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Efeito da redução de tensão de crescimento no rendimento e rachaduras de Eucalyptus cloeziana utilizando serraria portátil

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Academic year: 2021

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Efeito da redução de tensão de crescimento no rendimento e rachaduras de

Eucalyptus cloeziana utilizando serraria portátil

Cláudio Gumane Francisco Juízo1, Márcio Pereira da Rocha2, Reinaldo Calçada Guina Luís3 1Programa de Pós Graduação - UFPR-DETF- Universidade Federal do Paraná Departamento de Engenharia e

Tecnologia Florestal:c.gumane@gmail.com

2Professor UFPR-DETF - Universidade Federal do Paraná, Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal: 3Professor-UEM-FAEF-DEF- Universidade Eduardo Mondlane-Faculdde de agronomia e Engenharia florestal-

Departamento de engenharia florestal-Maputo-Moçambique.

Resumo

Este trabalho teve o objetivo de avaliar o efeito da realização de técnicas para redução de tensão de crescimento, no rendimento e índice de rachaduras da madeira serrada, obtida do desdobro tangencial sucessivo de Eucalyptus cloeziana utilizando serraria portátil. Para o efeito, foi efetuado anelamento da árvore por 30 dias; anelamento das toras por 30 dias; inserção de sabre da motosserra na árvore por 30 dias, os quais foram comparados com o desdobro imediato de toras obtidas após a derrubada da árvore sem nenhum tratamento. Em seguida, as tábuas obtidas foram submetidas a avaliação do índice de rachaduras, rendimento com rachadura, e rendimento sem rachadura para cada pré-tratamento testado. Os resultados indicaram que o índice de rachadura foi maior nas toras de desdobro imediato, sendo que nas toras com pré-tratamento não houve diferença significativas. Por outro lado, as técnicas testadas não tiveram influência significativa tanto no rendimento em madeira com rachadura, assim como no rendimento em madeira serrada de Eucalyptus cloeziana.sem rachadura.

Palavras-chave: Anelamento; Inserção de sabre; Madeira serrada; Qualidade da

madeira.

1. Introdução

As serrarias portáteis são pouco utilizadas no Brasil, apesar das mesmas viabilizarem o desdobro de toras em terrenos de difícil acesso, permitindo a retirada da madeira processada da floresta, reduzindo custos com transporte. Em algumas regiões, especialmente nos países em vias de desenvolvimento, essas serrarias têm sido utilizadas por pequenos produtores ou cooperativas, principalmente pela dificuldade de acesso tecnológico e de recursos financeiros, pois, mesmo que a sua aquisição seja onerosa, os custos das mesmas ainda são bem menores em relação aos custos de uma serraria fixa.

Outro aspecto importante, é que as serrarias portáteis podem viabilizar a competitividade das florestas plantadas, pois segundo Schaitza et al. (2000) as mesmas são uma oportunidade para o estabelecimento de pequenas indústrias em várias regiões de difícil acesso e de intransitabilidade por caminhões para o transporte de toras. Ainda segundo Schaitza et al. (2000), é necessário salientar que as serrarias portáteis têm alguns inconvenientes, entre eles a necessidade continua de transporte e instalação, além de maior número mão de obra, para sua operacionalização por serem equipamentos maioritariamente manuais, e concebidos para serem manuseados por mais de um só operador resultando em baixa eficiência.

Esta situação pode influenciar nos rendimentos e até na qualidade da madeira serrada obtida tornando-se um num fator limitante, principalmente para o desdobro de toras de espécies com elevados índices de tensão de crescimento como é o caso da maioria dos Eucalyptus sp, nas quais a manifestação de defeitos acontece ainda durante o desdobro, como foi reportado por Van Wyk, (1978); Lima et al. (2013) segundo os quais durante o desdobro destas espécies, a ocorrência de rachaduras nas peças é quase inevitável.

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Aliado a isso, alternativas tem sido testadas no Brasil para minimizar os efeitos de tensão de crescimento no rendimento e qualidade da madeira serrada, entre elas se destacam o uso de herbicida nas árvores em pé de Eucalyptus dunnii feito por Matos et al. (2003), o anelamento das árvores em pé de Toona ciliata, testados por Valle (2014), e anelamentos de toras e inserção de sabre da motosserra no Eucalyptus grandis testados por Marchesan et al. (2015).

Técnicas essas que se mostraram-se eficientes para desdobro de toras em serra Fita, porém, pouco se sabe da sua aplicabilidade e resultados em serras circulares portáteis. Foi nesse sentido que se desenvolveu este trabalho para avaliar os rendimentos e incidência de rachaduras em madeira serrada de toras de Eucalyptus cloeziana submetidas a anelamento e inserção de sabre da motosserra. 2. Material e Métodos

A pesquisa foi desenvolvida num povoamento de Eucalyptus cloeziana com 39 anos de idade no Centro Agro-Florestal de Machipanda da Universidade Eduardo Mondlane, localizada na Província de Manica, em Moçambique. Foram selecionadas 20 árvores, as quais foram divididas igualmente em quatro grupos para aplicação de técnicas para minimização das tensões de crescimento: anelamento de toras por 30 dias (T1), anelamento da árvore em pé por 30 dias (T2); Inserção de sabre da motosserra durante 30 dias (T3) e o tratamento testemunha que consistiu no desdobro imediato das toras obtidas imediatamente após a derrubada das árvores (T4).

As toras foram cubadas e desdobradas em uma serra circular portátil modelo Lucas Mill, com ajuste para cortes verticais e horizontais como se observa na FIGURA 1. Para o efeito as mesmas foram colocadas em duplicata para melhor eficiência, obtendo-se tábuas com espessura nominal de 28 mm, larguras de 100, 150 e 200 mm e 2000mm de comprimento.

