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Revista Pedagogium: a associação de professores em ação pelo projeto educativo da Escola Nova no RN (1920-1932)

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO LINHA DE PESQUISA:

EDUCAÇÃO, ESTUDOS SÓCIO-HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS

REVISTA PEDAGOGIUM

:

A Associação de Professores em ação pelo projeto educativo da Escola

Nova no RN (1920 – 1932)

MARLENE FERNANDES RIBEIRO NATAL

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO LINHA DE PESQUISA:

EDUCAÇÃO, ESTUDOS SÓCIO-HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS

REVISTA PEDAGOGIUM

:

A Associação de Professores em ação pelo projeto educativo da Escola

Nova no RN (1920 – 1932)

MARLENE FERNANDES RIBEIRO

Tese de Doutorado apresentada à Banca de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte- CE/PPGED/UFRN, na Linha de Pesquisa: Educação, Estudos Sócio-históricos e Filosóficos, como requisito para o grau de Doutoramento.

Orientadora: Professorª Dr.ª Maria Inês Sucupira Stamatto.

NATAL 2020

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Ribeiro, Marlene Fernandes.

Revista Pedagogium: a associação de professores em ação pelo projeto educativo da Escola Nova no RN (1920-1932) / Marlene Fernandes Ribeiro. - Natal, 2020.

207 f.: il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Inês Sucupira Stamatto.

1. Imprensa pedagógica Tese. 2. Movimento da Escola Nova -Tese. 3. Educadores em movimento - -Tese. I. Stamatto, Maria Inês Sucupira. II. Título.

RN/UF/BS - Centro de Educação CDU 37.014(813.2)(091)

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE

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REVISTA PEDAGOGIUM:

A Associação de Professores em ação pelo projeto educativo da Escola Nova no RN (1920 – 1932)

Tese de Doutorado apresentada à Banca de Qualificação de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte- CE/ PPGED/UFRN, na Linha de Pesquisa: Educação, Estudos Sócio-históricos e Filosóficos, como requisito para grau de Doutoramento. Orientadora: Professorª Dr.ª Maria Inês Sucupira Stamatto. Aprovada em Natal, _17_/_02 /_2020.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________ Professorª Dr.ª Maria Inês Sucupira Stamatto – (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

______________________________________________________________ Pro.ª Dr.ª Olívia de Medeiros Neta (Titular)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

______________________________________________________________ Professorª Dr.ª Marlúcia Menezes de Paiva (Titular)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

_____________________________________________________________ Professorª Dr.ª Francinaide de Lima Silva ((Membro Titular Externo)

Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do RN – IFRN

_____________________________________________________________ Professorª Dr.ª Luciene Chaves de Aquino ((Membro Titular Externo)

Universidade Federal da Paraíba – UFPB

_____________________________________________________________ Professor Dr. Azemar dos Santos Soares Júnior (Suplente Interno)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

____________________________________________________________ Professorª Dr.ª Márcia Maria Alves de Assis (Suplente Externo)

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Agradeço a Deus pela minha existência, pelos meus familiares e amigos queridos e queridas que tenho em vida.

Agradeço de coração, a professora Maria Inês Sucupira Stamatto (UFRN), por ter me acolhido, na condição de pesquisadora, e com sabedoria soube aliar conhecimento, rigorosidade e afetividade, ingredientes que nos impulsiona para a pesquisa com responsabilidade. Dessa forma, a orientação foi conduzida com cuidado, respeito e ética.

Ao professor Antônio Basílio Novaes Thomáz de Menezes (UFRN) e a professora Marlúcia Menezes de Paiva (UFRN), pelo espaço nas disciplinas que ministram na Pós-Graduação em educação, assim como a valiosa contribuição no processo de construção do meu trabalho de tese. À professora Olívia de Medeiros Neta (UFRN), pelo olhar crítico e cuidadoso de historiadora, pesquisadora e orientadora, que desde as primeiras escritas, da qualificação e defesa final do Doutorado, empreendeu ao meu texto contribuições que o tornou mais compreensível e próximo de minha trajetória de professora.

À professora Francinaide de Lima Silva (IFRN), por ter aceitado a participar da qualificação e defesa final da Tese, e contribuído de forma crítica, demonstrando zelo e cuidado com a pesquisa, aspecto determinante para a significação historiográfica do meu texto.

Aos professores: Azemar dos Santos Soares Júnior (UFRN), Luciene Chaves de Aquino (UFPB) e Márcia Maria Alves de Assis (UERN/IFESP), por terem aceitado participar da minha banca de defesa do Doutorado e contribuído para o enriquecimento da Tese.

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Superior Presidente Kennedy, pelo olhar crítico, mas, ao mesmo tempo, respeitoso, cuidadoso, inserindo contribuições importantes ao meu texto.

Aos amigos e amigas que fiz durante o Curso, pesquisadores da Linha de Pesquisa - Educação, Estudos Sócio-Históricos e Filosóficos, Aliny Dayane Pranto, Aline Medeiros, Anna Gabriela Cordeiro, Isabela Cristina, Artur Cássio, Gillyane Dantas, Laís Medeiros, Paula Lorena, Juan Carlo, Roberto Ribeiro, Tiago Silva, Sarah Lima, Tainá Bandeira, Gilson Lopes, Rosélia Cristina, Aline Medeiros, Rodrigo Wantuir, Arthur Beserra, Amanda Vitória, juntos formamos uma teia maravilhosa de estudos e conexões históricas importantes, cujas contribuições e sugestões positivas estão inseridas no meu texto, e impressas nos meus sentimentos.

Aos meus pais, irmãos, irmãs, sobrinhos e sobrinhas, pela compreensão e apoio em todos os momentos e pela compreensão do meu afastamento temporário, das atividades e reuniões familiares, sobretudo, nos últimos meses do estudo.

Às minhas eternas amigas, da extinta, Associação de Orientadores do Rio Grande do Norte – ASSOERN, e agregados, a saber, Márcia Maria Gurgel Ribeiro, Rosanália de Sá Leitão Pinheiro, Maria Nunes, Vicente Vitoriano, Ivanete Oliveira dos Santos, Maria de Fátima Bezerra, Nina Souza, Edneuza Nobre, Vilma Geruza de Oliveira, Fátima Neri e Marise Paiva de Morais (In Memorian), pela lição de vida e exemplos de ética, humildade, respeito, dignidade, solidariedade e amizade.

Aos meus amigos e amigas da militância sindical e partidária que compreenderam as minhas ausências em momentos importantes do nosso convívio, sejam sociais e/ ou políticos.

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principalmente, nesse último ano de elaboração da tese.

Aos colegas do Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy – IFESP, pelo apoio, colaboração e compreensão, especialmente, no ano inicial dos estudos no Doutorado.

Às funcionárias do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Antonieta Freire de Souza e Francisca Tertuliano do Nascimento, pelo empenho e colaboração na busca das fontes de pesquisa, no acervo daquela instituição.

Agradecimento especial, aos colaboradores desse trabalho, que se disponibilizaram fraternalmente, desde a organização e formatação, tradução dos resumos de Inglês e Francês, e a inserção das imagens: Márcio Fernandes Ribeiro, Isabela Cristina Santos de Morais, François Weigel, Gilberto Pacheco e Bruno Ribeiro de Carvalho.

Agradecimento especial à Profª Dr.ª Izabel Cristina da Costa Bezerra Oliveira, pela Revisão Linguística e a Revisão das Normas da ABNT, duplo trabalho, um presente pela amizade, mas, acima de tudo um trabalho exaustivo que a professora realizou com carinho, competência e compromisso profissional, oportunidade, em que empreendeu, ao mesmo tempo, zelo e rigor, cujo resultado é uma produção escrita leve e mais compreensível.

