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Relatório do Programa de Monitoramento, Salvamento e. Resgate de Fauna de Vertebrados Terrestres e Monitoramento

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Programa de Monitoramento, Salvamento e Resgate de Fauna de Vertebrados Terrestres e Monitoramento e Levantamento da

Entomofauna

Relatório do Programa de Monitoramento, Salvamento e

Resgate de Fauna de Vertebrados Terrestres e Monitoramento

e Levantamento da Entomofauna entre os meses de janeiro e

março de 2011 da UHE São José

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O presente relatório aborda as atividades relativas aos Programas de Monitoramento, Salvamento e Resgate da Fauna de Vertebrados Terrestres e Levantamento e Monitoramento da Entomofauna e Conservação de Espécies Ameaçadas e Endêmicas realizadas entre os meses de janeiro e março de 2011 na área de influência da Usina Hidrelétrica (UHE) São José. O empreendimento está situado nos municípios de Cerro Largo, Rolador, Salvador das Missões e Mato Queimado, noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, na região denominada fisiograficamente de Missões.

Durante o período foi realizada a sétima campanha de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres na área de influência da UHE São José, a primeira pós-enchimento. Desse modo, o presente relatório contempla as atividades relativas ao monitoramento realizado e, por final, são apresentadas as atividades previstas para o próximo período.

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Sumário

Monitoramento de Fauna Terrestre ... 4

1. Equipe Técnica ... 4 2. Introdução ... 5 3. Métodos ... 6 3. Resultados ... 21 4. Referências bibliográficas ... 59 Atividades Previstas ... 66 

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Monitoramento de Fauna Terrestre

1. Equipe Técnica

Coordenação Geral

Biól. M.Sc. Adriano Souza Cunha – CRBio 9021-03 Biól. Liliane de Araujo Coelho – CRBio 69806-03 Entomofauna

Biól. Flávia Regina Girardi Montagner – CRBio 69872-03 Herpetofauna

Biól. Daniel Franco Netto de Borba Rocha – CRBio 34134-03 Biól. Luis Fernando Marin da Fonte – CRBio 53063-03

Acadêmico em Ciências Biológicas Cláudio Nascimento da Silva Acadêmica em Ciências Biológicas Simone Baratto Leonardi Avifauna

Biól. Maurício da Silveira Pereira – CRBIO 63445-03 Mastofauna

Biól. Felipe Bortolotto Peters – CRBio 53753-03

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2. Introdução

A primeira campanha de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres e monitoramento e levantamento da entomofauna do período pós-enchimento na área de influência da UHE São José realizou-se entres os meses de janeiro e março de 2011, durante o verão. Os trabalhos abrangeram os grupos de entomofauna, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Primeiramente é relatada a metodologia aplicada nos grupos de fauna trabalhados e a seguir são discutidos os resultados obtidos. Por final, são feitas as considerações finais a respeito da campanha realizada.

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3. Métodos

Insetos vetores

A campanha de levantamento e monitoramento da fauna de artrópodos de interesse médico da área de influência da UHE São José, referente ao período de verão, foi realizada na primeira semana de fevereiro de 2011, com duração de quatro dias.

Devido ao enchimento do reservatório, as estações amostrais EA2, EA3 e EA4 foram deslocadas em relação à última amostragem (figura 1), sendo que somente a EA1 permaneceu inalterada (tabela 1).

Figura 1. Imagem de satélite mostrando a localização das estações amostrais antigas e atuais. Fonte: Google Earth.

Tabela 1. Coordenadas geográficas, em graus decimais (datum SAD69), da localização das estações amostrais de entomofauna na UHE São José, Município de Cerro Largo.

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LAT / LONG EA1 (figura 2) -28.16565 / -54.79314 EA2 (figura 3) -28.16981 / -54.77425 EA3 (figura 4) -28.17398 / -54.73564 EA4 (figura 5) -28.20787 / -54.73037

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Figura 3. Ambiente da EA2 para coleta de entomofauna.

Figura 4. Ambiente da EA3 para coleta de entomofauna.

Figura 5. Ambiente da EA4 para coleta de entomofauna.

As coletas foram realizadas no período diurno e noturno, nas quatro estações amostrais. Nas coletas diurnas, que ocorreram entre 9 h e 13 h, os dípteros hematófagos foram

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atraídos por “isca humana”, que é o corpo do próprio coletor com algumas partes expostas. Quando o inseto pousa, este é contido por uma rede e então coletado com aspirador tipo frasco. Para coletar os carrapatos foi utilizada a técnica de arrasto, que consiste em arrastar sobre a vegetação uma flanela branca de dimensões 1 m x 1,5 m. Para as coletas noturnas, que ocorreram entre 19 h e 23 h, foi utilizada a técnica da “barraca de Shannon”. Nesta técnica, um pano agregado a uma fonte de luz é fixado na vegetação de dentro da mata (figura 6). Os mosquitos são atraídos pela luz e pousam no pano, onde são coletados no aspirador tipo frasco (figura 7). Os métodos de coleta, horário de amostragem e esforço amostral encontram-se detalhados na tabela 2.

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Figura 7. Aspirador tipo frasco e rede para amostragem de entomofauna.

Tabela 2. Relação das técnicas de coleta empregadas em cada estação amostral e o respectivo esforço amostral, em horas.

Método EA1 EA2 EA3 EA4

Captura diurna Isca Humana 4h 4h 4h 4h

Técnica de Arrasto 1h 1h 1h 1h

Captura noturna Barraca de Shannon + Armadilha Luminosa 4h 4h 4h 4h

Todos os exemplares coletados (figura 8) foram mortos em uma câmera mortífera, que é um tubo contendo algodão embebido em acetato de etila, armazenados em recipientes de transporte.

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Figura 8. Parte dos mosquitos coletados no período diurno na EA1.

No laboratório, os espécimes foram colados em pequenos triângulos de cartolina presos a alfinetes entomológicos (figura 9). A identificação foi realizada com o auxílio de estereomicroscópio Taimin TE30 e seguiu as chaves dicotômicas de CONSOLI & OLIVEIRA (1998). Depois de serem etiquetados com os dados de coleta, data e identificação, os exemplares foram acondicionados em caixas entomológicas.

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Figura 9. Montagem dos mosquitos com alfinete entomológico e identificação taxonômica.

A identificação dos espécimes coletados foi realizada em nível de gênero; visto que a identificação dos culicídeos até o nível de espécie é problemática. As fêmeas de algumas espécies não são separáveis morfologicamente, enquanto outras espécies necessitam da genitália do macho para serem definidas e outras ainda, pertencem a grupos muito grandes e não possuem chaves confiáveis.

Anfíbios

A primeira campanha da fauna de anfíbios no monitoramento pós-enchimento na área de influência da UHE São José, localizada no rio Ijuí, foi realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2001, com base em três modos de obtenção de registros: levantamento por encontros visuais (VES), método das transecções auditivas (AST) e registros ocasionais (RO).

De acordo com o método de levantamento por encontros visuais (visual encounter survey – VES), realiza-se uma busca ativa por indivíduos em fase larval ou adulta, durante um

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determinado período de tempo, em todos os microambientes potencialmente ocupados por esses animais (CRUMP & SCOTT, 1994). As áreas de amostragem foram percorridas aleatoriamente por três pessoas e a busca consistiu em revirar troncos, pedras, entulhos e outros objetos que pudessem ser utilizados pelos anfíbios como abrigo, em visitar os corpos d’água na procura por adultos ou girinos, em vasculhar a serrapilheira acumulada no interior das matas e em procurar indivíduos sobre a vegetação. Foram realizadas buscas diurnas e noturnas, perfazendo um esforço amostral total de 32 horas por pessoa (24 horas durante o dia e oito horas durante a noite).

De acordo com o método das transecções auditivas (audio strip transect – AST), um trecho pré-definido da área estudada é percorrido e são registradas as espécies de anfíbios em atividade de vocalização (ZIMMERMAN, 1994). Como a maioria das espécies de anuros tem sua atividade de vocalização concentrada nas primeiras horas da noite, esse foi o período amostrado com o uso de tal método. Foram realizadas amostragens em banhados, açudes, áreas alagadiças, arroios, em matas ciliares e na beira do reservatório, perfazendo um esforço amostral total de oito horas.

Animais encontrados fora dos pontos de amostragem, ou de outras formas que não as descritas acima, foram considerados como registros ocasionais (RO).

Durante a presente amostragem, procurou-se repetir os mesmos pontos avaliados nas campanhas anteriores ao enchimento do reservatório (tabela 3). Para facilitar futuras comparações, foi mantida a nomenclatura utilizada na última campanha de monitoramento realizada antes do enchimento do reservatório, em agosto de 2009.

