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INSEGURANÇA POR DEMORA NO ATENDIMENTO DA PBH

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marco

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jornal

Estresse e ansiedade são

causadores da Síndrome

da Articulação

Temporo-mandibular (ATM),

doença diagnosticada em

Patrícia Oliveira.

Página 11

Os fotógrafos lambe-lambe,

personagens tradicionais

em praças e parques de

Belo Horizonte, podem se

tornar Patrimônio

Cultural.

Página 9

Um dos mais famosos

prédios da capital

mineira, o Edifício

Maletta, possui grande

diversidade de lojas e de

frequentadores.

Página 6

Ano 37 • Edição 271

K ARLA L AMOUNIER M AÍRA C ABRAL P ÂMELLA R IBEIRO

INSEGURANÇA POR DEMORA

NO ATENDIMENTO DA PBH

Moradores de Belo Horizonte

enfrentam problemas na hora de

solicitar serviços públicos e fazer

reclamações. Maria Angélica Perdigão

convive há cerca de dois meses com

um enorme buraco no passeio do

pré-dio onde mora, à Rua Coração

Eucarístico de Jesus, na altura do

número 23, no Bairro Coração

Eucarístico, Região Noroeste da

capi-tal. Desde o dia 25 de novembro, a

cabeleireira aguarda um

posiciona-mento da Prefeitura Municipal de

Belo Horizonte (PBH) quanto a

re-solução do problema, que ameaça a

segurança dos pedestres.

Página 5

Via Expressa

terá nova sede

do SAMU

O Bairro Coração Eucarístico, na

Região Noroeste da capital, receberá

em janeiro a nova central de

regu-lação do Serviço de Atendimento

Móvel de Urgência (SAMU). A

unidade será usada como ponto de

apoio à reposição de materiais

utiliza-dos nas ambulâncias, além de receber

as chamadas destinadas ao

atendi-mento do 192. A nova sede, no

entanto, tem gerado preocupação em

alguns moradores da região, que

temem o possível incômodo do

baru-lho causado pelas sirenes das

ambulâncias.

Página 4

Famílias na

vida circense

A tradição do circo, espalhada pelo

país, também está presente em BH.

Circo Irmãos Simões e Spacial fazem

sucesso há décadas e mantém a história

circense de suas famílias.

Página 13

Mulheres que são canções

Algumas mulheres têm a sorte, ou o

azar, de seus nomes darem origens a

algumas músicas. Nem sempre isso as

agrada. Esse é o caso de Maria

Geni-valda de Assis, que não gosta da

música feita por Chico Buarque

chamada “Geni e o Zepelin”. Por

outro lado, há quem escolha o nome

de sua filha a partir de músicas de

sucesso. A grávida Renata Teixeira já

escolheu o nome de sua filha. Será

Daniela, por causa da música

chama-da “Dani”, chama-da banchama-da de rock Biquini

Cavadão.

Página 12

Galo Pavarotti é atração em

shows realizados na capital

O conjunto musical “Ponte de

Safe-na”, que se apresenta em praças

públicas de Belo Horizonte, conta

com a participação especial de um

galo Português. A ave canta no braço

do violão do vocalista Francino

Moura e rouba a cena. A ideia surgiu

quando o cantor percebeu o talento

do animal para a música ao ensaiar

no quintal de uma casa.

Página 14

A Internet pode ser

ferramenta perigosa

para usuários da Web

Em entrevista ao jornal MARCO, a promotora de justiça Vanessa Fusco Nogueira comenta sobre o aumento de usuários que utilizam a Internet como instrumento para cometer crimes cibernéticos. Segundo ela, o maior problema é a facilidade com que a informação que circula na Web pode ser deletada, dificultando a compro-vação de atos ilícitos. Com o intuito de conter essa grande incidência de crimes, foi criada, em 2008, a Promo-toria Estadual de Combates aos Crimes Cibernéticos de Minas Gerais, instalada pelo Ministério Público. O órgão, que é coordenado pela promo-tora, funciona por meio de canais de denúncias, a partir dos quais os delitos são identificados. Vanessa conta que os crimes mais denunciados são este-lionato, crimes contra a honra e pornografia infantil. Página 16

Instituto Manassés

auxilia viciados

em entorpecentes

Localizada no Bairro Eldorado, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Instituição Social Manassés é uma casa que recebe dependentes químicos, oferecendo tratamento gratuito no combate aos vícios. Esse tratamento consiste no relato de experiências de ex-viciados em entorpecentes, com o auxílio do ensino bíblico e a busca espiritual. O processo de reabilitação é dividido em duas etapas, sendo a primeira uma fase de desintoxicação e a segunda um trabalho de venda de kits, que contêm canetas e folhetos informativos sobre o projeto. Atualmente, 18 pessoas inte-gram o prointe-grama, sendo que os líderes são ex-usuários de drogas. Um exem-plo de recuperação é Ibson de Almeida de Souza, que atualmente é lider espi-ritual. Ele foi viciado em cocaína por 12 anos e revela que conheceu a Ma-nassés por meio de sua tia, no Rio de Janeiro. Página 7

Dezembro • 2009

PÂMELARIBEIRO PÂMELLARIBEIRO MAÍRACABRAL PÂMELLARIBEIRO

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2

Comunidade

Dezembro • 2009

jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas•jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas•jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas•jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marco

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: jornalmarco@pucminas.br

Acesse o jornal MARCO em: www.fca.pucminas.br/embriao

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920

Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286

Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Ivone de Lourdes Oliveira Chefe de Departamento: Profª. Glória Gomide

Coordenador do Curso de Jornalismo: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa Coordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Daniela Serra Editor: Prof. Fernando Lacerda

Subeditor: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Editor de Fotografia: Prof. Eugênio Sávio

Monitores de Jornalismo: Clarisse Souza, Daniela Rezende, Diana Friche, Isabella Lacerda, Renata Marinho, Thaís Maia, Bianca Araújo (São Gabriel)

Monitores de Fotografia: Maíra Cabral e Pâmella Ribeiro Monitor de Diagramação: Renard Campolina

Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

n

RENARDCAMPOLINA,

5 º PERÍODO

Todos os meses, quando iniciamos a produção de uma nova edição do jornal MARCO, o objetivo da equipe e dos alunos colaboradores é bem clara. Fazer jornalismo de qualidade e que possa ser útil aos leitores. A busca por um jornal que importe não somente aos estudantes de jornalismo, mas principalmente à comunidade nos bairros do entorno da universidade, é a principal característica do jornal MARCO. Mora nesse diferencial a explicação do sucesso do MARCO, que durante seus 37 anos de existência, nunca perdeu esse foco.

O prêmio mais importante para os alunos que escrevem o MARCO é perceber o reconhecimento da comunidade, mas algumas vezes o valor do jornalismo que fazemos é percebido também por importantes instituições. Nessa edição, contamos aos leitores, que o MARCO foi vencedor do Prêmio Délio Rocha de Jornalismo de Interesse Público, na categoria reportagem impressa para estudantes. Os alunos Aline Scarponi, Ana Luisa Amore, Gabriel Duarte, Isabella Lacerda e Stefânia Akel conseguiram na reportagem especial "Diretas Já, marco na redemocratização do país completa 25 anos", publicada na edição 264, mostrar que o jornalismo comunitário pode e deve tratar também de assuntos de relevância nacional. Mas, atualmente, os veículos que têm preocupado os moradores e frequentadores da Região Noroeste de Belo Horizonte, onde fica a sede do MARCO, são os motoriza-dos. O roubo de carros tem aumentado nos últimos tempos, e a região lidera os índices de roubos na capital. A matéria não só expõe o problema, mas também fornece dicas de como minimizar os riscos de ter o carro roubado.

Outro assunto que preocupa a população, principalmente do Bairro Coração Eucarístico e região, será o provável barulho emitido pelas sirenes que virão da nova sede do SAMU, que será inaugurado em janeiro de 2010, próximo à Via Expressa. Na reportagem, são esclarecidas dúvidas dos moradores em relação à nova central de regulação do Serviço de Urgência.

Além disso, mostramos os tortuosos caminhos percorridos por uma pessoa que deseja fazer uma simples reclamação, e o espantoso caso da moradora Maria Angélica Perdigão, que ligou 32 vezes para o serviço de atendimento da Prefeitura de Belo Horizonte para reclamar de um buraco em sua porta, infelizmente sem sucesso.