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A presente pesquisa se insere na preocupação de contribuir para o fortalecimento da história da educação norte rio-grandense e analisa as ideias pedagógicas propagadas via Revista Pedagogium, entre os anos de 1920-1932, ideias essas, advindas do movimento da Escola Nova e suas relações na construção das ações da Associação de Professores do Rio Grande do Norte – APRN. O estudo destaca ainda, o caráter modelador da imprensa pedagógica em questão, cujos conteúdos, em formato de conferências, debates, discursos, lições e excertos de outras publicações, de modo a instrumentalizar o professorado potiguar, na nova forma de ensinar para a vida. Registra-se uma aproximação, articulada e intencional, entre os dirigentes da Associação com o poder público. Nesse sentido, os encaminhamentos pedagógicos e conceituais estiveram, pelo menos no intervalo temporal da pesquisa, alinhados com o pensamento dos políticos que exerciam cargos governamentais nesse período. Os principais interlocutores e mediadores das ações da entidade e o Poder Público foram os professores Nestor dos Santos Lima, Amphilóquio Câmara e José Augusto Bezerra de Medeiros, referências intelectuais, políticas e educacionais, em nível local, regional e nacional. Para tanto, utilizamos a Revista Pedagogium como fonte e objeto da

pesquisa, além de outros impressos, como o Jornal A República, artigos e livros que tratam da temática. Para a análise, recorremos aos conceitos de representação e práticas, de Chartier (1990); configurações, de Elias (2001) e estratégia e escritura, de Certeau (1994). Toda a movimentação empreendida teve como referencial os elementos da Escola Nova, já amplamente praticada no Estado de São Paulo, considerado o líder em matéria de avanços educacionais. observa-se também que as discussões em congressos, conferências nacionais, semanas pedagógicas, criação de associações se constituíram em espaços para fomentar as ideias da educação moderna e renovadora, de modo a suscitar o interesse dos professores, para pôr em prática esse novo modelo de educação. Nesse sentido, nossa pesquisa verifica as interlocuções entre os estudos, congressos, palestras, diálogos e questões organizadas nos eixos de São Paulo e outros estados com a organização norte rio-grandense. Nesse seguimento, o Rio Grande do Norte, desde a criação da APRN, em 1920, procurou enviar representação para os eventos educacionais, em sendo assim, quando se instalou a primeira conferência Nacional de Educação em 1927, organizada pela Associação Brasileira de Educação – ABE, que contou com a participação do professor Nestor dos Santos Lima e José Augusto Bezerra de Medeiros. À vista disso, nosso estudo recupera a história e participação desses potiguares, atores que se destacaram e buscaram a inovação no sistema educacional e nas organizações como um todo. Os pontos aqui elencados e o conhecimento de trabalhos analisados poderão suscitar outras pesquisas, objetivando conhecer os que fizeram os educadores e escolas de ontem para compreender os sujeitos da educação de hoje tanto no aspecto individual quanto na coletividade.

Palavras-chaves: Imprensa Pedagógica; Movimento da Escola Nova; Educadores em Movimento.

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This research has a concern to contribute to the history of education in the Rio Grande do Norte state and analyzes the pedagogical ideas diffused by Revista Pedagogium from the year 1920 to 1932, these ideas, come from the Escola Nova movement and its relations in the construction of the Rio Grande do Norte Teachers Association actions. The study also emphasizes the modeling character of the pedagogical press in question, whose contents, in the form of conferences, discussions, speeches, lessons and excerpts from other publications to instrumentalize the Potiguar teaching in the new way of teaching for life. There is an articulated and intentional approach between the leaders of the association with the public power, in this sense, the pedagogical and conceptual directions were, at least time frame of research, aligned with the politicians thought that held government positions in this period. The main interlocutors and mediators of the entity actions and the government were the teachers Nestor dos Santos Lima, Amphilóquio Câmara and José Augusto Bezerra de Medeiros, intellectual, political and educational references, at local, regional and national livels. Consequently, we use the pedagogical magazine as a source and object of the research. Besides other printed materials, such as the “A República” newspaper, articles and books that treat of the theme. For the analysis, we resort to Chartier's concepts of representation and practices (1990); configurations of Elias (2001); strategy and writing of Certeau (1994). It concluded that all the undertaken moviment had as reference, the elements of the new school, already widely practiced in the state of São Paulo, considered the leader, in the matter of educational advances; It is also noted that the discussions in congresses, national conferences, pedagogical weeks, creation of associations, were places of foster the ideas of modern and renewing education, to arouse the interest of teachers to put this in practice this new model of education. In this sense, our research verifies the interlocutions between studies, congresses, lectures, dialogues and questions organized in the axes of São Paulo and other states with the organization north of Rio Grandense. In this segment, Rio Grande do Norte, since the creation of APRN, in 1920, sought to send representation for educational events, therefore, when the first National Conference on Education was installed in 1927, organized by the Brazilian Education Association - ABE , with the participation of Professor Nestor dos Santos Lima and José Augusto Bezerra de Medeiros. In view of this, our study retrieves the history and participation of these potiguares, actors who stood out and sought innovation in the educational system and in organizations as a whole. The points listed here and the knowledge of analyzed works may give rise to further research, aiming to get to know those who did the educators and schools of yesterday to understand the subjects of today's education, both individually and collectively.

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Cette recherche s'inscrit dans le souci de contribuer au renforcement de l'histoire de l'éducation dans l'État de Rio Grande do Norte et analyse les idées pédagogiques propagées à travers la Revue “Pedagogium”, dans les anées 1920 et 1932 – des idées qui sont issues du mouvement Escola Nova et de ses relations dans la construction des actions de l’Association des enseignants du Rio Grande do Norte (APRN). L’étude souligne également le caractère modélisateur de la presse pédagogique en question, dont le contenu, sous forme de conférences, débats, discours, leçons et extraits d’autres publications, est un moyen d’instrumentaliser l'enseignement potentiel dans la nouvelle façon d'enseigner pour la vie. Il existe une approche articulée et intentionnelle entre les dirigeants de l’association et le pouvoir public. En ce sens, les orientations pédagogiques et conceptuelles étaient, du moins pendant tout le temps de la recherche, alignées sur les opinions des hommes politiques occupant des postes gouvernementaux au cours de cette période. Les principaux interlocuteurs et médiateurs des actions de l'entité et du gouvernement étaient les enseignants Nestor dos Santos Lima, Amphilóquio Câmara et José Augusto Bezerra de Medeiros, références intellectuelles, politiques et éducatives aux niveaux local, régional et national. Nous utilisons donc le magazine Pedagogium

comme source et objet de la recherche, ainsi que d’autres documents imprimés, tels que le journal «A República», des articles et des livres traitant de ce thème. Pour l'analyse, nous avons utilisé les concepts de Chartier de représentation et de pratiques (1990); celui des configurations d'Elias (2001) et ceux de stratégie et de rédaction de Certeau (1994). On en conclut que tout le mouvement entrepris avait pour référence les éléments de la Nouvelle École (Escola Nova), déjà largement pratiquée dans l'État de São Paulo et considérée comme étant à la pointe pour les avancées en matière d'éducation; Il est également noté que les discussions, lors de congrès, conférences nationales, semaines pédagogiques ou dans les créations d'associations, étaient des espaces pour promouvoir les idées d'une éducation moderne et renouvelée, afin de susciter l'intérêt des enseignants et de mettre en pratique ce nouveau modèle éducationnel. En ce sens, notre recherche vérifie les interlocutions entre études, congrès, conférences, dialogues et questions organisées dans les axes de São Paulo et d'autres États avec l'organisation nord rio-grandense. Dans ce segment, Rio Grande do Norte, depuis la création de l’APRN en 1920, le Rio Grande do Norte a voulu envoyer des représentants lors des événements éducatifs. Tel fut le cas lors de la première conférence nationale sur l’éducation de 1927, organisée par l’Association brésilienne de l’éducation - ABE, et à laquelle ont participé les professeurs Nestor dos Santos Lima et José Augusto Bezerra de Medeiros. Dans cette perspective, notre étude retrace l'histoire et la participation de ces potiguares, acteurs qui se sont démarqués et ont cherché l'innovation dans le système éducatif et dans les organisations dans leur ensemble. Les points énumérés ici et la connaissance des travaux analysés peuvent donner lieu à de nouvelles recherches, dans le but de faire connaissance avec ceux qui ont formé les éducateurs et les écoles d'hier à comprendre aujourd'hui les thèmes de l'éducation, individuellement et collectivement.

