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SE PERGUNTAREM, TÁ TUDO LIGADO, ESTÃO MONITORANDO TUDO : BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA INSTALAÇÃO DE CÂMERAS NA ESCOLA

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Academic year: 2021

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TUDO”: BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA INSTALAÇÃO DE

CÂMERAS NA ESCOLA

“SI PREGUNTAS, TODO ACTIVADO, ESTÁN MONITORANDO TODO”: BREVES CONSIDERACIONES ACERCA DE LA INSTALACIÓN DE CÁMARAS EN LA ESCUELA

LÍVIA VARGAS

Licenciada e Bacharel em Geografia (UFF), Mestranda em Geografia (UFF) Professora da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ)

professoraliviavargas@gmail.com

RESUMO: NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, PLACAS COM A INFORMAÇÃO “SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO!” SE TORNARAM COMUNS NOS VARIADOS LOCAIS DAS CIDADES BRASILEIRAS: BANCOS, SHOPPINGS, RUAS, PRAÇAS, CONDOMÍNIOS FECHADOS, HOSPITAIS. OS QUESTIONAMENTOS SOBRE A VIGILÂNCIA AMPLIADA NO ESPAÇO COTIDIANO SE VOLTAM AQUI PARA UM TERRITÓRIO ESPECÍFICO: A ESCOLA, QUE É, TAL QUAL AS PRISÕES E OS HOSPÍCIOS, CATEGORIZADA POR FOUCAULT (1987) ENQUANTO UMA INSTITUIÇÃO DISCIPLINAR ONDE OS MECANISMOS DE PODER, CAPAZES DE CONTROLAR O ESPAÇO, SE DESTACAM. O PRESENTE TRABALHO TEM POR OBJETIVO EVIDENCIAR O PAPEL DO MONITORAMENTO POR CÂMERAS NA ESCOLA E COMPREENDER A MANEIRA COM A QUAL ELAS INTENSIFICAM A DINÂMICA DE VIGILÂNCIA NO ESPAÇO ESCOLAR. DO PONTO DE VISTA EMPÍRICO, ESTE ARTIGO SE CONSTRÓI A PARTIR DE UMA OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE REALIZADA EM UMA ESCOLA ESTADUAL NA PERIFERIA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO.

PALAVRAS-CHAVE: ESCOLA; CÂMERAS; VIGILÂNCIA; MONITORAMENTO; BIOPOLÍTICA.

RESUMEN: EN LAS ÚLTIMAS DÉCADAS, PLACAS CON LA INFORMACIÓN “SONRÍA, USTED ESTÁ SIENDO FILMADO!” SE VOLVIERON COMUNES EN

LOS VARIADOS LUGARES DE LAS CIUDADES BRASILEÑAS: BANCOS, SHOPPINGS, CALLES, PLAZAS, CONDOMINIOS CERRADOS, HOSPITALES. LOS CUESTIONAMIENTOS SOBRE LA VIGILANCIA AMPLIADA EN EL ESPACIO COTIDIANO SE VUELVEN AQUÍ A UN TERRITORIO ESPECÍFICO: LA ESCUELA, QUE ES, TAL CUAL LAS PRISIONES Y LOS HOSPICIOS, CATEGORIZADA POR FOUCAULT (1987) COMO UNA INSTITUCIÓN DISCIPLINARIA DONDE LOS MECANISMOS DE PODER, CAPACES DE CONTROLAR EL ESPACIO, SE DESTACAN. EL PRESENTE TRABAJO TIENE POR OBJETIVO EVIDENCIAR EL PAPEL DEL MONITOREO POR CÁMARAS EN LA ESCUELA Y COMPRENDER LA MANERA CON LA CUAL ELLAS INTENSIFICAN LA DINÁMICA DE VIGILANCIA EN EL ESPACIO ESCOLAR. DESDE EL PUNTO DE VISTA EMPÍRICO, ESTE ARTÍCULO SE CONSTRUYE A PARTIR DE UNA OBSERVACIÓN PARTICIPANTE REALIZADA EN UNA ESCUELA ESTADUAL EN LA PERIFERIA DE LA REGIÓN METROPOLITANA DE RÍO DE JANEIRO.

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INTRODUÇÃO

O monitoramento por câmeras, têm se tornado algo cada vez mais comum nas últimas décadas. Diversos locais cotidianos, tais como: shoppings, agências bancárias, praças, hospitais, ruas, ônibus, condomínios fechados, e, também, as escolas (tanto nas redes públicas de ensino como nas redes privadas) passaram a ter sistemas de circuito de câmeras em suas dependências como um aparato de vigilância, normalmente utilizado em nome da “segurança”.