Aqui, vale salientar que a maioria dos pontos de amostragem não sofreu grandes modificações com o enchimento do reservatório. Os locais amostrados mais alterados pela formação do lago foram o ponto P1, localizado na localidade conhecida como Fundão do Ijuí, e o ponto P4, uma propriedade particular. Em P1, a supressão da mata ciliar e o aumento no nível do rio Ijuí resultaram em perda de locais de amostragem, de modo que novas áreas foram selecionadas. Ainda assim, o açude amostrado por AST em todas as campanhas anteriores continua presente, apesar de agora muito mais próximo das águas do rio Ijuí. Em P4, da mesma forma, a supressão da vegetação e o aumento no nível do rio ocasionaram perda de áreas de estudo (incluindo um arroio), apesar de os açudes normalmente amostrados também terem permanecido a salvo do enchimento.

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Tabela 3. Coordenadas geográficas (datum SAD69) dos pontos de amostragem da fauna de anfíbios durante a sétima campanha de monitoramento da fauna terrestre (primeira após o enchimento do reservatório), realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011 na área de influência da UHE São José, no rio Ijuí.

Ponto Coordenadas geográficas Método LAT LONG P1 -28.176.203 -54.775.643 AST, VES P2 -28.176.758 -54.725.365 AST, VES P3 -28.169.537 -54.834.531 AST, VES P4 -28.183.425 -54.728.143 AST, VES P5 -28.172.036 -54.820.365 AST, VES P6 -28.197.870 -54.759.254 VES P7 -28.207.592 -54.806.754 VES P11 -28.141.203 -54.834.532 VES P14 -28.215.370 -54.800.087 VES

Legenda: VES = levantamento por encontros visuais; AST = métodos das transecções auditivas. Considerando-se o fato de que anfíbios são animais ectotérmicos e que, portanto, as condições climáticas podem influenciar sua atividade, são apresentadas na tabela 4 as condições do tempo e os índices pluviométricos registrados na região de inserção do empreendimento durante o período de amostragens (fonte: DEFESA CIVIL/RS).

Tabela 4. Condições do tempo e índices pluviométricos registrados na região de inserção da UHE São José, no rio Ijuí, entre os dias 14 e 18 de março de 2011.

Data Condições do tempo * Índices pluviométricos (mm) * 14/3/2011 tempo bom 0.0 16/3/2011 tempo bom 0.0 17/3/2011 tempo bom 0.0 18/3/2011 tempo bom 2.0

* Condições do tempo e índices pluviométricos registrados para o Município de Cerro Largo, RS (fonte: DEFESA CIVIL/RS).

A nomenclatura e a classificação das espécies foram baseadas em FROST (2011) e SBH (2010).

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Répteis

As atividades de campo da primeira campanha de monitoramento em caráter

pós-enchimento foram realizadas durante cinco dias (14 a 18 de março de 2011) nas áreas de influência direta e indireta da UHE São José. Durante esta campanha procurou-se repetir os pontos de amostragem avaliados em BIOLAW (2008) (

tabela 5), tendo sido, porém, excluídos três deles que foram submersos devido ao enchimento do reservatório. Acrescentou-se um novo ponto à atual amostragem na área de influência da presente UHE, este apresentando fisionomia semelhante aos pontos submersos. A amostragem foi realizada por três técnicos, tendo sido aplicado um esforço de captura correspondente a 24 horas de procura ativa durante o dia e oito horas de procura ativa durante a noite. Desta forma foram despendidas 96 horas/homem de procura ativa.

Para amostragem da fauna de répteis foram aplicadas as seguintes metodologias:

Procura Ativa (PA): que consistiu em lentas caminhadas durante o dia e a noite através de trilhas, estradas secundárias, afloramentos rochosos, matas ciliares e de galeria, poças temporárias, açudes, campos alagados e próximos a construções abandonadas (BALESTRIN, 2008). Nessa metodologia procurou-se abranger o maior número possível de microhábitats em busca de animais em atividade ou em potenciais abrigos (tocas, sob pedras, troncos caídos, termiteiros, madeiras e restos de construção e/ou demolição). Em cada sessão de procura por espécimes foi anotado, em caderneta de campo, o número de observadores, tempo despendido e coordenadas geográficas obtidas através de GPS. Os exemplares capturados foram identificados, fotografados e soltos. O esforço de captura empregado foi calculado somando o total de horas de cada coletor nas atividades de procura (MARTINS & OLIVEIRA, 1998). Para esta metodologia a taxa de captura foi expressa dividindo-se o número total de indivíduos capturados pelo somatório do número de horas que cada coletor realizou durante as atividades de campo. Três coletores participaram da amostragem em PA.

Encontro ocasional e/ou por terceiros (EO): que consistiu em todos os animais encontrados por terceiros ou quando a equipe estava em deslocamento.

Tabela 5. Pontos de amostragem de répteis nas áreas de influência direta e indireta da PCH São José, no rio Ijuí, durante a sétima campanha de monitoramento da fauna terrestre no período de pós-enchimento do reservatório, realizada entre os dias 14 a 18 de março de 2011.

Ponto Coordenadas

LAT LONG

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-28,20044 -54,76316 T2 -28,15427 -54,77967 -28,15820 -54,77701 T3 -28,17629 -54,77667 -28,17692 -54,77463 T4 -28,16985 -54,83705 -28,17176 -54,83624 -28,16985 -54,83477 T5 -28,17116 -54,82789 -28,17298 -54,82679 T6 -28,16269 -54,83603 -28,16123 -54,83498 T7 -28,14291 -54,83622 -28,14330 -54,83749 -28,14266 -54,83768 T8 -28,17437 -54,79637 -28,17408 -54,80057 T9 -28,18176 -54,72875 -28,18356 -54,73153 -28,18510 -54,72964 -28,18410 -54,72855 T10 -28,21632 -54,80059 -28,21556 -54,79941 -28,21855 -54,79725 T11* -28,20730 -54,80834 Legenda: * novo ponto de amostragem; + pontos alagados.

A nomenclatura e a classificação das espécies seguiram ZAHER et al. (2009) e BERNILS (2011) e a bibliografia consultada para auxiliar na identificação dos animais foi GIRAUDO (2001), LEMA (2002) e ACHAVAL & OLMOS (2007).

Aves

A primeira campanha de monitoramento pós-enchimento da avifauna na área de influência da UHE São José foi realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011, sendo realizadas amostragens qualitativas e quantitativas. Avaliações quantitativas foram realizadas através do método de pontos de escuta, (BIBBY et al., 2000) no qual o observador identifica e contabiliza todos os indivíduos visualizados e/ou escutados dentro de um raio imaginário pré-determinado.

Na presente amostragem foram repetidos 15 pontos de escuta amostrados nas campanhas antes da formação do reservatório (pré-enchimento), sendo que desses, seis estão situados em área de campo e nove em área de mata. Outros 12 pontos foram

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adicionados na amostragem apenas na presente campanha, sendo oito em área de mata e quatro em áreas campestres (tabela 6). As contagens foram iniciadas logo após a chegada do observador ao ponto e se estenderam por 10 minutos, sendo iniciadas cerca de 30 minutos após o nascer do sol.

Em virtude das amostragens contemplarem diferentes fitofisionomias (e.g. matas, campos, áreas cultivadas e áreas úmidas), alguns ajustes na metodologia foram realizados na primeira campanha do período pré-enchimento e mantidos na presente campanha. Foi estabelecido um raio fixo de 50 metros e distância mínima entre pontos de 180-200 metros em pontos localizados em fitofisionomia florestal, onde a visibilidade do observador diminui consideravelmente com o aumento da distância. Em fitofisionomias campestres foi definido raio fixo de 100 metros e a distância mínima entre pontos de 300 metros. Essas distâncias entre os pontos foram estabelecidas de modo a garantir a independência entre as unidades amostrais (RALPH et al., 1993).

Com o objetivo de monitorar as alterações na comunidade de aves durante os períodos pré e pós-enchimento do reservatório da UHE São José, os índices de abundância foram calculados separadamente, entre os pontos amostrados no período pré-enchimento e aqueles adicionados apenas no presente período (pós-enchimento).

Tabela 6. Localização dos pontos de contagem amostrados (coordenadas em graus decimais,

datum SAD69) nas campanhas de monitoramento da avifauna nos períodos de pré e pós-enchimento do reservatório, na área de influência da UHE São José, Município de Cerro Largo.

