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A MUDANÇA NA FAVELA BRASILEIRA. EFEITOS TERRITORIAIS E DEMOGRÁFICOS NA CONSTRUÇÃO ESTATÍSTICA DA REALIDADE 1

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A MUDANÇA NA FAVELA BRASILEIRA. EFEITOS TERRITORIAIS E DEMOGRÁFICOS NA CONSTRUÇÃO ESTATÍSTICA DA REALIDADE1

Eber Pires Marzulo, Doutor em Planejamento Urbano e Regional, Professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)/BR no Programa de Pós Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR) e na Faculdade de Arquitetura. eber.marzulo@ufrgs.br

favela, discurso, território, população

1. Apresentação: aquém e além do fenômeno favela pós-2010

O presente trabalho tem como objetivo central estabelecer os efeitos territoriais e demográficos das alterações na definição de favela, tratadas como aglomerados subnormais pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre os censos de 2000-2010 e os estabelecidos pela ONU para o caso brasileiro. Como objetivo teórico, trata-se de problematizar a construção da realidade desde critérios estatísticos.

A hipótese central é que a construção estatística da realidade está subordinada a definições conceituais. No caso, o fenômeno da favela brasileira teria variações territoriais e demográficas, conforme as definições estabelecidas. Os resultados comparativos entre os censos de 2000 e 2010 do IBGE apontam para um aumento do numero de favelas e favelados no Brasil. Resultado que decorre, pelo menos parcialmente, de quase imperceptíveis modificações na definição de aglomerados subnormais. Os resultados distintos apresentados pelos relatórios da ONU para o fenômeno favela no mesmo período, também derivam de diferença nos critérios de definição do fenômeno.

A partir de uma concepção crítica ao estabelecido pela opinião (BACHELARD, 1996) e o senso comum (BOURDIEU, 1987), todavia considerando tais formulações enquanto discursos constitutivos de campos de disputa no estabelecimento do real, o trabalho se insere na tradição da crítica social referenciada na análise de conteúdo, análise de discurso e crítica epistemológica à legitimidade pressuposta no domínio científico das descrições do real com base em dados matemáticos, no caso específico a estatística.

Se por um lado, tal abordagem de método implica em uma crítica epistemológica à definição da realidade (BACHELARD, op. cit.; BOURDIEU, op. cit.) segundo padrões estatísticos e assim se aproximando de uma perspectiva que prioriza a análise qualitativa das informações; por outro, torna-se imprescindível o trabalho sobre dados estatísticos para investigar a incidência na delimitação de relações entre território e população, logo       

1 O levantamento dos dados e organização do material foi realizado pelas estudantes de Arquitetura e Urbanismo/UFRGS Solane Pretto (2012-2013) e Larissa Kafruni (2013-2014), como bolsistas de iniciação científica no âmbito do Programa PIBIC CNPq-UFRGS. O bolsista PIBC REUNI (2013-2014), também estudante de Arquitetura e Urbanismo/UFRGS, Gustavo Tessler produziu os dados cartográficos. Larissa Kafruni organizou o conjunto dos dados para o presente artigo. Meus

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remetendo a técnicas de caráter quantitativo. Da confluência das duas abordagens, sem dúvida hierarquizada ao apontar como questão de fundo e horizonte analítico a problemática do discurso como viés capaz de problematizar a descrição do real, entendida aqui como as relações entre território e população estabelecidas estatisticamente, pretende-se alcançar um questionamento epistêmico sobre os critérios de veracidade da realidade desde descritores estatísticos simultaneamente ao tratamento de dados estatísticos e sua repercussão na espacialização de população.

Estando o fenômeno favela em análise, o estudo insere-se na problemática da construção do espaço dos pobres (MARZULO, 2005). Visando o desenvolvimento do método, opta-se pela construção de um estudo de caso (BECKER, 1999). Em virtude da importância das políticas públicas em territórios dos pobres, decorrentes da experiência do Orçamento Participativo em Porto Alegre, toma-se esta cidade como estudo de caso, pois se supõe seja circunscrição territorial onde, no intercurso temporal em análise, tenha sido significativa a alteração no número de favelas/aglomerados subnormais e quantidade de pobres vivendo em favelas.