Na obra “Vigiar e Punir”, Michel Foucault (1987) classifica a escola enquanto uma instituição tipicamente disciplinar, lugar onde (assim como as prisões e os hospícios) os mecanismos de poder, capazes de controlar os indivíduos no espaço, se destacam. Tais controles são facilmente percebidos quando visitamos a maioria das escolas brasileiras: os horários rígidos, a disposição das mesas e cadeiras em sala de aula, os sinais sonoros, os inspetores, a caderneta escolar, o regulamento, dentre outros que variam de acordo com as instituições. Quando se trata de câmeras nas escolas, um espaço extremamente hierarquizado, vigiado e controlado, estas questões apresentam ainda mais notoriedade, especialmente em relação aos tensionamentos entre os sujeitos que produzem o espaço escolar, que veem seu cotidiano ser atravessado por certos processos resultantes da instalação de câmeras. No contexto de aumento da vigilância e controle das unidades de ensino, as câmeras representam um novo objeto técnico de monitoramento dos territórios ali construídos, inserida em meio à diversidade de dispositivos de controle. Nos últimos anos nota-se o crescimento de instalações de câmeras dentro das unidades escolares da Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro. Tal questão surpreende, já que, normal-mente, a instalação desses equipamentos requer alto investimento financeiro enquanto, no cotidiano das escolas, é nítida a precarização das infraes-truturas básicas que influenciam diretamente no processo de ensino-aprendizagem.

Dito isto, destacamos que o presente trabalho tem por objetivo apontar algumas reflexões sobre o papel do monitoramento por câmeras na instituição

escolar, o que inclui elucidar alguns desdobramentos cotidianos desta nova dinâmica de vigilância. O objeto de análise - que corresponde à escola selecionada para realização do estudo de caso - pertence à Rede Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro e está localizada no município de São Gonçalo, na região metropolitana do estado. Esta escola, que teve o processo de instalação de câmeras realizado recentemente, é, também, o local de exercício de docência da autora. Isto significa dizer que, do ponto de vista metodológico, esta pesquisa foi construída a partir de uma observação participante, fato que nos coloca – a princípio - em uma posição privilegiada em nosso campo, ao passo em que conseguimos melhor descrever as atividades daquilo e daqueles a quem observamos (SOMEKH & JONES, 2015). Quer dizer, enquanto docente da escola estudada, participamos de maneira ativa nas próprias relações presentes em seu cotidiano. A coleta de dados empíricos foi realizada por meio de instrumentos de observação semiestruturados registrados em caderneta de campo, além do uso de material fotográfico.

CÂMERAS NAS ESCOLAS: APROXIMAÇÕES TEÓRICAS

As escolas estão inseridas em uma sociedade em que a questão da segurança está em evidência. Por conta disso, prever e regular os “riscos” torna-se cada vez mais a prática cotidiana dos cidadãos e das instituições governamentais. Para o sociólogo Ulrich Beck (2010) a sociedade de risco corresponde a uma fase da moderna sociedade industrial em que a dinâmica de mudança e incerteza é tal que as insti-tuições de “controle e proteção” não conseguem dar conta da produção de riscos de todo tipo – políticos, ecológicos, individuais.

O termo sociedade de risco é utilizado para caracterizar nosso tempo, visto que a grande preo-cupação com o fato de “correr riscos” e as medidas preventivas aplicadas para reduzi-los tornam-se prioridade nos investimentos e discursos públicos (HAESBAERT, 2012, p. 75). Nos conceitos de “sociedade de segurança” e “biopolítica”, Michel

Foucault (1988) aprofunda a ideia de como a sociedade de risco está estruturada, notadamente

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ao evidenciar que estaria ocorrendo na sociedade contemporânea uma chamada crise da “sociedade disciplinar” e do “poder soberano” (FOUCAULT, 1988). Já dentre as diversas perspectivas que podemos utilizar para compreender a escola, e seus mecanismos de vigilância, também destacamos a abordagem foucaultiana. Em sua obra clássica “Vigiar e Punir”, o filósofo caracteriza a escola como uma instituição disciplinar estruturada por mecanismos de vigilância e controle do espaço com o objetivo de docilização dos corpos, utilizando a disciplina como forma de dominação, principalmente, a partir dos séculos XVII e XVIII (FOUCAULT, 1987, p. 118). Nas instituições disciplinares, a organização e o controle do espaço têm um protagonismo que se constitui como a base para as demais formas de dominação, o que nas próprias palavras de Michel Foucault quer dizer que “a disciplina procede em primeiro lugar à distribuição dos indivíduos no espaço” (FOUCAULT, 1987, p. 121). Através da análise do modelo do panóptico de Jeremy Bentham, Foucault designa suas funções em tais instituições:

(...) serve para emendar os prisioneiros, mas também para cuidar dos doentes, instruir os escolares, guardar os loucos, fiscalizar os operários, fazer trabalhar os mendigos e ociosos. É um tipo de implantação dos corpos no espaço, de distribuição dos indivíduos em relação mútua, de organização hierárquica, de disposição dos centros e dos canais de poder, de definição de seus instrumentos e de modos de intervenção, que se podem utilizar nos hospitais, nas oficinas, nas escolas, nas prisões. (FOUCAULT, 1987, p.170)

A arquitetura do panóptico, inserida nas instituições, tem como objetivo fazer com que o indivíduo se sinta vigiado em todos os momentos, não importando se o vigia está ou não exercendo o seu papel continuamente e, assim, como princípio fundamental, o próprio sujeito se transformará no seu próprio vigia a todo instante. A partir desta dinâmica espacial, outros tipos de controle são realizados, tais como os das atividades que terão espaços pré-definidos e a regulamentação temporal, de forma que o tempo terá também uma

enorme importância: “o tempo penetra o corpo, e com ele todos os controles minuciosos do poder” (FOUCAULT, 1987, p. 128), fazendo com que o ritmo, a repetição e a eficiência das ações tenham uma importante dimensão no controle exercido.

