
fonnal secomplementa
com
o
processo real da produçao.Marx
escreve: ~“El capital,
como
valor que se valoriza, no encierra solamente relaciones de clase, un determinado carácter social, basado en la existencia del trabajo asalariado. Es un movimiento, un proceso cíclico a través dediferentes fases, que, a su vez, se halla formado por tres diferentes etapas.
Sólo se le puede ooncebir, pues,
como
movimiento, y no en estado yacente.”(MARX,
1973: 100)Por fim,
Marx
nao foi somenteum
dialético,mas
um
materialista: seumétodo
éo
método do
materialismo dialético, ditocom
mais precisão, somenteem
Marx
a dialéticarecebe
um
sentido mais racional porque se faz materialista.1.1
o
MATERIALISMO
HISTÓRICO
~ ~
O
material transposto porMaxx
em
O
Capital,nao
é maisdo que o
modo
de produçao
capitalista,
que
se transforma dialeticamente, durante seu surgimento, desenvolvimento e dinâmica,que
oconduz
até seu contrário,ou
seja, até sua negação.Quando
se diz respeito aosfenômenos
histórico-sociais, ométodo
do
materialismodialético se reveste na forma
do
método do
materialismo histórico:“En
la producción social, de su existencia, loshombres
entran en relaciones determinadas, necesarias, independientes9
desarrollo de sus fuerzas producticvas.”
(MARX,
1973: 50) Deste princípio parteMarx
para sua investigaçãodo
modo
burguês de produção,buscando
atrás das relações entre as coisas, as relações entre oshomens
que, independentes de suas vontades,correspondem
aum
grupo
determinado de desenvolvimento das forças produtivas materiais.
O
valor, a mais-valia, e todas as demais categoriasda economia
política refletem totalmente relações deprodução
objetivas.
Ao
analisaro
processo de trocaMan;
escreve:“Para que estas cosas se relacionen las unas con las otras
como
mercancías, es necesario que sus guardianes se relacionen entre sícomo
personas cuyas voluntades moran en aquellos objetos, de tal
modo
que cadaposeedor de una mercancía sólo pueda apoderarse de la otra por voluntad
de éste y desprendiéndose de la suya propia; es decir, por medio de
un
actode voluntad
común
a ambos. Es necesario, por conseguiente, que ambas personas se reconozcancomo
propietarios privados. (...) Aquí, las personassólo existen las unas para las otras
como
representantes de sus mercaderías, o lo que es lo mismo,como
poseedores de mercancías.En
el transcurso denuestra investigación, hemos de ver constantemente que los papeles
económicos representados por los hombres no son
mas
que otras-tantas personificasiones de las relaciones económicas en representación de lascuales se enfrentan los unos con los otros.”
(MARX,
1973: 51-52.)As
relações entre oshomens
nãodependem
de seu livre arbítrio, pelo contrário, “...esta relación juridica,que
tiene porfomla
de expresión el contrato es, hálleseo no
legalmente reglementada,
una
relaciónde
voluntadem
que
se refleja la relación económica.”(MARX,
1973: 51).Sabemos que
os capitalistas são considerados porMarx
como
a personificaçãodo
capital, e estecomo
uma
relação de produção entre osdonos
dosmeios
de produção e circulação, poruma
parte, e osdonos da
força de trabalho por outra.Todo
O
Capital foi construído sobre a base de outra importante tesedo
materialismo histórico:“En
una fase detemiinada de su desarrollo, las fuerzas productivas de la sociedad entran en contradicción con las relaciones de producciónexistentes, 0 lo cual no es
mas
que su expresión jurídica con las relacionesde propiedad en cuyo interior se habían movido hasta entonces.
De
fomíasevolutivas que eran, '
10
fuerzas. Entonces se abre una época de revolución social.”
(MARX,
1975:10.)
Em O
Capital, as relações de produçãonão
se estudam separadas das forçasprodutivas, e sim
como
formas de desenvolvimento e aomesmo
tempo,como
uma
espéciede fi*eio delas.
As
relações de produção são inseparáveisdo
processo deprodução
Todos
os produtores sãoem
essência, “individuosque
producen en la sociedad”.As
relaçõesde
produção fazem
com
que a produção seja “socialmente determinada”.Embora
cada produtor trabalhe deforma
isolada, independente dos demais, toda suaprodução
estará socialmente determinada. Assim, a matéria-prima sobre a qual trabalha e os meiosde
existênciaque o
mantém
durante seu trabalho, tudo isto foi recebido de outros produtores. Inclusive a12
2.
ASPECTOS
T1‹:ÓR1cos
Devemos,
primeiramente, analisar a teoria marxista e seus conceitos firndamentais, para depois explicar a reproduçãoda
condiçãohumana
no
modo
capitalista de produzir. K.Marx
parte da mercadoria, célula de todo estemodo
de produção, apesar de coisa, aeconomia não
trata de coisas e sim de relações sociais,vem
sempre
“unidas a cosasy
aparecencomo
cosas”(MARX
eENGELS,
1985: 385-386).Man;
identifica as relações sociaiscomo
relações entre compradores e vendedores,como
pessoas iguais, pois se supõeque
se encontram nasmesmas
condições de trabalho “[...]de tal
modo
que
cada poseedorde una
mercancía sólopuede
apoderarse de la de otro por voluntad de éste y desprendiéndose de la suja propia...Es
necesario, por conseguiente,que
ambas
personas se reconozcancomo
propietarios privados”(MARX,
1973: 51-52).Ou
seja,ambos
são proprietários privados de seus produtos, e juridicamenteambos
são iguais perantea lei.
