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Relatório de Estágio Profissional - Desafio Cruzado: Do desconforto inicial à confiança e antecipação a ensinar Educação Física

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Desafio Cruzado:

Do desconforto inicial à

confiança e antecipação a

ensinar Educação Física

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de estágio apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro)

Orientadora: Professora Doutora Zélia Matos

Pedro Filipe Pereira Gomes Porto, Setembro de 2018

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II

Ficha de Catalogação

Gomes, P. (2018). Desafio Cruzado: Do desconforto inicial à confiança e antecipação a ensinar Educação Física. Porto: P. Gomes. Relatório de Estágio Profissional para obtenção de grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-chave: Estágio Profissional; Educação Física; Processo Ensino-Aprendizagem Necessidades Educativas Especiais; Teste Sociométrico; Crosstraining;

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III Agradecimentos

A limitação de espaço para a redação de um simples texto é ingrata e de certa forma injusta e incompleta para agradecer a todos aqueles que me acompanharam e me ajudaram de forma direta ou indireta a cumprir todos os meus objetivos quer no estágio profissional quer na redação deste relatório que de certa forma marca o um dos últimos momentos de aprendizagem na minha formação inicial, assim, deixo aqui explícito um profundo e sentido agradecimento.

À Professora Doutora Zélia Matos um profundo agradecimento pela excelente orientação que me proporcionou na elaboração do presente documento e por todos as partilhas e ensinamentos que claramente me tornaram mais rico e me aproximaram ainda mais do sucesso.

À Professora Manuela Machado pela orientação, dedicação e brio, e apoio incondicional que permitiram a existência contínua de estímulos que me fizeram elevar os meus conhecimentos permitindo assim maximizar a vontade de querer saber, de superar as minhas dificuldades fazendo-me tornar diariamente melhor.

Aos meus colegas de núcleo de estágio Margarida Silva e Miguel Ferreira por me terem acompanhado nesta jornada nomeadamente na partilha de sucessos, frustrações, ideias, estímulos e métodos de trabalho.

À minha Família, em especial aos meus Pais e ao meu Irmão por acreditarem e terem sempre uma palavra de apreço que de certa forma contribuiu para a minha formação integra fora do contexto académico.

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V Índice geral Agradecimentos ... III Índice geral ... V Índice de Figuras ... IX Resumo ... XI Abstract ... XIII Lista de Abreviaturas ... XV 1. Introdução ... 3 2. Enquadramento biográfico ... 9

2.1 Importância do estágio na formação inicial de professores ... 9

2.2 Expectativas em relação ao estágio Profissional ... 12

2.3 Educação Física ... 14

2.3.1 Legitimação da Educação Física ... 14

2.3.2 Educação Física a disciplina que eu acolhi, a disciplina que me acolheu… ... 17

3. Enquadramentos da Prática Profissional ... 27

3.1 A escola enquanto motor do desenvolvimento das sociedades - Escola Básica e Secundária D. Dinis ... 27

3.2 A minha turma de 10º Ano… ... 30

3.2.1 A pequena (Grande) particularidade da minha turma ... 34

3.2.1.1 Caracterizar os dois alunos com NEE ... 35

3.2.2 Ilações sobre a turma ... 36

4. Realização da prática profissional ... 43

4.1 Organização e gestão do ensino e da aprendizagem ... 44

4.1.1 Conceção ... 44

4.1.2 Planeamento... 46

4.1.2.1 Planeamento Anual ... 50

4.1.2.2 Planeamento Unidade Temática ... 53

4.1.2.3 Plano de aula ... 56

4.1.3 Modelos de ensino ... 59

4.1.3.1 Modelo de Instrução Direta (MID) ... 61

4.1.3.2 Modelo de Abordagem Progressiva ao Jogo (MAPJ) ... 62

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VI

4.1.4 Gestão da aula ... 68

4.1.4.1 Gestão tempo de aula ... 68

4.1.4.2 Melhoria da instrução ... 70

4.1.5 Avaliação ... 73

4.1.6 Inclusão dos alunos com Necessidades Educativas Especiais .. 78

4.1.7 Observação aulas colegas núcleo de estágio... 82

4.2 Participação na escola e relações com a comunidade ... 91

4.2.1 Corta Mato Escolar ... 91

4.2.2 Desporto Escolar - Crosstraining ... 93

4.2.3 “Escola Ativa”- Semana do agrupamento ... 95

4.2.4 “Open Day” ... 96

4.2.5 Reuniões ... 98

4.3 Desenvolvimento Profissional ... 101

4.4 Estudo investigação - Análise sociométrica da turma ... 103

4.4.1 Resumo ... 103

4.4.2 Contextualização ... 103

4.4.3 Enquadramento teórico ... 105

4.4.3.1 Dinâmicas de grupo ... 105

4.4.3.2 Educação como ato social ... 106

4.4.4 Teste Sociométrico e de Perceção Sociométrica ... 108

4.4.5 Objetivos ... 110

4.4.5.1 Objetivo Geral ... 110

4.4.5.2 Objetivos Específicos ... 110

4.4.6 Metodologia ... 110

4.4.6.1 Participantes ... 110

4.4.6.2 Instrumento de recolha de dados – Teste Sociométrico e de Perceção Sociométrica ... 111

4.4.7 Resultados ... 111

4.4.7.1 Teste Sociométrico Preferências ... 112

4.4.7.2 Teste Sociométrico Rejeições ... 113

4.4.7.3 Teste de Perceção Sociométrica Preferências ... 114

4.4.7.4 Teste perceção sociométrica rejeições ... 115

4.4.7.5 Distribuição dos indivíduos pelos índices sociométricos ... 116

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VII

4.4.9 Conclusões ... 122

4.4.10 Limitações da avaliação sociométrica ... 125

4.4.11 Referências Bibliográficas ... 127

6. Referências Bibliográficas ... 135 Anexos ... XVII

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IX Índice de Figuras

Figura 1 – Caracterização da turma – Motivação EF ... 31

Figura 2 - Caracterização da turma - Prática desportiva regular ... 32

Figura 3 - Caracterização da turma - Modalidades Preferidas ... 33

Figura 4 – Mapa de distribuição de matérias... 51

Figura 5 – Planeamento Anual Turma 10º ... 52

Figura 6 – Imagem ilustrativa do movimento “Remada no TRX” ... 72

Figura 7 – Ficha de Observação Andebol ... 77

Figura 8 – Gráfico Observação ... 87

Figura 9 - Matriz sociométrica Preferências ... 112

Figura 10 - Sociograma em círculo Preferências ... 112

Figura 11 - Matriz sociométrica Rejeições... 113

Figura 12 - Sociograma em círculo Rejeições ... 113

Figura 13 Matriz perceção de escolhas ... 114

Figura 14 - Sociograma de perceção de escolhas ... 114

Figura 15 - Matriz perceção rejeições ... 115

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XI Resumo

O presente documento assume uma dupla função: ao que se pretende assumir como um relato na primeira pessoa sobre todo o processo de estágio profissional do curso de formação de professores, pretende-se, igualmente assumir como uma última ferramenta geradora de aprendizagens para o autor, futuro docente de Educação Física. Reporta-se a uma experiência pessoal e nele serão evidenciadas as principais dificuldades, frustrações sentidas e sucessos alcançados no decurso do processo de estágio profissional em Educação Física, realizado numa escola pública. O presente relatório de estágio divide-se em cinco grandes partes: a primeira parte onde será realizada a apresentação dos principais aspetos do documento, uma segunda parte mais direcionada para a justificação da disciplina de Educação Física nos planos curriculares, a caracterização do estágio profissional e a sua importância para o estudante estagiário, seguidamente, na segunda parte apresenta-se a caracterização do contexto de atuação do estudante estagiário entendido como um elemento altamente influenciador de toda a experiência. A terceira parte do relatório reporta-se a todas as experiências práticas vividas no contexto de atuação, nomeadamente tudo o que se relaciona com a condução do processo ensino-aprendizagem (conceção, planeamento, realização e avaliação) bem como todas as atividades desenvolvidas fora da componente letiva e que igualmente contribuíram para a formação enquanto docente. Será igualmente nesta parte do relatório que serão apresentados os resultados relativos ao estudo sociométrico da turma, elaborado pelo estudante estagiário, e que se revelou como uma excelente ferramenta para conhecimento do grupo e consequente melhoria do processo ensino-aprendizagem. Por fim, serão tecidas algumas considerações finais sobre todas as experiências vividas bem como perspetivas de desenvolvimento profissional e construção da identidade própria enquanto docente.

