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Panorama Humanitário Mensal II: Solicitantes de refúgio e migrantes venezuelanos vivendo fora dos abrigos, Boa Vista

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Academic year: 2021

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Panorama Humanitário Mensal II: Solicitantes de refúgio e

migrantes venezuelanos vivendo fora dos abrigos, Boa Vista

Julho 2018 0 1,5 3km

²

São Francisco Cauamé Nova Cidade União Silvio Leite Pintolândia Centenário Cauamé Floresta Limite da macroárea Bairros acessados Estrada primária Estrada secundária Estrada terciária Área militar Rios e lagos

Mapa 1. Bairros acessados

CONTEXTO

A partir de 2015, um número expressivo de pessoas deixaram a Venezuela devido às instabilidades sociais, econômicas e políticas naquele país. Estima-se que em torno de 54.000 pessoas tenham entrado no Brasil, das quais 25.000 estão atualmente na cidade de Boa Vista, capital do estado de Roraima, região norte do Brasil1. Ao longo de 2018, o fluxo de chegadas aumentou, ampliando a

necessidade da cidade em fornecer acesso à serviços básicos. Atualmente as informações sobre solicitantes de refúgio e migrantes venezuelanos na cidade são limitadas, sobretudo aqueles que vivem fora dos abrigos gerenciados pelos atores humanitários.

REACH, em apoio ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e seus parceiros, está conduzindo estudos regulares para auxiliar o planejamento e a resposta humanitária. Este relatório sobre a cidade2 visa fornecer atualizações sobre as vulnerabilidades e principais

necessidades das populações afetadas.

DADOS GERAIS

• Maior acesso a meios de subsistência foi destacado como principal necessidade de venezuelanos

residentes em Boa Vista. A maioria reportou falta de informações sobre oportunidades de emprego e

direitos trabalhistas.

• Dificuldades para o acesso a moradia. Durante o mês de julho, participantes dos FGDs indicaram crescentes desafios enfrentados para alugar moradias, devido ao aumento dos preços dos aluguéis e discriminação pelos locatários.

• A população que vive em condições vulneráveis3 aparentemente não diminuiu durante o mês de

julho. Em virtude do programa de interiorização4, novas vagas em abrigos foram disponibilizadas, permitindo

a alocação de grupos vulneráveis. Todavia, populações recém-chegadas continuaram a transitar ou permanecem nessas condições.

• Venezuelanos vivendo em Boa Vista geralmente possuem acesso à serviços de saúde e educação. No entanto, participantes indicaram que os serviços estão se tornando cada vez mais difíceis de acessar, além de reportarem problemas com a qualidade do serviço prestado.

• Participantes dos FGDs indicaram desejo de maior integração com a comunidade anfitriã. Embora as relações sejam geralmente positivas, afirmaram que intercâmbios culturais e linguísticos além de eventos e campanhas informativas, ajudariam a desenvolver a tolerância e reduzir a discriminação percebida.

METODOLOGIA

REACH conduziu a coleta de dados entre 13 de Julho e 6 de Agosto de 2018 em 29 de 57 bairros da cidade de Boa Vista (ver Mapa 1). Os dados foram coletados através de 29 Grupos de Discussão Focal (FDGs) com um total de 203 venezuelanos migrantes e solicitantes de refúgio (114 mulheres e 89 homens), com participantes selecionados a partir de seus conhecimentos sobre as principais necessidade da população residente do bairro. Além disso, casos de vulnerabilidade foram verificados por meio da coleta direta de dados nos locais relatados pelos participantes dos FGDs. Dada a metodologia utilizada, as informações aqui apresentadas devem ser consideradas meramente indicativas.

1

1. Dados da Polícia Federal, Junho 2018 e Município de Boa Vista, Julho 2018 respectivamente. 2. Relatório do mês de junho disponível aqui: Inglês, Português

3. Isso inclui espaços públicos, barracas, áreas ao ar livre, abrigos improvisados, edifícios inacabados ou altamente danificados com acesso limitado a serviços básicos. Devido à natureza transitória de grande parte da população que vive nessas condições, as informações sobre cada caso de vulnerabilidade podem ser consideradas relevantes apenas no momento específico da coleta de dados, sendo essas informações apenas indicativas.

