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3. REVISTA PEDAGOGIUM : difusão do ideário escolanovista no R N

3.3 Educar para a vida

A imprensa pedagógica da APRN enquanto espaço estratégico de formação docente fez circular os ensinamentos e fundamentos necessários a prática do docente, na perspectiva da escola ativa. Nesse sentido, destacamos para explicitar a intenção de formar e de obter uma ampla adesão ao projeto educacional inovador, por parte dos professores, os temas e conferências que estrategicamente eram promovidas e dirigidas a esses profissionais. A conferência intitulada “Educar ou Desaparecer” proferida pela professora, poeta, feminista e política Mercedes Dantas Itapicuru Coelho18 nas chamadas “viagens pedagógicas” teve como propagar

as ideias da Escola Ativa.

A referida educadora proferiu uma conferência, oportunidade em que esteve em Natal em 26 de maio de 1930, em viagem oficial ao Norte e Nordeste do Brasil, comissionada pelo governo do Distrito Federal, à época com sede no Rio de Janeiro/RJ.

Figura 7: Mercedes Dantas

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercedes_Dantas. Acesso em: 17/08/2019

A conferência publicada19 nos Anais da Terceira Semana Brasileira de

18 A professora e poeta, Mercedes Dantas Itapicuru Coelho, é conhecida e referenciada nas pesquisas historiográficas da educação, sob a nominação - Mercedes Dantas – desse modo optamos por seguir essa tendência, nesta pesquisa.

Educação que ocorreu no período de 12 a 18 de maio no decorrer dos anos de 1930. Este evento foi realizado sob a organização da Associação Brasileira de Educação – ABE e a Associação de Professores do Rio Grande do Norte – APRN. As temáticas da semana brasileira apresentavam em seu conteúdo elementos da Escola Nova.

Mercedes Dantas inicia sua defesa do movimento da Escola Nova considerando que o público presente ao evento tinha consonância com as ideias circulantes, tais como a necessidade de renovação pedagógica e o importante papel dos professores para essas mudanças, cuja culminância seria alterar as práticas, as representações e as estratégias. No entendimento da professora, para atuar nessa nova proposição educativa, era necessário um educador consciente, conhecedor e compromissado com a educação.

Para tanto, defende o poder do conhecimento como força motivadora desse movimento e dispensa o aspecto maquiador de uma ideia que não fosse verdadeiramente educativa. Nas palavras de Dantas (1930, p. 111):

Estribilhos, dizia o Mestre, numa passagem da Semana, são muletas que a gente forte deve dispensar”. Dispensemo-los nós que nos sentimos fortes porque temos ideias comuns e aspiramos um Brasil Maior porque consciente, renovado, produzindo. Estribilhos de falsa modéstia que o momento não comporta, porque cada um de nós sabe a que veio e o que quer, cada um de nós sabe o papel que lhe tocou na peleja pela causa comum da Educação Nova.

E conclama aos presentes a declarar guerra à educação livresca, se referindo ao vazio das palavras, quando estas estão desacompanhadas de ação, pois são palavras que iludem, seja nas associações, nos congressos, nas cátedras e nas escolas.

Nessa perspectiva, Chartier (1990) ao tratar os conceitos de representações, práticas e circulação das ideias afirma com precisão que “a história das práticas deve considerar necessariamente essas intricações e reconstituir trajetórias complexas, da palavra proferida ao texto escrito, da escrita lida aos gestos feitos, do livro impresso à palavra leitora”. De acordo com historiador (1990, p. 23),

realização do evento, por esse motivo, foi possível incluir a Conferência da professora Mercedes Dantas, que ocorreu em data posterior.

as práticas que visam fazer reconhecer uma identidade social, exibir uma maneira própria de estar no mundo, significar simbolicamente um estatuto e uma posição; por fim, as formas institucionalizadas e objetivadas graças às quais uns ‘representantes’ (instâncias coletivas ou pessoas singulares) marcam de forma visível e perpetuada a existência do grupo, da classe ou da comunidade (CHARTIER, 1990, p. 135,136).