Palavras-chave: Estágio Profissional; Educação Física; Processo Ensino-Aprendizagem Necessidades Educativas Especiais; Teste Sociométrico; Crosstraining;

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XIII Abstract

The following report entails two purposes: whilst contending to be a first-person account of the entire student teaching process, it is equally intended to serve as a lattermost tool capable of forming insights and knowledge for the author as a future teacher of PE (Physical Education).

The document exerts a description of a personal experience – it accounts the main hardships, frustrations and accomplishments achieved in the course of a professional practicum in PE carried out in a public educational institution.

The practicum report will be apportioned in five major parts: The first part entails the display of the introduction of the document’s main aspects.

The second part, farther directed to the necessity of PE as a subject in the curricular plans, will ensemble the portrayal and characterization of the professional student teaching and its importance for the intern, followed by the description of the context of action as a highly influential element of the totality of the experience. The third part of this report will refer to all practical experiences in the context of the practicum, purposely everything that helped convey the teaching-learning process (conceptualization, planning, accomplishment and evaluation) as well as all the activities that were developed beyond the mandatory curriculum that inevitably contributed to my development as a future teacher. It will also be in this part of the report that the results of the sociometric study of the class, prepared by the trainee student, will be presented. This study has proven to be an excellent tool for the cognizance of the group and the consequent improvement of the teaching-learning process.

This will be followed by final considerations concerning all the experiences that I went through as well as my perspective on my professional development and the construction of my identity as a teacher.

Keywords: Student Teaching; PE; Teaching-Learning Process; Special Educational Needs; Sociometric Test; Crosstraining;

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XV Lista de Abreviaturas

ALT – Academic Learning Time

EBSDD - Escola Básica e Secundária D. Dinis EE – Estudante Estagiário

EF – Educação Física EP – Estágio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto GCST – Ginásio Clube de Santo Tirso

MAPJ – Modelo de abordagem progressiva ao jogo MED – Modelo de Educação Desportiva

MID – Modelo de instrução direta NE – Núcleo de estágio

NEE – Necessidades Educativas Especiais PC – Professora Cooperante

PEA – Processo Ensino-Aprendizagem

PEE - Projeto Educativo de Escola PES – Prática de Ensino Supervisionada PFI – Projeto de Formação Individual

TGFU – Teaching Games for Understanding UC – Unidade Curricular

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3 1. Introdução

O presente relatório visa o relato da minha experiência pessoal no decurso do estágio profissional (EP). Este é tido por mim como um documento formal, pessoal e como um último momento de aprendizagem na finalização da formação inicial no 2º ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário.

Com este documento pretendo espelhar todas as vivências durante a Prática de Ensino Supervisionada (PES), demonstrar como convoquei todos os saberes e conhecimentos para dar respostas às várias situações levantadas no decurso da mesma.

Este é mais uma vez marcado pelo processo reflexivo, a reflexão sobre a reflexão que espelha claramente a necessidade de análise constante ao que foi vivido e refletido, e que marcaram a construção da minha identidade profissional enquanto Professor de Educação Física.

Recorrendo à narração dos vários desafios, exigências, sucessos e frustrações ocorridos ao longo do ano letivo procurarei demonstrar como decorreu a integração no mundo profissional da docência transparecendo assim as principais aprendizagens adquiridas ao longo deste complexo processo que é o estágio profissional.

As Normas Orientadoras do Estágio Profissional orientam esta prática de ensino supervisionada de modo a que haja uma “integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão.”

Através desta PES, e em estreita relação com o Núcleo de Estágio (NE), pretendeu-se a convocação de conhecimentos adquiridos ao longo da formação inicial de modo a dar resposta aos vários cenários e situações-problema levantados “num contexto balizado pelas condições gerais do sistema educativo, pelas condições locais das situações de educação e pelas condições mais próximas da relação educativa”, procurando assim o

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desenvolvimento profissional em várias áreas e domínios do profissional da docência.

Assim, a unidade curricular (UC) Estágio Profissional é composta pela prática de ensino supervisionada e pelo respetivo documento que relata o desenvolvimento desta, o relatório de estágio profissional. Esta UC é uma unidade integrante do 2º Ciclo de Estudos em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), a sua estrutura e funcionamento consideram “os princípios decorrentes das orientações legais constantes do Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro e o Decreto-Lei n.º 79/2014 de 14 de maio.”

O presente relatório encontra-se dividido em 5 grandes capítulos.

Uma primeira parte onde é realizado um enquadramento biográfico onde são salientados por mim os aspetos que contribuíram pelo ingresso na área da docência e na docência da disciplina de Educação Física. Numa fase inicial do documento poderão igualmente ser encontradas justificações antropológicas da Educação Física que certamente a justificam e lhe dão o crédito que ela merece, numa fase em que cada vez mais se caminha no sentido contrário e onde esta é cada vez mais vista como o “parente pobre” do currículo. Posteriormente serão salientados aspetos práticos da importância do estágio profissional na conclusão da minha formação inicial e no início da criação da minha identidade profissional enquanto professor.

Na terceira parte do presente documento pode ser encontrada, uma breve caracterização e análise do macro meio e posteriormente ao micro meio onde atuei, nomeadamente à escola e à turma que ficou à minha responsabilidade no decurso desta etapa.

A quarta parte é aquela que representa a maior fração deste documento, esta reporta-se ao processo de reflexão sobre a reflexão de toda a minha prática de ensino supervisionada. Aqui será feita uma análise A posteriori de tudo aquilo que foi planeado, realizado e posteriormente avaliado ao longo de todo o ano letivo, serão espelhadas as minhas dificuldades, frustrações e sucessos e como é que estes foram ou não ultrapassados. Esta parte está claramente dividida em três grandes áreas de desempenho que compõem a PES, são elas:

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• Área 1: Organização e gestão do ensino e da aprendizagem, uma área destinada à conceção, planificação, realização e avaliação do ensino. • Área 2: Participação na escola e relações com a comunidade, área onde

se evidenciam as atividades não letivas desenvolvidas ao longo do ano letivo e que procuram um contributo para a integração na comunidade escolar.

• Área 3: Desenvolvimento profissional, área que se reporta à construção do eu-profissional, nomeadamente na criação de uma identidade profissional, aberta à inovação e com capacidade de integração num grupo social carregado de especificidade como é o caso de um corpo docente.

A última parte do relatório será destinada às considerações finais e ao balanço sobre todas as experiências por mim vividas ao longo dos últimos 10 meses.