Ponto Coordenadas geográficas Local

LAT LONG P15* -28,179463 -54,778999 Mata P16* -28,180795 -54,777658 Mata P17* -28,177785 -54,779604 Mata P26* -28,173995 -54,773471 Mata P27* -28,172320 -54,776438 Campo P28* -28,168892 -54,776489 Campo P29* -28,165959 -54,777008 Campo P30* -28,169575 -54,773532 Mata P31* -28,168103 -54,774581 Mata P32* -28,178446 -54,784153 Mata P33* -28,178177 -54,786541 Campo P38* -28,178308 -54,774543 Campo P41* -28,188173 -54,774725 Campo P42# -28,174971 -54,786892 Mata P43# -28,174372 -54,783870 Mata P44# -28,186564 -54,772335 Mata

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Ponto Coordenadas geográficas Local LAT LONG P45# -28,189383 -54,771991 Campo P46# -28,187697 -54,770427 Mata P47# -28,191836 -54,770800 Campo P48# -28,190432 -54,768833 Mata P49# -28,194517 -54,770347 Campo P50# -28,179340 -54,737332 Mata P51# -28,180002 -54,737522 Campo P52# -28,181174 -54,736917 Mata P53# -28,180871 -54,738817 Mata

(*) Nome utilizado durante as campanhas do pré-enchimento do reservatório. (#) Pontos amostrados apenas na presente campanha.

A abundância para cada espécie foi calculada através do Índice Pontual de Abundância (IPA), que é igual ao número total de indivíduos contabilizados dividido pelo número de pontos de contagem (ALEIXO & VIELLIARD, 1995).

Espécies registradas durante as contagens além do raio pré-estabelecido, assim como as espécies registradas ocasionalmente (ad libitum) durante todo o período de amostragem foram classificadas quanto à fitofisionomia utilizada (florestal ou campestre) para posteriores análises de riqueza.

A sequência taxonômica segue o COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS (CBRO, 2008) e os nomes populares seguem BENCKE (2001). Espécies ameaçadas de extinção foram consideradas nos níveis regional (FONTANA et al., 2003), nacional (SILVEIRA & STRAUBE, 2008) e global (IUCN, 2010). Alterações nos nomes científicos apresentadas pelo CBRO (2009, 2010) foram adotadas no presente relatório.

Mamíferos

O monitoramento da fauna de mamíferos foi conduzido através de metodologias variadas, de maneira a contemplar a variação de tamanho corpóreo, os diferentes hábitos de vida e as preferências de hábitats dos mamíferos não-voadores com ocorrência confirmada e potencial para a região de amostragem. A escolha dos pontos foi direcionada às novas APP locais e áreas localizadas acima da cota de inundação (tabela 7). Os locais representam a fitofisionomia típica da área de interesse, na qual formações campestres

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estão entremeadas por capões de mata fortemente alterados por décadas de atividades rurais (agricultura e pecuária) intensivas.

Tabela 7. Coordenadas em graus decimais (datum SAD69) dos pontos de amostragem de mamíferos não-voadores na área de influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira campanha de monitoramento pós-enchimento realizada em março de 2011.

Ponto Coordenadas geográficas

LAT LONG MAM1 -28.181.428 -54.739.547 MAM2 -28.196.277 -54.758.524 MAM3 -28.184.415 -54.777.602 MAM4 -28.177.987 -54.760.230 MAM5 -28.169.712 -54.775.095 MAM6 -28.242.579 -54.779.810 MAM7 -28.238.921 -54.777.940

De maneira geral, a nomenclatura e a ordenação taxonômica para todas as espécies citadas seguem WILSON & REEDER (2005), sendo as exceções discutidas ao longo dos resultados. Os nomes populares estão listados conforme SILVA (1994) ou traduzidos de ACHAVAL et al. (2007). Os níveis de ameaça regional seguem as listas vermelhas compiladas por FONTANA et al. (2003), além da avaliação nacional de acordo com CHIARELLO et al. (2008).

Mamíferos de Médio e Grande Porte (>1kg)

As espécies de mamíferos de médio e grande porte foram registradas por determinação direta e indireta. Três métodos foram aplicados entre os pontos. Os registros ocasionais são apresentados separadamente.

- Busca por vestígios (determinação indireta): O método consistiu no uso de transectos lineares com distância pré-estabelecida de 500 m entre o ponto inicial e final. Cada percurso foi efetivado durante o dia visando à busca por pegadas, marcas e padrão de mordidas em frutos secos, marcas odoríferas, tocas escavadas e fezes segundo BECKER & DALPONTE (1991). O esforço amostral para este método foi de seis transectos lineares totalizando três quilômetros percorridos pelas margens do reservatório e fragmentos florestais acima da cota de inundação (pontos centrais MAM1 à MAM6).

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- Armadilhas fotográficas (determinação direta): Foram instaladas quatro unidades em pontos estratégicos como estradas abandonadas, trilhos na mata, acessos a corpos d’água e em locais onde se verificou a presença de indícios indiretos como tocas, pegadas, latrinas e restos de alimentação. Os equipamentos foram instalados a uma distância mínima de 500 m entre cada unidade amostral. O esforço amostral total investido para este método foi de 16 armadilhas/24h (pontos MAM3 à MAM6).

- Contato visual (determinação direta): As estradas vicinais localizadas ao longo do reservatório foram amostradas através de transectos não-lineares realizados durante a noite. Os percursos foram realizados com automóvel e farol de milha (1.000.000 velas), a uma velocidade máxima de 50 km/h, totalizando aproximadamente 80 km percorridos. Adicionalmente foram realizados percursos diurnos entre os trevos de acesso ao município de Cerro Largo e ao canteiro de obras da UHE São José (BR-392), visando o registro de espécimes atropelados entre as coordenadas geográficas (datum SAD69) -28.127892 /-54.814526 e -28.125642 / -54.726175.

A frequência de ocorrência (FO) de mamíferos de médio e grande porte foi calculada através da presença/ausência das espécies nos pontos de amostragem (pontos MAM1 à MAM6). Considera-se a razão entre o número de pontos em que a espécie foi registrada e o total de pontos amostrados. Foram consideradas “ocasionais” as espécies com ocorrência em 20% dos pontos; “incomum” entre 21-40%; “comum”, entre 41-60%; “frequente”, entre 61-80%; e “abundante”, entre 81-100%. Vale ressaltar que os métodos aplicados excluem grande parte dos pequenos mamíferos, aos quais foram aplicados métodos direcionados e em pontos restritos.

Mamíferos de Pequeno Porte (≤ 1kg)

Foi priorizado o monitoramento de espécies não-voadoras através de captura com armadilha não-letal, busca ativa e análise de egagrópilos de corujas. A seguir são descritos os métodos aplicados.

- Armadilhas não-letais: Foram utilizadas armadilhas modelo Sherman (9x9x24cm) e Tomahawk (12x12x30cm) distribuídas igualmente entre os pontos MAM4, MAM5 e MAM6, totalizando um esforço amostral de 300 armadilhas-noite. As armadilhas foram dispostas em transectos com 10 metros entre cada unidade amostral, instaladas no final da tarde e revisadas pela manhã, de acordo com metodologia descrita em VOSS & EMMONS

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(1996). A fim de contemplar todo o aspecto trófico do grupo em questão, as iscas oferecidas variaram entre uma combinação de frutas, pasta de amendoim e óleo de peixe. - Busca ativa: A busca foi executada com o objetivo principal de localizar indícios diretos e indiretos de pequenos roedores e marsupiais cujo hábito alimentar ou locomotor torna a captura em armadilhas um evento raro. A preá (Cavia spp), o serelepe (Guerlinguetus ingrami), os ratos de espinhos (Echimyidae) e os tuco-tucos (Ctenomyidae) são espécies alvo, porém todos os registros de pequenos mamíferos obtidos durante a execução deste método serão considerados como resultantes da busca ativa.

- Exame de egagrópilos de coruja-de-igreja (Tyto alba): Inventários de pequenos mamíferos utilizando armadilhas não-letais complementados com a análise de egagrópilos de aves de rapina são amplamente discutidos em SCHEIBLER & CHRISTOFF (2007). Neste caso, um abrigo de coruja-de-igreja (Tyto alba) localizado em MAM7 foi vistoriado visando à coleta de pelotas de regurgitação e restos de presas não-ingeridas. O material foi analisado em laboratório e a identificação dos fragmentos de crânios, mandíbulas e séries molares encontrados ocorreu segundo comparação com o material ósseo colecionado pelo Museu de Ciências Naturais da Universidade Luterana do Brasil (MCNU).

3. Resultados

Insetos vetores

Como mostra a tabela 8, o monitoramento de artrópodos de interesse médico da área de influência da UHE São José resultou na coleta de 1496 indivíduos (fêmeas) pertencentes ao Filo Arthropoda, Classe Insecta, Ordem Diptera, Família Culicidae. Não foram coletados indivíduos com a técnica de arrasto.

Dois gêneros totalizaram 98% dos indivíduos coletados, sendo respectivamente o gênero Psorophora, com frequência igual a 0,7286 e o gênero Aedes, com frequência igual a 0,2527. Os outros 2% são compostos por insetos do gênero Culex, Mansonia e Anopheles.

