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A Conferência em Jerusalém

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Academic year: 2021

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A Conferência em Jerusalém

(Atos 15:1-35; Gálatas 2)

Começam os Problemas Internos

Até este momento, inúmeros gentios tinham se tornado cristãos. Homens como aqueles mencionados em 11:20 começaram a pregar livremente aos gentios, logo depois que Cornélio foi convertido. E, certamente, durante sua primeira excursão de pregação, Paulo e Barnabé haviam pregado sem restrição entre os gentios.

Quando converteu Cornélio, Pedro foi questionado sobre seu ato pelos irmãos de Jerusalém. Mas, assim que lhes contou as minúcias do que havia acontecido, foi unânime a concordância entre eles de que “também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para a vida” (11:18).

Agora, no entanto, surgem problemas. Havia forte oposição por parte de alguns cristãos judeus a batizar os gentios sem que fossem primeiro circuncidados. Note que este conflito não veio de fontes externas, mas de dentro da própria igreja. Estes são judeus que haviam aceito o evangelho de Cristo. O problema é que eles pensam que as bênçãos de Deus só podem ser dadas a judeus, e que eles são o único povo escolhido de Deus. Portanto, estão dizendo que os gentios precisam primeiro se tornar parte da aliança com Deus (isto é, através do sinal da circuncisão) antes que tenham o direito de ser salvos.

Este era um assunto muito importante. Poderia ter dificultado intensamente o progresso do evangelho. Foi a fonte de muitos conflitos nos anos que se seguiram. Paulo trata desta questão freqüentemente em seus escritos.

Gálatas 2 acrescenta bastante ao estudo de Atos 15, por isso recorreremos a alguns pontos de Gálatas, nos momentos oportunos.

Nota Cronológica

Exceto pela breve visita a Jerusalém, para levar o auxílio de Antioquia aos pobres, que é mencionado em 11:30 e 12:25, quatorze anos já se passaram desde que Paulo esteve em Jerusalém, dezessete anos desde sua conversão (veja Gálatas 1:18; 2:1). Se as datas que temos indicado forem corretas, e se ele foi convertido no ano 31 ou 32 d.C., agora seria o ano 48 ou 49 d.C. Esta data combina muito bem com todos os outros fatos conhecidos.

Enquanto Paulo e Barnabé ainda estavam em Antioquia, depois de sua primeira viagem de pregação, certos homens vieram da Judéia para Antioquia e ensinaram os irmãos dizendo: “A menos que vocês sejam circuncidados como Moisés ordenou, não poderão ser salvos.”

Os homens da Judéia conferiam grande peso a qualquer mensagem que pudessem trazer, porque Jerusalém, na província da Judéia, foi onde o evangelho havia começado a ser pregado. Por um longo tempo depois que outros discípulos foram dispersados, os apóstolos permaneceram em Jerusalém. Alguns ainda estavam lá (Atos 15:4,6,22). Por isso, Jerusalém era ainda considerada a fonte da informação bem valiosa para os cristãos primitivos.

Paulo e Barnabé tiveram extensos debates e muitas discussões com esses homens. Depois de algum tempo, ficou determinado que Paulo, Barnabé e alguns outros iriam aos apóstolos e anciãos de Jerusalém para discutir o assunto com eles.

Paulo não sentia necessidade de ir a Jerusalém para aprender nada. A resposta já lhe havia sido dada pelo Espírito Santo. Não obstante, o Espírito revelou que ele deveria ir com os homens a Jerusalém (Gálatas 2:2).

Em sua viagem para Jerusalém, Paulo e Barnabé visitaram as igrejas na Fenícia e Samaria. Em cada lugar, eles contavam como os gentios haviam sido convertidos. A mensagem deles trazia grande alegria a todos os irmãos.

Quando chegaram a Jerusalém, receberam as boas vindas da igreja, dos apóstolos e dos anciãos (Atos 15:4). O primeiro encontro de Paulo foi com Tiago, Pedro e João, para que ele pudesse lhes dizer o que ele esteve pregando entre os gentios (Gálatas 2:2,9). O resultado deste encontro foi o pleno acordo, que é exatamente o que esperaríamos de homens inspirados. Pedro, Tiago e João entenderam plenamente que, como Deus tinha dado a Pedro a responsabilidade de pregar aos judeus, ele tinha dado a Paulo a responsabilidade de pregar aos gentios. Estes três homens estenderam a Paulo e Barnabé “a destra de comunhão” (Gálatas 2:7-9). Não havia ciúme nem discordância.

