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Relações Sócio Profissionais no Contexto Hospitalar e Repercussões na Saúde Mental da Equipe de Enfermagem 1

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Academic year: 2021

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Relações Sócio Profissionais no Contexto

Hospitalar e Repercussões na Saúde Mental

da Equipe de Enfermagem

1

Janine Kieling Monteiro

Psicóloga. Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora do Programa de Pós Graduação em Psicologia da

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). E-mail: <janinekm@unisinos.br>.

Gabrielle Hennig Grisa

Psicóloga pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). E-mail: <gabrielleghg@gmail.com>.

Resumo

Estudos apontam que conflitos nas relações de trabalho no contexto hospitalar têm influência no adoe-cimento dos trabalhadores da saúde. Observou-se uma escassez de estudos sobre relações estabeleci-das por esse grupo e saúde mental do trabalhador. Desenvolveu-se um estudo qualitativo buscando caracterizar fatores que produzem prazer e sofrimento nas relações de trabalho (colegas, chefia e pa-cientes) e as suas repercussões na saúde mental de enfermeiros. Foram entrevistados 19 enfermeiros e técnicos de enfermagem de uma rede hospitalar privada. Os resultados, avaliados por meio de análise de conteúdo, sugerem que acompanhar a melhora do paciente, ter reconhecimento, liberdade e ajuda no trabalho são fatores de prazer. Porém, a falta de reconhecimento profissional, reclamações e emi-nência da morte de pacientes, individualismo, cobranças e falta de comprometimento são fatores que produzem sofrimento. Foram mencionados: irritação, estresse, cefaleia, sofrimento pela perda, satis-fação e realização pessoais como fatores decorrentes dessas relações. Sugere-se a necessidade de mais estudos sobre a temática, bem como mais espaços de escuta desses profissionais.

Palavras-chave: Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem, Psicodinâmica do Trabalho, Serviço

Hospi-talar de Enfermagem, Relações Interpessoais.

1 Esta pesquisa recebeu apoio financeiro do CNPq.

O trabalho ocupa um status central no uni-verso da práxis humana existente na sociedade contemporânea (Antunes, 1995). Para a concre-tização de qualquer tarefa no contexto laboral é necessário que as pessoas relacionem-se entre si, sendo que a forma como ocorrem essas trocas e o reconhecimento do outro estão diretamente vin-culados às causas de adoecimento, fator que me-rece me-receber maior atenção dos pesquisadores da área de saúde mental e trabalho (Dejours & Ab-doucheli, 1994). O reconhecimento está atrelado

à dinâmica que se estabelece entre o trabalhador, o seu engajamento na realização do trabalho e a importância da qualidade do seu trabalho, as-pecto este que vem através da avaliação do outro (Mendes, 2007).

No contexto hospitalar, em relação aos fa-tores de risco para o adoecimento dos trabalha-dores de enfermagem, estão presentes aqueles relacionados à periculosidade e à insalubridade, os quais envolvem riscos biológicos, físicos e quí-micos; e às questões que conferem um caráter

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mais árduo a profissão como: demanda excessiva de trabalho, atividades que exigem esforço físico, más condições de trabalho e tensões nas relações interpessoais (entre pares, entre chefia e subordi-nado, entre profissional, pacientes e familiares) e a convivência com a dor e morte (Glazer & Gyu-rak, 2008; Gehring Júnior et al., 2007; Kawano, 2008; Stacciarini & Troccoli, 2001).

A importância da relação do profissional de enfermagem junto ao paciente, já foi destacada em alguns estudos (Fontes & Alvim, 2008; Pau-la & Scatena, 2000; Zinn, Silva & Talles, 2006), nos quais os autores chamam a atenção para a necessidade dos profissionais estarem atentos para a dimensão humana do cuidado. O diálogo, a atenção, a demonstração de afeto e o respeito dos profissionais de enfermagem na relação com o cliente são essenciais para auxiliar na terapêu-tica do paciente.

Em revisão de literatura científica através de uma consulta em uma das principais bases de dados na área de Saúde, a BVS (Biblioteca Virtual de Saúde), foi observada uma escassez de estudos utilizando os descritores “relações interpessoais”, “saúde mental e trabalho” e “profissionais de saúde”, foram encontrados apenas 37 referências-nesta pesquisa. No entanto, não foi localizada nenhuma pesquisa específica sobre essa temáti-ca que inclua o estudo sobre as repercussões das relações interpessoais na saúde mental da popu-lação em foco – profissionais de enfermagem que atuam em hospital. Portanto, sugere-se a pers-pectiva de este ser um estudo pioneiro na reali-dade brasileira.