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Família Subfamília Tribo Gênero EA1 EA2 EA3 EA4 Total Freq.

Culicidae Culicinae Aedini Aedes 11 367 - - 378 0,2527

Aedini Psorophora 5 1085 - - 1090 0,7286

Culicini Culex 3 - 11 - 14 0,0094

Mansonini Mansonia - - - 5 5 0,0033

Anophelinae Anopheles 2 3 4 - 9 0,0060

TOTAL 21 1455 15 5 1496 1,0000

Chamou atenção o elevado número de indivíduos dos gêneros Psorophora e Aedes coletados na EA2, principalmente no período diurno (tabela 9). Durante as quatro horas da amostragem diurna, 1098 mosquitos foram coletados, o que representa um índice de picada/homem/hora de 274,5.

Tabela 9. Relação de espécimes coletados de cada gênero na EA2.

* IPHH - Índice de picada/homem/hora, é o número de mosquitos coletados utilizando-se isca humana, dividido pelo número de capturadores e o número de horas.

Essa densidade exagerada de mosquitos no EA2 provavelmente está vinculada a alguma modificação do ambiente provocada pelo enchimento da barragem. Segundo FERRETE et al. (2004), a formação do lago proporciona o aumento de criadouros nas águas rasas, sombreadas e sem correnteza, nas margens, entre as macrófitas e nas poças permanentes. O surgimento desses novos criadouros deve ter interferido no ciclo de vida

EA2 Gênero Coleta diurna

(9h – 13h)

Coleta noturna (19h- 23h)

Nº indivíduos IPHH* Nº indivíduos IPHH*

Aedes 231 57,75 136 34

Psorophora 867 216,75 218 54,5

Anopheles 0 0 3 0,75

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dos gêneros Aedes e Psorophora, que têm o habito de ovopositar em coleções hídricas no solo.

Duas espécies de Psorophora ocorrentes no Rio Grande do Sul se relacionam à transmissão de arboviroses, são elas: Psorophora ferox, que é considerada vetora ou potencial vetora do Vírus do Nilo, Vírus do Rocio, Vírus Una e Vírus do Nilo Ocidental; e Psorophora ciliata, que se relaciona ao Vírus do Nilo (CARDOSO et al., 2010). Contudo, pode-se dizer que nenhum exemplar dessas espécies esteve presente em alguma das coletas. Os insetos desse gênero possuem hábito hematófago agressivo e suas picadas são bastante dolorosas (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998). Somando isso ao fato de estarem presentes em grande quantidade, representando um índice de picada/homem/hora de 216,75 (tabela 9), acabam provocando um incômodo grande o suficiente para tornar o local impróprio para a presença humana.

Os mosquitos do gênero Aedes que possuem relevância epidemiológica estão agrupados nos subgêneros Stegomyia e Ochlerotatus. Desses, o Stegomyia é o mais importante na área do empreendimento, pois reúne as espécies Aedes aegypti e A. albopictus. O A. aegypti é o principal vetor da dengue e da febre amarela urbana no Brasil e o A. albopictus é vetor potencial da dengue e da febre amarela silvestre (BORGES, 2001). Entretanto, pode-se afirmar que nenhum dos indivíduos coletados do gênero Aedes pertence a essas espécies, que são de fácil identificação.

Por outro lado, o subgênero Ochlerotatus possui relevância mais restrita que o outro supracitado. CARDOSO et al. (2005) aponta a ocorrência de seis espécies de Ochlerotatus no Rio Grande do Sul. Dessas, apenas três se relacionam a algum tipo de moléstia: A. fluviatilis, que se infecta com o Plasmodium gallinaceum, produzindo considerável quantidade de esporozoítos infectantes e infecta-se experimentalmente com o vírus da febre amarela e Dirofilaria immitis; A. scapularis, que é suspeito de ser vetor da febre amarela, dengue e outros arbovírus, atua também como vetor secundário da Wuchereria bancrofti; e A. serratus, que é suspeito de ser transmissor de arbovírus.

O gênero Culex possui importância epidemiológica por ser relacionado à transmissão da filariose e diversas arboviroses. A identificação das espécies do gênero Culex é dificultada pelo grande número de espécies reunidas neste gênero e a falta de chaves de identificação confiáveis (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998). Entretanto, CARDOSO et al. (2005) relaciona para a região das Missões a ocorrência do Culex quinquefasciatus e do

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C. ribeirensis. Destes, somente C. quinquefasciatus possui maior importância epidemiológica por ser o vetor primário e principal da filariose bancroftiana no Brasil e também por arboviroses no meio rural e urbano (CONSOLI & OLIVEIRA,1998).

Todos os anofelíneos coletados pertencem ao subgênero Nyssorhynchus, que constitui o grupo que encerra o maior número de vetores principais ou auxiliares da malária (FORATTINI, 1993), sendo o Anopheles darlingi o maior vetor desta enfermidade no Brasil (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998). CARDOSO et al. (2004) relata a ocorrência das espécies Anopheles albitarsis, A. parvus, A. strodei e A. triannulatus para a região das Missões. Destas espécies, destacam-se com alguma relevância epidemiológica as espécies A. albitarsis, A. strodei e A. triannulatus por terem sido, em algum momento, encontradas naturalmente infectadas em alguma área endêmica de malária (CONSOLI & OLIVEIRA,1998).

Os mosquitos do gênero Mansonia utilizam o parênquima aerífero de algumas macrófitas, como as dos gêneros Eichornia, Pistia, Salvinia e Typha, durante o seu desenvolvimento larval. Em várias situações já foi possível relacionar a explosão populacional de macrófitas e mosquitos do gênero Mansonia. O caso mais conhecido foi o do reservatório Tucuruí (Estado do Pará) onde foi registrado índice médio de picada/homem/hora de 612 mosquitos por TADEI (1996). Apesar de não serem vetores de patógenos no Brasil, quando apresentam uma densidade exagerada causam grande incômodo à população humana e animal.

Existe a possibilidade de os mosquitos dos gêneros Mansonia e Anopheles serem favorecidos com desenvolvimento de macrófitas, podendo até virar praga, como aconteceu em Tucuruí. Por isso deve ser dada atenção especial ao desenvolvimento de macrófitas ao longo da represa, especialmente na região da EA4, onde foi evidência a presença do gênero Mansonia.

A alta densidade de mosquitos do gênero Psorophora e Aedes na EA2 e a presença de mosquitos Mansonia e Anopheles merecem atenção especial. Os mosquitos Psorophora e Aedes encontrados na EA2 não representam motivo para alarde, em termos epidemiológicos. Entretanto, a alta densidade apresentada, somada ao seu hábito agressivo, podem causar muito incômodo, podendo até tornar locais inadequados à habitação humana.

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Existem habitações humanas relativamente próximas da EA2, como mostra a figura 10, que podem ser severamente afetadas pela migração ou dispersão desses mosquitos. Isso torna relevante conhecer melhor a distribuição desses dois gêneros nas proximidades da EA2, intensificando o monitoramento nessa região. Em virtude disso, sugere-se que a partir da próxima campanha dois novos pontos de amostragem sejam incluídos no monitoramento, de acordo com a localização assinalada na figura 10.

Figura 10. Imagem de satélite mostrando a localização dos novos pontos de monitoramento sugeridos na região da EA2. Coordenadas em graus decimais dos pontos (datum SAD69):

-28.17898 / -54.77898 e -28.19065 / -54.76787. Fonte: Google Earth.

Anfíbios

Ao longo das amostragens foram registradas 13 espécies de anfíbios anuros, pertencentes a cinco diferentes famílias (tabela 10): Dendropsophus minutus, Dendropsophus sanborni, Hypsiboas faber, Scinax cf. berthae, Scinax fuscovarius (figura 11) e Scinax squalirostris, da família Hylidae; Leptodactylus fuscus, Leptodactylus gracilis e Leptodactylus latrans (figura 12), da família Leptodactylidae; Pseudopaludicola falcipes,

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da família Leiuperidae; Rhinella icterica e Rhinella schneideri, da família Bufonidae e Elachistocleis bicolor, da família Microhylidae.

Tabela 10. Espécies de anfíbios registradas durante a primeira campanha da fauna terrestre durante o monitoramento pós-enchimento, realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011 na área de influência da UHE São José, no rio Ijuí.

