• Nenhum resultado encontrado

ARTS. 32 A 35 DO CÓDIGO PENAL - LIGEIRAS NOTAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ARTS. 32 A 35 DO CÓDIGO PENAL - LIGEIRAS NOTAS"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

HITS. 32 4 35 DO CODIGO PENAL

(Ligeiras notas)

Art. 32. Nào seráo também criminosos :

§ 1.* Os que praticarem o crime para evitar mal maior.

§ 2.” Os que o praticarem em defesa legitima, propria ou de outrem.

A legitima defesa nào é limitada unicamente á protecção da vida: ella cooiprehende todos os direito« que podem ser lesados.

Art. 33. Para que o crime seja justificado no caso do g 1.* do artigo precedente, deverão intervir conjunctamente a favor do de-linquente os seguintes requisitos :

1.° ('erteza do mal que se propoz evitar ;

2." falta absoluta de outro meio menos prejudicial ; 3.* Probabilidade da efficacia do que se empregou.

E’ a oppressão do liv re a rb itrio pelo te m o r de um mal im m inente . re s u lta do facto do hom em ou das forças da n a tu re za : um estado u rgente, como diz Pessina, que im pelle a vontade a tr a n s g r e d ir a ordem da lei, p a ra o v ita r um mal que se a p re se n ta á

con-sciên cia do indivíduo como m aior do que consisto om ex e c u ta r o que a lei p ro h ib e. O Codigo só ise n ta da pen a o que p ra tic a o crim e p a ra e v ita r um m a l

maior: in c o rre, p o rtan to , em pena. o que p r a tic a r o

crim e p a ra e v ita r mal egual, o que, po r exem plo, sa-c rifisa-c ar a vida de o u tre m p a ra sa lv ar a p ro p ria , sa-como o naufrago, que, no ponto do afogar se, força o com -p an h e iro de d e sv e n tu ra a ab andonar a unioa ta b o a de salvação, que não com po rta ambos, e o ab an d o n a á v iolência das ondas, das quaes é victim a in feliz. A form ula dada pela loi com prehende, como ex tre m a ne- cessidado, não só a situação que re su lta do conflicto e n tre in te re sse s licitos e d ev e res ju ríd ico s, co rro e n -tr e in te re sse s licitos de diversas pessoas, ou sóm ente e n tre devoros ju ríd ic o s do niosmo indivíduo. O c a rc e

(2)

-— 32 —

re iro que, am eaçado do m orte, e n tre g a aos presos as chaves da p risão p a ra s a lv a r a v id a ; o individuo que deixa do c u m p rir um dever, cu ja violação co n stitu a um crim e, p a ra p o d er c u m p rir um d e v e r su p e rio r,

p ra tic a m crim e p a r a evitar m a l m a io r. (Dr. J . Hygi-

no a v . Liszt). D istingue-se da le g itim a defesa o acto do extrem a n ecessid ad e era que não se d irig e , com o esta, c o n tra um a g g re sso r injusto. Segundo a escola antig a, no estado de necessidade, a ordem ju rid ic a p a -rec e mesmo suspensa, sogundo a do K ant, F euorbach e diversos au to re s ita lia n o s e francezes, o c o n s tra n -gim ento irre s is tiv e l causado p ela e x tre m a n e c essid a-de oxclue a im putabilidaa-de; ou tro s ah i vèm um direito de necessidade ; Liszt, iin a lm en te , não podendo deix ar do conceber um modo u niform e a e x tre m a necqssida-

de, considera-a com m um daquelles casos com que a

ordem ju rid ic a nem p e rm itte nem probibe, m as, côn-scia de sua im p o rta n cia , abstem -se do in te r v ir. Dahi re su lta , couclue elle, a classificação da e x tre m a n eces-sidade e n tre as c irc u m sta n cias que excluem não so-m en te a p u nibilidade, senão taso-m bein a illogalidade da acção ou da om issão. O Codigo oxige como e x tre m o s essenciaes p a ra a não p unibilidade da acção: 1.°

certe-za da m a l gue o delinquente se p ro p o z evitar : é da es-

sen cia da e x tre m a necessidade o conflicto de in te re s -ses licitos, cada um dos quaes só p ú d e s e r conservado á c u sta do o u tro (v. L is z t); n e sta situação tem o agen- to p o r fim a fa s ta r de si ou de o u tre m um m al immi- n en te, que se a p re se n ta , certo , á su a co n sciên cia como m a io r do que a p ra tic a do que a lei veda 2." fa lta

absoluta de outro meio m enos p re ju d ic ia l p orqu e en tão

deix aria o a rb itrio do a g e n te do e s ta r re s tric to en tro a escolha dos dous m ales d esegualm ento g rav e s, e a lei da ordem podia s e r m antiHa com o e le g e r o m eio m enos p reju d ic ia l ; 3.- probabilidade d a effLcacia cio

gue se em pregou ; a ineflicacia, p ro v áv e l, do meio e m

-p reg a d o tira ao acto o c a ra c te rístic o de a -p re se n ta r-se como a sa lv a g u a rd a , d o s f a r te im possivel, do in te r e s -ses p ro p rio s postos em p erig o im m odiato com le sa r in to re sses licitos de ou tro s ('v. Listz).

