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POBREZA E SUA LIMITAÇÃO PARA O SUCESSO DA EDUCAÇÃO. Palavras-chave: Educação, Direitos Sociais, Combate à Pobreza.

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POBREZA E SUA LIMITAÇÃO PARA O SUCESSO DA EDUCAÇÃO

Leonardo Afonso Brites1

Resumo:

O objetivo desse estudo é compreender a problemática que envolve a pobreza, analisando pessoas que estão nessa situação, propor entrevistas na escola municipal Aldo de Queiroz, na cidade de Campo Grande MS com famílias beneficiadas por programas sociais. É certo afirmar que o direito à educação está elencado na Constituição Federal, em seu art. 205, sendo um direito social, portanto o objetivo principal a ser estudado será a efetividade da educação e sua relação no combate à pobreza, enquanto direito fundamental. Dentro disso, a educação tem um papel primordial, pois ela é um alicerce para a formação do ser humano, Paulo Freire (2001) afirma que a Educação deve ser meio de libertação, precisamos mediante esse tipo de Educação libertária, formar um cidadão mais consciente da realidade onde ele vive. É a partir disso, que o homem vai conseguir se identificar no meio em que vive, e, por conseguinte terá uma análise mais crítica em torno de si e transformar seu meio por isso, a importância de questionar a implementação dos direitos sociais, sobretudo da educação. Vivemos em uma sociedade dividida em classes: composta por dominantes e dominados; nesse modo de compreender a educação constatamos que há a possibilidade de uma aprendizagem libertária, portanto entrevistaremos quatro famílias para entender a relação pobreza e sucesso escolar, onde a educação pode ajudar o educando a perceber-se como cidadão criador, transformador do meio que o rodeia, podendo assim assegurar o sucesso da educação do país.

Palavras-chave: Educação, Direitos Sociais, Combate à Pobreza.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo trata da relação da pobreza como uma barreira para garantia do direito essencial a educação para crianças e adolescentes. Sabemos que os atuais Programas Sociais são destinados a pessoas em situações de vulnerabilidade ou risco social, visam incluir os cidadãos na sociedade, sendo que uma das exigências desses programas é a matrícula e frequência obrigatória desses educandos, contudo apenas essa exigência não é suficiente para incluir plenamente esses indivíduos, faz-se necessário outras ações para que esses cidadãos tenham acesso pleno ao direito da educação.

1 Graduado em Licenciatura Plena de História pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci - Uniasselvi em 2011. E-mail: leo.cursos@hotmail.com.

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Esse tema é de suma importância, pois o objetivo desse estudo é compreender a problemática da pobreza que impede o pleno acesso à educação. A partir da década de 90, as políticas de transferência condicionada de renda passam a se constituir em escolhas do poder público, como parte das estratégias de redução da pobreza. O Bolsa Família tem condicionalidades, pautado em responsabilidades complementares, são responsabilidades das famílias em relação ao cumprimento de uma agenda de atendimento nas áreas da saúde e da educação que possa melhorar as condições para que essas crianças desfrutem de maior bem-estar no futuro.

Essa pesquisa será com pesquisa de campo e entrevista de quatro famílias para identificar os motivos de não cumprimento do direito de acesso à educação para crianças pobres, afinal o Estado deve identificar as famílias que se encontram em maior grau de vulnerabilidade e risco social, sendo um indicador para a orientação das políticas sociais e para a priorização para acompanhamento familiar.

2 CONCEITO DE POBREZA

O presente artigo tem como objetivo analisar as relações entre as concepções de pobreza, que pautam os rumos da atual política de combate à pobreza no Brasil. Segundo Aguiar (2002), a definição usada pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas para o Desenvolvimento “que vê a pobreza como a ausência de escolhas e oportunidades básicas para o desenvolvimento da vida humana, o fenômeno é constituído por três eixos fundamentais: a pobreza material, a pobreza intelectual e a pobreza social” (AGUIAR, 2002, p. 16).

