• Nenhum resultado encontrado

CPPS retrofitting no contexto da indústria 4.0.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CPPS retrofitting no contexto da indústria 4.0."

Copied!
125
0
0

Texto

(1)

CPPS Retrofitting no Contexto da

Ind´

ustria 4.0

Theo Silva Lins

Orientador: Ricardo A. R. Oliveira

Universidade Federal de Ouro Preto

Tese submetida ao Programa de P´os Gradua¸c˜ao em Ciˆencia da Computa¸c˜ao da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em Ciˆencia da Computa¸c˜ao.

(2)

Lins, Theo Silva.

     CPPS retrofitting no contexto da indústria 4.0. [manuscrito] / Theo Silva Lins. - 2020.

     107 f.

     Orientador: Prof. Dr. Ricardo Augusto Rabelo Oliveira.      Tese (Doutorado). Universidade Federal de Ouro Preto.

Departamento de Computação. Programa de Ciência da Computação.      Área de Concentração: Ciência da Computação.

     1. Computadores - Indústria. 2. Indústria de transformação. 3. Cibernética. 4. Arquitetura industrial. I. Oliveira, Ricardo Augusto Rabelo. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título.

Bibliotecário(a) Responsável: Celina Brasil Luiz - CRB6 - 1589 L759c

(3)
(4)
(5)

iii

CPPS Retrofitting no Contexto da Ind´

ustria 4.0

Resumo

A Ind´ustria 4.0 ´e a nova revolu¸c˜ao industrial, que envolve a introdu¸c˜ao de novas tecno-logias no ˆambito industrial. No entanto, mudar o patamar tecnol´ogico de uma ind´ustria desatualizada n˜ao ´e uma tarefa simples. Ao inv´es de trocar todos equipamentos antigos por equipamentos novos nas ind´ustrias, o conceito retrofitting surge como uma solu¸c˜ao r´apida e de baixo custo, que visa ao reaproveitamento do equipamento existente, com adi¸c˜ao de novas tecnologias. Todavia, o retrofitting sofre varia¸c˜ao de acordo com o tipo e modelo do equipamento industrial, dificultando a atualiza¸c˜ao de um equipamento in-dustrial para um Sistema de Produ¸c˜ao Ciber-f´ısico ou Cyber-Physical Production System (CPPS). Nesta pesquisa, propomos m´etodos para utiliza¸c˜ao do retrofitting para trans-forma¸c˜ao de um equipamento industrial ultrapassado tecnologicamente em um CPPS. A moderniza¸c˜ao ´e feita com o suporte de uma plataforma que possui recursos para integrar o equipamento industrial com a Ind´ustria 4.0. Para implementar a plataforma, defini-mos os requisitos, componentes e tecnologias necess´arios para realiza¸c˜ao do retrofitting. Todo o procedimento ´e realizado com base no Modelo Arquitetural de Referˆencia para Ind´ustria 4.0 - Reference Architectural Model for Industrie 4.0 (RAMI 4.0), uma arqui-tetura j´a difundida da Ind´ustria 4.0. Para validar o funcionamento da plataforma, foram realizados estudos de casos com um bra¸co rob´otico muito comum em uma ind´ustria au-tomatizada e com uma planta did´atica auau-tomatizada. Como resultado, mostramos o impacto ap´os o processo que chamamos de CPPS Retrofitting.

(6)
(7)

v

CPPS Retrofitting no Contexto da Ind´

ustria 4.0

Abstract

Industry 4.0 is the new industrial revolution involving the introduction of new techno-logies in the industrial field. However, changing the technological level of an outdated industry is not a simple task. By retrofitting all old equipment into new equipment in industries, the retrofitting concept emerges as a rapid and low-cost solution, aimed at reusing existing equipment, with the addition of new technologies. However, retrofitting changes according to the type and model of industrial equipment, making it challenging to upgrade industrial equipment to Cyber-Physical Production System (CPPS). In this research, we propose methods to use retrofitting to transform old industrial equipment into a CPPS. The modernization is done with the support of a platform that has resour-ces to integrate industrial equipment with Industry 4.0. To implement the platform, we define the requirements, components, and technologies necessary to retrofit industrial equipment. The entire process is based on Reference Architectural Model for Industrie 4.0 (RAMI 4.0) a widespread architecture of Industry 4.0. With the retrofitting platform based on RAMI 4.0, makes consistent the process of upgrading industrial equipment, providing Industry 4.0 functionality. To validate the operation of the platform, case studies were made with a typical robotic arm in an automated industry and with an automated didactic plant. As a result, the impact of the CPPS Retrofitting is shown.

(8)
(9)

vii

Declara¸

ao

Esta tese ´e resultado de meu pr´oprio trabalho, exceto onde referˆencia expl´ıcita ´e feita ao trabalho de outros, e n˜ao foi submetida para outra tese nesta nem em outra universidade.

(10)
(11)

Sum´

ario

Lista de Figuras xiii

Lista de Tabelas xv Nomenclatura 2 1 Introdu¸c˜ao 5 1.1 Investiga¸c˜ao do Problema . . . 7 1.2 Problema de Pesquisa . . . 8 1.3 Objetivos . . . 10 1.4 Justificativa . . . 10 1.5 Contribui¸c˜oes . . . 11 1.6 Organiza¸c˜ao do Texto . . . 12

2 Referencial Te´orico 13 2.1 Hist´orico Tecnol´ogico na Revolu¸c˜ao Industrial . . . 13

2.1.1 Primeira Revolu¸c˜ao Industrial . . . 14

2.1.2 Segunda Revolu¸c˜ao Industrial . . . 16

2.1.3 Terceira Revolu¸c˜ao Industrial . . . 17

2.1.4 Quarta Revolu¸c˜ao Industrial . . . 18

(12)

2.1.5 Quarta Revolu¸c˜ao Industrial no Contexto do Brasil . . . 19

2.1.6 Tecnologias da Ind´ustria 4.0 . . . 20

2.2 CPPS . . . 24

2.3 Estruturamento CPPS Retrofitting . . . 25

2.4 RAMI 4.0 . . . 27

2.4.1 Arquiteturas de Sistemas . . . 29

2.5 Tecnologias de Comunica¸c˜ao e Integra¸c˜ao . . . 32

2.5.1 OPC-UA . . . 32 2.5.2 SDN . . . 33 3 Trabalhos Relacionados 35 3.1 Retrofitting . . . 35 3.2 Moderniza¸c˜ao Convencional . . . 38 3.3 RAMI 4.0 . . . 40 4 Metodologia 43 4.1 Design da Pequisa . . . 43 4.2 Design da Solu¸c˜ao . . . 44 4.3 Implementa¸c˜ao da Solu¸c˜ao . . . 45 4.4 Valida¸c˜ao da Solu¸c˜ao . . . 45 4.5 Avalia¸c˜ao da Solu¸c˜ao . . . 46 5 CPPS Retrofitting 49 5.1 Requisitos do Retrofitting . . . 52

5.2 Recursos, Tecnologias e Componentes Funcionais . . . 54

(13)

SUM ´ARIO xi

5.2.2 Comunica¸c˜ao . . . 55

5.2.3 Aplica¸c˜ao . . . 56

5.3 Integra¸c˜ao com Arquitetura RAMI 4.0 . . . 57

5.4 Intera¸c˜ao Humano-CPPS . . . 59

5.5 Plataforma Proposta . . . 60

6 Estudo de Casos 67 6.1 Estudo de Caso - Bra¸co Rob´otico . . . 67

6.1.1 Bra¸co Rob´otico . . . 67

6.1.2 Placa Embarcada . . . 69

6.1.3 Dispositivos IoT . . . 70

6.1.4 Servi¸cos e Pacotes . . . 71

6.1.5 Componentes Auxiliares . . . 72

6.1.6 Recursos externos da Ind´ustria 4.0 . . . 73

6.1.7 Experimentos e Resultados . . . 74

6.2 Estudo de Caso - Planta Did´atica . . . 79

6.2.1 Planta Did´atica Industrial . . . 79

6.2.2 Placa Embarcada - Beagle Bone Black . . . 82

6.2.3 Dispositivos IoT . . . 83

6.2.4 Servi¸cos e Pacotes . . . 84

6.2.5 Recursos externos da Ind´ustria 4.0 . . . 84

6.2.6 Experimentos e Resultados . . . 85

7 Conclus˜ao 91

(14)
(15)

Lista de Figuras

2.1 Revolu¸c˜ao Industrial (Fonte: https://sotes.com.br/tag/industry-4-0/) . . 14

2.2 Tecnologias da Ind´ustria 4.0 (Fonte: https://endeavor.org.br/industria-4-0) . . . 21

2.3 Arquitetura 5C para Implementa¸c˜ao do CPS e do CPPS . . . 26

2.4 Estruturamento CPPS Retrofitting . . . 27

2.5 Arquitetura RAMI 4.0 . . . 28

2.6 Shell de Administra¸c˜ao no RAMI 4.0 . . . . 30

5.1 Compara¸c˜ao dos Diferentes Equipamentos em Sistemas Industriais . . . . 50

5.2 Fluxograma do CPPS Retrofitting . . . 51

5.3 Integra¸c˜ao do CPPS Retrofitting com o RAMI . . . 59

5.4 Visualiza¸c˜ao Funcional da Plataforma CPPS Retrofitting . . . 61

6.1 Bra¸co Rob´otico - Controlador MK4 - Teaching Pedant . . . 68

6.2 Prot´otipo com Bra¸co Rob´otico - Ap´os Retrofitting . . . . 69

6.3 CDF - Latˆencia da Aplica¸c˜ao de Monitoramento - Requisito de Primeira Classe . . . 77

6.4 CDF - Latˆencia Antes e Depois do retrofitting - Requisito de Segunda Classe . . . 78 6.5 CDF - Latˆencia Antes e Depois do retrofitting - Requisito de Terceira Classe 79

(16)

6.6 Consumo de Energia do Bra¸co Rob´otico . . . 80 6.7 Planta Did´atica Smar . . . 81 6.8 Prot´otipo com a Planta Did´atica . . . 81 6.9 CDF - Latˆencia Antes e Depois do Retrofitting - Requisito de Primeira

