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Oficinas de Customização e Upcycling: Projeto de Extensão Recosturas da Moda

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Academic year: 2021

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Oficinas de Customização e Upcycling: Projeto de Extensão

Recosturas da Moda

Customization and Upcycling Workshops: Extension Project “Recosturas da Moda”

Guerra, Manoella Cardoso; Aluna de Graduação; Universidade Feevale, manoellacg@hotmail.com Camfield, Kimberly Gomes dos Santos; Aluna de Graduação; Universidade Feevale, kimberlycamfield@hotmail.com Silva, Débora Regina Ribeiro da; Aluna de Graduação; Universidade Feevale, deborareginars@hotmail.com

Resumo: O projeto de Extensão Recosturas da Moda promove, por meio de oficinas, a capacitação de mulheres da comunidade, através da customização de roupas e do emprego da técnica de upcycling para criação de acessórios. Este artigo, tem por objetivo compartilhar os resultados obtidos, que contribuem para a geração de renda e para a conscientização ambiental de 54 beneficiadas, totalizando 255 peças.

Palavras chave: Projeto de Extensão; Upcycling; Customização.

Abstract: The extension project “Recosturas da Moda” promotes, by means of workshops, capacitation for the community women, through clothes customization and use of upcycling techniques to the accessories creation. This article aims to share the obtained results, which contribute to income generation and environmental awareness of 54 benefited, totaling 255 pieces.

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2 Introdução

O presente artigo discorre sobre o Projeto de extensão Recosturas da Moda, desenvolvido na Universidade Feevale, junto ao curso de Moda, na cidade de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. O Projeto atua com o intuito de ressignificar as roupas e promover a capacitação de mulheres da comunidade que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social, através de técnicas de upcycling e customização, de forma a prolongar o ciclo de vida de peças de vestuário agregando informação de moda. Contribui também para a conscientização ambiental e para a geração de renda das beneficiadas, uma vez que as práticas ensinadas no decorrer das oficinas podem ser replicadas posteriormente em suas casas e comunidades.

Almeja-se, com este artigo, compartilhar os resultados obtidos referentes ao segundo semestre de 2017 e primeiro semestre de 2018, assim como dialogar sobre a importância do reaproveitamento de materiais. O estudo caracteriza-se pela sua natureza aplicada, pois gera produtos, com objetivo descritivo e procedimento técnico a partir da pesquisa bibliográfica (PRODANOV; FREITAS, 2013).

No decorrer do texto é apresentado o Projeto com maior detalhamento, abordando os conceitos de upcycling e customização, assim como dados estatísticos sobre o descarte de resíduos têxteis na indústria e seu impacto ambiental. Também, as Oficinas e peças realizadas em parceria com a Associação de Empreendedores Solidários (Assesol), participante do Fórum Municipal da Economia Solidária de Novo Hamburgo, são destacadas.

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3 Sobre o Projeto de Extensão Recosturas da Moda

Segundo o Plano Nacional de Extensão Universitária, a prática extensionista nas Universidades tem como função básica produzir e socializar o conhecimento, de forma a intervir na realidade. Buscando também interligar as atividades de ensino pesquisa com as demandas da sociedade (FORPROEX, 2018). A partir da década de 1980, a extensão na Feevale passou a ser um espaço para atividades comunitárias, comprometido com questões sociais, em que professores, alunos e funcionários além de aprender com a prática, também exercitam valores que contribuem para a sua formação profissional e cidadã (FEEVALE, 2015). Seguindo essa linha de pensamento, o Projeto de Extensão Recosturas da Moda, como mencionado anteriormente, almeja promover não apenas o compartilhamento do conhecimento adquirido no âmbito universitário, mas também contribuir para a conscientização ambiental, através do reaproveitamento de materiais excedentes da indústria, transformando-os em itens novos ou modificados, de forma a agregar valor e informação de moda.

