• Nenhum resultado encontrado

AVALIAÇÃO DOS FATORES DE RISCOS PARA O DESENCADEAMENTO DO ESTRESSE FÍSICO EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "AVALIAÇÃO DOS FATORES DE RISCOS PARA O DESENCADEAMENTO DO ESTRESSE FÍSICO EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

AVALIAÇÃO DOS FATORES DE RISCOS

PARA O DESENCADEAMENTO DO

ESTRESSE FÍSICO EM PROFISSIONAIS

DE SAÚDE

Leonildo Santos do Nascimento Junior (UFRN ) leonildofisio@gmail.com Juliana da Costa Santos Pessoa (UNIPÊ ) jullycs.fisio@gmail.com

Diante de números sempre crescentes envolvendo níveis de estresse físico em trabalhadores dos mais diversos setores da economia, este trabalho teve por finalidade identificar os fatores que podem levar trabalhadores de uma Unidade de Terapiia Intensiva (UTI) a esta patologia, somado a isso objetivou descrever os sinais e sintomas da mesma apresentada pelos profissionais da área de saúde que atuam neste segmento hospitalar e por fim descriminar as estratégias individuais e organizacionais para o gerenciamento do estresse físico. Para isso, foram realizadas entrevistas individuais, através de um formulário que foi elaborado previamente, onde foram abordados os fatores desencadeadores do estresse físico, a presença de sua sintomatologia e os recursos utilizados por cada trabalhador para a sua prevenção. Mediante os dados apurados e com base na literatura, foi possível constatar que os profissionais de saúde estão expostos a fatores desencadeadores do estresse físico relacionados com a organização de trabalho e com as condições físicas do ambiente de trabalho. Percebeu-se, ainda, que grande parte destes profissionais apresenta dor e fadiga em variadas apresentações e referente ao comprometimento postural, verificou-se que os mesmos são decorrentes da própria tarefa. Diante destas situações, as principais estratégias individuais destacadas pelos entrevistados foram o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e o cumprimento das normas de Saúde e Segurança do Trabalho.

Palavras-chaves: Estresse físico, organização do trabalho, ambiente hospitalar.

(2)

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos

Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

2 1. Introdução

O estresse resulta da relação do ser humano com o ambiente físico onde ele se insere, em relação a aspectos cognitivos e aos da organização do trabalho. Logo, as ameaças externas de várias origens, tais como a percepção do indivíduo em relação a elas, a vulnerabilidade pessoal e a capacidade de adaptação, dependem tanto da personalidade do indivíduo como do seu estado de saúde naquele momento. Desta forma, pode-se considerar que o estresse não é uma doença, e sim uma preparação do organismo para lidar com fatores considerados estressores. E os resultados de tais reações estão relacionados com o modo de reagir do indivíduo, dependendo do seu equilíbrio mental, físico e emocional.

Apesar de o estresse apresentar frequentemente uma conotação negativa, chamado “distress”, caracteriza-se pela incapacidade do indivíduo de tolerar, superar ou adaptar-se às exigências do seu ambiente de vida, o estresse pode também se apresentar de forma positiva (“eustress”) quando estimula o indivíduo a produzir mais e ser mais criativo (ALMEIDA, 2003; FIORI, 1997). Porém, este estudo se deteve ao estresse negativo, uma vez que ele prejudica a produtividade e a capacidade de trabalho, assim como a qualidade de vida, podendo, posteriormente, resultar em erros ou acidentes de trabalho.

Em relação ao setor de saúde, mais precisamente a unidade de terapia intensiva (UTI), percebe-se que os profissionais de saúde estão constantemente expostos a fatores desencadeadores do estresse, físico e/ou mental. Assim, esta pesquisa buscou se delimitar mais ao estresse físico, apesar de não existir um limite entre o aspecto cognitivo e o aspecto físico do ser humano, uma vez que estes aspectos atuam simultaneamente. Esta constante exposição está diretamente relacionada com a própria atividade desenvolvida pelo profissional assim como com a gravidade das patologias e do ambiente de trabalho, isto porque a UTI é um ambiente bastante instável, com pacientes graves, que exigem constante atenção e monitoramento, além de apresentar um grande fluxo de movimento de pessoas que ali transitam, e o barulho persistente dos equipamentos, tais como monitor, respirador, e outros.