Classe . . . 88 6.10 CDF - Latˆencia - Escrita OPC - Antes e Depois do Retrofitting - Requisito

de Segunda Classe . . . 89 6.11 CDF - Latˆencia - Leitura OPC - Antes e Depois do Retrofitting - Requisito

de Segunda Classe . . . 90 6.12 Consumo de Energia da Planta Did´atica . . . 90

(17)

Lista de Tabelas

3.1 Compara¸c˜ao das caracter´ısticas entre os trabalhos relacionados e o CPPS

Retrofitting . . . 36

5.1 Requisitos do CPPS Retrofitting . . . 53

5.2 M´etodos Utilizados na Plataforma CPPS Retrofitting . . . 65

6.1 Resultados do CPPS Retrofitting . . . 75

6.2 Resultados do CPPS Retrofitting . . . 86

(18)
(19)
(20)

Nomenclatura

BBB Beagle Bone Black

BBBlue Beagle Bone Blue

BMM Business Motivation Model

BPMN Business Process Modeling and Notation

CNC Controle Num´erico Computadorizado CDF Cumulative Distribution Function

CPS Cyber Physical Systems

CPPS Cyber-Physical Production Systems

DCS Distributed Control Systems

DH Denavit-Hartenberg

DOF Degree Of Freedom

ERP Enterprise Resource Planning

ESB Enterprise Service Bus

GPIO General Purpose Input/Output

IoT Internet Of Things

IIoT Industrial Internet of Things

IIRA Industrial Internet Reference Architecture

IHM Interface Homem M´aquina

LISA Line Information System Architecture MBSE Model-Based Systems Engineering

MES Manufacturing Execution System

OPC UA Open Communication Platform - Unified Architecture PC Personal Computer

(21)

Nomenclatura 3

PLC Programmable Logic Controller

PWM Pulse Width Modulation

RAMI 4.0 Reference Architectural Model for Industrie 4.0

RDP Remote Desktop Protocol

SBC Sociedade Brasileira de Computa¸c˜ao SCADA Supervisory Control and Data Acquisition

SDN Software Defined Networks

SOA Service-Oriented Architecture

SSH Secure Shell

TI Tecnologia da Informa¸c˜ao

TIC Tecnologia da Informa¸c˜ao e Comunica¸c˜ao UML Unified Modeling Language

USB Universal Serial Bus

(22)
(23)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

A Ind´ustria 4.0, tamb´em chamada de quarta revolu¸c˜ao industrial, ´e uma nova era in-dustrial que envolve novos conceitos nos processos industriais. A partir da utiliza¸c˜ao de tecnologias como Internet das Coisas - Internet Of Things (IoT), Sistemas Ciber-F´ısicos - Cyber Physical System (CPS) e computa¸c˜ao em nuvem, as ind´ustrias tendem a se tor-nar mais eficientes, autˆonomas e customiz´aveis (Lee et al. 2015, Lee & Lee 2015, Molano et al. 2017).

O objetivo do CPS na Ind´ustria 4.0 ´e fornecer recursos para permitir a integra¸c˜ao do mundo f´ısico com o mundo virtual, em que sistemas embarcados conectados em rede, monitoram e controlam processos f´ısicos, influenciando os processos de informa¸c˜ao. O CPS visa `a integra¸c˜ao entre sistemas embarcados, dispositivos de controle, computa¸c˜ao, comunica¸c˜ao e rede. Nesse contexto, a CPS considera uma rede de recursos e processos f´ısicos para viabilizar a fus˜ao entre objetos f´ısicos e virtuais (MacDougall 2014).

O termo CPS ´e geralmente usado como referˆencia para qualquer ´area de aplica¸c˜ao, enquanto o termo Sistemas de Produ¸c˜ao Ciber-f´ısico - Cyber-Physical Production

Sys-tems (CPPS) ´e utilizado no contexto de sistemas de produ¸c˜ao (Upasani et al. 2017, P´erez

et al. 2015). O CPPS consiste em elementos e subsistemas autˆonomos e cooperativos que se conectam entre si por maneira dependente da situa¸c˜ao, em todos os n´ıveis de produ¸c˜ao, de processos a m´aquinas e redes de produ¸c˜ao e log´ıstica, aprimorando os pro-cessos de tomada de decis˜ao em tempo real, respostas a condi¸c˜oes imprevistas e evolu¸c˜ao ao longo do tempo. (Monostori et al. 2016). Ao transformar os sistemas tradicionais de produ¸c˜ao em CPPS, a coleta de dados ´e personalizada e enviada ao Big Data, tornando-se acess´ıvel via computa¸c˜ao em nuvem. Assim, o conceito CPPS aumenta a autonomia

(24)

e a flexibilidade no ambiente industrial, permitindo um maior n´ıvel de integra¸c˜ao e interoperabilidade dos aplicativos e sistemas de fabrica¸c˜ao (P´erez et al. 2015).

Os desafios existentes para acadˆemicos e profissionais s˜ao: (i) como implementar o CPPS e (ii) como melhor´a-lo para se tornar mais confi´avel, est´avel e capaz (Da Xu et al. 2014). (Monostori et al. 2016) observam que os CPPS na Ind´ustria 4.0 ser˜ao ati-vados e aplicados pelo desenvolvimento de entidades computacionais, de procedimentos relacionados a dados, automa¸c˜ao, tecnologia de fabrica¸c˜ao e tecnologias de informa¸c˜ao e comunica¸c˜ao. Os autores tamb´em apontam que o CPPS dominar´a os sistemas de manufatura ao integrar-se aos equipamentos como uma nova gera¸c˜ao da ind´ustria.

No entanto para atender as demandas do CPPS e da Ind´ustria 4.0, diversos estudos (Hermann et al. 2016, Lasi et al. 2014, Adolph et al. 2016, Hankel & Rexroth 2015) apresentam a necessidade de uma arquitetura industrial padronizada que suporte dife-rentes aspectos, que abordem desde a instala¸c˜ao de equipamentos at´e o gerenciamento dos dispositivos em uma rede distribu´ıda.

Visando `a padroniza¸c˜ao da Ind´ustria 4.0, colaboradores de diferentes empresas euro-peias e institui¸c˜oes de pesquisa e desenvolvimento sugeriram o Modelo Arquitetural de Referˆencia para Ind´ustria 4.0 - Reference Architectural Model for Industrie 4.0 (RAMI 4.0), cujo objetivo ´e agrupar e representar os diferentes aspectos do projeto da ind´ustria em um modelo comum, isto ´e, integra¸c˜ao vertical, engenharia fim-a-fim e integra¸c˜ao horizontal (Adolphs et al. 2015). O RAMI 4.0 descreve os aspectos fundamentais da Ind´ustria 4.0 e visa a alcan¸car um entendimento comum de quais padr˜oes e casos de uso s˜ao necess´arios para a Ind´ustria 4.0, ou seja, o RAMI 4.0 fornece uma arquitetura de referˆencia b´asica para a Ind´ustria 4.0 (Bangemann et al. 2016).

Com a arquitetura da Ind´ustria 4.0 definida, o desafio de um sistema de produ¸c˜ao existente ´e atingir o pr´oximo passo na revolu¸c˜ao industrial, que passa pela implementa¸c˜ao do CPPS nas ind´ustrias. Embora o RAMI 4.0 apresente uma camada de integra¸c˜ao com conceitos e padr˜oes para a implanta¸c˜ao da Ind´ustria 4.0, a reutiliza¸c˜ao dos equipamentos antigos n˜ao ´e detalhada, assim como n˜ao se sugere uma maneira de preparar esses equipamentos para receber os aspectos oferecidos pelo RAMI 4.0.

Modernizar uma ind´ustria, contudo, n˜ao ´e algo trivial, e regularmente equipamentos antigos s˜ao substitu´ıdos por novos. Na maioria dos casos, os novos equipamentos s˜ao mais eficientes que os antigos, devido `a inova¸c˜ao cont´ınua na tecnologia de processos (De Beer 2013). ´E comum que o equipamento industrial tamb´em passe por adapta¸c˜oes durante a vida ´util para melhorar sua eficiˆencia e produtividade (Worrell & Biermans

(25)

Introdu¸c˜ao 7

2005).

Em contrapartida, o retrofitting ´e um processo no qual as funcionalidades existen-tes de um equipamento s˜ao atualizadas com a implementa¸c˜ao de novas tecnologias. O processo de atualiza¸c˜ao ´e importante para entender a dinˆamica da melhoria dos equipa-mentos (Jacoby & Wing 1999). Ent˜ao, podemos definir o retrofitting como um processo de revitaliza¸c˜ao e moderniza¸c˜ao, que substitui a necessidade de comprar ou construir equipamentos inteiramente novos.

Diante disso, a migra¸c˜ao de um equipamento para a Ind´ustria 4.0 pode ser menos custosa e mais incisiva com a utiliza¸c˜ao do conceito retrofitting, que ´e a atualiza¸c˜ao e adapta¸c˜ao de equipamentos industriais a novas tecnologias. Retrofitting ´e a forma mais r´apida e de baixo custo para alcan¸car a Ind´ustria 4.0, aumentar a eficiˆencia dos equipamentos, reduzir o custo de produ¸c˜ao e aumentar a conectividade da ind´ustria.

Os resultados ap´os o retrofitting s˜ao mensur´aveis e envolvem, inclusive, a vida ´util do equipamento e sua inser¸c˜ao no primeiro est´agio da Ind´ustria 4.0, caracterizado pela conectividade e consequente utiliza¸c˜ao dos dados captados em benef´ıcio da produtivi-dade. Mais do que atualizar o equipamento, o retrofitting pode revigorar todo o parque industrial instalado, permitindo, al´em da inclus˜ao de modelos de gest˜ao mais avan¸cados, o conhecimento continuamente atualizado do papel de cada ativo no processo.

1.1

Investiga¸

ao do Problema

As principais fontes de pesquisa foram reposit´orios digitais relacionados a artigos ci-ent´ıficos, entre os reposit´orios podemos citar: Google Acadˆemico, Scopus, Scielo, IEEE Xplore, Science direct. Para compor a referˆencia bibliogr´afica, foram feitas coleta de artigos, documentos, referˆencias, manuais e discuss˜oes.

