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OFINAS DE HISTÓRIA: webquest na construção de habilidades e competências no ensino de história.

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Academic year: 2021

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1: Aluno bolsista. 2: Professor orientador.

OFINAS DE HISTÓRIA: webquest na construção de habilidades e competências no ensino de história.

Elias Daniel Boaventura FERREIRA¹; Giovane José SILVA²;

RESUMO

O artigo propõe o ensino de história por meio da introdução de práticas de epistemologia da história em sala de aula, como forma de promover a educação ou consciência histórica dos jovens e superar o ensino passivo baseado na simples transposição didática de conteúdos construídos no âmbito científico. Para tanto, utiliza-se de uma ferramenta educacional desenvolvida pelo professor Bernie Dodge, do departamento de tecnologia educacional da Universidade Estadual da Califórnia (San Diego University) e denominada webquest. Por meio dessa tecnologia desenvolvemos cinco casos-modelo para resolução através de um site, também disponível em aplicativo para celular.

INTRODUÇÃO

A prática do ofício do historiador, enquanto campo de conhecimento específico e profissional caracteriza-se por múltiplos procedimentos, a exemplo da pesquisa em arquivos e bibliotecas (arquivística), a crítica das fontes (heurística), sua interpretação/compreensão (hermenêutica) e comunicação aos pares ou ao púbico mais amplo constituído de não historiadores (narrativa) (DOSSE, 2010; RICOUER, 2007; CERTEAU, 2007).

Por outro lado, as práticas de ensino de história no ambiente escolar, assim como à compreensão dos não historiadores acerca do que é a história, são demarcadas pela ideia geral de que a história estuda os fatos humanos do passado, tal como realmente aconteceram. Assim, para a maioria dos alunos cabe ao professor de história expor os fatos que aconteceram. O bom professor é aquele capaz de prender a atenção, mesclando a narrativa dos fatos com episódios pitorescos e interessantes, ou seja, alguém capaz de aliar a narrativa lógica e científica do passado com o pensamento espontâneo e emocional do público escolar (KARNAL, 2004).

Em tudo isso existe um gravíssimo engano, que reproduz a tradição do ensino assentado no domínio de conteúdos, mas não de habilidades (KARNAL, 2004). Ora,

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o passado é um processo de construção seletiva, a partir de regras específicas compartilhadas por uma comunidade profissional em um determinado tempo e espaço, bem como enviesada pelas expectativas do presente. Tais procedimentos de construção do passado (seleção de fontes, sua crítica, interpretação e narrativa) não são apresentados aos alunos. Os livros didáticos e a narrativa dos professores em sala de aula são apenas a ponta do iceberg, ou seja, a narrativa pronta e acabada dos historiadores. Ou seja, poucos trabalham outras fases da operação historiográfica, como a seleção de documentos, o lugar social dos historiadores e os liamos da interpretação do passado (CERTEAU, 2007).

Portanto, um dos desafios do ensino de história consiste em oferecer ao aluno subsídios para a compreensão de como a história é construída, mesmo nos limites do ambiente escolar. Um caminho é a prática da aula oficina (BARCA, 2004) e a adoção de perspectivas pedagógicas construtivistas em sala de aula (FOSNOT, 1999). É o que estamos realizando com um projeto de iniciação científica PIBIC-jr, com fomento do CNPq.

Nosso objetivo é construir 05 (cinco) oficinas para o ensino de história. Tais oficinas serão transpostas para o formato digital e hospedadas em um site, já desenvolvido e que atua como plataforma interativa. Assim, outros professores poderão utilizar gratuitamente a plataforma e criar suas aulas oficinas, segundo a perspectiva do campo de estudos da educação histórica.

MATERIAL E MÉTODOS

O projeto Oficinas de história: webquest na construção de habilidades e competências no ensino de história tem por objetivo inserir os alunos nos procedimentos que caracterizam o ofício do historiador e a transposição desse conhecimento ao ambiente escolar. Para tanto, definimos três procedimentos metodológicos fundamentais, expostos a seguir.