Apesar da constante exposição ao estresse, não existe ainda uma preocupação das empresas de uma maneira em geral em desenvolver e aplicar estratégias que visam identificar os fatores desencadeadores do estresse físico, como também alternativas para a implantação de programas de gerenciamento de saúde ocupacional e segurança. Logo, a aplicação destes programas torna-se fundamental para as empresas, uma vez que os custos decorrentes do estresse estão diretamente relacionados aos seus aspectos econômicos, já que a presença de fadiga, ansiedade, insatisfação e baixa motivação determinam certo impacto na produtividade e no número de acidentes de trabalho (LADEIRA, 1995).

Logo, este trabalho, buscou identificar os fatores determinantes do estresse físico em UTI; descrever os seus sintomas, apresentados pelos profissionais da área de saúde que atuam neste setor e descriminar as estratégias individuais para o gerenciamento do estresse físico.

2. Procedimentos metodológicos

O presente trabalho correspondeu a um estudo de lógica dedutiva e exploratória, caracterizado como estudo de caso, pois se limitou aos profissionais da área de saúde que atuam em unidade de terapia intensiva. Para tanto, o universo da pesquisa correspondeu a um hospital privado, situado na cidade de João Pessoa - Paraíba. A amostra do estudo foi composta pelos

(3)

3 profissionais da área de saúde, atuantes na UTI, que foi selecionado por ser considerado como ambiente altamente estressante, devido à complexidade das doenças apresentadas e ao próprio espaço organizacional e físico. Além do que, os profissionais de saúde que atuam neste setor, estão mais expostos a fatores estressantes quando comparados com outras classes trabalhistas, já que o desenvolvimento de suas atividades exige a adoção de posturas inadequadas com sobrecarga musculoesquelética, além de estarem em um ambiente cuja organização do trabalho favorece o desencadeamento do estresse físico e/ou mental.

Para a coleta dos dados, utilizou-se um formulário, desenvolvido mediante a teoria estudada, caracterizado por perguntas abertas e fechadas, sendo dividido em três partes, que abordam informações sobre aspectos organizacionais do trabalho, sintomas do estresse físico (dor, fadiga e distúrbios posturais) e estratégias de gerenciamento de estresse físico.

Para a realização deste trabalho, foi elaborado um projeto que foi encaminhado para o Comitê de Bioética da Universidade Federal da Paraíba, para obter autorização para a realização da pesquisa, assim como foi necessário procurar a gerência do hospital. Posteriormente, foi assinado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos profissionais pesquisados, baseado na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, assegurando a livre participação sem riscos.

Os dados coletados foram tratados de forma quantitativa e qualitativa. A primeira abordagem registrou os indicadores referentes aos fatores organizacionais, condições de trabalho, sinais e sintomas do estresse físico (dor, fadiga e comprometimento postural) e estratégias de gerenciamento do estresse físico, através de medidas estatísticas descritivas simples. A análise qualitativa foi feita utilizando as falas dos entrevistados.

3. Análise e discussão dos dados

A pesquisa envolveu 34 profissionais de saúde que atuam na UTI da instituição estudada, sendo 73,5% do sexo feminino e 26,5% do sexo masculino, distribuídos entre as quatro profissões estudadas: 2 fisioterapeutas, 6 enfermeiras, 10 médicos e 16 técnicos de enfermagem. Almeida (2003) e Rossi (2004) sugerem o sexo feminino como mais predisposto ao desencadeamento do estresse, apesar de ser menos susceptível às doenças causadas pelo

distress devido à facilidade para verbalizar suas emoções e a o fato de frequentemente realizar

consultas médicas. Contrariamente, Camarotti e Teixeira (1996) e Martins (1995), citam que independente do sexo, estes profissionais estão expostos a fatores desencadeadores do estresse, pois lidam diariamente com situações que exigem de suas capacidades físicas e mentais, tais como: trabalho sob pressão, exposição a riscos biológicos, materiais tóxicos e radiações além do estresse decorrente de lidar com vida humana, adoção de posições desconfortáveis durante longos períodos, natureza e nível de responsabilidade próprio da função entre outros.