E como as boas histórias sempre fizeram parte do MARCO, nesta última edição de 2009, contamos o caso de um galo que há aproximadamente um ano e meio se apresenta com o músico Francino Moura, da Banda Ponte de Safena. Contamos também as curiosidades das famílias que percor-rem o país com circos itinerantes, e também a tradição dos jovens "Arturos" que dançam em homenagem a Nossa Senhora, resgatando a história de seus antepassados. O valor dado ao jornalismo comunitário, que fazemos aqui no jornal MARCO, é percebido não só quando recebemos cartas, e-mail's e telefonemas dos leitores. Algumas vezes o sucesso das matérias transcende nossa comunidade e são notadas por grandes organizações, que buscam em nossa redação, informações para realizar matérias que serão divulgadas para todo o Estado, em forma de jornais impres-sos, rádios ou televisão. Em 2010 continuaremos trabalhan-do para que nossa comunidade esteja sempre bem infor-mada, e que possamos continuar contribuíndo para que o “jornalismo cidadão” seja valorizado.

O valor do jornalismo

cidadão feito pelo

jornal MARCO

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorial

EDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpediente

EXPEDIENTE

JORNAL MARCO VENCE

PRÊMIO DÉLIO ROCHA

A premiação, que pela primeira vez teve uma categoria destinada aos estudantes de jornalismo, é oferecida pelo Sindicato

dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. Os alunos conquistaram o primeiro lugar, concorrendo entre 27 candidatos

n

ISABELLALACERDA,

4º PERÍODO

O jornal MARCO ganhou o primeiro lugar na categoria reportagem impressa para estudantes de jornalismo do Prêmio Délio Rocha de Jornalismo de Interesse Público 2009, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. O prêmio foi entregue aos vencedores na noite de quinta-feira, 10 de dezembro, na Associação dos Empregados da Usiminas (AEU).

Pela primeira vez o prêmio teve uma categoria destinada aos estudantes de jornalismo que publicaram suas matérias em jornais laboratórios e sites. "Esse ano o prêmio com essa denominação está fazen-do fazen-dois anos. O que nos deixou contente é que houve uma maior procura de didatos. Chegamos a 78 can-didatos e ainda abrimos para estudantes, que foi uma ideia muito bem aceita", afirma Aloísio Morais, presidente do Sindicato dos Jornalistas.

A reportagem vencedora foi 'Diretas Já, marco na rede-mocratização do país com-pleta 25 anos', escrita pelos repórteres Aline Scarponi, Ana Luisa Amore, Gabriel Duarte, Isabella Lacerda e Stefânia Akel. Em segundo e terceiro lugar ficaram as reportagens "Água tem preço?" e "É bom desconfiar", ambas publicadas pela

Revista Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Soraya Regina de Oliveira, da Rádio UFMG Educativa, que ganhou o primeiro lugar da categoria Reportagem para Rádio, com a reportagem Orçamento Aberto, conta que esse prêmio só veio reforçar o objetivo da Rádio UFMG que é o de trabalhar com o social e a serviço do público e da cidadania. "Agora cresce a nossa responsabilidade de atuar nessa ótica e mostra que estamos no caminho certo. É um estímulo para prosseguir", salienta Soraya.

Na categoria Reportagem para Televisão, a vencedora foi Aline Resende de Carvalho, da Rede Minas Meio Ambiente, com a reportagem 'Desequilíbrio Ambiental'. "É muito importante para a Rede Minas Meio Ambiente que vem recebendo muitos prêmios. É um reconhecimen-to dos jornalistas de Minas Gerais, ainda mais quando se tratam de questões que não recebem muita atenção", opina Aline. "A reportagem que venceu foi sobre o Norte de Minas, que é uma região que precisa de muita atenção e reconhecimento. Fiquei muito feliz com o prêmio", completa a jornalista.

As outras duas categorias do prêmio foram Reportagem Impressa Jornal e Revista, ven-cida por José Gabriel dos Santos (Gabi), do Jornal Hoje

em Dia, com a reportagem 'Á Última Fronteira' e Reportagem Fotográfica, com o repórter Charles Silva Duarte, reportagem 'Prédio Abandonados - Torres Gêmeas - Dez anos de ocupação'. Aloísio Morais afirma que a ideia é continuar com o prêmio pelos próximos anos. "Vamos trabalhar cada vez mais para que haja esses prêmios. É torcer e trabalhar para que isso se mantenha", diz.

HOMENAGEM Délio Rocha atuou em diversos jornais ao longo de sua carreira, como Diário de Minas, Estado de Minas, O Sol, Jornal dos Sports, Diário do Comércio e Folha de S. Paulo. Além disso, foi diretor de imprensa da

Prefeitura de Belo Horizonte e coordenador de Jornalismo do Governo de Minas.

Como assessor, trabalhou no Ministério da Agricultura, secretarias estaduais de Educação e Agricultura e Palácio das Artes. Também foi assessor do senador Tancredo Neves e participou de suas campanhas para o senado, em 1978 e em 1982, para o Governo de Minas Gerais. Délio Rocha faleceu em agosto de 2008, quando era vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. A partir dessa data, recebeu uma homenagem do local onde trabalhou por tan-tas gestões ao ter um prêmio com seu nome.

n ISABELLALACERDA, 4º PERÍODO Como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Engenharia Mecânica da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), os alunos Frederico Marinho e Fernando Augusto dos Santos Lara desenvolveram o protótipo de um ciclomotor. "Optamos em fazer o tótipo para encantar os pro-fessores. Quando nos dispo-mos a isso, sabíadispo-mos que tra-balharíamos até sábado e domingo", afirma Frederico.

De acordo com o aluno, o projeto, que foi apresentado no dia 3 de dezembro, foi feito em aproximadamente quatro meses. Ele explica que a ideia surgiu a partir da von-tade de fazer algo que

aju-dasse as pessoas. "Nos centros urbanos o trânsito está caóti-co. Então, criamos um ciclo-motor, que não exige a neces-sidade de ter carteira de motorista para guiá-lo, não precisa de placas, nem pagar IPVA", conta.

Os alunos se entusias-maram tanto com a ideia que já deram até nome para seu invento. “O ciclomotor rece-beu o nome de EPHE. Primeiro de Frederico e Fernando”, conta Frederico, entre risos, acrescentando que a sigla significa 'Energy Power High Engineering”.

O professor Nivaldo Carnevalli Siqueira, coorde-nador da disciplina e inte-grante da banca que avaliou os alunos, explica que o tra-balho foi muito interessante, uma vez que se trata de uma inovação. "As empresas que hoje atuam no mercado

procuram alunos que trazem inovações. Eles (Frederico e Fernando) estavam muito empenhados em fazer o pro-tótipo, tendo disposição para trabalhar nos finais de se-mana e tendo uma carga horária intensa", ressalta.

Nivaldo diz que a maioria dos trabalhos de conclusão de curso são apenas projetos e que, somente alguns, tentam desenvolver os protótipos. "O maior problema é que o tempo é muito pequeno. Esse ciclomotor é algo muito com-plexo de se desenvolver, ainda mais usando uma bicicleta convencional", salienta o pro-fessor, que lembra que a apre-sentação do trabalho foi feita com a bicicleta coberta com um pano preto. "A reação dos outros integrantes da banca foi muito boa quando viram o protótipo. Eles foram muito bem avaliados", diz.

O formando Frederico re-vela que os gastos ficaram por conta dos alunos. "Nós alunos que bancamos os cus-tos. Algumas peças usadas de bicicleta nós já tínhamos. O chassi e o motor nós ban-camos. Mas o valor é irrisório para o resultado que con-seguimos alcançar", acredita.

O próximo passo, segundo Frederico, é colocar o ciclo-motor no mercado. "Temos que arrumar um investidor. Estamos à procura. Podem ser poucas peças para começar. Podem ser dez peças no início e depois aumenta-mos a quantidade", comenta. Nivaldo aprova a vontade de vender a criação. "Disse para os meninos que gostaria

de ser um dos primeiros a comprar. Para locomover em condomínios e até mesmo na cidade é muito possível", diz. "Um trabalho para fechar com chave de ouro o projeto", acrescenta.

PROTÓTIPO

O aluno

expli-ca que a bicicleta tem um motor JD 37, com 1,5 cavalos e que, por ser pequena e sim-ples, atende a legislação de trânsito. Além disso, através de engrenagens e polias a bici-cleta tem força suficiente para andar e possui 21 marchas, que alteram sua velocidade, que pode atingir, cerca de 60 quilômetros por hora. Sendo movida a gasolina, a partir de testes, calculou-se que sua autonomia é de 1,8 litros, per-correndo 60 km.

Um dos problemas apon-tados pelo aluno é que, enquanto elaboravam o ciclo-motor, não pensaram a respeito da poluição ambien-tal. "Ele tem escapamento e ainda não pensamos na questão da poluição ambien-tal. Usamos um motor de dois tempos, que é um pouco mais poluente. Por não pre-cisar ser emplacado, ele pode ser comercializado. Mas esse tipo de motor não é aceito quando é necessário o empla-camento", salienta.