Saúde/adoecimento Mental e

Relações de Trabalho

A saúde mental relacionada ao trabalho pode ser definida como: “a inter-relação entre o trabalho e os processos de saúde-doença, cuja dinâmica se inscreve mais marcadamente nos fe-nômenos mentais, mesmo quando sua natureza seja eminentemente social” (Selligmann Silva, 1994, p. 51). Nesta concepção, o trabalho pode ser um fator que determina ou que contribui para o adoecimento mental.

Na abordagem da Psicodinâmica do Tra-balho, desenvolvida por Christophe Dejours nos

anos de 1990, a análise entre trabalho e saúde mental abrange: “o estudo das relações dinâmi-cas entre organização do trabalho e processos de subjetivação, que se manifestam nas vivências de prazer-sofrimento, nas estratégias de ação para mediar contradições da organização do trabalho, nas patologias sociais, na saúde e no adoecimen-to” (Mendes, 2007, p. 30). O desafio nessa aborda-gem seria buscar visualizar e empreender ações suscetíveis para modificar o destino do sofrimen-to, favorecendo a sua transformação e não a sua eliminação, já que isto seria impossível.

A organização do trabalho contém aspec-tos biopsicossociais que podem ser determinan-tes nas manifestações do processo saúde-doen-ça dos trabalhadores. Entre estes aspectos estão presentes: divisão, qualificação e condições de trabalho; aspectos afetivos e relacionais implica-dos no posto de trabalho ocupado; grau de ini-ciativa e autonomia; grau de ambiguidade sobre os resultados da tarefa; status social da atividade; possibilidade de cooperação e comunicação (De-jours, 1988; Mendes, 2007). Contudo, revela-se essencial sinalizar que o trabalho desencadeia, ao mesmo tempo, experiências de sofrimento e de prazer. Portanto, constata-se que não há saú-de e doença isoladamente, mas sim um processo complexo que sofre a influência de múltiplos fa-tores. A busca do prazer no trabalho e a fuga do sofrimento constituem um desejo permanente do trabalhador diante das frequentes exigências pre-sentes no processo, nas relações e na organização do trabalho.

O conceito de reconhecimento está atrelado à dinâmica que se estabelece entre o trabalhador, o seu engajamento na realização do trabalho e o reconhecimento da qualidade do seu trabalho pelo outro (Mendes, 2007). O reconhecimento é a retribuição que se vivencia, sobretudo em um nível simbólico, no âmbito pessoal e social. Ele é fruto do julgamento de beleza (feito pelos pares) e de utilidade (feito pela hierarquia e cliente). O jul-gamento da beleza baseia-se em critérios de bele-za, criatividade e habilidade na realização do tra-balho, confere o sentimento de fazer parte de um grupo e o reconhecimento de ter uma identidade própria. O julgamento de utilidade quer dizer que o trabalhador necessita receber a gratidão de seus superiores e clientes, como alguém que tenha uti-lidade técnica, social ou econômica devido à ati-vidade que ele desempenha (Merlo, 2002).

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Trabalhadores da Saúde

no Contexto Hospitalar e

Relações Interpessoais

O foco do processo de trabalho em saúde é o paciente e a produção de saúde. Nessa área, as profissões de medicina e de enfermagem são dominantes e têm, hoje, no hospital um espaço privilegiado. O modelo dominante de análise no trabalho hospitalar dá destaque aos aspectos rela-cionados ou responsáveis pelo sofrimento psíqui-co, mas nesse espaço também existem fontes de prazer. Há um consenso sobre o alto valor social deste trabalho, sendo esse um dos motivadores da satisfação dos trabalhadores do setor saúde, mas de forma paradoxal esta importância social pode induzir a ações onde as medidas de proteção do cuidador são relegadas a um segundo plano por um impulso, baseado na urgência de resolver o problema do paciente (Machado & Correa, 2002).

Em relação aos estressores ocupacionais no trabalho de profissionais de enfermagem, várias pesquisas desenvolvidas em diferentes países (Aust, Rugulies, Skakon, Schezer & Jensen, 2007; Glazer & Gyurak, 2008; Kawano, 2008; Staccia-rini & Troccoli, 2001) apontam como fontes de estresse os recursos inadequados para o desen-volvimento das suas atividades e as relações no trabalho (relações interpessoais e de atendimento ao paciente). Como demanda excessiva de traba-lho, diminuição de recursos humanos, problemas com lideranças (relativas à personalidade e me-nor suporte dos gestores), conflito com colegas de trabalho, problemas de relações com pacientes e familiares, conviver com a dor e morte.

