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FORTISSIMO Nº 3 — 2016B A R B E
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PRESTO VELOCE 10/03 11/03MINISTÉRIO DA CULTURA E GOVERNO DE MINAS GERAIS APRESENTAM
PRESTO VELOCE 10/03
5 Dando continuidade à Temporada 2016
da nossa! Filarmônica de Minas Gerais, recebemos neste mês um dos mais importantes e disputados solistas do cenário internacional.
O consagrado pianista Barry Douglas, artista da maior versatilidade e qualidade, traz a Belo Horizonte o menos conhecido, mas talvez mais exuberante, concerto para piano de Tchaikovsky. Nesse mesmo programa prestamos homenagem aos 150 anos de Kalinnikov, com a sua inspirada Primeira Sinfonia. A criação de Barber
Caros amigos e amigas,
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
para o mito da Medeia é executada mais uma vez por nossa Orquestra. Com essa brilhante programação, a Filarmônica continua a enriquecer a vida cultural dos mineiros, dando àqueles que nos apoiam motivos de orgulho por tudo o que a Orquestra representa no cenário nacional de hoje. Bem-vindos e que todos
tenham um bom concerto.
F O T O: R AF AEL MO TT A
7 6 F O T O: ALEXANDRE REZENDE
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esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechettiposicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo
Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi
também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as orquestras sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Orquestra da Rádio e TV Espanhola em Madrid, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra
Sinfônica de Quebec, Canadá.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere e na Itália, dirigindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2016 fará sua estreia com a Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se
produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello. Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.
FABIO MECHETTI
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FABIO MECHETTI, regente BARRY DOUGLAS, piano
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KALINNIKOV150 ANOS
Samuel BARBER
Meditação de Medeia e Dança da Vingança, op. 23a
Piotr Ilitch TCHAIKOVSKY
Concerto para piano nº 2 em Sol maior, op. 44
Allegro brillante
Andante non troppo
Allegro con fuoco
Vasily KALINNIKOV
Sinfonia nº 1 em sol menor
Allegro moderato
Andante commodamente
Scherzo: Allegro non troppo – Moderato assai
Finale: Allegro moderato
INTERVALO PROGRAMA
11 F O T O: EUGENE L ANG AN
BARRY
DOUGLAS
A consolidação da carreira internacional de Barry Douglas tem início com a Medalha de Ouro na Competição Internacional de Piano Tchaikovsky de 1986, em Moscou. Como diretor artístico da Camerata Ireland e do Clandeboye Festival, ele celebra continuamente sua herança irlandesa, ao mesmo tempo em que mantém uma intensa agenda internacional de turnês. Destaques da temporada 2015/2016 incluem apresentações no BBC Proms in the Park com a Ulster Orchestra e no Festival de Yerevan, Armênia; turnê com a Filarmônica de Bruxelas e concertos com as orquestras Sinfônica de Praga, Filarmônica de Belgrado, Filarmônica de Szczecin e Sinfônica da Galícia. Ele já se apresentou com a Sinfônica da BBC da Escócia, Sinfônica de Londres, Orquestra Nacional Russa, sinfônicas de Cincinnati, Singapura e da Rádio de Berlim, Staatskapelle Halle, Orquestra Nacional da França, sinfônicas de Seattle e de Melbourne, além da Filarmônica Real de Liverpool e da Filarmônica de Hong Kong. Barry tem uma agenda constante de recitais em todo o mundo e recentemente esteve no Reino Unido, Holanda, Armênia, México e Estados Unidos. O artista apresentou-se com a Filarmônica de Minas Gerais em 2012. Barry é artista exclusivo do selo Chandos e atualmente está gravando, como solista, a obra completa para piano de Brahms. Os primeiros cinco