Com as pesquisas voltadas para o retrofitting em equipamentos industriais visando `a transforma¸c˜ao em CPPS, foram identificados os principais problemas nas pesquisas existentes.

Ap´os realiza¸c˜ao da pesquisa, foi identificada a falta de padroniza¸c˜ao e metodologia no processo de moderniza¸c˜ao dos equipamentos, o que gera dificuldade de reaproveitamento do processo em quest˜ao at´e mesmo em equipamentos similares, e impossibilitando a reutiliza¸c˜ao em equipamentos de tipos diferentes.

(26)

1.2

Problema de Pesquisa

Com base na investiga¸c˜ao do problema e seguindo os grandes desafios da computa¸c˜ao propostos pela Sociedade Brasileira de Computa¸c˜ao (SBC) (SBC 2006, SBC 2009, SBC 2015), o problema de pesquisa envolve as necessidades de moderniza¸c˜ao de um equipa-mento industrial para se tornar um CPPS pertencente a Ind´ustria 4.0.

Mesmo o retrofitting, que apresenta eficiˆencia e baixo custo, n˜ao foi encontrada, at´e o momento, uma padroniza¸c˜ao ou metodologia que ajude na aplica¸c˜ao do retrofitting em diferentes equipamentos industriais. Portanto, o problema endere¸cado por este trabalho ´e a falta de uma especifica¸c˜ao que padronize o retrofitting que envolvem os equipamentos industriais. A identifica¸c˜ao dos pontos comuns no retrofitting, como adapta¸c˜oes, tecno-logias e recursos s˜ao meios de facilitar, agilizar e aumentar a quantidade de migra¸c˜oes para a Ind´ustria 4.0.

Portanto, estruturar o retrofitting facilita o entendimento da aplica¸c˜ao, a defini¸c˜ao dos requisitos e as funcionalidades abordadas para o CPPS. A defini¸c˜ao de requisitos para realizar o retrofitting de um equipamento industrial ´e um aspecto essencial para atingir o CPPS, dado que os trabalhos existentes sobre moderniza¸c˜ao para Ind´ustria 4.0 carecem de metodologias e de organiza¸c˜ao estrutural para realiza¸c˜ao do retrofitting.

Como o CPPS envolve a conex˜ao do mundo real com o mundo virtual, seus desafios envolvem a parte de hardware e a parte de software na implanta¸c˜ao do CPPS. Dentre esses desafios, podemos citar (SBC 2015, Sanislav & Miclea 2012):

• Abstra¸c˜oes e arquiteturas - ´E necess´ario desenvolver abordagens inovadoras para abstra¸c˜oes e arquiteturas que permitam a integra¸c˜ao de controle, comunica¸c˜ao e computa¸c˜ao para o r´apido design e implementa¸c˜ao do CPPS. Em nosso trabalho, abordamos esse desafio atrav´es do RAMI 4.0, que permite a abstra¸c˜ao em camadas atrav´es da integra¸c˜ao dos componentes respons´aveis pelo controle, comunica¸c˜ao e computa¸c˜ao.

• Compreender os requisitos das aplica¸c˜oes - Componentes f´ısicos de sistemas CPPS introduzem requisitos de desenvolvimento qualitativamente diferentes daqueles da computa¸c˜ao de uso geral. Al´em disso, componentes f´ısicos s˜ao qualitativamente diferentes dos componentes de software. Para atender a esse desafio, foram defi-nidos requisitos que abordam todo processo de implementa¸c˜ao e implanta¸c˜ao do CPPS, abordando tanto a infraestrutura e as aplica¸c˜oes, como tamb´em a parte de

(27)

Introdu¸c˜ao 9

comunica¸c˜ao.

• Integra¸c˜ao de hardware e software em sistemas embarcados - Infraestrutura com-putacional embarcada n˜ao ´e trivial, pois as aplica¸c˜oes embarcadas e pervasivas rodam sobre plataformas restritas e de inteligˆencia fortemente distribu´ıda, sendo necess´ario ao CPPS integrar diversas tecnologias em sistemas embarcados. Em nosso trabalho, atrav´es do retrofitting ´e realizada a integra¸c˜ao de diferentes tecno-logias convencionais e IoT, implementando-se componentes funcionais altamente conectados voltados para diferentes tipos de sistemas embarcadas.

• Falta da ado¸c˜ao de padr˜oes - Como desenvolver m´etodos, processos e ferramentas aderentes a normas e padr˜oes? Muitas tecnologias, ferramentas e t´ecnicas s˜ao desenvolvidas, mas sem obediˆencia normas e padr˜oes existentes, inviabilizando os avan¸cos do CPPS. Na abordagem desse desafio, utilizamos tecnologias bem difundidas na computa¸c˜ao. Para padroniza¸c˜ao da Ind´ustria 4.0 foi utilizado o RAMI 4.0 e para o desenvolvimento do retrofitting foram definidos os requisitos e um estruturamento padronizado de acordo com o CPPS.

• Computa¸c˜oes distribu´ıdas e controle em rede - refere-se a novas estruturas, algo-ritmos, m´etodos e ferramentas relacionadas `a computa¸c˜ao orientada por tempo e evento, software, atrasos vari´aveis no tempo, falhas, reconfigura¸c˜ao e sistemas de suporte `a decis˜ao distribu´ıdos para satisfazer os requisitos de alta confiabilidade e seguran¸ca para componentes cooperativos heterogˆeneos que interagem atrav´es de um ambiente f´ısico. Para atender a esse desafio usamos a rede SDN, que utiliza im-plementa¸c˜oes em um controlador centralizado para gerenciar redes heterogˆeneas e recursos na rede, favorecendo a utiliza¸c˜ao de componentes que trabalham em conjunto na Ind´ustria 4.0.

• Verifica¸c˜ao e valida¸c˜ao - Os componentes de hardware e software, bem como os sistemas que eles formam, precisam alcan¸car um alto grau de confiabilidade, re-configura¸c˜ao e necessidade de certifica¸c˜ao. Novos modelos, algoritmos, m´etodos e ferramentas para verificar e validar componentes de software e tamb´em todo o sistema do est´agio inicial de design, precisam ser propostos. Neste caso, fo-ram desenvolvidos prot´otipos com equipamentos industriais para verificar e va-lidar os componentes tanto de hardware como de software. M´etricas utilizadas na computa¸c˜ao e a compara¸c˜ao com tecnologias anteriores tamb´em ajudaram na valida¸c˜ao.

(28)

Al´em dos desafios presentes na implanta¸c˜ao do CPPS, o alto custo com a moder-niza¸c˜ao dos equipamentos tamb´em ´e um dos fatores que ampliam o atraso para a im-planta¸c˜ao da Ind´ustria 4.0. Outro fator determinante ´e a dificuldade de integrar dife-rentes tecnologias industriais de maneira eficiente e precisa.

1.3

Objetivos

O objetivo geral da pesquisa ´e propor metodologias no retrofitting que facilite a trans-forma¸c˜ao de equipamentos industriais tecnologicamente ultrapassados em um CPPS, atrav´es do uso tecnologias existentes no mercado, de modo que o equipamento possa integrar a Ind´ustria 4.0.

Os objetivos espec´ıficos s˜ao:

• Definir tecnologias e requisitos para padronizar o retrofitting, atendendo a falta de padr˜oes e compreendendo os requisitos necess´arios para implantar o CPPS. • Integrar o retrofitting com a arquitetura RAMI 4.0, para ter uma arquitetura

padr˜ao da Ind´ustria 4.0, permitindo o controle, a comunica¸c˜ao e a integra¸c˜ao do CPPS.

• Implementar uma plataforma que utilize o conceito retrofitting para modernizar equipamentos industriais. A plataforma deve integrar todos os componentes e funcionalidades presentes no equipamento industrial e na Ind´ustria 4.0.

• Verificar e validar a implanta¸c˜ao do CPPS atrav´es do desenvolvimento de prot´otipos utilizando equipamentos da ind´ustria automatizada.

• Validar os resultados do impacto do retrofitting em um equipamento industrial.

1.4

Justificativa

A chegada da Ind´ustria 4.0 promete tornar os modelos convencionais de produ¸c˜ao gra-dualmente ineficientes. Entretanto, a moderniza¸c˜ao das ind´ustrias oferece diversos be-nef´ıcios, e os ganhos existentes na quarta revolu¸c˜ao industrial s˜ao os incentivos para re-alizar esta transi¸c˜ao. Melhorias e o reaproveitamento dos equipamentos antigos podem trazer redu¸c˜ao de custo com a implanta¸c˜ao e o aumento da vida ´util do equipamento.

(29)

Introdu¸c˜ao 11

Por isso, o surgimento de um conceito de moderniza¸c˜ao faz com que todo o setor industrial acompanhe essa revolu¸c˜ao. Entretanto, cada ind´ustria tem sua forma de pen-sar e reagir aos novos acontecimentos, e a ind´ustria que n˜ao estiver preparada para acompanhar a evolu¸c˜ao industrial aumenta muito suas chances de desaparecer do mer-cado. A n˜ao moderniza¸c˜ao, de uma ind´ustria acarreta em menor produtividade, custos desnecess´arios e perda de eficiˆencia.

Ent˜ao, qual o melhor caminho para modernizar as ind´ustrias existentes e lev´a-las a um outro patamar tecnol´ogico? Para que isso aconte¸ca, o processo de moderniza¸c˜ao requer o entendimento das tecnologias envolvidas, implanta¸c˜ao de novas tecnologias, integra¸c˜ao de diferentes tecnologias e a comunica¸c˜ao entre os equipamentos.

Outra raz˜ao determinante para as ind´ustrias se modernizarem s˜ao as novas exigˆencias mundiais, como a consciˆencia ecol´ogica, que favorece o uso de novas tecnologias e tem mudado o comportamento do funcionamento das ind´ustrias, incentivando a utiliza¸c˜ao de produtos verdes e a eficiˆencia energ´etica. O aumento da eficiˆencia energ´etica vem sendo um dos principais objetivos nas ind´ustrias, por ser uma das maneiras mais eficazes para se conseguir melhorias na presta¸c˜ao de servi¸co e redu¸c˜ao nos custos.