Um estudo de revisão de pesquisas publica-das em bases nacionais e internacionais, entre os anos de 1995 e 2005, acerca da temática depres-são em profissionais de enfermagem (Manetti & Marziale, 2007) indicou que os estudos analisa-dos sugerem índices de prevalência de depressão maior nestes profissionais do que na população em geral. Entre os fatores internos ao ambiente de trabalho desencadeantes deste quadro encon-tram-se: os fatores relacionados à organização do trabalho (setor de atuação, turnos de trabalho, números de funcionários, reestruturações orga-nizacionais, sobrecarga de trabalho, problemas na escala, conflito de interesses, insegurança no trabalho); relações sociais de trabalho (o apoio social e o relacionamento interpessoal com cole-gas e supervisores) e condições de trabalho nas instituições hospitalares.

Estudos recentes com profissionais da equi-pe de enfermagem vivências de prazer e sofri-mento no trabalho ratificam que as relações de trabalho são fatores fundamentais no processo de saúde/adoecimento no trabalho (Martins; Roba-zzi & Bobroff, 2010), que podem produzir prazer, através do reconhecimento e da cooperação entre colegas (Garcia, Dellaroza, Haddad, Pachemshy, 2012). Por outro lado, os conflitos presentes nas relações de trabalho podem oferecer riscos mo-derados à saúde (Campos & David, 2011).

Diante das questões apresentadas, foi de-senvolvido um estudo qualitativo que teve como objetivo principal descrever quais são os fatores que produzem vivências de prazer e sofrimento nas relações estabelecidas no contexto hospita-lar (entre colegas, entre subordinado e chefia, e entre cuidador e paciente) de uma equipe de en-fermagem. Como objetivos específicos buscou-se compreender quais são as repercussões dessas re-lações de trabalho na saúde mental da equipe de enfermagem.

Método

Trata-se de um estudo qualitativo explorató-rio e descritivo, no qual a coleta de dados foi de-senvolvida entre os meses de junho e agosto de 2011.

Participantes

Participaram do estudo 19 trabalhadores da saúde (cinco enfermeiros e 14 técnicos de enfer-magem), de diferentes unidades de uma rede hos-pitalar do setor privado, da região metropolitana de Porto Alegre/RS. Como critérios de inclusão foram investigados profissionais da saúde que têm contato direto com pacientes, tanto aqueles de nível superior (enfermeiros) como de nível téc-nico, que trabalham há mais de seis meses nesta atividade. E os critérios de exclusão seriam aque-les profissionais que atuam na seção administra-tiva ou de apoio.

Os participantes foram selecionados através do critério de conveniência ou acessibilidade. A determinação pelo número de sujeitos deu-se por saturação teórica, a qual ocorre quando acontece uma repetição no conteúdo do material coletado de tal forma que o acréscimo de novos casos não acrescentaria um número significativo de infor-mações (Gil, 2002).

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A idade dos participantes variou de 24 a 50 anos, a maior parte dos participantes era do sexo feminino (89,47%), tinha nível superior (63,15%) e carga horária de 40 horas semanais (78%). O tempo médio na profissão foi de 7,8 anos e o tem-po médio no local foi de 3,8 anos. Boa parte dos participantes tinha cargo de gestão (24%) na ins-tituição.

Instrumentos

Foram utilizados como instrumentos um questionário sócio demográfico laboral e de saú-de (com informações sobre função, sexo, esco-laridade, tempo de serviço, carga horária, entre outras) e uma entrevista semiestruturada. As en-trevistas tiveram um roteiro norteador, buscando priorizar a escuta dos trabalhadores. Neste ro-teiro foram focalizadas questões sobre descrição sobre características das relações estabelecidas no trabalho (relações entre colegas, entre chefia e subordinado e entre cuidador e paciente), so-bre o que traz satisfação/prazer nessas relações, o que causa insatisfação/sofrimento. Por último era questionado como esses relacionamentos interfe-rem ou afetam a saúde mental dos participantes.

