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Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas

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Academic year: 2021

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(1)Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011. FLUXO DE CAIXA Ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. Marcos Allan Gonçalves Faculdade Anhanguera de Taubaté. RESUMO. gmarcos@hotmail.com. O presente estudo demonstra a importância da realização do planejamento e controle financeiro nas micro e pequenas empresas, através da elaboração do demonstrativo de fluxo de caixa. Por meio de levantamento bibliográfico são abordados os principais aspectos para sua elaboração e implantação, visando estabelecer uma ligação clara e objetiva dos dados coletados e trabalhados, através de desenvolvimento e análise do estudo de caso, realizado numa empresa que atua no seguimento de vendas e prestação de serviços na área automotiva. Todo desenvolvimento objetiva demonstrar o quão importante é o controle financeiro nas empresas, seja através de dados coletados em arquivos, servindo de comparativo aos dados atuais ou para desenvolver bases de dados que permitam projeções futuras, buscando em nível administrativo maior assertividade nas decisões e gerando o resultado esperado.. Idelmo Sanderson Conti Faculdade Anhanguera de Taubaté conti_inj@yahoo.com.br. Palavras-Chave: planejamento; controle financeiro; micro e pequenas empresas; fluxo de caixa.. ABSTRACT This study demonstrates the importance of completing the financial planning and control in micro and small enterprises, by developing the statement of cash flow. Through literature, we shall address the main aspects to its design and implementation, to establish a clear and objective data collected and addressed through development and analysis of the case study, conducted in a company that operates in the following sales and services in the automotive field. All development aims to demonstrate how important is financial control in companies, either through data collected in files, serving as a comparison to current data or to develop databases that allow future projections, looking at the administrative level greater assertiveness in decisions and generating result. Keywords: planning and financial control; micro and small enterprises; cash flow. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 4266 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@aesapar.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Informe Técnico Recebido em: 03/05/2010 Avaliado em: 12/04/2011 Publicação: 15 de outubro de 2012. 173.

(2) 174. Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. 1.. INTRODUÇÃO As constantes mudanças tanto no cenário político como econômico, impulsionam as empresas à busca de qualidade nas informações gerenciais, o que determina sua sobrevivência e continuidade no mercado, fazendo com que o tema “Fluxo de Caixa” seja pertinente e seu estudo de vital importância tanto na fundamentação teórica quanto aplicação prática para gestores de empresas, seja ela de pequena, média ou grande porte. O fluxo de caixa apesar de ser uma ferramenta de grande valor, percebe-se que é pouco explorada pelos gestores das micro e pequenas empresas como ferramenta estratégica, não obstante as atividades financeiras necessitam de monitoramento permanente, de forma a avaliar e controlar seus resultados, e assim recorrer aos ajustes e correções necessárias, atuando sobre o objetivo básico da função financeira, que é prover recursos de caixa suficiente para saldar os compromissos assumidos e maximizar lucro. Nesse contexto, o fluxo de caixa passa a ser um aliado de expressivo valor, possibilitando à empresa atender as necessidades de busca de novos produtos e serviços no ambiente interno e externo, bem como planejar a captação de recursos dispondo de dados atualizados e confiáveis. Com isso, o planejamento das ações garante melhor efeito na aplicação de seus recursos. Percebe-se que, havendo atualização do fluxo de caixa, através de uma adequada formulação, as expectativas da gestão financeira são viabilizadas por meio de informações sucintas para fins de tomadas de decisões, ou seja, obtém-se clara posição de liquidez da empresa com suas variantes mediante apresentação dos demonstrativos. Para gerir com qualidade e eficácia não basta apenas uma análise econômicofinanceira que detectam falhas através de cálculos e