O primeiro percurso analítico implica em: a) análise de conteúdo das definições dos censos do IBGE de 2000 e 2010 para aglomerados subnormais e de favela nos relatórios da ONU para a favela brasileira; b) análise de discurso da relação entre as análises de conteúdo de cada um dos documentos constitutivos do corpus e de jornais da grande imprensa. Um segundo percurso deriva deste ao se manipular os dados estatísticos visando a territorialização da população, conforme os dados dos censos do IBGE de 2000 e 2010 e os relatórios da ONU. Para alcançar o efeito territorial e demográfico das diferenças discursivas na definição estatística dos territórios dos pobres se realiza: c) sobreposição de layers dos aglomerados subnormais conforme os censos do IBGE de 2000 e 2010; d) localização e descrição das diferenças espaciais e demográficas entre os censos de 2000 e 2010; e) criação e sobreposição de layer a partir da aplicação dos critérios da ONU sobre a base de dados do IBGE para estabelecer a distribuição da população e delimitação territorial.

A problemática do presente trabalho parte do questionamento à legitimidade estabelecida no campo científico sobre os critérios de veracidade constituídos a partir de descritores estatísticos. Assim, a questão inicial coloca a investigação no interior de uma discussão epistemológica (BACHELARD, 1996), em especial em uma abordagem de questionamento epistêmico. Para tal, parte de uma concepção crítica que atravessa desde o discurso de opinião (BACHELARD, idem), senso comum até o senso comum científico (BOURDIEU, 1987) sem, contudo, desconsiderar a relevância no interior das disputas discursivas destas formulações. Em tela, os efeitos na construção do território dos pobres (MARZULO, 2005) no Brasil desde as definições com efeitos estatísticos e, logo, territoriais e demográficos do IBGE e ONU sobre as favelas, espaço dos pobres paradigmático no caso brasileiro.

A princípio largo arco analítico almejado se viabiliza em termos de método ao aproximar a análise de conteúdo e análise de discurso como parâmetros para a aplicação dos critérios estabelecidos no território do caso em estudo, a saber, a cidade de Porto Alegre. A problemática de fundo remete a questão clássica no âmbito das ciências socioistóricas e no campo da ciência, porém o caso dos critérios do IBGE e da ONU na definição de favela assume particular atualidade devido a dois movimentos particularmente contemporâneos, a saber: a favelização no mundo (DAVIS, 2005) e a diminuição da desigualdade no Brasil (SINGER, 2009).

Se o fenômeno da favela brasileira vem sendo analisado como paradigma para compreensão dos efeitos territoriais do aumento das desigualdades em todo o mundo, tanto nos continentes asiático e africano como nos EUA e Canadá, Europa ocidental e oriental, no caso brasileiro, em direção inversa, projetava-se uma tendência a diminuição do fenômeno em termos quantitativos, em virtude da aplicação das políticas sociais nas últimas décadas

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contra a pobreza, seja em termos de programas de renda mínima (como o Bolsa Família) ou de expansão do acesso ao emprego e a educação de nível superior (MARZULO e MARX, 2013). Surpreendentemente, os dados do Censo IBGE 2010 apresentaram como resultado o aumento do número de favelas e de favelados, isto é, um movimento absolutamente na direção oposta ao previsto. Inversamente, os relatórios da ONU no período demonstram resultados na direção esperada: diminuição de favelas e favelados.

Tal discrepância se torna particularmente curiosa na medida em que os dados dos relatórios da ONU são do mesmo IBGE. Não bastassem tais contradições, os relatórios da ONU apresentam uma população de favelados e de favelas maior do que os do IBGE. É no interior deste imbróglio para compreensão do estado do espaço dos pobres no Brasil (MARZULO, 2005) que ressurge a questão dos critérios de veracidade no estabelecimento do real desde a hipotética legitimidade dos dados estatísticos para a descrição da realidade.