Procedimento de Coleta dos

Dados

Após aprovação dos Comitês de Ética da Universidade e da rede hospitalar vinculada aos locais de coleta foi realizado um contato com o setor de RH do local participante da pesquisa, e os coordenadores dos setores selecionados fize-ram um convite para participação da pesquisa. Para aqueles que se disponibilizaram a participar, foram explicados os objetivos e procedimentos da pesquisa. A coleta dos dados foi desenvolvida nas dependências do hospital em salas reservadas. As entrevistas foram realizadas de forma individual. Todas as entrevistas foram feitas por dois pesqui-sadores, nas quais um deles fazia o registro das informações e, logo após a sua ocorrência, o re-lato era complementado com as observações do outro, para evitar a perda de dados importantes.

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade (Número da aprovação do CEP 11/021) e da rede hospitalar participante. Foram observadas todas as questões éticas inerentes à pesquisa com seres humanos.

Os participantes receberam para ser preenchido e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os resultados finais desta pesquisa foram disponibilizados através de um relatório a todos envolvidos.

Critérios de Análise dos

Dados

Os dados coletados, por meio de entrevistas, foram integrados e analisados através do método de Análise de Conteúdo (Bardin, 1994). Este con-siste na descrição analítica do conteúdo manifes-to, e sua posterior interpretação, compreendendo três fases que são: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados.

Resultados e Discussão

A partir da leitura e apreciação de todo o material, foram estabelecidas categorias a priori para cada grupo investigado, de acordo com os objetivos propostos (fatores de prazer e fatores de sofrimento – em cada uma das relações de traba-lho investigadas - e as suas repercussões na saúde mental do cuidador). Uma visualização das ca-tegorias elencadas nas duas primeiras temáticas (fatores de prazer e fatores de sofrimento) nos di-ferentes grupos investigados (entre colegas, entre subordinado e superior e entre trabalhador e pú-blico atendido) pode ser obtida nas tabelas 1 e 2. Tabela 1 – Fatores de prazer nas relações de tra-balho Categoria Subcategoria Entre colegas Ajuda Relação de confiança Companheirismo Busca conjunta por soluções

Entre subordinado e superior

Reconhecimento Liberdade para falar Autonomia para agir Posição igualitária Visão humanizada Entre trabalhador e público atendido Melhora do paciente Auxilio ao paciente Reconhecimento dos pacientes e familiares Fonte: primária.

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Fatores de Prazer - entre

Pares

Os participantes citaram como fatores que produzem vivências de prazer entre os pares no trabalho: a ajuda ou auxílio - tanto no que diz res-peito à execução de tarefas como ao apoio emo-cional recebido dos colegas - (“É um trabalho de

duas vias. Eu colaboro com eles e eles colaboram comigo”; “Quando perdemos um paciente acaba-mos nos ajudando e consolando”). Outro fator

que recebeu destaque nessa categoria foi o fato de ter uma relação de confiança no ambiente de trabalho (“Poder confiar nos colegas durante sua

ausência”; “Quando têm problemas no ambiente de trabalho: paro, converso e ajusto”).

Também foi mencionada amizade e compa-nheirismo (“Quando existe uma boa parceria, o

que acaba fortalecendo o grupo”; “Acabamos sain-do juntos, insain-do em aniversário de filhos, participa-mos muito fora do hospital”) como elementos de

satisfação e promoção de saúde (“A gente trabalha

com mais ânimo com quem a gente gosta”). Por

último, foi referido que a busca conjunta por so-luções de problemas emergentes, além de fortale-cer o grupo de trabalho, pode evitar a sobrecarga psíquica (“Resolvo as pendências e problemas com

os colegas na hora, daí não levo os problemas pra casa”). Um estudo anterior (Bruch & Monteiro,

2011) já fez menção que a ajuda mútua e o com-panheirismo, presentes entre pares, pode auxiliar na promoção de prazer e na instauração de um coletivo de trabalho.

Para Dejours (1999), o coletivo de trabalho refere-se à composição de normas de ofício co-mum a todos os integrantes, necessitando para isso a participação efetiva e a cooperação. Instau-rar um coletivo de trabalho é uma tarefa comple-xa, pois difere da simples reunião de um grupo. Dejours destaca a relevância deste tipo de espa-ço como imprescindível para a saúde mental dos trabalhadores.

Fatores de Prazer - entre

Trabalhador e Superior

O reconhecimento no desenvolvimento das atividades (“Me sinto reconhecida, temos grande

reconhecimento dos médicos, da chefia”) e a

li-berdade para expor suas ideias (“Ter lili-berdade

de expor o que está indo bem e o que não está. Isto me deixa segura e traz bem-estar”; “Acho que essa boa comunicação/relação mesmo. Errei, fiz isso aqui, conseguir ser sincero com a tua chefia. Eu dar um bom retorno pra chefia e eles darem também. É uma coisa que me deixa muito bem”)

foram alguns dos aspectos prazerosos referidos pelos participantes nas relações entre trabalha-dores e superior imediato.