Ele garante que ainda são necessárias algumas adap-tações e aperfeiçoamentos, como testes e posicionamen-to de alguns equipamenposicionamen-tos. "O motor pode ser mudado por um motor de quatro tem-pos, que é menos poluente e mais aceito", exemplifica.

Repórteres da cobertura sobre as “Diretas Já” comemoram a premiação

Alunos criam bicicleta sem pedal

Frederico, um dos criadores do protótipo, ressalta as vantagens de sua criação

ISABELLALACERDA

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Comunidade

Dezembro • 2009

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RECORDISTA EM FURTOS DE VEÍCULOS

n

MARCELOCOELHODAFONSECA,

7º PERÍODO

Retornar a rua e não achar o carro no local onde tinha estacionado é uma situação terrível para qualquer dono de veículo. "Primeiro vem na cabeça a ideia de que eu poderia ter estaciona-do em outro lugar, mas aos poucos a angústia vai aumentando e final-mente eu percebi o que tinha acontecido", conta Nadia de Assis, 22 anos, estudante da PUC Minas. Em agosto deste ano ela chegou à facul-dade de manhã e estacio-nou o carro em uma das ruas próximas à institu-ição no Bairro Dom Cabral, foi para aula e quando voltou o carro já não estava no mesmo lugar. "Fui ao Detran (Departamento Estadual de Trânsito) fazer o bole-tim de ocorrência, avisei no meu estágio que iria atrasar e fiz tudo certi-nho, depois disso nunca mais tive notícias do meu carro de novo, a sorte foi ter seguro total, porque senão a perda ia ser muito maior", conta Nadia.

E os furtos de carros são recorrentes na Região Noroeste. Segun-do pesquisa realizada pelo Detran- MG, os bairros da região lideram os índices de furtos de

veículos na capital. Para o major André Leão, comandante da 9ª Companhia da Polícia Militar, um dos motivos da região ser a que possui maior número de casos de furtos de veículos pode ser relacionado ao número de vias que per-mitem opções para as rotas de fugas dos ladrões. "Nossa região tem ligação direta através de várias vias de acesso, por exemplo, a Via Expressa, o Anel Rodoviário, a Teresa Cristina, e várias outras que permitem opções variadas e fáceis de traje-to, o controle em uma área tão ampla é mais difícil", explica.

Há três anos Isabela Alves, professora do ensi-no fundamental, tam-bém passou pela angús-tia de não achar o carro após retornar do traba-lho ao local onde tinha estacionado o carro. "É uma sensação péssima, muito frustrante pri-meiro e depois vem a raiva de tudo que você acaba perdendo dentro do carro. Porque apesar de ter seguro total e isso reduz um pouco a sen-sação de prejuízo, eu tinha muitos livros, materiais de aula, além de objetos pessoais que nunca mais vou ver de novo", conta.

Segundo a Polícia

Militar os carros mais visados são carros anti-gos, que possuem meca-nismos de seguranças limitados e facilitam a ação dos criminosos, que na maioria das vezes uti-lizam chaves mecânicas para arrombar as fe-chaduras e entrar no veículo. Na região tam-bém é recorrente a loca-lização de veículos furta-dos que acabam sendo abandonados pelos pró-prios ladrões. É o que aconteceu com o carro de Josimar Gomes, enge-nheiro e morador do Coração Eucarístico. Ele e a esposa tiveram o carro furtado em questão de minutos. "Nós paramos para ir à casa da minha sogra e em um instante o carro sumiu. Só acharam três dias depois, mas ai o carro já estava todo arrebentado ", diz.

"É impossível que a polícia tome conta de todos os carros, mas nesta região já ocorre um patrulhamento mais in-tensivo e já temos uma queda significativa no número de furtos e rou-bos neste semestre. De agosto até novembro este número caiu 44%", conta o Major André, que destaca também a redução do movimento no final do ano com as férias escolares e das fa-culdades como fator que

Ruas com ligação direta a várias vias de acesso do Bairro Dom Cabral são alvo recorrente dos ladrôes de carro reduz o número de furtos.

A Delegacia Espe-cializada de Inves-tigações de Furtos e Roubos de Veículos Automotores foi procu-rada pela reportagem e não se pronunciou sobre o assunto.

PREVENÇÃO Não é pos-sível ter qualquer garan-tia que o carro

estaciona-do na rua estará livre de algum tipo de incidente, mas é possível tomar algumas medidas para evitar a exposição do veículo, o que dificul-taria a ação dos ladrões. "A ajuda da comunidade é possível, e esta consci-entização pode ajudar muito a evitar esses fur-tos. Parar próximo dos locais de trabalho ou

estudo, onde as ruas são mais movimentadas seria uma medida aconselha-da, mas o problema é que nem sempre é pos-sível fazer isso, já que as vagas pelas ruas mais próximas são limitadas. Mas é possível procurar locais com maior trânsi-to de pessoas, menos desertos", explica major André.

Pesquisa realizada pelo Detran-MG coloca, mais uma vez, a Região Noroeste de BH como a com maiores índices de roubo de carros. Não faltam histórias que comprovam essa situação

Dificuldade para pedestres no metrô da Gameleira

n

THAÍSMAIA,

3º PERÍODO

Quem tem que atravessar a passarela que liga a Avenida Tereza Cristina, conhecida como Via Expressa, na Região Noroeste de Belo Horizonte, à estação de metrô da Gameleira, já está familiarizado com os buracos e problemas estruturais do

local que recebe cerca de 7500 usuários e transeuntes de segunda a sexta e mais de três mil nos finais de se-mana, segundo dados da diretoria da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) de Belo Horizonte.

Juliano Soares, de 23 anos, é estudante do curso de geografia da PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico, e

usa a passarela quase diaria-mente para ir à faculdade e voltar para casa. Ele afirma que os problemas estruturais nunca o prejudicaram, mas reconhece que outras pessoas possam sofrer com isso. "Eu acho que deve atrapalhar muito os idosos e cadei-rantes, porque o elevador para de funcionar sempre que chove e o acesso a estação não é dos melhores. É bem inconveniente. Eu não entendo como a prefeitura não arruma isso aqui. Essa estação é uma das mais importantes de BH", recla-ma.

PERIGOS

Inaugurada em março de 1986, a passarela da Gameleira é meio de segu-rança para facilitar a traves-sia de quem tem de chegar ao outro lado da avenida, sem ter que se arriscar passando pela Via Expressa, mas para alguns usuários, ela também é sinônimo de perigo pela falta de policiamento. A secretária Elaine Gazzola Dias, de 55 anos, afirma que é melhor passar pela pas-sarela, mas que já foi vítima de um assalto e teme que isso aconteça novamente.

"A gente passa por aqui, mesmo se não for pegar o

metrô, para não correr perigo na Via Expressa. Mas, o que fica parecendo é que, até aqui em cima, a gente corre perigo. Não só com o medo de isso aqui desabar, mas também porque não tem policiamento e a gente pode ser assaltada", diz Elaine. "Eu já fui, há um tempo atrás, quando já estava escuro, levaram minha bolsa e quando eu cheguei na estação pedi ajuda ao guarda, mas ele disse que era melhor eu fazer um boletim de ocorrência na polícia, porque ele não poderia sair dali. A gente tem que pas-sar aqui né, mesmo com esse perigo. Não dá para fazer nada", lamenta.

De acordo com a CBTU, as últimas reformas realizadas na estação da Gameleira foram em 2006, quando Belo Horizonte sediou o encontro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e foi construída uma nova pas-sarela que liga o local ao Expominas, na Avenida Amazonas, e uma mais recente, iniciada em fevereiro de 2008, que rece-beu investimentos de cerca de R$ 105 mil. A obra incluiu a revitalização de pintura em fachadas, grades, portas, portões e estruturas metálicas, recuperação das

plataformas, passarela de acesso, salas de apoio e equipamentos, passeios, áreas externas e muros de vedação. Segundo a coordenadoria de manutenção da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), órgão da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte que é o principal executor das obras de infraestrutura urbana, não há previsão de mais reformas no local, já que não houve solici-tações.

A aposentada Alcione Pereira da Silva, de 68 anos, diz que a passarela é muito importante para uma travessia segura da avenida, por isso deveria ser tratada com mais cuidado pelas autoridades. "Eu passo por aqui para ir pegar ônibus na Avenida Amazonas, quase todos os dias. Quando chega ali na canaleta perto do banco, eu não consigo passar direito. Eu morro de medo de cair aqui. A prefeitura deveria ter mais consideração com os idosos e deficientes físicos", analisa.

José Maria, 66 anos, é morador do Coração Eucarístico. Ele diz já ter reclamado "mais de 10 vezes" na estação de metrô e não teve resposta.