Com este documento procuro através de uma escrita simplista e sincera, transparecer ao leitor todas os sentimentos e experiências por mim vivenciadas no exercício daquilo que sempre considerei, a profissão de sonho. Procurei através deste documento proporcionar uma fácil leitura de algo que certamente me tornou melhor, mais competente e que me proporcionou um dos últimos momentos de aprendizagem no presente mestrado.

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9 2. Enquadramento biográfico

Antes de iniciar a leitura e análise do meu percurso ao longo deste últimos meses, será de todo importante conhecer a personagem principal e aquele que o guiará no conhecimento desta última etapa da formação inicial. A 3 de Maio de 1994, nasceu mais um individuo com um gosto particular por desafios e com um gosto muito próprio pela superação pessoal e pela luta pela sua crença. A prática desportiva sempre fez parte das suas rotinas mas aquilo que mais o cativava, sempre foi a vontade de tornar os outros melhores, tal qual como fazia todos os dias consigo próprio. E que melhor forma haverá para isso que ser Professor de Educação Física? Sim, aliar o gosto por desafios com a vontade de tornar os outros melhores e fornecendo-lhes bases para os tornar mais competentes, a única resposta seria no final de contas ser Professor de Educação Física.

Primeiro, porque a sua matéria de trabalho é o desporto, uma das minhas paixões e segundo porque se se gosta de desafios, o futuro é certamente ser Professor de Educação Física. Como não poderia deixar de ser, se a profissão é por si só carregada de desafios, o caminho para lá chegar é igualmente desafiante. No secundário ingressei no Curso Tecnológico de Desporto, ou seja, desde cedo comecei a traçar o meu caminho com vista a chegar aquilo que hoje aqui relato. Terminada esta primeira etapa conclui a licenciatura em Ciências do Desporto na Escola Superior de Educação do Porto, ingressando posteriormente no presente mestrado que me conduziu a esta etapa final (Estágio Profissional), e bem mais desafiante que todas as anteriores e que certamente merecerá especial apreço por tudo aquilo que contribuiu para me tornar mais competente no exercício da docência.

2.1 Importância do estágio na formação inicial de professores

O Estágio Profissional (EP) constitui-se como uma “peça fundamental da estrutura formal de socialização inicial na profissão”, é um processo no qual os estudantes-estagiários passam por uma experiência “mais interna, mais ativa e

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mais autónoma”, ou seja, o Estudante Estagiário (EE) é colocado perante desafios distintos dos colocados nos primeiros anos de formação ainda que este processo se caracterize como “gradual e refletido” (Queirós, 2014a).

O presente estágio assume uma dupla característica que o torna único. No mesmo espaço temporal o estudante estagiário é chamado a assumir o papel de professor, ainda que supervisionado por um Professor Cooperante (PC), e de estudante. Num determinado momento fui responsável por ensinar mas, nesse mesmo momento, estava a recolher novas informações, estava a aprender, estava a construir a minha interpretação das exigências da profissão, o meu caminho enquanto Professor de Educação Física.

Dada a originalidade do desafio do EP este ano letivo foi encarado como um dos mais importantes para a construção da minha identidade enquanto Professor de Educação Física,. Foi o ano em que encarei a entrada neste estágio como a verdadeira entrada no Mundo do trabalho “é igualmente um período importante na história profissional do professor determinando inclusivé o seu futuro e a sua relação com o trabalho” Tardif (2002) citado por Queirós (2014a). Um ano caracterizado pelo desenvolvimento de novas aprendizagens, de novo conhecimento onde a formação inicial sofre um impulso decisivo (Queirós, 2014a), dando um sentido acrescido aos anos anteriores da minha formação, marcados pela aquisição de conhecimentos, que foram transformados, foram adequados às exigências contextuais e concretas da prática (Queirós & Batista, 2013).

E esta é a verdadeira natureza de ser Professor, ou seja, a competência para ensinar a matéria da nossa disciplina transmitindo esses conhecimentos aos nossos alunos, a competência pedagógico didática exige entre outros aspetos a capacidade de aplicar o conhecimento de uma determinada forma que não é aplicável a outra realidade, de uma forma não generalizável.

Ao contrário de outras profissões para se ser professor existe a obrigatoriedade de se ser aluno e de se ser confrontado com múltiplas aprendizagens, múltiplas representações sobre a profissão e múltiplos indivíduos que inevitavelmente terão elevada preponderância na formação das nossas crenças e de conceções. É inevitável que todos os professores, antes

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de o serem já tenham em si formadas crenças e pré-conceções que terão influência sobre a compreensão das exigências da profissão, para que estas não sejam transformadas acriticamente muito contribui o EP.

O EP ao permitir um dos primeiros exercícios profissionais, permite que em ambiente de aprendizagem supervisionada “que essas conceções sejam revistas e adquiram significado nas relações com os demais atores e no confronto com as delimitações do contexto institucional” (Queirós, 2014 citando Ambrosetti, Almeida & caiu, 2012, cit. por Pata, 2012).

O EP assume-se como de elevada importância pois este marca o profissional da Educação Física como uma das principais etapas na construção da sua profissão, contudo esta não deixa de ser um marco na sua formação inicial. Ser professor implica uma aprendizagem diária mesmo após a conclusão da formação inicial, tal como afirma Queirós (2014a) “a aprendizagem da docência não se inicia com o ingresso na profissão, é um processo construído ao longo da vida…”

Assim o EP assume-se como essencial para a complementaridade entre a ação teórica e prática. Tal como afirma Queirós & Batista (2013, p. 42) citando Carreiro da Costa (2002) a formação inicial de um professor de Educação Física deve garantir que este sabe “pôr as suas competências em ação em qualquer situação”, ou seja, um profissional que seja “capaz de refletir na e sobre a ação, de dominar qualquer situação nova. Alguém que apresente capacidade de adaptação, eficácia, expertise, capacidade de resposta e de ajustamento ao solicitado, ao contexto e aos problemas complexos que enfrenta na sua atividade.”

Estas aprendizagens práticas, esta aprendizagem através da experiência não pode ser vista como algo simples, pois tal como refere Schon (1991) citando por Queirós & Batista (2013) “aprender com a experiência não é simples, não é fácil, nem necessariamente enriquecedor”.

As experiências por si só podem não ter grande valor, contudo estas garantem outro sentido se a elas estiverem associados o ato e o processo reflexivo garantindo assim o sentido positivo das experiências, constituindo-se também como uma ferramenta essencial para o futuro do professor de Educação Física.

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Tendo esta prática profissional características muito próprias, o ato reflexivo (Reflection-in-action; action; reflection on reflection-on-action; Schon, 1991) é essencial para “preparar o futuro professor para atuar, em cada situação, de acordo com as exigências especificas do contexto”. (Queirós & Batista, 2013) citando (Schon, 1991).

O ano de estágio, o último ano da formação inicial de professores assume-se, igualmente, como de elevada importância para criar profissionais capazes de legitimar a sua própria profissão e a sua própria área perante a sociedade. Assim tal como refere Queirós & Batista (2013) o estágio profissional é essencial enquanto espaço de formação, que contribui de forma determinante para a reconfiguração da área, ou seja, assume-se como essencial para esta mudança de paradigma de descrédito que paira sobre a nossa disciplina.

2.2 Expectativas em relação ao estágio Profissional

Como não poderia deixar de ser, o longo percurso até chegar à fase do EP, inevitavelmente foi pautado por elevadas expetativas e reflexões sobre o que seria este tão aguardado momento da minha formação. Sendo este relatório um documento pessoal sobre todas as experiencias vividas, faz todo o sentido que, nesta fase final de balanço me debruce sobre as expetativas levantadas ainda numa fase precoce do estágio profissional.