A faixa etária destes profissionais delimitou-se a 29,4% com a idade entre 21-30 anos; 50% com a idade entre 31-40 anos e 20,6% entre 41-50 anos, sendo a idade mínima de 23 anos e a idade máxima de 48 anos. Já em relação ao tempo de função, a maioria dos pesquisados tem um tempo de função entre 11-15 anos, sendo o tempo mínimo de atuação 5 meses e o maior tempo de atuação correspondeu a 24 anos.

Julga-se que a idade e que o tempo de atuação destes profissionais podem ser considerados fatores que possivelmente desencadeiam o estresse. Pois um indivíduo com idade mais avançada exigirá mais de seu organismo para executar suas atividades laborais, sobrecarregando estruturas musculoesqueléticas. Além do que, dependendo do tempo de

(4)

4 atuação, o corpo do trabalhador pode estar condicionado a determinado hábitos e comportamentos adquiridos ao longo da sua vida profissional, facilitando o surgimento de lesões. Entretanto, pode-se considerar ainda que as estratégias de executar uma tarefa com menores exigências físicas podem caracterizar fatores relevantes para o surgimento das lesões relacionadas ao trabalho.

3.1. Aspectos Organizacionais

No que diz respeito à avaliação da atividade profissional e da organização do trabalho, percebeu-se que além das atividades, determinadas pela Classificação Brasileira de Ocupação (CBO), alguns profissionais, principalmente durante situações de sobrecarga de trabalho, exercem atividades relacionadas com a função de outra categoria profissional com o intuito de acelerar o processo de atendimento.

Quanto à distribuição de horários no ambiente estudado, como a Unidade funciona 24 horas, são três os sistemas de plantão para os profissionais de saúde, assim distribuídos: 1º plantão inicia às 7:00 horas da manhã às 14:00 horas, o 2º plantão, normalmente com outro médico corresponde das 14:00 às 19:00 e o 3º começa às 19:00 e finaliza às 7:00 do dia seguinte. Já em relação ao sistema de plantão da equipe de enfermagem, tanto os enfermeiros como os técnicos em enfermagem trabalham em um sistema de 12 horas, caracterizado da seguinte forma: 7:00 - 19:00 – 7:00. Para o profissional de fisioterapia, tem-se um presente durante o turno da manhã, das 7:00 às 13:00, e outro no turno da tarde, que inicia às 13:00 e termina às 19:00, não existindo atividade fisioterapêutica no turno da noite, e só há nos fins-de-semana quando solicitado. Diante do exposto, considera-se a equipe de enfermagem submetida aos danos da saúde em decorrência do comprometimento do ciclo circadiano, já que o organismo não trabalha em um turno constante, e sim em turnos alternados entre dia, noite e folgas. Diferentemente, a equipe de fisioterapia trabalha em um turno constante durante toda a semana, não repercutindo em sua saúde.

Em relação ao turno de trabalho, constatou-se que 11,8% dos entrevistados trabalham no turno da manhã, enquanto que 88,2% trabalham em sistema de rodízio. Percebe-se que o turno de trabalho em sistema de rodízio predominante neste caso também pode ser considerado como um fator que pode assumir uma grande extensão no desenvolvimento da fadiga, dos problemas mentais e psicossomáticos, sendo, portanto, uma razão para o isolamento social do trabalhador submetido ao sistema. Além do que, o trabalhador não adaptado ao trabalho em turnos pode ser considerado como um agente de risco para si próprio como também para outras pessoas em decorrência da interferência da sonolência.

No que diz respeito à jornada de trabalho, constatou-se que predominantemente 73,6% dos pesquisados trabalham 12 horas diárias, seguidos dos que trabalham 18 horas diárias, caracterizado por 5,9% e por aqueles que trabalham 5 horas (2,9%). Sobre a jornada de trabalho mais frequente, Guimarães e Teixeira (2004) a caracteriza como um fator estressor que pode relacionar-se com o desenvolvimento de sinais e sintomas refletidos no próprio trabalhador, seja através de fadiga ou distúrbios psicossomáticos, assim como em seu convívio social e familiar.

No que se refere ao total de instituições de trabalho, 14,6% dos pesquisados trabalham em uma única instituição, 32,4% possuem dois locais de trabalho, 20,6% trabalham em três instituições e que 32,4% trabalham em mais de três locais. Estas informações remetem questão do multiemprego como um fator de sobrecarga de trabalho para os profissionais da

(5)

5 área de saúde, corroborando Vieira, Seligmann-Silva e Athayde (2004) que ressaltaram que o este fator pode ser considerado como uma importante variável de compreensão do sofrimento psíquico, principalmente quando este estiver associado ao número de atividades desenvolvidas, às condições de trabalho e à vida extralaboral.