O controle do espaço e do tempo na escola é realizado através das disciplinas que se organiza em processos tais como a divisão das turmas em segmentos, estabelecendo séries organizadas em um tempo evolutivo, em que a realização de uma prova tem a finalidade de verificar se o indivíduo atingiu o nível esperado e diferenciar as capacidades de cada um (FOUCAULT, 1987, p. 133 - 134). Tais diferenciações medem de forma qualitativa e hierár-quica os indivíduos através da “penalidade perpétua que atravessa todos os pontos e controla todos os instantes das instituições disciplinares compara, diferencia, hierarquiza, homogeniza, exclui. Em uma palavra, ela normaliza.” (FOUCAULT, 1987, p. 153). Apesar do número ainda crescente de pessoas inseridas em tais instituições, podemos notar uma clara ineficácia em cumprir suas funções básicas, já que o poder de disciplinar os indivíduos, docilizando seus corpos, não tem atingido todos os resultados esperados. A partir deste momento, segundo Foucault, nota-se a crise deste tipo de sistema, a partir da metade do século XIX, quando passamos a ter como dominante a sociedade biopo-lítica que passa a se organizar em torno das novas penalidades através de técnicas que buscam garantir fatores de segregação e de hierarquização social. Desta forma irá garantir “relações de dominação e efeitos de hegemonia; o ajustamento da acumu-lação dos homens à do capital, a articuacumu-lação do crescimento dos grupos humanos à expansão das forças produtivas e a repartição diferencial do lucro” (FOUCAULT, 1988, p. 154). Assim, a principal forma de controle da sociedade biopolítica é caracterizada pelos dispositivos de segurança:

Dispositivo de segurança que vai, para dizer as coisas de maneira absolutamente global, inserir o fenômeno em questão a saber, o roubo, numa série de acontecimentos prováveis. Em segundo lugar, as reações de poder ante esse fenômeno vão ser inseridas num cálculo que é um cálculo de custo.

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Enfim, em terceiro lugar, em vez de instaurar uma divisão binária entre o permitido e o proibido, vai-se fixar de um lado uma média considerada ótima e, depois, estabelecer os limites do aceitável, além dos quais a coisa não deve ir. É, portanto, toda uma outra distribuição das coisas e dos mecanismos que assim se esboça. (FOUCAULT, 2008, p. 9)

Assim, as técnicas de controle consistem na reativação e na transformação das técnicas jurí-dico-legais, das técnicas disciplinares e nas segu-ranças que estão inseridas também nas velhas estruturas da lei e da disciplina. Segundo Foucault (2008) os dispositivos de segurança apresentam quatro características principais: os espaços de segurança, o tratamento aleatório, a forma de normalização e a correlação entre a técnica de segurança e a população. Tais características são apresentadas sempre correlacionando o biopoder com o poder soberano e disciplinar.

Para analisarmos como os dispositivos de segurança nos ajudam a compreender as formas de controle espacial, recorremos a Rogério Haesbaert (2014) que fez uma importante análise da forma com que cada poder enfatiza um tipo espacial:

Embora possamos e, em certo sentido, até mesmo devamos discordar dos termos espaciais expostos, mas pouco desdobrados por Foucault: “território”, “espaço” (hierárquico e funcional) e “meio”, sem dúvida é importante a distinção de ênfase proposta por ele em relação às diferentes técnicas espaciais que estão em jogo. Assim, se observarmos não como estágios sucessivos, mas como modalidades concomitantes, embora desigualmente articuladas, e tivermos o cuidado de precisar melhor o sentido geográfico de cada termo, sem dúvida teremos uma boa referência para o entendimento da espacialidade contemporânea. Tal como na relação inicialmente ressaltada entre soberania, disciplina e segurança, trata-se aqui de trabalhar de forma conjugada “território”, “espaço” (disciplinar) e “meio”.

(HAESBAERT, 2014, p. 168).