Figura 1. Serraria portátil com serra circular utilizada no desdobro de toras de E. cloeziana. Figure 1. Portable sawmill with circular saw used for sawing logs of Eucalyptus cloeziana

As tábuas obtidas de cada tora, para cada tratamento utilizado na redução de tensão de crescimento foram cubadas, e determinados os rendimentos em madeira serrada e índice de rachaduras antes e depois do destopo utilizando a metodologia de Hornburg et al. (2012).

Análise dos dados

A análise dos dados obtidos para o rendimento em madeira serrada e índice de rachadura foi realizada utilizando delineamento inteiramente ao acaso, tomando como tratamentos as técnicas utilizadas para minimizar a tensão de crescimento. Para o efeito, fez-se o teste de homogeneidade dos dados pelo teste de Bartlett, seguindo-se de análise de variância simples e quando detectada diferença significativa entre os tratamentos, fez-se o teste de Tukey, ao nível de 95% de probabilidade.

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Pela análise de variância (Tabela 1), observa-se que os tratamentos a que foram submetidos as toras e árvores de Eucalyptus cloeziana tiveram efeito significativo, na variação do índice de rachaduras, porém os mesmos não tiveram efeito significativo na variação do rendimento em madeira serrada.

Tabela 1. Resumo da análise de variância e médias do rendimento em madeira serrada com rachadura, madeira serrada sem rachadura e o índice de rachadura.

Variável Índice de Rachadura (%)

Rendimento (%) Com Rachadura Sem

Rachadura Significância do F 3,841* 0,125ns 1,623ns

Derrubada e corte imediato 2,46A 37,61A 27,60A

Toras aneladas 1,18B 38,30A 33,54A

Árvores aneladas 1,17B 37,73A 31,90A

Árvores com inserção de sabre 1,16B 39,37A 34,14A

Nota: *Significativo a 5% de probabilidade (p < 0,05); nsnão significativo (p >= 0,05). Médias seguidas

pela mesma letra minúscula na vertical não diferem entre si (Tukey, p > 0,05).

O índice de rachaduras pode ter sido influenciado devido ao efeito das tensões de crescimento residuais, que ainda se manifestam mesmo depois de aplicação de tratamentos para redução das mesmas nas toras e nas árvores, sendo uma das características peculiares das madeiras do gênero

Eucalyptus. E Segundo Trugilho (2005); Beltrame et al. (2015) a minimização das tensões de

crescimento ocorre após a derrubada da árvore e seccionamento das toras, porém esse alívio das tensões é limitado há uma pequena distância das novas extremidades da tora, o que faz com que mesmo após o secionamento das árvores com pre-tratamento, ainda se verifiquem tensões nas novas toras.

Aguiar; Jankowsky (1986) estudando técnicas para prevenção e controle de rachaduras de topo em madeiras de Eucalyptus grandis, também observaram efeitos significativos dos pré-tratamentos realizados na redução do índice de rachaduras das tábuas. E segundo Wilkins; Kitahara (1991) a situação é justificada pelo fato de que quando uma árvore com elevado nível de tensão interna de crescimento é derrubada, a face de corte apresenta algumas deformações. Assim sendo, a parte externa próxima à casca que inicialmente estaria submetida a forças de tração sofre um ligeiro encolhimento, e na parte central próxima à medula que inicialmente estavam sob forças de tração ficam submetidas às forças de compressão.

Observa-se na Tabela 1, que as toras derrubadas e desdobras imediatamente tiveram índice de rachadura maior e estatisticamente diferentes que os demais tratamentos avaliados. E as tábuas obtidas das toras submetidas às técnicas para redução de tensão de crescimento tiveram os menores índices de rachadura, e sem diferença significativa ente si.

Não obstante, a realização dos tratamentos nas árvores e nas toras resultaram na redução do índice de rachaduras, uma vez que os valores foram relativamente baixos em relação aos resultados observados por Lima et al. (2000) na madeira de E. grandis e Crespo (2000) nas madeiras de E.

grandis e E. saligna.

Em outro estudo com madeira de E. dunnii, Matos et al. (2003) obtiveram valores de índice de rachaduras relativamente superiores em toras aneladas e toras desdobradas após 72 horas, e 12 dias respectivamente.

Os rendimentos em madeira serrada apresentados na Tabela 1 não apresentaram diferença estatística, provavelmente por terem sido utilizadas toras e árvores do mesmo plantio e com as mesmas classes diamétricas. Ainda assim, em termos absolutos, as árvores nas quais foram feitas inserção do sabre do motosserra, se destacaram em relação as demais.

Os valores de rendimento apresentados na Tabela 1, corroboram com as observações de Pedro et al. (2014) no desdobro radial de Eucalyptus cloeziana. Noutro estudo, Batista; Carvalho (2007),

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obtiveram 44,80% no rendimento em madeiras de Eucalyptus sp, semelhante aos rendimentos obtidos por Monteiro et al., (2013), os quais obtiveram 43,84% de rendimento. Já, Amparado et al. (2008); Muller (2013), avaliando o rendimento em madeira serrada de Eucalyptus saligna, e E. benthamii encontraram valores relativamente baixos, estimados em 26% e 28,88% respectivamente.

4. Conclusões

As técnicas utilizadas nas toras e árvores de Eucalyptus cloeziana para a minimização das tensões de crescimento proporcionaram redução do índice de rachaduras nas tábuas.

As técnicas testadas nas árvores e nas toras não causaram diferenças para o rendimento em madeira serrada no desdobro tangencial sucessivo de Eucalyptus cloeziana.

5. Agradecimentos

Ao centro Agro-Florestal de Machipanda- Manica Moçambique. 6. Referências

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