2. O fenômeno como problema

Apresentado em termos gerais o problema da construção do fenômeno favela no Brasil contemporâneo, isto é, do século XXI, toma-se uma abordagem escolhida que não tem como sentido disputar a definição de critérios capazes de orientar formulação mais ou menos precisa do fenômeno ou ainda de escolher alguma das definições em estudo para compreensão do fenômeno. Trata-se antes de investigar os elementos constituintes de tais discrepâncias tendo como pano de fundo a questão epistemológica da construção da realidade desde uma perspectiva que aponta a arena de disputa desta construção como sendo discursiva.

Assim, a definição estatística e a hipotética legitimidade científica subjacente a ideia da neutralidade da descrição matemática do mundo aparecem subordinadas imediatamente a formulações discursivas que alcançam expressão modelar matemática, no caso de matemática aplicada. No entanto, para melhor circunscrever o problema em análise se apresenta a seguir como o problema da discrepância na construção do fenômeno favela no Brasil contemporâneo está narrado em diferentes documentos de instituições nacionais e internacional e sua expressão numérica.

Desde as informações disponíveis foram elaboradas tabelas que sintetizam os dados mais recentes de cada órgão a respeito da população brasileira residente em favelas em comparação com a totalidade da população. Nos relatórios analisados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (IPEA, 2005; IPEA, 2007; IPEA, 2010) está especificado que seus dados são referentes à população urbana. Já nos documentos da ONU (Organização das Nações Unidas) não está explicitado se os dados são de residentes em área urbana. Todavia, infere-se que sim, já que o órgão utiliza dados do IPEA que trata a questão da slum como um fenômeno urbano. O IBGE (BRASIL(a), 2010) também não faz tal especificação ao dispor as informações dos aglomerados subnormais, locais com as características de favela/slum.

Tabela 1: Comparativo população urbana-população em slum 1990-2007

ANO POP URBANA POP SLUM %

1990 111,8mi 40,9mi 36,7%

2007 163,4mi 45,7mi 28%

Fonte: elaboração do autor. Conforme relatório UN-HABITAT (2008)

O documento tomado como referencia das informações produzidas pela ONU é o relatório STATE OF THE WORLDS CITIES 2010-2011 (UN-HABITAT, 2008) em que se observa a afirmação de que não só no Brasil, mas em todos os países em desenvolvimento, o número absoluto de pessoas residentes em slums havia aumentado, embora a proporção em relação à população total houvesse diminuído. A análise de relatórios anteriores, SOCIAL

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PANORAMA, THE MILLENNIUM DEVELOPMENT GOALS: A LATIN AMERICAN AND CARIBBEAN PERSPECTIVE (ECLAC, 2006; ECLAC, 2008) apresenta dados semelhantes. Pelo menos desde 2001 se observa o fenômeno de diminuição relativa da população moradora em slums na América Latina.

Segundo UN-HABITAT (2008), são utilizados para produzir as informações sobre o Brasil dados do IPEA processados de acordo com os critérios da ONU, visando uniformizar as informações obtidas de órgãos de cada país para fins de comparação. Os relatórios do IPEA (IPEA , 2005; IPEA, 2007; IPEA, 2010) se referem às Metas de Desenvolvimento do Milênio proposta pela ONU para diversos países. A partir da análise dos relatórios IPEA (2005; 2010) é possível estabelecer uma melhor comparação com os dados da ONU (UN-HABITAT, 2008), na medida em que os números são mais próximos, pois não se encontra explicitada a origem do documento do IPEA utilizado para a construção das informações da ONU (idem, ibidem.).

Essa tendência de diminuição relativa dos moradores em favela no Brasil e sua definição numérica aparecem explicitadas em documento do IPEA, a partir de indicador do UN-Habitat. Importante notar que se trata de inserir as condições brasileiras no interior do paradigma mundial.

“A análise do indicador proposto pelo UNHabitat, devidamente adaptado ao contexto socioeconômico e à disponibilidade de dados para o País, mostra que houve uma melhora nas condições de moradia da população brasileira como um todo, tanto nas cidades como no campo.” (IPEA, 2010, p. 142).