Podemos identificar, em um primeiro mo– mento, a instalação das câmeras na escola como um dispositivo de controle da sociedade biopolítica em busca do controle espacial inserido na instituição clássica disciplinar. Evidencia-se o caráter agluti-nador do poder disciplinar e biopolítico. O controle do “espaço disciplinar” está conectado, desta maneira,

com o controle do “meio”, já que para Foucault:

Os dispositivos de segurança trabalham, criam, organizam, planejam um meio antes mesmo da noção ter sido formada e isolada. O meio vai ser portanto aquilo em que se faz a circulação. (...) Portanto, é esse fenômeno de circulação das causas e dos efeitos que é visado através do meio. E, enfim, o meio aparece como um campo de intervenção em que, em vez de atingir os indivíduos como um conjunto de sujeitos de direito capazes de ações voluntárias - o que acontecia no caso da soberania -, em vez de atingi-los como uma multiplicidade de organismos, de corpos capazes de desempenhos, e de desempenhos requeridos como na disciplina, vai-se procurar atingir, precisamente, uma população. Ou seja, urna multiplicidade de indivíduos que são e que só existem profunda, essencial e biologicamente ligados à materialidade dentro da qual existem. O que vai se procurar atingir por esse meio é precisamente o ponto em que uma série de acontecimentos, que esses indivíduos, populações e grupos produzem, interfere com acontecimentos de tipo quase natural que se produzem ao redor deles. (FOUCAULT, 2008, p.28).

As câmeras instaladas na escola funcionam como dispositivos que podem controlar a população que circula naquele “meio”, ou seja: estudantes, docentes, funcionários da escola e toda a comu-nidade escolar. Com o objetivo de checar, quando necessário – desde que as imagens estejam arma-zenadas -, acontecimentos que fugiram a um padrão - disciplinar - esperado. Tal técnica de controle nesta instituição é recente e surge, contraditoriamente, a partir do momento em que há uma precarização da

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infraestrutura da escola que pode ser relacionada com o modelo econômico atual no qual:

Vivemos o domínio do capital financeiro, especulativo, que se desloca do setor efetivamente produtivo, gerador de empregos; uma economia pautada em setores de alta tecnologia, poupadores de trabalho; o desmonte do “Estado-providência” ou do bem-estar social (que também atuava como válvula de escape, empregando em épocas de crise) e a superação do padrão de acumulação fordista, em nome da globalização neoliberal e seus processos de “flexibilização” e privatização pós-fordistas.

Tudo isso se agrega para criar uma massa de expropriados que passa a ser considerada um problema, às vezes por sua simples mobilidade física e/ou por sua reprodução biológica (a mera “ocupação de espaços” dessa massa ou “população” vista como perigo ou risco). (HAESBAERT, 2014, p. 183).

A partir do momento em que a população inserida na rede pública de ensino está, em sua maioria, vinculada aos territórios¹ precários, a vigi-lância e o controle serão cada vez mais colocados como prioridade nos espaços em que ela circule - “meio” para Foucault. Para isso, diversas técnicas espaciais de controle serão utilizadas e, uma será através o uso das imagens das câmeras instaladas nas escolas.

A educação pública, incluindo a própria escola que é aqui tratada, está sendo atingida pela debilitação do Estado em aspectos essenciais do seu funcionamento, tais como: falta de funcioná-rios de apoio (todas as escolas da Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro estão sem porteiros desde o início de 2016²); diminuição drástica da verba de manutenção; ausência de concurso para funcionários de apoio; salários atrasados dos funcionários terceirizados (durante quase todo o ano de 2016); mudança do dia de pagamento dos servidores do 5º para o 10º dia útil; congelamento dos planos de carreira, dentre outros³.

Apesar deste contexto, de intenso desmonte da rede estadual de educação, diversas escolas

estaduais do município de São Gonçalo instalaram câmeras nos últimos anos. Ou seja, diante da inca-pacidade de manter os elementos que estruturam a escola como a clássica instituição disciplinar e caracterizam a tradicional forma de vigilância (como por exemplo: porteiros e inspetores de estudantes), o monitoramento por câmeras surge como uma nova modalidade, atrelada a tantas outras, de (ao menos tentar) manter o controle na escola diante de uma nova realidade do sistema capitalista.

Desta maneira faz-se necessário o diálogo com Deleuze (1992) que analisa a decadência da sociedade disciplinar na qual é constante a suposta necessidade de reformar tais instituições. Entretanto, de acordo com o autor, tal artifício não passaria de uma transição para a instalação do que ele irá denominar “sociedades de controle” em que “os controles são uma modulação, como uma moldagem auto-deformante que mudasse continua-mente, a cada instante, ou como uma peneira cujas malhas mudassem de um ponto a outro” (DELEUZE, 1992, p. 221). O monitoramento por câmeras nas escolas se encaixa nesta lógica, onde “as socie-dades de controle operam por máquinas de uma terceira espécie, máquinas de informática e compu-tadores, cujo perigo passivo é a interferência, e, o ativo, a pirataria e a introdução de vírus” (DELEUZE, 1992, p. 223), não apenas através desses aparelhos, mas também pela introdução de novas práticas de controle e vigilância pela Secretaria Estadual de Educação – que serão explicitadas adiante.