Al´em disso, a identifica¸c˜ao dos pontos comuns no retrofitting, como adapta¸c˜oes, tec-nologias e recursos, ´e um meio de facilitar, agilizar e aumentar a quantidade de migra¸c˜oes para a Ind´ustria 4.0.

1.5

Contribui¸

oes

Nesta se¸c˜ao, s˜ao apresentados os artigos resultantes desta pesquisa.

O artigo (Lins et al. 2016) foi um trabalho envolvendo os conceitos CPS, Ind´ustria 4.0 e SDN, para analisar a comunica¸c˜ao da Ind´ustria 4.0 e a viabilidade do uso de redes definidas por software - Software Defined Networks (SDN). Para validar os resultados, foram feitas diversas simula¸c˜oes em cen´arios da Ind´ustria 4.0. A principal contribui¸c˜ao deste trabalho foi a utiliza¸c˜ao de redes SDN na Ind´ustria 4.0, em que foi poss´ıvel aten-der `a interoperabilidade de diferentes redes de comunica¸c˜ao, uma caracter´ıstica muito importante da Ind´ustria 4.0.

O trabalho (Lins & Oliveira 2017), seguindo a tendˆencia mundial nas ind´ustrias, apresenta o uso de eficiˆencia energ´etica atrav´es de redes SDN. Foram feitas simula¸c˜oes utilizando aplica¸c˜oes SDN que reduziram o gasto energ´etico da Ind´ustria 4.0. A principal

(30)

contribui¸c˜ao deste trabalho foi a utiliza¸c˜ao da eficiˆencia energ´etica na Ind´ustria 4.0, viabilizando metodologias e ferramentas para analises energ´eticas, al´em da sincroniza¸c˜ao do uso de aplica¸c˜oes SDN com a Ind´ustria 4.0

O artigo (Lins et al. 2018) foi o trabalho inicial envolvendo o conceito retrofitting, que serviu como base para o desenvolvimento desta pesquisa. Com abordagem mais ampla, foram apresentadas solu¸c˜oes para realiza¸c˜ao do retrofitting na Ind´ustria 4.0. As principais contribui¸c˜oes deste trabalho foram a introdu¸c˜ao ao retrofitting, a defini¸c˜ao de metodologias e an´alises dos trabalhos relacionados.

Em (Lins & Oliveira 2020) ´e apresentado o resultado final da pesquisa. Com uma abordagem mais espec´ıfica voltada para o CPPS, foram apresentados a plataforma CPPS Retrofitting, a integra¸c˜ao com o RAMI 4.0, a participa¸c˜ao humana, assim como os im-pactos ap´os a realiza¸c˜ao do retrofitting em equipamentos industriais. Este trabalho ´e o principal resultado desta pesquisa, com m´etodos, requerimentos, arquitetura e compo-nentes funcionais voltados para a implanta¸c˜ao do CPPS na Ind´ustria 4.0.

1.6

Organiza¸

ao do Texto

O restante do trabalho est´a organizado do seguinte modo: no Cap´ıtulo 2 ´e apresen-tado o referencial te´orico. No Cap´ıtulo 3 apresentamos os trabalhos relacionados. No Cap´ıtulo 4 ´e apresentada a metodologia utilizada nesta pesquisa. No Cap´ıtulo 5 ´e apre-sentado o CPPS Retrofitting para a Ind´ustria 4.0. Nos Cap´ıtulos 6 s˜ao detalhados os prot´otipos baseados em equipamentos industriais, usados para valida¸c˜ao da plataforma CPPS Retrofitting. Finalmente, no Cap´ıtulo 7 temos as conclus˜oes da pesquisa.

(31)

Cap´ıtulo 2

Referencial Te´

orico

Em um retrofitting, ´e comum o uso de diferentes tecnologias e arquiteturas, que devem ser identificadas e especificadas ao longo da execu¸c˜ao. Portanto, neste cap´ıtulo ´e apresentada uma revis˜ao sobre os conceitos tecnol´ogicos e arquiteturas que envolvem o retrofitting em equipamentos industriais.

2.1

Hist´

orico Tecnol´

ogico na Revolu¸

ao Industrial

O avan¸co tecnol´ogico, a queda dos pre¸cos das novas tecnologias e a desacelera¸c˜ao do avan¸co da produtividade do trabalho s˜ao aspectos que marcam o in´ıcio de outra revolu¸c˜ao industrial. Assim como a m´aquina a vapor estimulou a Inglaterra do s´eculo XVIII e a eletricidade estimulou os Estados Unidos do s´eculo XIX, as tecnologias da informa¸c˜ao balan¸caram a economia do s´eculo XX. A inova¸c˜ao tecnol´ogica ´e incorporada na forma de novos bens ou servi¸cos duradouros, cujos pre¸cos caem rapidamente em per´ıodos de alta inova¸c˜ao (Greenwood 1997).

A primeira revolu¸c˜ao industrial, como pode ser vista na Figura 2.1, teve in´ıcio no s´eculo XVIII com a chegada das usinas mecˆanicas e o cavalo a vapor. A segunda re-volu¸c˜ao industrial come¸ca no s´eculo XIX com a implanta¸c˜ao da linha de montagem, produ¸c˜ao em massa e a chegada da eletricidade. A terceira evolu¸c˜ao industrial inicia-se na d´ecada de 70 com a chegada computador e automa¸c˜ao nas ind´ustrias. Finalmente, es-tamos na quarta revolu¸c˜ao industrial, tamb´em conhecida como Ind´ustria 4.0, que possui como principal caracter´ıstica a inclus˜ao do CPS em suas f´abricas.

(32)

Figura 2.1: Revolu¸c˜ao Industrial (Fonte: https://sotes.com.br/tag/industry-4-0/)

A ado¸c˜ao de novas tecnologias tem um custo, assim como a configura¸c˜ao e a opera¸c˜ao de novas tecnologias, que geralmente envolvem a aquisi¸c˜ao e o processamento de novas informa¸c˜oes. Como a habilidade t´ecnica que facilita no processo de ado¸c˜ao, os tempos de r´apido avan¸co tecnol´ogico devem ser associados a um aumento das habilidades t´ecnicas. Apesar de tecnologias totalmente diferentes, ´e poss´ıvel notar similaridades entre as revolu¸c˜oes industriais ocorridas at´e o momento. Desta forma, o hist´orico das revolu¸c˜oes industriais auxilia na prepara¸c˜ao para a chegada de uma nova revolu¸c˜ao industrial.

2.1.1

Primeira Revolu¸

ao Industrial

A Revolu¸c˜ao Industrial, iniciada por volta de 1760, simboliza o progresso tecnol´ogico espec´ıfico do investimento. Esse per´ıodo testemunhou o nascimento de v´arios “mila-gres”tecnol´ogicos (Mokyr 1994). A mula de Crompton revolucionou a fia¸c˜ao do algod˜ao.

(33)

Referencial Te´orico 15

Em seguida, o motor com eficiˆencia energ´etica do Watt trouxe energia a vapor para a fabrica¸c˜ao, sendo que o principal custo de uma m´aquina a vapor era oper´a-la, enquanto o custo da energia a vapor caiu drasticamente ao longo da Revolu¸c˜ao Industrial. Quando a mula girat´oria foi aproveitada para vapor, a mecaniza¸c˜ao da fabrica¸c˜ao era inexor´avel. Em 1784, Cort introduziu sua t´ecnica de puddling e a lamina¸c˜ao para a fabrica¸c˜ao de ferro forjado, um produto vital para a industrializa¸c˜ao da Gr˜a-Bretanha. Entre 1788 e 1815, a produ¸c˜ao de ferro forjado aumentou 500%. Por fim, a funda¸c˜ao da moderna ind´ustria de m´aquinas-ferramenta foi lan¸cada quando Wilkinson projetou uma m´aquina que poderia fazer cilindros para os motores a vapor de Watt, e Maudley introduziu o torno para servi¸co pesado (Greenwood 1997).

A habilidade desempenhou um papel importante na inova¸c˜ao e ado¸c˜ao tecnol´ogica. A Revolu¸c˜ao Industrial produziu v´arios avan¸cos tecnol´ogicos, mas muitos historiadores tamb´em a vˆeem como um era de inova¸c˜oes menores cont´ınuas e graduais - uma era de aprendizado. Implementar e operar inven¸c˜oes brilhantes e efetuar as inova¸c˜oes subse-quentes geralmente exige trabalho intensivo (Greenwood 1997). Por exemplo, foram necess´arios trˆes meses para algu´em especializado em uma f´abrica conseguir aprender a operar tanto uma mula manual quanto uma mula auto-atuante (Von Tunzelmann 1994). Aprender a operar a primeira exigia trˆes anos, enquanto a segunda exigia sete anos. O trabalhador continuou adquirindo conhecimento a respeito de melhorias nas m´aquinas ao longo de sua vida. ´E razo´avel presumir que a demanda por habilidade t´ecnica aumentou na Revolu¸c˜ao Industrial, j´a que de acordo com Mokyr (Mokyr 1994), “para a econo-mia como um todo passar de t´ecnicas manuais para uma produ¸c˜ao mecanizada eram necess´arios centenas de inventores, milhares de empreendedores inovadores e dezenas de milhares de mecˆanicos, t´ecnicos e classifica¸c˜ao h´abil.”

Mokyr (Mokyr 1994) rejeita o entendimento de que a ciˆencia mais avan¸cada da Gr˜a-Bretanha foi respons´avel pelo desenvolvimento da Revolu¸c˜ao Industrial. Ele sustenta que as ideias flu´ıram do continente para a Gr˜a-Bretanha e, em seguida, as tecnologias de trabalho voltaram da Gr˜a-Bretanha para o continente. Ele cita um engenheiro da ´epoca, que observou que “o talento predominante dos ingleses e escoceses era o de aplicar novas ideias para usar e trazer tais aplica¸c˜oes `a perfei¸c˜ao, mas eles n˜ao tinham tanta criatividade quanto os estrangeiros”. Mokyr conclui que “A for¸ca tecnol´ogica da Gr˜a-Bretanha durante a revolu¸c˜ao industrial dependeu acima de tudo da abundˆancia e qualidade de seus mecˆanicos e t´ecnicos pr´aticos capazes de transformar grandes ideias em aplica¸c˜oes produtivas”(Lindert & Williamson 1983).