Táxon 1 Nome comum Método de registro

(número de indivíduos) ANURA

HYLIDAE

Dendropsophus minutus perereca-guria AST (2)

Dendropsophus

sanborni perereca VES (2)

Hypsiboas faber sapo-ferreiro AST (2)

Scinax cf. berthae perereca AST (2)

Scinax fuscovarius perereca-de-banheiro VES (9) Scinax squalirostris perereca-nariguda AST (3), VES (2)

LEPTODACTYLIDAE

Leptodactylus fuscus rã-assobiadora VES (2)

Leptodactylus gracilis rã-saltadora VES (1)

Leptodactylus latrans * rã-crioula VES (17)

LEIUPERIDAE

Pseudopaludicola

falcipes rã AST (1)

BUFONIDAE

Rhinella icterica sapo-cururu RO (2)

Rhinella schneideri sapo-cururu RO (2)

MICROHYLIDAE

Elachistocleis bicolor sapinho-guarda VES (1)

1

Segundo FROST (2011) e SBH (2010).

* Espécie antigamente tratada como Leptodactylus ocellatus.

Legenda: AST = método das transecções auditivas; VES = levantamento por encontros visuais; RO = registros ocasionais.

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Figura 11. Indivíduo de perereca-de-banheiro (Scinax fuscovarius) registrado durante a sétima campanha de monitoramento da fauna de anfíbios na área de influência da UHE São José, no rio

Ijuí, realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011.

Figura 12. Indivíduo jovem de rã-crioula (Leptodactylus latrans) registrado durante a sétima campanha de monitoramento da fauna de anfíbios na área de influência da UHE São José, no rio

Ijuí, realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011.

Considerando-se os cinco dias de amostragem, a curva de acumulação de espécies não apresentou tendência à estabilização, apresentando novos registros em praticamente

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todo o período de estudo (figura 13). Das metodologias de amostragem utilizadas, a que apresentou maior eficiência de registros foi o levantamento por encontros visuais (VES), que permitiu o registro de sete espécies (sendo seis exclusivamente através desse método) e 34 encontros. Após, aparece o método das transecções auditivas (AST), que possibilitou o registro de cinco espécies (sendo quatro exclusivamente dessa forma) e dez encontros. Por fim, os registros ocasionais (RO) permitiram o encontro de duas espécies (quatro indivíduos visualizados), ambas exclusivamente dessa forma.

Todas as espécies encontradas durante o presente estudo podem ser consideradas comuns naquela região do Estado e já apresentaram registros nas campanhas de monitoramento anteriormente realizadas na área de influência da UHE São José. Aqui, no entanto, vale salientar a mudança na nomenclatura da espécie antigamente tratada como Leptodactylus ocellatus (rã-crioula), que desde 2010 passou a ser reconhecida como Leptodactylus latrans. Trata-se de uma espécie bastante comum no Rio Grande do Sul, que já foi registrada em seis das sete campanhas de monitoramentos e que durante o presente estudo foi a mais abundante, com 17 encontros realizados.

Ao longo das seis campanhas realizadas antes do enchimento do reservatório, foram registradas 21 espécies de anfíbios nas áreas de influência da UHE São José. Durante o presente estudo, apesar de terem sido encontradas 13 espécies (riqueza não muito diferente daquelas observadas nas outras campanhas; figura 14), chama a atenção a baixa abundância de indivíduos registrados. Apenas dez indivíduos foram encontrados em atividade de vocalização, enquanto que apenas outros 34 foram visualizados ao longo dos cinco dias de estudo. Tal fato pode estar relacionado às condições ambientais ocorrentes durante o período, com noites frescas, com vento e presença de lua cheia. Além disso, a presente época do ano coincide com o final do período reprodutivo da maioria das espécies com ocorrência confirmada para a região, o que torna o encontro de anfíbios mais difícil do que nos meses de primavera e início do verão. Ainda assim, é possível que as alterações provocadas pelo enchimento do reservatório (sobretudo nos pontos P1 e P4) possam ter alguma influência na diminuição de registros nesses pontos. As espécies normalmente registradas nesses locais apresentavam hábitos sobretudo florestais, com migração para o sítio reprodutivo nas épocas de acasalamento. Com a supressão da vegetação e a perda de hábitat causadas pela formação do lago, é possível que esses animais tenham se deslocado para outras escassas áreas florestais do entorno. No

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entanto, apenas a sequência de amostragens poderá indicar a influência da instalação da UHE São José sobre a fauna de anfíbios da região.

0 3 6 9 12 15 14/3/2011 15/3/2011 16/3/2011 17/3/2011 18/3/2011 Dias N úm er o de es pé ci es r eg is tr ad as

GERAL AST VES RO

Figura 13. Curvas de acúmulo de espécies de anfíbios (geral e por método) calculadas a partir dos dados obtidos durante a primeira campanha de monitoramento da fauna terrestre pós-enchimento, realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011 na área de influência da UHE São José, no rio Ijuí. (AST = método das transecções auditivas; VES = levantamento por encontros visuais; RO =

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0 3 6 9 12 15 18 21

1ª PRÉ (mai/2008) 2ª PRÉ (ago/2008) 3ª PRÉ (nov/2008) 4ª PRÉ (fev/2009) 5ª PRÉ (jun/2009) 6ª PRÉ (ago/2009) 1ª PÓS (mar/2011)

Campanhas Núm ero de es péc ie s regi st ra da s

espécies por campanha curva de acúmulo espécies

Figura 14. Curvas de acúmulo de espécies de anuros calculadas a partir dos dados obtidos durante as sete campanhas de monitoramento da fauna terrestre realizadas (pré e

pós-enchimento) na área de influência da UHE São José, no rio Ijuí.

Répteis

Nesta campanha, no total dos métodos aplicados, foram registradas sete espécies de escamados, sendo uma espécie de cobra-cega (Amphisbaena sp, n=7), duas espécies de lagartos teídeos, a lagartixa-verde (Teius oculatus, n=7) e o lagarto-do-papo-amarelo (Tupinambis merianae, n=1), uma espécie de sincídeo (Mabuya sp., n=2) e três espécies de serpentes: uma da família Dipsadidae, dormideira (Sibynomorphus ventrimaculatus, n=1); uma da família Elapidae, a cobra-coral (Micrurus sp., n=1); e uma serpente da família Viperidae, a jararaca-pintada (Bothropoides diporus n=1). Os resultados obtidos são sumarizados na tabela 11.

Tabela 11. Espécies de répteis registradas nas áreas de influência da PCH São José, no rio Ijuí, durante a sétima campanha de monitoramento da fauna terrestre no período pós-enchimento do reservatório, realizada entre os dias 14 a 18 de março de 2011.

ORDEM / FAMÍLIA / Espécie 1 Nome comum Tipo de registro (número de indivíduos) Pontos de amostragem REPTILIA AMPHISBAENIDAE Amphisbaena sp cobra-cega PA (7) T7

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ORDEM / FAMÍLIA / Espécie 1 Nome comum Tipo de registro (número de indivíduos)

Pontos de amostragem TEIIDAE

Teius oculatus lagartixa-verde PA (7) T1, T7, T10

Tupinambis merianae

lagarto-do-papo-amarelo PA (1) T1 SCINCIDAE Mabuya sp. scinco PA (2) T7 DIPSADIDAE Sibynomorphus ventrimaculatus dormideira EO (1) T4 ELAPIDAE Micrurus sp. cobra-coral PA (1) T1 VIPERIDAE

Bothropoides diporus

jararaca-pintada EO (1)

T4

Legenda: PA = procura ativa; EO = encontro ocasional.

Com base no esforço de captura despendido e no número total de exemplares encontrados pelo método de PA obteve-se uma taxa de captura de 0,19 escamados/hora-homem ou, aproximadamente, um escamado a cada 5,33 horas de procura ativa. Os lagartos teídeos foram registrados com maior representatividade, correspondendo a uma taxa de captura de 0,08 teídeos hora/homem ou, aproximadamente, um teídeo a cada 12 horas de procura ativa. A taxa de captura obtida para os escamados na presente campanha pode ser considerada semelhante à realizada no verão de 2009, quando se registrou 0,16 escamados/hora-homem.

Duas espécies foram registradas através do método EO, a jararaca-pintada (Bothropoides diporus) e a dormideira (Sibynomorphus ventrimaculatus). Um indivíduo de cada espécie foi registrado em deslocamento pelos acessos locais na área de influência da presente UHE. Isso pode refletir o período em que se realizou a amostragem, uma vez que as altas temperaturas ocorrentes no verão favorecem a atividade dos répteis.

A lagartixa-verde (Teius oculatus –figura 15) é uma espécie ocorrente em ambientes abertos de vegetação rala (ACHAVAL & OLMOS, 2007), e apresenta atividade marcadamente sazonal, estando em atividade nos períodos de temperaturas mais elevadas, e inativos nos períodos de frio (CAPPELLARI et al., 2007), o que significa que

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há possibilidade de não serem encontrados nas campanhas de monitoramento subsequentes.

Figura 15. Lagartixa-verde (Teius oculatus) registrada na área de influência da UHE São José. Março de 2011.