Na busca de realizar um diálogo e identificar quais as singularidades dos tipos de mecanismos disciplinares e de controle presentes na escola, recorremos a Veiga-Neto (2008):

(...) o controle não implica, necessariamente, uma ação contínua, mas sim e

necessariamente, uma ação continuada, infinita, de registros e armazenamento. Nesse sentido, ele é inverso da vigilância. Essa, sendo imposta o mais contínua, intensiva, ostensiva e precocemente possível, acaba sendo “incorporada” por aqueles que ela toma para si como objeto; o que resulta desse processo é bem conhecido: de objetos vigiados, cada um acaba se transformando

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em sujeitos que se vigiam a si mesmos – e que, por isso mesmo, são capazes de exercerem o autogoverno sobre si mesmos. O controle, mesmo estando a nos “ameaçar”, é episódico, descontínuo no que tange à coleta, processamento e armazenamento da informação. (...) se o panoptismo – na medida que o panóptico é capaz de realizar uma vigilância hierárquica, individualizante, microfísica e contínua – tornou-se a grande máquina arquitetural de disciplinamento, na modernidade, podemos, simetricamente, pensar no banco de dados como a grande máquina arquitetural de controle no

pós-moderno. (VEIGA-NETO, 2008, p. 51-52).

Nota-se que a instalação de câmeras nos territórios da escola indica uma mudança na ênfase do tipo de controle exercido no espaço: da arqui-tetura panóptica, tipicamente disciplinar, para o controle do meio, agora monitorado por câmeras. Tais transformações provocará,

consequente-mente, a reconstrução das relações de poder pelos sujeitos envolvidos nessa nova dinâmica.

Com o objetivo de compreender como os diversos ambientes (como locais de trabalho, bancos ou vias públicas) e, também, a escola podem ser racionalizados através do uso de câmeras de vigilância, o geógrafo Lucas Melgaço (2012) traz importantes contribuições ao tema ao classificar de três maneiras os usos das ações monitoradas: em função do passado, do presente ou do futuro:

(…) Em relação ao passado, as câmeras têm como objetivo registrar as ocorrências e servir de banco de dados para investigação e identificação. (…) Já em relação ao tempo presente, a câmera tem o objetivo de servir como uma extensão dos olhos do vigilante. (…) aquele voltado ao tempo futuro, é o que as câmeras desempenham com mais eficiência. Ele se refere à capacidade de evitar que uma ação ocorra ao induzir no possível infrator a sensação de que ele está sendo continuamente vigiado. (MELGAÇO, 2012, p. 199-200).

A classificação proposta demonstra que podemos relacionar os diferentes usos das câmeras com as características típicas da sociedade disci-plinar e, também, da sociedade de controle. A partir do momento que “(…) uma câmera esteja em funcionamento e ligada a um sistema de arma-zenamento de dados responde às finalidades de passado, presente e futuro” (MELGAÇO, 2012, p. 200) assim, havendo um sujeito exercendo uma vigilância contínua e se tais imagens servirem como dados para investigação e identificação, passíveis de serem utilizadas até mesmo judi-cialmente, tais características estão relacionadas com o modelo de vigilância disciplinar. Porém, esta forma de funcionamento das câmeras de vigilância permite a geração de um banco de dados com os registros das ações monitoradas, as gravações oferecem a oportunidade de “checar os fatos”, no efeito “enxugar gelo”, realizando o registro de cada vez mais ocorrências, característica típica da sociedade de controle. Como sintetiza Veiga-Neto:

(…) Isso não significa dizer que as disciplinas desaparecerão nem que o controle é algo novo. O que está acontecendo é uma mudança de ênfase, em que a lógica

disciplinar está sendo recoberta pelas técnicas de controle, tudo isso de modo a manter os riscos sociais em níveis minimamente seguros. É claro que continuamos a ser vigiados; o próprio panoptismo, mesmo que tomando novas feições, ainda está por toda a parte. O que está mudando rapidamente são os objetivos dessa nova vigilância: não mais para disciplinar, senão para conter e para registrar as informações acerca de nossas ações; certamente que não em rolos de pergaminho, mas em rolos magnéticos, discos ópticos e banco de dados, de modo que se possa, a qualquer momento no futuro, conferir, fiscalizar e examinar. (VEIGA-NETO, 2008, p. 52-53).

Percebe-se que em cada caso que a estrutura da vigilância por câmeras, incluindo o aparato tecno-lógico, é incompleta: não registrando as imagens em um banco de dados; ausência de manutenção dos aparelhos instalados impossibilitando a captura

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de imagens até para o uso “presente”; ou sequer instalando o sistema de cabos, fazendo com que somente o objeto das câmeras exista. Haverá a ênfase em características distintas da lógica disci-plinar ou das técnicas de controle.