comparações de índices, é preciso identificar as causas que provocam tais falhas na liquidez. O fluxo de caixa apresenta-se como uma ferramenta capaz de satisfazer esta necessidade, mostrando onde foram aplicados os recursos e qual o resultado desta aplicação. Os crescentes desafios e processos administrativos, cada vez mais complexos, fazem com que o dia-a-dia dos gestores esteja voltado à solução e superação dos problemas de falta de liquidez das empresas. A falta de planejamento e controle, aliado a escassez de recursos financeiros e o elevado custo para sua captação, aumentam as estatísticas de empresas que descontinuam suas atividades, principalmente empresas de pequeno e médio porte, pois em momentos turbulentos o processo decisório deve apoiarse em informações reais e precisas, através de dados contábeis e relatórios financeiros gerenciais.. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(3) Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti. 175. O presente trabalho apresenta informações acerca das ferramentas apropriadas de gestão, como é o caso do Demonstrativo de Fluxo de Caixa. É possível planejar e controlar os recursos financeiros da empresa e sua capacidade de geração de caixa, proporcionando uma visão clara da administração de seu capital de giro.. 2.. PROBLEMA Os gestores das micro e pequenas empresas, que em grande parte são os próprios empresários, acreditam que ter a empresa bem administrada é tê-la produzindo e vendendo. Por vezes misturam o dinheiro particular ao da empresa, não atentando a um controle rigoroso que possa diferenciar custos de produção, despesas, lucratividade e liquidez. Baseando-se nestas questões, este trabalho apresenta uma pesquisa exploratória exemplificando, em termos reais, o quão importante é o demonstrativo de fluxo de caixa em uma empresa, como ferramenta gerencial, servindo de referência nas tomadas de decisões e projeções futuras.. 3.. FLUXO DE CAIXA: CONCEITOS E OBJETIVOS A gestão financeira das empresas consiste dentre muitas atribuições o monitoramento da rotina diária das operações de compras, vendas, aplicações, investimentos entre outras e saber se dispõe de recursos para saldar tais compromissos dentro do prazo. A Demonstração de Fluxo de Caixa quando desenvolvido por parte das empresas possibilita aos gestores perceber com maior clareza a relação entre “lucro” e “caixa”, podendo desta maneira identificar os aspectos que diferem o resultado econômico (lucro) do seu resultado financeiro (caixa). Na expectativa de saldar suas obrigações as empresas necessitam de liquidez tanto para garantir seu patrimônio como se manter competitiva no mercado. Dessa forma, o fluxo de caixa permite que a empresa visualize sua real situação econômica e assuma o controle de suas finanças, estando ciente das obrigações para conduzir coerentemente seus investimentos de curto e longo prazo. O demonstrativo de fluxo de caixa fornece um resumo dos movimentos financeiros da empresa (entradas e saídas) relativos às atividades operacionais, de investimento e de financiamento e reconcilia-os com as variações em seu caixa e títulos negociáveis, durante o período em questão (GITMAN, 1997).. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(4) 176. Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. O fluxo de caixa é uma ferramenta que permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros da empresa por determinado período (ZDANOWICZ, 2000), podendo ser demonstrado de forma direta ou indireta e refletir as mudanças ocorridas nas origens e aplicação dos recursos que são determinados através das atividades da empresa. Diante desse entendimento, podemos argumentar que o Demonstrativo de Fluxo de Caixa não somente permite ao gestor financeiro uma visão real da situação da empresa, tanto em termos de equilíbrio de caixa como os recursos disponíveis, contrapondo a Demonstração de Resultado do Exercício, que informa somente a situação econômica da empresa em um dado momento. Apesar de sua importância, o relatório de fluxo de caixa, ainda não é obrigatório no Brasil e, salvo uma exceção que será citada a seguir, apenas é recomendado pelo Ibracom, por meio da NPC 20, de abril de 1999, como informação complementar. Nas empresas brasileiras de médio e ou grande porte com registro na bolsa de valores norte-americana ou em outro país (mercado externo) onde seja exigida a divulgação do Demonstrativo de Fluxo de Caixa, também deverão fazê-lo no Brasil. (MANUAL DE CONTABILIDADE