Os pobres são submetidos, a todo instante, a situações de privação de capacidades, como o trabalho infantil imposto às famílias por uma questão de sobrevivência, acarretando, a falta de acesso à educação e à saúde. Sen adverte:

É perigoso ver a pobreza segundo a perspectiva limitada da privação de renda e a partir daí justificar investimentos em educação, serviços de saúde etc. com o argumento de que são bons meios para atingir o fim da redução da pobreza de renda. Isso seria confundir os fins com os meios (SEN, 2000, p. 114, apud Laura, 2000).

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Esta abordagem considera que para a avaliação da pobreza é necessário o intercâmbio da economia com as demais esferas de pensamento como o direito, a filosofia, a sociologia e a política. O texto parte de uma reflexão sucinta das diversas abordagens teórico-conceituais sobre pobreza a fim de analisar, num segundo momento, a atual política de combate à pobreza no Brasil, considerando as distintas concepções que balizam as ações neste campo. Por fim, problematiza a discussão em torno da universalização versus focalização dos programas, à luz do entendimento de pobreza como um problema complexo e multidimensional.

Conforme Rocha (2003, p. 9), “pobreza é um fenômeno complexo, podendo ser definido de formagenérica como a situação na qual as necessidades não são atendidas de forma adequada”. Essa concepção nos leva a questionar quais são as necessidades e o que é adequado, indicando assim, que se trata de um fenômeno complexo, composto por dimensões subjetivas, econômicas, sociológicas e políticas que variam conforme as especificidades locais, em razão das heterogeneidades sociais e culturais.

Desta abordagem originam-se os conceitos de “pobreza absoluta” e de “pobreza relativa”, sendo que o primeiro refere-se ao não atendimento das necessidades vinculadas ao mínimo vital, isto é, aos fatores necessários à sobrevivência física. E o segundo, como precisões a serem satisfeitas em função do modo de vida predominante na sociedade em questão, ou seja, trata-se de um conjunto de indivíduos relativamente pobres em sociedades que já garantiram o mínimo vital a todos. Para Rocha (2003, p. 12), a renda como critério de pobreza é o estabelecimento de “um valor monetário associado ao custo do atendimento das necessidades médias de uma determinada população”. A partir de valores distintos são estabelecidas as linhas de indigência e de pobreza. A primeira diz respeito, especificamente, às necessidades nutricionais e a segunda faz referência a um conjunto mais amplo das necessidades.

As linhas de pobreza e indigência podem ser próximas, visto que, quanto mais rica a sociedade, mais o conceito de pobreza se distancia do atendimento das necessidades de sobrevivência. Identificam-se esforços no sentido de investir nos serviços básicos, com ênfase para a saúde e a educação. Contudo, não se trata de uma política de combate à pobreza, mas conjunto de estratégias isoladas, implementadas de modo descontínuo em cada contexto governamental específico, sem uma clara preocupação com os resultados de médio e longo prazo.

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Assim, o que realmente é vital para o combate à pobreza no Brasil é a formulação de políticas voltadas ao alcance da justiça social e o questionamento dos valores sociais vigentes como a discriminação por gênero, raça, etnia, nível sócio econômico, uma vez que eles contribuem para a perpetuação das desigualdades.

A formulação de políticas desta ordem só é possível mediante um olhar multidimensional da pobreza e de processos políticos que promovam a integração de diferentes atores e ações que afetem os múltiplos determinantes deste quadro.

3 PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E INFLUENCIA NA EDUCAÇÃO

De acordo com a Lei nº 10.836 de 09 de Janeiro de 2004 e o Decreto nº 5.209 de 17 de Setembro de 2004, o Programa Bolsa Família é um programa de transferência de renda para famílias de baixa renda, em situação de pobreza e extrema pobreza, assegurando seus direitos básicos a alimentação, saúde e educação, pois estabelece condicionalidades para a manutenção do benefício às famílias. Sendo assim, para receberem o benefício do Governo, as famílias precisam obedecer às condicionalidades de saúde e educação, ou seja, as crianças e até mulheres precisam ter um acompanhamento semestral pela Saúde, além das crianças e adolescentes em idade escolar precisam ter um mínimo de 85% de freqüência escolar, e o não cumprimento dessas condicionalidades bloqueia o benefício até que seja justificado ou verificado e obedecido.