Art. 34. Para que o crime sejajustiticedo no caso do § 2.° do mesmo artigo, d.iverão intervir coDjunctamente em faver do delin-quente, os seguintes requisitos :

1." aggressilo actual ;

2.° impossibilidade de prevenir ou obstar a acção, ou de in-vocar e receber soccorro da autoridade publica ;

3.“ emprego do meios adequados para evitar o mal em pro-porção da aggressSo ;

(3)

Km todos os tom pos o em todos os povos a le g iti-m a defesa te iti-m sido reconhecida, posto que coiti-m iti-m aior ou m e n o r am plitude, como acção conform o ao d ire ito e não sim plesm ente como acção não passivel. Neste sentido tom razão Cicero quando nos fala de um a «non s c rip ta sed n a ta lex>, ou Geib, quando diz que « a le -g itim a defesa não tom h is to ria .» ( v. L is z t) . Tem um fundam ento do facto o o u tro racio n al o .jurídico: o 1.° concrotiza-se no tem or excitado em nós p e ia p rese n ça de um m a / quo nos am eaça : o 2.° consiste em que, dada a im m inencia do p erig o e a im possibilidade da ju s t i-ça social in te r v ir p a ra p ro te g e r o d ireito , do ve r e -conhecer-se legitim a aq u eila defesa p riv ad a que. substitu in d o p or um in s ta n te a p ublica acção da lei, im -pede que a violência p re v a le ç a sobre o d ire ito (Car- ra ra , Conti, G irardij M archetti). O Cod. a exige legitim a, e este c a ra c te rístic o se form a com a in te rv e n ç ã o con- ju n c ta , a favor do d elinquente, dos ex trem o s que e n u m era, de facil justificação. A ssim : P rim eiro . A n e cessidade deve se r a ctua l, se, n a sc e r da u rg e n te p r e -sen ça de um a ag g ressão que c o n stitu a im m ediata- m en te um perig o pessoal (Pessina), p erig o este que é p rec isam en te a justificação do m al causado, reagindo. Não é adm issivei c o n tra ag g re ssão fu tu ra , p o rq u e se te ria um a indevida p rev en ção , tam pouco co n tra a a g -g ressão linda, p orqu e se to ria um a v in -g an ça ou cas-tigo: m as não é nec essário a g u a rd a r o com eço da ag-gressão, ou como diz o a r t . 140 da C arolina—«não é o brigado a e sp e ra r o golpe p a ra en tão resistir» , b asta

que a aggressão esteja im m in en te. O segundo, consta

quo si podem os nos s u b tr a ir ao m al que nos am eaça de o u tro modo que não violando a lei, e sta violação deve s e r im putável, porque o liv re a rb itrio do a g e n te não está m ais a d stric to a escolher e n tre 2 m ales ig u a l-m e n te g rav e s, o a lei da ordel-m póde se r observada, desde quo so escolha o m eio inn o ccn te p ela qual ovi- ta-se o dam no do outro,» ao m esm o tem po quo o seu ( C a r r a r a ) . A possibilidado de uma fuga verg o n h o sa ou p e rig o sa não exclue a legalidadei da defesa, m as a de-

feza deixa do se r legal, si é possive} esca p ar á a g g r e s -são sem ign o m in ia ou sem perigo ( v . L is z t). O

tercei-ro. A defesa não póde exceder os lim ites da rep u lsa

ab so lu ta m en te n e c e s sa ria . A m edida da re p u lsa ou a «defesa n ec essaria » ( m oderarnen in cu lp a ta tutelce) o dada p ela v iolência da aggressão, ( v. L isz t). Como de- ve-se a p re c ia r a rela çã o e n tre o ataq u e o a rep u lsa , de um modo objectivo ou segundo a concepção su b je -c tiv a do aggredido ? A opinião -com m um p ro n u n -cia -se p ela 1.* solução (O lshauson n . 11.), e p ela 2.* Bin- ding ( o legislador deve co n sid erar a defesa como nes- ce ssa ria, em ta n to quan to o individuo a a p re c ia