Tal como refleti no Projeto de Formação Individual (PFI), assumi desde logo que, um processo de estágio com esta duração e com esta complexidade inevitavelmente teria um grande impacto na minha formação, quer do ponto de vista profissional, quer do ponto de vista pessoal.

Logo no início do EP senti o peso da pré-conceções construídas durante o percurso de aluno numa escola pública. O facto de todos professores já terem sido alunos aumentaram as expectativas em relação ao que viria a acontecer.

Contudo este facto elevou os meus índices de exaltação, pois o facto de ser conhecedor da realidade escola, fez-me também perceber que muita desta realidade não era factualmente conhecida, ou seja, conhecia a realidade

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enquanto aluno, contudo o conhecer a realidade enquanto professor assumia outro tipo de proporções e responsabilidades.

Tal como referi no PFI, este seria um ano em que teria que invocar conhecimentos adquiridos nos anos anteriores para afirmar o sucesso na função docente. Este seria o ano em que teria de ser capaz de dar respostas concretas ao Ser Professor, o que é Ser Professor de Educação Física dentro de um contexto de elevada complexidade como é a escola com os seus alunos.

Também residiam em mim muitas e elevadas expectativas em relação ao contacto social quer com a comunidade educativa (Docentes; Discentes; Assistentes operacionais) quer com o Núcleo de estágio (Professora Cooperante; Professora Orientadora; Estudantes Estagiários) relações essas que merecem especial destaque pois assumiram-se como chave para a obtenção do sucesso individual e coletivo.

De uma forma resumida estas, expectativas poderiam convergir numa única palavra que poderia perfeitamente ser colocada no cerne do estágio profissional, “convocar-me” e “transformar-me” no sentido da competência docente.

Este seria um ano onde era essencial convocar os vários saberes práticos e os vários saberes teóricos adquiridos durante os anos transatos de formação, contudo e como refere Bento (1995, p. 49) “nenhuma forma de vida, seja teoria, seja prática é pensável se renunciar à reflexão”.

Assim sendo, o ato reflexivo assumiu-se como chave para a construção do Ser Professor, pois esta confrontação constante entre o “eu professor” com as exigências da competência docente, permitiu-me diariamente construir novas aprendizagens que efetivamente me tornaram mais competente e mais eficaz na minha missão educativa.

Ter parado para pensar quais eram as expectativas em relação ao EP logo no início do processo fizeram-me pensar naquilo que queria construir durante o decorrer desta etapa. Assim, neste presente relatório procurarei fazer um confronto constante entre as minhas expetativas e aquilo que realmente se concretizou, de modo a exaltar o que de mais enriquecedor o estágio profissional trouxe, para a minha formação enquanto professor.

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14 2.3 Educação Física

2.3.1 Legitimação da Educação Física

Antes de um qualquer discurso sobre a prática pedagógica torna-se essencial que nos debrucemos, sobre a disciplina que leciono, que me acolheu e que eu próprio acolhi, bem como tudo aquilo que a legitima no currículo escolar. Faz todo o sentido que seja feita uma breve análise e contextualização da Educação Física, enquanto disciplina curricular, sendo posteriormente feita uma análise à minha pessoa dentro desta mesma área bem como ao complexo processo que foi o processo de estágio profissional.

No momento atual é incomportável que um qualquer profissional da área utilize um discurso leviano e sem argumentos em detrimento de uma forte fundamentação que realmente coloque a nossa disciplina ao mesmo nível ou mesmo acima das demais. É muito importante que da identidade profissional de um professor de Educação Física faça parte um conhecimento profundo da justificação da EF enquanto espaço de educação e formação dos alunos.

O recurso a argumentos do senso comum descredibilizam o nosso próprio discurso, o professor de Educação Física com o conhecimento profundo da importância da sua disciplina deve recorrer a argumentos que realmente coloquem uma pedra sobre a questão, um discurso que realmente demonstre a importância da disciplina.

Se fizermos uma análise cuidada às disciplinas que percorrem os vários ciclos de ensino facilmente nos apercebemos da presença e da importância da EF nos vários currículos ao longo da escolaridade obrigatória. “… em Portugal, atualmente, a educação física figura como área curricular obrigatória ao longo de todos os anos de escolaridade básica e secundária…”(Graça, 2014, p. 94).

Apesar deste facto, resultado do muito que se avançou no reconhecimento social da EF, esta depara-se com um cenário de uma marginalização onde a não importância pela disciplina ainda se mantém “a EF como disciplina do currículo na escola está longe de ter um estatuto

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semelhante ao das outras disciplinas, nomeadamente das disciplinas que se orientam para a educação intelectual dos alunos” (Matos, 2014, p. 158) .

Contudo, cabe-nos a nós Profissionais da Educação Física oferecer o contributo inequívoco para que esta tendência seja invertida e, para isso, a nossa resiliência tem que partir de uma robusta argumentação “… a Educação Física carece da palavra certa e convincente de quem por ela interceda para a ajudar, de quem por ela fale para a justificar, de quem por ela aja para a defender.” (Graça, 2014, p. 109).

O processo de evolução do ser humano tem intrinsecamente ligado a si o movimento. Como referem Grupe & Kruger (1994) quando no reportamos ao desporto e ao movimento devemo-nos reportar igualmente a uma abordagem antropológica do ser humano e à compreensão da sua espécie dado que tudo aquilo que somos hoje dependeu do movimento, porém, nos dias que correm cada vez menos o ser humano sabe lidar com o seu corpo. A pergunta que se coloca é: Que melhor forma tem a escola para transmitir conhecimentos aos alunos e simultaneamente ajudar-lhes a compreender e a trabalhar a sua génese (Culto pelo corpo e movimento)?

“A Educação Física reporta-se à corporalidade, contudo esta está igualmente ligada aos aspetos intelectuais, emocionais e sociais da pessoa” (Grupe & Kruger, 1994, p. 18), ou seja, a disciplina não desenvolve só as destrezas motoras dos alunos, desenvolve igualmente outros aspetos intrínsecos ao ser humano. As mais variadas interações entre os professores e os alunos no ambiente ensino-aprendizagem ditarão o resultado final de um processo de aprendizagem, não unicamente ligado ao conteúdo mas também ao processo de socialização (Cultiva o espirito de equipa e trabalho de grupo), ajuda-os a adquirir hábitos de cumprimento de regras e normas associadas aos mais variados desportos, é igualmente um dos melhores meios para promover a liderança, solidariedade e criatividade (nas várias modalidades lecionadas há sempre mais que uma forma de atingir o mesmo objetivo).

Com todos estes argumentos a favor da disciplina o que mais a pode legitimar é a ação prática junto da comunidade escolar, não é só manter estes

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argumentos guardados na bagagem sem fazer uso deles e sem recorrer a eles para sustentar o nosso trabalho.

O Professor deve mostrar que a Educação Física tem um papel chave no currículo e para isso é essencial desenvolver de forma planeada e sustentada as capacidades motoras e cognitivas humanas num clima de socialização constante.

Tal como refere Matos (2014) citando Bento (1995) e Meinberg (1990) “nunca é demais repetir que não basta existir exercitação corporal para que existam efeitos de natureza formativa”, ou seja, a atividade motora por si só não é sinónimo de educação e formação. Com isto devemos desmontar o paradigma que cada vez mais paira sobre a Educação Física, a ideia de recreio supervisionado, onde a única preocupação é exclusivamente que exista atividade motora ainda que desprovida de aprendizagens.