Em relação à autonomia foi citada a impor-tância da confiança da chefia na realização de tarefas delegadas. Ter uma confiança mútua (“A

gente tem autonomia, poder de decisão” e quando

surgem as intercorrências, os funcionários tem li-berdade para executar certas tarefas sem ter que questionar antes – “eu posso resolver, eu sei

resol-ver, então eu faço”) promove o prazer no

traba-lho. Outro fator destacado como fonte de prazer deve-se ao fato do superior hierárquico assumir uma posição de maior proximidade ou igualda-de (“Ela se coloca na mesma posição que a gente”;

“Não tenta estar acima de nós. Não há humilha-ções, trabalhamos em conjunto”), ou quando a

chefia tem uma visão mais humanizada, sendo empática e apoiadora (“Ela vai te ajudar, ela

pen-sa nos dois lados: no que tu precipen-sa e no que a equi-pe precisa e ela decide em cima dos dois asequi-pectos”),

sentem-se acolhidos, produzindo um bem-estar/ alívio (“Tu sabe que quando tiver dificuldades ela

vai te ajudar”; “Eu sei que se amanhã acontecer alguma coisa, vou ter apoio”).

Para a Psicodinâmica do Trabalho (Dejours, 2004; Merlo, 2002) o reconhecimento simbólico tanto por parte dos pares (julgamento da beleza) como por parte dos superiores e clientes (julga-mento da utilidade) é um ele(julga-mento essencial na promoção de saúde. É por meio desse reconheci-mento que o trabalhador pode buscar ressignifi-car as situações que trazem sofrimento, através da transformação dessas condições (sofrimento criativo) ou mesmo encontrar um sentido para o seu trabalho.

Quando na organização do trabalho não existe uma margem de negociação entre o traba-lho prescrito e o trabatraba-lho real instaura-se o so-frimento psíquico, pois o trabalhador necessita de um espaço para colocar o seu conhecimento tácito. Essa negociação, muitas vezes, ocorre atra-vés do superior imediato (Dejours & Abdouche-li, 1994). No caso desse estudo destacou-se que, quando o superior proporciona maior autonomia e abertura para com o seu subordinado, existe maior possibilidade de prazer no trabalho.

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Fatores de Prazer - entre

Trabalhador e Paciente e

Familiares (público atendido)

A melhora no quadro clínico do paciente (“Acho que é quando sabemos que vai ter melhora,

que vai se curar”; “ver o paciente bem”) e a ajuda/

auxílio no cuidado ao paciente faz com que os profissionais sintam-se úteis e produz prazer e realização no profissional de saúde (“... quando

consigo atender algum pedido dos pacientes... al-gum pedido simples do tipo: conseguir um canu-dinho para tomar suco ou água”; “É importante ter a sensibilidade de ver a necessidade do pacien-te”). Além disso, o reconhecimento, tanto de

fa-miliares como dos pacientes atendidos (“É muito

prazeroso e fruto de satisfação no relacionamento com os pacientes quando o trabalho é reconheci-do, quando recebo um abraço de agradecimento; “Muito bom o retorno que eles dão.. o carinho. A gente faz as coisas de bom grado”; “Desenvolvemos um vinculo muito bom, eles sabem teu nome. É um reconhecimento que tu não tem em outra par-te do hospital) também foi citado como fator que

produz prazer no trabalho.

Machado e Correa (2002) destacam o alto valor social do trabalho dos profissionais de saú-de, sendo esse um dos principais motivadores da satisfação desses trabalhadores e também algo que traz sentido ao trabalho realizado. Além dis-so, outros autores (Fontes & Alvim, 2008; Paula & Scatena, 2000; Zinn et al., 2006) chamam a aten-ção para a necessidade dos profissionais estarem atentos para a dimensão humana do cuidado na terapêutica do paciente.

Como já destacado anteriormente (Dejours, 2004), o reconhecimento do cliente (pacientes e familiares) está associado ao julgamento da utili-dade no trabalho, e é essencial para conferir sen-tido aquilo que o trabalhador desenvolve e para a sua saúde mental. Todo trabalhador necessita ser reconhecido por aquilo que faz.