4. O Programa de Interiorização é um programa de realocação voluntária liderado pelo governo, implementado com o apoio de agências da ONU, que visa facilitar a integração de requerentes de refúgio e migrantes venezuelanos na sociedade brasileira e no mercado de trabalho. O programa inclui transporte para outras localidades, hospedagem e suporte à integração.

(2)

DADOS DEMOGRÁFICOS

Segundo dados coletados pelo município de Boa Vista5, a maioria dos venezuelanos

que vivem atualmente na cidade têm entre 15 e 60 anos (74%) e mais da metade dos venezuelanos em Boa Vista são do sexo masculino (57%). Nos FGDs e KIs foi indicado que pouco ou nenhum grupo indígena atualmente vive fora de abrigos em Boa Vista, exceto na macro área Pintolândia6.

DESLOCAMENTO

Em julho, as áreas de origem dos participantes dos FGDs venezuelanos permaneceram as mesmas reportadas na avaliação de junho. A maioria dos migrantes e solicitantes de refúgio são da região Nordeste (56%, principalmente de Monagas e Anzoátegui), seguido pelo estado de Bolívar no sul do país (19%) que faz fronteira com Estado de Roraima (Brasil). Da mesma forma, fatores que impulsionam essa população a deixarem a Venezuela e fatores que os atraem para o Brasil permaneceram iguais ao mês anterior. Os fatores de impulsão mais comumente relatados foram questões econômicas como inflação, desemprego e baixos salários, bem como a falta de serviços básicos na Venezuela, em particular saúde e educação, seguidos por um aumento da insegurança. Os fatores de atração mais comumente relatados foram a proximidade geográfica e o custo de viajar para o Brasil em comparação a outros destinos, e ainda o fato de que é possível para os cidadãos venezuelanos atravessar a fronteira sem passaporte.

CONDIÇÕES DE MORADIA

Como no mês anterior, os venezuelanos vivem principalmente em moradias alugadas, embora centenas de pessoas foram observadas em condições de vulnerabilidade em toda a cidade (ver mapa 2 na página seguinte). Embora no mês anterior casos de venezuelanos residindo em espaços concedidos por membros da comunidade anfitriã ou compartilhando casas com famílias brasileiras foram reportados pelos FGDs, em julho este fenômeno foi menos mencionado.

Além disso, em toda a cidade, tem sido cada vez mais difícil para os venezuelanos conseguirem espaços alugados para morar, devido à uma discriminação percebida pelos proprietários e o aumento dos preços de aluguel. Na macro área Centenário, participantes dos FGDs relataram que os locatários percebem os venezuelanos com menores possibilidades de cumprirem os compromissos de pagamento e em alguns casos dão preferência à brasileiros.

SITUAÇÃO LEGAL

O status legal dos venezuelanos residentes em Boa Vista não mudou significativamente entre avaliações realizadas em junho e julho, sendo a maioria registrada na Polícia Federal7. De acordo

com os participantes dos FGDs, o status legal mais comum é de solicitação de refúgio. Este caminho legal requer menos documentação e o processo é percebido como mais fácil caso comparado a outros tipos de registro.

O segundo status legal mais comum para os venezuelanos em Boa Vista é de residência temporária. Participantes dos FGDs indicaram que os venezuelanos geralmente preferem esta documentação pela maior facilidade percebida na integração local, por facilitar o retorno à Venezuela (principalmente para levar alimentos para seus familiares), e por ter um tempo de validade mais longo8. No entanto, o processo de residência temporária requer um número maior

de documentos, além de mais demorado se comparado ao pedido de refúgio.

ACESSO À INFORMAÇÃO

Em Boa Vista, os participantes dos FGDs relataram ter poucas informações sobre seus direitos legais e serviços jurídicos para acessar em casos de direitos violados. As informações são comumente obtidas por meio de fontes informais, através de conhecidos e mídias sociais (Grupos do Facebook e WhatsApp). Segundo os participantes dos FGDs, em julho, houve aumento no acesso à internet, através de conexões públicas e privadas. Isso foi considerado uma prioridade para os participantes dos FGDs, uma vez que lhes permite dar seguimento ao processo de documentação legal bem como se comunicar com amigos e familiares.