De modo que os representantes se utilizam de diversas estratégias para fazer circular suas ideias, como é caso do uso da imprensa pedagógica como possibilidade de ampliar o alcance das ideias pedagógicas da Escola Nova em todas as regiões do Brasil. Sobre esse aspecto, Mate (2002) destaca “a importância da circulação do impresso como estratégia de difusão das ideias conhecidas como escolanovistas no Brasil”. A referida autora faz referência à pesquisa de Carvalho (1996), que analiso o embate no campo pedagógico a partir da década de 1930 entre católicos e pioneiros da educação, momento em que,

o impresso desempenhara um papel fundamental. Na forma de livro de estudo para a Escola Normal, de livro de formação integrante de uma Biblioteca Pedagógica, de artigo de revista dirigida ao professor, de instrução regulamentar endereçada às escolas, de artigo de polêmica em jornal de grande circulação etc., o impresso será utilizado como dispositivo de regulação e modelagem do discurso e da prática pedagógica do professorado. (p. 61).

Reforçando essa compreensão acerca da imprensa pedagógica como veículo de propagação de ideias e de formação de mentalidades, Ognier (1984, p. 7), ao tratar a importância da Revue Francaise de Pedagogie, afirma ser esse tipo de impresso, “um corpus documental de vasta dimensão, se constitui como o testemunho vivo de métodos e concepções pedagógicas”. Essa perspectiva foi corroborada por Catani e Bastos (1997), quando afirmaram que:

A imprensa educacional, segundo Pierre Ognier, constitui-se em observatório e torna-se, um guia prático do cotidiano educacional e escolar, permitindo ao pesquisador estudar o pensamento pedagógico de um determinado setor ou grupo social, a partir das matérias e discursos veiculados e a ressonância dos temas debatidos, dentro e fora do universo escolar (p. 5).

A imprensa pedagógica passa a ser defendida por Nóvoa (1997) como sendo

O local que facilita um melhor conhecimento das realidades educativas, uma vez que aqui se manifestam, de um ou de outro modo, o conjunto dos problemas desta área. É difícil imaginar um meio mais útil para compreender as relações entre teoria e a prática, entre os projetos e as realidades, entre a tradição e a inovação (NÓVOA, 1997, p. 31).

O autor ainda ressalta que é “através deste meio que emergem ‘vozes’ que têm dificuldade em se fazerem ouvir noutros espaços sociais, tais como a academia ou o livro impresso”. (p. 31)

No que se refere ao lugar de fala da professora conferencista – conferência e a escrita nos anais recorremos à ideia de prática histórica de Certeau (1982) para quem “a evidenciação da particularidade deste lugar, efetivamente prende-se ao assunto de que se vai tratar e ao ponto de vista através do qual se examina”. (p. 24)

Portanto, a circulação das conferências realizadas durante as Semanas Brasileiras de educação e publicadas pela Associação dos Professores do Rio Grande do Norte nos anais se constituem em espaços de formação de professores. Sabedora dessa possibilidade, a professora Mercedes Dantas teve o cuidado de apresentar com eloquência, a temática “Educar ou Desaparecer”.

A autora inicia sua conferência clamando pela renovação e consciência na educação, evocando a Educação Nova como o caminho para um Brasil maior, uma causa comum aos ouvintes, uma vez que direcionava seu pensamento para professores, agentes essenciais na mudança e na luta pela escola ativa. Transmitiu as saudações da Federação Nacional das Sociedades de Educação aos presentes a qual ela representa em sua fala na conferência e passou a divulgar o ideário educacional renovador proposto para aquele dado momento. Dantas (1930, p.112) prosseguia afirmando entregar aos presentes “a palavra de penhor de sua confiança em vossa vontade construtora, em vossa energia disseminadora, em vosso ideal consagrador”. E declarando “guerra à palavra inútil’, seguiu com seu discurso:

Não de palavras. Porque, Srs. só há, no momento, uma guerra a pregar-se: guerra à palavra. A’ palavra vazia de pensamentos, á palavra exterminadora da ação, á palavra que enche a vida política, administrativa, social e educativa do povo. Á palavra que ilude porque empresta aos congressos, às associações, aos parlamentos, ás escolas e as cátedras, á imprensa, ao livro e á tribuna, a ilusão de dinamismo, quando apenas é a esterilizadora do impulso construtivo do homem. Guerra á palavra inútil, Delenda20 que deverá principiar

do lar doméstico até as escolas. Educar sem palavras vãs, educar com exemplo, educar com a ação imediata, com a atividade útil. (Dantas,1930, p.112).