DAS SOCIEDADES POR AÇÕES, 2008) Diante do exposto, é preciso entender que o principal objetivo do Fluxo de Caixa é proporcionar uma visão geral e sistêmica da movimentação das operações financeiras realizadas diariamente, mostrando suas disponibilidades e o grau de liquidez da empresa. Os objetivos básicos do Fluxo de Caixa que podem ser citados são (ZDANOWICZ, 2000): a) Facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a serem obtidas junto às instituições financeiras. b) Programar os ingressos e desembolsos de caixa, de forma criteriosa, permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos e o montante, havendo tempo suficiente para as medidas necessárias. c) Permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as disponibilidades de caixa, evitando-se o acúmulo de compromissos vultosos em época de pouco encaixe. d) Determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado período, e aplicá-los de forma mais rentável possível, bem como analisar os recursos de terceiros que satisfaçam as necessidades da empresa. e) Proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa com a área financeira. f) Desenvolver o uso eficiente e racional do disponível.. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(5) Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti. 177. g) Financiar as necessidades sazonais e cíclicas da empresa. h) Providenciar os recursos para atender aos projetos de implantação, expansão, modernização ou relocalização industrial e/ou comercial. i). Fixar o nível de caixa em termos de capital de giro.. j). Auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa julgar a conveniência em aplicar nesses itens ou não.. k) Avaliar as alternativas de investimentos. l). Verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa.. m) Estudar um programa saudável de empréstimos ou financiamentos. n) Projetar um plano efetivo de pagamento de débitos. o) Analisar a viabilidade de serem comprometidos os recursos pela empresa. p) Participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim os controles financeiros.. 4.. IMPORTÂNCIA E UTILIZAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA O fluxo de caixa quando bem planejado permite ao gestor dimensionar e visualizar com antecedência o nível de liquidez da empresa e assim evitar problemas de caixa que podem ocasionar uma série de descontinuidades na empresa, como: cortes de crédito, cancelamento de entrega de pedidos, descumprimento das metas de vendas, dentre outras, assim evidenciando que o fluxo de caixa não é preocupação exclusiva da área financeira, mas sim de todos os setores da empresa. Dependendo do porte e do ramo de atividade da empresa o planejamento do fluxo de caixa abrangerá períodos diferentes. Empresas que exercem atividades sujeitas a grandes oscilações tendem a trabalhar com estimativas de prazos curtos (diário, semanal ou mensal), enquanto empresas que apresentam volumes de venda estável preferem projetar o fluxo de caixa para períodos mais longos (trimestral semestral ou anual). A atuação e abordagem das empresas em relação ao emprego do fluxo de caixa muda conforme o foco e a necessidade de obtenção de resultado podendo ser abordado de forma tática, empregado no monitoramento e acompanhamento do seu dia a dia ou abordado de forma estratégica, empregada com a mesma finalidade em períodos mais longos. Dentro do contexto empresarial as estratégias servem de padrão às decisões e integram as políticas e metas para alcance do objetivo de forma coerente. Uma vez bem estruturada, a estratégia ajuda a nortear a organização dentro de uma análise singular,. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(6) 178. Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. fazendo os acontecimentos ocorrer de maneira previsível, considerando as limitações e deficiências dentro das quais a organização opera. Para desenvolver um plano estratégico a empresa utiliza um processo no qual sua estrutura é toda analisada, mesmo por que será trabalhado o comportamento e a cultura organizacional, identificando oportunidades e ameaças, pontos fortes e pontos fracos, recursos disponíveis e sua capacidade de assumir riscos, para empresa operar de maneira mais objetiva possível. Diante disso, a ação estratégica tomada tem como finalidade estabelecer o caminho a ser seguido, o uso adequado dos recursos financeiros, físicos e humanos da empresa, para conquista dos objetivos em curto prazo e principalmente em longo prazo, determinando e diferenciando o enfoque do fluxo de caixa numa abordagem tática e estratégica.. 