MEIOS DE VIDA

Os venezuelanos que moram em Boa Vista enfrentam desafios substanciais para acessar à oportunidades de meios de vida, principalmente devido a discriminação percebida e a barreira linguística, além da ausência de documentação e falta de vagas de empregos disponíveis na cidade. Durante as atividades laborais, também estão expostos a riscos, em razão da falta de equipamentos de segurança, assédio moral e sexual (no caso das mulheres) e acidentes de trânsito no deslocamento para o trabalho ou durante as atividades laborais.9

Segundo os participantes dos FGDs, para a maioria dos venezuelanos, as principais oportunidades de meios de vida disponíveis são informais. Normalmente, os venezuelanos trabalham de 10 a 15 dias em atividades pagas diariamente, com uma remuneração que varia entre 20 e 50 BRL.10 As ocupações mais comumente relatadas para os homens são de pedreiros, carpinteiros

e capinadores, enquanto as mulheres reportaram trabalhar principalmente como faxineira, cabeleireira, manicure e vendedora ambulante.

7. A Polícia Federal é o órgão responsável pelo registro de estrangeiros.

8. De acordo com a legislação brasileira (2017), os cidadãos venezuelanos têm o direito de solicitar residência temporária no Brasil, que é válida por 2 anos, enquanto o status de solicitante de refúgio precisa ser renovado anualmente.

9. Acidentes que podem ocorrer em razão de muitos venezuelanos utilizarem bicicletas como meio de locomoção. Além disso, há relatos de pedestres e ciclistas venezuelanos que reportaram atos de intimidação por parte de motoristas no trânsito.

10. 1 BRL = 0.26 USD. 5. Os dados foram coletados entre 28 de maio e 9 de junho através de entrevistas com 9.000 venezuelanos; amostragem não foi representativa.

6. Atualmente, existe um abrigo (localizado na macro área de Pintolândia e chamado de mesmo nome) que acomoda populações indígenas venezuelanas que atualmente vivem em Boa Vista.

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3 Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Said Salomão Murilo Teixeira Cidade Jardim Equatorial Laura Moreira Aeroporto Dos Estados Caranã Cauamé Jardim Caranã União Tancredo Neves Piscicultura Caimbé Jardim

Primavera SantaTeresa

Paraviana

Caçari Cinco deOutubro

31 de Março Nossa Senhora Aparecida Canarinho São Pedro Centro São Francisco Mecejana São Vicente Calungá 13 de Setembro Pricumã Cidade Satélite Doutor Silvio Leite Alvorada Doutor Aírton Rocha Distrito Industrial Governador Aquilino Mota Duarte Marechal Rondon São Bento Cinturão Verde Centenário Asa Branca Jóquei Clube Cambará Santa Luzia Pintolândia Doutor Sílvio Botelho Jardim Tropical Professora Araceli Souto Maior Operário Bela Vista Raiar do Sol Nova Cidade Senador Hélio Campos Monte das Oliverias Conjunto Ciudadão Pedra Pintada 0 1,5 3km

²

Æ Ô 5 - 14 15 - 70 70 - 249 250 - 520 Cauamé Nova Cidade Centenário Liberdade Olímpico Cauamé São Francisco Silvio Leite União Buritis Pintolândia Jardim Floresta Nova Canaã Floresta Limite da macroárea Abrigo Estrada primária Estrada secundária Estrada terciária Área militar Rios e lagos Grupos vulneráveis

Em Boa Vista, há um grande número de venezuelanos vivendo atualmente em espaços públicos, tendas, abrigos improvisados, construções inacabadas ou estruturas altamente danificadas. Cerca de 1.500 pessoas foram observadas vivendo nessas condições, das quais pelo menos 100 estão abaixo dos 18 anos.

As maiores concentrações foram encontradas nas proximidades do Terminal Rodoviário e de abrigos gerenciados por atores humanitários, localizados em macroáreas como Cauamé, Pintolândia e União.

Mapa 2. Venezuelanos vivendo em condições de vulnerabilidade11 em Boa Vista

11. Isso inclui espaços públicos, barracas, áreas ao ar livre, abrigos improvisados, edifícios inacabados ou altamente danificados com acesso limitado a serviços básicos. Devido à natureza transitória de grande parte da população que vive nessas condições, as informações sobre cada caso de vulnerabilidade podem ser consideradas relevantes somente no momento específico da coleta de dados, sendo estas apenas indicativas.

12. Abrigos formais gerenciados por atores humanitários. Para mais detalhes sobre esses abrigos, consulte os seguintes links: Janakoida, Jardim Floresta, Nova Canaã, Pintolândia, São Vincente, Tancredo Neves.