José Maria teme acidentes com pedestres que passam pela placa solta da passarela

MAÍRACABRAL

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Comunidade

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jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas•jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas•jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas•jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

NOVA SEDE DO SAMU NO

CORAÇÃO EUCARÍSTICO

A instalação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência promete trazer melhor atendimento aos moradores da capital

n

CLARISSESOUZA,

DANIELAREZENDE,

4° E3° PERÍODOS

Um novo reforço no serviço médico de urgência chega ao Bairro Coração Eucarístico para atender a demanda de Belo Horizonte e região. Com nova sede, que deverá ser inaugurada em janeiro de 2010, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) terá a capacidade de atender com mais agilidade pacientes da cidade e da Região Metropolitana, devido à sua proximidade com as principais vias da capital. "Aqui é um ponto muito bom, já que é na Via Expressa, é próximo à Amazonas que leva até o Centro. Pela BR 040, você vai em sentido a Sete Lagoas. Pelo Anel Rodoviário, você vai em sentido a Santa Luzia, Sabará. Fora que você pode pegar a Pedro II, no Padre Eustáquio. Então, a localização é muito boa, porque são todas vias de fluxo rápido", afirma o engenheiro civil respon-sável pela obra, Cristiano Oliveira de Paula.

Esta nova sede adminis-trativa do SAMU substi-tuirá a atual, que está localizada no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul, e é para ela que as chamadas reali-zadas ao 192 serão encam-inhadas. Segundo o enge-nheiro civil, a sede, que ficará localizada na Rua Dom Aristides Porto, esquina com a Via Expressa, funcionará como uma central de regulação do SAMU. O primeiro andar do prédio será desti-nado basicamente ao almoxarifado, limpeza das

ambulâncias e troca de materiais. O segundo pavi-mento abrigará o call cen-ter e o cen-terceiro cen-terá uma parte destinada a treina-mento e gerenciatreina-mento de pessoal.

A gerente de urgência da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Paula Martins, explica que devido ao convênio assina-do entre o SAMU e o Corpo de Bombeiros no início de dezembro deste ano, a sede deverá ter aproximadamente três ambulâncias de resgate. "É previsto que fique de duas a três Unidades de Suporte Avançado (USA) e mesmo número de Unidades de Suporte Básico (USB), além das ambulâncias de resgate dos bombeiros, que são diferentes. A gente não deve ter mais do que sete ou oito ambulâncias nessa nova sede ou central de regulação, contando com as dos Bombeiros", garante a gerente.

Os pontos de dis-tribuição das ambulâncias são estratégicos. "A chamada entra e como é um atendimento pré-hos-pitalar, ele visa chegar rápido à pessoa, estabilizá-la e transportá-estabilizá-la para um lugar mais adequado para o seu atendimento. Então quanto menor for o tempo de chegada até a pessoa, que a gente chama de tempo-resposta, melhor é", justifica Paula Martins. Segundo ela, antigamente, existiam menos bases dis-tribuídas pelas diversas regiões da capital, o que dificultava a chegada das ambulâncias aos locais das ocorrências. "Hoje são 22 bases. Nove são mais cen-trais e isso levou a diminuir o

tempo-respos-ta. Atualmente, pre-tendemos centralizar mais ainda. Eu olho o mapa e vejo as áreas que a gente chama de vazio assisten-cial, onde em relação à população há uma necessi-dade de veículos. Onde não tem, eu procuro colo-car", conta a gerente.

Segundo Paula, a proxi-midade do terreno onde está sendo construída a nova sede com a Via Expressa foi um fator importante. "Influenciou, porque é um ponto estratégico, é uma grande via de fluxo rápido. É van-tajoso a gente estar em um local que é ponto de saída de um eixo leste-oeste", afirma.

ATENDIMENTO

Paula

explica como funciona o atendimento móvel de urgência. Segundo ela, as chamadas são encaminha-das para um setor que as identifica e realiza uma primeira avaliação. A par-tir do diagnóstico, o aten-dente decide se deverá enviar ou não uma ambulância ao local da ocorrência. "Existe um protocolo da entrada da ligação. Perguntas-chave que o atendente faz e a partir dessas perguntas é determinada a necessidade de uma regulação ou não", explica Paula.

O SAMU recebe atual-mente cerca de 60 mil liga-ções mensalmente. "Trinta por cento (18 mil) disso é trote, engano ou só infor-mação, é um número expressivo", contabiliza Paula. Dessas 60 mil chamadas, aproximada-mente 30 mil necessitam do envio de uma ambulân-cia. "A ambulância pode ser uma Unidade de Suporte Básico (USB) ou

uma Unidade de Suporte Avançado (USA). A USB tem técnicos de enfer-magem e a USA tem médi-co e enfermeiros", diz.

Atualmente trabalham 435 funcionários no SAMU, entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. De acordo com a gerente de urgência, cada unidade atende em torno de 50 ocorrências diariamente. "Nós temos 23 ambulâncias distribuí-das, sendo cinco USA e 18 USB. Elas estão distribuí-das em nove lugares de concentração maior e lugares de distribuição central", esclarece Paula. Ela explica ainda que não há regras quanto à regio-nalização do atendimento. "Não existe uma regra. As ambulâncias que estão na sede não vão atender obri-gatoriamente só a deman-da do entorno. Elas podem atender em qualquer ponto da cidade, princi-palmente se houver um evento de número maior de vítimas", revela.

Paula Martins explica que alguns atendimentos podem ser concluídos den-tro da própria unidade móvel, sem a necessidade de um encaminhamento para um pronto-atendi-mento. "O paciente é aten-dido ali mesmo. Ele pode receber a medicação e ficar resolvida a sua situação. O SAMU não precisa que o atendimento seja finaliza-do em um hospital, ele pode ser finalizado na própria ambulância", observa a gerente.

PROJETO

Os recursos

para a obra vieram de uma parceria entre o município e a federação, sendo investidos cerca de R$ 2,5 milhões. De acordo com as

A nova sede do SAMU está localizada próximo a movimentadas vias da capital

informações prestadas pelo engenheiro civil da construtora Construsolo, Cristiano Oliveira de Paula, todo o projeto foi idealizado pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). "Eles projetaram toda a logística de funcionamento do SAMU e toda a estrutura que precisa para a substi-tuição de materiais das ambulâncias", conta.

Cristiano ressalta que houve grande preocupação com a acústica e a climati-zação do ambiente. "Eles se preocuparam muito com a acústica por causa de todo esse barulho do tráfego da Via Expressa, para não atrapalhar o pes-soal que trabalhará aqui dentro. A maior parte do investimento entrou na acústica, que é forro acús-tico, as divisórias, que são todas acústicas, climatiza-ção, segurança e câmeras de segurança", pontua.

O projeto prevê ainda intervenções no trânsito

da região, visando facilitar a entrada e saída das ambulâncias na sede do SAMU. "Essa ilha que a gente está fazendo aqui na frente é para retorno das ambulâncias, para não precisarem entrar no bair-ro para pegar a Via Expressa", explica Cristiano. Ele acrescenta que o projeto foi montado para permitir o acesso a todas as pessoas. "Toda a estrutura aqui está sendo montada com uma boa acessibilidade para o defi-ciente físico", afirma o engenheiro.

De acordo com Cristiano, as obras sofre-ram atraso devido ao grande volume de chuvas dos últimos dias, mas ape-sar disso, as obras estão previstas para serem con-cluídas no próximo mês. "A chuva atrasou muito a gente, mas eu acredito que dê para entregar em janeiro, porque essa parte de divisórias é muito rápi-do", conclui.

Ruído das sirenes traz preocupação

Após o recebimento de uma chamada de urgência e a cons-tatação da necessidade de uma ambulância, a unidade móvel do SAMU se desloca imediata-mente rumo ao local da ocor-rência e liga as luzes sina-lizadoras e a sirene para indicar sua preferência em meio ao trânsito. Preocupada com o possível barulho que poderá ser causado com as sirenes das ambulâncias que partirão da nova sede administrativa do SAMU no Bairro Coração Eucarístico, a cabeleireira Maria Angélica Perdigão Martins da Silva, 45 anos, procurou a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte em busca de esclarecimentos. A dúvida surgiu a partir de uma reunião entre moradores da terceira

idade, chamado Encontro da Melhor Idade, em que são abordados assuntos de interes-se desinteres-ses moradores. "Tudo que a gente procura saber tem o interesse de levar informação para eles", afirma Maria Angélica.