As aulas oficinas estão sendo construídas a partir da apropriação de categorias e procedimentos metodológicos definidos no âmbito do campo de estudos conhecido como educação histórica ou consciência histórica, segundo a perspectiva de RUSEN (1987), Barca (2000, 2004 e 2005), Schmidt e Garcia (2007). Em suma, o campo da educação histórica defende o entrecruzamento de práticas pedagógicas ativas e construtivistas e o ensino de procedimentos do ofício

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do historiador, adaptados aos limites da sala de aula. Ou seja, mais do que ensinar conteúdos de história, prontos e acabados, ensina-se os alunos a trabalhar com as ferramentas do historiador e a pensar historicamente (RUSEN, 1987; BARCA, 2005). O segundo procedimento foi a construção de um site para a hospedagem das aulas oficinas e sua transformação em um software, uma ferramenta de educação histórica de livre acesso pelos professores. O site foi desenvolvido usando linguagens de programação para web, tais como: HTML 5, CSS 3, JavaScript, PhP e a biblioteca JavaScript denominada JQuery. A linguagem HTML foi a principal ferramenta utilizada na construção do design do site, juntamente com CSS (que possibilita a inserção de cores e estilos ao site) e JavaScript (responsável pelo movimento do site). A biblioteca JQuery, por sua vez, nos possibilitou fazer algumas animações, como slides de notícias. Já a linguagem PhP nos permitiu validar os campos de texto, como na área de contato ou as áreas para respostas dos questionários e dos casos que os alunos irão resolver.

Por outro lado, a utilização de alguns softwares para o desenvolvimento da plataforma apresentou-se indispensável, fosse para a edição e criação de imagens, como para a elaboração da página web. As múltiplas linguagens, acima citadas, necessitam de entrecruzamento. Para tanto, foi necessário a utilização de um software editor de texto básico ou editor de páginas html/php, a exemplo do bloco de notas do computador.

Todavia, para a programação web, a desenvolvedora de softwares Adobe apresentou-se como a melhor solução em softwares. Para a criação do site foram utilizados o Adobe fireworks CS6 (que edita e cria imagens), o Adobe Dreamweaver CS6 (que cria e edita páginas html/php) e o Inkscape 0.46b (que cria imagens em vetores), esse último não desenvolvido pela Adobe. Cabe ressaltar todas essas ferramentas e a plataforma de programas da web são pagos, mas disponibilizadas gratuitamente pelo IFSuldeminas, como recursos dos cursos de informática.

Uma vez desenvolvido o site realizamos testes em diversos navegadores. Para uma maior eficácia, no desenvolvimento do site foram usados os navegadores disponíveis gratuitamente para download, tais como Google Chrome, Internet Explorer 8.0, Mozilla Firefox e o Opera.

Enfim, as webquest são atividades – ou oficinas – de ensino/aprendizagem desenvolvidas especialmente a partir da resolução de casos via internet, uma forma de nortear a imensa quantidade de informações disponíveis na rede a serviço do

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ensino. O conceito de webquest foi criado em 1995 por Bernie Dodge, professor do departamento de tecnologia educacional da universidade estadual da Califórnia (San Diego University). O desafio era procurar aliar os recursos de tecnologia a uma proposta metodológica consistente, criando uma forma criativa de aprender e de ensinar. Essa ferramenta foi utilizada pelas historiadoras e professoras de teoria do ensino de história, Ana Lagoa e Keila Grimberb (2000) para o projeto “Dimensões da Cidadania no Império”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do projeto são ainda parciais, pois em andamento. Estão sendo criados, como se afirmou, cinco casos enigmáticos para a resolução por parte dos alunos. Ao resolvê-los, como aulas oficinas e webquest os alunos serão inseridos não só no campo dos conteúdos históricos, menos importantes em nossa proposta, mas sobretudo no campo dos procedimentos historiográficos e construção do passado em sala de aula. Selecionamos um conjunto temático que envolve temas específicos, a saber: 1. História, historiografia e narrativas do passado: desafios da construção do Estado-Nacional do Império; 2. Dimensões e limites da cidadania no Império; 3. Índios, africanos e caboclos: o “povo” na escrita da história do Brasil; 4. Os processos de panteonização, criação de datas e heróis da Pátria no Brasil; 5. Dimensões da liberdade: ser ex-escravo na República.

Duas dessas oficinas foram realizadas em sala de aula, em turmas do 2° ano do ensino médio e PROEJA, com resultados positivos em relação aos objetivos propostos. Foram trabalhadas três aulas oficinas: 1. História, historiografia e narrativas do passado: desafios da construção do Estado-Nacional do Império; 2. Dimensões e limites da cidadania no Império; 3. Índios, africanos e caboclos: o “povo” na escrita da história do Brasil. Atualmente, essas três aulas oficinas estão sendo transpostas para o site, como se afirmou, já construído.

