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/ ^ l l V. «f x ) Æ/^Æx& De 4 a 14 de outubro de 1977 escola de art AMAZONAS

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« f x)

/ ^ l l V

tu d o no a r é fe b re d e c a lo r e u m id a d e , a s e n s a ç ã o a m o r fa , la n h a d a p e lo fo g o e a r c o n fa b u la d o s , jo r ra n d o s o b re te u c o rp o c a lv o , o u tro ra v e rd e a la d o A M A Z O N A S

.fotografias isabel gouveia joão luiz musa sonia da silva lorenz textos milton hatoum som joão carlos nassif betinho

Æ/^Æx&

De 4 a 14 de o u tub ro de 1977

escola

de

art

(2)

fia d a s de p e ix e s nas bancadas do mercado in g lê s

de a ço , arpoados nos v e n tre s tu fa d o s das fêmeas dos p e ix e s -b o is , as vacas que d e s liz a m sob águas b a rre n ta s , p a rin d o b e ze rro s também

peixes

que saem pastando no fundo dos la g o s , em c u ja s s u p e r fíc ie s flu tu a m os e s p in h é is , e os ca n iu ris dos pescadores acocorados na proa

e h a ste ã mão d i r e i t a e arpão na extrem idade da h a ste que será cravada no lombo do ca sa l de p e ix e s -b o is que se amam no fundo

onde o s ilê n c io não ê tã o s i lê n c i o , e onde os pacus os tucunares os tambaquis d e ita rã o não mais no lim o , no morno do lin io , e sim no mármore,

na umidade do mármore i t a l i a n o que os b r itâ n ic o s c o n s tru ira it! no in í c i o do s é c u lo XX

por o c a siã o da e u fo r ia da b o rra c h a , que já term inou (a e u fo r ia e a b o rra c h a ) e permaneceu, e n tre o u tro s p a lá c io s , o mercado, onde Jonas g r i t a :

o lh a a banda de tambaqui fre s q u in h o , e Raimundo: olha a manta de p ira ru c u seco, chega tã b ra n q u in h o , e ja r a q u i, o su ru b im , o m atrin ch ã o

para o fre g u ê s que não ê im portunado p e lo s urubus que não podem e n tr a r e ficam olhando p e la s ja n e la s do ba r ou pelas te la s rendadas de aço ou pe la s grades

com pontas de lanças onde s e n ta d o , o homem olha o h o riz o n te do mercado que abre suas grades para o r i o Negro e amarelo

do so l que resseca a p e le dos peixes e r e t r a i as escamas do homem.

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In d u s tria liz a r a Amazônia. Ocupar a Amazônia. Garantir suas fro n teira s . Sim. Trocar a fe rid a , espremer o vulcão e re te r seu pus ã mao. Re-talhar com corte fundo, a selva. Re-coTonizar. Rasgar a pele do homem sangrar o meio. Jamais sarar. Banir a mandioca, arremessar a tapioca para o fundo. E maquinar. Equacionar com dados, o azar. De todas as folhas amanhecerem roxas, ã procura de a r. E ar parado i sintoma de febre, que se propaga no espaço, d i f í c i l de se la c ra r. Este fedor de fumaça, da chaminé

minarete da praça, o falado modernizar. Afastar a cuia com o caldo a farinha o ensopado, e comer o de dentro da l a t a , quando o enlatado não.for l ix o , e quando lix o nao fo r banquete , dos urubus ao seu encalço.

E se é impossível lacra r o espaço, que se proiba o ar

parado e se decrete ar circulante. Introduzir refrigerantes sodas causticantes e a b o lir o guarani, com seu vermelho berrante. Capinar o mato denso, enterrar o bugre brabo e autorizar a decolagem, da aplicaçao dos impostos dos incentivos propostos, que com suas manadas do sul invadirão o novo pasto que serã norte. Não se preocupem com a chegada, pois a v is ib ilid a d e é mais que boa, nao há neblina ou ar a toa, mas um aeroporto que e um colosso, com pistas para concordes e navios voadores; uma suite de um hotel de mil estrelas , araras, seriemas e garças, desfilando com a mais fina plumagem e

exalando o ar que se queira.