Em
segundo lugar, os proprietários de mercadorias alienam entre sio
produto de seustrabalhos, convertem
o
disperso trabalho individualem
trabalho social.Em
terceiro lugaro
caráter social
do
trabalho se manifesta pormeio do mercado
eda
troca e se reflete nasrelações das coisas.
Lênin
define o
capitalismocomo:
“Según su estúdio [de Marx], los rasgos esenciales del capitalismo son: 1)
La
producción mercantilcomo
fomia general de la producción. El producto toma la fomia de mercancía en losmás
diferentes organismos deproducción social, pero sólo en la producción capitalista esta forma del producto del trabajo viene a ser general y no particular, no única ni casual. 2)
La
fomia mercantil es tomada no sólo por el producto del trabajo sinotambién por el trabajo, es decir, la fuerza de trabajo del hombre. E1 grado
de desarrollo de la fuerza de trabajo en su forma mercantil caracteriza el
l3
A
mercadoria inicialmente, para K.Marx
é revestida de duplo caráter, valor-de-uso e valor-de-troca.O
primeiro identifica-se por ser ela objeto útil, através de suas propriedadesmateriais.
O
valor-de-troca se estabelece primeiramentenuma
relação quantitativa entre duasmercadorias,
ou
seja, quanto de detemiinada mercadoriaA
equivale determinada mercadoriade B. Entretanto, nesse ponto se estabelece
uma
questão:como
determinar as quantidades proporcionaisem
que
sepode
trocaruma
mercadoria por outra,quem
define
o quantoque
cada mercadoria vale? Assim, põe-se de lado
o
valor-de-uso das mercadorias, poiscomo
taissó se distinguem qualitativamente, são de materiais diferentes,
o que
importa saber é arelação quantitativa
que
se estabelece agora.Man;
esclarece:“Ao
desaparecer 0 caráter útil dos produtos do trabalho,também
desaparece o caráter útil dos trabalhos neles corporificados; desvanecem-se, portanto, as diferentes formas de trabalho concreto, elas não mais se distinguem tunas das outras,mas
reduzem-se, todas, auma
única espécie detrabalho, o trabalho
humano
abstrato.”(MARX,
1998: 60). .Ou
seja, é dispêndio de energia fisica e mentalsem
levarem
consideraçãocomo
foigasta essa energia, assim toda mercadoria capitalista é resultado
do
dispêndiode
forçade
trabalho
humano.
A
pergunta que segue é:como
medir a grandezado
valorde
determinada mercadoria?E
_a resposta é, atravésdo
trabalho,ou
seja, o valor deuma
determinadamercadoria é
medido
pela quantidade de trabalho gasta durante sua produção, sendoque
aquantidade de trabalho mede-se pelo
tempo
de sua duração, e otempo
de trabalho porfrações de
tempo
como
dias, horas etc,Temos
que
“O
que
determina a grandezado
valor, portanto, é a quantidade de trabalho socialmente necessáriaou o tempo de
trabalho socialmente necessário para a produção deum
valor-de-uso.”(MARX,
1998: 61).Sendo que
tempo
de trabalho socialmente necessário éo “tempo
de trabalho requerido para produzir-seum
valor-de-uso qualquer, nas condições deprodução
socialmente normais existentes ecom
l4
produtividade
do
trabalhoque
também
influino
tempo
de trabalho é determinada por váriosfatores entre eles: a destreza
média
dos trabalhadores,o
grau de desenvolvimentoda
ciência, a organizaçãodo
processo de produção, a eficácia dos meios deprodução
e seuvolume
e ascondições naturais.
Em
resumo: quanto maior a produtividadedo
trabalho, tantomenor
o
tempo
detrabalho requerido para produzir
uma
mercadoria, e quantomenor
a quantidade de trabalhoque
nela se cristaliza,menor
seu valor, sendo o inverso verdadeiro.O
produto para setomar
mercadoria,tem
de ser transferido aquem
vai servircomo
valor-de-uso por
meio da
troca.Nenhuma
coisapode
ser valorsenão
é objeto útil.Assim
sendo, já
que sabemos que
a mercadoria é fi'utodo
trabalho, cabe analisar essa variável capaz de criar valor,o
trabalho.De
acordocom
Marx,
o trabalho possui duplo caráter:quando
se expressacomo
valor,
não
possui mais asmesmas
característicasque
lhe pertencemcomo
gerador de valores-de-uso.No
conjuntoformado
pelos valores-de-uso diferentes,ou
pelas mercadoriasmaterialmente distintas, manifesta-se
um
conjunto correspondente dos trabalhos úteisdiversos - a divisão social
do
trabalho, ela é condição paraque
exista a produção demercadoria.
O
valor-de-uso de cada mercadoria representaum
trabalho útil particular.O
trabalho,como
criadorde
valores-de-usocomo
trabalho útil, é indispensável à existênciado
homem.
Os
valores-de-uso são conjunções de dois fatores, matéria fomecida pela natureza etraballio.