A melhoria relativa nas condições habitacionais brasileiras não foi pequena em que pese o intervalo de tempo de mais de uma (1) década, todavia é possível se projetar que haja uma concentração na melhoria do indicador nos últimos anos. Se confirmada tal hipótese, trabalho não realizado nesse estudo, o ritmo de diminuição da população morando em habitações inadequadas poderia apontar para um alto grau de eficácia nas políticas públicas e macroeconômicas, sempre se tendo como referencia o paradigma mundial estabelecido pela ONU. Abaixo o grau relativo de aumento da população vivendo em moradias em condições adequadas.

Tabela 2: Percentual de população urbana em moradias adequadas 1992-2008

ANO % DE POP URBANA COM CONDIÇÕES

DE MORADIA ADEQUADAS

1992 50,7% 2008 65,7% Fonte: elaboração do autor. Conforme relatório IPEA (2010).

A questão se afirma ainda mais a partir de release referente aos censos 2000 e 2010 (FAVELAS, 2013), em que é apresentada a diferença no crescimento relativo entre a população em favelas e na população total. Caso o ritmo do crescimento da população em favelas fosse o mesmo da população total se teria cerca de 1 milhão de pessoas a mais vivendo em favelas em 2010.

Tabela 3: Comparativo de aumento de população em favelas em relação a aumento populacional 2000-2010 ANO POP. EM FAVELAS % AUMENTO POP. EM FAVELAS % AUMENTO POP. TOTAL 2000 10,6mi 6,2% 14,5% 2010 11,2mi

Fonte: elaboração do autor. Conforme: FAVELAS crescem em ritmo menor que a população do país (2013).

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No entanto, em outro documento (IPEA, 2012) se apresenta o aumento relativo da população em favelas nos últimos 30 anos.

“Nos últimos trinta anos, houve uma evolução considerável do fenômeno no país, com um incremento de aproximadamente 9,2 milhões de habitantes em situação de precariedade habitacional, característico desta tipologia de acordo com os dados do Censo. Em 1980, por exemplo, a população em aglomerados subnormais consistia em 3,56% da população total, enquanto em 2010 corresponde a 6,01%.” (IPEA, 2012, pp. 8).

Dessa forma fica estabelecido que no intervalo de três (3) décadas o número de moradores em favelas quase dobrou em relação ao aumento da população total, tendo chegado ao maior percentual de moradores em favela em relação ao total da população exatamente em 2010. O aumento relativo de moradores em favelas passa de 3,8% em 2000 para os 6,01% de 2010. Essa informação, divulgada pelo IPEA (2012), tem um sentido oposto aos documentos produzidos pelo próprio IPEA (2005, 2007, 2010) para a ONU (UN-Habitat, 2008) que apontavam para a diminuição relativa da população moradora em favelas.

Cabe salientar que o RELATORIO DE METAS DE DESENVOLVIMENTO DO MILENIO vem sendo produzido pelo IPEA desde 2004, na seguinte ordem: 2004, 2005, 2007 e 2010 (IPEA, 2005; 207; 2010). Como o relatório de 2004 apresenta dados dos anos 1990 a 2002 e a partir do relatório de 2005 (IPEA, 2005) vários novos indicadores foram incorporados, o recorte de análise se restringiu aos relatórios de 2005, 2007 e 2010 (IPEA, 2005; 2007; 2010).

No relatório de 2007 (IPEA, 2007) se especifica o indicador que a ONU propõe seja utilizada para monitorar a Meta 11, proporção de domicílios com segurança de posse. O estudo então aponta o aumento dessa proporção. Além disso, é nesse relatório (IPEA, idem) que aparece o recálculo que o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e a Secretaria Nacional de Habitação (SNH) fizeram do número de setores censitários com características de assentamentos precários. É importante destacar que a fonte apontada desses dados é o próprio censo do IBGE ou o IPEA com base em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio).

Tabela 4: Aglomerados subnormais 2000-2010

ANO POP TOTAL POP EM

AGLOMERADOS SUBNORMAIS

%

2000 5,5mi 3,9%

2010 190,7mi 11,4mi 6%

Fonte: elaboração do autor conforme NO Brasil, 6% vivem em favelas (2011).