Este é o saldo f i n a l , de um empreendimento v irtu a l que era assegurar fro n teira s . Sõ falto u considerar o homem e a própria vida, ou o que está na moda, melhorar sua qualidade. Sõ que a vida jã em si é qualidade, sem a devida notoriedade, de ser industrial ou e x tr a tiv a , amazonense ou s u lis t a , paraense ou v a re jis ta .

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0 caminho gue existe entre o que foi fotografado e o resultado e muito grande. As fotos foram tiradas enquanto viajava - elas iam saindo naturalmente no que eu

estava vivendo. As pessoas que eu ia conhecendo, os lugares, as casas, rios e árvores que me despertavam. Foi

sendo registro daquela vivência nova — nao fui ã

Amazônia como uma fotógrafa que vai fazer uma reportagem. No resultado do trabalho, me preocupei em escolher, para expor, as fotos que conseguiam passar um tempo, um espaço, um ritmo do viver — as pessoas no seu estar cotidiano. E dentro dessa vida a zona franca i n f i l t r a d a , com os ventiladores, relógios de pulso, calças lee, gravadores e f it a s gravadas com os mais

pobres " h it parades" americanos que tocam nos lugares mais longínquos e inesperados.

Na Amazônia, na época da cheia, nenhuma estrada c irc u la . Para se i r de um lugar a outro, que sao próximos no

mapa da geografia, leva-se dias num barco — dando voltas pelos igarapés e rios - no silêncio verbal que o

barulho do motor impoe aos viajantes. E lá fora na mata, ãs vezes sem se ver uma casa por muitas e muitas horas, a í , perdida, surge uma casinha sobre p ila re s , com a água na porta, a mae na jan ela , os filh o s nas redes, esperando os tres meses que a água levará para baixar e a terra ressurgir f é r t i l para o pequeno plantio. Amazônia imensa, quente e úmida — tao diferente da nossa imaginação m itificadora, a enorme selva que começa a ser destruída, a vida a v ilta d a , e o silêncio talvez rompido num futuro breve.

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A parte que me cabe dentro desta " pequena " amostragem da Amazônia, é fruto de três momentos distintos da minha vida. Disse " pequena 11 porque a exposição ficou grande em quantidade e sustança de conteúdo através de linguagens especificas da fotografia e poesia, e pequena quando se trata da Amazônia como problemática sôcio-econômica­ po! i t i c a , jã que realidades s ig n ifica tiv a s como a zona franca, e a transamazônica abortada em terra virgem pelo "milagre", não estao presentes.

0 primeiro momento e as viagens ã Amazônia, a vivência e reflexão de um mundo pleno d'água céu e te rr a , sendo destruídos sistematicamente por uma economia predatória, a vida das pessoas sugada pela persistência do sub­ desenvolvimento, tantas vezes escondida pelo isolamento dos lagos, dos paranãs,. . . As fotografias refletem os barcos n'âgua, as atividades do povo comprimido na terceira classe, mãos e águas de diferentes rios. 0 segundo momento foi a aproximação da gente, quatro pessoas que passaram por essa experiência er, lugares e épocas diferentes, e descobriram presentes no trabalho de todos tantos rostos dentro de redes por sua vez dentro de barcos, uma intersecçao de temática e o mais importante, a necessidade de mostrarmos esse trabalho para um maior número de pessoas que fosse possível, achando que seria uma contribuição grande, sendo a

Amazônia uma desconhecida, ou conhecida longe m istificada. 0 terceiro momento principia com o processo de trabalho que possibilitasse a realização da exposição: fazer a triagem do m aterial, d is c u ti-lo , ampliar, cortar, montar, e lã vai etapa.

Agora ê chegado o momento das pessoas olharem e discu­ tirem muito. Fica a minha observação para que os olhos percorram o horizonte, margem mata fina de tanto céu e r i o , vendo atravessar os barcos e o circo. sonia da silva lorenz

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Técnica e conteúdo cada vez mais nos parecem uma coisa so .Fala o grao, o assunto, o enquadramento: a fotografia é um todo, somatória de muitos fatores cabe ao fotógrafo, conversando com eles, a u x ilia r a construção de uma imagem que por sua vez é soma de si — fotografo — e da parcela de mundo que, escolhida, fa la por si e é índice de uma sociedade sempre mais abrangente, refe rencial.

