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TRANSFORMADOS PLÁSTICOS

Dezembro 2008

Relatório

de

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RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO SETORIAL

TRANSFORMADOS PLÁSTICOS

Volume III

Equipe:

Adriana Marques da Cunha

Cristiane Vianna Rauen

Pesquisadores e bolsistas do NEIT/IE/Unicamp

Rogério Dias de Araújo (ABDI)

Carlos Henrique Mello (ABDI)

Junia Casadei (ABDI)

Dezembro de 2008

Esta publicação é um trabalho em parceria desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

(3)

1. Introdução ... 1

2. Breve caracterização da indústria mundial de transformados plásticos ... 1

3. Comércio mundial de transformados plásticos ... 2

4. Indústria brasileira de transformados plásticos: estrutura, concentração e desempenho recente ... 4

4.1. Estrutura e concentração ... 4

4.2. Produção e emprego ... 6

4.3. Comércio externo ... 9

4.4. Articulação com fornecedores: evolução dos preços das principais matérias-primas ... 11

5. Considerações finais... 14

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1. Introdução

A cadeia petroquímica inclui a indústria de transformação de plásticos (3a. geração), formada por empresas fabricantes de um amplo conjunto de produtos

plásticos a partir de processos de transformação de resinas (polímeros). Os produtos plásticos possuem variados usos e podem atender a diferentes mercados, sendo utilizados para consumo tanto intermediário (por produtores de autopeças, computadores, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, etc.) quanto final (na forma de embalagens e recipientes, brinquedos, utilidades domésticas, objetos de decoração e de uso pessoal, etc.). As vantagens dos materiais plásticos (leveza, resistência, versatilidade) certamente os tornam importantes substitutos para um número crescente de materiais, ampliando as possibilidades de uso e a gama de mercados de destino dos produtos plásticos.

A indústria de transformação de plásticos tem sido alvo de constante interesse e estudo por conta de sua posição de relativa fragilidade na cadeia petroquímica. Os Relatórios de Acompanhamento Setorial (volumes I e II), dedicados à indústria de transformados plásticos (Hiratuka e Cunha, 2007 e 2008), procuraram destacar suas principais características e tendências mundiais, assim como analisar o desempenho da indústria brasileira de transformados plásticos em termos de produção, emprego, consumo e comércio externo. Este Relatório de Acompanhamento Setorial (volume III), por sua vez, contém uma breve caracterização da indústria mundial, atualiza alguns dados de comércio internacional, ressalta o desempenho conjuntural da produção, do emprego e do comércio externo da indústria brasileira de transformados plásticos, e analisa de forma mais detalhada a evolução dos preços de suas principais matérias-primas, considerando uma dificuldade freqüentemente apontada por estudiosos e empresas do setor analisado: o custo dos insumos utilizados na transformação de materiais plásticos.

2. Breve caracterização da indústria mundial de transformados plásticos

Uma das características da indústria mundial de transformados plásticos é a heterogeneidade estrutural decorrente da convivência de um elevado número de pequenas e médias empresas com um limitado número de grandes empresas, que geralmente destinam sua produção a mercados específicos. Processos de fusão e de aquisição têm sido observados no contexto internacional, contribuindo para a concentração da produção e do mercado nas mãos de grandes grupos empresariais. Contudo, a indústria de transformados plásticos tem mantido um relativo atomismo, especialmente quando comparada a setores fornecedores de matérias-primas (caso do setor petroquímico controlado por um conjunto reduzido de grandes empresas verticalmente integradas) e a alguns setores compradores de produtos plásticos (caso do setor automotivo). Esta característica, como destacado em relatório setorial anterior: “contribui para a existência de uma significativa pressão sobre o setor, principalmente sobre suas empresas de menor porte, que acabam sofrendo uma ameaça constante de aumento de custos e de redução de sua lucratividade” (Hiratuka e Cunha, 2008).

Outra característica da indústria mundial de transformados plásticos é a concentração da produção na região asiática. A produção mundial de plásticos (incluindo resinas e transformados) alcançou o patamar estimado de 245 milhões de toneladas em 2006 e de 260 milhões de toneladas em 2007 (Plastics Europe, 2008a e 2008b). No ano passado, o conjunto de países asiáticos foi responsável por cerca de 37% da produção mundial (destacando-se China, com 15%, e Japão, com 5,5%), seguidos pelos países europeus (25%), NAFTA (23%) e América Latina (4%). Neste contexto, destaca-se a participação da China na produção não somente de resinas e de transformados plásticos, mas também, e de forma recente, no fornecimento de moldes.

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Nos principais países produtores de transformados, observa-se a existência de aglomerações geográficas de empresas dos diversos elos da cadeia de plásticos (formação de pólos de plasturgia). Tal característica pode ser igualmente encontrada no Brasil: o Estado de São Paulo concentra o maior número de empresas e do emprego no setor de transformados plásticos (quase 50% – Souza e Gorayeb, 2008). Entretanto, a dispersão geográfica de empresas ainda predomina em cada país produtor.