Paulo não se encontrou com estes homens por duvidar que o Espírito desse a mesma revelação a cada homem inspirado, mas porque queria ver o que cada um tinha feito com essa revelação. A história de como Pedro se comportava em Antioquia (Gálatas 2:11-14), só pouco tempo depois desta conferência, mostra que o simples conhecimento da verdade nem sempre determina o que se faz.

Depois de encontrarem-se com os três homens, Paulo e Barnabé disseram a toda a congregação tudo o que Deus havia feito através deles. Quando todos os

Problemas se originam em

uma nova fonte. Em vez

desta ser a perseguição

pelos incrédulos, é um

conflito de crenças entre os

próprios discípulos.

Paulo e Barnabé sabiam que

estes homens não estavam

ensinando a verdade, mas os

outros em Antioquia

precisavam ter essa

mensagem confirmada.

Olhe seu mapa. Veja a rota

terrestre de Antioquia a

Jerusalém. Ache a Fenícia e

Samaria.

(2)

irmãos ouviram a história deles, alguns da seita dos fariseus que acreditavam levantaram-se dizendo: “Os gentios terão que ser circuncidados e precisam ser ensinados a obedecer à lei de Moisés.”

Observe que estes são os fariseus que acreditavam. Estamos tão habituados a ouvir os fariseus fazerem objeção contra o ensinamento de Jesus que seria fácil para nós pensar que isto era mais oposição de judeus descrentes. Mas estes eram homens que haviam sido fariseus e que haviam aceito a palavra do evangelho. O problema era que não entendiam como os gentios eram aceitos nos mesmos termos em que eles próprios eram aceitos diante de Deus. Eles viveram suas vidas sendo muito cuidadosos em se manter separados de todos os costumes dos gentios, sendo assim, para eles, uma lição difícil de aceitar.

Mas Paulo e aqueles que estavam com ele não se renderam a tais exigências, nem

mesmo por uma hora, para que a verdade do evangelho pudesse fluir sem restrição (Gálatas 2:4-5). Finalmente, durante uma reunião na qual houve muito debate, Pedro se levantou e disse:

Irmãos, vocês sabem que algum tempo atrás Deus fez a escolha entre vocês para que, por minha boca, os gentios ouvissem o evangelho e cressem. E Deus, que sabe o que está no coração de cada um, deu seu testemunho a eles dando-lhes o Espírito Santo, assim como fez conosco. Ele não fez distinção alguma entre nós e eles, limpando seus corações pela fé. Agora, por que testam a paciência de Deus exigindo que os discípulos façam o que nem nós nem nossos antepassados fomos capazes de fazer? Em vez disso, acreditamos que seremos salvos através da graça de Deus, exatamente como os gentios.

O argumento básico de Pedro era que, na salvação de Cornélio pela fé, Deus deu um exemplo que mostrava que todos os gentios seriam salvos, sem ser exigido que fossem circuncidados ou que guardassem a lei de Moisés. Assim, o exemplo apostólico é claramente estabelecido como um modo pelo qual Deus pode tornar sua vontade conhecida, e pela qual ele pode exigir que os homens sigam certos procedimentos.

Depois do discurso de Pedro, todos permaneceram em silêncio e ouviram Barnabé e Paulo contando novamente os sinais e maravilhas que Deus tinha feito entre os gentios, através deles.

Não nos é contada nenhuma conclusão que Barnabé e Paulo declararam quando contaram os milagres que Deus tinha feito através deles. E no entanto, não estavam eles afirmando um ponto? O ponto é que Deus abençoava o trabalho que eles estavam fazendo, com sinais e maravilhas. Ele não os teria abençoado se não aprovasse suas ações. Mas Paulo e Barnabé não haviam exigido que os gentios convertidos fossem circuncidados ou que guardassem a lei de Moisés. Portanto, era uma conclusão necessária, que Deus tinha aprovado que os gentios fossem salvos sem circuncisão e sem guardar a lei de Moisés.