4.1. Abordagem Gerencial A gestão financeira está completamente conectada ao fluxo de caixa, de forma que o equilíbrio das contas, embolsos e desembolsos moldam todo processo gerencial nas tomadas de decisões financeiras, na busca de alcance das metas, sobrepondo à concorrência e não deixando margem para duvidas do como serão alocados os recursos financeiros. O processo decisório nas empresas deve apoiar-se nas informações coletadas e tratadas por todos os setores envolvidos com o seu desempenho, considerando a singularidade de cada setor e usuário, sobretudo trabalhando a capacidade de adaptação aos processos de controle, viabilizando resultados positivos e caracterizando gestão de qualidade. As informações obtidas com a elaboração do fluxo de caixa para análise e gestão financeira não desqualificam as demais informações obtidas através do controle contábil, como o caso da contabilidade gerencial e sim as complementa, fortalecendo e melhorando o conteúdo para análise da situação econômico-financeira da empresa, servindo de suporte e instrumento gerencial.. 5.. ELABORAÇÃO E PLANEJAMENTO DO FLUXO DE CAIXA O processo de elaboração e planejamento do fluxo de caixa da empresa está embasado na construção de uma estrutura capaz de coletar, processar e utilizar as informações de. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(7) Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti. 179. forma segura para estimar os futuros ingressos e desembolsos de caixa conforme as intenções e necessidades da empresa. A demonstração do fluxo de caixa é dividida de acordo com a função e classificação das atividades de sua estrutura e possui o objetivo de qualificar a movimentação, identificando se sua natureza é operacional de investimento ou financiamento (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBECKE, 2003). Alguns requisitos são de extrema importância para implantação do fluxo de caixa (ZDANOWICZ, 2000): š. Organização da estrutura funcional da empresa com definição clara dos níveis de responsabilidade de cada área.. š. Integração dos diversos setores e/ou departamentos da empresa ao sistema do fluxo de caixa.. š. Definição do sistema de informação, quanto à qualidade e aos formulários a serem utilizados, calendário de entrega dos dados (periodicidade) e os responsáveis pela elaboração das diversas projeções.. š. Treinamento do pessoal envolvido para implantar o fluxo de caixa na empresa.. š. Criação de um manual de operações financeiras.. š. Comprometimento dos responsáveis pelas diversas áreas, no sentido de alcançar os objetivos e metas propostas no fluxo de caixa.. š. Controles financeiros adequados, especialmente da movimentação bancária.. š. Utilização do fluxo de caixa para avaliar com antecedência os efeitos da tomada de decisões que tenham impacto financeiro na empresa.. š. Fluxograma das atividades da empresa, ou seja, definir as atividades meio e as atividades fins.. Diante disso, pode-se reafirmar que o fluxo de caixa é uma ferramenta que permite ao administrador financeiro visualizar, num determinado período, se ocorrerá excedentes de caixa ou escassez de recursos financeiros, consentindo um direcionamento mais assertivo dos mesmos, como mostra a Figura 1.. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(8) 180. Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. Figura 1. Principais ingressos e desembolsos de caixa. (Adaptado de ZDANOWICZ, 2000). 5.1. Transações que afetam o caixa (entradas e saídas) Os aumentos do disponível de caixa provêm de várias transações dentro do ciclo operacional da empresa e consistem em transpor do orçamento de vendas as entradas provenientes, como segue: š. Aumento de capital social feito pelos sócios ou acionistas em dinheiro e integralizado (o caixa não será afetado se as transações ocorrerem através. