PARECER Nº 040/2017-SJ
INTERESSADO – Junta Médica da Prefeitura de Porto Velho – RO.
ASSUNTO: Atestado Médico.
EMENTA: Atestado médico. Servidor público Municipal. Código de Ética Médica. Exigência de Relatório médico assistente nos atestados médicos para junta médica. Resolução CFM nº 1658/2002. Resolução CFM 1851/2008. Decreto 7003/2009. DO PARECER ATESTADO MÉDICO
Atestado médico trata-se de um documento de fé pública, no qual é parte integrante do atendimento, portanto é direito do paciente solicitá-lo possuindo função básica confirmar a veracidade de um ato médico realizado.
Para Souza Lima (1904)(1), criador do ensino prático da medicina legal, o atestado ou certificado médico “é a afirmação simples, por escrito, de fato médico e suas consequências”. Concordam Croce e Croce Jr. (1995)(2): “trata-se de documento indicativo de uma atestação, no qual se afirmam fatos ou situações que têm uma existência, uma obrigação”.
A responsabilidade pela emissão do atestado médico é de profissional ativo devidamente habilitado e inscrito no CRM, que deve confeccioná-lo em receituário próprio e sem rasuras, garantindo sua validade legal, e com letra legível (ou digitado em computador), atendendo aos objetivos ético e prático de ser entendido corretamente pelo paciente, bem como pela pessoa e/ou a instituição a qual o documento se destina.
JUNTA MÉDICA OFICIAL
É composta por 02 ou mais médicos, geralmente 03, investidos em função pericial, mediante designação formal.
A junta médica oficial poderá ser designada pela autoridade administrativa do órgão a que estiver vinculada a pessoa a ser periciada, o que ocorre na administração pública, ou pode ser nomeada por Juiz, quando entender que o parecer médico-pericial subsidiará seu julgamento.
Outrossim, esse recurso pode ser utilizado para atender diligencias do Ministério Público, entre outros de ocorrência menos frequente.
A junta médica oficial recebe missão específica, visando a definir o nexo de causalidade objeto do julgamento, em nível judicial ou administrativo.
A junta médica poderá recorrer a exames subsidiários, pareceres de outros especialistas, informações contidas em prontuário médico, sempre buscando melhor consistência em sua conclusão.
ATESTADOS MÉDICOS
O Conselho Federal de Medicina criou Resolução nº 1658/2002 e alterações na Resolução 1851/2008 normatizando a emissão de atestados médicos, definindo procedimentos de acordo com o Código de Ética Médica.
O art. 3º da Resolução CFM 1851/2008 estabelece o seguinte:
Art. 3º Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos:
I - especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação do paciente;
II - estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente;
IV - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina.
Parágrafo único. Quando o atestado for solicitado pelo paciente ou seu representante legal para fins de perícia médica deverá observar:
I - o diagnóstico;
II - os resultados dos exames complementares; III - a conduta terapêutica;
IV - o prognóstico;
V - as consequências à saúde do paciente;
VI - o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação, que complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a decisão do benefício previdenciário, tais como: aposentadoria, invalidez definitiva, readaptação;
VII - registrar os dados de maneira legível;
VIII - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina.
De acordo com a legislação supracitada, o médico deve cumprir todos os requisitos para emissão do atestado médico de forma objetiva e clara acerca da real necessidade do paciente para suas atividades pessoais.
Observando que a Junta Médica oficial possui prerrogativa de fiscalizar os atestados médicos, podendo requer do profissional médico assistente que seja acrescentado informações acerca do excesso de concessão de dias no Atestado Médico, caso a Junta Médica julgue necessário.
Sendo assim, o médico perito da Junta Médica não deve admitir conclusão pericial insegura ao se deparar com atestado não esclarecedor, podendo o mesmo requerer relatórios médicos assistenciais ou pesquisas realizadas no prontuário do setor médico assistencial.
ATESTADO MÉDICO PARA FIM DE PERÍCIA
Considerando que o Médico Assistente vivencia o dia-a-dia do paciente, faz o atendimento, a avaliação, o diagnóstico e o tratamento do assistido, deverá prestar as informações necessárias para complementar o exame pericial, uma vez que no Atestado Médico emitido para fins de exame
pericial deverá constar, o diagnóstico da doença, sua evolução, sua duração, as condutas e respostas terapêuticas, os exames comprobatórios e, se possível, o prognóstico e deve sugerir, inclusive o tempo estimado de afastamento do trabalho para a recuperação do seu paciente.
ATESTADO MÉDICO SEM FIM DE PERÍCIA MÉDICA
Este não obriga o médico assistente a consignar relatórios e demais exames em anexo no atestado médico, salvo se a junta médica entender necessário acrescentar demais informações para subsidiar sua decisão.
DO PARÂMETRO DE AFASTAMENTO POR MOTIVO DE DOENÇA
Considerando o Decreto 19.163/2014 do Estado de Rondônia, o qual dispõe de normas Técnicas Médico-Periciais, estabelece no anexo I os parâmetros de afastamento das principais doenças geradora de licenças por motivos médicos e odontológicos com base na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).
Conforme dispõe a Constituição Federal, na ausência de norma municipal, o mesmo pode valer-se a utilizar a norma estadual ou federal para dirimir e suprir a falta, aplicando a razoabilidade e proporcionalidade.
CONCLUSÃO
Por todo exposto, o entendimento do jurídico deste Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia, que o Médico Assistente e Perito, devem conhecer dos Parâmetros de Afastamento por Motivo de Doenças geradora de licenças por motivos médicos e odontológicos constante no Decreto supracitado, com isso, poderá ser minimizado as divergências no estabelecimento de prazos de afastamento nos atestados por parte do médico assistente e entendimento do perito da Junta Médica. Seria de grande relevância a aplicação do Decreto Estadual em âmbito municipal para toda
comunidade médica tomar ciência, estimulando parceria entre junta médica e médico assistente em prol da saúde pública e seus usuários.
É o parecer, salvo melhor juízo.
Porto Velho/RO, 19 de junho de 2017.
Felipe Godinho Crevelaro Marcos A. do N. de S. Sobrinho Assessor Jurídico Assessor Jurídico