O patamar ainda reduzido do consumo per capita de plásticos no mundo pode ser lembrado como uma relevante característica da indústria de transformados plásticos. Os dados mais recentes disponíveis colocam a média mundial em torno de 30 kg. em 2005 (Plastics Europe, 2008a e 2008b). A América do Norte, a Europa Ocidental e o Japão são os maiores mercados para resinas e transformados plásticos (em torno de 100 kg. nos EUA e na Europa Ocidental e 90 kg. no Japão, em 2005). Há um grande potencial de aumento do consumo mundial de plásticos, favorecido pelo desenvolvimento de novos usos do material e pela substituição a outros materiais. Nas regiões asiáticas, encontra-se o maior potencial de crescimento do consumo per capita de produtos plásticos, que atinge um nível ainda reduzido: 20 kg. em 2005. No grupo de países com grande potencial de consumo, pode-se incluir o Brasil, que também mantém um baixo patamar de consumo per capita: 26,9 kg./ per capita em 2007 (ABIPLAST, 2007).

Por fim, concluindo a breve caracterização da indústria de transformação de plásticos, destaca-se a crescente preocupação com os impactos ambientais da produção e da utilização de materiais plásticos, que se reflete no aumento da importância das atividades de desenvolvimento dos bioplásticos (plásticos obtidos a partir de fontes renováveis, como o amido de milho e a cana-de-açúcar), ou de plásticos que incorporam elementos que aceleram o processo de degradação, e de programas de reciclagem e de consumo responsável, tornado a atividade de reciclagem mais um elo relevante da cadeia dos plásticos1.

3. Comércio mundial de transformados plásticos

Os dados do comércio mundial de transformados plásticos da década atual mostram o aumento dos valores negociados em todos os seus principais segmentos: monofilamentos, tubos de plástico, filmes e chapas e outros produtos de plástico. As exportações mundiais se elevaram de US$ 93,8 bilhões, em 2000, para US$ 195,7 bilhões, em 2007 (Tabela 1). No período 2000-2007, o crescimento médio anual das exportações mundiais de produtos plásticos foi de 16,7%.

1

O Relatório de Acompanhamento Setorial (volume II) destacou investimentos em pesquisa e desenvolvimento de bioplásticos, realizados por grandes empresas da cadeia petroquímica brasileira, como a Braskem. O relatório também listou investimentos no desenvolvimento de novas tecnologias de reciclagem, bem como ações para a conscientização quanto ao consumo e ao descarte apropriados dos materiais plásticos, ambos observados recentemente no Brasil (Hiratuka e Cunha, 2008).

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Tabela 1 - Exportação Mundial de Produtos Plásticos (2000-2007) (Em US$ milhões)

Produtos 2000 2002 2004 2006 2007 Variação média anual (%) Monofilamentos 1.861,6 2.236,5 3.288,0 4.245,2 4.727,5 23,7 Tubos de Plástico 6.573,4 6.968,0 10.317,7 13.665,4 16.242,1 20,5 Filmes e Chapas 31.949,3 34.288,7 49.130,9 63.152,2 69.907,4 17,6 Outros Produtos de Plástico 53.436,9 57.586,2 78.716,8 97.701,5 104.822,9 15,0 Total 93.821,3 101.079,3 141.453,4 178.764,2 195.699,9 16,7 Nota: Foram incluídos produtos do Capítulo 39 da NCM (3915 a 3926).

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados Comtrade.

Manteve-se a tendência de concentração das exportações e das importações de transformados plásticos em um conjunto reduzido de países, conforme destacado no relatório setorial anterior (Hiratuka e Cunha, 2008). Cabe acrescentar, ademais, que a maioria dos principais países exportadores também liderou a lista dos grandes importadores mundiais, confirmando a importância de um número realmente restrito de países no comércio mundial de transformados plásticos.

Em 2007, os principais países exportadores incluíram Alemanha (15,9%), EUA (10,3%) e China (10,3%) (Tabela 2). Os 10 maiores exportadores mundiais de transformados plásticos foram responsáveis por quase 70% dos valores negociados no ano passado. Destaca-se o crescimento dos valores exportados pela China no período analisado (2000-2007). A participação chinesa nas exportações mundiais de transformados plásticos saiu de 6,2% em 2000 para 10,3% em 2007, quando apresentou participação similar a dos EUA, que chegaram a ocupar a primeira colocação com 15,4% das exportações mundiais no início da década atual (2000). Este último país certamente perdeu espaço no mercado mundial de produtos plásticos para os concorrentes alemães (que atingiram a primeira colocação no ano passado) e chineses, considerando a participação relativamente estagnada ou cadente dos demais países exportadores.

A concentração das importações mundiais de transformados plásticos em poucos países também pode ser percebida. Os 10 maiores importadores somaram quase 60% dos valores negociados no ano passado. Os principais países compradores também foram EUA (12,7%), Alemanha (7,8%) e China (6,6%) (Tabela 2). Alguns líderes do comércio mundial de produtos plásticos apresentaram saldos comerciais negativos, como EUA, França e Reino Unido. A China conseguiu ampliar de forma expressiva seu saldo comercial positivo, apesar do crescimento de suas importações de produtos plásticos ter superado a elevação de suas exportações no período. Isto se explica pelos elevados níveis relativos das vendas externas chinesas. Por sua vez, o Brasil tem mantido uma participação bastante reduzida e estagnada no comércio mundial de transformados plásticos ao longo da década atual, apesar de ter apresentado uma elevada taxa de crescimento de suas exportações no período: sua participação nas exportações mundiais foi de 0,3% em 2000 e de 0,4% em 2007 e nas importações manteve-se em 0,7% nos anos citados (ocupando a 31a posição na lista dos maiores exportadores e importadores).