Essas populações normalmente não têm acesso à eletricidade, água ou instalações sanitárias, exceto quando disponibilizado por igrejas ou autoridades locais. Além disso, em algumas dessas áreas, as populações relataram a necessidade de frequente deslocamento em busca de locais para dormir, devido aos constantes atos de retirada desses grupos pelas autoridades em locais públicos.

Embora muitas pessoas relataram interesse em ocupar vagas em abrigos, uma minoria expressou relutância. Isso se deve à percepção de que eles terão menos privacidade e segurança naqueles locais. Em geral, a percepção dos espaços de abrigamento melhorou nos últimos dois meses, sendo observado um menor número de pessoas rejeitando esta alternativa. Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Æ Ô Said Salomão Murilo Teixeira Cidade Jardim Equatorial Laura Moreira Aeroporto Dos Estados Caranã Cauamé Jardim Caranã União Tancredo Neves Piscicultura Caimbé Jardim

Primavera SantaTeresa

Paraviana

Caçari Cinco deOutubro

31 de Março Nossa Senhora Aparecida Canarinho São Pedro Centro São Francisco Mecejana São Vicente Calungá 13 de Setembro Pricumã Cidade Satélite Doutor Silvio Leite Alvorada Doutor Aírton Rocha Distrito Industrial Governador Aquilino Mota Duarte Marechal Rondon São Bento Cinturão Verde Centenário Asa Branca Jóquei Clube Cambará Santa Luzia Pintolândia Doutor Sílvio Botelho Jardim Tropical Professora Araceli Souto Maior Operário Bela Vista Raiar do Sol Nova Cidade Senador Hélio Campos Monte das Oliverias Conjunto Cidadão Pedra Pintada 0 1,5 3km

²

Legend Æ Ô Shelter Vulnerable group 5 - 14 15 - 70 70 - 249 250 - 520

Macro Area boundary Primary road

Secondary road Tertiary road Military area Forest

Rivers and lakes

Cauamé Nova Cidade Centenário Liberdade Olímpico Cauamé São Francisco Silvio Leite União Buritis Pintolândia Jardim Floresta Nova Canaã 12

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ACESSO À SERVIÇOS

Saúde

Assim como em junho, a maioria dos participantes dos FGDs relataram que, embora não tenham grandes dificuldades para acessar os serviços de saúde, percebem discriminação pelos funcionários das unidades e pelos usuários brasileiros. Além disso, como um reflexo do crescimento da demanda pelos serviços, em julho, os participantes relataram questões relacionadas à capacidade dos serviços de saúde, como longas filas para o atendimento e atrasos no diagnóstico inicial e tratamento subsequente. Esse excesso de demanda foi particularmente notado na macro area de Cauamé, supostamente devido à alta concentração de venezuelanos nesta área.

Educação

Os participantes dos FGDs relataram que as crianças geralmente têm acesso aos serviços de educação, embora aqueles que não possuem os documentos necessários geralmente enfrentem dificuldades e atrasos na matrícula. Além disso, a falta de vagas está se tornando um problema crescente, principalmente nas macro áreas de Centenário, União, Cauamé e Pintolândia. Participantes também observaram que a integração dos estudantes poderia ser aprimorada em algumas escolas, sobretudo devido aos relatos de bullying e discriminação contra estudantes venezuelanos por alunos e professores.

Assistência Humanitária

Em julho, participantes dos FGDs e populações vulneráveis relataram aumento da demanda por alimentos e outras formas de assistência no último mês. Em algumas regiões, como nas proximidades do abrigo Jardim Floresta e ao longo do bairro 13 de Setembro na macro área São Francisco, as populações vulneráveis estão recebendo menos assistência em comparação a junho. Assim como reportado em junho, os atores humanitários que mais fornecem esse tipo de assistência são instituições religiosas, seguidas por atores da sociedade civil, incluindo membros da comunidade anfitriã.

Contudo, nos últimos dois meses, houve um aumento no acesso à programas de assistência governamental, como o Bolsa Família13, à medida que os migrantes e solicitantes de refúgio

obtiveram mais informações sobre este programa. No geral, os participantes reportaram que a principal necessidade de venezuelanos ainda são as oportunidades de meios de vida.