"A maior preocupação é porque nós moramos próximo à Via Expressa e quando o SAMU pega uma via de trânsi-to rápido eles acionam a sirene deles", observa a cabelereira. Ela conta que ao conversar com os funcionários da Secretaria Municipal de Saúde, as infor-mações foram um pouco con-fusas. "No início a explicação ficou meio confusa, mas me disseram que era para registrar isso aí, mas que a unidade não inaugurou ainda, então não tem como registrar queixa", diz

Maria Angélica.

A gerente de urgência da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Paula Martins, esclarece que o uso da sirene é necessário por diversos motivos. "Um é para avisar do deslocamento de um veículo de rápido deslocamento, porque ele é um veículo que tem prio-ridade nas passagens em todas as vias. A sirene tem que ser ligada a qualquer hora do dia ou da noite, não interessa que o trânsito seja de baixo fluxo, é para sinalizar que aquele carro necessita de um aporte muito rápido", justifica.

Paula Martins garante que a sirene é regulada pela vigilân-cia sanitária e por regras da Lei do Silêncio. "A gente tem o número permitido de decibéis. Você pode observar que se for

comparar com todas as via-turas, seja da rede pública ou da rede privada, todo mundo fala que a sirene é até mais baixa", compara. A gerente acrescenta que as sirenes das ambulâncias não são ligadas durante o trajeto dentro dos bairros em respeito aos moradores. "A gente tem essa norma de respeito. Nós esta-mos dentro da Savassi, que é um bairro nobre com vários prédios de apartamento do lado ou na frente da atual sede do SAMU e a gente não tem esse tipo de reclamação dos moradores", salienta. Mas no momento em que a unidade móvel atinge a via de fluxo rápido, que no Bairro Coração Eucarístico será a Via Expressa, as sirenes serão ligadas imedi-atamente.

Maria Angélica esclarece que é a favor da chegada do SAMU ao bairro. "Eu sou a favor da construção da nova sede sim, até porque quanto mais pontos estratégicos eles tiverem melhor para eles, melhor para a gente, porque a gente não sabe o que pode acontecer amanhã com todo mundo", diz. Segundo ela, a proximidade do serviço de atendimento de urgência garante a segurança dos moradores em caso de algum incidente. "A gente vê que o SAMU vem sendo bem eficaz nessa área. Eles estão chegando em todo lugar. É positivo sim, porque nós moramos em uma via de fluxo rápido, é perigoso, tem muito acidente. Se eles não tirarem a paz do bairro não tem problema", explica a moradora.

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De acordo com o canal de atendimento da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), pelo número 156, quan-do um pediquan-do é feito, ele é envi-ado à gerência responsável pela demanda. Caso o pedido não seja atendido, ele é encami-nhado à ouvidoria, que procu-rará saber porque ele não foi realizado. Entretanto, é comum que todos os pedidos fiquem armazenados em sua gerência.

Segundo a assessoria de comunicação da PBH, antes do pedido ir para a gerência é necessário que seja feita uma solicitação do cidadão, que pode ser feita pelo site da prefeitura ou pelo telefone 156.

Pelo site, há o SAC web que automaticamente encaminha solicitações às respectivas gerências. Já pelo telefone, a atendente preencherá os dados do solicitante e, ao concluir o pedido de solicitação de serviço, o sistema encaminha automati-camente às gerências.

Ainda de acordo com a asses-soria, a ouvidoria serve para controlar os pedidos que não foram atendidos e para acom-panhar o andamento das solici-tações. Entretanto, quando um pedido é indeferido ou não é atendido, é necessário que o cidadão entre em contato com a ouvidoria, pois a demanda é muito grande para que a

ouvi-doria rastreie todos eles. Em outro caso, se a vistoria foi realizada e o engenheiro da prefeitura indeferir a solicitação, não cabe a ouvidoria passar por cima daquela decisão. O cidadão pode até ficar insatisfeito com a resposta ao problema, porém, a ouvidoria servirá para ouvir e indicar uma outra possível solução.

A assessoria de comunicação da prefeitura ainda informou que, de acordo com o Guia do Cidadão, o tempo limite para que uma vistoria seja feita são cinco dias úteis. A partir disso, o tempo máximo para a execução do pedido é determinado pela pessoa responsável pela vistoria.

Qual é o caminho de uma reclamação na PBH

RECLAMAR EXIGE

PERSEVERANÇA E

MUITA PACIÊNCIA

Para a moradora do Coração Eucarístico, Maria Angélica, o buraco na via pública ameaça os pedestres, sobretudo os idosos

Moradora do Bairro Coração Eucarístico faz reclamação na tentativa de solucionar o

problema de um buraco que tem ameaçado a segurança de pedestres em seu passeio

n

THAÍSMAIA,

ISABELLALACERDA,

3º E4º PERÍODOS

A cabeleireira Maria Angélica Perdigão Martins da Silva, 45 anos, há dois meses está preocupada com um buraco que, devido às intensas chuvas do final do ano, vem ameaçan-do a segurança ameaçan-dos pedestres que uti-lizam o passeio da Rua Coração Eucarístico de Jesus, em frente ao número 23, quase na esquina com a Avenida Juscelino Kubitschek, no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de Belo Horizonte. "Coloquei um galho de árvore para tampar o buraco. Outras pessoas colocaram pedras e colchões para tapá-lo. Parece que o buraco interliga a boca-de-lobo. Na hora que abrir vai ser um horror. Passam muitos idosos nesse passeio, vindo do banco. Temos medo até de chover", afirma.

De acordo com a moradora, o bura-co em questão é muito maior do que aparenta. "O cimento formou uma crosta oca. Se você olhar lá dentro, verá que está vazio. É uma grande vala conectada ao bueiro. Aí está o perigo", conta.

Na tentativa de solucionar o pro-blema, no dia 25 de novembro ela entrou em contato, pelo número 156, com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), para solicitar uma reforma no passeio e a equipe de reportagem do jornal MARCO acompanhou todo o processo da reclamação.

Após três tentativas de atendimen-to, Angélica foi atendida no setor de buracos no asfalto na via pública e conversou com Núbia. A cabeleira tentou explicar a situação, mas a atendente não entendeu. "Os idosos passam por aqui sempre. A gente fica com medo de acontecer a mesma coisa que aconteceu com aquela se-nhora, na Via Expressa, que caiu e morreu", disse Angélica à Núbia. A resposta da atendente foi que "é um problema do prédio, e não da PBH. Quem tem que ligar e fazer a

recla-mação, é alguém que more em frente ao buraco".

Dez minutos e 50 segundos após o início do telefonema, e de ter infor-mado dados como CPF e telefone, o posicionamento da prefeitura foi que Angélica deveria esperar três dias úteis, o tempo máximo para que fosse feita uma vistoria no local, e ela poderia acompanhar a solicitação a partir do número de protocolo infor-mado, pelo site ou pelo telefone da PBH.

NOVA TENTATIVA

Quinze dias após

a primeira ligação, nenhuma vistoria havia sido realizada no local. Mediante isso, no dia 10 de dezem-bro a cabeleireira voltou a ligar para o 156, e apertou a opção para falar com um atendente. "Carmélia, você fala com Angélica, de Belo Horizonte, eu queria que você desse uma olhada em um protocolo meu aí, para ver o que foi que eles decidiram. Você pode anotar o número de protocolo?", disse. "Refere a um buraco que está aqui no Coração Eucarístico. No meio fio, na esquina da Via Expressa", com-pletou Angélica.

A funcionária informou que o pedi-do ainda se encontrava na Gerência Regional de Fiscalização de Limpeza Urbana, ou seja, nenhuma vistoria ainda havia sido feita. Indignada, Angélica indagou o por quê da demora do serviço, uma vez que o prazo era de três dias úteis, logo dia 30 de novem-bro. "É que o serviço é feito por deman-da", respondeu Carmélia. "Então você podia fazer uma observação aí pra mim, que eu tornei a ligar, o buraco aumentou mais ainda. E que já puse-ram um galho enorme nele e que, daqui a pouco, ele vai abrir uma vala e pode acontecer um acidente. Então, que já está registrada essa ocorrência aí. Se acontecer alguma coisa, a prefeitura tem que ser responsabiliza-da. Porque o buraco já está ficando muito grande e perigoso", retrucou a moradora.

A atendente, depois de uma pausa, solicitou uma nova explicação sobre o problema. "O buraco está misturado ao bueiro da rua também. Ele mistura a rua e o passeio", reafirmou Angélica. "É, como a senhora fez uma solicitação no dia 25 do 11, o prazo é de 15 dias úteis. O correto são 15 dias úteis", disse a atendente.

Devido à insistência de Angélica, que exigia a atenção da prefeitura para seu problema, a atendente chegou a se exaltar e, ao final da ligação, ficou combinado que a cabeleireira voltaria a ligar no dia 16 de dezembro, para saber qual seria a resposta sobre a vistoria.