Depois que Paulo e Barnabé terminaram sua mensagem, Tiago respondeu:

Irmãos, ouçam-me. Simão (refere-se a Pedro) lembrou-nos de como Deus veio primeiro em auxílio dos gentios para tirar deles um povo para seu nome. E as palavras dos profetas estão de acordo com isso, como está escrito: “Depois destas coisas voltarei e reerguerei a tenda de Davi que está caída, e levantarei suas ruínas para que o restante dos homens possam buscar ao Senhor e todos os gentios que se chamam pelo meu nome, diz o Senhor, que revela as coisas dos tempos anteriores” (Amós 9:11-12).

Por isso, de minha parte, meu julgamento é que não perturbemos aqueles dentre os gentios que estão se convertendo ao Senhor. Em vez disso, deveremos escrever a eles, dizendo-lhes que deverão se abster da contaminação dos ídolos, da fornicação, dos animais que são estrangulados e do sangue. Pois Moisés tem sido pregado em cada cidade por muitos e muitos anos, e é lido nas sinagogas a cada sábado.

Vejam as coisas proibidas. Toda a idolatria era proibida e além de qualquer contaminação relacionada com ídolos. A fornicação era incluída na lista porque era quase universalmente praticada ligada à adoração dos ídolos.

Ainda que alguns ligassem o comer coisas estranguladas com a idolatria, parece muito mais claro ligá-lo com a proibição de comer sangue, uma vez que o animal estrangulado não sangra adequadamente e ainda tem sangue.

Já houve questões sobre o porquê a proibição de comer sangue é incluída na lista. Por que esta determinada lei das ordenanças de Moisés? Por que não ordenar que fossem circuncidados? A resposta mais lógica é que a proibição de comer sangue não era peculiar à lei de Moisés. O mandamento tinha sido dado a toda a humanidade imediatamente depois do dilúvio (Gênesis 9:3-4). Esta proibição foi repetida na lei de Moisés, mas não se originou nela (Levítico 17:10-16). Portanto, a proibição de comer sangue é encontrada em todas as três épocas principais. Volte e olhe as passagens no Velho Testamento para ver o porquê a proibição foi feita em cada uma das primeiras épocas. A mesma razão existe sob a nova lei.

Ao mencionar o fato de que a lei de Moisés era lida todos os sábados em todo o Império, parece que Tiago estava tentando assegurar aos judeus de que a lei continuaria a ser respeitada e lembrada.

Depois que Tiago falou, os apóstolos, os anciãos, e, na verdade, toda a igreja, decidiram escolher homens para ir com Paulo e Barnabé a Antioquia para levar sua conclusão aos irmãos. Eles escolheram Judas Barsabás e Silas, homens

influentes entre os irmãos, e escreveram uma carta para levarem aos irmãos gentios. A carta dizia:

O Tiago mencionado nesta

história era o irmão do

Senhor (Gálatas 1:19). Tiago,

o irmão de João, já estava

morto (Atos 12:1-2).

“Porque a vida da carne está

no sangue. Eu vo-lo tenho

dado sobre o altar . . .

Portanto, tenho dito aos

filhos de Israel: nenhuma

alma de entre vós comerá

sangue, nem o estrangeiro

que peregrina entre vós o

comerá” (Levítico 17:11-12).

(3)

Os apóstolos e os anciãos, como irmãos, para os irmãos gentios que estão em Antioquia, Síria e Cilícia. Saudações. Ouvimos que alguns homens que saíram dentre nós os têm perturbado com suas palavras, desencaminhando-os. Não demos a esses homens tal mandamento. Portanto, pareceu-nos bem, tendo todos chegado à mesma conclusão, escolher homens e enviá-los a vocês com nossos amados Barnabé e Paulo, homens que arriscaram suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.

Enviamos, portanto, Judas e Silas, que lhes dirão as mesmas coisas com suas palavras. Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não sobrecarregá-los com carga maior do que estas coisas essenciais: que se abstenham de coisas sacrificadas a ídolos, de sangue, de coisas estranguladas e de fornicação, das quais, se se abstiverem, farão bem.

Tudo de bom para vocês.

Um dos “alguns outros” que foram de Antioquia com Paulo e Barnabé (Atos 15:2) era um homem chamado Tito, um discípulo grego que foi, nesta ocasião, como uma espécie de prova. Quando a discussão terminou, Tito não foi compelido a ser circuncidado, como prova de que Paulo havia sido correto em seu ensinamento (Gálatas 2:1-3).