O
trabalhonão
é a única fonte dos valores-de-uso, a naturezatambém
atua.Passemos
parao
valor das mercadorias.O
trabalhodo
alfaiate edo
tecelão,embora
atividades produtivas qualitativamentediferentes, são
ambos
dispêndio de energiahumana
do
cérebro, músculos, nervos, mãos,15
humano
em
geral.Se o
trabalho contidona
mercadoria,do
ponto de vistado
valor-de-uso, sóinteressa qualitativamente,
do
pontode
vista da grandezado
valor só interessaquantitativamente e depois de ser convertido
em
trabalhohumano,
puro e simples.Todo
trabalho é, deum
lado, dispêndioda
forçahumana
de trabalho,no
sentidofisiológico, e, nessa qualidade de trabalho
humano
igualou
abstrato, cria o valor dasmercadorias.
Todo
trabalho, por outro lado, é dispêndio de forçahumana
de trabalho, sobfonna
especial, paraum
determinadofim,
e, nessa qualidade de trabalho útil e concreto,produz valores-de-uso.
Expliquemos
melhoro
duplo caráterdo
trabalho.Man;
quando
analisa a* mercadoriacapitalista
afinna
que
amesma
possuium
duplo caráter,como
valor-de-uso ecomo
valor-de-troca, então é necessário
também
que o
trabalho representado nessa 'mercadoriapossua-um
duplo caráter.
O
trabalho concreto,Marx
o
caracteriza pelos seguintes elementos:em
primeirolugar, é
um
trabalho útilque
produz valor-de-uso;em
segundo, produzum
valor-de-uso qualitativamente detenninado e se contrapõe a outros tipos de trabalhoque
produzem
outrostipos
de
valores-de-uso. Este último ponto servede
base para a divisão socialdo
trabalho, ~sobre a qual está assentada a circulaçao mercantil e todo o sistema
da
economia
mercantil.Entretanto aqui
mesmo
Marx
fazuma
observação deque
“...es la división social del trabajo,condición
de
vida de la producción de mercancías,aunque
éstano
lo sea a su vez,de
la división social del trabajo.”(MARX,
1973: 9-10).Em
terceiro lugar,o
trabalho concretonão
está ligado
com
nenhum
condicionamento históricode
organizaçãodo
trabalho; “...comocreador de valores-de-uso, es decir,
como
trabajo útil, el trabajo es, por tanto, condición devida del hombre,
y
condición independiente de todas las formas de sociedad,una
necesidadpereme
y
natural.”(MARX,
1973: 10).16
Por fim,
em
quarto lugar,o
trabalho concretopode
realizar-se somentequando
unido as forçasda
natureza e apoiando-se nelas, por isso “...el trabajono
es, pues, la fuente únicay
exclusiva de los valores-de-uso
que
produce, de la riqueza material. El trabajo es,como
ha
dicho William Petty, el padre de la riqueza,
y
la tierra la madre.”(MARX,
l973: 11).Cabe
agora analisaro
outro sentidodo
trabalho,o
trabalho abstrato.A
abstração das formas concretasdo
trabalhonão
é simplesmenteum
processo mental,mas
se efetua objetivamente medianteo
mesmo
processo de produção de mercadorias.Em
seu livro,Contribuición ala critica de la
economia
política,Marx
escreve:“En primer lugar la simplicidad no diferenciada del trabajo es la igualdad de los trabajos individuales que se relacionan unos con los otros,
como
con el trabajo igual, y esto por la reducción efectiva de todos los trabajos a trabajo homogêneo.”(MARX,
1975: 23).Marx
também
já havia dito, “Esta reducción [reduçãode
diferentes tiposde
trabalhoa apenas
um]
presenta la aparencia deuna
abstración; pero esuna
abstración que tiene lugartodos los días en el proceso de producción social.”
(MARX,
1975: 21.)Toda
análise sobreo
duplo caráterdo
trabalhopode
ser entendida pela formulaçãoque
Marx
fazque resume
a diferença entreo
trabalho abstrato,que
engendrao
valor, eo
trabalho concreto,
que
cria valor-de-uso:“Todo trabajo es, de una parte, gasto de la fuerza
humana
de trabajoen sentido fisiológico y,
como
tal,como
trabajohumano
igual o trabajohumano
abstracto, fonna el valor de la mercancía. Pero todo trabajo es, deotra parte, gasto de la fuerza
humana
de trabajo bajo una forma especial yencaminada a
un
fin
y,como
tal,como
trabajo concreto y útil, produce los valores de uso.”(MARX,
1973: 14.)l8
3.