álbuns receberam muitos elogios da crítica. A reconhecida revista britânica International Record Review escreveu: “este é de fato Brahms tocando em sua integridade e autoridade máximas (...) esta série tende a tornar-se uma versão de referência”. Em setembro de 2014 ele lançou o álbum Celtic Reflections — um mergulho na música folclórica irlandesa em dezoito arranjos do próprio Barry, desde melodias antigas até peças de compositores contemporâneos. Em 1999 Barry Douglas fundou a orquestra de câmara Camerata Ireland para celebrar e cultivar o talento dos jovens músicos da Irlanda do Norte e da República da Irlanda. Além da busca da excelência musical, um dos objetivos da orquestra é contribuir para o processo de paz na Irlanda por meio da promoção do diálogo e colaboração entre seus programas de educação musical. Barry realiza turnês com a Camerata Ireland por todo o mundo, e nesta temporada eles visitarão os Estados Unidos e a América do Sul. Na temporada passada, a Camerata Ireland fez a sua estreia no BBC Proms, em Londres, e estreou a cantata At Sixes and Sevens, comissionada pela The Honourable Irish Society, ao lado da Sinfônica de Londres, celebrando o título de Cidade da Cultura 2013 dado a Derry-Londonderry, município da Irlanda do Norte. Barry Douglas recebeu a Ordem do Império Britânico, na Lista Honorária do Ano Novo de 2002.
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MEDITAÇÃO DE MEDEIA E DANÇA DA VINGANÇA, OP. 23a (1953)
13 min
INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, piano, cordas.
PARA OUVIR
CD Thomas Schippers conducts Barber, Menotti, Berg, D’Indy – Adagio; Orchestral Pieces – New York Philharmonic; Columbia Symphony – Thomas Schippers, regente – Sony Classical, 5099750817025 – 1997
Filarmônica de Nova York – Dimitri Mitropoulos, regente
Acesse: fil.mg/bmedeia
PARA LER
Eurípides – Medeia – Trajano Vieira, tradução – Editora 34 – 2010 Barbara B. Heyman – Samuel Barber:
The Composer and His Music – Oxford University Press – 1992
IGOR REYNER Pianista, Mestre em música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.
Estados Unidos, 1910 – 1981
Um dos mais bem-sucedidos compositores norte-americanos, Samuel Barber começou a compor aos sete anos de idade e, aos quatorze, iniciou seus estudos no recém-fundado Curtis Institute. Prodigioso talento e irrestrito suporte por parte de Mary Curtis Bok, fundadora do instituto, garantiram-lhe uma carreira de sucesso ainda cedo. Em 1938, Arturo Toscanini e a NBC Symphonic Orchestra dedicaram um programa às suas obras, assim inscrevendo seu nome entre os mais respeitados compositores de seu tempo. Praticamente tudo o que compôs após esse programa consiste em encomendas de grandes artistas, importantes grupos instrumentais, associações e fundações. Sua positiva aceitação o levou a representar
os Estados Unidos em importantes eventos culturais internacionais, tornando-se o primeiro músico norte-americano a comparecer ao Congresso Bianual dos Compositores Soviéticos em Moscou, em 1962, e ser o vice-presidente do Conselho Musical
Internacional do Festival de Música de Praga de 1946.
Refratário aos movimentos de vanguarda, sua produção caracteriza-se pela manutenção da linguagem tonal e de formas canônicas do Romantismo tardio, herança dos nove anos de uma rigorosa orientação musical recebida de Rosario Scalero. A partir dos anos 1940, no entanto, sua linguagem torna-se um pouco mais ousada, dissonante e cromática. No campo da música vocal encontra espaço para experimentar estilos e define seu lirismo pessoal por meio da combinação de elementos barrocos e medievais com tendências neorromânticas. Diferentemente de seus contemporâneos que buscavam criar uma música americana, Barber preocupava-se simplesmente em oferecer uma música acessível ao ouvinte. Raramente recorre a elementos populares ou folclóricos e busca, nas mais diversas tradições literárias, fonte de inspiração. Sua obra explora com igual intensidade textos célticos e gaélicos, a poesia francesa e inglesa, a filosofia dinamarquesa ou tragédias e mitos gregos.