(34)

2.1.2

Segunda Revolu¸

ao Industrial

A eletrifica¸c˜ao dos Estados Unidos, narrada e analisada por David (David 1989), ilustra os atrasos na explora¸c˜ao bem-sucedida de novas tecnologias. A era da eletricidade surgiu por volta de 1900, em meio `a Segunda Revolu¸c˜ao Industrial. Ela viu o nascimento da ind´ustria qu´ımica moderna e do motor de combust˜ao interna, al´em da eletricidade.

A eletricidade era obviamente ´util como fonte de ilumina¸c˜ao em residˆencias e em-presas, mas tinha que suceder a ´agua e o vapor como fonte de energia na fabrica¸c˜ao (David 1989). Esse processo foi complicado pela grande quantidade de equipamentos e estruturas j´a existentes, que eram voltados para essas fontes de energia. Assim, nos est´agios iniciais, a eletricidade tendia a ser sobreposta aos sistemas existentes. Em par-ticular, a mecˆanica das m´aquinas que funcionavam pela energia do vapor e da ´agua favoreceram o fato de uma ´unica fonte de energia acionar um grupo de m´aquinas, al´em dos primeiros motores el´etricos que mantiveram o sistema de correias e eixos aciona-dos pela energia a vapor e da ´agua. Portanto, os primeiros motores el´etricos foram tamb´em usados para funcionar um grupo de m´aquinas e permitiram m´ultiplas unidades de energia na f´abrica.

Os benef´ıcios da eletricidade originam da economia nos requisitos de energia e do maior controle sobre a velocidade da m´aquina. Assim a energia el´etrica foi usada principalmente por ind´ustrias que estavam se expandindo rapidamente, uma vez que novas usinas poderiam ser projetadas para acomodar melhor essa fonte de energia (Greenwood 1997).

Por volta de 1910, os equipamentos podiam ser movidos com motores el´etricos indi-viduais. Essa percep¸c˜ao teve um grande impacto na produtividade do local de trabalho. O aparelho usado no sistema de acionamento poderia ser abandonado, de modo que a constru¸c˜ao da f´abrica n˜ao precisava mais de um eixo pesado e do alojamento da correia para a transmiss˜ao de energia. As demandas de trabalho na manuten¸c˜ao desse sistema tamb´em foram eliminadas. Al´em disso, o processo de produ¸c˜ao tornou-se mais flex´ıvel por v´arios motivos: n˜ao era mais necess´ario desligar todo o sistema de energia para manuten¸c˜ao ou substitui¸c˜ao de pe¸cas.

Como cada equipamento pode ser controlado com mais precis˜ao, a quantidade e a qualidade da produ¸c˜ao aumentaram. Os equipamentos agora podiam ser localizados e movidos mais livremente para acomodar o processo de produ¸c˜ao (Mokyr 1998). Por fim, o local de trabalho tornou-se consideravelmente mais seguro.

(35)

Referencial Te´orico 17

2.1.3

Terceira Revolu¸

ao Industrial

Como na eletrifica¸c˜ao, os ganhos da revolu¸c˜ao da Tecnologia da Informa¸c˜ao (TI) n˜ao foram imediatos. Quando a era dos computadores come¸cou na d´ecada de 1950, eles foram usados principalmente em pesquisas acadˆemicas e industriais para realizar c´alculos impratic´aveis ou imposs´ıveis de serem feitos manualmente (Jonscher 1994).

Em um ciclo de feedback, a ado¸c˜ao generalizada levou a redu¸c˜oes de pre¸cos, `a medida que os fabricantes de computadores aumentavam suas curvas de aprendizado. Na d´ecada de 1960, os computadores se tornaram dispositivos de gerenciamento de arquivos usa-dos pelas empresas para classificar, armazenar, processar e recuperar grandes volumes de dados, economizando m˜ao de obra. Em seguida, os computadores evolu´ıram para dispositivos de comunica¸c˜ao, come¸cando com o advento do acesso remoto e da rede nos anos 70. Isso permitiu uma libera¸c˜ao parcial do computador da “sala limpa”, mas esse cord˜ao umbilical n˜ao foi completamente cortado at´e a d´ecada de 1980, com a introdu¸c˜ao do computador pessoal e a dissemina¸c˜ao das redes de computadores (Greenwood 1997). A TI simplifica significativamente as estruturas corporativas, economizando no n´umero de trabalhadores empregados na coleta e processamento de informa¸c˜oes. O principal objetivo de qualquer empresa ´e simples: maximizar lucros. Para alcan¸c´a-lo, a estru-tura organizacional da empresa deve ser capaz de detectar oportunidades de lucro, direcionar a¸c˜oes para colet´a-las e monitorar e avaliar os retornos de suas atividades. Essas atividades envolvem amplamente o manuseio e o processamento de informa¸c˜oes (Greenwood 1997).

Em 1980, havia 1,13 vezes mais trabalhadores da tecnologia informa¸c˜ao do que tra-balhadores da produ¸c˜ao, em compara¸c˜ao com apenas 0,22 em 1900. A TI pode execu-tar grande parte dessa coleta e processamento de informa¸c˜oes com mais eficiˆencia do que os trabalhadores, eliminando a necessidade de batalh˜oes de funcion´arios, grupos de secret´arios, dezenas de agentes de compras e vendas e camadas de supervisores e administradores. Por meio de TI, matriz, centros de design, f´abricas e escrit´orios de compras e vendas podem ser conectados diretamente um para o outro. Com o tempo, essas mudan¸cas importantes na estrutura dos neg´ocios inevitavelmente aumentaram a produtividade do trabalho, `a medida que se torna poss´ıvel a cria¸c˜ao de mais produ¸c˜ao com menos trabalho (Greenwood 1997).

Atualmente, as ind´ustrias automatizadas j´a possuem tecnologias avan¸cadas como sensores, atuadores, robˆos, identifica¸c˜ao autom´atica, captura de dados, etc. Os sistemas

(36)

de produ¸c˜ao automatizados operando em uma ind´ustria geralmente s˜ao implementados por sistemas computacionais e conectados aos sistemas de apoio `a produ¸c˜ao e aos sis-temas de gerenciamento de informa¸c˜oes em funcionamento na f´abrica e nos diferentes n´ıveis da opera¸c˜ao (Groover 2016).

2.1.4

Quarta Revolu¸

ao Industrial

O conceito Ind´ustria 4.0 surgiu em 2011, na Alemanha, com a iniciativa para modernizar as ind´ustrias. A partir desse momento, diversas pesquisas foram desenvolvidas (Hermann et al. 2016, Lasi et al. 2014, Lee et al. 2015, Hankel & Rexroth 2015). Na busca pelo crescimento da produtividade e melhora da competitividade no mercado internacional, as ind´ustrias tˆem um grande desafio: dar o pr´oximo passo para atingir a Ind´ustria 4.0.

A Alemanha possui uma das ind´ustrias mais competitivas do mundo e ´e l´ıder global no setor de equipamentos industriais (Kagermann et al. 2013). O governo federal alem˜ao apresentou a Ind´ustria 4.0 como uma estrutura nova e emergente na qual os sistemas de fabrica¸c˜ao e log´ıstica, de forma que os CPPS usam intensivamente a rede de informa¸c˜oes e as comunica¸c˜oes dispon´ıveis globalmente para uma troca amplamente automatizada de informa¸c˜oes, na qual os processos de produ¸c˜ao e de neg´ocios s˜ao compat´ıveis (Adolph et al. 2016). Alguns autores promovem uma ideia semelhante sob o nome de sistemas cibern´eticos industriais, f´abrica inteligente, produ¸c˜ao inteligente, produ¸c˜ao m´aquina a m´aquina, fabrica¸c˜ao avan¸cada, ind´ustria da internet das coisas ou internet industrial das coisas (Schl¨apfer et al. 2015).

Mas, de forma geral, a quarta revolu¸c˜ao industrial se refere `a pr´oxima fase de uma digitaliza¸c˜ao do setor de manufatura, na qual o IoT vai desempenhar um papel enorme, com potencial para alimentar informa¸c˜oes e agregar valor `a ind´ustria de manufatura para aumentar a produ¸c˜ao e personalizar produtos de maneira econˆomica (MacDougall 2014). Tamb´em envolve o gerenciamento e a organiza¸c˜ao de todo o processo da cadeia de valor da ind´ustria de transforma¸c˜ao. Por isso, v´arias organiza¸c˜oes tˆem defendido o conceito Ind´ustria 4.0 para criar f´abricas mais inteligentes (Kagermann et al. 2013).

Com a chegada da Ind´ustria 4.0, o cen´ario industrial est´a novamente sendo transfor-mado com o surgimento de robˆos autˆonomos, automa¸c˜ao contemporˆanea, CPS, IoT e assim por diante. Os equipamentos industriais, que s˜ao um dos principais impulsiona-dores da Ind´ustria 4.0, evolu´ıram consideravelmente nas ´ultimas d´ecadas. Eles est˜ao se tornando mais produtivos, flex´ıveis, vers´ateis, mais seguros e colaborativos, criando,

(37)

por-Referencial Te´orico 19

tanto, um n´ıvel de valor sem precedentes em todo o ecossistema. As f´abricas inteligentes, que estar˜ao no cora¸c˜ao da Ind´ustria 4.0, incorporar˜ao a tecnologia da informa¸c˜ao e co-munica¸c˜ao para uma evolu¸c˜ao na cadeia de suprimentos e na linha de produ¸c˜ao que trar´a um n´ıvel muito mais alto de automa¸c˜ao e digitaliza¸c˜ao. Isso significa que os equipamen-tos possuem auto-otimiza¸c˜ao, auto-configura¸c˜ao e at´e mesmo inteligˆencia artificial para concluir tarefas complexas, a fim de oferecer eficiˆencia, baixo custo, melhores servi¸cos e bens de qualidade (Xu et al. 2018, Tao et al. 2016).

2.1.5

Quarta Revolu¸

ao Industrial no Contexto do Brasil

A Ind´ustria 4.0 nasceu em pa´ıses desenvolvidos, onde os est´agios industriais anteriores j´a est˜ao maduros em rela¸c˜ao `a automa¸c˜ao e uso das TI, dois conceitos da terceira revolu¸c˜ao industrial que convergem na Ind´ustria 4.0 (Kagermann et al. 2013). Nesse sentido, os pa´ıses emergentes podem enfrentar uma lacuna importante para a ado¸c˜ao da Ind´ustria 4.0 devido `a baixa maturidade dos est´agios industriais anteriores (Krawczy´nski et al. 2016, Guan et al. 2006).