Mots-Clés: Presse pédagogique; Mouvement de la Nouvelle École; Éducateurs en Mouvement.

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Quadro 1 – Redatores da Revista Pedagogium ………. 38

Figura 1 – Capa da Revista Escola Nova, nº1... 43

Quadro 2 – Programa do Método Globalizador – BLONSKY...… 82

Figura 2 – Capa e Sumário da Revista Pedagogium, nº 8, 1923...… 84

Figura 3 – Imagem da capa da Revista Pedagogium na 1ª fase... 87

Quadro 3 – Artigos e textos da Revista Pedagogium : objetos de análise da pesquisa...… 90

Quadro 4 – Conferências dos Anais das Semanas Brasileira de Educação 1928-1930, que foram analisadas nesta pesquisa...…...….. 92

Figura 4 – Aprígio de Almeida Gonzaga...…...….. 98

Figura 5 – Primeira página do artigo – O Slojd...…. 100

Figura 6 – Eliseu de Oliveira Viana... 110

Figura 7 – Mercedes Dantas ………... 120

Figura 8 – Fotografia dos Alunos do Grupo Escolar Antônio de Souza e Sede da APRN 132 Figura 9 – Entrevista do professor Luiz Antônio... 136

Figura 10 – Fotografia da Sede da Associação de Professores do RN ... 138

Figura 11 – Professor Amphilóquio Carlos Soares da Câmara ………. 141

Figura 12 – José Augusto Bezerra de Medeiros...…... 144

Figura 13 – Homenagem a José Augusto na Pedagogium 1923... 145

Figura 14 – Professor Dr. Nestor dos Santos Lima... 150

Figura 15 – Professor Nestor Lima e concluintes de 1921 da Escola Normal... 152

Figura 16 - Homenagem ao Professor Nestor Lima na Pedagogium – 1923... 155

Figura 17 – Congresso Pedagógico da APRN – Dez. 1922...….. 156

Figura 18 – Congresso Pedagógico da Associação de Professores...…….. 158

Figura 19 – Anais da Segunda Semana Brasileira de Educação – 1929... 166

Quadro 5 - Programação da Segunda Semana Brasileira de Educação - 07 A 13 de outubro de 1929... 167

Figura 20 – Anais da Terceira Semana Brasileira de Educação – 1930... 174

Quadro 6 - Programação da Terceira Semana Brasileira de Educação - 12 a 18/Maio/1930... 175

Figura 21 – Educação Física na Escola Doméstica de Natal... 177

Figura 22 – Impressões da América – Jornal A República – 1922...…... 178

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ABE – Associação Brasileira de Educação

APRN – Associação de Professores do Rio Grande do Norte

ASSOERN – Associação de Orientadores Educacionais do Rio Grande do Norte CE – Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte

RN – Rio Grande do Norte

SINTE/RN – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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APRESENTAÇÃO... 14

1.TRILHA METODOLÓGICA... 18

1.1 Bases Metodológicas... 21

1.2 Pressupostos Teóricos... 31

1.3 A Revista Pedagogium ... 37

2. MOVIMENTO DA ESCOLA NOVA NO RIO GRANDE DO NORTE – RN... 41

2.1 Bases filosóficas e pressupostos da Escola Nova... 48

2.2 O ideário do movimento da Escola Nova para a educação brasileira e para o RN... 63

2.3 Escola Nova e alterações promovidas na Educação do Rio Grande do Norte – RN.. 71

3. REVISTA PEDAGOGIUM : difusão do ideário escolanovista no RN... 85

3.1 Revista Pedagogium e o ideário da Escola Nova ... 89

3.2 Primeiras inserções: Slojd e a formação moral da juventude... 97

3.3 Educar para a vida...… 120

4. ASSOCIAÇÃO DE PROFESSORES: Educadores em movimento... 132

4.1 Congresso Pedagógico da Associação de Professores do RN - 1922... 156

4.2 Semanas Brasileiras de Educação (1928 – 1930)... 163

4.3 Manifesto dos Pioneiros da Educação – 1932... 180

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 189

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O interesse em analisar as manifestações do Movimento da Escola Nova, na educação do Rio Grande do Norte, se deu quando realizava a pesquisa de mestrado, que teve como fonte a Revista Pedagogium, impresso pedagógico da Associação de Professores do Rio Grande do Norte – APRN, que desde a sua primeira edição apresentava conteúdos temáticos com o propósito de articular um projeto educativo nos princípios da Escola Nova.

Articulação essa, que demonstrava o criterioso direcionamento dos artigos, onde a maioria era de autores locais, professores e intelectuais, cuja argumentação e alinhamento das ideias objetivavam instrumentalizar o professorado, e como consequência dessa formação, empreendia uma atuação docente, na perspectiva de ensinar a fazer, fabricando, de educar preparando as crianças, jovens e adultos para o mundo do trabalho.

Embora a Revista Pedagogium tenha sido fonte de diversas pesquisas, nenhuma ainda se debruçou sobre as ideias escolanovistas, que perpassam suas temáticas. Podemos aferir que os educadores que estiveram a frente no comando da educação do Rio Grande do Norte, fosse na Associação de Professores, fosse nos órgão do poder público, se posicionaram em favor das mudanças advindas, como o processo de industrialização e aderiram ao novo projeto educacional, cuja sustentação estava no princípio democrático da escola pública e comum para todos, sem no entanto, romper com o projeto da sociedade capitalista.

Sobre esse aspecto, Soares (2000) analisa:

A escola, do ponto de vista da burguesia, precisaria ser reformulada, já que as modificações ocorridas no capitalismo exigiam um novo tipo de dirigente que não poderia mais ser formado pela escola humanista. Assim, nasce um movimento de intelectuais visando a organizar um novo projeto educacional. Trata-se do movimento pela Escola Nova, composto por várias correntes de pensamento, mas que se aglutinavam em torno de alguns princípios, tais como o de que a escola deveria ser pública, gratuita e única. Esse movimento levou em conta reivindicações dos trabalhadores, como a questão da democratização do acesso ao saber, alargando o atendimento escolar, e da unidade do ensino teórico e prático, definindo o

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O princípio de trabalho é manifestado na relação educativa com a atividade, a ação, a prática, é essa noção que a imprensa pedagógica faz circular.

Desse modo, a presente tese utiliza a Revista como fonte e objeto de estudo, a partir das orientações metodológicas dos interlocutores que demonstram compromisso e entusiasmo na tarefa de produzir conhecimento, aperfeiçoamento das práticas docentes e conseguir adesão a um projeto educativo. Para tal projeto, tomou-se como paradigma elementos da Escola Ativa, cujas referências advém dos Estados Unidos, da Europa e do Brasil, especialmente, o Estado de São Paulo.

No Rio Grande do Norte, são muitas as referências educacionais engajadas na APRN e no poder público ligado à educação, tais como Professor Dr. Nestor dos Santos Lima, Dr. Manoel Dantas, Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros, Amphilóquio Câmara, Oscar Wanderley, Eliseu Viana, Alfredo Lira, Antônio Estevam da Silva, entre outros. Dentre os Colaboradores, Christovam Dantas esteve nos Estados Unidos da América – EUA e enviou suas impressões sobre a educação daquele país, e algumas foram objeto de publicação na Revista.