Por encomenda do Ditson Fund, Columbia University, Barber escreveu o balé Medea para a famosa coreógrafa e bailarina Martha Graham. O mito conta que Medeia casou-se com o argonauta Jasão após ajudá-lo a recuperar o velocino de ouro. Obrigada a abandonar sua terra natal, mata seu próprio irmão a fim de escapar de seu pai. Após inúmeros eventos sangrentos, os dois acabam em Corinto, onde o rei Creonte convence Jasão a abandonar Medeia e a casar-se com sua filha. Banida de Corinto e humilhada, Medeia mata o rei Creonte, sua filha e seus próprios filhos tidos com Jasão, numa furiosa vingança. Barber e Graham não utilizam em sua obra o mito como narrativa; interessa-lhes mais a capacidade das personagens de incorporarem e suscitarem estados psicológicos, tais como o ciúme e o desejo de vingança. Em 1948, o balé é adaptado para uma suíte em sete movimentos, estreada pela Philadelphia Orchestra regida por Eugene Ormandy. Finalmente, em 1953, a suíte é
adaptada para uma obra de movimento único, Meditação de Medeia e Dança da Vingança, na qual lirismo e violência oscilam numa tragédia musical.
Samuel
BARBER
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CONCERTO PARA PIANO Nº 2 EM SOL MAIOR, OP. 44
(1879/1880)
41 min
INSTRUMENTAÇÃO
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.
PARA OUVIR
CD Tchaikovsky – Piano concertos nos. 1-3; Concert Fantasy – Philharmonia Orchestra of London – Vladimir Fedoseyev, regente – Mikhail Pletnev, piano – Virgin Classics – 1998
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio de Moscou – Vladimir Fedoseyev, regente – Mikhail Pletnev, piano Acesse: fil.mg/tpiano2
PARA LER
Anthony Holden – Piotr Ilitch Tchaikovsky: uma biografia – Record – 1999
GUILHERME NASCIMENTO Compositor,
Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e
Música menor. Rússia, 1840 – 1893
Em 10 de outubro de 1879, quando Tchaikovsky chegou à casa da irmã, em Kamenka, sua intenção era descansar dos exaustivos meses anteriores. Havia composto uma nova ópera, A Dama de Orleans, e a correção das provas para a futura edição o levara ao esgotamento. Porém, tão logo chegou a Kamenka, uma nova ideia musical começou a persegui-lo. Escreveu a sua amiga e mecenas, a baronesa Nadezhda von Meck: “comecei a compor um concerto para piano. Mas não vou me apressar. De forma alguma vou me pressionar ou me cansar com a composição”. E, de fato, Tchaikovsky fez todo o possível para não se estressar, mantendo, porém, o entusiasmo com a peça que nascia. Em 21 de novembro chegava a Paris com o primeiro movimento já pronto. Começou a trabalhar no terceiro movimento e, só depois de tê-lo terminado é que compôs o segundo. A primeira versão do Concerto estava pronta quando ele partiu para Roma, na esperança de orquestrá-lo na virada do ano. Mas, nos dois meses e meio que passou na Cidade Eterna, suas principais ocupações foram revisar as provas da Sinfonia nº 2 e compor o Capricho Italiano. Apenas no início de março, com as malas prontas para São Petersburgo, é que Tchaikovsky conseguiu fazer a versão definitiva para dois pianos do Concerto nº 2 . A orquestração só viria no início de maio, quando já de volta a Kamenka.