Ainda em relação à condicionalidade da freqüência escolar, o interesse do Governo é de que as crianças em idade escolar estejam freqüentando a escola, pois é direito da criança e dever da família e da sociedade, segundo artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, (LDB, 2010, p.8), além de reduzir a vulnerabilidade quanto à violência, a negligência e ao trabalho infantil.

Por se tratar de um benefício do Governos Federal, é necessário estar cadastrado no Cadastro Único de Benefícios do Governo Federal, um sistema de dados que promove uma análise social do indivíduo e da família e, com base nos critérios desse Cadastro – CADU – é possível fazer uso de diversos benefícios do Governo Federal, como participar de programas de transferência de renda, – PBF e BPC (Benefício de Prestação Continuada) – programas de habitação, cursos de geração de renda ofertados pelas Secretarias de

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Assistência Social e programas de proteção a criança em vulnerabilidade social – PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e projetos de contra turno.

O programa atende hoje mais de 12 milhões de famílias em todo o território nacional, Programa Bolsa Família é um importante instrumento de redução da desigualdade social e da pobreza, PBF trabalha com três eixos principais: a transferência de renda, que proporciona alívio imediato da pobreza; condicionalidades, que garantem os diretos sociais básicos a educação e a saúde; e programas complementares, que oportunizam o desenvolvimento de qualidades e potencialidades nas famílias atendidas, de modo que atinjam independência do programa. Este último eixo trabalha com a oferta de cursos profissionalizantes gratuitos e oficinas socioeducativas para crianças e adolescentes, possibilitando o acesso dos pais ao trabalho efetivo, não apena o informal.

A distribuição de valores do benefício vai depender da estrutura física familiar e da renda per capita mensal. Segundo as últimas atualizações, as famílias que recebem até R$70,00 per capita por mês e famílias que tenham filhos com até 17 anos de idade, com renda mensal per capita de até R$140,00 têm direito a receber o benefício do programa, desde que cumpram com as condicionalidades de saúde e educação estabelecidas pelo Governo Federal e fiscalizadas pelos governos Estaduais e Municipais (MDS, 2011).

O Programa Bolsa Família é um programa que atinge todo o território nacional, e segundo pesquisa feita por Layton, 12,27% da população brasileira é beneficiária nos estados do Nordeste, 7,24% dos beneficiários são moradores dos estados do Sudeste, 5,48% estão nos estados do Norte, Sul e Centro Oeste, enquanto que 76% não são beneficiários do PBF (LAYTON, 2010, p. 1). O funcionamento do programa é visto por alguns autores da seguinte forma:

“o governo federal coordena, financia a gestão e paga os benefícios diretamente às famílias; os governos estaduais apoiam tecnicamente os municípios e estes, por sua vez, executam diretamente o programa, por meio do cadastro dos beneficiários, controle das condicionalidades, gestão dos benefícios e acompanhamento das famílias” (LICIO, RENNO e CASTRO, 2009).

Esse modelo de funcionamento sugere que as três esferas governamentais tenham envolvimento para a sua efetivação, embora o executor último seja o município. Quando se trabalha com políticas públicas, como as políticas sociais, o foco do trabalho é a comunidade e o indivíduo que atua nessa comunidade. O que é percebido no Programa Bolsa Família é de

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que existe uma acomodação por parte do beneficiário na busca de um emprego formal, visto que o fato de receber uma renda fixa pode desligá-lo do programa.

Sabemos da relação entre a pobreza e o fracasso escolar, sendo que Programas Sociais como o Bolsa Família e outros podem influenciar no combate à pobreza e desigualdade social, permitindo que famílias vulneráveis tenham acesso a direitos civis, sobretudo a educação.

O Bolsa Família é um Programa de renda mínima que integra a complementação de renda ao acesso à educação, assim como a permanência escolar. Os beneficiários do programa são crianças ou adolescentes de famílias pobres que sem o auxílio de uma bolsa mensal provavelmente se evadiriam da escola. O intuito do Programa é elevar o grau de escolaridade e permanência das crianças para aumentar as oportunidades sociais.