TEORIA
DA
MAIS-VALIA
Explicadas algumas categorias básicas
do
marxismo, faz-se necessário nessemomento
entrar na questão chaveque
sepropõe o
presente trabalho.É
atrás dessa categoriaque
se escondeo
verdadeiro sentido das relações sociaisno
capitalismo,em
razão disso será esclarecidoo enigma
da mais-valiana
presente seção.A
Devemos
analisar a mercadoria fonteda
riqueza, paraMarx
o
capital adiantado se divideem
capital constanteque
é a partedo
capitalem
que
se converteem
meios de
produção,
ou
seja, valor dos instrumentos de trabalho, de matéria-prima etc e quenão tem
alterado a magnitude de seu valor
no
processo produtivo e por isso échamado
capital constante; e capital variável que é a partedo
capital convertidaem
força de trabalho eque
tem
capacidade de criar valor duranteo
processo produtivo.O
primeiro transfere proporcionalmente ao próprio desgaste seu valor ao produto enquantoque o
segundo cria valor, cria a mais-valia, assim toda mercadoria capitalistatem
seu valor divididoem
capital constante, capital variável e mais-valia, esta últimaque
é a parte queo
capitalista apropriasem
darem
trocanenhum
equivalente ao trabalhador na produção.Entretanto, nossa investigação
começa
com
o
entendimentodo
movimento do
capital,como
aparecena
superficie dos fenômenos,como
valorque
em
seumovimento
tem
o
dom
de criar valor por ser ele
mesmo
valor.A
questão é, deonde
sai essa forçamágica
de criar valor? Esta pergunta é fácil de responderquando
nos transportamos dos objetos e seumovimento
para as relações sociaisque
se ocultam por trás deles.Tomamos como
ponto de partida a transformaçãodo
dinheiroem
capital, eo novo
papel
que o
dinheiro exerce nessemomento.
A
compra da
força de trabalho éo
elemento essencialsem
a qual não é possível transformar dinheiroem
capital. Entretanto essacompra
19
deve seguir seu uso,
ou
seja,o
consumo
da forçade
trabalhono
processo produtivo, poisde
outro
modo
não sepode
obter mais-valia.Marx
escreve:“Como
se vê, el capitalno puede
brotar de la circulación, ni
puede
brotartampoco
fiiera de la circulación. Tienenecesariamente
que
brotar en ella y fuera de ella, almismo
tiempo.”(MARX,
197 3: 128)O
ponto de partida para a investigaçãodo novo
tipode
relação de produção é anova
forma
do
dinheirona
qual se manifestam essas relaçoes.O
dinheiro na forma de capitaltem
um
movimento
completamente diferente daquelada
circulação simples de mercadorias,onde
temos que
as funçõesque
o
dinheirodesempenha
são:medida
de valor,meio
de pagamento,entesouramento, dinheiro universal e
mero
intermediário deum
processo de troca entre duasmercadorias,
M-D-Ml,
onde temos
como
conclusãoM-M2,
valor-de-uso trocado por valor-de-uso, isto e', circulação simples de mercadorias. Agora, de
modo
completamente diferente,temos
a circulaçãodo
capital, aindaque
este apresente osmesmos
atos decompra
evenda
que
aparecena
circulação simples de mercadorias, entretanto, a diferença está contida nasrelações sociais.
Não
é a troca de valores-de-usoo
fim
que
se quer chegarcom
a circulaçãode capital, e sim
um
aumento do
valor através dessamesma
circulação.O
dinheirona forma
de capitalnão
somente serve para a realizaçaoda
troca de mercadorias,mas
que subordina seus fins parao
aumento do
valor,que
se reflete na fónnula:FT
D-M<
...P...M'(M+m)-D'(D+à)3
Mp
1
M-D-M
é a fórmula que Marx representa mercadoria trocada por mercadoria, assim dessa forma temos, mercadoria
M
que é vendida e convertidaem
dinheiroD
que por sua vez e' transformadoem uma
segundamercadoria M, aparecendo dessa forma
D
como mero intermediário entre duas mercadorias M.2
M-M
é a simplificação da fórmula
M-D-M,
ou seja, mercadoria trocada por mercadoria.3
Esta é a fórmula usada por K. Marx para demonstrar o movimento do capital, temos dessa forma dinheiro
D
que se converteem
M
meios de produção e força de trabalho, que juntos no processo produtivo produzemuma
mercadoria nova
M'
(que éM
+
m, representandoum
acréscimo de valor) que por sua vez é vendida -, ou seja,transformada novamente
em
dinheiro, - porum
valor superior ao dos elementos inoorridos durante sua20
Explicando a fórmula temos, dinheiro
que
compra
as mercadoriasMp
eF
T4,que
porsua vez são transformadas durante
o
processo de produção, resultandonuma
mercadorianova
etem
como
destino se converternovamente
àforma
dinheiro,porém
agoracomo
dinheiro acrescido - a fórmula geraldo
capital:D-M-D'.
O
que
deve sercompreendido
écomo
que
nas relações capitalistaso
valor se valorizae engendra mais-valia.