A autora ressaltava que cultivávamos uma cultura unilateral, um idealismo unilateral personificado na escola memorialista, livresca e citando Montaigne, ela afirmava que esse modelo de escola tradicional necessitava ser substituído pela Escola Ativa, onde o tempo seja empregado de maneira produtiva. Compreende-se produtiva no sentido de educar não apenas para adquirir o diploma oficial, pois para Dantas (1930, p.113) “a educação popular é o maior e o mais importante dever de um país e não é feita por palavras”.

Acentuava, porém, que a mudança iniciava já em algumas localidades brasileiras, citando o caso do Rio de Janeiro que à época figurava como capital federativa. Ela definia naquele momento ser o Rio de Janeiro o “exemplo vivo da maior transformação de métodos e de objetivos educacionais”, Dantas (1930, p. 113). Ressaltava ainda alguns atores importantes para uma educação renovadora, na Bahia, com Anísio Teixeira à frente, iniciando o movimento pela educação nova; ações que foram disseminadas no Espírito Santo e em Pernambuco.

Outro nome de destaque foi o de Fernando de Azevedo que ocupava o cargo de Diretor Geral de Instrução Pública da Capital Federal e teve seu trabalho reconhecido na conferência ora em estudo. A autora dedica um de seus tópicos na conferência à reforma de Fernando de Azevedo, transmitindo aos ouvintes que “o maravilhoso instrumento de sua reforma é a escola ativa, base de toda a restauração do ensino público” Dantas (1930, 113).

Em seguida, a autora apresentou o que é a escola ativa que ela enfatizava desde o início de sua conferência. Assim, o que é Escola ativa? Dantas

20 Significado de delenda Carthago - Cartago deve ser destruído. Palavras de Catão, o Antigo, com que terminava seus discursos. Cita-se esta locução a propósito de uma ideia fixa, perseguida com tenacidade. Fonte: https://www.dicionariodelatim.com.br/delenda-carthago/ acesso em: 29/03/2019

(1930, p. 113/114) vem dizer que,

É o estandarte da humanidade nova. Ela rasga desconhecidos horizontes ao educador. É a grande justiceira da criança. Une, integra e correlaciona a vida à escola. Termo recente de poucos anos que ensina que viver é conquistar.

Com essa definição inicial, a autora prossegue seu discurso reconstituindo o percurso histórico da escola ativa e seus precursores. Dantas (1930) diz que Ferriére, em 1914, denominava a Escola do Trabalho, conceito esse que antecedeu a Escola ativa.

A escola do trabalho segundo a autora transmitia uma compreensão de sistema educativo baseado exclusivamente no trabalho manual. O que não se aplica à escola ativa, que por sua vez compreende a criança enquanto organismo ativo, baseado no princípio do aproveitamento de sua energia espontânea, produtiva e individual. De acordo com Dantas (1930, p. 114)

Esse ideal vem de longe, do passado, com Montaigne, Locke, Rousseau, Pestalozzi, Ficht e Froebel. Geniais intuitivos, precursores quase incompreendidos, que aos vindouros deixaram o exemplo de sua pertinaz força de vontade na realização de seus objetivos, ou páginas imperecíveis que ainda hoje inspiram os colaboradores entusiastas de outra humanidade nova e feliz. A Escola ativa é anti – intelectualista. Rasga programas, rompe com a rotina, surge-se contra horários e formalismos.

A autora destaca, porém, que a escola ativa não vinha para reformar a escola tradicional e livresca, mas sim para transformá-la. Transformar a educação onde a criança teria respeitada sua liberdade, suas tendências, sua atividade manual e espiritual, de maneira que a educação inspirasse o seu desenvolvimento.

Na escola ativa, a criança era dona de si mesma, como afirmava Dantas (1930) “praticando o self control para bem servir a comunidade que a serve também”. Segundo Dantas (1930):

Eis, senhores, o princípio que resume, em uma linha, toda a filosofia em que se funda a verdade nova da Escola Ativa. Do contato das coisas, a razão infantil se ilumina e esclarece, sua inteligência se desenvolve e aprende. Da atividade manual e espontânea, vem o raciocínio, a compreensão. Do simples e tangível vai a criança ter ao

complexo e abstrato. Do movimento em torno do que vê, do que apalpa, do que observa, vêm os conhecimentos, as generalizações, as abstrações. Age, movimenta-se, observa, trabalha (p. 115).