Quanto ao número de atendimentos, viu-se que 47,1% da amostra atendem entre 5-10 pacientes. Na prática de atividades voltada para a saúde, pode-se considerar o número de locais de trabalho e o número de pacientes atendidos como fatores de sobrecarga de trabalho, pois podem desencadear o estresse físico, já que estão associados aos efeitos dos fatores psicológicos diante do confrontamento com sérias doenças e a morte como também à própria estrutura organizacional da UTI.

Com o intuito de identificar os fatores geradores de estresse citados pelos profissionais, estes foram subdivididos em três grupos: (a) fatores relacionados com a organização do trabalho, (b) fatores relacionados com a postura, e (c) fatores relacionados com as condições ambientais.

No que diz respeito aos fatores relacionados com a organização do trabalho, os principais fatores geradores de estresse como muito estressantes apontados foram trabalho noturno e ritmo de trabalho. Em seus discursos, Estryn-Behar (1996) apontam estes fatores como desencadeadores de alterações na saúde física e mental do trabalhador, como também podem promover prejuízos à vida social e familiar.

Quanto aos fatores referentes à postura, destacam-se equipamentos inadequados e execução da atividade em posturas inadequadas. Conforme Alexandre (1998), os fatores de risco, relacionados especificamente com os profissionais da área de saúde, são: o transporte e a movimentação de pacientes, a manutenção de posturas inadequadas e fatores ergonômicos inadequados. Esta situação associada ao ritmo e carga de trabalho pode desencadear o estresse físico, principalmente quando se fala no desenvolvimento de lombalgias. Estes dados chamam a atenção para a necessidade de aquisição de equipamentos que ajudem o trabalhador na execução de suas atividades, assim como a conscientização dos trabalhadores sobre a postura. Referente às condições ambientais, percebe-se o ruído como principal fator estressante, decorrente principalmente das conversas existentes entre os próprios profissionais, dos equipamentos médico-hospitalares existentes, do carrinho com materiais para exames e de um aparelho de televisão. Assim, a presença deste fator no ambiente de trabalho pode causar desconforto no trabalhador, podendo comprometer sua capacidade de produção total.

3.2. Sinais e sintomas do estresse

Sobre a dor, 76,5% da amostra relataram dor. Dentre os queixosos, 46,2% possuem dor de intensidade leve, 42,3% de intensidade moderada e apenas 11,5% relataram dor de intensidade forte. E em relação à duração da dor, 21 entrevistados com dor afirmaram que esta sensação é intermitente enquanto que 5 relataram que a dor é contínua.

Em relação ao percentual daqueles que não relataram dor (23,5%), constatou-se que houve uma predominância do sexo feminino e no que diz respeito à profissão: 5 são técnicos em enfermagem, 2 são médicos e 1 é fisioterapeuta; e no que se refere ao turno de trabalho, 7 trabalham em sistema de rodízio e apenas 1 trabalha no turno da manhã. Estes dados chamam a atenção para o fato de que nem sempre um simples fator é capaz de desencadear consequências para o trabalhador, é preciso, portanto, analisar o efeito que vários fatores

(6)

6 associados podem causar, levando sempre em consideração que o ser humano é um ser complexo que sofre influência de vários fatores do meio onde se encontra.

Quanto à relação da dor com o trabalho, foi constatado que 92,3% dos trabalhadores afirmaram que a dor apresentada está associada á atividade laboral e apenas 7,7% relataram-na como desencadeada por fatores extra-laborais.

De acordo com os dados referentes aos fatores estressores, pode-se antecipadamente estabelecer uma relação existente entre o que pode desencadear o estresse relatado pelos pesquisados com a dor descrita por alguns profissionais, já que Yeng, Teixeira e Barbosa (1998), afirmam que dor pode ser decorrente das alterações morfofuncionais adaptativas dos tecidos, quando estes estão expostos aos fatores de risco do estresse físico, no ambiente de trabalho. Logo, a dor corresponde a um mecanismo protetor e sinalizador do organismo humano quando exposto à estímulos lesivos.