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(9) Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti. 181. de aumento de estoque, títulos, bens etc.). š. Entrada de recursos financeiros através de venda de itens do ativo permanente, mesmo se tratando de situação pouco usual.. š. Descontos e calções de Duplicatas e empréstimos são recursos utilizados normalmente para capital de giro proveniente de instituições financeiras, passam a integrar o circulante da empresa.. š. Financiamentos também provenientes de instituições financeiras, só que usualmente utilizados para obtenção de ativos permanente e integra o fixo da empresa.. š. Cobrança simples e recebimento à vista proveniente da movimentação de venda é a principal fonte de geração de receita e circulação de caixa dentro da empresa.. š. Outras movimentações de entradas são consideradas, como: dividendos recebidos de outras empresas, indenizações de seguros e processos, juros recebidos, aluguéis a receber etc.. As transações de saída de caixa são provenientes de todas as operações financeiras. decorrentes. de. pagamentos. geradas. pelo. processo. de. produção,. comercialização e distribuição de produtos pela empresa, como segue (ZDANOWICZ, 2000): š. Pagamento de dividendos aos sócios ou acionistas da empresa - (da mesma forma que aumento do capital social em dinheiro mostra entrada de caixa os dividendos pagos mostram saída de caixa).. š. Pagamentos efetuados a fornecedores e compras à vista – (refere-se a toda compra efetuada de matéria prima e material em geral).. š. Pagamentos relativos aos custos e despesas operacionais diretas e indiretas, diversos contas a pagar e outros – (são todas as saídas que compõe as contas a pagar da empresa e compras a prazo).. š. Compra à vista de itens que vão compor o imobilizado da empresa e ativo permanente.. š. Pagamentos com origem de dividas contraída ou atrasos em sua liquidação, como: encargos financeiros, comissões, pagamento de juros, correção monetária, amortização e resgate de débitos junto às instituições financeiras e outros.. Uma melhor compreensão das transações de caixa envolvendo entradas e saídas (ingressos e desembolsos), podem ser observadas na Figura 2.. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(10) 182. Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. Figura 2. Transações de caixa. (Adaptado de ZDANOWICZ, 2000).. 5.2. Equilíbrio e desequilíbrio financeiro Empresas que são equilibradas financeiramente apresentam as seguintes características (ZDANOWICZ, 2000): š. Há permanente equilíbrio entre os ingressos e os desembolsos de caixa.. š. Tende a aumentar a participação de capital próprio, em relação ao capital de terceiros.. š. É satisfatória a rentabilidade do capital empregado.. š. Nota-se uma menor necessidade de capital de giro.. š. Existe tendência em aumentar o índice de rotação de estoques.. š. Verifica-se que os prazos médios de recebimento e pagamentos tendem a estabilizar-se.. š. Não há imobilização excessiva de capital, nem ela é insuficiente para o volume necessário de produção e comercialização.. š. Não há falta de produtos prontos ou mercadorias no atendimento de vendas.. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(11) Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti. 183. Para melhor compreensão, é apresentado na Figura 3 um diagrama ilustrando os sintomas, causas e consequências do desequilíbrio financeiro e as medidas de saneamento trazendo equilíbrio através de planejamento e controle do fluxo de caixa (ZDANOWICZ, 2000):. Figura 3. Causas e Consequências do Desequilíbrio Financeiro.. 6.. MÉTODOS DE FLUXO DE CAIXA Para projetar o fluxo de caixa a empresa pode utilizar vários métodos, porém a projeção vai depender de vários fatores como o seu porte, sua atividade econômica, seu processo de comercialização e/ou produção, periodicidade com que efetuam os recebimentos e fazem os pagamentos e relevar dados de como são originadas as fontes de caixa: š. Fontes internas – vendas a prazo, vendas a vista e vendas do ativo permanente.. š. Fontes externas – provenientes de instituições financeiras, impostos (governo), fornecedores etc.. É apresentado na Tabela 1 um modelo de fluxo de caixa prospectivo (ZDANOWICZ, 2000): Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(12) 184. Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. Tabela 1. Modelo de Fluxo de Caixa 1. Períodos Itens. jan. P. R. fev. D. P. R. … D. P. R. total D. P. R. D. 1. Ingressos Vendas à vista Cobranças em carteira Cobranças bancárias Desconto de duplicatas Vendas de itens do ativo permanente Aluguéis recebidos Aumento do capital social Receitas financeiras Outros Soma 2. Desembolsos Compras à vista Fornecedores Salários Compras de itens do ativo permanente Energia elétrica Telefone Manutenção de máquinas Despesas administrativas Despesas com vendas Despesas tributárias Despesas financeiras Outros Soma 3. Diferença do Período (1-2) 4. Saldo Inicial de Caixa P = projetado; R = realizado; D = defasagem.. 7.. PESQUISA EXPLORATÓRIA. 