A autora prosseguia seu discurso evocando as origens da Escola ativa que encontrava seus princípios em Rousseau citando a obra Emílio, como um legado que contém as diretrizes máximas da educação nova.

Outro precursor citado por Dantas (1930) na sua preleção sobre a escola ativa é o educador Pestalozzi, em que o define como gênio intuitivo ao consagrar as experiências realizadas no Instituto de Yverdon em 1804. Nesse espaço, era cultivada a liberdade no desenvolvimento das faculdades ou disposições naturais e também a individualidade de cada aluno.

A discussão suscitada pela autora aponta o método intuitivo como uma metodologia a ser adotada na escola ativa pela possibilidade de permitir aos professores observar e trabalhar com praticidade as atividades escolares.

Citando outra experiência da Escola ativa, a autora traz para o texto o orfanato de Cempuis, no Oise, criado por Paul Robin em 1880 e fechado em 1894, onde se praticava o ensino pela ação, valorizando as tendências naturais da criança. Ao trazer esse percurso histórico de precursores da Escola Ativa, a autora retoma a reforma de Fernando de Azevedo, no Rio de Janeiro, e o exemplo da escola ativa em Pernambuco. De acordo com Dantas (1930),

Pois a Reforma Fernando de Azevedo deu-nos, no Rio, a escola ativa e as escolas técnico-profissionais que dentro em pouco resolverão um dos maiores problemas brasileiros: a despopulação rural, porque radicarão o operário às fábricas, o agricultor aos campos e os artífices às artes aplicadas. [...] Conta o aparelho de instrução pública com um exemplo formidável. E tem a frente dos professores - hostes pacíficas do trabalho - aquele brasileiro de vontade e saber, que não conhece fadigas nem fraquezas, que vive e revive um grande e luminoso ideal, o professor José Escobar. Mais tarde verão os pernambucanos, serenamente, reconhecidamente, a sua obra, de grande e inestimável valor social (p.118/119).

Convocando os professores presentes, a estudiosa finaliza o tópico das reformas do Rio de Janeiro e Pernambuco afirmando que “somos os obreiros desses

novos ideais, temos, daqui por diante o dever de defendê-los e difundi-los pelo Brasil afora” (DANTAS,1930, p.119).

A autora defende suas ideias pedagógicas em que elege como base de apoio para a educação moderna o Estado, o Mestre e o Povo enfatizando as responsabilidades e união desses três fatores para o sucesso da educação, sob pena de desaparecer sem essa devida articulação, o compromisso dos poderes, demais envolvidos e engajados na educação do povo.

Nesse sentido, em conformidade com Dantas (1930, p. 121), o Estado tem que prover financeiramente a educação, instruir o povo e deve promover a formação dos professores e aproximar as famílias das escolas, de modo que os pais tomem conhecimento da educação oferecida aos seus filhos.

A autora critica a educação livresca até então praticada, cujos resultados não lograram êxito, como podemos conferir na passagem:

O Estado tem o dever de instruir o povo. Isso é sabidíssimo. E o Estado abre as escolas, paga professores, confecciona programas e horários e tem para isso tudo uma verba mesquinha – válvula de segurança para justificar índices de analfabetismo. Sabe que os que vão à escola receberão os dogmas cívicos, as teorias e letranças, e venerarão os heróis de espada e os homens símbolos, ainda mesmo quando mal iluminados pela verdade histórica. Nada mais. E cumpriu o seu dever? (p. 121).

Esse questionamento fomenta as novas proposições levantadas pela conferencista na perspectiva de convencer os participantes da necessidade de renovar as mentes para um novo pensamento pedagógico e implantar novas relações, com novas ideias que chama de “renovações autênticas” em circulação no mundo inteiro.

Na sua argumentação, Dantas apresenta diversas propostas pedagógicas exitosas do além-mar21,

21 Nesse ponto Dantas (1930, p. 122), chama a atenção de que “seria uma improbidade assegurar- vos que o mundo todo civilizado renova do mesmo modo os seus sistemas educativos”, faz referência que mesmo diante das adversidades de certos regimes políticos, ocorrem renovações autênticas, e passa a citar: “Os Estados burgueses preparam elites. O bolchewismo desafia a cultura do século XX. O fascismo, no dizer de Júlio Barcos, ‘é um balão de oxigênio aplicado a um sistema social moribundo’ “.

Júlio Ricardo Barcos (1883-1960), citado pela autora, foi pedagogo, escritor e ativista libertário argentino.