E no que diz respeito às regiões do corpo com maior incidência de dor, destaca-se a coluna lombar e as pernas respectivamente com 73,1% e 34,6%. È importante ressaltar que os valores destas informações ultrapassaram as margens de 100%, uma vez que os entrevistados relataram mais de uma opção. Estas informações corroboraram dados apresentados anteriormente sobre fatores estressantes relacionados com a postura, já que a sobrecarga da região lombar e das pernas está associada ao transporte de paciente, equipamentos inadequados e postura inadequada durante a execução da atividade. Sendo demonstrado por Alexandre (1998) como: camas com alturas fixas, número insuficiente de profissionais, falta de auxílios mecânicos, falta de preparo da própria equipe, transporte de pacientes e outros. Buscando relacionar a dor com as condições e a organização do trabalho, os entrevistados citaram os equipamentos inadequados, jornada de trabalho e transporte de paciente como principais desencadeadores da dor no ambiente de trabalho. Então, é possível observar que estes fatores podem ser considerados como fatores capazes de desencadear o estresse físico, principalmente quando associados ao ritmo, carga e jornada de trabalho.

No que se refere à fadiga, 29 relataram sinais e sintomas desta sintomatologia. Dentre os 5 profissionais que não relataram sinais e sintomas de fadiga, houve uma predominância do sexo feminino, correspondendo a 4 entrevistados; no que diz respeito à profissão: 4 são técnicos em enfermagem e 1 médico; e no que se refere ao turno de trabalho, todos trabalham em sistema de rodízio. Concluindo-se a ideia de que o ser humano sofre influência de vários fatores do meio onde se encontra.

Quanto aos principais fatores desencadeadores de fadiga, daqueles que a relataram, 29,4% associaram ao trabalho noturno; 26,5% ao ritmo de trabalho e 23,5% à jornada diária de trabalho. Ressalta-se que a fadiga é proveniente da exaustão do organismo humano e esta exaustão desencadeia a dor.

Sobre os distúrbios psicossomáticos que podem caracterizar os sinais e sintomas de fadiga física e/ou psicológica, pode-se destacar principalmente a ansiedade com 62,1%; perturbação do sono com 48,3% e irritação com 44,8%. Estes principais sinais e sintomas de fadiga, representado por distúrbios psicossomáticos, podem de certa forma ser relacionados com os fatores como: trabalho noturno, ritmo de trabalho e jornada de trabalho. Logo, baseando-se pelos distúrbios psicossomáticos, o trabalho noturno pode ser considerado como um agente causador de fadiga, já que deixa o trabalhador mais susceptível a riscos à saúde de curto ou longo prazo, que comprometem os seus aspectos físicos, intelectuais e emocionais.

(7)

7 Em relação às posturas adotadas durante o desenvolvimento da atividade ocupacional, 3% dos entrevistados relataram adotar outros tipos de posturas, 38,2% afirmaram que durante a maior parte da jornada de trabalho adotam a postura em pé e 58,8% estão sempre modificando a postura de acordo com a tarefa a ser executada.

A prevalência da alternância de postura está relacionada com as tarefas do trabalhador, visto que durante o atendimento dos pacientes, os profissionais pesquisados estão sempre em pé e em movimentação, e posteriormente a cada atendimento, adotam a postura sentada para evoluir o prontuário do paciente atendido como também para solicitar exames e/ou medicamentos. Esta alternância de postura corrobora com Leão e Peres (2005), pois promove menos fadiga que aquelas que permanecem estáticas ou com pouca movimentação, além de ativar constantemente a musculatura da perna que facilita o retorno do sangue para o coração. A adoção de posturas inadequadas está associada diretamente a determinadas situações/ atividades, tais como os procedimentos médicos (realização de cateterismo, intubação de pacientes, reanimação cardiorrespiratória, transporte de paciente, banho de paciente entre outros) e o uso de certos equipamentos presentes no ambiente laboral como, por exemplo, a cama que possui manivela para elevação da cabeceira.

3.4. Estratégias individuais para prevenção e/ou redução do estresse

Sobre esta prática, 38,2% dos pesquisados participam de treinamentos e reuniões de SST, 53% realizam os exames médicos exigidos, 67,6% cumprem as normas de SST e todos os pesquisados utilizam equipamentos de proteção individual (EPI’s).