CÂMERAS NAS ESCOLAS: BREVES CONSIDERAÇÕES

As escolas da Rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro vêm enfrentando, nos últimos anos, novas modalidades de controle de suas atividades impostas pela Secretaria Estadual de Educação. Como forma de identificar de que maneiras tais controles foram (e continuam sendo) atualizados, construímos um quadro sintetizador correlacionando as formas de controles tradicio-nais, relacionados à sociedade disciplinar, e as mais atuais, ligadas ao biopoder. Cabe ressaltar

que não nos propomos, neste trabalho, retomar historicamente a inserção de cada um desses novos tipos de controle nas unidades de ensino nem aprofundar quais são os procedimentos de controle exercido por cada um deles, mas identi-fica-los como atualizações dos mecanismos disci-plinares previamente existentes e, principalmente, contextualizar a inserção das câmeras nas escolas.

Na primeira coluna estão explicitados os métodos da disciplina, trabalhadas por Foucault em sua obra “Vigiar e Punir”, em que o autor caracteriza a estrutura organizacional das instituições discipli-nares. Através dessa leitura, da experiência da autora como docente na unidade de ensino estudada e do trabalho de campo foram identificadas as correlatas exemplificações de tais disciplinas presentes, hoje, nas escolas da Rede Estadual de Educação imbri-cadas com as técnicas de controle relacionadas ao biopoder, expostas na segunda coluna.

MECANISMOS DE CONTROLE NAS ESCOLAS ESTADUAIS: ENSAIO SOBRE AS MODALIDADES DE PODER FOUCAULTIANAS

PODER DISCIPLINAR BIOPODER

Arte das distribuições

Salas de aula, salas administrativas, sala dos professores, laboratórios, refeitório, quadra de esportes, carteiras nas salas

de aula (quadriculamento), corredores, pátio.

Câmeras monitoram alguns desses espaços

Controle da atividade

Horários rígidos, sinal sonoro, divisão dos turnos em “tempos” de até 50 minutos, diários de classe, evitar desperdiçar tempo.

Flexibilidade no horário para entrada dos estudantes na escola; Sistema de notas e frequência Online (regula o “fluxo” das notas. Estudantes faltosos – preenchimento de relatórios

(FICAI), podendo acionar o conselho tutelar)

Cartão RioCard para acesso à gratuidade no transporte público Organização das gêneses

Divisão em disciplinas e anos de escolaridade, demarcação de tempo para estar em um determinado nível

Criação de turmas de “correção de fluxo” Vigilância Hierárquica

SEEDUC à Regionais Metropolitanas – Fiscalizações – Direção – Coordenação ßà Inspetores à Professores ßà Estudantes

GIDE - Gestão Integrada da Escola Sanção Normalizadora

Normas escolares: tempo, atividade, maneiras autorizadas de ser, discursos, do corpo, da sexualidade X Punições:

gratificação-sanção

Currículo escolar: currículo mínimo, atividades autorreguladas Sistema de bonificação: IDERJ (ID – SAERJ + IF – Indicador de fluxo escolar) + Indicador Geral do Estado do Imóvel (IGE) O Exame

Obrigatoriedade de três instrumentos avaliativos por disciplina; recuperação paralela; plano de dependência de disciplinas

Avaliações Externas: SAERJ (até 2016), Prova Brasil, ENEM

Arquitetura panóptica Monitoramento por câmeras

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Escolhemos, portanto, abordar minuciosa-mente as questões conectadas diretaminuciosa-mente com a atualização acerca do monitoramento das câmeras. A “arte das distribuições” está relacionada com a forma de organização onde: “A disciplina procede em primeiro lugar à distribuição dos indivíduos no espaço. Para isso, utiliza diversas técnicas” (FOUCAULT, 1987. p. 121) e, na própria arquite-tura escolar, encontra-se o cercamento aliado ao

quadriculamento (grifo do autor) que apresentam

como objetivos:

(...) estabelecer as presenças e as ausências, saber onde e como encontrar os indivíduos, instaurar as comunicações úteis, interromper as outras, poder a cada instante vigiar o comportamento de cada um, apreciá-lo, sancioná-lo, medir as qualidades ou méritos. Procedimento, portanto, para conhecer, dominar e utilizar. (FOUCAULT, p. 123).

Encontra-se tal organização mantida nas escolas e com a atualização do monitoramento por câmeras desses “quadriculamentos”. Há uma singu-laridade desse novo tipo de controle em relação aos demais contidos na tabela que foram, em sua maioria, impostos por decretos. Na escola estudada a instalação do sistema de vigilância não foi uma deliberação da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC), mas sim da equipe diretiva. No momento em que iniciamos esta pesquisa, não havia câmeras instaladas na escola que a autora exerce a função de docente. Porém, na primeira reunião geral do ano de 2017, realizada pela equipe diretiva em que maior parte dos docentes estavam presentes, a diretora da unidade escolar anunciou que logo se iniciaria o processo de instalação dos aparelhos e que o serviço já havia sido pago. A decisão de contratar o serviço, aumentando o moni-toramento da unidade, foi tomada sem nenhuma consulta à comunidade escolar. Após o anúncio da notícia houve um único questionamento, de um professor, que prontamente indagou sobre a possível instalação de câmeras nas salas de aula, o que foi negado pela diretora.