A ado¸c˜ao de tecnologias avan¸cadas pode ser mais desafiadora para os pa´ıses emergen-tes (Hall & Maffioli 2008, Kumar & Siddharthan 2013). Como as economias dos pa´ıses emergentes tˆem se concentrado historicamente mais na extra¸c˜ao e comercializa¸c˜ao de commodities, as ind´ustrias nesses pa´ıses est˜ao frequentemente atrasadas em termos de ado¸c˜ao de tecnologia, quando comparadas `as suas contrapartes nos pa´ıses desenvolvidos (Castellacci 2008). Outros fatores como infraestrutura de TI, cultura, n´ıvel de educa¸c˜ao e instabilidade econˆomica e pol´ıtica tamb´em podem interferir na percep¸c˜ao de valor e no consequente n´ıvel de investimentos em tecnologias avan¸cadas (Frank et al. 2016).

No caso do Brasil, em rela¸c˜ao `as tecnologias de fabrica¸c˜ao, o trabalho de (Frank et al. 2016) mostra que a estrat´egia de aquisi¸c˜ao de equipamentos obteve maus resultados para inova¸c˜ao, quando comparada a outras atividades de inova¸c˜ao de ind´ustrias no Brasil. A ind´ustria brasileira ainda demonstra relutˆancia em inserir novas tecnologias, esbarrando em barreiras burocr´aticas, falta de informa¸c˜ao e receio de mudan¸cas (Dalenogare et al. 2018).

Atualmente no Brasil, apesar de algumas exce¸c˜oes, n˜ao existem grandes investimen-tos, consequentemente estamos dando os primeiros passos para as ado¸c˜oes de tecnologias da Ind´ustria 4.0. Um caso mais espec´ıfico podemos citar Minas Gerais que possui entre as principais atividades industriais a extra¸c˜ao e comercializa¸c˜ao de materiais met´alicos

(38)

e a metalurgia, que representam juntas 25,7% do PIB industrial do estado, que foi de 128,4 bilh˜oes em 2019 (PORTAL 2020).

Minas Gerais ´e o mais importante estado minerador do pa´ıs e ´e o respons´avel 53% da produ¸c˜ao brasileira de minerais met´alicos e 29% de min´erios em geral (IBRAM 2020), mesmo com produ¸c˜oes expressivas, os investimentos tecnol´ogicos n˜ao s˜ao no mesmo pa-tamar, pois as grandes ind´ustrias mineiras ainda sofrem com a desconfian¸ca de mudan¸ca e continuam trabalhando com plantas industriais com tecnologias de d´ecadas atr´as.

Diante desta situa¸c˜ao, o retrofitting surge como um caminho para atender o cen´ario industrial brasileiro. Portanto, a nossa pesquisa ´e valida na quest˜ao de demonstrar os m´etodos para transformar equipamentos industriais em CPPS. M´etodos que foram validados atrav´es do uso de prot´otipos utilizando equipamentos did´aticos e que s˜ao similares aos utilizados nas ind´ustrias brasileiras.

2.1.6

Tecnologias da Ind´

ustria 4.0

Diferentemente dos equipamentos das ind´ustrias automatizadas e n˜ao automatizadas, a Ind´ustria 4.0 pode possuir um conjunto de tecnologias com grande relevˆancia como IoT, computa¸c˜ao em nuvem, sistemas integrados, manufatura aditiva, simula¸c˜oes, bigdata, realidade aumentada, robˆos autˆonomos e seguran¸ca da informa¸c˜ao, que trabalham em conjunto, melhorando o sistema de produ¸c˜ao, como pode ser visto na Figura 2.2.

IoT

A IoT ´e a tendˆencia e a dire¸c˜ao da nova revolu¸c˜ao industrial (Roblek et al. 2016). Ao conectar humanos e m´aquinas, a IoT transfere e integra conhecimento entre os dispo-sitivos nas organiza¸c˜oes. Ao facilitar a informa¸c˜ao e o conhecimento, a IoT melhora a eficiˆencia no desenvolvimento e gerenciamento da Ind´ustria 4.0. Especificamente, a IoT e a Ind´ustria 4.0 mudar˜ao o relacionamento entre clientes, produtores e fornecedores. As decis˜oes de produ¸c˜ao n˜ao ser˜ao dominadas pelos fabricantes e varejistas. Em vez disso, a IoT e a Ind´ustria 4.0 envolvem os clientes principalmente nas decis˜oes sobre qualidade e personaliza¸c˜ao dos produtos.

A IoT na ind´ustria tamb´em enriquecer´a mais os dispositivos com a computa¸c˜ao embarcada e ser´a interconectada usando tecnologias padr˜ao. Isso permite que os dispo-sitivos de campo se comuniquem e interajam entre si e com um controlador central se

(39)

Referencial Te´orico 21

Figura 2.2: Tecnologias da Ind´ustria 4.0 (Fonte: https://endeavor.org.br/industria-4-0)

necess´ario. Tamb´em descentraliza a an´alise e a tomada de decis˜oes, permitindo respostas em tempo real (Bahrin et al. 2016).

Computa¸c˜ao em Nuvem `

A medida que o desempenho das tecnologias melhora, os dados e a funcionalidade dos equipamentos ser˜ao cada vez mais integrados na nuvem, permitindo mais servi¸cos ori-entados a dados para o sistema de produ¸c˜ao. Mais empreendimentos relacionados `a produ¸c˜ao na Ind´ustria 4.0 exigir˜ao maior compartilhamento de dados entre sites e limi-tes da empresa (Bahrin et al. 2016).

Portanto, a computa¸c˜ao em nuvem se concentra em ajustar e melhorar os aspectos operacionais da arquitetura e a efic´acia combinada com agilidade, interoperabilidade, configurabilidade, capacidade de programa¸c˜ao e integra¸c˜ao (Thames & Schaefer 2016).

(40)

Manufatura Aditiva

Na Ind´ustria 4.0, os m´etodos de manufatura aditiva tamb´em ser˜ao amplamente utiliza-dos para produzir pequenos lotes de produtos personalizautiliza-dos que oferecem vantagens de constru¸c˜ao, como projetos complexos e leves. Sistemas de manufatura aditiva descentra-lizada e de alto desempenho reduzir˜ao as distˆancias de transporte e o estoque dispon´ıvel (R¨ußmann et al. 2015).

A diminui¸c˜ao dos ciclos de vida do produto, combinada com a crescente demanda de produtos personalizados, requer uma maior transforma¸c˜ao em dire¸c˜ao `as estruturas da organiza¸c˜ao que levam a uma maior complexidade (Brettel et al. 2014). Essa flexibilidade tamb´em incentiva a inova¸c˜ao, pois prot´otipos ou novos produtos podem ser produzidos rapidamente, sem necessidade de reformula¸c˜ao ou configura¸c˜ao complicada de novas linhas de produ¸c˜ao. Assim, ´e poss´ıvel produzir um produto e muitas variantes, com uma diminui¸c˜ao no estoque usando as tecnologias da Ind´ustria 4.0 (Bahrin et al. 2016).

Sistemas Integrados

A integra¸c˜ao e auto-otimiza¸c˜ao s˜ao os dois principais mecanismos usados na organiza¸c˜ao industrial (Schuh et al. 2014). O paradigma da Ind´ustria 4.0 ´e essencialmente delineado por trˆes dimens˜oes da integra¸c˜ao: (a) integra¸c˜ao horizontal em toda a rede de cria¸c˜ao de valor, (b) integra¸c˜ao vertical e sistemas de fabrica¸c˜ao em rede e (c) engenharia fim-a-fim em todo o ciclo de vida do produto (Stock & Seliger 2016). A total integra¸c˜ao e a automa¸c˜ao digital dos processos de fabrica¸c˜ao na dimens˜ao vertical e horizontal implica tamb´em uma automa¸c˜ao da comunica¸c˜ao e coopera¸c˜ao, especialmente ao longo de processos padronizados (Erol et al. 2016).

Sendo assim, na Ind´ustria 4.0, a integra¸c˜ao de sistemas horizontal e vertical entre empresas, departamentos, fun¸c˜oes e recursos se tornar´a muito mais coesa, `a medida que as redes universais de integra¸c˜ao de dados entre empresas evolu´ırem e permitirem cadeias de valor verdadeiramente automatizadas (Bahrin et al. 2016).

Simula¸c˜oes

As simula¸c˜oes aproveitam os dados em tempo real para espelhar o mundo f´ısico em um modelo virtual, que podem incluir equipamentos, produtos e humanos. Isso permite que os operadores testem e otimizem as configura¸c˜oes do equipamento para o pr´oximo

(41)

Referencial Te´orico 23

produto em linha no mundo virtual antes da produ¸c˜ao f´ısica, reduzindo assim os tempos de configura¸c˜ao do equipamento e aumentando a qualidade (R¨ußmann et al. 2015).

Simula¸c˜oes 2D e 3D podem ser criadas para comissionamento virtual e simula¸c˜ao de tempos de ciclo, consumo de energia ou aspectos ergonˆomicos de uma instala¸c˜ao de produ¸c˜ao. O uso de simula¸c˜oes de processos de produ¸c˜ao pode n˜ao apenas reduzir os tempos de inatividade e alter´a-los, mas tamb´em reduzir as falhas de produ¸c˜ao durante a fase de inicializa¸c˜ao (Simons et al. 2017). A qualidade da tomada de decis˜ao pode ser melhorada de maneira f´acil e r´apida com a ajuda de simula¸c˜oes (Schuh et al. 2014).

Robˆos Autˆonomos

Os robˆos est˜ao se tornando mais autˆonomos, flex´ıveis e cooperativos. Eventualmente, eles ir˜ao interagir uns com os outros e trabalhar˜ao em seguran¸ca lado a lado com os humanos e aprender˜ao com eles (R¨ußmann et al. 2015). Esses robˆos custam menos e tˆem uma gama maior de recursos do que os usados atualmente na fabrica¸c˜ao.