COEXISTÊNCIA PACÍFICA

Em geral, os participantes dos FGDs relataram que as relações com a comunidade anfitriã não se alteraram significativamente desde junho e são geralmente positivas, tendo a generosidade e a cordialidade como atitudes predominantes dos brasileiros em relação aos venezuelanos. Entretanto, incidentes isolados de tensão continuaram, particularmente nas

macro áreas União, São Francisco e Cauamé. Os incidentes mais frequentemente relatados foram a percepção de desconfiança e discriminação, assédio verbal, e atos de intimidação por motoristas de veículos motorizados contra pedestres venezuelanos.

Para facilitar a integração das comunidades e melhorar as relações com a comunidade anfitriã, venezuelanos participantes dos FGDs interessam-se por projetos e intercâmbios culturais e linguísticos. Alguns participantes também indicaram que campanhas informativas seriam benéficas para a conscientização da comunidade anfitriã sobre as razões do deslocamento venezuelano para Boa Vista, bem como para promover tolerância e tratamento justo.

PROTEÇÃO

População vulnerável

Conforme apresentado no mapa 2 e nos mapas das macro áreas das páginas seguintes, um grande número de venezuelanos continuaram a viver em espaços públicos, barracas, ao ar livre, prédios públicos não utilizados ou casas abandonadas. Ao longo do mês de julho, parte dessas populações foram realocados em abrigos, após a abertura de vagas disponíveis em decorrência do programa de internalização voluntária. No entanto, o influxo de população permaneceu contínuo, resultando em um aumento geral no número de pessoas que vivem nessas condições14.

Proteção de menores

Conforme relatado em junho, o trabalho infantil15 foi reportado como sendo predominante em

toda a cidade, principalmente nas macro áreas de São Francisco, Cauamé e Pintolândia. O tipo mais comum de trabalho relatado nos FGDs foram crianças em situação de mendicância, com alguns relatos esporádicos de vendas ambulantes nas ruas e reciclagem de lixo.

Sobre REACH

REACH é uma iniciativa conjunta de duas organizações não governamentais internacionais – ACTED e IMPACT Initiatives – e a UN Operational Satellite Applications Programme (UNOSAT). REACH busca fortalecer decisões baseando-se em evidências auxiliando atores humanitários a partir da coleta eficiente de dados, gestão e análise antes, durante e depois de situações de emergência. Assim, REACH contribui para garantir que comunidades afetadas por crises humanitárias recebam o apoio necessário. Todas as atividades da REACH são conduzidas com o apoio e dentro do modelo de mecanismos de coordenação de ajuda inter-agencial. Para mais informações, por favor visite nosso site: www.reach-initiative.org Você pode nos contatar diretamente através do email: geneva@reach-initiative.org e seguir-nos no Twitter: @REACH_info.

4

13. Programa de bem-estar social do governo brasileiro que fornece ajuda financeira às famílias a fim de garantir que as crianças frequentem a escola e sejam vacinadas.

14. Devido à natureza transitória de grande parte dessa população, as informações sobre cada caso de vulnerabilidade podem ser consideradas relevantes apenas no momento específico da coleta de dados, sendo essas informações são apenas indicativas.

15. O trabalho infantil é definido como atividade laboral http://www. reachresourcecentre.info/system/files/resource-documents/reach_bra_ fact_boavista_site_profiling_jul2018_tancredo_neves.pdf http://www. reachresourcecentre.info/system/files/resource-documents/reach_bra_fact_

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5 Informing more effective humanitarian action

REACH

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Said Salomão Aeroporto Caranã Cauamé Jardim Caranã Liberdade Monte das Oliverias Pedra Pintada Jardim Floresta

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0 500 1.000 m

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Área de grupos vulneráveis

Abrigo

Grupos vulneráveis

Unidade Básica de Saúde (UBS) Hospital Geral de Roraima Estrada primária Estrada secundária Estrada terciária Macroárea Cauamé Ocupações Área militar Rios e lagos

Æ

Família vivendo em estrutura instável/ incompleta.

Tipo de moradia: Construção

inacabada

Grupo familiar/tamanho: 6 (3

crianças)

People com ness. especiais: 0 Banheiro: Sim

Acesso à água: Sim

Perfil da macro área: Cauamé

Casal vivendo sem acesso à saneamento, um dos indivíduos com câncer de pulmão .