Nesse
sentidodevemos compreender
ohomem,
mais precisamente aforça
de
trabalho eo
trabalho, a diferença entre esses dois elementos é a chave paracompreender
a mais-valia e conseqüentementeo
processo de reproduçãodo
capital.O
trabalho
pode
sercompreendido
num
duplo sentido,como
processo vivo,como
uso
produtivo
da
força de trabalho eno
sentido da materializaçãodo
trabalho.Como
uso de forçade trabalho não
tem
valor,ou
seja,como
um
valorde
consumo
de qualquer objeto útilnão
tem
valor, poiscomo
valor-de-usonão
é valor. Agora, o trabalho,como
trabalho materializado éum
valor, valorda
mercadoria criada por ele. Entretanto,o que
sevende
é a forçade
trabalho,temos que o
trabalhadornão
pode
vender seu trabalho materializado, suamercadoria, na verdade ele
vende
sua capacidade de trabalho.Como
nos dizMarx:
“Entendemos
porcapacidad 0
fuerzade
trabajo el conjunto de las condiciones fisicasy
espirituales
que
se dan en la corporeidad, en la personalidad viviente deun hombre y que
éstepone
en acción al producir valores de usode
cualquier clase.”(MARX,
1973: 129)E
é justamente essa força de trabalho a força mágica capaz de criar mais-valia, poiso
comprador
dela,no
caso o capitalista vai aomercado
de trabalho ecompra
forçade
trabalho, entretanto, recebe trabalho,paga
pela força de trabalho e recebe algo além.É
aique
resideo
enigma
da produção capitalista, é aíque
se revela o processoda
mais-valia,do
trabalho excedente, não-pago.4
Mp
é abreviação de meios de produção e compreende máquinas, ediñcios, instrumentos de trabalho e etc; e
21
É
somente o
trabalho vivoque
é capaz de criar e conservaro
valor existentes nos meios deprodução
-
que consistemem
trabalho morto,que
são as máquinas, matérias-primas, instrumentos de trabalho, edificios etc
-
e transfen`-lo gradualmente parao
produto,uma
vezque
sem
o trabalhador asmáquinas
não
são capazesde
funcionar e conseqüentemente a produção não se realiza.Então temos que
se as máquinas, matérias-primas etc
não
transferem ao produto finalum
valor acima de seus próprios valores, só restao
trabalho vivocomo
sendo a pedra angularda
questão, é entãoo
trabalhadorque
é a peça capaz de transferir ao produto final valor maiordo que
aquele incorrido nos elementos participantesdo
processo produtivo.Se o
trabalho cria valor, entãotemos
que a fonteda
mais-valia se encontra nele. Entretanto, a pergunta
que
surge é,como
que de
fato ocorre aextração de mais valor
do
trabalhador?Ilustraremos
com
um
exemplo:sabemos que
sem
as condições objetivas,ou
seja, os meiosde
produção,o
trabalhador nadapode
fazer, poisnada
pode
fabricar.Digamos
que
um
agricultorque
perdeu seus meios de produção e foi expropriado de sua terra,vê
como
últimaalternativa para sua sobrevivência e de sua família vender sua força de trabalho para
o
dono
de outras terras.Assim
eleo
faz,mas
antes pensa consigoem
quanto deveria ganhar.Se
nassuas terras ele trabalhava 4 horas por dia e era capaz de produzir 5
kg
de tomates, e sendoque
seu patrão quer que ele trabalhe 8 horas por dia, logo nosso agricultor chega a seguinte conclusão, entãoem
8 horas eu produzirei 10kg
de tomate ecomo
vendo
cadakg
aR$
10,00, logo receberei
R$
100,00do
patrão; entretantodo
outro ladotambém
pensao
patrão ede
uma
outra forma:vou comprar
a força de trabalho por aquilo que ela vale, peloque
custa produzi-la e reproduzi-la.Se
com
R$
50,00meu
trabalhador conseguir comer, se vestir emorar
como
o
resto dosmeus
funcionários, então este será seu salário.O
trabalhadornão
capital adiantado se divideem
Mp
eFT
que são formas diferentesem
que se apresenta o valor do capital,22
gosta
da
oferta e logo argumenta, pois seem
8 horas são produzidos 10kg
de tomateque
se vendidosrendem
R$
100,00 porque
receberia ele apenasR$
50,00?O
patrão poderiaresponder
que
a terra é dele, os instrumentos de trabalho sãovdele e que afinal ele estácomprando não
o produtoda
força de trabalho e sim a forçade
trabalho e sendoque
igual aoutra mercadoria qualquer,
o
valor da forçade
trabalho é determinado pelotempo
de
trabalho socialmente necessário para produzi-la e reproduzi-la.
Uma
coisa é a força de trabalho, outra é o resultadoda
força de trabalho, seu produto.De
acordocom
Sandroni:“O
trabalho cria valor. Se o trabalhador trabalhar além deum
certo tempo, criará
mn
valor superior ao valor de sua força de trabalho.Em
síntese, o trabalhador vende sua força de trabalho pelo seu valor,
mas
- eaqui está o pulo do gato - o valor que a
mesma
produz é maior que o valorque a
mesma
contém: a diferença éum
valor a mais apropriado pelo capitalista gratuitamente, chamado porMarx
de mais-valia. ”(SAN DRONI,
1985: 57)
A
mais-valia é dividida porMarx
em
mais-valia absoluta e mais-valia relativa.A
primeira
pode
ser obtida peloaumento da
jornada de trabalho, por exemplo,de
4 horas para 8 horas.A
mais-valia relativa sedá
através da reduçãodo
tempo
de trabalho necessário parareproduzir a força de trabalho,
ou
seja, atravésdo aumento da
produtividadeno
setor produtor das mercadorias necessárias à produção da forçade
trabalho.A
análisemerece
uma
maior atenção.Como
se proferena
teoria manristado
capital eda
mais-valia, ajomada
de trabalho é divididaem
duas partes distintas,uma
está voltadapara as necessidades
do
trabalhador-
otempo
de trabalho necessário-
e a outra se refere às necessidadesdo
próprio capital-
tempo
adicional-
assim somenteuma
é impossívelsem
a outra, já queo
trabalhadorpode
produziro
valor dos meios de existência para ele e produzirmais-valia para o capitalista, entretanto não é possivel fazer o inverso se ele
não produz
seus23
As
duas partesda
jornada de trabalho se regulam por meios distintos, enquantouma
-
o
trabalho necessário-
é detenninada pelo valorda
força de trabalho,que
por sua vez édeterminada pelo valor dos meios de sua subsistência e conseqüentemente, pela produtividade
do
trabalho dos setores produtores destas mercadorias, pois quanto maior aprodutividade, mais
o
trabalhador vai produzirem
menos
tempo, acarretandoum
barateamento das mercadorias e por sua vez
menor
seráo tempo
de trabalho necessário.Entretanto a pergunta
que
cabe nessemomento
é:como
se produzo tempo
de trabalhoadicional,
como
é regulado,como
sedefine
sua magnitude?A
jomada
de trabalhonão
pode
ser somente trabalho necessário, pois senãoo
capitalismo definharia e
também
seu outro limite éo
fisiológico, não é possível ultrapassarum
determinado limite fisico, assim, nãopode
ser somente trabalho adicional pois senãonão
haveria trabalhadores vivos.