(4)

co-- 34 —

mo hom em c rite rio so ). B e rn e r (c a d a um te m o di- ro ito de defender-se conform e a m edida de su a in d iv i-dualidade), v . de W a c h te r ( o m om ento do p erig o de-ve se r apreciado co m p letam en te do ponto de v ista de quem se a c h av a sob a p ressão d elle) o o u tro s. Con-sidera-se g era lm en te, porém , in d ifferento quo a de-fesa n ec essaria p a ra a rep u lsa do a ta q u e e s te ja ou não em relação com o bem defendido. «A extensão do d ireito de defesa é in d e p en d e n te do v alo r do bem atacado» (B in d in g ) ( d r . J . Hygino e v . L is z t) . O

q u a rto . A defeza deve se r le g itim a em su a causa, ou, em outros te rm o s,d o v e se r in ju s ta a aggressão, e p o ris- so não é leg itim a a d eíesa c o n tra o fu n ccio n ario publico

em exercicio legal de sua funcção. A re p u lsa é,

po-rém , licita, desde que um excesso c o n v e rte em illegi- tim o o a taq u e em si legitim o e c o n seg u in tem e n te é tam b em licita, dado um excesso da le g itim a d efe sa . A aggressão que pro ced e de um an im al ou de um in -divíduo incapaz de im putação, tam bem a provoca, pois, conquanto ta l ag g re sssão não se ja d elictuosa ( illegalidade c u lp o s a ), to d av ia não é licita, isto é, ac- te n ta c o n tra in te re sse s que o d ireito p ro teg o ( illegali- dade objectiva) ( v . L isz t). O p ro v o ca d o r não pòde defender-se de um acto de que só elle é o a u c to r .

—A defesa não é lim itad a á p ró p ria p esso a; no diroi- to v ig e n te, em v ista da so lidariedade hum an a, adm itto- se quo olla se esten d a a pessoa de te rc e ir o . Bem as-sim ella com prehende todos os direitos que po d em ser

lesados. O S. T ribunal lixou o sentido exacto destas

p alav ras, decidindo que som ente podem se r objecto de defesa os d ireito s su scep tív eis do lesão p o r m eio de ag g ressão ou vi et a rm is, e p o r isso o a d u lté rio não colloca o m arid o offendido em estado do le g itim a defeza, porque a m o rte dada po r esse m otivo não é r e p u lsa de um a ag g ressão nem m eio adequado de r e p a -r a -r o m a l. (Di-reito v . 66 p . 390.)

A rt. 35. Reputa-se praticado em delesa própria ou de te r-ceiro :

§ 1.‘ O crime commettido na repulsa dos que á noit entrarem, ou tentarem entrar, na casa onde algnem morar ou estiver nos pa- teos e dependencias da mesma, estando fechadas, salvo os casos cm que a lei o permitte.

E’ um a presum pção do leg itim a defesa, de que são condições co n stitu tiv a s, p a ra ju s tiíic a r o crim e : 1.° quo elle te n h a sido com m ettido repellindo os que e n tra re m , ou so m en te te n ta re m e n tr a r e tc .; 2.° que a casa seja hab itad a, ain d a m om en tan eam en te,

(5)

por-q.uo a lei re p u ta aquolles acto s como atto n ta d o s ás pessoas, o polo mosmo m otivo, que estejam fechadas p o rta s e dopondoncias ; 3.° qao u e n tra d a ou te n ta t i-va de e n tra d a se dèm á n oite, salvo si o cc o rro r qu alq u er dos casos do a rt. 197. A presum pção do le -g itim a defesa ju stifica o crim o p ratic a d o nos te rm o s

da lei, q u alq u er quo to n h a sido o fim da en tra d a, con- sum m ada ou to n ta d a, ain d a quo se sa ib a que o a u to r delia alli veiu som intenção crim inosa, liypotheso re- salv ad a no God. Bolga justilicado p o r G arraud. A os- ta s condições m istor é que, em fav o r dos d

elinquen-te, se dê a in te rv e n ç ã o con ju n cta dos req u isito s do a rt. 34, que só co n stitu e m a legitim idade da defesa, conform e é eanon pacifico de ju ris p ru d ê n c ia da Re-lação de Minas, accorde um a d o u trin a do d iv erso s os- c rip to re s francezos n a in te rp re ta ç ã o da disposição sem elhante do a rt. 329 do Cod. Francez, alias im p u g n a-dos po r G arraud, que re p u ta in u til a p ro v a das con-dições h ab itu ae s da le g itim a defesa, su b stitu íd a no tex to pela dos fa c to s sobre que so funda a prosum - pção.

