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A PERCEPÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA ONLINE A PARTIR DA CYBERFORMAÇÃO: UM ENSAIO

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Academic year: 2021

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A PERCEPÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA ONLINE

A PARTIR DA CYBERFORMAÇÃO: UM ENSAIO

Denílson José Seidel1 Maurício Rosa2

RESUMO

Neste ensaio tecemos algumas reflexões teóricas que podem sustentar a pesquisa em nível de doutorado que estamos desenvolvendo. Tal pesquisa tem por objetivo principal investigar como o professor de matemática que atua, atuará ou deseja atuar na Educação a Distância (EaD) Online se percebe professor de matemática online a partir da concepção de Cyberformação3, revelando, dessa forma, algumas características predominantes que compõem as múltiplas identidades, próprias e/ou que podem ser constituídas durante esse processo de formação. Para tanto, inferimos contribuições da dimensão filosófica Merleau-Pontiana a partir da percepção das identidades do professor de matemática online.

Palavras-chave: Educação Matemática. Formação de Professores. Educação a Distância. Tecnologias da

Informação e Comunicação.

Introdução

Na atualidade, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) vem assumindo um papel transformador na sociedade, a partir da intensificação da sua presença e do seu uso. Essa metamorfose social impactada fortemente pelos avanços tecnológicos também tem propiciado reflexões na comunidade científica e que se ramifica em várias direções no que tange ao uso de TIC no contexto educacional, quando vinculadas e aliadas ao processo de ensino e aprendizagem.

Essas reflexões sobre os sistemas educacionais e/na cibercultura permitem considerar o ciberespaço4 como um espaço que pode ampliar e modificar numerosas funções cognitivas

1

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA – Canoas (RS). denilson.seidel@passofundo.ifsul.edu.br

2 Professor doutor do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA – Canoas (RS). mauriciomatematica@gmail.com

3

Trata-se da formação vista sob a dimensão específica (matemática), pedagógica e tecnológica que assume o uso de TIC, particularmente, o ciberespaço em ambiente de EaD sob a perspectiva do ser-com, pensar-com e saber-fazer-com-TIC (ROSA, 2011b).

4

É o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores (LÉVY, 2000), onde podemos conversar, trocar ideias e até estabelecer relações bastante íntimas com indivíduos, que talvez nunca venhamos a encontrar fisicamente (TURKLE, 1997).

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humanas (LÉVY, 2000) e também de ensino e aprendizagem, como no caso da Educação a Distância (EaD) Online (BICUDO; ROSA, 2010).

Assim, o contexto de formação de professores também se transforma (ROSA, 2010). Para Rosa (2011b), essa formação é denominada “Cyberformação” a partir do entrelaçamento de duas ideias principais: “Cyber” se refere ao aspecto do uso de tecnologias e “formação” diz respeito a uma formação que evidencia a utilização de ambientes cibernéticos e de todo aparato tecnológico que a eles se vinculam e/ou produzem, como fator proeminente dessa formação. Ou seja, a formação vista sob a dimensão específica (matemática), pedagógica e tecnológica que assume o uso de TIC, particularmente, o ciberespaço em ambiente de EaD sob a perspectiva do ser-com, pensar-com e saber-fazer-com-TIC (ROSA, 2011b).

Dessa forma, vislumbramos uma multiplicidade de aspectos que precisam ser evidenciados, estudados e investigados. Tais investigações precisam ser feitas para que o professor em geral, e de matemática em específico, possua subsídios para acompanhar as mudanças tecnológicas da sociedade e, principalmente, mostre-se e perceba-se como um professor online, o qual se torna simbioticamente “plugado” à rede, produzindo conhecimento com ela (ROSA, 2011b).

Particularmente, quanto ao professor de matemática que atua, atuará ou deseja atuar em ambientes online, questionamos: quais dimensões são importantes na formação deste profissional? Quem é o professor de matemática que atua, atuará ou deseja atuar na EaD

Online? Quais dimensões podem compor as identidades desse profissional?