Portanto, a análise do comércio mundial de transformados plásticos na década atual aponta para o crescimento dos valores negociados em todos os segmentos considerados e para a concentração das exportações e das importações mundiais em um conjunto limitado de países, com elevada e crescente participação da China. O Brasil tem ocupado uma posição relativa bastante inferior, mantendo uma pequena e estagnada participação no comércio mundial de transformados plásticos.

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Tabela 2 – Principais Países Exportadores e Importadores de Transformados Plásticos (2000 e 2007) Principais Exportadores(1) 2000 (US$ milhões) (%) 2007 (US$ milhões) (%) Variação 2007/2000 (%) 1 Alemanha 12.134 12,9 31.074 15,9 156,1 2 Estados Unidos 14.488 15,4 20.144 10,3 39,0 3 China 5.804 6,2 20.081 10,3 246,0 4 Itália 6.162 6,6 12.744 6,5 106,8 5 Japão 4.660 5,0 11.201 5,7 140,4 6 França 4.621 4,9 9.716 5,0 110,3 7 Bélgica 4.362 4,6 8.806 4,5 101,9 8 Reino Unido 4.105 4,4 7.554 3,9 84,0 9 Canadá 4.183 4,5 6.493 3,3 55,2 10 Países Baixos 2.828 3,0 6.234 3,2 120,5 30 Brasil 293 0,3 827 0,4 182,7 Total 93.821 100,0 195.700 100,0 108,6 Principais Importadores(1) 2000 (US$ milhões) (%) 2007 (US$ milhões) (%) Variação 2007/2000 (%) 1 Estados Unidos 13.645 14,5 24.792 12,7 81,7 2 Alemanha 6.977 7,4 15.245 7,8 118,5 3 China 3.497 6,7 12.966 6,6 270,8 4 França 6.255 3,7 12.718 6,5 103,3 5 Reino Unido 5.346 5,7 10.366 5,3 93,9 6 México 7.324 7,8 9.843 5,0 34,4 7 Bélgica 3.277 3,5 6.993 3,6 113,4 8 Canadá 4.192 4,5 6.964 3,6 66,1 9 Itália 3.007 3,2 6.241 3,2 107,6 10 Japão 3.548 3,8 6.209 3,2 75,0 31 Brasil 664 0,7 1.385 0,7 108,4 Total 93.821 100,0 195.700 100,0 108,6 Nota: Foram incluídos produtos do Capítulo 39 da NCM (3915 a 3926). (1) Ranking de 2007.

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados Comtrade.

4. Indústria brasileira de transformados plásticos: estrutura,

concentração e desempenho recente

4.1. Estrutura e concentração

A indústria brasileira de transformados plásticos mantém uma estrutura heterogênea, com predominância quantitativa de pequenas e médias empresas e concentração do emprego e da produção nas mãos de um número reduzido de grandes empresas, reproduzindo internamente uma característica observada no cenário externo.

Dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS)2 do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) apontam a existência de 11.263 estabelecimentos na indústria brasileira de transformados plásticos em 2006 (Tabela 3). Observa-se claramente a predominância quantitativa de pequenas e médias empresas: o número de estabelecimentos com até 19 funcionários representava 72,6%do total em 2006.

2

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Tabela 3 – Indústria Brasileira de Transformados Plásticos: número de estabelecimentos por faixa de tamanho medido pelo número de

empregados (2006)

Número de empregados Número de

estabelecimentos Participação (%) Acumulado (%) Até 4 4.028 35,8 35,8 De 5 a 9 2.044 18,1 53,9 De 10 a 19 2.099 18,6 72,6 De 20 a 49 1.751 15,5 88,1 De 50 a 99 740 6,5 94,6 De 100 a 249 426 3,8 98,4 De 250 a 499 130 1,2 99,6 De 500 a 999 42 0,4 100,0 1000 ou mais 3 0 100,0 Total 11.263 100 - Nota: Foi utilizada a nova classificação CNAE 2.0 para coleta e sistematização dos dados. Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da RAIS/MTE.

Entretanto, a relevante presença de grandes empresas, que concentram o emprego e a produção, também pode ser observada na indústria brasileira de transformados plásticos. Os dados do Cadastro Central de Empresas (CCE/IBGE) mostram que as doze maiores empresas responderam por 7,9% do pessoal ocupado em 2006 (Tabela 4). Cumpre ressaltar que o setor fornecedor de insumos (resinas e elastômeros) para as transformadoras apresenta um grau de concentração bastante superior: suas doze maiores empresas responderam por 39,5% do pessoal ocupado no mesmo ano. Considerando as principais resinas termoplásticas, torna-se mais elevado o grau de concentração no fornecimento de insumos. Como destacado no primeiro relatório setorial (Hiratuka e Cunha, 2007), a comparação dos dados de concentração contribui para explicar o baixo poder de barganha do setor de transformados plásticos (menos concentrado) com relação a seu principal fornecedor de matérias-primas (muito mais concentrado).