7.1. Relevância As informações aqui prestadas ilustram uma empresa, com mais de quinze anos no ramo de vendas e prestação de serviços na área automotiva, hoje enquadrada como EPP (Empresa de Pequeno Porte).. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(13) Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti. 185. Tais informações ilustram que produzir e vender não significa obter resultado satisfatório, é necessário que se tenha controle sobre pontos de extrema importância para condução e desenvolvimento da empresas, desta forma trabalhar questões relevantes, como: š. Má gestão baseada em Administração empírica.. š. Falta de controle com custos de produção e despesas.. š. Baixa rentabilidade.. š. Ampliação da concorrência.. š. Descontinuidade da empresa etc.. 7.2. Coleta de Dados São apresentados os dados sobre os faturamentos mensais dos últimos dez anos e projetado o gráfico de seus valores. Levantado a movimentação de todos os recebimentos e pagamentos efetuados pela empresa nos meses de janeiro a setembro do ano vigente, montado o fluxo de caixa com as movimentações do mesmo período e traçado alguns gráficos para efeito analítico da situação da empresa. Tabela 2. Faturamento mensal dos últimos. Comparativo Anual de Faturamento jan.. fev.. mar.. abr.. maio. jun.. jul.. ago.. 2000 12.923,27 23.325,94 17.776,01 23.643,33 27.342,11 27.987,43 11.983,00 9.493,90. set.. out.. nov.. dez.. 16.220,40 23.653,07 13.666,25 17.165,60. 2001 18.887,10 14.739,51 21.480,98 20.954,90 30.542,40 22.895,19 17.536,75 28.683,92 20.201,30 29.174,24 13.646,16 17.946,01 2002 25.469,48 20.660,30 25.354,00 28.414,12 22.872,10 18.608,97 29.501,99 17.529,65 29.408,54 42.382,90 25.036,75 28.917,51 2003 28.671,50 30.120,73 34.033,20 23.662,40 27.558,52 37.483,65 26.412,37 26.681,57 26.031,41 46.269,32 25.905,11 23.373,35 2004 26.147,10 33.369,50 34.508,69 23.724,03 27.555,90 34.657,44 21.973,30 29.593,83 41.464,00 40.100,88 28.398,87 34.808,77 2005 43.318,70 44.499,04 72.921,15 57.286,35 60.174,96 73.552,47 74.472,71 57.372,45 48.967,01 46.116,43 45.688,83 25.975,14 2006 61.180,89 37.962,85 61.789,00 53.765,34 42.694,45 46.993,80 61.157,76 54.948,29 19.675,20 50.702,50 39.771,56 22.913,51 2007 40.489,80 57.774,90 38.911,35 35.558,00 57.419,78 37.743,22 48.753,90 48.313,00 48.285,50 53.418,70 43.575,60 33.055,50 2008 58.710,50 42.503,10 44.425,25 56.030,25 76.254,20 50.855,00 45.464,68 87.111,00 55.576,50 53.557,78 44.157,70 75.633,01 2009 55.006,00 60.232,60 81.339,00 85.983,19 63.464,76 86.712,93 50.657,40 94.393,50 92.318,50. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(14) 186. Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. Obs.: Faturamento dos meses de outubro, novembro e dezembro não computado até a data de submissão.. Figura 4. Gráfico Comparativo do Faturamento Mensal do ano de 2008 e 2009.. Figura 5. Gráfico comparativo do faturamento anual dos últimos dez anos.. As figuras 5 e 6 apresentam informações sobre o faturamento e a evolução financeira obtida pela empresa nos últimos dez anos e seu crescimento médio porcentual.. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(15) Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti. 187. Tabela 3. Fluxo de Caixa Realizado.. Todos os ingressos e desembolsos de caixa realizados até o mês de setembro do ano de 2009. Através dos dados informados no Fluxo de Caixa (Tabela 3) é possível verificar as entradas, saídas e resultados de caixa, bem como trabalhar as informações para saber quais contas oneram mais a empresa e/ou em que período do ano se torna mais significativas, considerando as oscilações do faturamento. O fluxo de caixa permite ainda, que se estimem os valores das entradas e saídas para períodos futuros e com isso o gestor possa utilizá-lo fazendo provisões, minimizando a margem de erro nas tomadas de decisões. Empresas comerciais e prestadoras de serviços tendem a ter um giro rápido de caixa, o que dificulta o processo de planejamento de longo prazo, gerando desconfortos financeiros e levando empresas a encerrarem suas atividades quando desatentas a essas particularidades.. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(16) 188. Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. Figura 6. Gráfico Comparativo da Movimentação Financeira.. Diante do gráfico apresentado na Figura 6 é possível visualizar de forma clara a relação existente entre faturamento, ingresso de caixa, desembolso de caixa e resultado de caixa e entender que faturamento não expressa resultado, sendo necessário um controle rigoroso dos ingressos e desembolsos, o quanto se imobiliza de estoque, os prazos e margens praticadas pela empresa, diminuindo desta forma as oscilações dos resultados mensais.. 