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A cidade e. as serras. Eça de Queirós. Profª Neusa

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(1)

A cidade

e

as serras

Eça de Queirós

(2)

Conjunto das obras de Eça de Queirós

3 fases:

1ª- Ideologia romântica:

Prosas Bárbaras

2ª- Realismo- Naturalismo

:

O crime do padre Amaro (1875) O primo Basílio (1878)

crítica ácida

reforma social

zoomorfismo

(3)

3ª -

Realismo-fantasia

:

A ilustre casa de Ramires (1900)

 crítica

 postura mais

humanista

 otimismo

A cidade e as serras

(1901) Conto “Civilização”

(4)

Dance at the Moulin Rouge, Henri de Toulouse-Lautrec. French Post-Impressionist Painter, Printmaker (1864-1901)

(5)

O concerto, James Tissot 1836-1902

(6)

Caricatura representando D. Pedro IV e D. Miguel I a brigar pela coroa portuguesa, por Honoré Daumier, 1833.

(7)
(8)

Cidade

Paris (Champs-Élysées)

Palacete

,

o 202

Desde o berço (...) Jacinto medrou com a segurança, a rijeza, a seiva rica de um pinheiro das dunas. Não teve sarampo, e não teve lombrigas. As letras, a tabuada, o latim entraram por ele tão facilmente como o sol por uma vidraça (...) Rijo, rico, indiferente ao Estado e ao Governo dos homens, nunca lhe conhecemos outra ambição além de compreender bem as ideias gerais (...). Por isso nós lhe chamávamos o Príncipe da Grã-Ventura.

(9)

Então o meu Príncipe, sucumbido,

arrastou os passos até ao seu

gabinete, começou a percorrer

todos os aparelhos completadores e

facilitadores da vida – o seu

telégrafo, o seu telefone, o seu

fonógrafo, o seu radômetro, o seu

gramofone, o seu microfone, a sua

máquina de escrever, a sua

máquina de contar, a sua imprensa

elétrica, a outra magnética, todos os

seus utensílios, todos os seus tubos,

todos os seus fios (...). E toda a sua

suntuosa mecânica se conservou

rígida, reluzindo frigidamente,(...)

Homem no balcão, 1880

Gustave Caillebotte

(10)

Amarrotara com cólera a carta começada eu escapei, respirando, para a Biblioteca. Que majestoso armazém dos produtos do Raciocínio e da Imaginação! Ali jaziam mais de trinta mil volumes, e todos decerto essenciais a uma cultura humana. Logo à entrada notei, em ouro numa lombada verde, o nome de Adam Smith. (...). Avancei – e percorri, espantado, oito metros de Economia Política. Depois avistei os Filósofos e os seus comentadores, que revestiam toda uma parede, desde as escolas Pré-socráticas até às escolas Neopessimistas. (...) Contornei essa colina, mergulhei na seção das Ciências Naturais (...)

(11)

Eram os dois homens de Madame de Trèves – o marido, conde de Trèves,(...), e o amante, o terrível banqueiro judeu, David Efraim. (...) Num relance, rebuscando charutos sobre a mesa de limoeiro, compreendi que se tramava a Companhia das Esmeraldas da Birmânia, medonha empresa em que cintilavam milhões, e para que os dois confederados de bolsa e de alcova, desde o começo do ano, pediam o nome, a infância, o dinheiro de Jacinto.

Caricatura

e ironia

(12)

A igreja ancestral em Tormes desaba

Três dias depois desta festa no 202 recebeu o

meu Príncipe inesperadamente, de Portugal, uma

nova considerável. Sobre a sua Quinta e solar de

Tormes, por toda a serra, passara uma tormenta

devastadora de vento, corisco e água. Com as

grossas chuvas, (...), um pedaço de monte, que

se avançava em socalco sobre o vale da Carriça,

desabara, arrastando a velha igreja, uma

igrejinha rústica do século XVI, onde jaziam

sepultados os avós de Jacinto desde os tempos

de el-rei D. Manuel. Os ossos veneráveis desses

Jacintos jaziam agora soterrados sob um montão

informe de terra e pedra.

(13)

Melancolia

Edvard Munch ost (1894)

- Jacinto anda tão murcho, tão corcunda... Que será, Grilo? O venerando preto declarou com uma certeza imensa:

- S. Exª. sofre de fartura. (...)

Jazer, jazer, em casa, na segurança das portas bem cerradas e bem defendidas contra toda a intrusão do mundo, seria uma doçura para o meu Príncipe se o seu próprio 202, com todo aquele tremendo recheio de Civilização, não lhe desse uma sensação dolorosa de abafamento, de atulhamento!

(14)

Foi então que o meu Príncipe

começou a ler apaixonadamente,

desde o Eclesiastes até

Schopenhauer, todos os líricos e

todos os teóricos do Pessimismo.

(15)

Mas a Basílica em cima não nos interessou, abafada

em tapumes e andaimes, toda branca e seca, de pedra

muito nova, ainda sem alma. E Jacinto, por impulso

bem Jacíntico, caminhou gulosamente para a borda do

terraço, a contemplar Paris. Sob o céu cinzento, na

planície cinzenta, a Cidade jazia, toda cinzenta, como

uma vasta e grossa camada de caliça e telha.

(16)

Acordei envolto num largo e doce silêncio. Era uma Estação muito sossegada, muito varrida, com rosinhas brancas trepando pelas paredes – e outras rosas em moitas, num jardim, onde um tanquezinho abafado de limos dormia sob mimosas em flor que recendiam.

(...)

-Então é Portugal, hem?... Cheira bem. (...)

Rolávamos na vertente duma serra, sobre penhascos que desabavam até largos socalcos cultivados de vinhedo. (...) Pelo rio, onde a água turva e tarda nem se quebrava contra as rochas, descia, com a vela cheia, um barco carregado de pipas. Para além, outros socalcos, dum verde pálido de resedá, com oliveiras apoucadas pela amplidão dos montes, subiam até outras penedias que se embebiam, todas brancas e assoalhadas, na fina abundância do azul.

(17)

Mito do

Sebastianismo

E

eu

próprio

me

impressionei,

quando

o

Melchior me contou que o

João Torrado, um velho

singular daqueles sítios, de

grandes barbas brancas,

(...), um pouco adivinho,

morador misterioso duma

cova no alto da serra, a

todos afirmava que aquele

senhor

era

El-Rei

D.

Sebastião, que voltara!

(18)

Final

Finalmente abalei uma tarde, depois de lançar da minha janela, sobre o Boulevard, as minhas despedidas à Cidade: -Pois adeuzinho, até nunca mais! Na lama do teu vício e na poeira da tua vaidade, outra vez, não me pilhas! (...). Adeuzinho!

E na verdade me parecia que, por aqueles caminhos, através da natureza campestre e mansa – o meu Príncipe, atrigueirado nas soalheiras e nos ventos da Serra, a minha prima Joaninha, tão doce e risonha mãe, os dois primeiros representantes da sua abençoada tribo, e eu – tão longe de amarguradas ilusões e de falsas delícias, trilhando um solo eterno, e de eterna solidez, (...), serenamente e seguramente subíamos – para o Castelo do Grã-Ventura!

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