Dentre os principais EPI’s usados na UTI em estudo, foram citados luvas, gorros, máscaras e sapatos fechados. Constatou-se também que tanto os técnicos de enfermagem como os enfermeiros usam roupas apropriadas; e em relação aos médicos e fisioterapeutas, há exigência apenas do uso de batas. Neste caso, o uso de EPI direciona-se à prevenção de riscos químicos, biológicos e físicos. Pode-se considerar que este recurso, ao oferecer segurança para o trabalhador, minimiza os efeitos do estresse tanto psicológico como físico, pois uma situação insegura compromete o emocional do trabalhador podendo também comprometer a sua saúde física, considerando que o aspecto físico e psicológico estão interligados. Já no que tange às demais estratégias, percebeu-se que muitos profissionais de saúde não participam dos treinamentos e reuniões sobre Saúde e Segurança do Trabalho, pela falta de disponibilidade de tempo ou, até mesmo, de interesse. E pode-se afirmar que a realização dos exames médicos e o cumprimento das normas de SST são estratégias desenvolvidas por ser “exigência” da instituição.

Sabe-se que, de uma maneira em geral, os programas de atenção individual nos locais de trabalho têm como objetivo principal difundir informações sobre o estresse, suas causas e a forma de controle, por meio da educação dos trabalhadores sobre a sua saúde, para que possam desenvolver habilidades pessoais que lhes permitam reduzir danos. Logo, percebe-se que esta não é a realidade do hospital em estudo, já que este não possui nenhuma estratégia direcionada para o estresse propriamente dito.

No que se refere à prática de atividades físicas, só 38,2% afirmaram, destacando-se a caminhada. Durante os exercícios, conforme relatado por Limongi (1997), os triglicerídeos, que durante as situações estressoras são liberados na corrente sanguínea, diminuem; a pressão arterial também declina; há um relaxamento muscular decorrente da liberação de endorfinas. Além do que, o programa de exercícios físicos pode produzir alterações fisiológicas, que aumentam o nível de condicionamento dos sistemas corporais que experimentam maior tensão

(8)

8 durante uma resposta estressora. Pode-se assim considerar que a prática de exercícios físicos corresponde a uma estratégia de prevenção primária com a finalidade de minimizar ou eliminar os fatores estressores e promover uma melhor qualidade de vida.

4. Considerações finais

Diante das situações impostas pela competitividade decorrente do processo de globalização, o ser humano encontra-se envolvido em um processo complexo e dinâmico, denominado estresse, que pode afetar suas condições somáticas, seus processos cognitivos e emocionais. Assim, o profissional de saúde, dentre outras profissões, está exposto ao estresse, seja de caráter físico e/ou mental, decorrente de fatores relacionados diretamente com a própria atividade, o ambiente físico e da organização do trabalho. Ressalta-se ainda que estes profissionais sofrem influências das variáveis demográficas, econômico-financeiras, sociais, culturais, tecnológicas e funcionais do local de trabalho e têm que lidar com situações emocionalmente intensas, que causam ansiedade e tensão física e mental.

Em relação aos sinais e sintomas desencadeados pelo estresse, de uma maneira geral, pode-se verificar o comprometimento do ser humano pelo desgaste físico, através da dor, fadiga, além da presença de distúrbios psicossomáticos e postural.

Na presente pesquisa, constatou-se que os profissionais de saúde estão expostos a vários fatores desencadeadores do estresse, que envolvem aspectos relacionados com a organização de trabalho, tais como o trabalho noturno, o trabalho em turno, o ritmo de trabalho; fatores relacionados com o ambiente físico: o ruído e os equipamentos inadequados, e fatores decorrentes da própria atividade profissional, como por exemplo, o relacionamento com pacientes e/ou familiares e o transporte de pacientes.

Associadamente, a presença destes fatores, percebeu-se que a maioria destes profissionais possui dor de caráter intenso e intermitente que pode estar relacionada com o trabalho, sendo a coluna lombar e as pernas as áreas de maior referência de dor. Observou-se ainda a presença de sinais e sintomas de fadiga, caracterizada por distúrbios psicossomáticos, principalmente irritação, ansiedade e perturbação do sono que podem estar relacionados com a atividade laborativa. E referente ao comprometimento postural, verificou-se que os distúrbios posturais são decorrentes da própria tarefa.