O lagarto-do-papo-amarelo (Tupinambis merianae) é bastante comum em todo o território do Rio Grande do Sul, e é considerado um réptil com grande tolerância a alterações por uso humano, ocupando áreas de lavouras e arredores de residências, entre outros ambientes antropizados.

Dentre as três serpentes registradas, duas delas – a coral (Micrurus sp.) e a jararaca-pintada (Bothropoides diporus – figura 16) são de grande interesse médico por serem causadores de acidentes ofídicos. A primeira causa uma porcentagem pouco representativa de acidentes em território brasileiro, a segunda, entretanto, é pertencente à família responsável por causar mais de 90% dos acidentes ofídicos anuais (MALGAREJO, 2003).

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Figura 16. Jararaca-pintada (Bothropoides diporus) flagrada deslocando-se por via de acesso à área da UHE São José.

O terceiro ofídio registrado, a dormideira (Sibynomorphus neuwiedi), ilustrada na figura 17, é uma serpente de pequeno porte (GIRAUDO, 2001) que se alimenta de moluscos, em especial lesmas (LEMA, 2002). As dormideiras apresentam tolerância a ambientes alterados por ações antrópicas; WINCK et al. (2007) observaram um leve aumento no número destes indivíduos após a ação de queimadas e plantação numa área de campo no centro do Estado.

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Figura 17. Indivíduo Sibynomorphus ventrimaculatus, serpente popularmente conhecida como dormideira, registrada através de encontro ocasional (EO) na primeira campanha de monitoramento

pós-enchimento da UHE São José.

As anfisbenas (representadas aqui por Amphisbaena sp.) são animais de hábitos fossoriais que realizam migrações verticais nas camadas do solo conforme as temperaturas ambientais, buscando um ideal térmico para termorregulação. Além disso, podem buscar a superfície quando do inundamento das galerias que ocupam em virtude de fortes chuvas. Isso pode fazer com que estejam ativas, mas não sejam registradas em algumas ocasiões por estarem em camadas mais inferiores do solo.

Nenhuma das espécies obtidas foi merecedora de especial destaque, uma vez que são consideradas comuns na região e não figuram em listas de espécies ameaçadas. Todos os répteis aqui registrados já haviam sido registrados nas atividades pré-enchimento (tabela 12), não havendo assim o acréscimo de espécies de répteis na área de influência da UHE São José.

Sendo esta a primeira campanha de monitoramento pós-enchimento do reservatório, considera-se esta caracterização incipiente para que se realizem inferências sobre a influência desta alteração na fisionomia da área.

Tabela 12. Espécies de répteis registradas na área de influência da UHE São José, somando os dados das campanhas de monitoramento e os resgates de fauna realizados. Legenda: C1 = primeira campanha de monitoramento de fauna terrestre; C2 = segunda campanha de monitoramento de fauna terrestre; C3 = terceria campanha de monitoramento de fauna terrestre; C4 = quarta campanha de monitoramento de fauna terrestre; C5 = quinta campanha de monitoramento de fauna terrestre; C6 = sexta campanha de monitoramento de fauna terrestre; C7 = sétima campanha de monitoramento de fauna terrestre, primeira pós –enchimento; R = resgates de fauna.

ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular Tipo de registro (nº de indivíduos) REPTILIA

AMPHISBAENIDAE

Amphisbaena darwini cobra-cega C1 (3) C2 (2)

Amphisbaena sp. cobra-cega C3 (5) C4 (3) C5 (5) C6(16) R(2)

LEIOSAURIDAE

Anisolepis grilli papa-vento R (9)

TEIIDAE

Teius oculatus lagartixa-verde C2 (1) C3 (4) C4 (3) C6 (1) C7 (7)

R(1)

Tupinambis merianae

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ORDEM / FAMÍLIA / Espécie Nome popular Tipo de registro (nº de indivíduos) SCINCIDAE

Mabuya sp.* scinco C7 (1)

Mabuya frenata scinco-cinzento C3 (2)

ANOMALEPIDAE

Liotyphlops beui cobra-cega-preta C5 (1)

COLUBRIDAE

Chironius bicarinatus cobra-cipó C3 (1) R(1)

Chironius sp. * cobra-cipó R (1)

Mastigodryas bifossatus jararaca-do-banhado R (1)

DIPSADIDAE

Atractus sp. cobra-da-terra C1 (4) R (8) C3 (1) C4 (1) C6 (1)

Atractus reticulatus cobra-da-terra C6 (1)

Helicops infrataeniatus cobra-da-água C4 (1)

Helicops sp. * cobra-da-água C2 (1)

Liophis cf. poecilogyrus cobra-verde-do-capim C2 (5) C3 (1) C4 (2), C6 (1) Liophis semiaureus cobra-d’água-marrom C3 (1), C4 (1) R(1) Oxyrhopus rhombifer falsa-coral C2 (1), R (2) Philodryas olfersii cobra-cipó C1 (2) C2 (1) R (7) C4 (1) Philodryas patagoniensis papa-pinto C2 (1) C3 (1)

Sibynomorphus ventrimaculatus dormideira R (1) C1 (1) C6 (2) C7 (1)

Thamnodynastes cf. strigatus corredeira R (2)

Tomodom dorsatus cobra-espada R (6)

ELAPIDAE

Micrurus sp. * cobra-coral C7 (1)

Micrurus altirostris cobra-coral R (3)

VIPERIDAE

Bothrops alternatus cruzeira R (3)

Bothrops diporus jararaca R (2) C3 (2) C5 (1) C6 (1) C7 (1)

Bothrops sp. jararaca R (8)

Bothrops pubescens jararaca-pintada C3(1)

*: Espécimes visualizados rapidamente, o que não permitiu realizar uma análise pormenorizada para determinar a espécie.

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Durante a primeira campanha do período de pós-enchimento do reservatório na área de influência da UHE São José foram registradas 103 espécies de aves (tabela 13). Dessas, 48 foram verificadas utilizando as áreas de floresta e 54 ocupando as áreas campestres. Outras cinco espécies foram apenas observadas realizando sobrevoos na área de influência do empreendimento.

Quatro espécies não foram registradas nas campanhas anteriores do monitoramento, assim como nos estudos para a elaboração do EIA/RIMA (GEOLINKS, 2005) – considerando nesse estudo apenas as espécies registradas nos pontos mais próximos da área da UHE São José (pontos 1 a 4), são elas: a biguatinga (Anhinga anhinga), a saracura-do-banhado (Aramides saracura), a tesoura-do-brejo (Gubernetes yetapa) e o tico-tico-do-banhado (Donacospiza albifrons) (tabela 13).

Três dessas espécies têm alguma relação com os ambientes aquáticos, como a biguatinga (A. anhinga), espécie residente incomum de lagos e banhados com arbustos, tocos, postes e outros poleiros, sendo rara na orla marítima (BELTON, 1994; SIGRIST, 2009). Esta espécie tem sua área de distribuição no Rio Grande do Sul ao longo da Depressão Central, ponta Oeste e raramente em vales que cortam o Planalto, não sendo conhecida sua ocorrência para a região amostrada (BELTON, 1994). Cabe destacar que na presente campanha seis indivíduos foram observados empoleirados em árvores secas localizadas dentro do reservatório da UHE São José.

Já a saracura-do-banhado (A. saracura) e o tico-tico-do-banhado (D. albifrons) são consideradas espécies comuns e amplamente distribuídas no Estado, mas cabe ressaltar que o tico-tico-do-banhado não apresenta ocorrência na região amostrada (BELTON, 1994).

A última espécie registrada apenas na presente campanha é o tesoura-do-brejo (G. yetapa; figura 18), registrada no Rio Grande do Sul apenas em 1973. Desde então essa espécie foi observada poucas vezes, sendo sempre registrada em áreas abertas com banhados, ao longo de riachos e áreas com capim ou arbustos (BELTON, 1994; BENCKE et al., 2003) além do registro de indivíduos observados alimentando-se em lavouras de soja (obs. pess.). No Estado sua área de distribuição está restrita ao planalto das Missões, sendo que seu status de conservação no Estado não pode ser avaliado devido a falta de informação sobre essa espécie, sendo considerado como espécie com dados insuficientes em BENCKE et al. (2003). Na presente campanha apenas um indivíduo foi

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visto e fotografado junto à área do reservatório pela equipe de monitoramento da mastofauna, sendo possível uma posterior confirmação da espécie.

Figura 18. Indivíduo de tesoura-do-brejo (Gubernetes yetapa) fotografado na área de influência da UHE São José no rio Ijuí, durante a 1ª campanha de monitoramento da avifauna no período de pós-enchimento do reservatório, realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011 (Foto: Paulo

Ricardo Roth).