8.. CONCLUSÃO O acompanhamento do faturamento, movimentações de entradas e saídas de caixa, relatórios, gráficos comparativos, são ferramentas que permitem ao gestor, seja ele administrador ou não uma interferência rápida nas situações do cotidiano da empresa, norteando-a através de decisões o futuro em que se almeja chegar. Os dados levantados através do estudo de caso apresentado, permitem uma clara interpretação e conclusão do quão complexo é manter uma empresa gerando resultados positivos, quando se tem uma variação no faturamento mensal na ordem de mais de 20%, como demonstra o gráfico comparativo no decorrer do ano vigente. Esta. variação. brusca. no. faturamento. pode. acarretar. problemas. com. conseqüências danosas e até vital para a sobrevivência da empresa caso, o controle existente não permita uma intervenção rápida e precisa, seja para cortar gastos, captar. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(17) Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti. 189. recursos, aplicar os recursos captados e/ou recursos disponíveis, buscando o equilíbrio das contas. A maturidade administrativa, principalmente no quesito controle financeiro, é fator predominante na seleção das empresas que entram e conseguem se manter no mercado, das empresas que saem do mercado e simplesmente deixam de existir logo nos primeiros anos de vida, contribuindo de forma triste para o aumento das estatísticas. Situações como esta ocorrem com freqüência nas mais variadas empresas, independentemente de seu seguimento de atuação ou porte, pois a movimentação financeira é igual para todas e o controle também, sendo assim o fluxo de caixa realizado e o prospectivo são as ferramentas que permitem análise e correção presente e futura para produção de resultado. A importância deste tema e deste trabalho se dá de forma clara quando se demonstra por meios de números e gráficos a complexidade na administração e condução de uma empresa e em contrapartida em termos financeiros como o fluxo de caixa simplifica e clareia a visão que se adquire de forma macro e de forma micro ao mesmo tempo.. REFERÊNCIAS DAMODARAN, Aswath. Finanças corporativas teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Bookman, 2004. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7.ed. São Paulo: Harbra, 1997. IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por ações. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2008. MARQUES, Adriano Ventura. Planejamento controle financeiro nas micro e pequenas empresas, visando à continuidade e à sustentabilidade. 2008. Dissertação (Mestrado em Gestão de Negócios) – Universidade Católica de Santos- Unisantos, Santos. ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração financeira. 2.ed. (7. reimpressão). São Paulo: Atlas, 2007. ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e controle financeiro. 8.ed. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzato, 2000. ULRICH, Sigolf. Um estudo de modelo de controle de fluxo de caixa para micro e pequenas empresas. 2005. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis, Área de Concentração em Controladoria) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau. SPADIN, Carlos Eduardo. A importância da demonstração dos fluxos de caixa enquanto instrumento gerencial para a tomada de decisão. Revista de Ciências Gerenciais, Valinhos, SP, v.12, n.14, p. 167-177, 2008. Marcos Allan Gonçalves Graduação em Matemática (São José do Rio Preto) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998) e mestrado em Física pela Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

(18) 190. Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2001). Atualmente é professor III - Colégio Dr. Alfredo José Balbi e professor adjunto da Faculdade Anhanguera de Taubaté. Tem experiência na área de Astronomia, com ênfase em Astronomia de Posição e Mecânica Celeste, Implementações Numéricas, Consultoria e Gestão às Pequenas e Micro-Empresas, atuando principalmente em planejamento financeiro e mercado de capitais, consultoria e pericias financeiras. Idelmo Sanderson Conti Administrador de Empresas.. Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 173-190.

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