Fatores de Sofrimento -

entre os Pares

Os participantes citaram como fatores que produzem sofrimento nas relações entre pares (ver Tabela 2): a cobrança ou crítica embasada em

pré-julgamentos por parte dos colegas (“Aquela

coisa de alguma pessoa vir te cobrar sem saber o que aconteceu”; “A pessoa te perguntar por que tu não fez alguma coisa ou porque fez daquela ma-neira. Cobrar algo sem saber”; “Quando ocorre problema conta tudo para chefia, não tenta re-solver com colega”) e o individualismo

protago-nizado por alguns colegas, desarmonizando o trabalho coletivo (“No momento que tu tem uma

relação e tu não tem colaboração dos colegas, isso incomoda... tu fica chateado”; “Tu pensa que o que teu colega tomou uma atitude sem perceber se seria melhor para o paciente ou para a equipe”).

Ambas as características apontam mais para um ambiente de competição do que de cooperação. Por último, foi citada que a falta de comprometi-mento de alguns membros da equipe de trabalho (“Quando tu faz a escala e os funcionários faltam

sem avisar, dão prejuízo, fica muito sobrecarrega-da”; “Às vezes dá alguns problemas, como um do-cumento que não veio, algum procedimento feito errado”) acaba dificultando o andamento do

tra-balho e causando dano ou tensão.

Tabela 2 – Fatores de sofrimento nas relações de trabalho Categoria Subcategoria Entre colegas Cobranças indevidas Individualismo Falta de comprometi-mento Entre trabalhador e superior Falta de reconhecimento Dificuldade de lidar com problemas Entre trabalhador e público aten-dido Não reconhecimento profissional Reclamações de pacien-tes Morte de pacientes Fonte: primária.

O protagonismo do individualismo pode ser originado pelo medo de ter seu lugar tomado por outro colega, da ameaça de perder sua posição, o que gera uma competição sem benefícios aos in-divíduos contribuintes de determinada institui-ção. A competição produz condutas individua-listas que fazem centralizar a informação para benefício do próprio indivíduo - a fim de preju-dicar seus pares - e não do coletivo. É desta forma que os relacionamentos entre pares se

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desarmo-nizam, fazendo prevalecer à desconfiança (Bruch & Monteiro, 2011). É a partir destas atitudes que se caracteriza uma das patologias sociais mais evidentes no contexto laboral: a patologia da soli-dão. Diante destas situações delicadas pelas quais o trabalhador passa no local de trabalho, verifi-ca-se um sujeito cada vez mais só. Dejours (2004) postula, ainda, que a maior parte das patologias no âmbito do trabalho, são, hoje, patologias da solidão, afetando a saúde mental e resultando em sofrimento psíquico no trabalhador.

Fatores de Sofrimento -

entre Trabalhador e

Superior Hierárquico

A falta de reconhecimento (“A gente não tem

reconhecimento do que a gente faz e é muito co-brado. Acho que os colegas também sentem falta de reconhecimento, de retorno”; “Eu me sinto reco-nhecida pelos outros profissionais, mas não pela chefia”; “...não tenho boa relação com a chefia, somente profissional...tu não recebe elogio, somen-te cobrança, cobrança...”) é o principal fator de

sofrimento citado pelos participantes no que diz respeito a sua relação com o superior hierárqui-co. Outros aspectos referidos foram: a dificuldade da chefia de lidar com os problemas dos funcio-nários (“Às vezes, a chefe bloqueia esse contato

pela carga excessiva”; “Se não tiver uma chefia que pode se reportar, uma chefia que não acolhe, pode prejudicar bastante”) e a omissão referente

a situações que ocorrem no dia a dia (“As chefias

dão muita liberdade e acabamos tendo que tomar decisões que seriam das chefias”).

Estes últimos fatores estão relacionados ao fato que ao gestor cabe mostrar resultados e garan-tir a produtividade (Mendes, 2007) - coordenar a equipe e buscar alternativas para atingir metas e objetivos organizacionais - mas nem sempre este tem preparo e condições de liderar bem a equipe, sobretudo em situações difíceis vivenciadas no contexto hospitalar. Aos trabalhadores cabe ne-gociar estas regras de ofícios e obter compromis-sos de que estas podem ser reelaboradas, através da participação do coletivo de trabalho (Dejours & Abdoucheli, 1994).