Nos dados do IBGE (BRASIL, 2010a; 2010b), os números e as proporções diferem muito dos dados apresentados por IPEA (2005; 2007; 2010) e ONU (UN-Habitat, 2008). A porcentagem da população residente em aglomerados subnormais aumentou junto com o número absoluto, diferentemente do que foi mostrado nos relatórios da ONU (idem, ibidem) e IPEA (idem, ibidem). Todavia, a comparação do IBGE (NO Brasil, 2011) também são os que têm a fonte menos confiável, na medida em que não foi possível localizar a comparação entre os resultados do Censo 2010 (BRASIL, 2010(b)) e censos anteriores porque segundo o próprio IBGE (NO Brasil, 2011), apesar de o conceito de aglomerado subnormal ter permanecido o mesmo desde 1991, foram adotadas inovações metodológicas e operacionais no Censo 2010 e que, por isso, a comparação dos dados seria pouco recomendada (NO Brasil, 2011). Os números e a comparação foram retirados de um release na seção de notícias do site do Ministério do Planejamento (idem, ibidem).

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Estabelece-se o imbróglio de dados, informações constitutiva da favela, conforme demonstrado acima, desde as informações processadas pelo IPEA (2005; 2010) e ONU (UN-Habitat, 2008) apontando a diminuição relativa da população de moradores em favelas no Brasil e aquelas do IBGE (NO Brasil, 2011) e mesmo IPEA (IPEA, 2012) apresentando resultado oposto, isto é, aumento relativo da população de moradores em favelas. Cabe salientar que o IPEA (2005; 2007; 2010), explicita que a fontes de seus dados são as PNADs do IBGE. A possibilidade de que tamanha discrepância entre os relatórios decorra da utilização de critérios de processamento de dados muito diferentes não está descartada, em especial ao se notar que a diferença entre os resultados que ora apontam crescimento ora diminuição relativa da população em favelas se fundamente em sentidos opostos atribuído as condições de moradia. A leitura da diminuição pode se originar em diferença entre a análise do número de moradores em domicílios em condições adequadas (ver Tabela 2) e, em sentido oposto, o aumento por estar baseado na análise do número de moradores vivendo em aglomerados subnormais (Tabela 4). Todavia, as análises, desde os dados, pelas instituições não apontam possibilidades desta diferença de abordagem inferir no resultado. Eis o quadro de disputa discursiva sobre a favela brasileira no século xxi.

3) Do IBGE à ONU: discurso sobre a favela

A análise de conteúdo das definições dos censos do IBGE de 2000 e 2010 para aglomerados subnormais e de favela nos relatórios da ONU para a favela brasileira partem das seguintes premissas encontradas nos documentos analisados. O IPEA (2007) esclarece os parâmetros que utiliza para produzir as informações a serem tratadas pela ONU (UN-Habitat, 2008).

“O UN-Habitat define domicílios em assentamentos precários como um grupo de indivíduos morando debaixo do mesmo teto que careça de pelo menos um (em algumas cidades dois ou mais) dos seguintes atributos: segurança da posse, qualidade estrutural e durabilidade da construção, acesso a água potável, acesso a esgotamento sanitário e área suficiente para morar.” (IPEA, 2007, pp. 114-116).

Talvez para os fins aqui investigados seja importante observar o anúncio no sitio do IBGE (NO Brasil, 2011) sobre o lançamento de documento específico a respeito dos aglomerados subnormais com base no Censo 2010. Neste texto se observa breve ressalva que pode ajudar a entender a construção do imbróglio discursivo afirmado desde dados numéricos tratados como uma disputa de constituição do real. Na figura abaixo se tem que “O IBGE adotou inovações em 2010 para atualizar e aprimorar a identificação dos aglomerados subnormais (...).” (Censo 2010, 2011). Tal afirmação no início da comunicação do lançamento de publicação específica sobre o tema, algo que não ocorria, segundo o próprio texto, desde 1953, ao tratar das favelas no Censo de 1950, permite se projetar problemas em termos de futuros estudos comparativos. Claro que a ênfase está na ideia de melhoria na apuração dos dados para a constituição de futura informação. O que importa se reter aqui é a construção do texto que parece tratar com relevância a temática, apontando para a expectativa de uma boa notícia sobre o tema.