Esta ideia de que a ação corporal por si só resolve todos os problemas da disciplina paira unicamente na cabeça daqueles que consideram que a disciplina tem um papel único e essencial de combate à saúde. Esquecendo-se assim que este não é o objetivo específico da disciplina mas sim um objetivo geral da escola “a educação para a saúde será um objetivo transdisciplinar da escola, para o qual a EF concorre com a sua quota-parte que por ser muito específica e única, pode sugerir uma importância dominante.” (Matos, 2014).

A educação física assume-se como “específica e única” pelo seu conteúdo ser eminentemente prático, ou seja, promove uma educação através do Desporto, ou seja, “é um processo educativo onde o desporto é utilizado como um instrumento” (Matos, 2014).

Assim, podemos verificar que o valor da disciplina de Educação Física deve ser elevado pelo facto de o seu conteúdo permitir uma formação humanista do aluno pois promove melhoria dos padrões educativos gerais, tem um papel muito importante de estilos de vila saudável e na “criação de responsabilidade social, no desenvolvimento da criatividade, confiança, autoestima, desenvolvimento de skills chave para a vida” (Matos, 2014).

O conteúdo da educação física, o desporto, “torna-se educativo quando coloca obstáculos, tarefas e exigências, quando obriga a observar regras e ao

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relacionamento com o outro, quando apela ao rendimento de cada um, quando permite a cada um conhecer-se às suas possibilidades (Matos, 2014 citando Bento, 1995 2000).

O ato de educação através do desporto distingue-se dos demais pelas suas imensas possibilidades, nomeadamente possibilidades ao nível do desenvolvimento “Somático, motor, sensorial, emocional, motivacional, social e cognitivo” (Matos, 2014).

Em suma, a disciplina de educação física distingue-se das demais pelo fato de esta promover um desenvolvimento holístico do individuo.

As experiências desportivo-motoras são a base para a construção das várias aprendizagens nos vários domínios que a disciplina oferece. Assim a argumentação que legitima a disciplina, não pode ser leviana, e recair única e exclusivamente sobre questões ligadas à saúde, pois tal como fica demonstrado esse é um objetivo da escola compartilhado com a educação física.

2.3.2 Educação Física a disciplina que eu acolhi, a disciplina que me acolheu…

A paixão pelo desporto talvez tenha sido aquilo que me trouxe para o que hoje aqui apresento também o facto de gostar de aprender sempre me motivou a procurar inspirar o mesmo gosto nos outros, daí a decisão de querer ser Professor. “Os professores consideravam as suas funções como algo que precisava de ser feito, um imperativo moral impulsionado por um grande sentido de dever condicional” Queirós (2014b) citando o estudo elaborado por Margolis e Deuel (2009). Será que eu próprio sabia o que era ser Professor? Será que eu próprio sabia o que era Educar?

Iniciando esta reflexão pela segunda questão e olhando para o sentido restrito da palavra Educação (“ação que decorre entre, pelo menos, duas pessoas em que ambas se transformam, Educador e Educando, sendo que existe uma diferença de competência entre estes dois intervenientes que deve procurar ser ultrapassada pela ação intencional do educador, de uma ação que

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vise sempre objetivos de um acontecimento de transmissão”), posso afirmar que era neste o meu propósito que eu intuía o que seria ser Professor.

“O fundamento da educabilidade está naquilo que verdadeiramente distingue a espécie humana de outras espécies” (Monteiro, 2017, p. 73).

Tal como refere Savater (1997, p. 23) citando Greene, “ser humano é também um dever”, “nós humanos já nascemos sendo-o, mas só o seremos completamente, depois” Savater (1997, p. 23). O ser humano distingue-se das restantes espécies por ser um ser inacabado, por ser um ser que necessita de mais alguma coisa para se tornar completo (Savater, 1997), e é aqui que importa refletir sobre o conceito de Neotenia.

Segundo o mesmo autor, Neotenia pode ser definida como “plasticidade ou disponibilidade juvenil (os pedagogos falam de educabilidade), mas implica também um conjunto de relações necessárias com outros seres humanos” (Savater, 1997, p. 25), ou seja as possibilidades do homem estão altamente dependentes das relações que este estabelece com os seus semelhantes (Savater, 1997).

A educabilidade característica do ser humano permitirá que este se torne num ser completo, “por meio de estímulos de dor ou prazer, tudo na sociedade humana tem uma intenção pedagógica” (Savater, 1997).

Outra característica única do ser humano que lhe permite esta educabilidade é aquilo que Savater (1997) classifica como a “constatação da ignorância”, ou seja, o homem não só sabe o que sabe mas debruça-se igualmente sobre aquilo que não sabe e que tem necessidade de corrigir.

Cabanas (2002), apresenta uma esquematização das mais importantes das antionomias da educação: Representantes Rousseu, Montessori Comenio, Pestalozzi Kant, Durkheim Postulado inicial A criança é um ser Bom Capaz de tudo Ativo Espontâneo Com aspetos positivos e negativos Capaz de algo Parcialmente Mau Impotente Passivo Inerte

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19 ativo Necessita de algum estímulo A educação é: Crescimento Deixar fazer Educere Ajuda Cuidado Complere Implantação Condução Educare O educador é como um: Jardineiro Regulador de tráfego Escultor

Como podemos perceber diferentes filósofos e pedagogos têm diferentes pontos de vista sobre a educação, apresentando assim diferentes teses. Duas destas teses são opostas, sendo que a outra destaca-se por ser intermédia às duas anteriores, existindo aqui uma posição de equilíbrio (Cabanas, 2002). A primeira aponta para uma educação mais livre do educador para com a criança (deixar fazer), a terceira é completamente oposto porque assenta sobre ideias que rejeitam totalmente a liberdade, uma tese onde o educador é visto como um escultor que esculpe a criança à sua imagem.

Das três a que merece especial destaque é a tese intermédia, aquela que absorve um pouco das duas anteriores, é aquela que parte do principio que as crianças têm aspetos positivos e negativos e que necessitam de algum estimulo para o seu desenvolvimento. Ou seja, aqui o educador assume um papel de regulador de tráfego, do ponto de vista que este é o regulador dos estímulos fornecidos à criança garantindo que estes são os melhores para o seu desenvolvimento.

O processo educativo pode também caracterizar-se como formal ou informal dependendo da fonte que visa a transformação do homem. (Savater, 1997). Tal como refere Hannoun (1975) se o processo de influência for exercido “pelos pais ou por parte de um qualquer adulto disposto a dar lições este denomina-se de informal, contudo, se este for efetuado por uma pessoa ou grupo de pessoas socialmente designadas para isso este denomina-se de formal” (Savater, 1997, p. 27).

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Assim, o processo educativo formal exercido por um Professor implica mais que do este ato de transmissão entre um emissor e um recetor “a função de ensinar já não é hoje definível pela simples passagem de saber” (Roldão, 2007). Nos dias que correm a ação do Professor não se pode restringir à transmissão de conhecimento. Quando o acesso à informação era limitado os desafios colocados à Escola circunscreviam-se à função de instrução e não à sua função educativa e formativa. Nos dias que correm a função docente deve principalmente prender-se a tarefas que permitam realizar o processo E/A, concebendo a sua missão de formação/educação de alunos emancipados, autónomos e capazes de produzir o seu próprio conhecimento.

As sociedades atuais caracterizam-se pela abundância informacional, assumindo o Professor um papel chave na filtragem do conteúdo informativo, de modo a permitir que os alunos participem ativamente na sua própria formação

Verifica-se que a minha conceção prévia sobre a profissão docente estava assente sobre premissas pouco esclarecidas, tendo em conta a sociedade e o tempo em que vivemos (ser professor não se esgota no exercício de transmitir a matéria da disciplina). Assim coloca-se-me a questão concreta: mas, afinal, o que é ser Professor? E o que é que caracteriza um professor competente?