- 35 —

§ 2.° O crime commettido cm resistencia a ordens illeg&es, n3o sendo excedidos os meios indispensáveis para impedir-lhes a execu-ção.

A alg u n s ju r is ta s p areço perigoso co n ced er aos p a r tic u la re s um a ospecie do sy n d ic a tu ra sobro a lega- lidado dos actos dos lünccionarios, em fre n te aos quaos deve sor p assiv a a obediencia e vedado o uso da força, salvo o d ireito de queixa, se agem fóra dos lim ites da lei. Outros, ao envez, opinam que a illega- lidade do acto faz d esapparocor o delioto, porque o offlcial publico que não age lcgitim am onto porde o d ireito á tu te la in h e ro n te á su a qualidade, e quem r e -sisto, longe do oppor se a um acto da ju stiça , im pede um abuso do poder. Cim entado pelas trad içõ es j u r í dicas, no dizer de Possina, assim do p rincipio da a u

-to rid a d e com o do p rin cip io da liberdade, e ste u

lti-mo enunciado acha-se hoje g era lm en te acolhido e codificado, com o m ais digno das in stitu iç õ es lib eraes, sob o im pério das quaes so não pôde p re te n d o r quo s u p p o r te o cidadão a íla g ran te violação dns p ro p rio s d ireito s (Rei. Min. sobre o Cod. It..). O p oder social é lim itado pela lei do responsabilidade que g o v e rn a toda a vida m oral do hom em o o rationable obsequium p a r a com o p o d er social consiste no re s p e ita r o ju sto im p ério , e os a g e n te s do poder quo tx re d e m , com

a c to s a rb itra rio s , os confins do seu m andato, desves-tem -se com o p ro p rio facto, do augusto p re stig io de de-

(6)

— 36 —1

v er sor a lei viva, e to rn am sim ples indivíduos ou vulgares m alfeitores, e assim deixa de haver, na resistencia, um a violência, sem pre crim inosa, co n tra a autoridade do Estado (Pessina). O Cod. exige como condições essenciaes : 1.° illegalidaãe ãa ordem, o que se verifica : a) quando em ana do autoridade incom- p etonte ; 6) quando destituidas das solem nidades ex-te rn a s necessarias p a ra sua validade ; c) quando m a-nifestam ente co n tra rias as leis (art. 229) ; 2.° nuo

se-rem excedidos os meios indispensáveis p a ra impedir- lhe a execução. Dar-se-hia ontão o oxcesso de defesa sobro que já dissemos em nota ao a rt. 34.‘ o qual t r a -ria á resistencia ou desobediencia o c a ra c te r do ju s ti-ficativa, collocando-a no num ero das attén u a n te s

(art. 42 § 4). Procede-se a justificativa, ainda tratando- se do actos illegaes em damno de te rc e iro , om nomo daquelle vinculo de solidariedade que unifica os di-reitos dos singulares individuos, o pelo qual, n a of-fensa causada ao direito alheio, facilm ente divisamos um a offensa feita ao proprio direito (Pessina). F inal-m ente, esta justificativa independe dos requisitos da legitim a dofesa do a rt. 34, como já decidiu a Relação do Minas.

Referências

Documentos relacionados

The DCF model using the Free Cash Flow to the Firm (FCFF) method, estimates in the first place the Enterprise Value of the company, that represents the value of all future cash

Notamos, portanto, que desde cedo Eça de Queirós já desenvolvia suas aptidões jornalísticas (apenas com 21 anos, no Distrito de Évora). Em maio de 1870 iniciou a

Pero estos datos, sumados al del uso repetido que todos los partidos y personajes relevantes de la época, involucrados en las disputas políticas, hicieron de las

A cirurgia, como etapa mais drástica do tratamento, é indicada quando medidas não invasivas como dietas restritivas e a prática regular de exercícios físicos

Neste estágio, assisti a diversas consultas de cariz mais subespecializado, como as que elenquei anteriormente, bem como Imunoalergologia e Pneumologia; frequentei o berçário

Super identificou e definiu construtos e a respectiva interacção no desenvolvimento da carreira e no processo de tomada de decisão, usando uma série de hipóteses: o trabalho não

The challenges of aging societies and the need to create strong and effective bonds of solidarity between generations lead us to develop an intergenerational

Desta forma, é de grande importância a realização de testes verificando a segurança de extratos vegetais de plantas como Manjerona (Origanum majorana) e Romã