Tabela 4 – Indústria Brasileira de Resinas e de Transformados Plásticos: grau de concentração econômica (2006)

(Em %)

Setor CR4 CR8 CR12

Resinas e elastômeros 21,2 31,9 39,5

Transformados plásticos 4,0 6,3 7,9

Nota: CR4: concentração a partir do Pessoal Ocupado (PO) das 4 maiores empresas; CR8: concentração do PO nas 8 maiores empresas; CR12: concentração do PO nas 12 maiores empresas.

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados do Cadastro Central de Empresas (CCE)/IBGE.

Desta forma, destacam-se o elevado número de empresas atuantes na indústria de transformados plásticos; a predominância quantitativa de pequenas e médias empresas em termos de pessoal ocupado, mas acompanhada da concentração do emprego em um grupo reduzido de grandes empresas; além de um grau de concentração relativamente superior no setor fornecedor de insumos. Resta lembrar que uma das dificuldades apontadas para o incremento da competitividade e da inserção comercial externa da indústria de transformados plásticos tem sido a predominância de pequenas e médias empresas, que contribui para seu reduzido poder de barganha e para o enfraquecimento de sua capacidade de negociação de preços das matérias-primas, com os fornecedores oligopolistas da 2a geração da cadeia petroquímica, e dos próprios produtos finais (transformados plásticos), destinados a setores demandantes igualmente concentrados.

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4.2. Produção e emprego

A evolução da produção física e do emprego são indicadores relevantes do desempenho recente da indústria brasileira de transformados plásticos.

Dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF/IBGE), observados por subsetores industriais para os trimestres de I/2007 a III/2008, mostram o significativo crescimento da produção física dos artefatos de material plástico, que correspondem a quase 50% dos produtos plásticos considerados pela pesquisa. O segmento de artefatos diversos de plástico fechou com uma taxa acumulada de 9,6% em 2007, bastante superior a da indústria de transformação no mesmo período (6,0%). O crescimento do segmento persistiu ao longo dos 3 primeiros trimestres de 2008, atingindo 14,6% no acumulado dos 12 meses terminados em setembro do ano corrente (Gráfico 1). Suas taxas de crescimento claramente superaram aquelas observadas na indústria de transformação em todo o período analisado.

Gráfico 1 – Indústria de Transformação e Produtos Plásticos Selecionados: variação da produção física

(taxa acumulada nos últimos quatro trimestres – I/2007 a III/2008)

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da PIM-PF/IBGE.

Por outro lado, a produção dos segmentos de laminados e de embalagens de material plástico apresentou desempenhos inferiores ao da indústria de transformação. No caso das embalagens, que correspondem a aproximadamente 35% dos produtos pesquisados, verificou-se um pequeno aumento de 1,6% na produção física no acumulado do ano passado, o que já significou uma reversão do desempenho negativo apresentado ao longo do ano. No caso dos laminados, observou-se a manutenção de um comportamento negativo da produção em 2007, que fechou com redução de -0,8% no acumulado do ano. Os dados mais recentes de produção física de embalagens e de laminados de material plástico apontam para um gradual crescimento ao longo do ano corrente. No acumulado

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dos 12 meses terminados em setembro de 2008, verificaram-se taxas muito similares de crescimento da produção de embalagens e de laminados: respectivamente, 3,8% e 3,9%. Mesmo sendo resultados ainda inferiores ao da indústria de transformação, pode-se observar que ambos os segmentos mantiveram uma trajetória de recuperação do comportamento negativo observado no ano passado. No caso de embalagens, tal crescimento reafirma a recuperação iniciada no final do ano passado.

A evolução da demanda interna no período analisado contribuiu para a intensificação do crescimento da produção física de artefatos diversos de material plástico (que mantêm maior peso na indústria) e para a recuperação da produção das embalagens e dos laminados plásticos, que se tornou mais evidente no terceiro trimestre de 2008. Entretanto, os reflexos da crise mundial sobre a economia brasileira, mais especificamente sobre a evolução de sua demanda interna, podem eventualmente contribuir para a desaceleração do crescimento de sua produção. Por outro lado, os efeitos da crise sobre os preços das principais matérias-primas utilizadas pela indústria de transformados plásticos podem levar a um enfraquecimento da crescente pressão de custo por ela sofrida nos últimos anos, contribuindo para amenizar uma de suas grandes dificuldades: os elevados preços de suas principais matérias-primas. (fato discutido no próximo item deste relatório).

No que se refere ao emprego, dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA/IBGE) mostram que a indústria brasileira de transformados plásticos empregava 176,5 mil pessoas em 1996, passando para 246,3 mil em 2006 (crescimento de 39,5%, no total do período). O crescimento do pessoal ocupado no total da indústria brasileira foi de 31,2% no mesmo período. Isto resultou em um pequeno aumento da participação do setor de transformados plásticos no total da indústria brasileira em termos de pessoal ocupado: 3,4%, em 1996, para 3,6%, em 2006.