O Bolsa Família unificou todos os benefícios sociais (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e o Auxílio Gás) do governo federal num único programa. Essa medida propiciou uma maior agilidade na liberação do benefício, diminuindo burocracias e propondo a facilitação ao controle dos recursos. O objetivo desta proposta de unificação era extinguir a fragmentação, a superposição de funções e o desperdício de recursos públicos. Suas inovações são:

a) passa a proteger a família inteira ao invés do indivíduo; b) aumenta, e muito, o valor dos benefícios pagos; c) simplifica juntando todos os programas num só;

d) mais que dobra os recursos destinados à complementação de renda no país;

e) exige um maior compromisso das famílias atendidas;

f) potencializa as ações de governo, articulando União, Estados e Municípios. (www.fomezero.gov.br)

A educação tem poder de transformação, sendo que o Programa Bolsa Família visa reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida, fortalece-se no meio acadêmico o debate em torno dos tipos de proteção social que têm sido implementados nesses programas. As principais críticas recaem sobre as intervenções específicas e de curto prazo, focalizadas nos pobres visando alívio imediato da pobreza em detrimento de um sistema de defesa e garantia de direitos universais ou de políticas que conjugam ações focais de médio e longo prazo.

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O dilema que envolve o processo de educação nacional não é um problema recente na história, mas se tornou questionável, visto o progresso do país, como a crescente da disparidade que assola a população. O direito à educação está elencado na Constituição Federal, em seu art. 205 e seguinte, sendo um direito social essencial, ou seja, a educação é tão importante quanto qualquer outro direito uma vez que é parte inerente ao cidadão.

Percebe-se que o Brasil evoluiu, sobretudo, em termos de legislação, a questão mais problemática está na transferência entre o direito real para o plano de sua implementação. Entretanto, deve-se analisar os programas sociais que foram efetivados, entender que vários fatores estão envolvidos na condição de pobreza, pois não é só a questão salarial, mas também social como a região onde mora, se há saneamento básico, se existe atendimento de saúde e educação.

O projeto contempla pesquisas empíricas que investigam o papel estratégico da relação entre educação e direitos humanos no enfrentamento e na superação da pobreza, bem como os impactos das condicionalidades do Programa Bolsa Família.

Como os direitos humanos e as liberdades fundamentais são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais é impossível. A realização de um progresso duradouro na aplicação dos direitos humanos depende de boas e eficientes políticas internacionais de desenvolvimento econômico e social (Proclamação de Teerã).

Não basta simplesmente matricular as crianças e adolescentes na escola, é necessário um envolvimento de todos, viabilizando a permanência e também uma educação de qualidade, visto a educação ser um direito e um princípio de cidadania.

4 PROGRAMAS BOLSA FAMÍLIA NA ESCOLA PÚBLICA

Para aprofundar essa temática escolhemos fazer a pesquisa de campo na Escola Municipal Professor Aldo de Queiroz localizado na Rua Taboão, bairro Cidade Morena em Campo Grande - MS, que fica na região da Moreninha, sendo o sexto bairro mais populoso da nossa cidade, distante do centro e apresenta realidade socioeconômica bem diversa, com famílias de classe média e outras em situação de pobreza extrema.

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A escola Aldo entrou em funcionamento em 01/02/1987 e foi criada pelo decreto nº 5551/87. Possui 1.300 alunos matriculados, sendo que a escola atende desde a Educação Infantil aos anos Finais do Ensino Fundamental, tem 25 turmas, possui biblioteca, quadra coberta, sala de informática, laboratório de ciências, cantina, pátio e parque infantil. Possui ainda 70 professores todos graduados e a maioria com pós graduação, além de 25 funcionários do administrativo.