Com o propósito de tornar visíveis essas ideias, colocamos à disposição da comunidade científica a pesquisa intitulada, Revista Pedagogium: A Associação de Professores em ação pelo projeto educativo da Escola Nova no RN (1920 – 1932), explicitando o avanço apresentado pela intelectualidade norte rio-grandense, que utilizou diversos espaços sociais para propagar o seu ideário, inclusive criando a Escola Normal, lugar esse que tinha como objetivo formar professores para atuar nessa nova perspectiva, era uma espécie de motor do desenvolvimento para a vida social, uma vez que as necessidades do mundo moderno exigiam nova mentalidade.

A escolha para pesquisar as décadas de 1920 – 1932 deve-se ao ano de criação da Associação e o ano do lançamento do Manifesto dos Pioneiros, respectivamente. Compreendemos a Revista Pedagogium como produto cultural do projeto da Escola Nova, defendido pelos escolanovistas e produzido por professores e intelectuais, inseridos numa configuração histórica determinada. Além da revista, também

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Manifesto dos Pioneiros e do Jornal A República.

O texto dessa tese foi organizado e se apresenta em quatro capítulos. No primeiro, traçamos a Trilha Metodológica, apresentando as bases metodológicas, os pressupostos teóricos da pesquisa e a Revista Pedagogium.

No segundo capítulo, intitulado Movimento da Escola Nova no Rio Grande do Norte – RN, apresentamos e analisamos as Bases filosóficas e os pressupostos teóricos da Escola Nova; O ideário do movimento da Escola Nova para a educação brasileira e para o RN. No último tópico, anunciamos a Escola Nova e alterações promovidas na Educação do Rio Grande do Norte – RN.

O terceiro capítulo analisa a Revista Pedagogium, enquanto espaço de difusão do Ideário da Escola Nova no RN, a partir dos tópicos: Revista Pedagogium e o ideário da Escola Nova; Primeiras inserções: Slojd e a formação moral da juventude e Educar para a vida.

E no quarto capítulo, discorremos sobre a Associação de Professores, educadores em movimento, considerando e analisando as principais contribuições advindas do Congresso Pedagógico da Associação de Professores do RN – 1922; A Escola Nova nos Anais das Semanas Brasileiras de Educação (1928 – 1930); e o Manifesto dos Pioneiros da Educação – 1932. E por fim, tecemos as considerações finais.

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encantar com o texto. É cair na tentação do humano nele sempre presente. É hesitar, com medo do fracasso, antes de se atirar ao mundo. É buscar o que se perdeu do lado oposto das certezas. É oferecer alguma coisa a alguém. Quem aceita? (NUNES, 1990, p. 43).

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1. TRILHA METODOLÓGICA

O que fabrica o historiador quando "faz história"? Para quem trabalha? Que produz? Interrompendo sua deambulação erudita pelas salas dos arquivos, por um instante ele se desprende do estudo monumental que o classificará entre seus pares, e, saindo para a rua, ele se pergunta: O que é esta profissão? (CERTEAU, 1982, p. 57).

A história que fabrico1, enquanto pesquisadora da história da educação

tem suas raízes na minha trajetória estudantil, como educadora orientadora educacional e militante social, e tem seu marco inicial quando da minha inserção no movimento estudantil, ainda como estudante do Curso de Pedagogia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e nos encontros nacionais de estudantes de Pedagogia, que dentre as suas temáticas estavam imbricadas as preocupações com a prática profissional.

No ano de conclusão do curso, em julho de 1983, participei do último encontro como estudante de Pedagogia em Fortaleza e a palavra de ordem era ocupar os cargos e trabalhar contra a maré de forma organizada nas associações estaduais. O objetivo do encontro era colocar em prática a tarefa de disseminar nos estados discussões acerca do papel dos especialistas em educação (Administradores, Orientadores e Supervisores educacionais), criados a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 5.692/71, para assumir tarefas de controle, conforme prescrição do Regime Militar, que governava o país, desde 1964.

Com este novo olhar, e após a aprovação em concurso público, ingressei como Orientadora Educacional na Rede Estadual, em 1985, e logo fui em busca da Associação dos Orientadores Educacional do Rio Grande do Norte - ASSOERN, entidade que me filiei e passei a participar ativamente. Em 1986, participei da direção da entidade, na qual fiquei até a unificação dos trabalhadores em educação em um único sindicato, que passou a ser Sindicato dos Trabalhadores em Educação

1No sentido em Certeau (1982, 57), ao afirmar que, certamente não existem considerações, por mais gerais que sejam, nem leituras, tanto quanto se possa estendê-las, capazes de suprimir a particularidade do lugar de onde falo e do domínio em que realizo uma investigação. Esta marca é indelével. […] Mas o gesto que liga as ‘ideias’ aos lugares é, precisamente, um gesto de historiador. Compreender, para ele, é analisar em termos de produções localizáveis o material que cada método instaurou inicialmente segundo seus métodos de pertinência.

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do Rio Grande do Norte – SINTE-RN, em 1989. Na ASSOERN, tive a oportunidade de trabalhar temas que nos conduziram ao estudo de obras diversas de educadores e filósofos que defendem os princípios de democracia, de coletivo e de solidariedade.

A Direção da ASSOERN mantinha estreito alinhamento com a então Direção da Associação dos Professores do Rio Grande do Norte – APRN, entidade de classe de maior representação e de importante história para a educação do estado potiguar.

Esse percurso me impulsionou a dar visibilidade as ideias, os debates e, a ação dos educadores que, por meio da Associação de Professores do Rio Grande do Norte, edificou as bases filosóficas e pedagógicas do Movimento da Escola Nova, mantendo participação sistemática e propositiva nos eventos de grande expressividade para a educação do Brasil, e amplamente divulgado no seu órgão de imprensa da APRN, denominada Revista Pedagogium.

A análise histórica da ação dos educadores da APRN, em torno do projeto educativo da Escola Nova no RN (1920 – 1932), propagada na Revista Pedagogium, percebe o periódico, enquanto espaço de circunscrever posições, escolhas teóricas, regulação e modelagem dos discursos e prática pedagógica. Nesta perspectiva, o periódico pedagógico se constituiu, estrategicamente, em importante veículo de circulação do projeto de sociedade republicana, cujas bases, foram fortemente difundidas, representadas e formalizadas nos artigos, notas de redação, lições e discursos, com a intenção de sistematizar uma ideia de progresso e de mudança social, a partir da educação.

Aspecto que toma como referencial o conceito de escritura de Certeau (1999), ao inscrever a escrita como um ato “moderno”, com poder sobre a exterioridade social, revela entre outros aspectos, ser,

[...] o jogo escriturístico, produção de um sistema, espaço de formalização, tem como “sentido” remeter à realidade de que se distinguiu em vista de mudá-la. Tem como alvo uma eficácia social. Atua sobre a sua exterioridade. O laboratório da escritura tem como função “estratégica”: ou fazer que uma informação recebida da tradição ou de fora se encontre aí coligida, classificada, imbricada num sistema e, assim, transformada; ou fazer que as regras e os modelos elaborados neste lugar excepcional permitam agir sobre o meio e transformá-lo. (p. 226)

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A Revista Pedagogium, conforme seus idealizadores, foi criada com o propósito moderno de difusão do conhecimento e acomodar uma perspectiva pedagógica, a fim de alterar os modelos até então praticados. Certeau (1999) chama a atenção que essas são características do capitalismo, vislumbra o poder da conquista, por meio de seus mecanismos de fabricação de objetos, de formatar “uma população exterior” e a de conformar aos novos padrões educacionais. A revista então, é o laboratório científico que assume, como já registrado, espaço científico acadêmico e propagador, que se propõe a contribuir e instrumentalizar o professorado para atuar com conhecimento e técnica, exigências da modernidade, no caso do nosso recorte histórico, do processo de industrialização e suas necessidades técnicas.

Ribeiro (2003), ao delinear o percurso metodológico de sua pesquisa2,

afirma que a história cultural da sociedade se distancia da tradicional maneira de fazer história das ideias, quando permite ao historiador da educação utilizar impressos que fazem circular ‘ideias’, tomando como exemplo, as revistas pedagógicas, bem como, “a história dos suportes materiais, das formas impressas ou manuscritas: a história do livro, da correspondência, da revista pedagógica, do jornal,etc.” (RIBEIRO, 2003, p. 25).