Outra espécie listada entre as espécies com dados insuficientes no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul (BENCKE et al., 2003) é a saíra-de-chapéu-preto (Nemosia pileata), também registrada na presente campanha, assim como em algumas das campanhas anteriores ao enchimento. Essa espécie apresenta seus registros distribuídos em três localidades do extremo norte e noroeste do Estado (BENCKE et al., 2003; BELTON, 1994). Na presente campanha indivíduos foram observados junto às áreas florestadas, sendo no máximo de três indivíduos observados, nessa ocasião dois adultos foram observados alimentando um indivíduo juvenil, comprovando sua reprodução na região.

Entre as espécies registradas na presente campanha, duas encontram-se ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul (FONTANA et al. 2003), são elas:

Pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus): Enquadrado na categoria Vulnerável, segundo BENCKE et al. (2003). Esta espécie florestal foi também registrada durante as

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amostragens realizadas na 1ª, 3ª e 6ª campanhas, todas realizadas no período pré-enchimento do reservatório em porções florestais localizadas em áreas que foram alagadas e em áreas que permaneceram. Na presente campanha essa espécie foi detectada em área florestal situada próxima ao reservatório, na ocasião apenas um indivíduo foi observado forrageando junto a árvores de altura elevada.

Anu-coroca (Crotophaga major): Esta espécie de cuculídeo foi enquadrada na categoria Vulnerável no Rio Grande do Sul, sendo seus registros no Estado localizados principalmente ao longo do rio Uruguai, em uma ampla faixa da fronteira com a Argentina e também na bacia do rio Jacuí (BENCKE et al., 2003; BELTON, 1994). Habita a vegetação ribeirinha de rios, banhados e lagoas (SICK, 1997), ocorrendo geralmente onde árvores e arbustos pendem sobre águas paradas (WILLIS, 1983). Sua dieta é variada, consumindo frutos, sementes, vermes, pequenas cobras, lagartos e principalmente artrópodos, podendo também pescar em águas rasas e sendo atraído por formigas-correição, capturando pequenos animais espantados por esses insetos (WIILIS, 1983; SICK, 1997). No Rio Grande do Sul, a situação de suas populações é desconhecida, tendo seguramente sofrido um acentuado declínio ao longo de todo o rio Uruguai, devido à eliminação de grande parte das matas ciliares (BENCKE et al., 2003). Além deste impacto, a modificação da paisagem devido à construção de usinas hidrelétricas podem ser as principais ameaças à espécie no Estado (BENCKE et al., 2003), tendo sido constatado seu desaparecimento de um trecho do rio Piracicaba após a inundação das matas ribeirinhas pela construção da represa de Barra Bonita (MAGALHÃES, 1999). O registro de três indivíduos realizado durante a quarta campanha do monitoramento, no período pré-enchimento do reservatório, foi feito em área florestal que atualmente foi suprimida para formação do reservatório. Já na presente campanha o registro de cinco indivíduos foi realizado em área de mata situada junto à área do reservatório, sendo que o local em que os indivíduos encontravam-se estava a cerca de 150 metros do reservatório.

Tabela 13. Espécies de aves registradas durante a primeira campanha de monitoramento da fauna terrestre na área de influência da UHE São José, durante o período de pós-enchimento do reservatório. Legenda: SV = espécies apenas sobrevoando a área e RV = espécies se utilizando do reservatório e o número máximo de indivíduos observados na presente campanha.

Táxon1 Nome comum2 Mata Campo SV RV

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Táxon1 Nome comum2 Mata Campo SV RV TINAMIDAE

Crypturellus tataupa inambuxintã X

Nothura maculosa perdiz ou codorna X ANSERIFORMES

ANATIDAE

Amazonetta brasiliensis marreca-pé-vermelho [4]

PODICIPEDIFORMES PODICIPEDIDAE

Podilymbus podiceps mergulhão X

PELECANIFORMES ANHINGIDAE

Anhinga anhinga # biguatinga [6]

CICONIIFORMES ARDEIDAE

Butorides striata socozinho [1]

Bubulcus ibis garça-vaqueira X

Ardea cocoi garça-moura ou socó-grande [1]

Ardea alba garça-branca-grande [1]

THRESKIORNITHIDAE

Plegadis chihi maçarico-preto X X

Phimosus infuscatus maçarico-de-cara-pelada X X

CATHARTIFORMES CATHARTIDAE

Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha X

Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta X

FALCONIFORMES ACCIPITRIDAE

Heterospizias meridionalis gavião-caboclo X

FALCONIDAE

Caracara plancus caracará X X X

Milvago chimachima carrapateiro X X

Falco sparverius quiriquiri X

GRUIFORMES RALLIDAE

Aramides saracura saracura-do-brejo X

Pardirallus sanguinolentus # saracura-do-banhado X

Gallinula galeata 3 galinhola ou frango-d'água [5] CHARADRIIFORMES

CHARADRIIDAE

(40)

Táxon1 Nome comum2 Mata Campo SV RV SCOLOPACIDAE

Gallinago paraguaiae narceja X

JACANIDAE

Jacana jacana jaçanã X [2]

COLUMBIFORMES COLUMBIDAE

Columbina talpacoti rolinha-roxa X

Columbina picui rolinha-picuí X

Patagioenas picazuro asa-branca ou pombão X X

Zenaida auriculata pomba-de-bando X

Leptotila verreauxi juriti-pupu X

PSITTACIFORMES PSITTACIDAE

Myiopsitta monachus caturrita X

CUCULIFORMES CUCULIDAE

Piaya cayana alma-de-gato X

Crotophaga major EX anu-coroca X

Crotophaga ani anu-preto X

Guira guira anu-branco X

STRIGIFORMES TYTONIDAE

Tyto alba coruja-de-igreja X

STRIGIDAE

Athene cunicularia coruja-do-campo X

CAPRIMULGIFORMES NYCTIBIIDAE

Nyctibius griseus urutau X

CAPRIMULGIDAE

Hydropsalis torquata bacurau-tesoura X

APODIFORMES APODIDAE

Chaetura meridionalis andorinhão-do-temporal X

TROCHILIDAE

Hylocharis chrysura beija-flor-dourado X

CORACIIFORMES ALCEDINIDAE

Megaceryle torquata martim-pescador-grande X

Chloroceryle amazona martim-pescador-verde X

(41)

Táxon1 Nome comum2 Mata Campo SV RV BUCCONIDAE

Nystalus chacuru joão-bobo X

PICIFORMES PICIDAE

Melanerpes candidus pica-pau-branco X

Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó X

Colaptes campestris pica-pau-do-campo X

Dryocopus lineatus EX pica-pau-de-banda-branca X

PASSERIFORMES THAMNOPHILIDAE

Thamnophilus caerulescens choca-da-mata X

Dysithamnus mentalis choquinha-lisa X FORMICARIIDAE

Chamaeza campanisona tovaca-campainha X

DENDROCOLAPTIDAE

Lepidocolaptes falcinellus arapaçu-escamoso-do-sul X

FURNARIIDAE

Furnarius rufus joão-de-barro X X

Schoeniophylax phryganophilus bichoita X

Synallaxis ruficapilla pichororé X

Synallaxis cinerascens pi-puí X

Synallaxis frontalis petrim X

Certhiaxis cinnamomeus curutié X

Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete X

TYRANNIDAE

Poecilotriccus plumbeiceps tororó X

Camptostoma obsoletum risadinha X X

Serpophaga subcristata alegrinho X

Phylloscartes ventralis borboletinha-do-mato X

Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta X

Lathrotriccus euleri enferrujado X

Satrapa icterophrys suiriri-pequeno X

Gubernetes yetapa # tesoura-do-brejo X

Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro X

Pitangus sulphuratus bem-te-vi X

Megarynchus pitangua neinei X

Tyrannus melancholicus suiriri X

Myiarchus swainsoni irré X

TITYRIDAE

(42)

Táxon1 Nome comum2 Mata Campo SV RV VIREONIDAE

Cyclarhis gujanensis gente-de-fora-vem X CORVIDAE

Cyanocorax chrysops gralha-picaça X

HIRUNDINIDAE

Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa X

Progne tapera andorinha-do-campo X X

TROGLODYTIDAE

Troglodytes musculus corruíra X X

POLIOPTILIDAE

Polioptila dumicola balança-rabo-de-máscara X X TURDIDAE

Turdus rufiventris sabiá-laranjeira X

Turdus leucomelas sabiá-barranco X

Turdus albicollis sabiá-coleira X

MIMIDAE

Mimus saturninus sabiá-do-campo X

THRAUPIDAE

Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto X

Lanio melanops 3 tiê-de-topete X

Tangara sayaca 3 sanhaçu-cinzento X X Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho X

EMBERIZIDAE

Zonotrichia capensis tico-tico X X

Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo X

Donacospiza albifrons # tico-tico-do-banhado X Sicalis flaveola canário-da-terra-verdadeiro X

Sporophila caerulescens coleirinho X

Lanio cucullatus 3 tico-tico-rei X

Paroaria coronata cardeal X X

CARDINALIDAE

Saltator similis trinca-ferro-verdadeiro X

PARULIDAE

Parula pitiayumi mariquita X

Geothlypis aequinoctialis pia-cobra X

Basileuterus culicivorus pula-pula X

Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assobiador X ICTERIDAE

Cacicus chrysopterus tecelão X

(43)

Táxon1 Nome comum2 Mata Campo SV RV

Pseudoleistes guirahuro chopim-do-brejo X

Agelaioides badius asa-de-telha X

Sturnella superciliaris polícia-inglesa X

FRINGILLIDAE

Euphonia chlorotica fim-fim X

1

Ordem taxonômica segundo CBRO (2008). 2

Segundo BENCKE (2001). 3

Espécies com nomes científicos alterados em CBRO (2009; 2010). # = espécie ainda não registrada na área de influência da UHE São José. Ex = Espécies ameaçadas no Rio Grande do Sul (BECKE et al. 2003).