Assim, frente à presença de diversos fatores que potencialmente podem desencadear o estresse físico, pode-se destacar que as principais estratégias individuais desenvolvidas pelos pesquisados para a prevenção e/ou redução das consequências do estresse, foram representadas principalmente pelo uso de EPI e pelo cumprimento das normas de SST, e pela prática de exercícios físicos.

REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, N. M. C. Ergonomia e as atividades ocupacionais da equipe de enfermagem. Revista Escola de Enfermagem da USP, v.32, n.1, p. 84-90, 1998.

ALMEIDA, E. Identificando o estresse na sua vida. Disponível em <http://www.lincx.com.br>. Acesso em: 27.11.2003

CAMAROTTI, H.; TEIXEIRA, H. A Saúde Mental e Trabalho: Estudo da Regional Norte

(9)

9 ESTRYN-BEHAR, M. Ergonomia Hospitalar. Revista de Enfermagem. UERJ. v.4, .n.2, p.247-256, 1996.

FIORI, A. M. Stress Ocupacional. Revista CIPA. São Paulo, p.40-49, 1997.

GUIMARÃES, L. A. M.; TEIXEIRA, L. N. Efeitos do trabalho em turnos na saúde mental

do trabalhador. In: GUIMARÃES, L. A. M.; GRUBITS, S. Série saúde mental e trabalho.

v.3. São Paulo: Casa do Psicólogo, p. 181-190, 2004.

LADEIRA, M. B. O que é stress ocupacional? Estudos Avançados em Administração. João Pessoa, v.3, n.1p, 379-397, 1995.

LEÃO, R. D.; PERES, C. C. Noções sobre DORT, lombalgia, fadiga, antropometria,

biomecânica e concepção do posto de trabalho. Disponível em: <http://www.tem.gov.br/Empregador/segsau/Publicacoes/Ergonomia/Conteudo/664.pdf>. Acesso em: 23.08.2005.

LIMONGI, A. C. Medidas simples e práticas para combater esse inimigo – stress. SOS, n.191, 1997.

MARTINS, L. A. N. Saúde mental do médico e do estudante de medicina. In: Anais do IV Encontro Brasileiro de Interconsulta Psiquiátrica e Psiquiatria de Hospital Geral, Belo Horizonte- Minas Gerais, 1995.

ROSSI, A. M. Esse tal de estresse. In: ROSSI, A. M. Estressado, eu? Porto Alegre: RBS Publicações, p. 19-47, 2004.

VIEIRA, S. B.; SELIGMANN-SILVA, E.; ATHAYDE, M. Dimensões ocultadas no

hospital: o “trabalho sentimental” e as violências presentes na relação de serviço. In:

ARAUJO, A. et al. Cenários do Trabalho: subjetividade, movimento e enigma. Rio de Janeiro: DP&A, p. 131-150, 2004.

YENG, L.T.; TEIXEIRA, M. J.; BARBOSA, H. F. G. Fisiopatologia da dor nos doentes

com LER. In: OLIVEIRA, C. R. e cols. Manual prático de LER - Lesões por esforços

repetitivos. 2. ed. Belo Horizonte: Health., 191-204, 1998.

(10)
(11)
(12)
(13)

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

O exame da política de financiamento da educação brasileira numa perspectiva histórica, observando recortes temporais específicos, permitiu delimitar três diferentes momentos

Effects on body mass, visceral fat, blood glucose and hepatic steatosis were assessed in clinical use and by measuring the triglyceride, cholesterol and hepatic glycogen in

Na camada de controle de acesso a autenticação e controle de acesso RBAC são modularizados por um mecanismo – intitulado Heimdall – criado para este fim,

Grandes autores Falar Verdade a Mentir Viagens na minha terra O Arco de Sant'Ana Frei Luís de Sousa Almeida Garret D Amor de Perdição Coração, Cabeça e

a) AHP Priority Calculator: disponível de forma gratuita na web no endereço https://bpmsg.com/ahp/ahp-calc.php. Será utilizado para os cálculos do método AHP

O modelo experimental de análise de viscosidade do óleo hidráulico testado em laboratório trouxe uma proposição da correlação causal entre a unidade primária de

Consistentes com as observações de Chen e Huang (2007), esse clima saudável entre as pessoas e as diversas oportunidades de socialização resultavam no