O que mais surpreende, nessa obra tão original, são os longos solos de piano e as belas passagens camerísticas. O primeiro movimento, Allegro brillante, é composto sobre uma variação livre da forma sonata. Após a apresentação do tema principal pela orquestra, o piano rouba a cena e reina absoluto por todo o movimento, com longas passagens dedicadas exclusivamente a ele. No segundo movimento, Andante non troppo, chamam a atenção as longas passagens protagonizadas pelo violino e violoncelo solistas. O primeiro tema é de um lirismo ímpar, à altura das mais belas melodias de Tchaikovsky. Na seção central
a atenção se divide entre o piano, o violino e o violoncelo, que travam um diálogo camerístico comovente, ao ponto de críticos da época sugerirem que o movimento figuraria muito bem em um concerto triplo. O terceiro movimento, Allegro con fuoco, é o mais alegre de todos. Com inflexões de dança e uma estrutura que se aproxima de um rondó, contém quatro temas apresentados ao piano, ora em diálogo com a orquestra, ora acompanhados por ela. O caráter de dança russa nos remete mais à música nacionalista do Grupo dos Cinco do que ao que se convencionou associar à música de Tchaikovsky. O Segundo Concerto para piano nunca atingiu a popularidade do Primeiro, embora fosse, nas palavras do compositor, uma de suas melhores obras. Foi estreado em 1881, em Nova York, com Madeline Schiller ao piano e Theodore Thomas regendo a Filarmônica de Nova York. A primeira execução russa se deu em Moscou, na sala de concertos da Exibição das Artes e das Indústrias, em maio de 1882. Foi solista o amigo de Tchaikovsky, Sergei Taneyev, e regente, Anton Rubinstein.
Piotr Ilitch
TCHAIKOVSKY
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SINFONIA Nº 1 EM SOL MENOR (1894/1895)
38 min
INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
PARA OUVIR
CD Kalinnikov – Symphonies nos. 1 and 2 – National Symphony Orchestra of Ukraine – Theodore Kuchar, regente – Naxos – 1995
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica NHK – Yevgeny Svetlanov, regente. Acesse: fil.mg/ksinf1
PARA LER
Stanley Sadie e John Tyrrell (eds) – The New Grove Dictionary of Music and Musicians, second edition – Artigo de Jennifer Spencer – Kalinnikov, Vasily Sergeyevich – Macmillan Publishers – 2001 Richard Taruskin – On Russian music –
University of California Press – 2010
Rússia, 1866 – Rússia, atual Ucrânia, 1901
Injustamente negligenciada no Ocidente, a obra de Vasily Sergeyevich Kalinnikov guarda ainda um intocado frescor da vida musical russa do final do século XIX. Kalinnikov passou praticamente toda a sua existência em extrema pobreza, e as privações da infância e juventude abalariam para sempre sua saúde. Nascido na pequena cidade de Voina, no distrito agrário de Orel, no oeste da Rússia, aos dezoito anos, graças a uma bolsa de estudos, ingressou na Escola de Música da Sociedade Filarmônica de Moscou. Ganhava precariamente a vida tocando diversos instrumentos em orquestras da cidade e jamais pôde realizar o sonho de pagar os estudos no Conservatório.