Sobre os excedentes da indústria, apenas em 2017 a indústria têxtil brasileira produziu em média 1,7 milhões de toneladas, contra os 1,6 milhões de 2016 (ABIT, 2017). Estima-se que sejam gerados anualmente 170 mil toneladas de resíduos têxteis em todo o país, com 80% desse material enviado para lixões (SEBRAE, 2018). Tais dados revelam a importância de encontrar e estimular um novo uso para os retalhos produzidos pela indústria, assim como conscientizar as pessoas quanto ao descarte e reaproveitamento de materiais, incluindo no meio acadêmico.

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4 Para atingir os objetivos almejados pelo projeto são realizadas oficinas com duração de quatro encontros, totalizando 12 horas, que abrangem técnicas de customização e upcycling. Customizar é um neologismo português da palavra em inglês customer, que significa cliente ou freguês. O ato da customização busca conferir características pessoais a peças de vestuário, conforme o gosto do dono, personalizando-as (CASTELLANI, 2003). Já o upcycling é considerado um processo mais sustentável, que também prolonga a vida útil dos objetos. É uma prática que estimula a criatividade e é ambientalmente correto, pois além de educar a sociedade no âmbito ecológico, muitas vezes resulta em artefatos de grande valor agregado com o reaproveitamento dos resíduos (SANTOS; CAVALCANTI, 2015).

As atividades referentes ao Projeto Recosturas da Moda ocorrem duas vezes por semana, em sua maioria no Laboratório de Costura e Modelagem da Universidade. A equipe é composta por duas alunas bolsistas e uma aluna voluntária, com a supervisão e orientação de duas professoras do curso de Moda. No cronograma, alguns dias são reservados para pesquisa, catalogação de materiais, planejamento da atividades e prototipação. Como materiais, estão à disposição tecidos, aviamentos e demais itens necessários para costura, modelagem e artesanato, sendo os dois primeiros provenientes de doações e excedentes da indústria calçadista.

Dentre as parcerias firmadas pelo Projeto, destaca-se a realizada com o Fórum Municipal de Economia Solidária de Novo Hamburgo.

Fórum Municipal de Economia Solidária de Novo Hamburgo

O Fórum Brasileiro de Economia Solidária está presente em todo o país, em mais de 160 fóruns municipais, microrregionais e estaduais e tem como

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5 finalidade representar e acompanhar o desenvolvimento de políticas públicas de economia solidária e articular no diálogo de movimentos sociais (FBES, 2018, s.p.). Quanto à organização da economia solidária na região do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, há o Fórum Regional constituído em Maio de 2003, abrangendo a cidade de Novo Hamburgo. Busca realizar atividades regularmente, através de reuniões, encontros de formação, espaços de trocas solidárias e feiras, assim como também desenvolve ações em conjunto com Universidades (KIRSCH, 2015). O Ecosol comtempla grupos como a Associação dos Artesãos de Novo Hamburgo (Asartes), a Cáritas Diocesana e também Associação de Empreendedores Solidários (Assesol).

Neste artigo são destacadas as oficinas realizadas em parceria com a Assesol, que totalizaram 4 turmas, constituídas por até 15 participantes. De 2017 para 2018 foram desenvolvidas duas modalidades de oficinas, a primeira com três turmas efetivadas, correspondentes ao segundo semestre de 2017, e denominadas “Reinvente suas Roupas: Customize seu Jeans”. Foram ensinadas técnicas de customização com inserção de informação de moda, como rasgos, desgaste, bordados, patches e aplicação de retalhos de tecidos.

Algumas peças incluíam reformas, como aumentar o tamanho a partir das laterais de casacos, blusas e calças, conforme as técnicas já conhecidas pelas participantes, aliadas às novas. Também foram desenvolvidos broches, que podem ser aplicados nas mais diversas peças como uma forma de customização prática e rápida. Além de bolsas e salopetes a partir de calças em desuso. Alguns exemplos dos resultados obtidos pelas beneficiadas podem ser visualizados na Figura 1.