Tipo de moradia: Ônibus abandonado Grupo familiar/tamanho: 2

Pessoas com ness. especiais: 0 Banheiro: Não

Acesso à água: Não

Grupo de pessoas vivendo em uma estrutura danificada.

Tipo de moradia: Casa abandonada

Grupo familiar/tamanho: 30 (9 crianças, 1 idoso) Pessoas com ness. especiais: 1

Banheiro: Sim Acesso à água: Sim

Grupo de pessoas vivendo em diferentes ruas nas proximidades do abrigo Jardim Floresta.

Tipo de moradia: Tendas, ar livre Grupo familiar/tamanho: +/- 250 (18

crianças)

Pessoas com necess. especiais: 5 Banheiro: Não

Acesso à água: Sim

Grupo de pessoas vivendo próximo a uma igreja.

Tipo de moradia: Tendas, ar livre Grupo familiar/tamanho: 15 (1

criança)

Pessoas com nec. especiais: 1 Banheiro: Não

Acesso à água: Sim

Cauamé é uma macroárea relativamente nova na área peri-urbana da cidade, contendo várias casas em construção. Elas são ocasionalmente concedidas pela comunidade anfitriã como abrigos para venezuelanos em troca de segurança ou manutenção. O bairro da Liberdade possui uma alta concentração de moradores venezuelanos devido a sua centralidade e a presença das avenidas Ataíde Teive e Venezuela, onde vendedores ambulantes realizam suas atividade. Grupos sem teto nessa macroárea têm vivido próximo às instituições que fornecem ajuda tais como Comunidade Católica São Bento e abrigo Jardim Floresta, e também nos bairros ao norte de Cauamé e Said Salomão.

Macroárea de Cauamé Município de Boa Vista

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31 de Março São Vicente Latife Salomão Dos Estados Paraviana Caçari Cinco de Outubro Nossa Senhora Aparecida Canarinho São Pedro Centro São Francisco Mecejana São Vicente Calungá 13 de Setembro Æ Æ Æ Æ 0 500 1.000 m

²

Área de grupos vulneráveis

Abrigo

Grupos vulneráveis

Unidade Básica de Saúde (UBS) Hospital Geral de Roraima Estrada primária Estrada secundária Estrada terciária Macroárea São Francisco

Área de baixa presença de Venezuelanos Área militar Rios e lagos Informing more effective humanitarian action

REACH

Perfil da macro área: São Francisco

Grupos de pessoas vivendo nas proximidades do abrigo São Vicente e Rodoviária.

Tipo de moradia: Tendas, ar livre Grupo familiar/tamanho: +/- 761 (43

crianças e 3 idosos)

Pessoas com necess. especiais: 3 Banheiro: Não

Acesso à água: Sim

Grupo de pessoas vivendo em uma casa em ruínas com estrutura instável.

Tipo de moradia: Casa em ruínas Grupo familiar/tamanho: 30 Pessoas com necess. especiais: 0 Banheiro: Sim

Acesso à água: Sim

A macroárea São Francisco, localizada ao longo do Rio Branco no norte da cidade, serve frequentemente como local de trânsito para venezuelanos recém-chegados, uma vez que contém o principal centro comercial e administrativo de Boa Vista, bem como o principal terminal de ônibus. Há um grande número de venezuelanos nos bairros, incluindo muitos vivendo em ruas principais nos bairros 13 de Setembro e São Vicente neighbourhoods, embora há poucos venezuelanos vivendo em Paraviana, Caçari e Cinco de Outubro. Além da localidade e centralidade, a disponibilidade de trabalho foi reportado como a segunda razão mais importante para as pessoas que escolhem viver nessa macroárea. Muitas dessas oportunidades foram reportadas como sendo informais e irregulares, em ocupações como capinadores, vendedores ambulantes, ou diaristas.

Macroárea de São Francisco Cidade de Boa Vista

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7 Informing more effective humanitarian action

REACH

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Buritis

São Bento

Centenário

Pricumã

Jóquei Clube

Asa Branca

Cinturão Verde

Professora Araceli Souto Maior

0 500 1.000

²

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Área de grupos vulneráveis Grupos vulneráveis Hospital Geral de Roraima

Estrada primária Estrada secundária Estrada terciária Macroárea Centenário Rios e lagos

Dois grupos familiares vivendo em uma estrutura parcialmente colapsada.