Em 1892, impressionado com suas composições, Piotr Tchaikovsky recomendou o jovem ao posto de maestro assistente no Teatro Malïy. No ano seguinte assumiria o mesmo posto no Teatro Italiano de Moscou. Sua sorte parecia mudar, mas, com a saúde se deteriorando, Kalinnikov logo teve de se demitir dos teatros e procurar uma região mais quente para viver. Com apenas 27 anos, abandonava sua recém-iniciada carreira em Moscou e se transferia para a cidade de Ialta, na Crimeia, onde viveria seus últimos anos. Debilitado pela tuberculose, Kalinnikov acharia ainda forças para compor, nesse período, suas mais belas obras. Sergei Rachmaninov o visitou em Ialta, em 1900, e, sensibilizado pela miséria em que o encontrou, conseguiu-lhe um editor, mas
Kalinnikov acabaria morrendo antes que alguma ajuda chegasse, aos 35 anos de idade. Com a sua morte, os manuscritos de Kalinnikov tiveram uma valorização súbita e a sua venda possibilitou, ao
menos, que a viúva vivesse confortavelmente seus últimos anos. Kruglikov, crítico musical em Moscou, amigo e ex-professor de Kalinnikov, encantando-se pela Sinfonia nº 1, enviara uma cópia
a Rimsky-Korsakov, na época a personalidade musical mais
importante da Rússia. O nacionalista Rimsky-Korsakov recusou-se a regê-la, curiosamente, por conter, no primeiro movimento, “uma melodia excessivamente russa”. Ao que tudo indica, a recusa se deveu ao fato de Rimsky-Korsakov e seus amigos de São Petersburgo, o célebre Grupo dos Cinco, cultivarem o hábito de rejeitar qualquer música vinda de Moscou. Comprometidos com o desenvolvimento de uma música verdadeiramente russa, os compositores de São Petersburgo eram hostis ao círculo musical de Moscou e a suas tendências “excessivamente germânicas”. A Sinfonia nº 1 de Kalinnikov, no entanto, parece produzir a fusão perfeita entre as duas principais correntes musicais russas do final do século XIX: de Moscou, lança mão do lirismo e de um certo refinamento orquestral inspirados em Tchaikovsky; de São Petersburgo, resgata a
estruturação musical e o uso de material folclórico à moda dos compositores do Grupo dos Cinco, especialmente de Alexander Borodin (1833-1887). A obra foi estreada em Kiev, em 1897, pela Sociedade de Música Russa, sob a regência de Alexander Vinogradsky (1854-1912). A estreia foi um sucesso, e a obra foi imediatamente tocada em Moscou, Viena, Berlim, Paris e Londres, para logo depois, inexplicavelmente, cair no esquecimento.
Vasily
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GUILHERME NASCIMENTO Compositor,
Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e
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O: ALEXANDRE
21 DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado
Orquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
Conselho
Administrativo
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Executiva
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Sala Minas
Gerais
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GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
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VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
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(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
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Ilustrações: Mariana Simões
PRIMEIROS VIOLINOS
Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes –
Spalla Associado
Ara Harutyunyan –
Spalla Assistente
Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Matheus Braga Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Mateus Freire Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch Eliseu Barros ***** Clayton Silva ***** Aline Pascutti ***** VIOLAS
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Ana Lúcia Kobayashi
ASSISTENTES Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM Rodrigo Castro MONTADORES André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar FORTISSIMO março nº 3 / 2016 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale BARBER Editor original: MSC (Shirmer) Representante exclusivo: Barry Editorial
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VISITE A CASA VIRTUAL DA SUA ORQUESTRA
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FILARMÔNICA ONLINE
PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOS Agora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar. CUMPRIMENTOS
Após o concerto, caso queira
cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTO
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Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto. PONTUALIDADE
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Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro. FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
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Aplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
CONVERSA
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COMIDAS E BEBIDAS Seu consumo não é permitido no interior da sala de concertos. TOSSE
Perturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
0 PROGRAMA DE CONCERTOS O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma
oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo. O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso site
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5 / mar, 18h
Mozart — Menino prodígio
10 e 11 / mar, 20h30
Barber, Tchaikovsky, Kalinnikov
17 e 18 / mar, 20h30
Busoni, Schumann, R. Strauss
2 / abr, 18h
Mozart — Concertos
7 e 8 / abr, 20h30
Gomes, Haydn, Chopin, Tchaikovsky
14 e 15 / abr, 20h30
Ravel, Ginastera, Smetana, Bartók
24 / abr, 11h
Danças — Dvorák, Mozart,
Brahms, Copland, Chopin, Borodin, Guarnieri, J. Strauss Jr., Marquez
28 e 29 / abr, 20h30
Satie, Dutilleux, Bizet, Debussy
ALLEGRO VIVACE JUVENTUDE ALLEGRO VIVACE ALLEGRO VIVACE PRESTO VELOCE PRESTO VELOCE FORA DE SÉRIE FORA DE SÉRIE
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