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Figura 1: Discurso IBGE sobre aglomerados subnormais no Censo 2010

Fonte: Censo 2010 aprimorou a identificação dos aglomerados subnormais, 2011.

Por seu lado, o IPEA (2007) salienta em documento eletrônico a importância de atividade, supra citada, do CEM e SNH que refinaram os dados dos setores censitários para uma definição mais precisa das quantificações de assentamentos precários no Brasil com base no Censo 2000. Mais uma vez o documento produzido pelo IPEA (idem) tem sentido oposto aqueles produzidos pela mesma instituição (IPEA, 2005; 2010). O resultado, desde um tratamento dos dados mais detalhado, a partir da menor unidade de coleta de dados, os setores censitários, demonstra um número muito maior de moradores em assentamentos precários e de assentamentos precários em comparação aos aglomerados subnormais do IBGE (2010a; NO Brasil, 2011).

Do ponto de vista específico da questão de fundo, importa se concentrar na elaboração de um discurso que altera a realidade conforme o tratamento dos dados. Tal problema se evidencia na formulação a respeito da constituição do fenômeno. Em geral, os números dobraram em relação aos aglomerados subnormais apresentados pelo Censo 2000. No conjunto dos documentos em análise não há precisão sobre se os resultados que apontam ora aumento ora diminuição da população moradora em favelas, desde a comparação entre os resultados dos censos 2000-2010 parte de uma base distinta. Caso a base seja o método

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estabelecido pelo CEM e SNH é provável se encontre uma diminuição, na medida em que a base do Censo 2000 foi elevada em virtude do refinamento no tratamento de dados. Contudo é importante não se desconsiderar que houve alteração no método do próprio IBGE na definição dos aglomerados subnormais no Censo 2010, conforme supracitado. Abaixo a Figura 2 apresenta o texto do documento do IPEA (2007) em que o refinamento dos dados sobre a realidade dos assentamentos precários foi apresentada.

Figura 2: IPEA diferencia aglomerados subnormais de assentamentos precários

Fonte: conforme IPEA (IPEA, 2007, p. 122).

A ONU (ECLAC, 2012) define de modo aparentemente mais claro o que é um slum, tendo como referencia o acesso a condições fundamentais de moradia. Não se trata então, como no caso dos aglomerados subnormais e dos assentamentos precários, de formulação embasada em conjunto de inacessibilidades. Na definição internacional o que é apresentado são as condições básicas para se ter uma moradia não-precária. Caso algum dos aspectos não seja atendido, o assentamento será considerado slum ou assentamento precário. Esta distinção pode ser importante para a construção do sentido do discurso, na medida em que coloca elementos relativos a escala do problema. Em escala planetária, as condições exigidas parecem mais refinadas e sobre estas, pode-se projetar, incidiram antes os resultados das ações dos últimos anos no Brasil. De qualquer maneira, a inversão da construção do fenômeno é fundamental para compreensão de seus sentidos diversos. A

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favela/slum passa a ser o assentamento em que determinada condição de moradia não é atendida e não aquele em que um conjunto de inadequações é encontrado. A Figura 3 apresenta a definição conforme encontrado no documento da ONU (UN-Habitat, 2008). Figura 3: Definição de slum pela UN-Habitat

Fonte: ECLAC (2012, pg 64).

Para o IBGE, o que seria o correspondente ao slum da ONU tem a seguinte descrição: “Aglomerado subnormal

É um conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais (barracos, casas, etc.) carentes, em sua maioria de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e/ou densa. A identificação dos aglomerados subnormais é feita com base nos seguintes critérios:

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a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de propriedade alheia (pública ou particular) no momento atual ou em período recente (obtenção do título de propriedade do terreno há dez anos ou menos); e

b) Possuir pelo menos uma das seguintes características:

• urbanização fora dos padrões vigentes - refletido por vias de circulação estreitas e de alinhamento irregular, lotes de tamanhos e formas desiguais e construções não regularizadas por órgãos públicos; ou

• precariedade de serviços públicos essenciais, tais quais energia elétrica, coleta de lixo e redes de água e esgoto.