Neste caso, a preocupação com a insta-lação dos aparelhos está relacionada com a sua

própria vigilância, já que a sala de aula é conside-rada, na dinâmica escolar através dos seus usos, como o território do professor, ali o docente é considerado a autoridade máxima, inclusive acima de qualquer sujeito componente da equipe diretiva. Em contrapartida, o professor que realizou a fala não demonstrou preocupação com a vigilância exercida pelas câmeras nos demais territórios da escola. Esta atitude já demonstra uma defesa do seu território diante da possibilidade de monito-ramento do seu trabalho, já que a sala de aula é o principal local de exercício das suas atividades, onde sua autonomia pode ser exercida.

A instalação das câmeras teve início durante o recesso escolar (durante a segunda quinzena do mês de julho de 2017). Na volta às aulas havia cinco câmeras distribuídas pela escola: na rampa que liga o primeiro ao segundo andar, e outras duas em cada corredor das salas de aula (nos segundos e terceiros andares). A finalização da instalação ocorreu em setembro, e que foram colocadas, ao todo, dezesseis câmeras distribuídas pela escola principalmente onde há uma maior circulação dos estudantes. Uma tela de catorze polegadas que permite ver as imagens capturadas pelos aparelhos foi alocada na sala da secretaria escolar.

Um fato curioso é que na volta às aulas pós-recesso, só descobrimos que as câmeras foram instaladas através de estudantes de uma turma que ocupa uma das salas de aula que estão no raio de alcance das câmeras instaladas no corredor do segundo andar. Saímos da sala de aula para pegar o diário de classe na sala dos professores – no mesmo corredor - na volta, espontaneamente, os estudantes começaram a conversar sobre as câmeras – era o segundo dia de atividades do segundo semestre: “Professora, viu que agora tem câmeras na escola?”; “Com certeza tem câmera escondida na escola!”; “Protesta! Tá virado pra nossa turma!”; “Tinha que estar virado para o corredor essa desgraça!”; “Ter câmera na escola eu até entendo porque não tem como a mulher vigiar lá em cima, mas virada logo pra cá?”; “Professora, tem uma lá em cima que já puxaram, mas as meninas da limpeza já avisaram pra direção”; “Botaram a câmera pra cá porque a gente é o terror do ‘Brizolão’! (Risos)”.

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Percebe-se que, no primeiro momento, os estudantes demonstram insatisfação com a insta-lação das câmeras por ela estar voltada direta-mente para a sala de aula (Figura 1), onde eles permanecem durante a maior parte do tempo enquanto estão na escola e, dessa forma, se sentiram mais monitorados. Ainda assim naturali-zaram a necessidade da vigilância nos corredores, elucidando, inclusive, a precarização sofrida na estrutura dos mecanismos de vigilância da insti-tuição disciplinar pela falta de funcionários, no caso a figura do inspetor escolar, reconhecendo que há uma dinâmica de vigilância e disciplina que deveria ser mantida para o funcionamento da escola.

A mesma turma, durante a aula de outro professor, ao final da semana, pediu para que a porta permanecesse aberta, pois assim eles poderiam ser filmados e teriam provas para reclamar na direção sobre eventuais brigas e furtos que viessem a ocorrer na sala de aula, ou seja, uma visão de que o monitoramento pode ajudar a evitar riscos e funcionar também como uma forma punitiva diante das quebras das normas instituídas. No mesmo dia, à tarde, durante a conversa entre os estudantes, que estavam em uma sala do terceiro andar, começaram a especular sobre o funcionamento da novidade encontrada na volta às aulas: “Olha a câmera, hein!”; “Não, essa só funciona se você mexer”; “Essa daí não é assim não”. O que demonstra o conhecimento sobre tipos existentes das câmeras e suas possíveis modalidades de monitoramento.

Quando saímos de sala para trocar de turma perguntei à inspetora, que estava sentada no corredor, qual câmera havia sido puxada, ela apontou para uma das instaladas e disse “Se perguntarem, tá tudo ligado, estão monitorando tudo!” e riu ao final. Assim, descobriu-se que, na realidade, o que havia sido colocado nos corre-dores, até então, eram apenas os objetos das câmeras, sem a instalação do sistema técnico (incluindo os fios, sistema de eletricidade, monitor para visualização etc.) para captura das imagens. Com esse discurso nota-se que uma das intenções, ao menos inicial, era de fazer com que os estu-dantes já se sentissem monitorados pelas câmeras,

mesmo com elas desligadas. Neste caso podemos indicar que esse uso das câmeras está relacio-nado com o tempo futuro, já que as câmeras estão desligadas e exercem apenas um efeito coercitivo, onde a capacidade de evitar ações que fujam às normas e regras é maior logo após à instalação dos aparelhos (MELGAÇO, 2012, p. 200).