A história que se volta para,

os processos materiais de produção, circulação e apropriação do impresso, abre perspectivas novas de tratamento de velhas questões da historiografia educacional, permitindo determinar, com maior rigor, as relações entre ideias pedagógicas, disseminadas através destes processos, e suas apropriações nas práticas escolares (CARVALHO; NUNES, 1993, p. 49).

Nessa nova perspectiva historiográfica, optamos pela análise da história das ideias escolanovistas circulantes na Revista Pedagogium, por inserir as inter-relações das áreas da psicologia e das ciências sociais, proposta por John

2 Ribeiro (2003), A pesquisa se refere a Dissertação de Mestrado em Educação, oportunidade em que a autora analisou a Revista Pedagogium, revelando as ideias de educadores na década de 1920, com propósito de formar o ideário pedagógico, tendo como fonte o impresso da Associação de Professores do Rio Grande do Norte - APRN. Para tanto, utilizou os conceitos e a metodologia da História Cultural, de modo a explicitar as escolhas dos temas, com vistas a embasar as alterações necessárias à educação para promover a educação contra o analfabetismo no Rio Grande do Norte.

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Dewey e Anísio Teixeira, que orientaram as práticas educativas e sociais de professores, e como consequência alteram a cultura escolar, de modo a conformar um projeto de sociedade que tem o cerne na modernidade capitalista.

1.1 BASES METODOLÓGICAS

A história da educação que trata da Escola Nova, a partir dos escritos da Revista Pedagogium3, defende que as ideias escolanovistas são

parte imbricada do projeto social. E para analisar essas ideias, buscamos explicações de como se efetivou essa articulação e fundamentação nos conceitos de representação, práticas e circulação, de Chartier (1990).

É propósito da pesquisa explicitar o movimento da Escola Nova a partir das primeiras manifestações publicadas na Revista Pedagogium, associando-as às exigências advindas da expansão industrial, no que se refere à necessidade de uma educação prática, em que a experiência é a matriz propulsora que prepara os professores e alunos para viver numa sociedade industrial, ativa e higiênica.

Ao discorrer sobre perspectivas históricas da educação, Lopes (1995) evidencia que um dos temas bastante trabalhado pelos pesquisadores educacionais é a ‘Escola Nova’, mas, ao mesmo tempo afirma que “no entanto, no que diz respeito à sua “criação” e às suas relações com a sociedade capitalista (europeia e americana) em expansão, existe pouco (ou mesmo nenhum) trabalho traduzido e / ou produzido” (p. 51).

Entendemos, ser esta uma provocação de Lopes (1995), bem como um estímulo às buscas futuras, sobre o movimento da Escola Nova, tema que ainda não foi esgotado pelos pesquisadores. Em nosso estudo, desde a análise das primeiras inserções de elementos do nosso objeto de pesquisa, 3 Ver os estudos de: CAVALCANTE (1999); RIBEIRO (2003), ALVES (2016); que utilizam a Revista Pedagogium, como fonte de pesquisa historiográfica da educação do Rio Grande do Norte.

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publicadas na Revista Pedagogium, fomos conduzidas a buscar a criação da Escola Nova, uma vez que, encontramos vestígios, desse movimento, advindos, tanto da Europa quanto dos Estados Unidos da América. Embora, no caso brasileiro, percebe-se, claramente, forte influência da proposta americana, quando propõe um deslocamento teórico. Tal deslocamento é percebido nos escritos de Mercedes Dantas (1930); Amphilóquio Câmara (1923) e Nestor Lima (1922).

A configuração do campo educacional, a partir dos escritos da revista, evidencia que o deslocamento teórico e prático adotado pela educação brasileira, se deu, sobretudo, a partir das proposições de John Dewey e a concepção de educação para a vida, baseada na ação ativa dos estudantes sobre os objetos, por meio de experimentos, produção do conhecimento que prioriza o saber fazer, já amplamente praticada nas escolas americanas. Proposta que Anísio Teixeira incorporou, enquanto discípulo de Dewey, e seu maior interlocutor em solo brasileiro.

Os estudos apontam ainda que a educação idealizada e praticada no Estado de São Paulo se constituiu em referência para os educadores e intelectuais norte rio-grandenses, que no dizer dos artigos publicados, São Paulo era considerado, o estado “líder” em adotar técnicas e medidas eficazes na educação brasileira, que devem ser seguidas pelo caráter prático, e em consonância com o que há de mais moderno.

Para Chartier (1990),

As representações que os grupos modelam deles próprios ou dos outros, afastando-se, portanto, de uma dependência demasiado estrita relativamente à história social entendida no sentido clássico, a história cultural pode regressar utilmente ao social, já que faz incidir a sua atenção sobre as estratégias que determinam posições e relações e que atribuem a cada classe, grupo ou meio um «ser-apreendido» constitutivo da sua identidade.

Noção que nos remete “as configurações específicas e as estratégias particulares” que foram pensadas, articuladas e produzidas pelos educadores e

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intelectuais do Rio Grande do Norte, a partir do Estado referência, de modo a situar “as posições sustentadas e dos caminhos seguidos” (CHARTIER, 1990, p. 16).

Destacamos, nesse percurso, o novo encontro com as revistas, por meio do acervo xerografado de grande maioria das revistas, conseguido a partir das originais guardados no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte -IHGRN, quando consultado na primeira pesquisa para o mestrado em 2003.

Evidenciamos que na pesquisa atual, o IHGRN estava interditado e reabriu em 2018. Mas, infelizmente, conforme a política da nova gestão da instituição, não permitia o acesso às obras, na forma física, optaram por organizar e tentar digitalizar todos os documentos existentes, e ir disponibilizando, na medida do possível, no formato digital.

Diante dessa dificuldade de acessar as fontes no local em que estavam guardadas fisicamente as revistas da APRN, apostamos nas outras possibilidades, a primeira, já relatada, e nos ambientes virtuais e digitais.

Tendo em vista essa limitação, partimos para as alternativas seguintes, com o material que tínhamos em mãos para empreender a análise da temática escolhida e seus desdobramentos. Para tanto, foi feito uma leitura geral das revistas xerografadas. O garimpo criterioso apontou uma grande quantidade de conteúdos educativos e dirigidos ao professorado norte rio-grandense. A diversidade das temáticas se constituiu numa problemática, considerando a pertinência e relevância dos temas para a minha análise.

Em segundo momento, tratamos de separar as matérias que apresentassem vestígios sobre as ideias escolanovistas, caminho bem-sucedido. No entanto, o volume encontrado abriu um leque de informações muito amplas, então optamos por buscar entre as inúmeras informações, textos mais específicos, com fundamentos, princípios e elementos necessários para empreender o projeto educativo da Escola Nova no RN.

Outro aspecto observado diz respeito aos elementos do processo de mudança social, pedagógica e cultural nos moldes republicanos que se constituíram em objeto de discussão dos educadores, intelectuais e políticos, cujas vozes e debates foram ampliados, a partir da fundação da Associação de Professores do Rio Grande do Norte - APRN, em 04 de dezembro de 1920. E mais fortemente, com a criação do seu órgão de imprensa, a Revista Pedagogium, de publicação bimestral, consolidando as aspirações da direção da APRN, promoveu a difusão das ideias,

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propostas e ações educacionais, dirigidas aos professores do Estado Potiguar. Em 1923, durante a sessão solene de posse do Conselho Diretor da Associação de Professores, o Presidente da entidade, Amphilóquio Câmara (1923), em discurso, fez o seguinte destaque:

Em janeiro de 1921, quando pela primeira vez, os meus colegas do magistério público me investiam nas altas funções de seu presidente, eu dizia que a Associação de Professores era uma aspiração que se havia de tornar fecunda realidade, dentre em breve.