A
apropriação pelo capitalistado
trabalho excedente se esconde atravésdo
trabalho necessário e trabalho adicional, sendoque
a jornada de trabalho aparececomo
um
número
determinado de horasem
que
o capitalistapaga
ao trabalhador-
na
aparência
~
sua totalidade.Marx
fazuma
analogiacom
o
feudalismo, pois assimcomo
o
tempo
de trabalhodo
servo,o tempo
de trabalhodo
assalariado se divideem
tempo
de
trabalho necessário e
tempo
de trabalho adicional,com uma
diferença,no
casodo
servouma
parte
do tempo
é dedicada a trabalhar nas terrasdo
senhor e outra parte nas suas.É
uma
relação explícita.No
casodo
trabalhador assalariado, a essênciado fenômeno
está distorcidapela sua aparência.
Em
resumo,“A
producción de plusvalía absoluta se consigue prolongando la jornada de trabajomás
allá del punto en que el obrero se limita a producirun
equivalente del valor de su fuerza de trabajoy
haciendo que este plustrabajo se lo apropie el capital [...]La
producción de plusvalía absolutaes la base general sobre que descansa el sistema capitalista y el punto de
24
Assim, a prolongação
da
jomada
de trabalho se realiza atravésda
luta de classes,de
um
lado os capitalistas querendo aumentar edo
outro os assalariados querendo diminuir, eefetivamente se realiza através
da
legislação e pela pressão diretado
empresariado.Cabe
agora analisar a mais-valia relativa. Tanto mais-valia absoluta e mais-valiarelativa são maneiras
do
capitalista apropriar gratuitamente trabalho excedentedo
trabalhador,
não
existe diferença entre elas, oque
de fatohá
são as maneiras distintasdos
métodos
através dos quais seobtém
trabalho excedente.Na
mais-valia relativa o capitalistaaumenta
otempo
excedente as custasdo
tempo
necessário, pois o prolongamentoda
jornadade
trabalho-
como
ocorrecom
a mais-valia absoluta-
acarreta inúmeros contratemposao
capitalista, pois está baseado na
mesma
forma
de apropriaçãodo
trabalho excedenteque
ocorria nas sociedades feudal e escravagista,
com
a diferençaque
no
capitalismo seobtém
uma
quantidade maior de trabalho excedente. Outra questão éo
acirramentoda
lutade
classes,
onde
os trabalhadores assalariados vivendo cada vez maisna
miséria e trabalhandocada vez mais e sob condições precárias, questionam esse
modo
abusivode
exploração.É
poisna
produção de mais-valia relativaque o
capitalista se encontraem
seu próprioambiente. -
Já é sabido
que
ajomada
de trabalho é divididaem
dois tempos, a mais-valia relativa está baseada na diminuiçãodo
valor da força de trabalho que é resultadodo aumento da
produtividade
do
trabalho nosramos
de produção criadoras de meios de subsistência parao
trabalhador, assim
aumenta o tempo
excedentemantendo
constante ajomada
de
trabalho.A
mais-valia relativapode
ser vistacomo
um
motor que conduz
o desenvolvimentodo
capitalismo eonde
desaparecem as ações individuais dos capitalistas isolados.A
mais-valia relativa encontra sua expressão
no aumento
geralda
cota de mais-valia, e neste sentido é a expressãoda
relação existente entre a classe trabalhadora e a classe capitalistaem
seu25
conjunto.
Dessa
forma,pode
ser ditoque
éo
resultado geralque
almeja a classe capitalistacomo
conseqüência das ações individuais dos capitalistas isolados.Enfim,
a mais-valia éo fim,
o objetivodo
produtor capitalista sendoque
as mercadorias vendidasdevem
fomecer
aomesmo
não
somente o capital antecipadoporém
um
excedente sobre ele, a mais-valia, pois a função real
do
capital é a produção de valor excedente.27
4.