Um curto passado de 18 anos nos ensina o caminho a seguir. A Suíça, em 1912, deu ao mundo o Instituto J. J. Rousseau, fundado por Eduardo Claperede e Pierre Bovet, o Centro do movimento a favor da Escola Ativa, centro de formação e difusão ao mesmo tempo. (DANTAS, 1930, p. 122)

E continua, “na Itália, a pátria de Montessori e Maurilio Salvoni22 fundou,

em 1921, uma escola pra cultivar a atividade espontânea da criança”. (DANTAS, 1930, p. 122).

Cita ainda as iniciativas da França, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, experiências de “escolas sem anos, sem dogmas positivos, escolas onde a criança é dona de si mesma, e o mestre é aquele excelente companheiro, que sugere, que trabalha também” (DANTAS, 1930, p. 122).

No caso americano, destaca “a escola integral, escola completa, que oferta ensino, desde o jardim de infância e a escola comum, até a escola superior” (DANTAS, 1930, p. 123).

Para essa nova escola, exige-se novo mestre, novo papel para esse mestre, e nova relação com o povo,

O plano de renovação da educação pública que se deve basear no Estado, que o provê, monetariamente, no mestre, que o dirige, sem as contingências da política, e no povo que colabora com a escola, deve ser executado por mestres novos. Eis uma das primeiras exigências da moderna pedagogia. (p. 123).

É importante esclarecer o que significa ‘novo mestre’. Para Dantas (1930), “novos são aqueles que, cheios de idealismo e de desejos de criar, dêm à obra da formação da criança a melhor parte de seu espírito e de seu amor”. (p. 123)

Nessa defesa de renovação do papel dos mestres, Dantas cita a chilena Gabriela Mistral, a quem chama de ‘grande alma feminina’ do Chile, cuja afirmação sobre a importância dos mestres na Escola Nova, que com graça e a alegria advém da criação de que Deus dá e permite a convicção em uma nova justiça e a salvação do povo.

22 Maurílio Salvoni – (1879-1933), educador italiano de Milão, projetou uma abordagem educacional baseada "na ação e através da ação”, introduziu em seu País, o desenho espontâneo, de acordo com o método de Tadd, que ele ensinou a fim de incentivar a expressão espontânea e a criatividade de seus alunos.

Com base nas referências acima, Dantas (1930) explica que educar tendo como base os pilares da Escola Nova, pressupõe uma “renovação radical da Humanidade através da educação e faz a seguinte conclamação – “E a Educação Nova, senhores, é a bandeira moderna das gerações de hoje” (p. 124).

A estudiosa faz referência também a participação do povo em diversos países da América. Tal participação em prol da educação da coletividade oferecia mão de obra com redução salarial para a construção de novas escolas, se revertendo em benefício para a sociedade.

O destaque em toda a formulação da autora nos impulsiona para a necessidade de qualificar a formação dos professores como um dos aspectos articuladores do movimento da Escola Nova. Nesta nova formulação, os professores além de trabalhar com as crianças, também terá em suas atribuições a aproximação das famílias às escolas, “a cada mestre, além de educar a criança, compete, indiretamente, educar a família” (DANTAS, 1930, p. 127). E prossegue, “a cooperação social da família é hoje um postulado” por que “o lar e a escola farão de cada menino um cidadão, uma unidade de produção e de progresso” (p. 128).

Dirigindo-se aos professores, orienta que essa cooperação se expressa de vários modos, “a cooperação da família se faz principalmente pelo estabelecimento dos Círculos dos Pais e Professores” (p. 128). E ainda a criação de outros espaços que possibilitaria a aproximação das famílias à escola, como as “escolas especiais de mãezinhas”, iniciativa que ajudaria nas questões “sanitárias do povo”. E como resultado dessa relação havia o benefício de alunos com princípios educativos, fundados do convívio salutar, edificados a partir do envolvimento sadio da família e escola.

Ao final da conferência, a autora assume um tom de urgência quanto à importância do cenário da educação brasileira em renovar o sistema educacional a partir da Escola Ativa. No tópico em que ela denomina como princípios homogêneos de educação, inicia seu discurso afirmando que o dilema da educação é “Educar ou desaparecer”.

Atentando para o fato do florescimento de outros povos em favor da Educação Nova, a pesquisadora assinala que o Brasil não poderia ficar de braços

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