Isto pode apenas levar a uma maior individualizaçao de cada imagem. Talvez por isso possa parecer, ao apressado, redundantes alguns aspectos aqui desenvolvidos. Porém, a intenção básica é que possa transparecer, no decurso da exposição, três vi soes pessoais, globalizadoras de um comportamento

unificador diante de uma r e a li’dade, um espaço tempo p a rt ic u la r ,a q u e le da Amazônia.

Nossa ambiçao Ó que ao fruidor caiba o papel, senão tao ativo pelo menos tao intenso, na viagem que é demonstrativa também da realidade b ra s ile ira mui t i facetada, profundamente sofrida, surpreendente sempre.

horãcio nascimento costa joão lu iz musa

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Em p r im e ir o lu g a r , os r io s comandam: são v ia s de com unicação; c o n s titu e m a fo n te mais c e rta e f á c i l de o ro te in a s para a a lim e n ta ­ ção; as te r r a s de v á rz e a , r e f e r t i l iz a d a s todos os anos. são as me­ lh o re s para a la v o u ra . A te r r a firm e i m u ito p o b re . A im p o rtâ n c ia da mata é i l u s ó r i a : e la e s tá sobre s o lo s pobres e se mantém graças ã re c ic la g e m dos n u tr ie n te s fu n d a m e n ta is. Uma vez rem ovidos e ste s p or queimadas ou c o lh e it a s , o empobrecimento é d ra m á tic o .

A d iv e rs id a d e da f l o r a e da fauna indicam que o homem deve conhe­

c ê - la s in tim a m e n te , para s o b re v iv e r. Uma casa demanda d iv e rs a s qua­ lid a d e s de m a d e ira s , de c ip ó s , de p a lh a s . A nim ais e fr u to s só podem s e r o b tid o s com e f ic iê n c ia em determ inados lu g a re s e tempos do ano.

A s im p lic id a d e ê complexa e d e lic a d a .

F in a lm e n te , a densidade de população é e s tr ita m e n te re g u la d a p e la s condições lo c a is . Apenas alguns lu g a re s p r iv ile g ia d o s , na v iz in h a n ç a de lagos grandes e r i c o s , com amplas extensões de várzeas f é r t e i s , são capazes de s u p o rta r populações m a io re s . No m a is , a a ld e ia peque­ na e i t i n e r a n t e , acompanhando as ro ç a s , é um im p e ra tiv o do am biente.

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Não havia mundo. 0 prim eiro começo não te lembras. Vazio de fumaças calmas, banhos, danças.

Até senti res as chagas do prim eiro estrondo: resgates, correntes de^Vozes. f i e i s .

Os filh o s do a lto são descidos. Estranhos trovões que o r io escoa.

Aguas claras e obscuras. Afluentes de escravos: o Mundo, encontro ra c ia l das águas. Delta de m istério s.

Tudo desemboca no mar e além do mar tudo é p o ss ív el. A vio lên cia 5 la s tro do tempo mais remoto que supurou teu hino, teu vento

e desaguaste

jã caboclo, tomo os ré p te is pardos caçados a dardos Re ta is plantados em cada braço

de r io

onde os homens amanhecem máscaras e assombram as inúmeras lacunas de uma h is tó ria camuflada.

A quem serve a estrada que ronda o l e i t o da tua casa? Cada gleba fantasma?

Em cada mosaico, o ra s tro do animal vazado. Em cada f r u t a , a nódoa escura da acidez.

Em cada queimada, os gravetos vermelhos do ninho deserto. Em cada intenção, o bicho. E seu tumor colonizado.

A cada século corresponde o seu tentáculo. Raízes brancas, guelras e fib ra s . 0 e lá s tic o de cada século repuxado, estirado i margem. A te rra firm e é uma ílh a de mormaço.

Tudo no ar é febre de c a lo r e umidade,

a sensação amorfa, lanhada pelo fogo e ar confabulados, jorrando sobre teu corpo calvo

outrora verde alado -r

Referências

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