Como destacado em relatório setorial anterior (Hiratuka e Cunha, 2008), houve criação de emprego formal pela indústria brasileira de transformados plásticos em 2007. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTE) apresentam um saldo entre funcionários admitidos e desligados pelo setor de quase 19 mil vagas no ano passado. Observam-se oscilações ao longo dos 4 trimestres do ano (Gráfico 2). No último trimestre foram criadas apenas 2 mil vagas. Mas a comparação com a redução do emprego formal na indústria brasileira no mesmo período permite destacar o comportamento positivo (apesar de relativamente tímido) do setor de transformados plásticos em termos de criação de vagas no final do ano passado. Em 2007, as empresas de menor porte foram as grandes responsáveis pelas maiores entradas líquidas de funcionários: empresas com até 9 funcionários responderam por 44% da criação de vagas (Hiratuka e Cunha, 2008: pg. 8).

Dados trimestrais do ano corrente mostram que o crescimento da produção física de transformados plásticos tem se refletido na criação de emprego formal. Nos 3 primeiros trimestres de 2008, houve aumento contínuo do número de vagas criadas pelo setor analisado (Gráfico 2). No terceiro trimestre do ano corrente, foram criadas 7 mil vagas. Percebe-se assim, uma redução na comparação com o terceiro trimestre do ano passado (-7,9%). Além disso, a participação do setor no total de vagas criadas pela indústria brasileira atingiu patamares inferiores no primeiro e no terceiro trimestres do ano corrente em comparação com os mesmos períodos do ano passado. Contudo, dados acumulados para o período de janeiro a setembro de 2008 mostram a criação de 17.521 vagas, resultado ligeiramente superior ao observado para o mesmo período de 2007 (2,1%) (Tabela 5). Mesmo que o crescimento dos desligamentos (32,3%) tenha superado o crescimento da admissão (26,9%) no acumulado dos 3 primeiros trimestres de 2008, ainda assim

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observou-se um pequeno incremento na criação de emprego formal com relação ao mesmo período do ano passado.

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Gráfico 2 – Indústria Brasileira de Transformados Plásticos: evolução da criação de emprego formal (I/2007 a III/2008)

0,000 1,000 2,000 3,000 4,000 5,000 6,000 7,000 8,000

I/2007 II/2007 III/2007 IV/2007 I/2008 II/2008 III/2008

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados do CAGED/MTE.

Tabela 3 – Indústria Brasileira e Indústria de Transformados Plásticos: evolução da criação de emprego formal

(jan. a set. – 2007 e 2008) Jan.-Set. 2007 Jan.-Set. 2008 Variação Jan.-Set.-2008/ Jan.-Set.-2007 (%) Total da Indústria Criação de vagas 473.135 514.551 8,8 Transformados Plásticos Admitidos 96.003 121.828 26,9 Desligados 78.849 104.307 32,3 Criação de vagas 17.154 17.521 2,1 Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir de dados do CAGED/MTE.

Desta forma, dados do ano corrente (jan-set/2008) mostram tanto a manutenção do (re)aquecimento da produção física, que já se delineava no ano passado, quanto a criação do emprego formal na indústria de transformados plásticos. Este cenário ainda não reflete os possíveis efeitos da crise econômica mundial e pode vir a sofrer alguma alteração no último trimestre do ano corrente, dependendo da intensidade dos impactos da instável situação externa sobre a indústria brasileira em geral e, especificamente, sobre a indústria de transformados plásticos. A contração da demanda e a escassez e o encarecimento do crédito podem certamente dificultar o crescimento da produção e do emprego na indústria de transformados plásticos a partir do final do ano corrente.

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4.3. Comércio externo

O desempenho recente da indústria brasileira de transformados plásticos também deve ser analisado pelo comportamento de seu comércio externo3.

Como apontado nos relatórios setoriais anteriores (Hiratuka e Cunha, 2007 e 2008), os transformados plásticos têm apresentado saldos comerciais persistentemente negativos. No período 2000-2007, houve aumento do déficit comercial brasileiro de produtos plásticos, apesar do crescimento médio anual das exportações (29,1%) ter sido superior ao das importações (19%). Isto se deve ao fato das importações terem se mantido em patamares relativamente mais elevados. Em 2007, o país exportou US$ 825,8 milhões e as importações somaram US$ 1.384,3 milhões, o que produziu um déficit comercial de US$ 558,5 milhões. Os principais produtos importados anualmente foram chapas, filmes e artigos de transporte ou de embalagem de plástico, que responderam em média por 60% das importações anuais no período analisado, sendo responsáveis por metade do déficit comercial anual (SECEX).

Este desempenho comercial externo de transformados plásticos precisa ser relativizado, como mencionado em trabalhos anteriores, pois a participação das exportações e das importações no consumo aparente brasileiro de artefatos plásticos se mantém reduzida (respectivamente, 6,7% e 8,3% – ABIPLAST, 2007). Isto ocorre devido aos altos custos relativos de transporte dos transformados plásticos (principalmente de produtos de grande volume e de reduzido valor) e à necessidade de proximidade com o cliente (especialmente quando os produtos plásticos constituem partes de outros produtos, como peças e embalagens).