Ao longo das sete campanhas de monitoramento já realizadas na área de influência da UHE São José, a curva de acúmulo de espécies registradas (n=186) demonstra uma pequena tendência de estabilização a partir da quarta campanha, mesmo com o acréscimo de algumas espécies na presente campanha. No entanto novas espécies são esperadas com a continuidade das amostragens, principalmente devido às alterações ocorridas na área devido à formação do reservatório, assim como nas campanhas realizadas na primavera, devido à chegada de espécies migratórias ao Estado (figura 19).

Figura 19. Curva de acúmulo de espécie de aves registradas ao longo de sete campanhas de monitoramento da avifauna na área de influência da UHE São José.

(44)

Através da aplicação do método de pontos de escuta (n=27), 41 espécies foram detectadas nos pontos localizados em ambientes de mata e 29 espécies foram contabilizadas nos pontos de campo, totalizando 95 indivíduos contabilizados através desta metodologia, o que representa uma média de 3,5 indivíduos por ponto (tabela 14). Para facilitar as análises e tornar os dados coletados durante o período de pré-enchimento do reservatório, algumas medidas foram tomadas nesse relatório e deverão ser mantidas até o término do presente monitoramento. Os pontos amostrados no período pré-enchimento, tanto de mata como de campo foram repetidos nessa campanha, sendo seus dados comparados aos obtidos nesses mesmos pontos e tratados como MA1 e CA1 (mata e campo). Para aumentar o número de pontos de amostragem, reduzidos devido à inundação dos pontos de mato e campo situados no período de pré-enchimento em locais que iriam alagar, foram escolhidos novos pontos de campo e mata em novos locais, nomeados aqui em MA2 e CA2. Os índices de abundância pontual (IPA) foram calculados separadamente para cada grupo de pontos (MA1 e CA1 e MA2 e CA2), assim como apresentados de forma geral, levando em conta apenas a fitofisionomia da área do entorno do ponto, mato ou campo.

Tabela 14. Índice de abundância para as espécies registrada nos pontos de escuta durante a primeira campanha de monitoramento da fauna terrestre na área de influência da UHE São José, durante o período de pós-enchimento do reservatório. Legenda: MA1 = pontos em mato

amostrados no período pré-enchimento; MA2 = pontos novos em mato; CA1 = pontos em campo amostrados no período pré-enchimento; CA2 = pontos novos em campo; IPA = índice pontual de abundância.

Táxon1 Nome vulgar2 IPA

MA1 MA2 CA1 CA2 GERAL MA GERAL CA CICONIIFORMES ARDEIDAE

Bubulcus ibis garça-vaqueira 0,50 0,30

THRESKIORNITHIDAE

Plegadis chihi maçarico-preto 0,25 0,10

Phimosus infuscatus maçarico-de-cara-pelada 1,25 0,50

FALCONIFORMES FALCONIDAE

Caracara plancus caracará 0,11 0,33 0,06 0,20

CHARADRIIFORMES CHARADRIIDAE

Vanellus chilensis quero-quero 0,67 1,00 0,80

(45)

Táxon1 Nome vulgar2 IPA MA1 MA2 CA1 CA2 GERAL MA GERAL CA COLUMBIDAE

Columbina talpacoti rolinha-roxa 0,50 0,30

Patagioenas picazuro asa-branca ou pombão 0,44 0,37 0,50 0,5 0,41 0,50

Zenaida auriculata pomba-de-bando 3,17 2,25 2,80

Leptotila verreauxi juriti-pupu 0,78 0,75 0,76

PSITTACIFORMES PSITTACIDAE

Myiopsitta monachus caturrita 0,33 0,20

CUCULIFORMES CUCULIDAE

Guira guira anu-branco 1,00 0,60

PICIFORMES PICIDAE

Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó 0,22 0,12

Colaptes campestris pica-pau-do-campo 0,83 0,75 0,80

Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca 0,11 0,06 PASSERIFORMES

THAMNOPHILIDAE

Thamnophilus caerulescens choca-da-mata 0,44 0,75 0,59 Dysithamnus mentalis choquinha-lisa 0,22 0,37 0,29

FORMICARIIDAE

Chamaeza campanisona tovaca-campainha 0,11 0,25 0,18

DENDROCOLAPTIDAE

Lepidocolaptes falcinellus arapaçu-escamoso-do-sul 0,12 0,06 FURNARIIDAE

Furnarius rufus joão-de-barro 0,12 0,67 0,5 0,06 0,60

Schoeniophylax phryganophilus bichoita 0,17 0,10

Synallaxis ruficapilla pichororé 0,33 0,37 0,35

Synallaxis cinerascens pi-puí 0,12 0,06

Syndactyla rufosuperciliata trepador-quiete 0,33 0,12 0,24

TYRANNIDAE

Poecilotriccus plumbeiceps tororó 0,11 0,06

Camptostoma obsoletum risadinha 0,11 0,25 0,06 0,10

Serpophaga subcristata alegrinho 0,25 0,10

Phylloscartes ventralis borboletinha-do-mato 0,12 0,06

Lathrotriccus euleri enferrujado 0,11 0,12 0,12

Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro 0,17 0,25 0,20

Pitangus sulphuratus bem-te-vi 0,33 1 0,60

Megarynchus pitangua neinei 0,11 0,25 0,18

(46)

Táxon1 Nome vulgar2 IPA MA1 MA2 CA1 CA2 GERAL MA GERAL CA

Myiarchus swainsoni irré 0,25 0,12

TITYRIDAE

Pachyramphus polychopterus caneleirinho-preto 0,11 0,25 0,18

VIREONIDAE

Cyclarhis gujanensis gente-de-fora-vem 0,12 0,06

CORVIDAE

Cyanocorax chrysops gralha-picaça 0,44 0,37 0,41 HIRUNDINIDAE

Progne tapera andorinha-do-campo 0,17 0,10

TROGLODYTIDAE

Troglodytes musculus corruíra 0,11 0,12 0,17 0,25 0,12 0,20

POLIOPTILIDAE

Polioptila dumicola balança-rabo-de-máscara 0,11 0,17 0,75 0,06 0,40

TURDIDAE

Turdus rufiventris sabiá-laranjeira 0,22 0,25 0,24

Turdus leucomelas sabiá-barranco 0,33 0,25 0,29

Turdus albicollis sabiá-coleira 0,12 0,06

MIMIDAE

Mimus saturninus sabiá-do-campo 0,33 0,20

THRAUPIDAE

Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto 0,12 0,06

Lanio melanops 3 tiê-de-topete 0,12 0,06

Tangara sayaca 3 sanhaçu-cinzento 0,12 0,33 0,06 0,20 Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho 0,12 0,06

EMBERIZIDAE

Zonotrichia capensis tico-tico 0,25 0,50 0,5 0,12 0,50

Ammodramus humeralis tico-tico-do-campo 0,17 0,10

Donacospiza albifrons tico-tico-do-banhado 0,50 0,30

Sporophila caerulescens coleirinho 0,33 0,20

Paroaria coronata cardeal 0,12 0,17 0,06 0,10

PARULIDAE

Parula pitiayumi mariquita 0,67 0,37 0,53

Basileuterus culicivorus pula-pula 0,44 0,37 0,41

Basileuterus leucoblepharus pula-pula-assobiador 0,67 0,5 0,59

ICTERIDAE

Icterus cayanensis encontro 0,12 0,06

Sturnella superciliaris polícia-inglesa 2,17 1,30

FRINGILLIDAE

Euphonia chlorotica fim-fim 0,11 0,06

1

Referências

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