Tipo de moradia: Casa

improvisada

Family group/size: 7 (4 crianças) Pessoas com necess. especiais: 1 Banheiro: Sim

Acesso à água: Sim

Perfil da macro área: Centenário

Pessoas dormindo sob marquise de loja.

Tipo de moradia: Rua, ar livre Grupo familiar/tamanho: 29 (1

criança)

Pessoas com necess. especiais: 2 Banheiro: Não

Acesso à água: Não

Grupo de pessoas dormindo ao redor de um posto de gasolina.

Tipo de moradia: Tendas, ar livre Grupo familiar/tamanho: 50 (1

criança e 1 idoso)

Pessoas com necess. especiais: 0 Banheiro: Sim

Acesso à água: Sim

A macroárea Centenario abriga um número relativamente grande de venezuelanos, principalmente vivendo em casas alugadas embora alguns casos de grupos sem-teto ou vulneráveis ao longo da macroárea. As principais razões pelas quais os venezuelanos escolhem se estabelecerem nesta área é a presença de membros familiares ou amigos bem como o baixo custo de moradia, com preços de aluguel variando entre 250 e 500 BRL. Há um grande número de migrantes e solicitantes de refúgio da Venezuela vivendo nos bairros Buritis, Pricuma, Asa Branca e Centenário, os quais são atrativos devido a presença de atividades comerciais e de serviços, principalmente ao longo da avenida Ataíde Teive.

Pessoas vivendo em tendas numa estrutura danificada.

Tipo de moradia: Construção inacabada Grupo familiar/tamanho: 10 (2 crianças) Pessoas com necess. especiais: 0 Banheiro: Não

Acesso à água: Sim

Pessoas sem teto nas proximidades da Rodoviária Internacional de Boa Vista (ver mapa de São Francisco).

Macroárea de Centenário Cidade de Boa Vista

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8 Informing more effective humanitarian action

REACH

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Doutor Aírton Rocha

Operário

Dist. Ind. Gov. Aquilino Mota Duarte

Nova Cidade

Raiar do Sol

Bela Vista

0 500 1.000

²

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m Escola pública

Unidade Básica de Saúde (UBS) Estrada primária

Estrada secundária Estrada terciária Macroárea Nova Cidade Rios e lagos

Perfil da macro área: Nova Cidade

A macroárea Nova Cidade está localizada aproximadamente a 10km do centro de Boa Vista, e apresenta uma baixa concentração de venezuelanos na região. As principais razões que motivam venezuelanos a residirem na região é a presença de membros familiares e conhecidos, o baixo custo de habitação e serviços, bem como a proximidade de locais de trabalho. Os bairros com maior concentração de venezuelanos são Raiar do Sol, Nova Cidade e Bela Vista. O aluguel dos quartos, opções de moradia predominante nesta área, possuem preços abaixo de 500 BRL, em casas compartilhadas por 6 a 10 pessoas. Oportunidades de trabalho são limitadas nesta região, sendo reportadas entre 5 a 10 dias de trabalho em 30 dias, principalmente em atividades irregulares e informais tais como pedreiro, capinado, serviço de limpeza, manicure e reciclagem. Muitos participantes de FGDs reportaram ter acesso à Bolsa Família, um programa nacional de assistência social. Nessa macroárea não foram observados casos de pessoas vivendo em condições vulneráveis.

Macroárea de Nova Cidade Cidade de Boa Vista

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9 Informing more effective humanitarian action

REACH

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Santa Tereza Tancredo Neves Cidade Satélite Caimbé Santa Teresa Tancredo Neves Jardim Primavera Piscicultura 0 250 500 m

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União

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Área de grupos vulneráveis

Abrigo

Grupos vulneráveis

Unidade Básica de Saúde (UBS) Estrada primária

Estrada secundária Estrada terciária Macroárea União Rios e lagos

Pessoas sem teto dormindo sob marquises em construções ao longo da avenida Mário Homem de Mello.