Detalhando os dados do ano passado e do ano corrente, observa-se a ampliação do déficit comercial trimestral de transformados plásticos (Gráfico 3). O patamar das importações tem se mantido mais elevado do que o das exportações em todo o período e, em geral, o aumento das importações tem superado o das exportações, agravando o saldo comercial negativo. Os principais produtos importados (chapas, filmes e artigos de transporte ou de embalagem de plástico) mantiveram uma participação média conjunta de 58% na pauta de importação nos trimestres considerados, liderando o comportamento negativo do saldo comercial (SECEX). No segundo e terceiro trimestres de 2008, as importações apresentaram crescimento significativo (10,2% e 18,1%, respectivamente), intensificando o déficit comercial ao longo do ano corrente. Isto reforçou a persistência histórica dos saldos comerciais negativos de transformados plásticos.

3

Na análise do comércio externo de transformados plásticos foram considerados apenas os produtos plásticos em formas não-primárias presentes no capítulo 39 da NCM (3915 a 3926). Os dados não consideram, portanto, as exportações e importações de resinas.

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Gráfico 3 – Evolução do Comércio Externo de Transformados Plásticos (I/2007 a III/2008) -300 -200 -100 0 100 200 300 400 500 600

I/07 II/07 III/07 IV/07 I/08 II/08 III/08

US$ milhões

Exportações Importações Saldo

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da SECEX.

As exportações e importações brasileiras de transformados plásticos se mantiveram concentradas em alguns países de destino e de origem (Tabela 4). No 1o semestre de 2008, os principais destinos das exportações brasileiras de transformados plásticos foram: Argentina (25,2%), Estados Unidos (13,7%) e Chile (7,2%) (Tabela 4). Ou seja, as exportações se direcionaram preferencialmente para o grande parceiro comercial do Brasil: Argentina. Durante a década atual, não houve variação significativa dos principais destinos das exportações brasileiras de transformados plásticos. Vale destacar somente a queda de participação dos Estados Unidos: de 18,2%, em 2000, para 14,7%, em 2007, e 13,7% no 1o semestre de 2008. Por sua vez, os principais países de origem das importações brasileiras de produtos plásticos na primeira metade do ano corrente foram: EUA (20,9%), Argentina (10,9%), Alemanha (10,5%) e China (10,4%). Durante a década atual, o crescimento das importações de produtos chineses também tem sido notável no campo dos transformados plásticos. A China passou de uma participação de 1,5%, em 2000, para 9,6%, em 2007, e 10,4%, no 1o semestre de 2008, o que colocou o país na quarta posição no grupo dos países de origem das importações brasileiras de produtos plásticos.

Tabela 4 – Principais Países de Destino das Exportações e de Origem das Importações Brasileiras de Transformados Plásticos (1o semestre de 2008)

Principais Destinos das Exportações Principais Origens das Importações

(US$ mil) (%)

Acumulado

(%) (US$ mil) (%)

Acumulado (%)

1. Argentina 117.825 25,2 25,2 1. Estados Unidos 173.952 20,9 20,9 2. Estados Unidos 64.239 13,7 38,9 2. Argentina 91.194 10,9 31,8 3. Chile 33.717 7,2 46,1 3. Alemanha 87.542 10,5 42,4 4. Colômbia 20.308 4,3 50,5 4. China 86.241 10,4 52,7 5. Venezuela 18.867 4,0 54,5 5. Uruguai 52.618 6,3 59,0 6. Paraguai 18.853 4,0 58,5 6. Itália 48.251 5,8 64,8 Total (Exportação) 467.874 100,0 - Total (Importação) 832.997 100,0 -

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Em suma, os dados recentes mostram a ampliação de saldos negativos no comércio externo brasileiro de transformados plásticos, basicamente liderados pelo crescimento das importações, ainda estimuladas pela forte demanda interna nos primeiros trimestres do ano corrente, pela valorização da moeda local então vigente e pelos custos relativamente mais competitivos de fabricantes externos (como chineses). Conforme apontado em relatório anterior, o crescimento da demanda interna transbordou parcialmente para o setor externo, contribuindo para a intensificação do resultado negativo do comércio externo brasileiro de transformados plásticos.

4.4. Articulação com fornecedores: evolução dos preços das principais

matérias-primas

O primeiro relatório de acompanhamento setorial (Hiratuka e Cunha, 2007) destacou, dentre outros fatores críticos para a elevação da competitividade da indústria de transformação de plásticos, a capacidade de negociação e de articulação com os demais elos da cadeia produtiva, como fornecedores de matérias-primas, máquinas e moldes.

Pertencendo ao terceiro elo da cadeia petroquímica e com uma estrutura menos concentrada do que a de seus fornecedores, o setor de transformados plásticos tende a ser bastante impactado pelo movimento dos preços dos insumos da primeira e da segunda geração da cadeia petroquímica. Os insumos básicos da indústria petroquímica4, especialmente a nafta, são responsáveis por 80% dos custos de produção da indústria de primeira geração, cujo principal produto é o eteno, e de cerca de 65% dos custos da indústria de segunda geração, cujos principais produtos são as resinas plásticas, especialmente o polipropileno (PP), o polietileno de baixa densidade (PEBD), o polietileno de alta densidade (PEAD), o polietileno de baixa densidade linear (PEBDL), o etileno acetato de vinila (EVA), o policloreto de vinila (PVC), o poliestireno (PS) e o politereftalato de etileno (PET) (Silveira, 2008).