Fatores de Sofrimento - entre

Trabalhador e Paciente

(Público Atendido)

Primeiramente, na relação com os pacientes, foram destacados como fatores de insatisfação o não reconhecimento do profissional de enferma-gem (“A gente meio que ignora essa parte da

insa-tisfação, das reclamações, mas é difícil ouvir que tu não faz teu trabalho direito... Mas a gente sabe que é da patologia”) e as reclamações de

pacien-tes queixosos e exigenpacien-tes (“Quando um andar tá

com um paciente muito chamativo, a campainha toca toda hora, fica chamando... Isso deixa a uni-dade estressada”; “Alguns tiram do sério, preciso contar até dez”). Outros aspectos mencionados

como produtores de sofrimento psíquico foram a iminência da morte e a perda de pacientes (“Não

consigo trabalhar com os pacientes na parte final. Fujo um pouco deste momento quando sei que o paciente irá morrer, pois sofro muito”; “Vivemos a satisfação e a dor com os pacientes. Quando se perde algum paciente, isto causa sofrimento, a equipe acaba se afetando também”).

Importante fonte de sofrimento moral para os trabalhadores de Enfermagem, a ocorrência da morte traz consigo questões polêmicas, como por exemplo, alguns óbitos talvez possam ocorrer por erro, negligência ou descaso, os quais poderiam ter sido evitados ou postergados pela atuação de serviços ou recursos de Saúde disponíveis na con-temporaneidade. Outro fator de sofrimento nes-te âmbito diz respeito à impotência sentida por parte destes profissionais no momento da morte. Eles entram em conflito por não saber como agir e falar com a família do paciente e, muitas vezes, evitam ter uma relação mais próxima ou afetiva com o paciente para não sofrer tanto depois. Sen-do assim, fica evidente que este sofrimento frente ao óbito está relacionado ao contexto organiza-cional, havendo pouco investimento no preparo dos profissionais para lidar com a morte (Dalmo-lin, Lunardi & Lunardi Filho, 2009).

Após uma perda significativa, o sujeito é in-vadido por sentimentos de desânimo e desespe-rança que antecedem um processo de somatiza-ção, gerando sobrecarga física e psíquica. O que potencializa a situação de perda é o valor afetivo desta perda, que precede a eclosão de diversas en-fermidades no sujeito que está entrando em sofri-mento (Mello Filho, 2005).

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Repercussões na Saúde

Mental do Trabalhador

da Saúde do Contexto

Hospitalar

Foram referidos pelos participantes alguns sintomas físicos e mentais ou psicossomáticos decorrentes dessa relação, tais como: irritação, estresse, cefaleia, gastrite e dor da perda

(“Irrita-me muito quando o trabalho em grupo não existe, no entanto, como não sei como colocar esta sua inquietação, acabo guardando para mim”; “Todo mundo tem momentos de estresse, isso interfere de algum modo, por causa da pressão. Causa irrita-ção, atrapalha”). Por outro lado, também foram

citadas repercussões positivas na saúde somo: satisfação, sentimento de realização e reconheci-mento (“É muito prazeroso e fruto de satisfação

no relacionamento com os pacientes quando o tra-balho é reconhecido, quando recebo um abraço de agradecimento”) que são decorrentes das relações

estabelecidas no trabalho.

Conforme Bruch e Monteiro, (2011) as di-ficuldades encontradas nas relações de trabalho podem gerar choro frequente, sentimentos de rai-va e mal-estar, baixa produtividade, falta de von-tade de ir ao trabalho, falta de ânimo, aumento de peso, labilidade afetiva, estresse e depressão.

Assim como em pesquisas anteriores com profissionais de saúde (Manetti & Marzia-le, 2007; Meneghini, Aparecida & Lautert, 2011) essa pesquisa também assinala a necessidade da implantação de programas de atenção à saúde desses trabalhadores que podem envolver grupos de discussão, grupos de vivências, psicoterapia e administração participativa, com utilização de diferentes estratégias, visando à minimização do adoecimento mental (estresse, burnout, depres-são), a qualidade de vida, a redução do absenteís-mo ou do afastamento no trabalho e da rotativi-dade entre os trabalhadores de enfermagem.

Criar espaços para reflexões e discussões co-letivas acerca da gênese do sofrimento psíquico no trabalho pode auxiliar na promoção de saú-de dos trabalhadores, incentivando o compro-metimento dos profissionais com a melhoria da saúde ocupacional e da organização do trabalho. A constituição de um espaço de discussão e de-liberação, no qual a fala pode originar uma ação transformadora. Com o empoderamento, os tra-balhadores podem encontrar formas alternativas para transformar o real, buscando reconstruir as

bases da convivência e da cooperação, além de fo-mentar o reconhecimento dos pares, os quais vão auxiliar na promoção da saúde mental (Mendes, Araújo & Merlo, 2011).

