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Dmitri Mendeleev. Camila Welikson. Este documento tem nível de compartilhamento de acordo com a licença 3.0 do Creative Commons.

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Academic year: 2021

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Camila Welikson

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Dmitri Mendeleev

Um Sonho Genial

Sonhos podem se tornar realidade? Para o químico russo Dmitri Mendeleev, a resposta para esta pergunta seria um sonoro sim. Foi dormindo que ele pensou numa primeira versão da tabela periódica dos elementos químicos. Mendeleev afirmou ter visto em sonho uma tabela em que todos os elementos se encaixavam através da ordem de suas massas atômicas. “Ao despertar”, disse, “escrevi a tabela imediatamente numa folha de papel”. Pronto. O sonho se tornava realidade!

 

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A Origem na Sibéria

Quando Dmitri Ivanovich Mendeleev nasceu, na cidade de Tobolsk, na Sibéria, seu pai, um professor de filosofia, política e artes, ficou cego e perdeu o emprego. Foi Marya Kornileva, mãe de Dmitri, a responsável pelo sustento da família. Apesar dos poucos recursos, o jovem estudou no ginásio de Tobolsk, destacando–se em matemática e física. Quando soube da inteligência excepcional do filho nestas matérias, Marya resolveu investir na sua educação e levou–o a São Petersburgo, onde lhe arrumou uma vaga no Instituto Pedagógico Principal. Lá, Mendeleev graduou–se como primeiro aluno de sua classe e qualificou–se como professor, em 1855.

 

Figura 1: Mapa da Rússia mostrando Tobolsk e São Petersburgo.

Uma Idéia de Peso

Mendeleev ensinou por algum tempo na universidade de São Petersburgo. Com verba do governo, foi para Paris e Alemanha dar continuidade aos estudos. Em 1860, antes de voltar para Rússia, participou do Primeiro Congresso Internacional de Química da Alemanha, em Karlsruhe, onde presenciou o italiano Stanislao Cannizzaro defender apaixonadamente sua redescoberta da distinção entre

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Foi ali que ele percebeu que o peso atômico era uma característica fundamental do átomo e deveria ser o padrão de abordagem dos elementos químicos. Esta ideia ficou em sua cabeça.

De volta ao seu país, Mendeleev terminou o doutorado e foi nomeado professor de química geral na Universidade de São Petersburgo. Algum tempo depois, começou a escrever um livro de química inorgânica porque achava que faltava na Rússia um livro–texto sobre o assunto. Enquanto se dedicava a este trabalho, pensava na ideia do peso atômico como característica fundamental do átomo. Foi nesta época, que o químico teve o tal sonho que mudaria sua vida.

Jogo de Cartas

A partir do sonho e buscando uma ordem para os elementos químicos, Mendeleev resolveu organizá– los de uma maneira que poderia parecer um jogo de criança. Criou uma carta para cada um dos 63 elementos conhecidos até então e em cada uma delas escreveu o símbolo do elemento, sua massa atômica e suas propriedades químicas e físicas. Começava ali um quebra–cabeças que resultaria na tabela periódica.

Alguns elementos, como o oxigênio e o hidrogênio, são gases à temperatura ambiente; outros, como o mercúrio e o bromo, são líquidos e há também os sólidos. O ferro se corrói rapidamente na atmosfera, o sódio e o potássio são moles, enquanto a platina e o irídio são duros; o ouro nunca mancha, o urânio é denso e o lítio flutua na água. As cores também variam, vão desde o vermelho do cobre, passando pelo cinza do iodo até o branco do fósforo. Diante de tantas diferenças e um aparente caos, Mendeleev conseguiu enxergar uma ordem e organizou suas cartas de forma crescente de massas atômicas, agrupando–as em elementos de propriedades semelhantes. Com exceção do hidrogênio, tais propriedades estavam relacionadas com os pesos atômicos de uma maneira que se repetia periodicamente.

Advinhação ou Genialidade?

Mendeleev teve a preocupação de deixar espaços vazios, acreditando que eles seriam ocupados por elementos ainda não descobertos, mas com características especificadas por ele de acordo com a lógica encontrada.