Hiratuka e Cunha (2007) observaram que especialmente as pequenas empresas transformadoras brasileiras geralmente não conseguem se proteger do poder de mercado dos grandes fabricantes de matérias-primas, com destaque para os fornecedores de resinas plásticas, que têm garantido o abastecimento das transformadoras de plásticos, pressionando, contudo, sua estrutura de custos e sua rentabilidade. Isto se deve ao comportamento altista dos preços das matérias-primas utilizadas ao longo da cadeia petroquímica nos últimos anos, como a nafta e as resinas plásticas dela derivadas.

No decênio 1998-20085, houve um aumento acentuado do preço da nafta, que passou de um preço médio de US$ 133/tonelada, em 1998, para US$ 377/tonelada, em 2004, e para US$ 898/tonelada, de janeiro a outubro de 2008. Verificou-se, portanto, no último decênio, um crescimento médio anual do preço internacional da nafta de 21,1%, tendo ocorrido uma pequena queda de preços localizada entre os anos 2000 e 2002. O crescimento se acentuou em período recente, principalmente após 2003, ano a partir do qual o crescimento médio anual foi de 26,8% (Gráfico 4). De acordo com Silveira (2008), diversos fatores influenciaram esta escalada histórica dos preços internacionais da nafta nos últimos anos: a instabilidade geopolítica que influencia o preço do petróleo, os

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De acordo com a Abiquim (2006), “a indústria petroquímica se caracteriza por utilizar um derivado de petróleo (a nafta) ou o gás natural (que tecnicamente também é petróleo) como matéria-prima básica. No entanto, muitos produtos chamados petroquímicos como, por exemplo, o polietileno, podem ser obtidos tanto a partir dessas matérias-primas como a partir de outras, como o carvão (caso da África do Sul) ou o álcool (no Brasil)”.

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desastres naturais que reduziram a produção no Golfo do México e o crescimento da economia e da demanda mundial.

Gráfico 4 –Variação dos Preços Internacionais da Nafta e das Resinas Plásticas(1) (US$/t) (1998=100) -100 200 300 400 500 600 700 800 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Ano Nafta Resinas

(1) Os dados do ano corrente (preços da nafta e das resinas) correspondem ao período de janeiro a outubro de 2008. Foi considerada a média de preços das seguintes resinas: polipropileno (PP), polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de baixa densidade linear (PEBD) e polietileno de alta densidade (PEAD).

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados fornecidos pela Braskem – fonte original: Platts.

O aumento de preço da nafta foi particularmente expressivo em período recente. Comparando o preço médio da nafta de janeiro a outubro de 2008 com o preço médio vigente no mesmo período do ano passado, observa-se um aumento de 39,3%. Contudo, uma análise mais detalhada da variação de preço da nafta no ano corrente permite conclusões interessantes. De janeiro a junho o preço da nafta subiu 32%, passando de US$ 827,43/tonelada para um pico de US$ 1.091,86/tonelada. Entre o pico de junho e o preço de outubro (US$ 589,16/tonelada), verificou-se queda de 46%, fazendo com que, entre janeiro e outubro deste ano, o preço internacional da nafta apresentasse queda de 28,8% (Gráfico 5). De acordo com Vieira (2008a), essa queda se acentua no mês de novembro de 2008, quando o preço internacional da nafta alcançou o valor de US$ 290,00/tonelada – patamar próximo ao do preço atingido em 2003. Desta forma, a trajetória ascendente de preço da nafta esteve claramente localizada na primeira metade do ano corrente, sendo responsável pelo vigoroso crescimento com relação ao ano passado. Na segunda metade de 2008, observa-se uma evidente reversão de seu comportamento, que está se acentuando no último trimestre do ano, como já revelam os dados de outubro e novembro.

A variação do preço internacional da nafta no segundo semestre de 2008 está, obviamente, bastante relacionada ao movimento de queda dos preços do petróleo – decorrente da recente crise financeira internacional e da subseqüente retração na demanda mundial. O petróleo, que havia alcançado o preço recorde de quase US$150,00/barril, no mês de julho de 2008, encerrou o mês de novembro com cotação de US$ 50,00/barril (Vieira, 2008a).

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Gráfico 5 – Evolução dos Preços Internacionais da Nafta (US$/t) (janeiro a outubro de 2008) 589.16 1091.86 846.83 955.41 1082.32 986.96 902.74 864.49 832.87 827.43 500 600 700 800 900 1,000 1,100 1,200

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out

US$/t

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados fornecidos pela Braskem – fonte original: Platts.

Os preços internacionais das resinas plásticas6 também apresentaram crescimento no último decênio 1998-20087, porém, num patamar inferior ao dos preços da nafta: aumento médio anual de 12%. Além disso, o pico da variação anual do preço das resinas foi em 2004. E a taxa de crescimento médio anual dos preços das resinas aumentou para 17,3% no período 2004-2008 (Gráfico 4).