Um robˆo autˆonomo ´e usado para executar o m´etodo de produ¸c˜ao autˆonomo com mais precis˜ao e tamb´em trabalhar nos locais onde os trabalhadores humanos est˜ao res-tritos ao acesso. Os robˆos autˆonomos podem concluir determinada tarefa de maneira precisa e inteligente dentro do prazo determinado e tamb´em se concentrar na seguran¸ca, flexibilidade, versatilidade e colabora¸c˜ao (Bahrin et al. 2016).

Big Data

De acordo com a defini¸c˜ao da Forrester, o Big Data consiste em quatro dimens˜oes: volume de dados, variedade de dados, velocidade de gera¸c˜ao de novos dados e an´alises, e valor dos dados (Witkowski 2017). A an´alise dos dados armazenados pode ser usada para descobrir as amea¸cas ocorridas em diferentes processos de produ¸c˜ao, no in´ıcio da fabrica¸c˜ao e tamb´em prever os novos problemas que podem ocorrer, bem como as v´arias solu¸c˜oes para impedir que tais problemas ocorram novamente na ind´ustria (Bagheri et al. 2015).

Com o Big Data, a coleta e a avalia¸c˜ao abrangente de dados de muitas fontes di-ferentes de equipamentos e sistemas de produ¸c˜ao, bem como sistemas corporativos e de gerenciamento de clientes, se tornar˜ao padr˜ao para apoiar a tomada de decis˜oes em tempo real (R¨ußmann et al. 2015).

(42)

Realidade Aumentada

Os sistemas baseados em realidade aumentada suportam uma variedade de servi¸cos, como selecionar pe¸cas em um armaz´em e enviar instru¸c˜oes de reparo por dispositivos m´oveis. A ind´ustria pode usar a realidade aumentada para fornecer aos trabalhadores informa¸c˜oes em tempo real para melhorar a tomada de decis˜ao e os procedimentos de trabalho. Os trabalhadores podem receber instru¸c˜oes de reparo sobre como substituir uma pe¸ca espec´ıfica, enquanto observam o sistema real que precisa de reparo (R¨ußmann et al. 2015).

Seguran¸ca da Informa¸c˜ao

Comunica¸c˜oes confi´aveis, o gerenciamento moderno de identidade e acesso de dispositivos e usu´arios s˜ao importantes na Ind´ustria 4.0 para resolver o problema de amea¸cas `a seguran¸ca cibern´etica, que cresce drasticamente com o aumento da conectividade e uso de padr˜oes de protocolos de comunica¸c˜ao convencionais (R¨ußmann et al. 2015).

No entanto, ´e um desafio construir um alto n´ıvel de estrutura de ciberseguran¸ca base-ada em IoT para a Ind´ustria 4.0, devido `a complexidade e ao processo de gerenciamento dinˆamico em torno da colabora¸c˜ao m´aquina-para-humano (Thames & Schaefer 2016).

2.2

CPPS

O conceito de CPS foi definido pela primeira vez em 2006 pelo Dr. James Truchard, que introduz o conceito de que o mundo virtual e o mundo f´ısico podem ser mesclados pelo CPS. De fato, um CPS ´e um sistema integrado de computa¸c˜ao, comunica¸c˜ao e controle (Lee 2008, Shi et al. 2011). A aplica¸c˜ao do CPS no campo do gerenciamento da produ¸c˜ao foi formalizada nos ´ultimos anos (Monostori 2014), sob o termo de CPPS. Na Ind´ustria 4.0, o conceito CPS tamb´em ´e tratado como CPPS (Vogel-Heuser et al. 2014, Strang & Anderl 2014), permitindo que equipamentos da ind´ustria sejam mais inteligentes, criando assim uma melhor produ¸c˜ao e condi¸c˜oes para uma produ¸c˜ao inteligente (Zhou et al. 2015).

Dessa forma, o CPPS envolve humanos, m´aquinas e produtos, e combina computa¸c˜ao, rede e processos f´ısicos juntos no processo de produ¸c˜ao, com o objetivo de tornar a produ¸c˜ao economicamente vi´avel com produtos altamente qualificados (Albers et al.

(43)

Referencial Te´orico 25

2016, Lasi et al. 2014). Os computadores e redes incorporados no CPPS servem como base para monitorar e controlar os processos f´ısicos, ciclos de feedback e avalia¸c˜oes de desempenho no processo de produ¸c˜ao.

De acordo com (Rudtsch et al. 2014), os principais benef´ıcios do CPPS que diferem do CPS s˜ao: (i) otimiza¸c˜ao dos processos de produ¸c˜ao; (ii) customiza¸c˜ao otimizada do produto; (iii) produ¸c˜ao eficiente de recursos; (iv) processos de produ¸c˜ao centrados no ser humano.

A arquitetura 5C introduzida em (Lee et al. 2015) consiste em 5 n´ıveis de maneira sequencial do fluxo de trabalho e demonstra como construir um CPS a partir da aquisi¸c˜ao inicial dos dados, passando pelas an´alises, at´e a cria¸c˜ao final do valor. Na Figura 2.3 apresentamos a compara¸c˜ao entre CPS e CPPS nas atribui¸c˜oes da arquitetura 5C. No lado direito temos as atribui¸c˜oes originais do CPS citadas por (Lee et al. 2015), em que por exemplo, temos a realiza¸c˜ao, a aquisi¸c˜ao de dados de m´aquinas e seus componentes. Os atributos do CPS abordam de forma geral sem especificar uma determinada ´area de atua¸c˜ao. A esquerda da figura, destacamos alguns exemplos citados por (Monostori et al. 2016), como a aquisi¸c˜ao de dados para processo e monitoramento de equipamentos ou sistemas. Ao contr´ario do CPS, na abordagem do CPPS, os atributos s˜ao espec´ıficos para uma ´area de sistemas de produ¸c˜ao.

A arquitetura 5C apresenta diretrizes para o desenvolvimento de um CPS, mas cont´em algumas incoerˆencias na comunica¸c˜ao entre as camadas e deixa de lado fato-res importantes para uma Ind´ustria 4.0. A arquitetura ´e um manual para implanta¸c˜ao de um CPS, por direcionar a forma de desenvolver o sistema e ter pontos relevantes para implementa¸c˜ao. Apesar disso, a arquitetura precisaria de ajustes para conseguir aten-der a Ind´ustria 4.0, como por exemplo existem dois processos trabalhosos (elabora¸c˜ao do modelo virtual e an´alise de dados) em uma camada, enquanto a camada cognitiva apenas formata resultados da camada inferior (PISCHING et al. 2017).

2.3

Estruturamento CPPS Retrofitting

O CPPS Retrofitting ´e uma metodologia elaborada nesta pesquisa para modernizar um equipamento industrial para um CPPS atrav´es do m´etodo retrofitting.

Para estruturar o CPPS Retrofitting foram analisados os conceitos e componentes existentes por tr´as dos equipamentos industriais, do retrofitting, do CPPS e da Ind´ustria

(44)

Figura 2.3: Arquitetura 5C para Implementa¸c˜ao do CPS e do CPPS (Lee et al. 2015, Monostori et al. 2016)

4.0. O equipamento industrial e suas tecnologias devem integrar com as novas tecnologias a ponto de fazer parte da Ind´ustria 4.0.

Como pode ser visto na Figura 2.4, a estrutura do CPPS Retrofitting ´e dividida em trˆes partes: infraestrutura, comunica¸c˜ao e aplica¸c˜ao, as quais s˜ao compostas pelos componentes j´a existentes no equipamento e os componentes adicionais que ajudaram na migra¸c˜ao para a Ind´ustria 4.0. No caso dos equipamentos n˜ao automatizados, os equipamentos antes do retrofitting n˜ao possuem as partes de comunica¸c˜ao e/ou aplica¸c˜ao, ou n˜ao podem ser reaproveitados por serem ultrapassados. Contudo, podem passam a funcionar ap´os o retrofitting, devido `a integra¸c˜ao dos componentes com a Ind´ustria 4.0. A infraestrutura do CPPS ´e composta por diversas tecnologias. Para os equipamentos industriais automatizados e n˜ao automatizados atingirem determinado n´ıvel tecnol´ogico, ´e preciso integra¸c˜ao com dispositivos IoT. Estes dispositivos integram os equipamentos industriais com o mundo digital, transformando-os em CPPS e trazendo melhorias aos processos dos equipamentos. Os dispositivos IoT tamb´em podem ser implantados de forma independente do equipamento e trazer melhorias para o processo industrial que envolve o equipamento, como seguran¸ca, precis˜ao de dados e vida ´util.

(45)

Referencial Te´orico 27

Figura 2.4: Estruturamento CPPS Retrofitting

Na parte de comunica¸c˜ao do retrofitting, ´e necess´ario identificar e integrar os dife-rentes tipos de protocolos das redes industriais presente nos equipamentos com as redes IoT. O funcionamento em conjunto dessas tecnologias de comunica¸c˜ao possibilita a co-munica¸c˜ao de todos os componentes da ind´ustria, parte fundamental da comunica¸c˜ao da Ind´ustria 4.0.

As aplica¸c˜oes para o CPPS incorporadas no retrofitting possuem abordagem mais gen´erica para atender a diversos tipos de equipamentos, como, por exemplo, nuvem de dados e servi¸cos web. O retrofitting tamb´em precisa dar suporte `as aplica¸c˜oes industriais nativas que gerenciam os equipamentos.

2.4

RAMI 4.0

Nesta se¸c˜ao s˜ao apresentadas as informa¸c˜oes contidas no RAMI 4.0 que foram impor-tantes para o desenvolvimento desta pesquisa e a compara¸c˜ao com outras arquiteturas existentes.

O modelo RAMI 4.0 integra diferentes perspectivas do usu´ario e fornece um enten-dimento comum das tecnologias da Ind´ustria 4.0. Com o RAMI 4.0, os requisitos dos setores - da automa¸c˜ao de manufatura e engenharia mecˆanica `a engenharia de proces-sos - podem ser atendidos em associa¸c˜oes do setor e comitˆes de padroniza¸c˜ao. Assim, o RAMI 4.0 fornece um entendimento comum para padr˜oes e casos de uso (Hankel & Rexroth 2015).