Solicitamos o preenchimento do Termo de Consentimento Livre Esclarecido. O TCLE é um documento que informa o sujeito da pesquisa de maneira que ele possa tomar sua decisão de forma justa e sem constrangimentos sobre a sua participação na pesquisa. É uma proteção legal do pesquisador e do pesquisado, pois ambos assumem responsabilidades. Para Teixeira (2006, p. 137):

Na pesquisa qualitativa o pesquisador procura reduzir a distância entre a teoria e os dados, entre o contexto e a ação, usando a lógica da análise fenomenológica, isto é, da compreensão dos fenômenos pela sua descrição e interpretação. As experiências pessoais do pesquisador são elementos importantes na análise e compreensão dos fenômenos estudados.

Uma característica importante das pesquisas qualitativas é que são exploratórias, ou seja, incentivam os sujeitos a pensarem livremente sobre o tema. Elas fazem emergir aspectos subjetivos dos sujeitos e atingem motivações não explícitas de maneira espontânea. Por isso, a coleta das informações, nesse tipo de pesquisa, foi feita diretamente pelo pesquisador na escola escolhida, para que ter maior compreensão dos fenômenos que quer estudar.

Pesquisar é buscar respostas às questões. Duarte (2002) escreve que uma pesquisa de campo é uma busca feita por um pesquisador, cujo olhar dirige-se para locais já conhecidos, mas com uma maneira diferente de olhar determinada realidade a partir da apropriação do conhecimento, que são muito pessoais.

A ênfase da investigação centrou-se no Programa Bolsa Família e sua inclusão e permanência na escola de alunos carentes, tendo como fonte a visão dos professores e direção, bem como de quatro famílias beneficiarias do Programa, com a pesquisa de campo para refletir temática, e aplicação de questionários e pesquisa de dados para aprofundar o presente artigo.

Para análise da relação do Programa Bolsa Família e sua influência no processo de ensino e aprendizagem nas escolas, foram realizadas três ações de pesquisa: elaboração

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dos questionários nas escolas, entrevista com diretor e com professor da escola, entrevista com quatro famílias de alunos matriculados e beneficiados pelo Programa Bolsa Família.

A escola escolhida realiza controle e acompanhamento da frequência das crianças beneficiadas pelo Programa Bolsa Família. Percebe-se que a escola procura fazer uso dos mecanismos de controle disponíveis, ao mesmo tempo em que alerta aos pais quanto às penalidades a que estarão sujeitos pela infrequência do aluno. Existe um controle permanente da frequência escolar, com o preenchimento da ficha que aciona o Conselho Tutelar quando o aluno apresenta um número significativo de faltas.

Quanto ao questionário para o diretor foram feitas nove perguntas que envolviam a percepção dos diretores sobre os seguintes assuntos: pontos positivos e negativos do programa na educação dos alunos, a participação das famílias, a frequência, a permanência e a participação dos alunos beneficiários e a visão da escola quanto ao impacto do programa na qualidade da educação.

Segundo o diretor da escola, o impacto do Programa na escola foi razoável, visto que os efeitos mais perceptíveis foram à permanência escolar e o aumento da frequência. Porém isso não foi visto pelo diretor como um ponto positivo, já que a própria LDB aponta a obrigatoriedade da permanência da criança na escola e a responsabilidade dos pais em acompanhar a frequência e a educação da criança. Para ele a condicionalidade do programa apenas faz que se cumpra uma parte da lei, pois não percebe o acompanhamento dos pais no processo educacional dos filhos sobretudo no rendimento das notas desses alunos sendo esse um desafio para escola pensar em estratégias.

Quanto à questão aumento do número de matrículas o diretor respondeu que não houve um aumento do número de alunos matriculados após a implementação do Bolsa Família na escola. Quando questionado sobre a maneira como Bolsa Família tem contribuído para a inclusão e manutenção das crianças de classes menos favorecidas na escola, todos participantes desta investigação enfocaram o viés financeiro do Programa

Para o professor questionamos sobre possibilidade do programa incentivar a permanência do aluno na escola? Qual a contribuição do Bolsa Família? A assiduidade das crianças melhorou com a implementação do Programa Bolsa Família? Rendimento do aluno melhorou com Programa e outras questões.