Esta ideia é de uma genialidade ímpar e foi um dos grandes méritos do cientista. Ele deixou os espaços vazios já prevendo inúmeras propriedades – entre elas, a densidade, o ponto de fusão e a formação de óxidos e cloretos – de elementos que ele apenas supunha existir na natureza.

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Esta foi sem dúvida uma ousadia científica que poderia até ter sido confundida com pura adivinhação, mas Mendeleev estava tão seguro de seu trabalho que chegou a nomear três elementos ainda desconhecidos com os nomes eka–boro, eka–alumínio e eka–silício. Segundo ele, eles sucederiam o boro, o alumínio e o silício, daí o uso do prefixo “eka” que em sânscrito significa “primeiro”.

 

Tabela 2: Tabela mostrando as propriedades determinadas experimentalmente para o germânio e as propriedades previstas por Mendeleev para o mesmo elemento, por ele designado de eka–silício.

A Prova dos Nove

Quando a tal tabela periódica foi apresentada, não faltaram desconfianças no meio científico. O primeiro sinal de que Mendeleev tinha razão veio em 1874, quando o químico francês Paul Lecoq descobriu um novo elemento, o Gálio. Com massa atômica de 69 e propriedades que o colocavam no grupo do boro, entre o alumínio e o urânio, o Gálio era justamente um dos elementos previstos por Mendeleev.

Cinco anos depois, foi a vez do químico alemão Clemens Winkler descobrir o elemento germânio, que também preenchia um espaço na tabela de Mendeleev.

Uma das afirmações que ainda suscitavam suspeitas estava relacionada com o ouro e a platina. De acordo com o químico russo, os pesos conhecidos e aceitos destes elementos estavam errados; para ele, o ouro era mais pesado que a platina. Mais tarde, quando os pesos atômicos foram determinados com mais precisão, ficou provado que Mendeleev tinha razão.

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Química e Arte

Finalmente, as ideias ousadas e o gênio audacioso de Mendeleev lhe renderam um merecido reconhecimento. Mas ele não se dedicou exclusivamente à tabela periódica. Já havia estudado a temperatura crítica dos gases e prosseguiu sua vida acadêmica pesquisando a expansão de líquidos e a origem inorgânica do petróleo.

Na vida privada, atravessou momentos conturbados. Foi infeliz no primeiro casamento e ao conhecer sua segunda mulher, Anna Ivanova Popov, bem mais nova, teve dificuldades para casar porque não conseguiu um divórcio imediato da Igreja Ortodoxa. Mendeleev apelou ao Czar para não ser processado por bigamia.

Mendeleev teve quatro filhos com Anna. Sob a influência da nova esposa, voltou–se para o mundo das artes, tornando–se colecionador e crítico. Esta nova paixão não deve ter sido considerada nenhuma surpresa, afinal, Mendeleev fez arte com a química, desenhando e manejando cartas que representavam os elementos. Sua visão da ciência já era um indício de que existia uma veia artística dentro dele. Certa vez, disse: “Conceber, compreender e aprender a simetria total do edifício, incluindo suas porções inacabadas, é equivalente a experimentar aquele prazer só transmitido pelas formas mais elevadas de beleza e verdade”.

Mendeleev sofreu de catarata, como seu pai, e morreu em janeiro de 1907. Em 1955, o elemento de número atômico 101 da tabela periódica recebeu o nome Mendelévio em sua homenagem.

Figura 2: Foto de Mendeleev datada de 1897. A imagem digital foi disponibilizada pelo contribuidor Serge Lachnov através da WikiPedia Russa. A imagem está em domínio público porque o copyright expirou. A imagem é

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Dormindo ou Acordado?

Há quem desconfie da história a respeito do seu sonho, mas o fato é que, dormindo ou acordado, ele teve a ideia de criar a tabela periódica. A versão atual cataloga os 118 elementos conhecidos. Eles estão distribuídos em ordem crescente dos seus números atômicos, uma vez que o que dá identidade ao elemento é o seu NA, ou seja, número de prótons no núcleo, e não a sua massa atômica, como acreditava Mendeleev.

A tabela nos dá informações precisas sobre o comportamento de cada elemento e com ela, basta conhecer as propriedades de um elemento de determinado grupo para saber, de maneira geral, as propriedades do grupo todo.

Referências

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