Hoje, com o seu órgão na imprensa e com este majestoso edifício, já podeis julgar do valor das minhas palavras de então e da capacidade e dos nobres intuitos dos seus associados. (p. 23-25).

Dentre as temáticas contidas na Revista Pedagogium, foi possível identificar a intenção de instituir nova mentalidade no campo educativo à luz da Escola Nova, desde a sua primeira edição, com muitas produções, um achado para pesquisadores desse movimento. Numa segunda releitura, dessa vez analisando com mais acuidade, vimos os artigos que foram intencionalmente produzidos para conduzir uma ideia, considerada inovadora da educação prática, desde os seus fundamentos, o deslocamento teórico, incluindo as lições a serem adotadas, pelo magistério potiguar, a partir dessa perspectiva.

Para explicitar esse movimento e as novas tarefas do professorado, encontramos um vasto acervo escrito que fundamenta sobre o novo modo de ensinar, de se comportar, que desvela o papel do professor e da educação, segundo os preceitos da Escola Nova.

Outro aspecto a ser analisado, diz respeito à posição social dos produtores dos referidos artigos e a influência intelectual que exercem na categoria e na sociedade, representação que se traduz na aceitação, credibilidade e confiança nas ideias e propostas veiculadas na revista.

A noção de representação de Chartier (2002) possibilita, entre outros aspectos, demarcar espaços, seja na direção da entidade de classe, seja no governo, bem como na Revista Pedagogium, como propagadora de ideias, formuladas pelos próprios dirigentes com finalidade de formar tantos eles próprios, como promover a circulação dessas ideias dominantes, com o intuito de modelar a prática dos professores, em seus locais de atuação em todo o Estado do RN,

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As representações do mundo social assim construídas, [...] são sempre determinadas pelos interesses de grupo que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discursos proferidos com a posição de quem os utiliza. (p. 17)

George Duby (1988), no seu estudo sobre o cavaleiro medieval inglês William, The Marshal, contribuiu para o renascimento da narrativa histórica, utilizando relatos contemporâneos para esclarecer comportamentos medievais. Nessa obra, o autor propõe que se deve dar mais atenção aos relatos, às narrativas, buscar sentido nas lacunas do que não foi dito, esquecido ou ocultado. De acordo com Duby (1988),

Essas narrativas ensinam-me mais [...] através de suas tergiversações”. O autor revela se apegar à história do homem comum, do homem em sociedade “retendo de suas palavras, para começar, o que revelam sobre sua própria cultura, suas esperanças, seus temores, a maneira como pensa o mundo e a si mesmo (1993, p.100).

Le Goff (1994) defende que as representações coletivas do corpo só assumem todo o seu significado quando analisado ao nível do cotidiano, uma vez que como “suporte da saúde, da doença, do exercício físico, da sexualidade, são diferentes conforme as sociedades e as épocas” (p. 89). Nessa discussão, ressalta a importância que deve ser dada às experiências do cotidiano, reforça as suas argumentações trazendo as ideias de Michel Foucault quando afirma que “o asilo, a prisão e o hospital eram lugares privilegiados, através dos quais se podia compreender, simultaneamente, o cotidiano da história, as suas transformações e o seu sentido” (p.91).

A análise histórica, a partir do cotidiano, desloca a história para a cultura da sociedade, aspecto destacado por Philippe Ariès (1994), ao afirmar que “o que vem dar sentido as coisas é a articulação dos fenômenos no sistema e esta articulação não depende da origem dos elementos” (p. 34), ou seja, suas relações no emaranhado social.

Historiadores brasileiros, pesquisadores do grupo de História da Educação da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação –

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ANPED, a partir dos anos noventa do Século XX, a exemplo de Marta Carvalho, Eliane Marta Lopes, Clarice Nunes, Cynthia Greive Veiga, Diana Vidal, Ana Maria Galvão, entre outros/as, vêm estudando as implicações e o impacto da Nova História Cultural sobre a Historiografia da Educação.

O impacto dessa nova perspectiva histórica, evidenciada por Nunes e Carvalho (1993), é a tendência de destacar às pesquisas e temáticas que tratam das práticas culturais, seus sujeitos e seus produtos, que a nosso ver, tem sido de grande significância para a historiografia da educação brasileira.

Pesquisas essas dão visibilidade a silêncios, revelam o não dito, desbravando as lacunas de uma história da cultura que formou a teia social, tecida pela prevalência e dominação das elites. As implicações de se analisar processos históricos, na perspectiva de compreender a nova história, propõe estabelecer interlocuções com outros campos, problematizando a relação entre historiografia educacional e fontes.

Ao deslocar a perspectiva da produção da historiografia da educação, registram que parte significante das pesquisas realizadas sobre a história da formação docente, no que se refere especificamente na relação com as fontes, se apresentam, em grande medida, lacunares, compartimentalizadas e residuais. Para Nunes e Carvalho, “apesar dessas dificuldades, é justamente no manuseio crítico das fontes que o pedagogo ganha a distância necessária para olhar de uma nova maneira a pedagogia, tornando-se, pela sua prática e pelo seu projeto, um historiador”. (1993, p. 23).

Em A história da educação brasileira: novas abordagens de velhos objetos, Nunes (1992) registra que a história da educação brasileira tem focalizado ao longo de sua trajetória aspectos relativos à legislação e à organização da escola, deixando no esquecimento as práticas – e indaga: Como se materializou? Quais os seus efeitos? Como produziram o movimento de modernidade da sociedade, movimento este que também ajudou a construir?

Questionamentos que perpassam as reflexões historiográficas da educação no Rio Grande do Norte, ao empreendermos uma análise que se propõe interrogar o passado a partir de um diálogo com o presente. Dessa forma, as interrogações iniciais da nossa pesquisa foram: quais as transformações provocadas na relação formação – prática - profissionalização docente, a partir do movimento da Escola Nova no ensino do RN? Quais as reformas? Quais as articulações operadas

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na prática docente?

Questionamentos que permeiam o atual estudo historiográfico, com a utilização da imprensa pedagógica da Associação de Professores do Rio Grande do Norte – APRN, na perspectiva de “identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada e dada a ler” (CHARTIER, 1990, p. 16-17). É, pois, esse entendimento que orienta a atual pesquisa, ao permitir a análise das ideias do movimento da Escola Nova, no cotidiano educacional do RN, a partir dos escritos da Revista Pedagogium.

A vontade de demonstrar que nem tudo foi contado me mobiliza na “tarefa de averiguar miudamente dados, estabelecer novas estratégias de percurso e definir rotas a serem seguidas no dia após dia dos arquivos” (NUNES, 1990, p. 38).

O trabalho voltado para a história das representações pedagógicas, da formação docente e dos projetos educacionais da Escola Nova, com objetivo de transformar a dinâmica, até então praticada na Educação, entre as décadas de 1920 e 1950, cujo veículo propagador de longo alcance utilizado, foi o impresso pedagógico da Associação de Professores.

Sabemos que a temática abordada nessa pesquisa já foi objeto para muitos livros, teses, dissertações e outros trabalhos acadêmicos. Nesse sentido, nosso estudo traz aspectos não analisados ou secundarizados pelas pesquisas anteriores tais como: as representações, a circulação, os vestígios da apropriação, a prática cultural e as ideias higienistas, decorrentes do movimento escolanovista no Rio Grande do Norte.

Com a intenção de estudar os temas e ou orientações teóricas que fundamentaram as novas práticas educativas de professores, e que se constituíram em base modeladora de um projeto pedagógico, publicado na Revista Pedagogium, empreendemos buscas nos arquivos, entendendo que o historiador ao se lançar na busca histórica, “parte com uma intenção precisa, um problema a resolver, uma hipótese de trabalho a verificar” (FEBVRE, 1985, p. 19).