Quando procurada novamente pela equipe de reportagem do jornal MARCO, no dia 16 de dezembro, Maria Angélica Perdigão disse que a prefeitura ainda não havia dado uma resposta. Com o intuito de saber o que havia acontecido, a moradora ligou novamente para o 156 da PBH e a atendente Suellen disse que o prazo para a vistoria já havia expirado. A solução indicada por ela seria ligar na Gerência de Fiscalização de Limpeza Urbana da Regional Noroeste ou fazer uma reclamação na ouvidoria.

Às 8h45 da manhã daquele dia, Angélica tentou contactar a Gerência de Fiscalização por cinco vezes, mas não conseguiu o contato. A mensagem era: "No momento não podemos atender". Então partiu para a reclamação direta-mente na ouvidoria, pelo telefone dado por Suellen. Nas 32 tentativas, durante 13 minutos, o número dava ocupado.

De acordo com um funcionário da ouvidoria da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, que não pode se identi-ficar por determinação superior, são seis linhas telefônicas e seis atendentes nesse setor. Naquela hora da manhã, quando foram feitas as ligações, três atendentes trabalhavam no local e não houve muitas ligações no período. Ainda segundo o órgão, a captação de solicitações também é feita por meio do site da prefeitura, e-mail, fax e presen-cialmente. Foi informado a reportagem que ainda naquele dia 16 de dezembro, dia do fechamento desta edição do MARCO, seria encaminhado o pedido de vistoria à gerência responsável.

Quase desistindo, Angélica tornou a ligar para a prefeitura na tentativa de con-seguir um novo número. A funcionária Andressa disse que os únicos telefones da gerência eram aqueles que já havia tenta-do ligar, e indicou um novo número da ouvidoria. Às 9h05 Raquel, funcionária da ouvidoria, atendeu. "Tive que explicar a situação novamente, dar meu número de protocolo e ela conferiu os meus dados. Ela viu que o prazo realmente tinha venci-do e que iria cobrar uma resposta da gerência da regional", contou a moradora. Raquel informou ainda que o prazo para respostas daquele órgão era de até dez dias a partir da execução do cadastramento da cidadã. "Eles me enrolaram esse tempo todo para falar que precisam de mais dez dias. Como em janeiro nada funciona, tenho certeza que esse buraco ainda vai estar aí até fevereiro", indignou-se.

Após várias ligações e mais de 20 dias, a prefeitura ainda não havia dado resposta

PÂMELLARIBEIRO

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Há dois meses, o artista plástico Rodrigo Furtini, de 33 anos, e o designer gráfico Ayrton Mendonça, de 36, abriram a Quina, misto de galeria de arte, loja e espaço para exposições. Eles dizem que respiram cultura. "O Maletta está vivo e isso nos atrai. Por aqui passaram o Clube da Esquina, muitos jornalistas, pes-soas ligadas à arte. Nosso tempo é bem diferente das décadas passadas, há mais informação e acesso a tudo, mas o que foi vivido aqui nos interes-sa, pois faz parte da memória da ca-pital. Mas tem outro lado sedutor, a

'aura perversa' que o Maletta exala herança de antigos inferninhos. Por isso, pensamos: vai ser aqui", diz Rodrigo.

"Um Olhar Sobre o Maletta", o tema da exposição fotográfica que foi aberta em outubro, na recém-inaugu-rada Quina Galeria, celebra o cinquentenário do edifício com 12 fotos de profissionais e amadores que participaram do concurso. "Nosso objetivo é trazer de volta o olhar para o Maletta, quebrando a aura margi-nalizada dos últimos anos", afirma Rodrigo.

Exposição exibe outros olhares

A DIVERSIDADE DO EDIFÍCIO MALETTA

O prédio, localizado na Região Central de Belo Horizonte, reúne variados tipos de comércios, como bares, livrarias, relojoarias, barbearias. Tudo isso, próximo a apartamentos residenciais

n LAURAZSCHABER, GABRIELAHADDAD, 2º PERÍODO O relógio marca 14h. É sexta-feira em Belo Horizonte. O trânsito está lento na Avenida Augusto de Lima e a tarde abafada, mas o chaveiro Nildo de Oliveira, de 70 anos, man-tém o bom humor e a calma habitual. Há 42 anos, em sua oficina na entrada do Edifício Maletta, ele é testemunha do entra e sai no con-domínio. Diariamente, cerca de 5 mil pessoas pas-sam pela galeria principal em direção aos apartamen-tos, bares, livrarias, sebos, barbearias, salões de beleza, relojoarias e outras muitas lojas que preenchem o prédio. O proprietário do Reino das Chaves, que fica ao lado da Livraria Eldorado e em frente à Cantina do Lucas, conta que essa multidão que passa diariamente por ali enche o Maletta de ale-gria e vitalidade.

A vocação para a efer-vescência cultural já era certa na esquina da Avenida Paraopeba, atual Augusto de Lima, com Rua da Bahia. Neste local, onde hoje se encontra o Conjunto Arcângelo Maletta, funcionava desde 1896, o Grande Hotel, palco de vários encontros entre políticos, artistas e intelectuais. O hotel, que pegou fogo na década de 50, recebeu nos anos 20 artistas, jornalistas e escritores, hospedando per-sonalidades. Passaram por ali os escritores paulistas ligados à Semana de Arte Moderna de 1922. O grupo, ,formado por Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, ficou hospedado ali.

NASCIMENTO

Em 1957,

o que tinha restado do Grande Hotel foi demoli-do, dando lugar, dois anos depois, ao Conjunto Arcângelo Maletta. O pré-dio, que foi concebido dentro de uma nova filosofia, a de que as pes-soas poderiam trabalhar e morar no mesmo lugar, contando para isso com uma série de serviços como lojas e restaurantes. Era o conceito de uma

"outra cidade dentro de Belo Horizonte". O cinquentenário se refere à data da escritura da con-venção do condomínio registrada em cartório, embora as primeiras unidades tenham sido concluídas no início dos anos 60. “Dez de outubro de 1959 é, portanto, o dia em que o Maletta nasceu", conta o síndico Hélio Sêda, advogado, que ocupa o posto há 29 anos. O historiador Ricardo Lana lembra que o edifício era ponto de encontro de intelectuais nas décadas de 60 e 70. "A vida notur-na notur-naquela época foi muito intensa. O lugar era um ponto de convergência e praça extremamente importante, por aglutinar pessoas das mais variadas áreas numa época em que o centro da cidade ainda não havia se degradado", lembra. "O Maletta é um local de interesse cultural e de proteção, não só pela arquitetura como pelos seus aspectos históricos, com destaque para a pre-sença, na década de 1960, da 'boemia intelectualiza-da', e por ter sido palco de discussões políticas e ou-tros fatos que valorizam a memória da cidade", conta a diretora de Patrimônio Cultural da Fundação Municipal de Cultura, a historiadora Michele Arroyo Borges. Ela acres-centa que o edifício surgiu como projeto arquitetôni-co inovador, por juntar, num mesmo lugar, gale-rias, serviços e área resi-dencial. O nome Arcângelo Maletta foi uma homenagem ao italiano, dono do Grande Hotel.

PATRIMÔNIO

O

propri-etário da Cantina do Lucas, Edmar Roque, conta que o escritor Murilo Rubião foi um dos responsáveis pela consoli-dação do Maletta como universo artístico-literário dos boêmios e intelectuais na capital. "De Murilo Rubião a Roberto Drummond, grandes per-sonalidades passaram por aqui", ressalta o dono do restaurante, tombado pelo patrimônio histórico e cul-tural da cidade em 1997. "Vivenciamos um momen-to de dificuldades, rela-cionado a drogas e

insegu-rança, mas passou. A Cantina do Lucas se trans-formou num casulo, com identidade própria, que não foi corrompido com o tempo", comenta. O Lucas ainda conquista a prefe-rência de novos clientes e mantém fiéis frequenta-dores, ligados à cena cul-tural da cidade. Entre eles, a atriz Cíntia Falabella, a artista plástica Chanina, além de Amilcar Martins, Patrus Ananias e Nilmário Miranda. "Daria para encher uma página", con-clui Edmar. Juventino da Paz comanda o Lua Nova há 16 anos. Para ele, o ambiente do Maletta voltou a ser tranquilo e agradável há pouco mais de cinco anos. "O movi-mento estava tenso, mas a polícia reprimiu o con-sumo de drogas e o prédio também está mais limpo", comenta.