o
Mono
DE
PRODUÇÃO
ESCRAVAGISTA
Para contrastar
com
o
modo
capitalista de produção faremosuma
análisedo
modo
de
produção escravagista, assim
como
explicaremoscomo
que
as pessoas naquelaépoca
produziam
e reproduziam suas condições humanas.“Através
da
captura edo
tráfico,o
cativo era introduzidoem
um
processo de estraneidade,que
o preparava parao
seu estado de estranho absoluto à qual seria entregue.”(MEILLASSOUX,
1995: 54).A
escravidão mobilizava assimum
conjuntoeconômico
e socialgeograficamente
extenso,
no
qualpodem-se
distinguir vários elementos estruturados..A
escravidãoimpunha
uma
relação direta entreuma
sociedade escravagista militar e as populações saqueadas, e nestas a primeira abastecia continuamente de cativos.O
crescimentoeconômico
e socialda
sociedade guerreira
ou
militar (aristocrática) se baseava nessa relação e sua perpetuaçãoNesse
ponto,o
custo da escravidão se confiindiacom
o
custo da captura: a escravidão tinha, na sociedade militarque
a empregava, apenasum
valor-de-uso.Sua
reprodução se fundavasobre
uma
estrutura de guerraou
de banditismo.Faz-se necessário fiisar
que
uma
certa quantidade de cativos era vendida a traficantesque
por sua vez os levavam à sociedades escravagistas comerciais.Era no
rapto e navenda
que
o
escravo recebiaum
valor-de-troca, sendoque
sua reprodução se efetivava nesse ponto, pela dupla operação de rapto evenda
em
determinado mercado.Meillassoux defende a tese de
que
a escravidãocomo
sistema social deprodução
exigia certas característicasque
implicava em:“ - sociedades
em
que eram capturados os escravos e que representavam o meioem
que eles eram produzidos demográfica e economicamente;28
- sociedades escravagistas aristocráticas que dispunham de
uma
estruturamilitar para arrancar esses seres humanos ao seu meio produtor e reprodutor;
- sociedades mercantis que controlavam
uma
estrutura comercial deescoamento dos cativos e
- sociedades escravagistas mercantis, consumidoras de escravos.”
(MEILLASSOUX,
1995: 57-58)A
escravidão vistacomo
um
sistema social, assimcomo
o
capitalismo, exigiauma
continuidade das relações escravagistas, - o
que de
fato existia - relação senhor-para-escravo,e
que
essas relações se produzissem e reproduzissem orgânica e institucionalmente, sendoque
as característicasque
identificamo
modo
de produção
como
escravagistanão fossem
alteradas,ou
seja, que as organizações sociopolíticas escravagistas fossem preservadas eque
houvesse
sempre
e continuamenteuma
relação de exploração e dominação.As
estruturasque
se estabeleciam eque
ligavam as sociedades escravagistas-
dominadores-
e sociedades produtorade
escravos~
dominada
-
requeriaque
o dominante não reconhecesse politicamenteo
dominado, e era justamente por issoque
a identificaçãocomo
povos
“bárbaros”, “inferiores”,“povos
sem
almas”,eram
usadas para justificar a práticada
selvageria. Essa representaçãoda
falta de reconhecimento social e político dos caçadores de escravos para as sociedades escravizadas era necessário para preservar arelação escravagista, justamente pelo fato de ser essa relação de alteridade, mantida pela
prática e ideologicamente
que
determinava todas as outras relações. “Ela era a baseda
relação de produção escravagista e
da
exploração específicado
trabalho que lhe estava associada [...] Percebidacomo
negativa, essa relação era, na realidade, omeio
segurode
manter a distância social,
que
é a condiçãoda
escravidão.”(MEILLASSOUX,
1995: 59).Enfim,
temos
que a sociedade escravagista baseadano
usoda
força fisicacomo
meio
de dominaçao,
onde o
escravo era propriedade de seu senhor e este explorava aomáximo
seu trabalho através da totalidade de seu sobreproduto,ou
seja,o
consumo
privadodo
escravo29
que lhe restituía as energias fisicas por toda a vida, descontando esse
consumo
tudoo
mais ésobreproduto, pois o escravo geralmente produzia sua própria existência,
ou
uma
determinada quantidade de escravosque
trabalhavamna
chamada
escravidãode
subsistência-
geralmente através da agriculturade
víveres -, tinhao
dever de produziro
suficiente paraalimentar toda a população de escravos de determinado senhor.
Outro
fator queaumentava
os ganhos
do
escravagista, era o fatodo
escravonão
poder ter filhos, assim os senhoreseconomizavam o
sobreprodutodo
escravo parauma
eventual alimentação da prole, “devia priva-los de toda progenitura suscetível de absorver suamínima
parte [de seu sobreproduto].Daí as restrições feitas à reprodução fisica dos escravos, as proibições de casamento,
o
confisco dos filhos
da
mulher escrava pelo senhor, e, mais geralmente, anegação de
paternidade e maternidade
que
os atingia.”(1\/IEILLASSOUX,
1995: 65).Assim
como
o
feudalismo,o
modo
de produção escravagista apresentauma
simplicidade e transparência que o capitalismo oculta por detrás das relações sociais, de acordocom Marx
essas sociedades pré-burguesas,“ou se assentam na imaturidade do
homem
individual que não se libertou ainda do cordão umbilical que o prende a seus semelhantes nacomunidade primitiva, ou se fundamentam nas relações diretas de domínio
e escravidão. Tem, por condição, baixo nível de desenvolvimento das
forças produtivas do trabalho, correspondendo-lhes relações inibidas, nas
esferas da vida material, sejam entre os homens ou entre estes e a natureza.”