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Segundo o professor o Programa Bolsa Família melhorou a vida escolar dos alunos beneficiários de forma moderada, ele diz que os alunos que melhoraram a frequência e alguns a sua aprendizagem.

Para as famílias foram elaborados dezessete perguntas sobre as principais características socioeconômicas dessas famílias, tratamos ainda da relação do programa Social com ao sucesso escolar, e se as famílias tinham previsão para sair do Programa, ou seja, ter autonomia financeira para não precisar desse recurso financeiro. Quanto às entrevistas foram feitas na aplicação dos questionários, para complementação das perguntas, e também após a análise das respostas, quando surgiram novas questões importantes.

Através do questionário e entrevista as famílias percebemos que a maior preocupação das famílias está centrada no medo de perder o benefício, os pesquisados estão seguros ao afirmar que os alunos permaneceram mais tempo na escola depois que passaram a receber o benefício. Por outro lado, ainda colocam em dúvida as razões dessa permanência, uma vez que não percebem um envolvimento efetivo dos alunos com as tarefas escolares. Este comprometimento fica por conta da pressão das famílias que temem perder o benefício, porque, para muitas delas, essa é a única fonte de renda; por isso, o Bolsa Família passa a ter significado vital em suas existências, o que as leva a terem o cuidado com as exigências feitas pelo Programa no sentido da manutenção do mesmo. Conforme destacam os entrevistados, os próprios pais verbalizam o temor de ficarem sem aquele dinheiro que o benefício lhes proporciona.

Percebemos que o Bolsa Família tem contribuído para sanar parte das necessidades econômicas das famílias, porém pouco tem contribuído com o compromisso dos pais com a educação dos filhos. Dessa forma, aponta-se a desvinculação histórica de políticas sociais brasileiras da política macroeconômica e educacional, mantida em relação aos programas de transferência de renda, o que pode ou não reduzir esses programas a uma funcionalidade compensatória.

Entretanto, acredita-se que a inclusão e permanência de futuras gerações de crianças e adolescentes na escola exigem mudanças significativas no sistema educacional e na sociedade. Sendo esse um Programa que irá mudar nossa realidade no futuro, portanto deve ser valorizado pela escola e educadores.

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5 CONCLUSÃO

Este estudo teve o propósito de levantar questões relativas à contribuição do Bolsa Família para o sucesso escolar de alunos beneficiários do Programa na Escola Municipal Aldo de Queiroz, estratégia de ser escola publica e de região periférica. Considera-se o Programa não como uma medida permanente, mas como um fator transitório que pode contribuir para a emancipação dos sujeitos envolvidos, através de sua inserção e permanência no cotidiano da escola.

Percebemos que o envolvimento do programa na educação é principalmente para garantir o direito à frequência do aluno na escola, mas não apresenta de forma relevante outro tipo de impacto na educação dos alunos. Por estar relativamente no início de sua implantação, o programa revela algumas falhas ou pouco aproveitamento das oportunidades com relação ao envolvimento na educação. E sem a preocupação das escolas, isso fica ainda mais vago.

Há de se pensar em novos focos de oportunidades para utilização das condicionalidades do Programa Bolsa Família na educação, para trazer formação completa e não simplesmente a presença da criança na escola. Acredita-se que o Programa atua de forma significativa no sustento de muitas famílias brasileiras, tem atenuado a pobreza, mas ainda não está conseguindo promover a emancipação de seus beneficiários.

Com este trabalho não tivemos a pretensão de esgotar os estudos e investigações sobre o tema, mas estudar algumas limitações do Programa Bolsa Família na educação. Ao concluir este estudo, ressalta-se que o homem só será efetivamente cidadão

quando estiver integrado à sociedade, ao mercado de trabalho, exercendo uma participação ativa e crítica da vida social e política. Sendo que o desafio da escola é dar ensino de qualidade, incluir todos os alunos e promover uma educação transformadora para nosso país.

6 REFERÊNCIAS

AGUIAR, Marcelo. Bolsa escola: educação para enfrentar a pobreza. Brasília: UNESCO, 2002.

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