Percorrer os corredores do Maletta, conversar com antigos moradores, ouvir comerciantes e entrar nas lojas, é um ritual de descobertas. Nesse ambi-ente desgastado pelo tempo, e ainda em ebu-lição, há um universo par-ticular que passa por livros, músicas, filmes, comportamento, pensa-mentos, palavras e obras, em especial as literárias. Quem conhece muito esse mundo, que reúne mais de uma dezena de sebos, é o livreiro José Ronaldo Lima, de 70 anos, dono da Shazan, que vende livros novos e usados. Ele conta que o Maletta sempre foi o grande ponto de referência da intelectualidade.

"Na década de 1960, tinha bar e restaurante para todas as tribos. Lucas, Lua Nova e Sagarana eram os mais eli-tizados, caso também do Oxalá, que parecia uma cave francesa e reunia os existencialistas. O pessoal ligado em cinema preferia o Sagarana, enquanto os artistas plásticos e escritores gostavam do Lua Nova", conta. Já no Bar Berimbau, onde o can-tor e composican-tor Milton Nascimento tocava con-trabaixo, se encontravam os futuros integrantes do Clube da Esquina.

ATRATIVOS

Os encantos

do Maletta não se

resumem a boas histórias de um tempo perdido. Sem grandes pretensões, os sebos conseguem preservar o charme dos tempos áure-os do edifício, apesar do avanço da Internet. Há cinco anos à frente do Benedictus, Luisa Sans, trabalha em parceria com o tio, Antônio Carlos Xavier, há 11 no Maletta. "Temos no Maletta o maior shop-ping de sebos do país, com cerca de 12 lojas", ressalta Luisa. A estudante Ana Clara Pessoa tenta passar no vestibular para medici-na há três anos. "Sempre que eu precisava de um

livro de literatura, vinha correndo no Maletta para ver se tinha. E eu sempre achei. Aquele livro velho, que outra pessoa já leu, é muito mais legal de ter. Saber que alguém já co-nheceu aquela história e imaginar o que ela pensou é muito divertido", conta. "Quando preciso relaxar o lugar que encontro paz é dentro desses sebos lendo um bom livro. Esse ar de antigo é arrepiante. O Maletta é uma relíquia", completa.

A lan-house Maletta @net vive sempre cheia e percebe-se um entra-e-sai

de universitários, que pagam R$ 1 pela hora de conexão. "Não existe lugar em BH que tenha um valor tão baixo como aqui e a Internet não é lenta", afir-ma Alysson Cruz, também estudante.

"Somos um endereço popular e de tradição em Belo Horizonte", afirma Nilles Natal, de 73 anos, proprietário da Aerobel, que funciona, há 37 anos. Trata-se de uma loja de artigos para aero-modelismo e maquetes. "É um hobby. Faz bem também para alma", garante.

"Minha ideia é simples, um pouco autobiográfica, contando casos que se passaram no Maletta. E o edifício não é só cenário, mas um personagem", explica o cineasta e roteirista Joel Zito Araújo. O reduto boêmio foi cenário de "encontros memoráveis" de Joel Zito com artistas, intelectuais, políticos e, claro, namoradas. Vindo de Nanuque, no Vale do Jequitinhonha, Joel frequentou os

corredores do edifício, dos 17 aos 28 anos. "O Maletta foi meu ter-ritório sagrado nessa passagem da adolescência para a vida adulta", afirma o diretor. Enquanto busca patrocínio – lamentando a partici-pação restrita de Minas no apoio à seus filmes – Joel planeja escrever o roteiro que vai levar às telas o Maletta como o grande personagem da história que ele próprio viveu naquele reduto.

Histórias darão origem a filme

Nos planos do síndico Hélio Sêda está um proje-to de requalificação que daria uma cara de shop-ping as lojas e sobrelojas. O proprietário da Livraria e Editora Crisálida, Milton Rocha, de 23 anos é a favor do projeto. "A galeria do Maletta merece um programa de revita-lização. Um prédio antigo, com tradição de ser local de encontro de gerações, é um ponto nobre", argu-menta. Já a estudante de fisioterapia, Érica Curvelo discorda. "Não acho certo descaracterizar o Maletta.

Muitas pessoas vêm aqui em busca justamente desse clima de nostalgia e antiguidade que ele nos traz. Esse projeto é um absurdo" disse a estu-dante, revoltada. "Mesmo estando na era da tecnolo-gia e com o prédio desgas-tado, reformar o Maletta dando cara de shopping é o fim", ressalta o empresário Alexandre Campos.

Relíquia nos dias de hoje, o edifício continua o mesmo. Durante o dia, um vai e vem de pessoas preenchem seus corredores

em busca dos artigos ven-didos em suas lojas, sejam eles livros usados, corte de cabelo, xerox ou mesmo Internet. À noite é a vez dos boêmios ocuparem as mesas espalhadas pela galeria e calçada, fazendo com que o Maletta per-maneça como território fértil de cultura, criativi-dade e diversicriativi-dade.

A carioca Andréia Costa diz que sempre que vêm a BH não resiste a uma visi-ta ao cinquentão. "Subindo a Bahia não dá para não dar uma passa-dinha", diz.

Revitalização é polêmica

A Cantina do Lucas, que é um dos principais cartões de visita do Edifício Maletta, atrai novos e tradicionais clientes

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Morador da casa há apenas um mês, Daniel Severino Santos da Silva, 25 anos, ainda se considera "um selvagem", pois está no início do tratamento e ainda está no processo de se desvencilhar dos antigos hábitos, gírias e vícios. Mas em sua fala, o desejo de se libertar de seu velho modo de vida é claro. "Conforme eu fui vendo essas coisas, observando, Deus toca na gente. Você pensa, 'tá vendo a vida que você tá levando? A vida que você quer é isso mesmo?' Você vai se tocando aos poucos. São coisas que você vai descobrindo com o tempo", afirma.

Morador durante toda sua vida na Favela do Pantanal, em Diadema, São Paulo, Daniel relembra os motivos que o levaram a conhecer as drogas. "Eu nasci na favela, participei de coisas erradas na favela, mas isso para tentar um modo de vida para me manter. Muitas pessoas vão por influência, eu fui mais porque era a única maneira que eu achei na época", conta. Mas o status conquistado pelos trafi-cantes também é um fator relevante. "Tinha 12 anos quando comecei a fazer essas coisas, com 13 já tava traficando para ganhar um dinheirinho e ganhar nome, porque essa é a rea-lidade, as pessoas estão

muito para ganhar nome. Vê que os mais velhos têm fama, têm dinheiro, com roupa legal, tênis legal. A gente tem influência", acrescenta Daniel.

“SER IGUAL” Como Daniel, Paulo Roberto Bruno Carvallet também teve influências de outros usuários. "Eu usei droga porque eu andava com os caras que usavam droga e tinham muito respeito, muito ibope, tinham mu-lher, tinham isso, tinham aquilo, e eu me achava careta andando no meio dos caras sem usar nada, não tinha graça. Eu queria ser igual a eles, ter o respeito. Geralmente, as pessoas que usam droga são destacadas das pessoas que não usam. Você está com os caras, você tem que usar alguma coisa", explica Paulo, que começou a experimentar drogas aos 13 anos. "Para falar a ver-dade, foi só destruição na minha vida. A primeira vez que eu usei foi uma sen-sação muito boa, mas chegou um certo ponto da minha vida em que eu esta-va no fundo do poço, com um pé na cova e outro para fora, principalmente quan-do eu fui baleaquan-do fazenquan-do um assalto", lamenta Paulo. "Usava cocaína, maco-nha, cigarro, êxtase, bali-nha. Fiquei viciado quatro anos em cocaína, porque

não estava mais tendo prazer com a maconha e o cigarro, como na bebida, e chegou em um certo ponto em que eu comecei a expe-rimentar a cocaína que foi onde eu consegui ficar mais alucinado e ter mais prazer", relembra Paulo. O jovem de 20 anos co-nheceu a Manassés por meio de sua mãe que, desesperada com a situ-ação na qual o filho se encontrava, insistiu para que ele buscasse ajuda. "Cheguei na minha casa loucão de manhã, tinha televisão, geladeira, col-chão e eu resolvi vender tudo para comprar droga. Tinha um cara que com-prava móveis usados perto da minha casa e eu o chamei e vendi tudo para usar mais drogas", conta Paulo. Ao ver sua mãe chorando depois dessa ati-tude, Paulo tomou a decisão de se tratar e há dois anos faz parte da Manassés, sendo que, atualmente, é um colabo-rador da instituição.

Felipe aponta os perigos escondidos por traz dos benefícios aparentes dos entorpecentes. "Quero dizer a esses jovens que esse mundo que eles estão é um mundo de ilusão, a gente acha que está tudo bem, a gente tem falsas glórias, fal-sas vitórias, é um mundo de ilusão. Bebidas, cigarro, dro-gas, é tudo ilusão", afirma.