Tal como fui verificando no decurso do mestrado, ser professor vai muito para além da transmissão de saberes e de conhecimentos, e isso ainda mais se exaltou durante todo este processo de estágio profissional “Há um esquema em voga, sobre as grandes competências que deve possuir o professor: «saber», «saber-fazer», «saber-ser»…há uma outra essencial «saber fazer-ser»” (Patrício, 1998, pp. 5-6).

Pude, assim, verificar que a minha ação enquanto professor tinha obrigatoriamente que ser uma ação centrada no aluno, nas suas necessidades e potencialidades, ação que podemos chamar, de forma resumida, mais humanista, ou seja, uma ação que privilegie o desenvolvimento dos meus alunos em todas as suas dimensões humanas, não me prendendo única e exclusivamente aos saberes técnicos ligados à disciplina que leciono – a

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Educação Física. Ser professor é ser muito mais que um transmissor de saberes feitos e essa crença acarreta benefícios claros na ação educativa, pois ser professor é ser um agente de mudança que contribua para uma educação de qualidade.

Assim sendo, faz todo o sentido que me debruce sobre os principais critérios que caracterizam o profissionalismo e as ligações que se estabelecem com a profissão, sempre sob a premissa de que estes são promotores de sucesso na profissão docente. O primeiro critério sobre o qual me irei centrar é a competência docente, critério essencial para que se obtenha sucesso enquanto agente do processo educativo.

Um professor competente é aquele que com um determinado corpo de conhecimentos, consegue adaptá-los a uma determinada realidade de uma forma não generalizável e que, por isso obtém sucesso.

Aqui a competência docente está intimamente ligada com a capacidade do professor olhar e refletir sobre o meio onde está inserido como um meio específico, distinto de outras realidades, obtendo, assim, sucesso através da modificação e ajuste desse corpo de conhecimento aquela realidade concreta. Na competência docente incluem-se as capacidades, habilidades, conhecimentos e hábitos.

“A competência profissional do professor define-se pela sua capacidade para criar, organizar ou modificar as condições de aprendizagem com a intenção de facilitar o desenvolvimento de processos de aprendizagem significativas e enriquecedoras nos alunos” (Alonso, 1998, p. 5).

Assim, podemos verificar que dominar o corpo de conhecimento por si só não é sinónimo de sucesso, é essencial possuir outras aptidões para se dar sentido a esse mesmo conhecimento na realidade concreta onde o docente está inserido.

Tal como Alonso (1998), também Nóvoa (2009) levanta algumas características que considera essenciais para a competência docente na sociedade contemporânea, sendo a primeira delas o conhecimento sobre o conteúdo. Sendo o Professor um agente de mudança, este deve ter aliado a si o conhecimento para provocar essas mesmas mudanças nos seus alunos.

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(Nóvoa, 2009) citando Alain (1986) refere que mais importante que conhecer aqueles que se instruem é essencial conhecer bem aquilo que se pretende ensinar.

A segunda característica que este mesmo autor levanta é a Cultura Profissional, a necessidade de pertença a um grupo e a necessidade de aprendizagem com esses mesmos elementos do grupo, relevando igualmente a importância do desenvolvimento de trabalho de equipa.

Nóvoa (2009) destaca igualmente a necessidade de o professor ter tato pedagógico, que se traduz nas capacidades de comunicação, relacionamento, capacidade de respeito que se assumem como essenciais para provocar a mudança no aluno. Esta mesma capacidade deve ser vista como algo intrínseco ao próprio docente, ou seja, algo mais pessoal.

A última característica apresentada por este autor está relacionada com o compromisso social que o professor deve assumir, aceitando a premissa que ele próprio é realmente um agente de mudança da sociedade e que deve ser promotor de inclusão e diversidade social, não se limitando única e exclusivamente ao espaço escolar (Nóvoa, 2009).

A autonomia profissional, é um critério merece de igual forma destaque, porque a capacidade de análise e reflexão sobre o meio onde está inserido está diretamente ligado com a aplicação prática das decisões tomadas. Assim podemos verificar que esta análise reflexiva e a posterior decisão são processos individuais inerentes a cada docente.

Esta “é entendida como a capacidade para tomar e pôr em prática decisões responsáveis, o que implica a liberdade para escolher de forma criteriosa e fundamentada entre as alternativas possíveis numa determinada situação”(Alonso, 1998, p. 6).

Estando todos os critérios do profissionalismo docente interligados, a pertença a um grupo profissional e a sua respetiva identidade não deixam de merecer especial destaque. É essencial que o sucesso do docente passe pelos vários grupos onde este está inserido, tais como grupo dos profissionais de educação, associações, sindicatos, etc. “Trata-se agora de alargar este

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conceito à autonomia profissional enquanto grupo ocupacional o que vai além das fronteiras da instituição escolar” (Alonso, 1998, p. 7).

Tal como referi anteriormente ser professor implica aceitar a premissa que nós próprios somos agentes de mudança de indivíduos e consequentemente agentes de mudança da própria sociedade. Sendo nós agentes de mudança, também nós enquanto docentes devemos estar suscetíveis à mudança, “quer mudanças sociais, quer tecnológicas” (Alonso, 1998).

Considerando que a sociedade atual é uma sociedade onde a quantidade informativa abunda, uma sociedade em constante evolução será expectável que o profissional de educação consiga acompanhar a bom ritmo estas alterações.

O objetivo do docente é preparar as pessoas para uma sociedade em constante mudança, é preparar os indivíduos para conseguirem dar resposta a situações-problema que ainda não existem, daí a necessidade de criar indivíduos com capacidade para produzir pensamentos emancipados.

Assim sendo o próprio professor tem que estar suscetível a esta renovação para uma melhoria profissional constante.

Como ficou aqui evidenciado, ser professor implica mais do que o simples ato de transmissão de conhecimentos e isso foi aquilo que mais me marcou durante o processo de estágio. Ser um professor profissional e competente acarreta uma série de dimensões (Conhecimento, cultura profissional, tato pedagógico, trabalho em equipa, compromisso social (Nóvoa, 2009)) que devem ser desenvolvidas como forma de otimizar o seu exercício.

Assim, posso claramente afirmar que o estágio profissional serviu ainda mais para desmascarar algumas crenças e algumas pré-conceções desenvolvidas em etapas precoces da minha formação no que podemos chamar socialização antecipatória.

Esta socialização antecipatória que, inevitavelmente marca a formação docente, colocavam-me a ver o “Ser Professor” e o “Professor competente” de uma ótica diferente daquela que vejo agora, e de que dei o testemunho nos parágrafos anteriores.

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3 - Enquadramento da Prática

Profissional

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27 3. Enquadramentos da Prática Profissional

3.1 A escola enquanto motor do desenvolvimento das sociedades - Escola Básica e Secundária D. Dinis

“A educação é um dos principais motores do desenvolvimento social e económico das sociedades” (Cristo, 2013, p. 13), assim sendo a escola assume-se igualmente como um meio de transformação das sociedades, como um meio de preparação dos jovens para desafios e problemas do seu futuro. À nascença o homem caracteriza-se por ser um ser inacabado, é a educação e a formação que lhe dão forma.

A instituição escola, teve uma necessidade imperiosa de evoluir, por forma a não caminhar atrás da sociedade, mas sim para ser ela a preparar os seus alunos de forma a que estes sejam agentes de mudança da sociedade dotados de aprendizagens que permitam dar resposta a problemas e desafios que ainda não surgiram, ou seja, criação de alunos autónomos, emancipados e com espirito crítico.