Paulo, Barnabé e Seus

Companheiros Retornam a Antioquia

(Atos 15:30-35)

Quando foram dispensados, Paulo, Barnabé e seus companheiros (Tito, Judas, Silas e outros não mencionados especificamente mas incluídos entre os “alguns outros” que os tinham acompanhado a Jerusalém) foram todos para Antioquia. Tendo reunido a multidão dos discípulos, eles leram a carta. Todos se regozijaram quando ouviram a leitura da carta por causa do seu encorajamento.

Judas e Silas também eram profetas e exortavam os irmãos com muitas palavras e os fortaleciam. Depois de passar algum tempo com os discípulos, Judas voltou para casa, mas Silas decidiu continuar em Antioquia pregando a palavra do Senhor junto a muitos outros.

Quando Paulo conta a história desta reunião em Jerusalém, ele acrescenta mais um fato que não está incluído pelo historiador Lucas. Quando Pedro, João e Tiago lhes deram “a destra da comunhão” e os encorajaram a levar o evangelho aos gentios, como Deus tencionava, eles pediram a Paulo e Barnabé para que se lembrassem dos pobres (presumivelmente entre os judeus, uma vez que estes eram aqueles com quem estes três homens lidavam mais). Paulo disse que continuava a manter esta meta daquele tempo em diante (Gálatas 2:10).

Por que havia tanta discussão no primeiro século sobre a questão da circuncisão? Por que a circuncisão? Por que não uma das outras leis de Moisés?

Para entender o raciocínio dos judeus, olhe, em Gênesis 17, quando a lei da circuncisão foi dada pela primeira vez. Naquele tempo, Deus ordenou a Abraão que fosse circuncidado, como um sinal da aliança que tinha sido feita entre eles. A Abraão foi ordenado que todos os homens em sua casa fossem circuncidados, tanto nascidos em sua família como escravos. Daquele dia em diante, qualquer homem que não fosse circuncidado tinha que ser separado e não mais ser contado como herdeiro das promessas que Deus tinha feito a Abraão. Era, portanto, um assunto sério se alguém se recusasse a ser circuncidado.

Mas vejamos as promessas que faziam parte da aliança da qual a circuncisão era o sinal. Houve três promessas feitas a Abraão quando Deus o trouxe para a terra de Canaã: Deus prometeu que faria uma grande nação dos descendentes de Abraão; ele prometeu dar a terra de Canaã a esses descendentes; e prometeu abençoar todas as nações através daquele que viria dos descendentes de Abraão (Gênesis 12:1-7).

Os judeus pensavam que todas as três promessas estavam ligadas ao sinal da circuncisão. Mas olhemos cuidadosamente Gênesis 17. Deus repetiu sua promessa de fazer uma grande nação da semente de Abraão nesse trecho. De fato, ele aumentou a promessa para dizer que Abraão seria o pai de “muitas” nações. Deus também repetiu a promessa de que daria a terra de Canaã a essa nação (veja Gênesis 17:4-8). Mas Deus não repetiu aqui que ele abençoaria todas as nações através da semente de Abraão (compare Gênesis 12:3 com o que é dito em Gênesis 17).

Os judeus estavam certos ao pensar que o sinal da circuncisão era uma parte necessária para ser da raça escolhida de Abraão, para ser herdeiro da terra de Canaã. Porém não estavam corretos ao pensar que o direito de compartilhar das bênçãos que viriam através de Cristo, o descendente de Abraão, dependia do ritual da circuncisão. Eles achavam que os gentios tinham que ser circuncidados para mostrar que eram herdeiros das promessas a Abraão, antes que pudessem fazer parte do povo escolhido de Deus.

Os homens em Jerusalém

pediram que Paulo e Barnabé

se lembrassem dos pobres

entre os santos judeus e que

não esquecessem desta

incumbência. Paulo não

esquece e, mais tarde,

recolhe a dádiva dos gentios

cristãos para levar a

Jerusalém.

A circuncisão era um sinal da

aliança entre Deus e Abraão

e seus descendentes. Se

alguém não era circuncidado,

não era mais um herdeiro

das promessas. Mas somente

as promessas de nação e

terra estavam ligadas ao

ritual da circuncisão

.

Os judeus pensavam que a

bênção espiritual também

estava ligada à circuncisão.

Era por isso que pensavam

que os gentios não poderiam

ser herdeiros da salvação

sem o sinal da aliança.

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Referências

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