No caso dos profissionais em saúde de ins-tituição hospitalar, este espaço poderia ainda au-xiliá-los a compreender os processos de luto e do ato de morrer inerentes ao seu trabalho e ajudá--los a intervir de forma mais humanizada diante de seus pacientes (Esslinger, Kovács & Vaiciunas, 2004; Gomes et al., 2006).

Em nosso estudo, o aspecto da falta de um espaço público, que possibilite a fala e a escuta dos trabalhadores, apareceu na enunciação de um participante: “Aqui é complicado reunir todos

os funcionários e ter um espaço em que possamos conversar (por ex: tomar um café juntos), nossa relação é muito profissional, seria bom ter um espaço para todos, em que pudéssemos estar jun-tos e ter uma relação melhor”. Esse trabalhador

referiu que muitas questões as quais precisariam ser mais bem discutidas ou alguns “desabafos” de momentos difíceis necessitam de maior acolhi-mento por parte das chefias e da instituição.

A pesquisa apontou, assim como Dejours (2004), que uma possível prevenção da saúde desses trabalhadores poderia ser realizada pela instauração de um coletivo, através do respeito, da solidariedade da cooperação. Por outro lado, a solidão no trabalho é uma catástrofe que leva ao sofrimento e, consequentemente, ao adoecimento.

Considerações Finais

Desenvolveu-se um estudo qualitativo bus-cando caracterizar fatores que produzem prazer e sofrimento nas relações de trabalho (colegas, chefia e pacientes) e as suas repercussões na saú-de mental saú-de enfermeiros. Os resultados sugerem que acompanhar a melhora do paciente, ter re-conhecimento, liberdade e ajuda no trabalho são fatores de prazer. Porém, o não reconhecimento profissional, reclamações e iminência da morte de pacientes, individualismo, cobranças e falta de comprometimento de colegas são fatores que produzem sofrimento. Foram mencionados pelos participantes: irritação, estresse, cefaleia, sofri-mento pela perda, satisfação e realização pessoais como fatores decorrentes dessas relações A partir disso, ressalta-se a importância de estar atento a esses aspectos visando construir relações mais satisfatórias no trabalho, já que a qualidade des-sas irá influenciar na saúde dos trabalhadores.

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Como limitação do estudo, destaca-se que tanto pelo número de participantes como pela especificidade do grupo estudado, trabalhadores de uma rede hospitalar privada, esses resultados devem ser considerados com cautela, não se po-dendo afirmar que eles representam esta catego-ria profissional. Sugere-se a necessidade de mais estudos sobre a temática em pauta, os quais prio-rizem entender como as relações estabelecidas no contexto de trabalho podem influenciar na saúde mental deste grupo, os quais podem incluir tam-bém a relação entre equipes de diferentes áreas.

Além disto, a partir dos dados, enfatiza-se novamente a necessidade de criação de espaços públicos de discussão e escuta destes profissio-nais. Por fim, cabe mencionar que a partir dos conteúdos trazidos nas entrevistas elaboraram-se questões para compor um questionário com o ob-jetivo de avaliar a relação entre cuidador e pacien-te, o qual está sendo aprimorado em um estudo posterior.

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Socio Professional Relations in the Hospital Setting

and Repercussions on Nursing Staff’s Mental Health

Abstract

Studies point that conflicts in labor relations in the hospital context have influence in the illness of health care workers. A limited amount of studies about established relations by this group and mental health of workers were observed. A qualitative study was developed in order to characterize factors which produce pleasure and suffering in the workplace relations (co-workers, leadership and patients) and its repercussions in nurse’s mental health. A total of 19 nurses and nursing technicians of a private hospital network were interviewed. The results were evaluated by means of content analysis, suggest that following patient’s improvement, having professional recognition, freedom and helping at work are sources of pleasure. However, the lack of professional recognition, complaints and risk of patient’s death, individualism, demands and lack of commitment are factors which produce suffering. Irrita-tion, stress, headache, loss suffering, satisfaction and personal accomplishments were mentioned as factors deriving from these relations. We suggest the necessity of more studies about the thematic, as well as more listening spaces for these professionals.

Keywords: Nurses, Nursing Technicians, Psychodynamic of work, Hospital Nursing Service,

Inter-personal Relations. Recebido em: 18/12/2013 Avaliado em: 23/12/2013 Correções em: 07/04/2014 Aprovado em: 09/09/2014

Editor: Vinícius Renato Thomé Ferreira

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