A busca sistemática deu-se através de uma rotina de visitas ao acervo digital da Biblioteca Nacional Digital4, as cópias xerografadas e digitalizadas da

Revista Pedagogium e dos anais da segunda (1929) e terceira (1930), Semana Brasileira de Educação e o acervo físico da Biblioteca Zila Mamede (UFRN).

E a maioria do acervo está em processo de recuperação e catalogação,

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portanto, indisponível para a pesquisa física. Recorremos aos acervos digitais da Biblioteca Nacional, nesse ambiente foi possível acessar revistas pedagógicas de outros estados brasileiros do período pesquisado que possibilitaram, entre outros aspectos, o entrecruzamento das ideias escolanovistas presentes, além do acesso a clássicos da historiografia educacional do Brasil.

No Repositório Digital da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC5, foi possível localizar alguns exemplares da Revista Pedagogium com

algumas páginas de difícil leitura e mesmo assim, consideramos uma contribuição importante para a nossa pesquisa.

Outro importante ambiente digital é o Laboratório de História e Memória da Educação (LAHMED)6, vinculado ao Centro de Educação– CE, da Universidade

Federal do Rio Grande, em construção, mas com o acervo já disponível, local em que encontramos alguns exemplares da Revista Pedagogium.

E as fontes bibliográficas foram acessadas na Biblioteca Zila Mamede, da UFRN, em arquivos digitais, bem como em arquivos particulares, inclusive, no arquivo pessoal da autora da tese.

Outro formato de acesso às fontes deu-se pela partilha de material entre os colegas e professores do Grupo de Estudos em Educação, Estudos Sócio-Históricos e Filosóficos, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN, em que a pesquisa está inserida.

E a fonte primeira dessa pesquisa, a Revista Pedagogium, já havia sido objeto de pesquisa anterior, por ocasião da elaboração da Dissertação de Mestrado, que, na oportunidade, obtivemos a cópia xerografada da maioria dos exemplares da revista e dos anais da segunda (1929) e terceira (1930) Semanas Brasileira de Educação, realizada em Natal pela APRN em parceria com a Associação Brasileira de Educação - ABE, entre os anos de 1928 e 1930.

A partir do contato com os arquivos, passamos a selecionar e a catalogar, relacionando os títulos por ordem de interesse, conforme encontrava os escritos com elementos da Escola Nova. Separávamos todo o material coletado para, em seguida, empreender uma análise rigorosa, curiosa, com ‘paixão’ assumindo a função mediadora de comunicar pelo próprio texto escrito, o ‘calor’, a restituição ‘a própria vida’ de professores do RN, como nos orientou Duby (1993, p. 61-63).

5https://repositorio.ufsc.br/ 6http://lahmed.ce.ufrn.br/jspui/

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Segundo Nunes (1990), nos arquivos “sentimo-nos mergulhar numa imensidão da qual apenas suspeitamos, saboreamos as palavras, ouvimos com os olhos” (p. 38). Descobrimos que os textos revelam uma época, um modo de fazer educação, e que diversas relações estão ali estabelecidas. Em busca dessas relações, fomos construindo o texto da tese, pois o desejo, enquanto pesquisadora, era de passar horas transcrevendo informações nos arquivos, analisando, revisitando, criando e recriando histórias, na perspectiva de reconstituir práticas educativas de professores e professoras.

Construímos um texto relacionando a coleta empírica nas fontes documentais como jornais, revistas, livros, com a análise dos escritos e das orientações didáticas, entre outros aspectos contidos na Revista, relevantes ao estudo. Pretendemos compartilhar com os leitores e leitoras, a emoção que vivenciamos ao vasculhar os vestígios do passado, julgando ouvir as vozes de professores e de professoras, assegurando a essas vozes “uma sobrevivência, ou melhor, uma vida” (LE GOFF, 1996), que emerge no presente.

Os registros apontam, sobretudo, a partir de 1925, que as edições da Revista Pedagogium incluíam artigos cuja temática apontavam para uma adesão aos novos conceitos e elementos das propostas do movimento da Escola Nova. Diversas são as produções textuais explicitadas no quadro 2, desta pesquisa, que objetivavam a renovação da educação norte rio-grandense, afinada com a educação praticada em São Paulo. Essa afinação se deu a partir de alguns pontos sugeridos no texto “O ‘Slojd’ e a formação moral dos jovens”, de Aprígio Gonzaga, fundador desse sistema de ensino em São Paulo, cujas bases é a proposta americana.

O professor Amphilóquio Câmara, na sessão de posse do Conselho Diretor da APRN, em 04 de dezembro de 1923, proferiu um discurso, pontuando as ações da associação com a finalidade de unir o magistério. O estudioso escreveu, em 1924, o artigo intitulado A organização do ensino público que trata das políticas governamentais para a educação no Rio Grande do Norte que muito contribuiu para os educadores refletirem/desenvolverem suas atividades, a partir de “uma síntese da nossa legislação escolar, calcada nos preceitos da moderna pedagogia” (CÂMARA, Pedagogium, n,15, 1924, p. 10).

Outras matérias que denotam a concepção de educação, recorrente nas décadas estudadas são utilizadas também como objeto de discussão, na perspectiva de delinear os métodos e práticas de ensino realizadas.

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A apropriação cultural dos escritos da Revista Pedagogium depende da interpretação que o leitor faz dos mesmos, relacionando-os ao seu próprio contexto, ao seu interesse e significação. Interpretação essa que respeita o caráter plural e social das relações dos agentes de um determinado grupo. Nesta pesquisa, referimo-nos, especificamente, ao campo educacional norte rio-grandense, compreendendo-o como parte de um todo da sociedade brasileira, entendendo-o como,

o espaço que inclui a vida e os interesses de grupos profissionais, a elaboração e difusão de trabalhos que visam ao estabelecimento de formas legítimas de tratamento para as questões de âmbito educativo, as instituições escolares e os mecanismos criados para manter o campo delimitado e em atividade (CATANI, 1989, p.20).

Nesse sentido, analisamos os textos da Revista Pedagogium identificando como esses foram apreendidos, manejados pelos educadores das décadas analisadas. Nesse movimento, identificamos como construíram as relações educativas e que basearam nossas análises “antes em impressões que em certezas” (DUBY, 1993, p. 60).

É nesse desvelar que empreendo a análise considerando três aspectos: primeiro, a preocupação dos idealizadores do periódico em manter o alto nível dos artigos, que nos fez perceber o criterioso cuidado empreendido, no sentido de fundamentar o público e convencê-los da proposta veiculada; segundo, a manutenção ao longo das publicações do caráter eminentemente pedagógico e o terceiro, a significativa participação de professores tanto da capital quanto do interior do Estado.

Ressalto, que a análise priorizou os escritos que tratam do ideário da Escola Nova, de modo a tecer uma contribuição da historiografia da educação, com destaque aos artigos dirigidos para a formação de professores, que os capacitem a ensinar com arte, por meio de experimentos. Formados com os fundamentos filosóficos e metodológicos do movimento da Escola Nova, seriam os professores capazes de operar mudanças no cotidiano das escolas.

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Para evidenciar como as ideias escolanovistas foram introduzidas e disseminadas no campo educacional do Rio Grande do Norte, por meio da imprensa pedagógica da APRN, fundamentam o nosso estudo a partir dos pressupostos teóricos que permitem estabelecer inter-relações, articulações e configurações, Chartier (1990; 1991); Elias (2001); Nóvoa (1991;1993); Certeau (1999); Dewey (1959; 1967); Teixeira (1967; 2000); Lourenço Filho (1962; 2002); além dos estudos historiográficos da educação brasileira, que analisam o período temporal destacado na nossa pesquisa.

Dentre os teóricos que permitem estabelecer inter-relações, articulações e configurações, destacam-se as pesquisas encontradas em três grupos temáticos, mais intimamente ligados ao nosso estudo: os que tratam da Escola Nova e modernidade; História da Educação no RN e Formação de professores no RN.