A partir disso, vista a complexidade e a multiplicidade que os processos de formação de professores podem suscitar, entendemos a Cyberformação como uma concepção que permite discorrer/refletir/produzir outros entendimentos. Em particular, evidenciamos neste artigo aspectos que envolvem a Cyberformação e o professor de matemática online sob o viés filosófico Merleau-Pontiano acerca da percepção, ou seja, pretendemos expandir a base teórica para sustentar as percepções do professor de matemática online em Cyberformação.

A percepção na Cyberformação de Professores de Matemática

Ao abordar a formação de professores, estamos ingressando em um campo científico fortemente estudado no Brasil e no mundo (TANURI, 2000; SAVIANI, 2009) e, dessa forma, também evidenciada na esfera da Educação Matemática (BICUDO, 2003; MOREIRA; DAVID, 2007, GARNICA, 1997; BORBA, 2006, entre outros).

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No entanto, como já mencionado anteriormente nesse artigo, é fundamental compreender e vislumbrar novas facetas na formação profissional do educador matemático uma vez que, pouco a pouco, as TIC ganham cada vez mais espaço na área do ensino (MISKULIN; SILVA, 2010) frente à reorganização social provocada pela aquisição em massa de benefícios tecnológicos.

Nesse sentido, é importante considerarmos a dimensão tecnológica na formação do educador matemático. Porém, não pensamos em uma formação de uso técnico das tecnologias, como “[...] meros recursos didáticos sem uma postura teórico-filosófica que lhes dê consistência teórico-metodológica [não atuando] efetivamente no[s] processo[s] de [...] [ensino e aprendizagem] dos conceitos matemáticos” (MISKULIN; SILVA, 2010, p.110) e sim como formação que trata e considera que as TIC participam efetivamente da produção do conhecimento matemático (ROSA, 2011a).

Dessa forma, entendemos que se por um lado, em muitos casos a formação inicial do professor de matemática tem foco nas disciplinas específicas (Matemática) de Álgebra, Geometria, Análise, Cálculo e outras e nas de disciplinas de caráter pedagógico, como, por exemplo, Didática, Estrutura e Funcionamento do Sistema Escolar, Prática de Ensino etc., por outro, os cursos de formação continuada geralmente dirigem-se a profissionais que atuam no ensino de matemática e ocorrem em diferentes modalidades com conteúdos de caráter mais pragmático, teórico ou ambos (MIARKA; BICUDO, 2010). Nesse contexto, nos questionamos se há formação tecnológica do Educador Matemático? E, em caso afirmativo, que formação é essa?

Além disso, vislumbramos outro aspecto a ser considerado acerca da formação do professor de matemática: os avanços tecnológicos também ampliaram os espaços de ensino e aprendizagem com o advento da EaD Online. Isso significa que há demanda por profissionais que tenham formação para atuar nesse novo ambiente. Partindo dessa premissa, nos questionamos também: quais dimensões que deveriam fazer parte da formação do professor de matemática online? Quem é este profissional?

No que tange a formação do professor de matemática online, defendemos a concepção de Cyberformação, ou seja, uma formação sustentada na perspectiva do ser-com, pensar-com e saber-fazer-com-TIC sob a dimensão específica (matemática), pedagógica e tecnológica (ROSA, 2011b) e vislumbramos a vertente filosófica de Merleau-Ponty acerca da percepção como um caminho para desvelar quem é este profissional que atua, atuará ou pretende atuar na EaD Online.