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6 Figura 1: Peças da Oficina Reinvente suas Roupas

Fonte: acervo das autoras

Ao final do segundo semestre de 2017, o Projeto contemplou 39 beneficiadas no total, obtendo 181 peças ressignificadas. Em continuidade, no primeiro semestre de 2018 foi proposta a oficina “Upcycling: Criação de Acessórios”, na qual também se utilizam retalhos de tecidos e aviamentos doados pela indústria. Foram desenvolvidos bolsas, nécessaires, pulseiras e colares, como mostra a Figura 2.

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7 Fonte: acervo das autoras

No decorrer deste primeiro semestre de 2018 o projeto contou com uma turma desta oficina, totalizando 15 beneficiadas e 74 acessórios desenvolvidos, mas há planejamento para mais 2 turmas, uma já em andamento. Durante as oficinas e encontros percebeu-se os diferentes níveis de conhecimento e habilidades das participantes, contribuindo para diferentes tipos de estilização, alterações e acabamentos nas roupas. Foi perceptível a ampliação dos conhecimentos e da autoestima, incentivada por meio da criatividade e da autonomia, aliadas às práticas mais sustentáveis relacionadas à moda.

Considerações Finais

No decorrer do projeto percebeu-se o quanto se faz necessário alinhar moda às práticas sustentáveis, encontrando novos usos para materiais excedentes das indústrias, evitando o desperdício. Assim como a importância de buscar alternativas alinhadas à consciência e responsabilidade social, de

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8 forma a influenciar positivamente o trabalho e a vida das pessoas através da moda.

Notou-se que as beneficiadas possuíam diferentes níveis de conhecimento sobre técnicas artesanais, sendo perceptível a evolução constante de cada uma. As habilidades foram incentivadas a fim de ressignificar roupas com informações de moda e criatividade, tanto para o uso pessoal quanto para a venda, que ocorre através de Feiras e Exposições apoiadas pelo Ecosol. Ao total foram comtempladas 54 beneficiadas, por meio de 4 oficinas, totalizando 255 peças de roupas customizadas e acessórios criados. Almeja-se que os conhecimentos adquiridos sejam exercitados em suas casas e repassados à sua comunidade, prolongando o ciclo de vida tanto de roupas como de materiais. Algumas beneficiadas do projeto inclusive já relatam que utilizam e aplicam as técnicas aprendidas no decorrer do curso não somente para uso próprio e venda, mas também ensinando e repassando os conhecimentos voluntariamente para outras pessoas, incluindo em Instituições voltadas para crianças e adolescentes.

Referências

ABIT. Dados Gerais do Setor Referentes a 2017. Disponível em: <http://www.abit.org.br/cont/perfil-do-setor>. Acesso em 09 Jun. 2018

CASTELLANI, Regina Maria. Moda Ilustrada de A a Z. São Paulo: Manole, 2003.

FEEVALE. PDI: Plano de Desenvolvimento Institucional. 2015. Disponível em: <http://www.feevale.br/Comum/midias/5c415793-6b37-4870-b339-58d3c094d13f/Universidade%20Feevale-PDI.pdf>. Acesso em 15 Jun. 2018. FBES. Sobre o FBES. Disponível em: <http://fbes.org.br/o-fbes/>. Acesso em 09 Jun. 2018.

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9 FORPROEX. Plano Nacional de Extensão Universitária. Vol I. Disponível em: <https://www.ufmg.br/proex/renex/images/documentos/Plano-nacional-de-extensao-universitaria-editado.pdf>. Acesso em 02 Jun. 2018.

KIRSCH, Rosana. Para Saber um Pouco Mais do Fórum. 2015. Disponível em: <http://cirandas.net/valedosinos/para-saber-um-pouco-mais-do-forum>. Acesso em 09 Jun 2018.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do

trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico.

2. ed. Novo Hamburgo, RS: Feevale, 2013.

SEBRAE. Retalhos de Tecidos: no Lugar do Desperdício, Negócios

Sustentáveis. Disponível em:

<http://www.sebraemercados.com.br/retalhos-de-tecidos-no-lugar-do-desperdicio-negocios-sustentaveis/>. Acesso em 09 Jun. 2018.

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