Os aglomerados subnormais podem se enquadrar, observados os critérios de padrões de urbanização e/ou de precariedade de serviços públicos essenciais, nas seguintes categorias: invasão, loteamento irregular ou clandestino, e áreas invadidas e loteamentos irregulares e clandestinos regularizados em período recente.” (BRASIL(a), 2010).

Comparativamente ao slum, a definição de aglomerados subnormais enfatiza a condição jurisdicional, isto é, a legalidade da ocupação é critério absolutos ficando relativos aqueles referidos à urbanização ou serviços variáveis. Além disso, estabelece-se uma hierarquização para a subnormalidade, incluindo até mesmo os loteamentos regularizados recentemente. O âmbito das distorções possíveis aumenta em virtude do alto grau de variáveis a serem consideradas na definição trazendo prováveis incidências na quantificação do fenômeno mesmo, como até aqui demonstrado, sobre base de dados igual ou similar.

4. A favela na imprensa

Na imprensa internacional a diminuição no número de favelados no Brasil foi apresentada como expressão de um movimento em sentido oposto aquele detectado no mundo de aumento do número. E o percentual apresentado é significativo: 16%. Na realidade, trata-se de divulgação do cálculo já analisado, conforme Tabela 2, supracitada. Ou seja, aqui a referencia é o aumento percentual de acesso a moradias com condições adequadas. Todavia, a princípio, como já foi salientada, a diferença no sentido de construção do fenômeno, seja desde a adequação, seja desde a precariedade, não deveria apresentar resultados diferentes.

Figura 4: Diminuição de favelados no Brasil na imprensa internacional

Fonte: NÚMERO de favelados cai 16% no Brasil (2010).

Se o problema relativo à construção numérica não se reduz apenas às diferenças no tratamento dos dados, mas antes à constituição imediatamente textual do fenômeno favela, cujo efeito na descrição quantitativa é absolutamente significativa; as incidências de tais diferenças não cessam nas distintas quantificações e grandezas do favela, mas também necessariamente em sua espacialização. As territorializações da favela aparecem

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explicitamente como derivadas de sua construção. Ou melhor, como parte do processo de construção do sentido do que é favela. Não fugindo, assim, ao embaralhamento por que passa o fenômeno.

5. A mudança na territorialização da favela (em Porto Alegre)

A territorialização dos efeitos das diferenças nas formulações sobre a favela e suas grandezas se encontra ainda estágio menos avançado que o levantamento apresentado sobre as quantificações e definições. Conforme item 1, para fins de viabilização do estudo e dada as condições peculiares da cidade de Porto Alegre, esta foi tomada como caso para o desenvolvimento da questão do efeito territorial, entendida nos limites de uma cartografia institucionalizada.

A partir de layers referentes aos aglomerados subnormais identificados pelo IBGE em 2000 (BRASIL, 2000) e 2010 (BRASIL(b), 2010) foi feita uma análise da cartografia das favelas de Porto Alegre neste intervalo de tempo.

A análise territorial dos aglomerados subnormais identificados em cada um dos censos pode ser feita através das imagens de SIG anteriormente relacionadas. Se for necessária, existe a possibilidade de uma verificação dos limites pelos logradouros que cercam os setores censitários relatados. Foram elaborados arquivos em tabela baseados nos dados de limites divulgados pelo próprio IBGE (BRASIL(b), 2010). Quando não existia um limite propriamente definido, foi realizada a descrição a partir de uma visualização dos setores no mapa georreferenciado, utilizando a mesma linguagem presente em documentos oficiais do IBGE.

Primeiro se tem a distribuição dos aglomerados subnormais em Porto Alegre, conforme o Censo 2000 (BRASIL, 2000), na figura 5 abaixo. Porto Alegre se caracteriza por certa concentração recente da população pobre ao norte e leste e, mais recentemente, ao sul. A área central vem sistematicamente tendo a população pobre afastada.