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A partir deste viés filosófico, compreendemos que a percepção “[...] é o fundo sobre o qual todos os atos se destacam” (MERLEAU-PONTY, 2006, p. 6), nivelando toda nossa experiência em um “plano único” no qual as ações são desencadeadas. Ou seja, o “algo” perceptivo precisa fazer parte de um “campo” para que seja dada a percepção. Para Bicudo e Rosa (2010, p. 41), a percepção é “[...] um ato em movimento que vai desnudando o que é visto em termos de figura e fundo, ou seja, do contexto em que isso se mostra, incluindo-se, nesse contexto, as materialidades com as quais, ou pelas quais, se mostra fenomenal”.

Particularmente, quando o ciberespaço é tomado como um campo perceptivo, isto é, o

lócus da percepção, as materialidades disponibilizadas nesse espaço, como por exemplo, chats, vídeos, textos, imagens, entre outros permitem a ligação entre a consciência e o mundo,

no mundo, atuando como um fundo onde os atos do professor de matemática online possam ser destacados. A partir das relações estabelecidas do eu comigo (ser online/ser offline e seus fluxos), do eu com o outro (virtual e/ou encarnado) e do eu com o mundo (virtual e/ou atual mundanamente), “[...] nós coexistimos [com outrem ou outrens] através de um mesmo mundo” (MERLEAU-PONTY, 2006, p.475) e constituímos um campo perceptivo para que sejam dadas as percepções do professor de matemática online em Cyberformação (SEIDEL; ROSA, 2011).

Sob este viés, o ciberespaço é o “espaço” onde é possível resolver o paradoxo de uma consciência vista pelo lado de fora, de um pensamento que reside no exterior, isto é, que os pensamentos tornem-se visíveis fora do corpo, no ambiente que eles se constroem (MERLEAU-PONTY, 2006). Assim, por meio da imersão no mundo virtual na Cyberformação, é possível que ocorra o encontro entre o “ver” e o visto” (como se fosse um espelho), ou seja, o ato de perceber (BICUDO; ROSA, 2010).

Nesse horizonte comum entre outrem e mim, no qual o meu e o seu pensamento formam um só tecido, “[...] existe um objeto cultural que vai desempenhar um papel essencial na percepção de outrem: é a linguagem” (MERLEAU-PONTY, 2006, p.474). No ciberespaço, em particular, os modos de comunicação podem apresentar-se em diferentes modalidades, não sendo “visíveis” da mesma forma que na realidade mundana, ou seja, agora, muitas vezes, expressos pela escrita (ROSA, 2008) como o chat, por exemplo, que intensifica a interatividade entre os participantes (BICUDO; ROSA, 2010).

Assim, as “falas” dos professores de matemática em Cyberformação dizem mais coisas do que um sistema de correspondências tal como é descrito no dicionário, podendo revelar as percepções do professor de matemática online. Ao realizar o movimento de compreender as percepções deste profissional, tramando “[...] de um só golpe experiências

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concordantes, mas separadas e repartidas em vários pontos e em várias temporalidades” (MERLEAU-PONTY, 2006, p.71) acreditamos poder desvelar quem é o professor de matemática online – sendo, pensando e agindo com o ambiente e com os recursos disponibilizados no processo de Cyberformação de professores em atividades de formação matemática, pedagógica e tecnológica.

Considerações Finais

A partir do exposto, entendemos que o ciberespaço e todo seu aparato de recursos tecnológicos disponíveis podem transformar e potencializar o desenvolvimento da cognição nos processos educacionais, desde que o uso dessas tecnologias digitais não seja por um mero “modismo” ou para dar uma nova roupagem a metodologias perfeitamente exequíveis com lousa e giz, inclusive na EaD Online.

Exploramos neste ensaio, de forma breve, a concepção de Cyberformação (ROSA, 2011b) vislumbrando o entrelaçamento entre essa visão de formação de professores para atuar na EaD, uso de TIC no contexto educacional e a percepção no mundo virtual do professor de matemática online como dimensões teóricas importantes. Isso pode ser explicado considerando o ciberespaço como um lócus onde o ato de perceber e demais atos da consciência podem ser explicitados, por meio das ações formativas desenvolvidas nesse espaço.