A escola que me acolheu para a realização do meu EP, a Escola Básica e Secundária D. Dinis (EBSDD), compartilha os valores, finalidades e visão apresentados pelo documento público libertado em 2017 de seu nome “Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória” onde são referidas as características que se pretende que um aluno tenha quando termina o seu percurso escolar.

Assim sendo, a Escola Básica e Secundária D. Dinis pretende dotar os seus alunos de “saberes e valores que promovam uma sociedade justa”, pretende desenvolver nos seus alunos uma cultura científica que sustentem as suas tomadas de decisão no mundo onde estão inseridos. Pretende garantir que todos os alunos participam no seu processo de formação, pretende educar no século XXI, ou seja, ambiciona que os seus formandos sejam capazes de se adaptar a novos contextos que vão surgindo nas suas vidas e os desafios que se lhe colocam. Tal como referem no seu Projeto Educativo de Escola “o aluno é inegavelmente o núcleo de todo o trabalho desenvolvido.”

De uma forma resumida, é uma escola que se rege pelos princípios da Aprendizagem, Base Humanista, Saber, Inclusão, Coerência e Flexibilidade,

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Adaptabilidade e Ousadia, Sustentabilidade e Estabilidade, pretende “ser no sector da Educação uma opção de referência para o sucesso dos jovens”.

A escola EBSDD pretende que os seus alunos sejam capazes de “lidar com a mudança, que estejam munidos de múltiplas literacias que permitam analisar e avaliar a realidade”. É também promotora da autonomia e responsabilidade, promotora do pensamento crítico, sendo a dignidade humana igualmente um dos aspetos visados durante a formação escolar.

Como podemos analisar na literatura e tal como acontece na EBSDD esta constitui-se como uma instituição que visa preparar e educar os jovens para a sociedade onde estes serão inseridos, tendo como base para essa educação e preparação as características específicas de cada contexto. “Através da educação o “ser individual” transforma-se em “ser social” (Filloux, J., 2010).

Assim sendo, a escola. “…Constitui-se como um contexto diversificado de desenvolvimento e aprendizagem…” (Dessen, M & Polonia, A. 2007), ou seja, é um espaço que agrupa uma grande diversidade de conhecimentos atividades, de regras e de valores. (Dessen, M. & Polonia, A., 2007 citando Mahoney, 2002).

Dessen e Polonia (2007) citando Oliveira (2002) afirmam que se trata igualmente de um ambiente multisocial que promove a construção de laços afetivos e respetiva preparação para a sociedade.

Nunca é demais tomar consciência da importância do contexto onde estive inserido pois este teve profunda influência sobre a minha prática e inevitavelmente sobre as aprendizagens no decurso do presente estágio profissional.

A EBSDD é parte integrante do Agrupamento de Escolas D. Dinis que por sua vez está sediado no concelho de Santo Tirso e pertence ao distrito do Porto, integrando a Área Metropolitana do Porto.

O início desta instituição escolar remonta ao ano de 1932, sendo que ao longo dos anos foi passando por várias transformações até se encontrar como a conhecemos hoje. É de destacar que recentemente foi submetida a um projeto de modernização de modo a requalificar a construção já existente garantindo assim melhores condições de conforto, segurança e acessibilidade.

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Desta requalificação há que destacar vários espaços que foram modernizados nomeadamente o pavilhão desportivo, a sala de ginástica. Foi também requalificado o campo de jogos exterior bem como todos os balneários e vestiários.

No que toca à comunidade escolar é de relevar o forte contacto entre encarregados de educação e professores que trabalham simbioticamente para a implementação de projetos enriquecedores para a formação dos alunos.

A EBSDD é composta por 1166 alunos (38 NEE), estando estes distribuídos pelo 2º, 3º Ciclo, Ensino Secundário e Ensino Profissional, num total de 46 turmas. O 2º Ciclo tem 298 alunos (11 Turmas), o 3º Ciclo tem 387 alunos (15 turmas), o Ensino Secundário tem 342 alunos (15 turmas) e o Ensino Profissional tem 139 alunos (5 turmas). Atualmente exercem a profissão docente 183 Professores. Relativamente ao pessoal não docente a escola é composta por 49 elementos de entre os quais assistentes e respetivo coordenador técnico e assistentes operacionais.

Os vários alunos provêm de vários pontos do concelho de Santo Tirso, e inclusive fora do concelho. Dentro da população estudantil existem variadíssimos estatutos socioeconómicos, alunos de diferentes etnias, alunos com Necessidades Educativas Especiais situação que faz com que haja uma grande diversificação da comunidade escolar, destacando-se assim como uma escola promotora da inclusão.

Filloux, J. (2010) citando Durkheim (1955) afirma que a escola enquanto instituição não é passível de acontecer de uma forma isolada, mas sim como tendo uma estreita relação com as outras instituições. Como pude perceber a EBSDD é uma escola com uma forte ligação à comunidade que a rodeia, no que à EF diz especificamente respeito, e é de destacar a relação que estabelece com instituições, como é o caso do Ginásio Clube de Santo Tirso. Esta ligação permite à Escola proporcionar aos alunos uma experiência educativa alargada, dado que esta parceria permite que os seus alunos usufruam das instalações desportivas deste clube, nomeadamente o seu pavilhão, os seus campos de ténis e a sua piscina.

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Todos estes aspetos inevitavelmente marcaram a minha prática docente no decorrer do estágio profissional, pois a escola EBSDD para além, das excelentes condições a nível de instalações, partilha de valores, princípios e de uma visão que permitem a clara formação integral aos alunos que recebe, situação que vai de todo ao encontro daquilo que acredito.

É uma instituição que tal como eu pretende essencialmente dotar os jovens de uma preparação social, cultural, cognitiva e física para que estes consigam dar as devidas respostas que lhes vão sendo solicitadas no seu futuro.

3.2 A minha turma de 10º Ano…

O processo ensino-aprendizagem está bem longe de ser um processo simplista. Contextualizar a ação do professor passa não só pelo conhecimento de cada aluno, aspeto determinante para que se possa individualizar o ensino, mas também pela caracterização da turma enquanto grupo, cuja dinâmica interfere no desempenho de cada um.

Para se atender a esta necessidade é essencial o Professor ter efetivamente em conta o aluno, a personalidade do aluno em formação, e por isso, entender a turma como uma soma de partes, ou seja, entender os alunos como indivíduos (pessoas) distintos com necessidades distintas, devendo ao máximo evitar-se ao máximo “respostas uniformes independentemente das pessoas, das condições locais e das circunstâncias” (Machado, 2010). A contextualização da ação do professor é uma exigência da sua atividade, que se há-de traduzir, entre outros aspetos, na criação de condições para individualizar o ensino, ainda que dentro dos constrangimentos provocados pelo tamanho das turmas ou pela carga horária insuficiente da sua disciplina.

Para conceber o PEA (processo ensino-aprendizagem) de modo contextualizado é preciso ter um conhecimento individual dos alunos. Para este efeito o Grupo de Educação Física e Desporto Escolar da EBSDD elaborou um questionário que foi aplicado à turma à qual lecionei durante o ano letivo e que permitiu recolher informação detalhada para uma caracterização alargada.

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31 1 1 2 6 2 5 2 5 7 8 9 10 N º Alu n o s Grau de Motivação 0-10

Motivação

Gráfico 1: Caracterização da turma

Figura 1 – Caracterização da turma – Motivação EF

A referida turma do 10º ano do Curso Cientifico-Humanístico de Línguas e Humanidades, era constituída por 19 alunos, 8 do sexo masculino e 11 do sexo feminino com idade média 14,9 anos.