Figura 5: Aglomerados subnormais em Porto Alegre 2000

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A seguir a figura 6 mostra a expansão dos aglomerados subnormais em 2010 (BRASIL(b), 2010), incluindo as modificações em relação ao Censo 2000 (BRASIL, 2000). Importante notar a semelhança da distribuição nas mesmas áreas da cidade, mesmo com alterações detectadas em termos da forma dos assentamentos e de sua expansão. Um movimento no sentido leste-norte de concentração se acentua. Tal aumento surpreende, na medida em que a cidade passou por uma série de ações de regularização e urbanização nos anos 1990 que seriam captáveis pelo Censo 2010.

Figura 6: Aglomerados subnormais 2010

Fonte: BRASIL(b), 2010.

Como resutado desta sobreposição de camadas, se obteve novos layers, estes referentes aos setores censitários considerados aglomerados subnormais apenas em 2010 e também aqueles que se mantiveram nesta classificação nos dois censos. Na figura 7 se tem os aglomerados subnormais de 2010 que não existiam em 2000, os novos aglomerados.

Figura 7: Novos aglomerados subnormais em 2010

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A Figura 8 é particularmente relevante se tomada em relação a Figura 5. A permanência de aglomerados é quase absoluta apresentando apenas pequenas variações, em geral próxima a áreas onde novos aglomerados surgiram (Figura 7).

Figura 8: Aglomerados subnormais remanescentes de 2000 em 2010

Fonte: BRASIL (b), 2010.

A configuração da transformação pode apontar para pequenos deslocamentos da população no intervalo de tempo e não saída da condição de precariedade. Pela cartografia se encontra nitidamente uma perenidade dos aglomerados subnormais entre 2000 e 2010 e um aumento nas mesmas áreas já ocupadas. Desse ponto de vista, o fenômeno segue com as mesmas características em uma década em que os avanços e mesmo a diminuição de favelas e favelados foi anunciada. Há algo de estranho.

6. Veracidade e fenômeno: disputas na construção da realidade

A estranheza constatada se torna ainda mais particularmente relevante, na medida em que não se tem uma disputa entre agencias distintas que poderia remeter a disputas intra-governo e/ou intra-estado. São sempre os dados do IBGE em análise e os diferentes resultados partem de agencias de Estado, IBGE e IPEA e até mesmo intra-agencias, no caso mais nítido nos diferentes documentos do IPEA (2005; 2007; 2010; NO Brasil, 2011). A tentativa do estabelecimento de um discurso homogêneo sobre o fenômeno favela no Brasil parece longe de ser alcançado. Para uma literatura que acreditava no esgotamento do fenômeno como tema, o problema se tornou ainda mais profundo e imediatamente político. Aliás, a análise aponta sem dúvida para uma disputa discursiva radicalmente política entre a expressão dos efeitos das políticas do último decênio junto aos pobres, caracterizados no ambiente urbano-metropolitano brasileiro pela moradia nas favelas.

Maior relevância reveste a questão por trazer esta dimensão política, enquanto disputa eminentemente discursiva, para a arena da legitimidade científica, em particular a legitimidade na descrição da realidade a partir de critérios quantitativos oriundos da matemática, no caso a estatística.

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Se no principio era o verbo, parece que a potencia da verbalidade na construção de sentido do real emerge de forma límpida no início do terceiro milênio da civilização ocidental judaico-cristã em embates que explicitam, ao ser analisados, a proeminência das definições escritas sobre outros discursos como a formulação matemática e a expressão cartográfica. Apesar de séculos de estabelecimento da legitimidade da ciência fundada na capacidade de descrição matemática dos fenômenos o que encontramos na favela, do ponto de vista de sua descrição estatística e demográfica, isto é, extremamente derivada do cânone científico-acadêmico é um campo marcado pela indefinição e disputa na reconstrução do fenômeno essencialmente circunscrito por definições imediatamente discursivas.

7. Referencias

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