Dessa forma, acreditamos que os aspectos das reflexões teóricas da nossa pesquisa apresentadas aqui possam contribuir para a Educação Matemática no sentido de suscitar debates quanto à formação de professores que pretendem atuar na EaD Online e também quanto à constituição de uma possível identidade deste profissional de ensino.

Referências

BICUDO, M. A. V. A formação do professor: um olhar fenomenológico. In: BICUDO, M. V. (Org.). Formação de Professores? Bauru: EDUSC, 2003.

BICUDO, M. A. V; ROSA, M. Realidade e cibermundo: horizontes filosóficos e educacionais antevistos. Canoas: Ed. ULBRA, 2010.

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BORBA, M. C. (Org.). Tendências Internacionais em Formação de Professores de

Matemática. Tradução: Antonio Olímpio Júnior. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

GARNICA, A. V. M. Professor e professor de Matemática: das informações que se tem acerca da formação que se espera. Revista da Faculdade de Educação. São Paulo, vol. 23 n. 1-2, Jan./Dez, 1997. Disponível em: <

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-25551997000100012&script=sci_arttext#4not > Acesso em: 09 jun. 2011.

LEVY, P. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2000. Tradução de: Cyberculture.

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. 3. ed.São Paulo: Martins Fontes, 2006. Tradução de: Carlos Alberto Ribeiro de Moura.

MIARKA, R; BICUDO, M. A. V. Concepções de Mundo e de Conhecimento na Forma/ação do Professor de Matemática. In: CLARETO, S. M.; DETONI, A. D.; PAULO, R. M. (orgs.)

Filosofia, matemática e educação matemática. Juiz de Fora: UFJF, 2010.

MISKULIN, R. G. S.; SILVA, M. R. C.; Cursos de Licenciatura em Matemática a Distância: uma realidade ou uma utopia? In: JAHN, A. P.; ALLEVATO, N. S. G. (orgs.) Tecnologias e

Educação Matemática: ensino, aprendizagem e formação de professores. Recife: SEBEM,

2010.

MOREIRA, P. C.; S. DAVID, M. M. M. A formação matemática do professor:

licenciatura e prática docente escolar. 1. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

ROSA, M. A Construção de Identidades Online por meio do Role Playing Game: relações com o ensino e aprendizagem de matemática em um curso à distância. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – UNESP, Rio Claro, 2008.

ROSA, M. Atividades semipresenciais e as tecnologias da informação: Moodle - uma plataforma de suporte de ensino. In: MATTOS, A. P. de. et. al. (Org.) Práticas Educativas e

Vivências Pedagógicas no Ensino Superior. Canoas: ULBRA, 2011a. p. 135-147.

ROSA, M. Cultura Digital, Práticas Educativas e Experiências Estéticas: interconexões com a Cyberformação de Professores de Matemática. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 33., 2011, Natal, RN. Anais... Natal, RN: ANPED, 2011b. (no prelo)

ROSA, M. Cyberformação: a formação de professores de Matemática na Cibercultura. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA – ENEM, 10. Salvador.

Anais..., 2010.

SAVIANI, D. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, v.14, n.40 p.143-155, 2009. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/ v14n40a12.pdf>. Acesso em: 20 mar.2011.

SEIDEL, D. J; ROSA, M. A Percepção na Cyberformação do Professor de Matemática: aspectos teóricos. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE ESTUDANTES DE

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PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA – EBRAPEM, 15., Campina Grande, PB.

Anais..., 2011.

TANURI, L. M. História da formação de professores. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, n.14, p.61-88, 2009. Disponível em:< http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/ RBDE14/ BDE14_06_LEONOR_MARIA_TANURI.pdf>. Acesso em: 20 mar.2011 TURKLE, S. A Vida no Ecrã: a Identidade na Era da Internet. Tradução: Paulo Faria. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 1997. Tradução de: Life on the Screen: identity in the age

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