O RAMI 4.0 como pode ser visto na Figura 2.5, ´e considerado como uma esp´ecie de mapa 3D das solu¸c˜oes Ind´ustria 4.0, fornecendo uma orienta¸c˜ao para a plotagem dos

(46)

requisitos dos setores, juntamente com os padr˜oes nacionais e internacionais, a fim de definir e desenvolver a Ind´ustria 4.0. Padr˜oes e lacunas sobrepostos podem, assim, ser identificados e resolvidos (Hankel & Rexroth 2015).

Figura 2.5: Arquitetura RAMI 4.0 (Hankel & Rexroth 2015)

Al´em disso, o RAMI 4.0 fornece diretrizes gerais e vis˜oes relevantes que devem ser levadas em considera¸c˜ao na organiza¸c˜ao geral do dom´ınio, mas n˜ao prescreve uma abor-dagem de modelagem espec´ıfica. As seis camadas do eixo vertical definem a estrutura da representa¸c˜ao Tecnologia da Informa¸c˜ao e Comunica¸c˜ao (TIC) para um componente Ind´ustria 4.0. O eixo vertical representa v´arias perspectivas de TIC, como aplicativos de neg´ocios, aspectos funcionais, manipula¸c˜ao de informa¸c˜oes, capacidade de comunica¸c˜ao e integra¸c˜ao e, finalmente, o hardware/ativos envolvidos em um CPPS. Os ciclos de vida de produtos, m´aquinas e f´abricas s˜ao capturados ao longo do eixo de ciclo de vida e fluxo de valor. O terceiro eixo da RAMI 4.0 descreve a classifica¸c˜ao funcional de v´arias circunstˆancias na Ind´ustria 4.0, do produto no n´ıvel de f´abrica at´e o mundo conectado (Heidel et al. 2017).

Portanto, o RAMI 4.0 fornece a base para as seguintes etapas (Hankel & Rexroth 2015):

(47)

Referencial Te´orico 29

• Identifica¸c˜ao: A identifica¸c˜ao ´e o pr´e-requisito necess´ario para que as coisas se encontrem autonomamente na produ¸c˜ao em rede. Atualmente existem padr˜oes diferentes para isso. Uma solu¸c˜ao unificada deve ser desenvolvida.

• Semˆantica: Uma troca de dados entre fornecedores ´e necess´aria para a comunica¸c˜ao entre m´aquinas ou entre m´aquinas e pe¸cas de trabalho. Isso requer semˆantica unificada, incluindo uma sintaxe comum para dados.

• Qualidade de servi¸co para componentes da Ind´ustria 4.0: Servi¸cos de miss˜ao cr´ıtica, como sincroniza¸c˜ao de tempo, capacidade em tempo real ou confiabilidade dos componentes da Ind´ustria 4.0 devem ser definidos.

• Comunica¸c˜ao: Existem abundantes conex˜oes e protocolos de comunica¸c˜ao. Os exemplos mais comuns s˜ao barramentos de campo baseados em Ethernet ou OPC UA. Sua adequa¸c˜ao `as comunica¸c˜oes da Ind´ustria 4.0 deve ser examinada. Isso permite identificar sobreposi¸c˜oes, definir protocolos preferenciais e fechar lacunas.

Com o RAMI 4.0, podemos evidenciar a Shell de Administra¸c˜ao, que ´e a interface que conecta o objeto f´ısico `a Ind´ustria 4.0 e fica respons´avel por armazenar todos os dados e informa¸c˜oes sobre o ativo, al´em de funcionar como uma interface padronizada de comunica¸c˜ao da rede e ter a capacidade de integrar objetos passivos.

Cada objeto f´ısico tem sua Shell de Administra¸c˜ao e a conex˜ao ocorre atrav´es da comunica¸c˜ao oferecida pela Ind´ustria 4.0, com a Shell de Administra¸c˜ao formando a parte digital e o objeto f´ısico formando a parte real. Como pode ser visto na Figura 2.6, o objeto no RAMI 4.0 ´e representado no retrofitting como o equipamento industrial, enquanto a Shell de Administra¸c˜ao consiste de recursos adicionados ao equipamento industrial ap´os o retrofitting.

2.4.1

Arquiteturas de Sistemas

V´arias organiza¸c˜oes de padroniza¸c˜ao, cons´orcios industriais e grupos de pesquisa tra-balham ativamente no campo das arquiteturas de sistemas para a Ind´ustria 4.0 para fornecer poss´ıveis solu¸c˜oes para superar a estrutura em camadas com o objetivo de tor-nar a intera¸c˜ao do sistema mais dinˆamica e flex´ıvel. Al´em do RAMI 4.0, outro modelo de referˆencia abstrato ´e a Arquitetura de Referˆencia Industrial da Internet - Industrial Internet Reference Architecture (IIRA) (Lin et al. 2015).

(48)

Figura 2.6: Shell de Administra¸c˜ao no RAMI 4.0 (Schweichhart 2016)

O IIRA ´e uma padr˜ao baseado em arquitetura aberta, que possui ampla aplicabili-dade do setor para impulsionar a interoperabiliaplicabili-dade, mapear as tecnologias aplic´aveis e orientar a tecnologia e o desenvolvimento de padr˜oes. A descri¸c˜ao e representa¸c˜ao da arquitetura s˜ao gen´ericas e com um alto n´ıvel de abstra¸c˜ao para suportar a ampla aplica-bilidade necess´aria do setor. O IIRA abstrai caracter´ısticas comuns, recursos e padr˜oes de casos de uso bem compreendidos no momento. O design do IIRA pretende trans-cender as tecnologias dispon´ıveis atualmente e, ao fazˆe-lo, capaz de identificar lacunas tecnol´ogicas com base nos requisitos de arquitetura. Isso, por sua vez, impulsionar´a os esfor¸cos de desenvolvimento de novas tecnologias pela comunidade industrial da Internet (Consortium et al. 2015).

Os dois modelos foram apresentados na mesma ´epoca, mas o RAMI 4.0 foi mais difun-dido, tendo mais pesquisas envolvidas, por ser voltado exclusivamente para a Ind´ustria 4.0

Esses modelos fornecem um ponto de partida neutro em tecnologia para arquiteturas industriais e CPPS; no entanto, eles n˜ao tˆem uma recomenda¸c˜ao sobre como realizar essa arquitetura. Al´em disso, o suporte necess´ario para sistemas legados ´e apenas parci-almente considerado. Paralelamente, v´arios pesquisadores publicaram arquiteturas que fornecem ideias mais concretas sobre as realiza¸c˜oes t´ecnicas.

(49)

Referencial Te´orico 31

O projeto ARUM (Leit˜ao et al. 2013) prop˜oe uma arquitetura baseada em agente com um Barramento de Servi¸co Corporativo - Enterprise Service Bus (ESB) atuando como middleware entre os diferentes sistemas. Os dispositivos herdados s˜ao incorpo-rados usando gateways. Uma ontologia incorporada no middleware contribui para um entendimento comum das informa¸c˜oes.

(Hufnagel & Vogel-Heuser 2015) capturam a integra¸c˜ao de dados de v´arias fontes heterogˆeneas usando uma arquitetura baseada em ESB. A arquitetura usa adaptadores para converter entre formatos de dados, permitindo assim a incorpora¸c˜ao de dispositivos legados. Um modelo de informa¸c˜oes comum com regras de mapeamento que parametri-zam os adaptadores de dados serve para criar um entendimento comum.

A arquitetura LISA (Theorin et al. 2017) usa um ESB para a implementa¸c˜ao de um prot´otipo. O objetivo da abordagem ´e permitir uma integra¸c˜ao de dados flex´ıvel nas f´abricas. Um modelo de informa¸c˜ao comum e adaptadores de dados s˜ao traduzidos entre os diferentes sistemas.

A arquitetura SOCRADES (Karnouskos et al. 2009) utiliza gateways e mediadores para a integra¸c˜ao de dispositivos legados. Os servi¸cos da Web facilitam a interoperabi-lidade e acoplamento fraco entre os sistemas. Al´em disso, a descoberta de servi¸cos e sua orquestra¸c˜ao desempenham um papel importante.

O projeto Arrowhead (Delsing et al. 2017) fornece uma estrutura para a intera¸c˜ao de sistemas baseada em nuvem. Ele segue de perto os princ´ıpios da SOA e considera a troca de dados atrav´es das fronteiras organizacionais. Al´em disso, permite a comunica¸c˜ao em tempo real, se necess´ario.

A maioria desses projetos desenvolveram aspectos de uma arquitetura da Ind´ustria 4.0, mas n˜ao possui uma vis˜ao global. Portanto, existe a necessidade de integra¸c˜ao desses aspectos separados. Al´em disso, as estrat´egias de migra¸c˜ao s˜ao consideradas essenciais para a ado¸c˜ao industrial dessas tecnologias (Foehr et al. 2017). Resumindo, existem v´arias arquiteturas espec´ıficas para diferentes aplica¸c˜oes. Por outro lado, as arquiteturas de referˆencia fornecem um ponto de partida neutro em tecnologia para as arquiteturas da Ind´ustria 4.0 (Trunzer et al. 2019).

Referências

Documentos relacionados

A democratização do acesso às tecnologias digitais permitiu uma significativa expansão na educação no Brasil, acontecimento decisivo no percurso de uma nação em

& LOY J966 que trabalh.aram com raças PSI e Quarto de Milha de cinco a dezenove meses de idade com raçao completa peleti zada e com a mesma ração na forma farelada, obtendo um

A tendência manteve-se, tanto entre as estirpes provenientes da comunidade, isoladas de produtos biológicos de doentes da Consulta Externa, como entre estirpes encontradas

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

psicológicos, sociais e ambientais. Assim podemos observar que é de extrema importância a QV e a PS andarem juntas, pois não adianta ter uma meta de promoção de saúde se

4 Este processo foi discutido de maneira mais detalhada no subtópico 4.2.2... o desvio estequiométrico de lítio provoca mudanças na intensidade, assim como, um pequeno deslocamento

Fig. Jurassic-Cretaceous geological evolution for the West Gondwana and its relationship with zeolite-cemented sandstone. A) During the Jurassic, quiescence periods without