Por meio das oficinas realizadas observamos que o entrecruzamento entre as práticas pedagógicas ativas e construtivistas e os procedimentos do ofício do historiador em sala de aula apresenta-se como recursos úteis para romper com a passividade dos alunos, o excesso de cronologia, nomenclatura e o verbalismo dos professores em aulas de história. Com tais procedimentos esperamos nos adequar

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aos objetivos postos ao ensino de história no ensino médio, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).

A lei 9394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu artigo 22, aponta o caminho a perseguir na educação básica: “[...] desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (PCNs, 1998, p 12). Assim as diretrizes, os princípios pedagógicos, os valores a serem transmitidos, as competências e capacidades visualizadas, a seleção dos conteúdos das diversas áreas de conhecimento, os conceitos fundamentais, as estratégias de trabalho e as propostas de intervenção do professor estão todas pautadas por esse princípio maior que vincula a educação à prática social do aluno, ao mundo do trabalho, à formação para a cidadania. A tônica incide sobre o desenvolvimento da capacidade de aprender e de adquirir conhecimentos e habilidades, e sobre a formação de valores.

Portanto, os objetivos da escola básica, segundo essa lei, não se restringem à assimilação maior ou menor de conteúdos prefixados, mas se comprometem a articular conhecimento, competências e valores, com a finalidade de capacitar os alunos a utilizarem-se das informações para a transformação de sua própria personalidade, assim como para atuar de maneira efetiva na transformação da sociedade.

Ademais, um dos desdobramentos bastante positivos do projeto, não previstos inicialmente, foi à utilização da tecnologia denominada layout responsivo. Esta tecnologia permite o acesso ao portal por dispositivos móveis, como celulares e tablets, sem que o indivíduo tenha trabalho de ampliar a visualização ou ficar movendo muito a tela do seu aparelho. Tal ferramenta permitirá que o website se adeque a resolução disponível pelo dispositivo para o acesso ao portal. Isso permitirá que os usuários resolvam os casos com facilidade através do celular.

CONCLUSÕES

Por meio das oficinas realizadas observamos que o entrecruzamento entre as práticas pedagógicas ativas e construtivistas, o ensino dos procedimentos do ofício do historiador em sala de aula e a adoção das novas tecnologias no ensino apresentam-se como recursos úteis para romper com a passividade dos alunos, o

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excesso de cronologia, nomenclatura e o verbalismo dos professores que tem caracterizado o ensino de história no Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARCA, Isabel. O pensamento histórico dos jovens. Braga: Universidade do Minho. Instituto de Educaçao e Psicologia. Centro de Estudos em Educação e Psicologia, 2000. BARCA, Isabel. Aula oficina: do projecto à avaliação. Para uma educaçao histórica de qualidade. Actas das IV Jornadas internacionais de educação histórica, p. 131-144, Braga: Universidade do Minho. 2004.

BARCA, Isabel. Fundamentos da Pesquisa em Educação Histórica. Seminário realizado no Programa de Pós-Educação em Educação-UFPR. Programa Professor Visitante-CNPQ. Curitiba, set/out, 2005

CERTEAU, Michel de. A operação historiográfica. In: CERTEAU, Michel. A escrita da História. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2007.

DOSSE, François. Os três mastros entre dois recifes. A história entre a vigilância e a ficção. In: FERREIRA, Marieta Morais (org.) Memória e Identidade Nacional. Rio de Janeiro: Editoria FGV, 2010, pp. 15-30.

FOSNOT, Catherine Twomey. Construtivismo e educação. Teoria, perspectivas e prática. Lisboa: Instituto Piaget, 1999.

LAGOA, Ana, GRINBERG, Keila, GRINBERG, Lúcia (orgs.). Oficinas de História. Projeto curricular de ciências sociais e de História. Belo Horizonte: Dimensão, 2000.

RICOUER, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.

RUSEN, J. The didactics of History in West Germany: towards a new self-awareness of historical studies. Middletown (EUA). History and Theory,n. 63, 1987.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora, GARCIA, Tânia Maria Braga (Org.) Perspectivas de Investigação em Educação Histórica. Atas das VI Jornadas Internacionais de Educação Histórica, Curitiba: Ed UFPR, 2007.

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