Em outra turma do mesmo turno também houve comentários: “Instalaram câmeras, agora que eu vi”; “Só agora?”; “Quando fizeram isso?”; “Deve ter sido nas férias”; “Tem câmera no buraquinho da parede, minicâmera”; “Vai estragar a privacidade dos outros”; “Você acha que a escola é burra? Colocaram minicâmera para aluno não quebrar”; “Nada a ver”; “Vai sim, tem vândalo. Vão pensar ‘minha mãe tá olhando se tiver em outra sala’”. Fica

evidente com essas falas o reconhecimento dos estudantes de que a escola controla, vigia e que pode, inclusive, realizar essas ações de maneira com que não sejam visíveis para eles. Sinalizam Figura 1 | Câmeras no corredor do segundo andar na escola estudada. Foto | Lívia Vargas, 30 ago. 2017.

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também que na visão deles isso pode ferir a priva-cidade dentro da escola, apontando para o debate de uma questão ética do uso desses aparelhos. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho apresenta um esforço inicial para compreender as dinâmicas que envolvem a inserção dos novos mecanismos de controle relacionados ao biopoder na escola, desvelando os possíveis rebatimentos no controle espacial da escola.

Cabe ressaltar, neste momento, o tipo de abordagem que fizemos, que está conectada com a nossa experiência na escola - no chão da sala de aula. Se de um lado, a riqueza desta vivência nos possibilita o contato direto com objeto empírico estudado, em outra mão, entendemos que também estamos inseridos nessa dinâmica de controle, o que também (pode) nos transformar em alvo de nossas análises.

Aqui, contextualizamos a instalação de câmeras como uma das novas formas de controle na instituição disciplinar escolar estudada. Perce-bemos que tais formas de controle das atividades escolares ganham uma nova roupagem, podendo ser caracterizados como dispositivos de controle típicos da sociedade de controle, segundo Deleuze (1992) ou da sociedade biopolítica, de acordo com Foucault (2008), influenciando diretamente na dinâmica escolar e das próprias relações de poder entre os sujeitos envolvidos.

A instalação de câmeras está relacionada na escola com o controle exercido pela equipe diretiva, diferentemente dos outros mecanismos relacionados à sociedade biopolítica ou de controle, já que a atuação desse poder está in loco e está atrelada às práticas escolares cotidianas. Ou seja, o controle do espaço onde a escola funciona está sob responsabilidade de um grupo de pessoas que hoje é eleita pela comunidade escolar – que é, a rigor, uma das conquistas da categoria durante a greve de cinco meses ocorrida em 2016, e que muda a dinâmica dos anos anteriores, em que o cargo de direção era instituído por determinação direta da SEEDUC, sem qualquer consulta aos sujeitos escolares.

Neste contexto cabe-nos perguntar: quais são os pretensos tipos de controle, objetivos e subjetivos, que as câmeras proporcionam quando estão inseridas na escola?

NOTAS

1 Neste trabalho trabalhamos com a abordagem integradora de

território no qual “pode ser concebido a partir da imbricação de múltiplas relações de poder, do poder mais material das relações econômico-políticas ao poder mais simbólico das relações de ordem mais estritamente cultural.” (HAESBAERT, 2007, p. 79).

2 ‘Escolas da rede estadual do RJ estão desde o início do ano sem

porteiros’. Disponível em: <http://cbn.globoradio.globo.com/default. htm?url=/rio-de-janeiro/2016/04/01/ESCOLAS-DA-REDE-ESTADUAL--DO-RJ-ESTAO-DESDE-O-INICIO-DO-ANO-SEM-PORTEIROS.htm>.

Acesso em: 01 set. 2016.

3 As informações foram coletadas durante a experiência como

docente na escola estudada.

REFERÊNCIAS

BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2010. 384p.

DELEUZE, Gilles. “Post-Scriptum” Sobre as sociedades de controle. In: DELEUZE, Gilles. Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. 240p. p. 219-226.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 24ª ed. Petrópolis: Vozes, 1987. 288p. FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988. 176p.

FOUCAULT, Michel. Segurança, território e população: curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 590p.

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HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2007. 400p.

______. Cidade “i-mobilizada”: contenção e contornamento como estratégias territoriais de controle. In: BARBOSA, J. L.; LIMONAD, E. (Org.). Ordenamento territorial e ambiental. Niterói: EdUFF, 2012. 282p. p. 73-94.

______. Viver no limite: território e multi/transterritorialidade em tempos de in-segurança e contenção. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2014. 320p.

MELGAÇO, Lucas. Estudantes sob controle: a racionalização do espaço escolar através do uso de câmeras de vigilância. O social em questão, Rio de Janeiro, v. 15, n. 27, p. 179-192, 2012.

SOMEKH, B. & JONES, L. Observação. In: SOMEKH, B. & LEWIN, C (Org.). Teoria e métodos de pesquisa social. Petrópolis: Vozes, 2015. 472 p. p. 183-191

VEIGA-NETO, Alfredo. Crise da modernidade e inovações curriculares: da disciplina para o controle. In: XIV ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO. 14., 2008, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre. p. 35-58.

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