Tipo de moradia: Ar livre

Grupo familiar/tamanho: 57 (6

crianças, 1 idoso)

Pessoas com necess.especiais: 0 Banheiro: Não

Acesso à água : Sim

Perfil da macro área: União

A macro área União é caracterizada pela forte presença de venezuelanos, particularmente nos bairros Tancredo Neves, Caimbé, União e Cidade Satelite. Pessoas em condições de vulnerabilidade foram reportadas nas avenidas Mario Homem de Melo, Dos Imigrantes e São Sebastião e Praça Mané Garrincha. Em virtude da presença de um terminal intermunicipal de ônibus nesta macroárea, a região é possivelmente um dos primeiros lugares de chegada dos venezuelanos em Boa Vista. Membros familiares residindo previamente na macroárea e o baixo custo de aluguéis são as principais razões relacionadas à escolha do bairro. Todavia, acesso às oportunidades de trabalho são limitadas: poucos venezuelanos reportaram trabalhar nos últimos 30 dias, com uma média de 5-15 dias trabalhados por mês.

Grupo de pessoas vivendo em um galpão abandonado próximo ao abrigo Tancredo Neves.

Tipo de moradia: Construção inacabada Grupo familiar/tamanho: 75 (5 crianças) Pessoas com necess. especiais: 0 Banheiro: Não

Acesso à água: Sim

Grupo de pessoas dormindo na praça Mané Garrincha.

Tipo de moradia: Ar livre

Grupo familiar/tamanho: 15 (1 criança) Pessoas com necess. especiais: 0 Banheiro: Sim

Acesso à água: Sim

Pessoas morando em uma estrutura sem cobertura

Tipo de moradia: Casa não

finalizada

Grupo familiar/tamanho: 5 (1

criança)

Pessoas com necess. especiais: 0 Banheiro: Não

Acesso à água: Sim

Macroárea de União Cidade de Boa Vista

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10 Informing more effective humanitarian action

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Laura Moreira Alvorada Murilo Teixeira Cidade

Jardim Equatorial Dr. Silvio Leite Santa Luzia 0 500 1.000 m

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Escola pública

Unidade Básica de Saúde (UBS) Estrada primária

Estrada secundária Estrada terciária Macroárea Silvio Leite Rios e lagos

Perfil da macro área: Silvio Leite

A macroárea Silvio Leite está localizada a cerca de 8km do centro de Boa Vista, e acomoda um número pouco expressivo de venezuelanos se comparado a outros áreas da cidade. Há maior número de residentes venezuelanos nos bairros Silvio Leite, Alvorada e Santa Luzia, principalmente devido ao baixo custo dos aluguéis e a presença de membros familiares. Espaços alugados são os tipos mais comuns de moradias, geralmente compartilhadas entre 6-10 pessoas ou 2 a 3 diferentes grupos familiares. O acesso à oportunidades de trabalho é particularmente limitado em comparação a outras regiões, com média salarial entre 25-50 BRL por dia. Nessa macroárea não houve casos observados de pessoas vivendo em condições de vulnerabilidade.

Macroárea de Dr. Silvio Leite Cidade de Boa Vista

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11 Informing more effective humanitarian action

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Nova Canaã Pintolândia

Senador Hélio Campos

Pintolândia

Cambará

Jardim Tropical

Doutor Sílvio Botelho

Nova Canaã

Olímpico

0 250 500 m

²

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Abrigo Grupos vulneráveis

Unidade Básica de Saúde (UBS) Hospital Geral de Roraima Estrada primária Estrada secundária Estrada terciária Macroárea Pintolândia Rios e lagos

Pessoas dormindo ao redor do abrigo Nova Canãa.

Tipo de moradia: Ar livre, tendas Grupo familiar/tamanho: 22 (1

crianças)

Pessoas com necess. especiais: 0 Banheiro: Não

Acesso à água: Não

Perfil da macro área: Pintolândia

A macroárea Pintolândia é uma das regiões mais densamente populosas de Boa Vista, oferecendo baixos custos de moradia, acesso à um centro comercial alternativo, bem como várias unidades de saúde e escolas. Os bairros com maiores concentrações de venezuelanos são Dr. Silvio Botelho, Cambará, Pintolândia e Senador Hélio Campos. Venezuelanos vivendo nesta região, reportaram que em outras áreas da cidade houve recusa, por parte dos locatários, em alugar espaços. Essa situação foi percebida por eles como sendo um ato discriminatório. Além disso, nesta macroárea os participantes dos FGDs reportaram a deterioração das relações com brasileiros, incluindo um sentimento de desconfiança por parte da comunidade anfitriã.

Macroárea de Pintolândia Cidade de Boa Vista

Referências

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