Em relação à temática Escola Nova e modernidade: Oliveira (2002); Vidal (2000); Lima (2001); Sellaro (2003) e Menezes (2009) evidenciam a ligação da introdução da Escola Nova com a implantação da modernidade no Brasil, a partir das primeiras décadas do Século XX, como consequência das transformações ocorridas no interior da sociedade patriarcal, cabendo à educação a tarefa de modernizar a família brasileira. Neste sentido, a instituição escolar foi utilizada para formar novas mentalidades e novos padrões sociais.

Oliveira (2002) configura a sociedade do nordeste brasileiro evidenciando práticas e representações que foram se constituindo no cenário nordestino com a implantação da modernidade, com destaque para as transformações ocorridas no interior da família patriarcal, no esforço para conseguir o novo título, o de família moderna.

Cavalcante (1999), em sua dissertação de mestrado, analisa a Associação de Professores do Rio Grande do Norte e a sua relação com a formação dos intelectuais do estado, durante o período de 1920 a 1933. Neste estudo, há um capítulo dedicado à Revista Pedagogium, evidenciando a ponte entre a direção da APRN e a missão de educar, tomando como elemento de formação o impresso da entidade.

Ribeiro (2003), em sua pesquisa Revista Pedagogium: um olhar sobre a educação no Rio Grande do Norte, reconstituiu as práticas educativas e representações dos professores da educação básica do estado na década de 1920.

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Para a análise, a autora utilizou dentre as fontes, a Revista Pedagogium, imprensa pedagógica da Associação de Professores do Rio Grande do Norte – APRN. Na pesquisa, destacou os aspectos relativos à materialidade, à periodicidade e à circulação do periódico, além de configurar a educação norte rio-grandense, evidenciando as práticas educativas de educadores, por meio dos seguintes temas: o celibato pedagógico feminino; a moda e a educação; as ideias da educação higiênica e os escritos femininos. Reflexões que possibilitaram identificar diferentes pontos de vista existentes no interior da categoria de professores no período estudado.

Menezes (2009), ao analisar a história do discurso do jurista-educador Nestor dos Santos Lima e sua influência na modernização da educação do Rio Grande do Norte, entre as décadas de 1911-1928, discute elementos fundantes para a compreensão do movimento escolhido pelo educador, introduzindo suas ideias, que vislumbrava uma Escola Nova, destacando dentre outros aspectos, as relações estabelecidas no campo teórico-prático, através de sua atuação como diretor da Escola Normal e, posteriormente, como diretor do Departamento de Instrução Pública.

Nas análises destacadas, os autores privilegiaram como objeto de estudo, discursos, entidade de classe, imprensa pedagógica, políticas educacionais, implantadas por meio das reformas de ensino, práticas culturais, entre outros aspectos relevantes para a compreensão histórica do campo educacional do período pesquisado.

Pesquisas que tratam da historiografia da formação docente, associada à Escola Normal de Natal; a arquitetura escolar e história da educação do RN se constituem uma contribuição aos estudos do movimento da Escola Nova no RN, uma vez que o recorte temporal e o objeto de estudo se entrecruzam nas configurações educacionais e sociais.

São relevantes ainda as pesquisas de Aquino (2007) que tratam da prática docente da Escola Normal de Natal e as influências da Escola Nova na formação das professoras. Seguindo a mesma linha temática, a professora Francinaide Silva Nascimento (2013) estudou o percurso histórico da Escola Normal de Natal na Formação de Professores primários, entre 1908 e 1971. E por fim, Moreira (2018) teve como foco a arquitetura das escolas construídas no Rio Grande do Norte a partir dos fundamentos da educação higiênica.

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A relevância dos estudos acima consistem, entre outros aspectos, na alteração promovida pelo Movimento da Escola Nova, na cultura escolar, no modo de se fazer educação e, consequentemente, na formação dirigida aos professores, ofertada na Escola Normal de Natal e a Escola de Aprendizes de Artífices de Natal, objeto da pesquisa de Diana Gurgel (2007), pela sua praticidade e preparação dos jovens para o trabalho manual.

O conceito de configuração permitiu configurar as redes de interdependência empreendidas pelos intelectuais, educadores, famílias e cooperadores com o objetivo de alterar a educação ofertada nas escolas, conforme os princípios da Escola Nova. Nesta perspectiva, Norbert Elias (2008) estabelece intrínseca aproximação entre o conceito de configuração e poder,

O conceito de poder se transformou de um conceito de substância num conceito de relação. No seio das configurações mutáveis — que constituem o próprio centro do processo de configuração — há um equilíbrio flutuante e elástico e um equilíbrio de poder, que se move para diante e para trás, inclinando-se primeiro para um lado e depois para o outro. Este tipo de equilíbrio flutuante é uma característica estrutural do fluxo de cada configuração. (p. 143).

As relações estabelecidas no campo educacional do Rio Grande do Norte como parte de um projeto maior da sociedade no tocante à movimentação dos educadores para implementar novas proposições não se deu de forma linear e nem uniforme, bem como não foi uma aceitação massiva e tranquila. Observamos ter havido resistência, as ideias foram bastantes debatidas em eventos educacionais, em conferências, debates, com nomes ilustres, numa demonstração de poder eloquente e retórica que pretendiam ser inquestionáveis.

Chartier (1991), ao tratar o conceito de representação, faz referência às práticas culturais sobre as formas de poder de um grupo sobre os outros, de modo a manter uma imposição de ideias e de práticas culturais, anunciando haver duas perspectivas:

uma que regula as representações e as ações e supõe uma eficácia própria às ideias e aos discursos, separados das formas que os comunicam, destacados das práticas que, ao se apropriarem deles, os investem de significações plurais e concorrentes. (1991, p. 188)

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Em contraposição às duas vertentes acima, Chartier (1991) propõe outro movimento para as relações entre práticas e representações:

Nossa perspectiva é outra: quer compreender a partir das mutações no modo de exercício do poder (geradores de formações sociais inéditas) tanto as transformações das estruturas da personalidade quanto às das instituições e das regras que governam a produção das obras e a organização das práticas. A ligação estabelecida por Elias entre, por um lado a racionalidade de corte — entendida como uma economia psíquica específica, produzida pelas exigências de uma forma social nova, necessária ao absolutismo — e, por outro, os traços próprios à literatura clássica — em termos de hierarquia de gêneros, de características estilísticas, de convenções estéticas — designa com acuidade o lugar de um trabalho possível. (p. 187-188).

A proposta é explicitar como o campo educacional potiguar se organizou para provocar mudanças ao utilizar-se do poder e das influências advindas dos Estados Unidos da América e dos Estados do Sul do Brasil, de modo a alinhar a educação a ser praticada no RN, com a do estado líder, São Paulo.

Dewey (1959; 1967); e Teixeira (1967; 2000), autores centrais do movimento da Escola Nova das Américas, cujas obras expressam os principais fundamentos filosóficos e conceitos, tais como, democracia e necessidade; relacionados à Escola Nova propõem que é necessário preparar os estudantes para o mundo moderno, aplicando metodologia que tem como base o estudo de coisas, por meio de experimentos e experiências práticas. Essa proposta metodológica prima pela técnica do professor em “ensinar a fazer”, e a do aluno em “aprender a fazer”, preparando o estudante para o trabalho, a vivência comunitária e a vida em sociedade. Sobre esse aspecto, Teixeira (1959), defende:

A integração desses novos conceitos na filosofia veio permitir a sua reformulação, com a elaboração de uma teoria geral do conhecimento fundada no método do conhecimento científico, uma teoria da sociedade adaptada aos novos meios de trabalho industriais criados pela ciência e uma nova teoria política da democracia, a qual essa mesma ciência veio afinal tornar possível. Em nosso continente, de forma mais marcante, contribuíram para essa reconstrução os pensadores William James, C. S. Pierce e John Dewey. (p.8).

A designação mais corrente dessa filosofia como "pragmatismo" e a identificação de pragmatismo com a frase saber é o que é útil concorreram para incompreensões, deformações e críticas as mais

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