Conforme discutido no segundo relatório setorial (Hiratuka e Cunha, 2008), frente ao aumento dos preços internacionais da nafta ocorrido no primeiro semestre de 2008, as petroquímicas sinalizavam uma nova rodada de ajustes nos preços das resinas plásticas, que agravaria ainda mais a pressão sobre o custo e a rentabilidade das fabricantes de transformados plásticos (Folha de São Paulo, 03/05/2008). No entanto, o comportamento dos preços internacionais da nafta, observado a partir do segundo semestre do ano corrente, interrompeu a tendência altista dos preços internacionais das resinas plásticas. Ainda que de forma menos acentuada, também houve reversão da trajetória de crescimento dos preços das resinas no segundo semestre de 2008, acompanhando o comportamento dos preços da nafta anteriormente apontados.

Considerando os limites do período de janeiro a outubro de 2008, observa-se uma relativa estagnação do preço médio das resinas. No entanto, houve crescimento na primeira metade do ano. Desde o pico de julho (US$ 1.895,3/tonelada) até outubro (US$ 1.594,1/tonelada), houve queda de quase 16% (Gráfico 6). As maiores quedas no período de julho a outubro de 2008 ocorreram com os preços de polipropileno (PP) (-18%) e polietileno de alta densidade (PEAD) (-17%).

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Considerou-se a média dos preços internacionais das seguintes resinas: polipropileno (PP), polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) e polietileno de alta densidade (PEAD).

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Gráfico 6 – Evolução dos Preços Internacionais das Resinas Plásticas(1) (US$/t) (janeiro a outubro de 2008) 1685.6 1895.3 1785.0 1836.6 1594.1 1629.2 1637.1 1632.3 1600.0 1567.1 1250.0 1450.0 1650.0 1850.0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out

US$/t

(1) Foi considerada a média dos valores mensais das seguintes resinas plásticas: polipropileno (PP), polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) e polietileno de alta densidade (PEAD).

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados fornecidos pela Braskem – fonte original: Platts.

Com base nas quedas dos preços internacionais da matéria-prima, as petroquímicas nacionais – especialmente Braskem e Quattor – já admitem que vão reduzir os preços das resinas plásticas no mercado doméstico (Vieira, 2008a). De fato, a cadeia petroquímica certamente sentirá o impacto da redução recente dos preços do petróleo e, subseqüentemente, das resinas petroquímicas, que decorrem também da redução de demanda e do excessivo acúmulo de estoques a partir da crise financeira internacional. Este efeito deverá ser transmitido para os demais elos da cadeia petroquímica, incluindo o da transformação de plásticos, contribuindo para suavizar a histórica pressão sobre seus custos de produção. No entanto, estudos mostram que os preços brasileiros das resinas ainda devem continuar superando os observados na Europa, Estados Unidos, Oriente Médio/Sudeste Asiático e Ásia Pacífico (Vieira, 2008b). Segundo dados do ICIS, citados por Vieira (2008b), o polietileno de baixa densidade, utilizado para fabricação de filmes plásticos, era vendido entre US$ 2.052 e US$ 2.183 no mercado spot brasileiro, enquanto na China o mesmo atingia o preço de US$ 700 a US$ 750 e, no Oriente Médio, o preço ficava entre US$ 800 a US$ 930.

5. Considerações Finais

A mudança no cenário econômico internacional e seus efeitos sobre a economia brasileira certamente afetarão toda a cadeia petroquímica, especialmente seu elo mais fraco – a transformação de plásticos. Por um lado, os impactos da crise mundial sobre a economia brasileira, principalmente sobre a evolução de sua demanda interna, podem contribuir para a desaceleração do crescimento da produção e do emprego em toda a cadeia petroquímica, incluindo a transformação de plásticos, sobretudo a partir do final do ano corrente. Setores que utilizam plásticos de maneira intensa, como o setor automotivo e de construção civil, vinham crescendo de maneira acelerada e devem passar por desaceleração no ano que vem.

Embora não se possa vislumbrar no momento qual a extensão da redução da atividade na economia doméstica nem sua duração, é fato que a conjuntura favorável vigente em 2007 e 2008 não deve se repetir em 2009, ao menos em sua primeira metade. Isso faz antever um período mais difícil para o setor transformador de plásticos, em especial pela predominância de pequenas empresas no setor, que, além da demanda menos

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aquecida, devem enfrentar maiores dificuldades para obter crédito para investimento e capital de giro em um cenário de maior aversão ao risco por parte do sistema financeiro.

Por outro lado, a crise provoca um processo de inflexão na trajetória de crescimento dos preços dos insumos utilizados na transformação de plásticos, suavizando a pressão sofrida através de seus custos produtivos, apesar de ainda enfrentar preços mais elevados na comparação internacional. Ainda assim, mesmo considerando a redução de custos de insumos, é fato que a primeira e segunda geração petroquímica têm muito mais condições de proteger suas margens em momentos de retração na demanda.

Em outras palavras, a crise certamente deverá colocar uma grande dificuldade para a sustentação da produção e do emprego na indústria de transformados plásticos no curto prazo, em especial para as empresas mais atrasadas, menos capitalizadas e com gestão de produtos e processos menos eficientes.

Referências bibliográficas

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Hiratuka, C. e Cunha, A. (coord.) (2008). Relatório de Acompanhamento Setorial (Volume II): Transformados Plásticos. Projeto: Boletim de Conjuntura Industrial, Acompanhamento Setorial e Panorama da Indústria. Convênio: ABDI e NEIT/IE/UNICAMP. Campinas/SP: Junho de 2008.

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Sites consultados:

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Referências

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