(MARX,
1998: 101)31
5.
o
Mono
DE
PRODUÇÃO
FEUDAL
Para fazer mais
uma
comparação
aomodo
capitalista de produzir, apresentaremos a seguir,de forma
sucinta, algumas característicasdo
modo
de produção feudal,como
que o
homem
daquela época reproduzia sua condição enquanto tal.Assim
como
o capitalismo,o
feudalismo éuma
formação social eeconômica
particular
que
se baseiano
modo
de produção feudal. Suas principais características são:economia
fechada e predominantemente agrícola,sem
mercados
extemos, - sendoque
aprodução destinava-se ao
consumo
visando a auto-suficiência bastando para a subsistência.O
elemento essencial e que de fatodefine o
feudalismo é a obrigação costumeira devida pelo servo ao senhor sob a formade
produtos, serviçosou
moedas.A
propriedade privada erabem
definida, entretanto a terra,o
bem
econômico
fundamental, podia ser possuída pelosenhor e pelo servo ao
mesmo
tempo, achamada
co-propriedade,ou
por todos osmembros
da
comunidade
feudal, a coletiva.O
regime de trabalho erao
servil, poiso
servo devia ao senhor a corvéia-
trabalhona
terra
do
senhor feudal,ou
ainda na caça, na pesca, trabalhos artesanais; outraforma de
domínio
do
servo pelo senhor era a talha,que
pesava individualmente sobre cada servo, obrigando-o a pagaruma
parteda
produção obtidana
sua própria terraque
se situavamem
locais diferentes da propriedadedo
senhor; havia ainda as banalidades,que eram
obrigaçõesem
produtos-
presentes e dízimos pelo usodo
fornoou
moinho
-,ou
em
serviços de limpezados fossos, caminhos, conservação das instalações e
também
participaçãoem
guerrascomo
auxiliares; outra imposição era a mão-morta,
um
impostopago
pelo servoque
tomava
posse deuma
tenênciaem
substituiçãoao
seu pai falecido;o
vintém,pago
para sustentar a igreja32
paroquial
que
acabavano
bolsodo
senhor feudal, Essas obrigações variavam de acordocom
os costumes de região para região na Europa.
As
técnicas produtivas feudaiseram
rudimentares,em
geral somente as terras mais férteiseram
ocupadas, adotava-se o sistema de trêscampos -
forragem, cereais e pousio-
fazendo-se rotação bienal
ou
ainda trienal para evitaro
total desgastedo
solo.A
sociedade era estamental, baseadana
posição social, e doiseram o
status básico:senhor e servo.
O
senhor é caracterizado pela posse dos servos, posse juridicamente legal,pela posse legal da terra e pelo poder político
que
assumia aforma de
poder militar, jurídicoe religioso
no
caso dos senhores eclesiásticos.O
servo sedefine
por oposição ao senhor, épossuído por este
-
namedida
em
que
lhe deve obrigações -,porém
tem
a posse útilda
terra e o direito à proteção senhorial.Assim temos que
a produção feudal, voltada aoconsumo,
à subsistência, estácentrada nas relações entre servo e senhor, que, entretanto,
não
são iguais perante a lei, seencontram
em
castas diferentes eo
servo aliena sua vida ao senhorconforme
podemos
vernessa tradução de
um
contratoda
época: `“Ao
ilustre senhor tal, eu tal, sendo coisa de todos conhecida queeu não tenho absolutamente nada
com
queme
alimentar e vestir-me,solicitei de vossa piedade e vossa vontade
me
concedeu poder entregar-me a vosso mundoburdo, coisa que assim fiz; devereis pois ajudar-me e sustentar-me no que respeita à minha alimentação e agasalho na medidaem
que eu possa servir-vos e merecer esta ajuda de vós.
E
quanto a mim, todo o tempo que viva deverei servir-vos e respeitar-vos dentro de minha condição dehomem
livre enquanto viva não terei direito de livrar-me de vossa jurisdição ou mundoburdo, mas, ao contrário, deverei permanecer sobvossa autoridade e proteção todos os dias de minha vida. Se qualquer
um
de'nós quiser desligar-se desse pacto, pagará ao outro tantos soldos, no mais,
permanecerá
em
vigor o dito pacto. Pelo que ambas partes concordaram,redijam e
firmem
dois documentos escritos de forma igual. Coisa quefizeram deste modo.”
(PINSKY,
1979: 147).Nota-se
que não
há escravidão, propriedade de pessoas,mas
há servidãocom
vínculosnão
menos
cruéisdo que
na escravidão, apesar dos trabalhadores terem direitode
33
usufruir a terra, a
mesma
não
lhes pertence e osmesmos
aindadevem
pagar taxas para usufiuí-la.Esclarecemos
o
modo
de produção feudal evimos que
a reproduçãoda
condiçãode
servo e de senhor está baseada
no
vínculo feudal, nos direitos e deveres deambas
as classes, entretantouma
delasnão goza
de plena liberdade pessoal e é clara a condição de exploraçãoque
se faz nessemodo
de produção, nãohá nada
nas entrelinhas, as relações entre oshomens
são explícitas aindaque
degradantes.Marx
explicaque
“No
regime feudal, sejam quais forem os papéis que oshomens
desempenham
ao se confrontarem, as relações sociais entre as pessoasna
realização de seustrabalhos revelam-se
como
suas próprias relações pessoais,não
se dissimulandoem
relaçõesentre coisas, entre produtos