Influências induzem às drogas

COMBATE AOS VÍCIOS NA

INSTITUIÇÃO MANASSÉS

Projeto que auxilia na libertação da dependência de álcool, cigarro e demais entorpecentes funciona há oito anos em Contagem

n CLARISSESOUZA, 4º PERÍODO Com frequência, a população de Belo Horizonte e região se depara com jovens dentro dos coletivos oferecendo um kit de canetas e um folheto informativo sobre a Instituição Manassés. Para a maioria das pes-soas, não passa de mais um entre o grande volume de papéis recebidos todos os dias, mas para algumas pessoas este pequeno pedaço de papel é a porta de entrada para a liber-tação de vícios como álcool e drogas. Há quase oito anos em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Instituição Social Manassés é uma casa em que dependentes quími-cos recebem tratamento por meio da ajuda de ex-viciados, com o auxílio do ensino bíblico.

Viciado em cocaína por 12 anos de sua vida, Ibson de Almeida de Souza é atualmente o líder espiri-tual da Manassés em Contagem. Ele conta que todos, incluindo os líderes, são ex-depen-dentes químicos. Em seu caso, foi por meio de um

Daniel da Silva, Paulo Carvallet e Ibson de Souza consideram que o tratamento é fundamental para a libertação do vício

kit vendido em um coleti-vo do Rio de Janeiro, que sua tia recebeu o informa-tivo e o aconselhou a rece-ber o tratamento na insti-tuição. Há quatro meses na casa de Contagem, Ibson explica que não há nenhum tratamento com profissionais. "Não temos psicólogos, nem médicos, não somos acompanhados por nada disso, somente por Deus mesmo.

Pregamos a Bíblia, não temos denominação reli-giosa. Esse é o remédio daquilo que nós fazemos aqui dentro", relata o líder espiritual.

PROCESSO

A duração

do tratamento de reabili-tação é de nove meses. Ibson conta que o proces-so se divide em duas partes. "Ele passa 15 dias aqui dentro depois que

chega da rua, que é a fase que nós chamamos de desintoxicação e depois ele começa a fazer esse trabalho nas ruas, que é para poder começar a se adaptar no meio da sociedade", afirma. Durante as primeiras semanas, a pessoa é acompanhada por outro companheiro dentro dos ônibus, para que aprenda como funciona o processo dentro dos coletivos e para que não se perca na cidade.

Ibson salienta que o projeto é mantido quase que exclusivamente pela venda das canetas. Ele explica que às vezes são questionados dentro dos ônibus sobre a possibili-dade de realizarem doações, mas isso é uma exceção. "A doação aqui é quase nenhuma, é muito

Expectativas para o futuro

As expectativas quanto à saída da casa e o novo estilo de vida é algo que anima os moradores da casa de Contagem. Fazer planos para o futuro implica, principal-mente, em deixar para traz a dependência química, mas também se inserir novamente na sociedade. Segundo Ibson de Almeida de Souza, a Manassés prepara as pessoas em tratamento para essa nova vida. "Quando a pessoa chega aqui, está toda desorganizada, chega com a vida dela toda atrapalhada. Muitos chegam sem ter nem o que vestir e saem daqui abençoados. Tudo tem ordem aqui, hora para levantar, hora para dormir, para comer, para orar, para trabalhar. Então isso traz uma organização na vida da pessoa e se ela cumprir com isso aí, a vida dela muda", conta Ibson.

Para Felipe, a sua saída será acompanhada de muitas mudanças. "Começar uma nova vida com a minha família, permanecer na obra evangelizando e salvando mais vidas. Esse mês foi muito feliz para mim. Eu tive uma grande experiência, eu trouxe um jovem, meu primeiro jovem, que saiu das drogas para buscar o tratamento. Então está sendo muito boa para mim essa experiência. Estou procurando refazer minha história e mudar de vida", diz.

Refazer sua relação com a família também é o desejo de Daniel. "Meu principal objeti-vo é trazer minha família de objeti-volta", afirma o

paulista, que pretende reatar o casamento com sua ex-mulher, e ficar próximo à sua filha. Sua preocupação em dar bom exemplo para sua filha é constante. "Como é que a minha filha vai olhar para mim e não fazer a mesma coisa amanhã? O que é que eu vou falar para ela? 'Não, não faz isso não'. Ela vai falar 'uai pai, mas o senhor faz, o senhor faz até coisa pior!'", diz Daniel. Já Paulo pre-tende modificar sua vida em vários aspectos. "Primeiramente eu queria terminar a minha faculdade de educação física, trabalhar, reconstituir minha família de novo, porque eu trouxe de novo a confiança que eu tinha perdido e conseguir uma mulher de Deus e ter uma vida normal com um cidadão qual-quer", conta.

Após dois anos longe do álcool, cigarro e demais drogas, Paulo explica que não está livre das armadilhas do vício. "Curado não, liberta-do. Mas eu vou ser um alcoólatra e um ex-drogado para o resto da minha vida. Sempre vou sentir vontade de fumar cigarro, usar maconha, cheirar, beber, pelo resto da minha vida", pontua. Mas ele garante que sua intenção é se libertar definitivamente da dependência de qualquer substância.

Os interessadas podem conhecer ou con-tribuir com a Instituição Social Manassés, que fica na Rua Monsenhor Bicalho, 572, no Bairro Eldorado, em Contagem. Outras infor-mações pelo telefone 3356-4762.

CLARISSESOUZA

raro, é a minoria", observa.

DISTÂNCIA

A mistura de

sotaques dentro do insti-tuto em Contagem impressiona. Pode-se escu-tar a voz de cariocas, paulistas, baianos e paranaenses, mas não há mineiros no local. A expli-cação é que, embora haja casas do instituto espa-lhadas por nove estados do país, o tratamento nunca é realizado no local de origem das pessoas. "O tratamento é em outro estado, primeiramente para evitar o contato com aquele mundo em que a pessoa vivia, as amizades, a relação, principalmente com a droga. Então a pes-soa ir para outro estado é para dificultar o contato com a droga e esquecer um pouco", justifica o ca-rioca Felipe Arl da Silva, 18 anos, que está há dois meses no instituto.

Ibson acrescenta que a mudança de estado se dá ainda por causa da família. "Não é que a família atra-palhe, mas a pessoa começa a sentir o desejo de ficar perto, coisa que antes ela não tinha von-tade. Então a pessoa se afasta até para a família sentir vontade de ficar perto. Dá uma cortada temporária nos vínculos que podem vir a atrapa-lhar", alega. Felipe revela que durante o vício perde-se as relações familiares. "Você praticamente morre. Você só vive para a droga, só busca aquilo. Você esquece a família. Algumas pessoas inven-tam uma desculpa dizen-do 'vou embora porque eu tô com saudade da família', mas quando eles estavam lá no mundo eles se esqueciam, não ligavam para a família, só queriam saber da droga", desabafa.

Felipe relembra seu período de vícios com pesar. "Primeiramente, com 13 anos, foi curiosidade de fumar maconha, e depois começou a piorar, a curiosi-dade se tornou um vício,

do cigarro para a maconha e daí em diante". O envolvimento com as dro-gas resultou até mesmo em prisão. "Foi terrível, eles tratam você como se fosse um animal. O preconceito da sociedade que te descrimina. Com as drogas você vegeta", lamenta o jovem.

VONTADE

"Quando a

gente está no mundo das drogas a família procura sempre nos ajudar, só que a gente fica cego e não con-segue enxergar isso. Acha que a pessoa quer te aban-donar, te descriminar e é o contrário, a pessoa quer te ajudar, mas a pessoa não percebe. Só enxerga a droga e mais nada", diz Felipe. Segundo ele, a explicação para a recupe-ração é a força de vontade do dependente químico em abandonar o vício. "Só de a pessoa querer vir para cá já é um bom passo, porque tudo começa do querer da pessoa. Não vai adiantar a família querer trazer ele para cá e ele não querer. A pessoa tem que ter força de vontade, tem que buscar", esclarece Felipe.

Ele conta que não é sim-ples abandonar o vício e os antigos hábitos relaciona-dos a eles. "No começo bate um desânimo, uma saudade", conta. Mas, de acordo com ele, nada se compara com o prazer de se libertar da dependência. "Quando você vem buscan-do, vem abrindo os olhos, se você quiser, você passa por cima de tudo isso", acredita. Com brilho nos olhos, Felipe declara que sua vida dentro da Instituição Manassés tem sido ótima. "Às vezes as pessoas falam alguma coisa comigo, eu olho para hoje e olho para ontem e vejo que se a pessoa tivesse me fala-do a mesma coisa ontem, a gente teria discutido e saído no tapa. Hoje em dia a gente consegue perdoar um ao outro, a gente sabe que aquilo ali foi no impul-so”, diz Felipe.

Referências

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