Estando esta turma em início de ciclo, o ensino secundário, era expectável que não houvesse grandes ligações dentro do grupo-turma. Esta expectativa veio a verificar-se, potencializada pelo facto da maior parte dos alunos provir de escolas distintas do concelho de Santo Tirso, aumentando ainda mais heterogeneidade dentro do grupo.

Como verifiquei no decurso do ano letivo, os alunos apresentavam conhecimentos distintos, experiências distintas, níveis distintos, sendo que o facto de provirem de escolas distintas teve igualmente um forte impacto nesta situação.

Como já referi o questionário aplicado permitiu-me conhecer e identificar alguns aspetos importantes sobre os alunos da turma, pelo que passarei a apresentar algumas informações recolhidas, que foram relevantes para o decurso do PEA e que são igualmente relevantes para o meu percurso, que aqui relato.

Motivação para a disciplina de Educação Física

Para além dos dados pessoais recolhidos sobre os alunos, o questionário aplicado permitiu igualmente recolher algumas informações

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32 10 8

Prática Desportiva Regular

Sim Não

Gráfico 2: Caracterização da turma

Figura 2 - Caracterização da turma - Prática desportiva regular

específicas para o PEA na disciplina de Educação Física. Um exemplo disso é a informação acima apresentada sobre o grau de motivação dos alunos para a disciplina, utilizando-se uma escala de 0 a 10, foi solicitado aos alunos que representassem o seu grau de motivação para a disciplina.

Com esta informação pude, ainda numa fase precoce do ano letivo perceber o grau de afiliação dos meus alunos para com a disciplina que leciono. Isto permitiu-me começar desde logo a definir estratégias para conseguir um grupo coeso e com elevada ligação à Educação Física. Assim, e como se veio a demonstrar a turma na sua grande maioria apresentou uma excelente motivação e disponibilidade para as várias aprendizagens na disciplina.

“ (…) houve um grande empenhamento por parte dos alunos, todos conseguiram cumprir corretamente o seu papel quando foram colocados nas várias funções (executante, contador de repetições ou cronometrista), o que demonstrou compromisso e brio por tudo aquilo que estava a ser realizado. Se toda esta organização for mantida com a maior das certezas que estes alunos terão um ano letivo repleto de aprendizagens e de evoluções.” Reflexão nº15

No que concerne às experiências e práticas desportivas fora do contexto escola foi evidenciado que unicamente metade da turma tinha hábitos regulares de prática desportiva, contudo já todos haviam tido experiências desportivas, sendo essas muito diversificadas.

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33 6 1 1 6 1 2 1 1 1

Modalidades Preferidas

Figura 3 - Caracterização da turma - Modalidades Preferidas

Um outro aspeto que foi igualmente alvo de análise no presente questionário foi o número de horas que os alunos passavam sentados, ou seja, o número de horas que se mantinham em posições mais sedentárias e onde o seu gasto calórico era reduzido.

Como se pode verificar pelos resultados obtidos, em média cada aluno estava sentado 7 horas por dia, o que aliado ao facto de não manterem um hábito de prática regular, fez-me desde logo prever que a prestação dos alunos na minha disciplina seria negativamente afetada por estes comportamentos sedentários.

Com estes dois factos percebi desde logo que teria que ter uma intervenção forte, com um discurso e práticas altamente persuasivas para combater tais problemáticas que cada vez mais afetam a nossa sociedade e que afetavam igualmente este grupo.

(…) “estava a lutar contra o paradigma da sociedade atual, ou seja, uma luta contra uma sociedade sedentária e sem vontade de mudar.

Mantive um discurso coerente e de crença, um discurso de alguém que acredita que SIM! Podemos combater a inatividade e vamos conseguir atingir esse objetivo com a turma do 10º ano” Reflexão nº7.

Em suma, apesar de esta ficha conter alguns dados que para o contexto da disciplina de educação física não são tão importantes, é de relevar aqueles

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que me ajudaram na construção do planeamento e na atuação pedagógico-didática. Nomeadamente, a motivação dos alunos que serviu desde logo para antecipar o grau de afiliação e de empenho dos alunos para com a disciplina, as modalidades preferidas, bem como a prática desportiva fora do contexto escolar.

Informações relativas ao historial clinico dos alunos permitiram-me desde logo perceber que doenças poderiam afetar a prestação dos alunos nas aulas. Este facto obrigou-me a um estudo suplementar de modo a iniciar desde logo o ano letivo munido de ferramentas, que permitissem a estes alunos tirar o máximo partido das várias situações de aprendizagem sem que o seu problema os afetassem negativamente no seu desempenho na disciplina de educação física.

3.2.1 A pequena (Grande) particularidade da minha turma

Cada turma é uma turma e nós professores temos que trabalhar com base nesse facto, mas há turmas que têm particularidades que a tornam mais únicas do que as restantes, e a minha era um desses casos. Na primeira reunião de conselho de turma fiquei desde logo a saber que havia a possibilidade de vir a ser professor de uma turma com alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE). No início não escondo que foi um choque para mim, não me sentia preparado para conceber em termos práticos a integração de dois alunos com necessidades completamente distintas das dos seus pares, estava claramente num estado de desconforto inicial.

“Toda esta situação suscitou em mim uma certa inquietação, pois todos os dias se ouvem grandes discursos sobre a necessidade de integração, de igualdade e de ensino individualizado. Porém, esta busca incessante e cega por estes três princípios de organização social acabam por resultar no oposto. Como Professor Estagiário e como alguém que se está a iniciar como Profissional da Educação Física, acho extremamente difícil conseguir-se

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proporcionar um ensino individualizado e integrado a alunos tão heterogéneos e com tamanhas necessidades de intervenção.” Reflexão nº3

O que é certo é que na hora de distribuir as turmas pelos estudantes estagiários, eu e os dois colegas do Núcleo de Estágio, saiu-me a “fava”!, Sim, seria eu o professor responsável pela turma com os alunos com NEE. A partir desse mesmo momento senti que teria que agarrar aquele desafio e torná-lo numa das minhas “medalhas” do estágio profissional, tinha que aproveitar este facto para desenvolver ainda mais aprendizagens quer a nível profissional quer a nível pessoal e engrandecer esta etapa com que culmina a minha formação inicial.

3.2.1.1 Caracterizar os dois alunos com NEE

Dos alunos com NEE a aluna AP tinha trissomia 21 e o aluno DM tinha défice cognitivo acentuado e apresentava algumas desordens a nível motor.

“Pessoas com deficiências intelectuais têm diversas habilidades e potencialidades e os educadores devem estar preparados para aceitar essa diversidade” (Fegan, 2010, p. 152)

“Os termos atraso mental, défice cognitivo e deficiência mental usam-se para identificação de um défice de rendimento e de capacidade de demonstrar uma conduta social e intelectual apropriada para a idade” (Cunha & Santos, 2007, p. 27). Fegan (2010) cita a Associação Americana de Deficiência Mental para definir deficiência mental como um atraso que afeta o funcionamento intelectual geral sendo normalmente acompanhado por défices no comportamento adaptativo manifestado durante o período de desenvolvimento, que tem repercussões negativas e afeta o desempenho educacional de uma criança. “De uma forma geral, a criança e o jovem com défice cognitivo revelam dificuldades de abstração, transferência e generalização”. (Cunha & Santos, 2007, p. 30)

“Na área da linguagem, a criança e o jovem com Trissomia 21 apresentam dificuldades ao nível da fala, da expressão, da compreensão, da síntese e da organização do pensamento” (Cunha & Santos, 2007, p. 30).

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