• Nenhum resultado encontrado

Jozane Lima Santiago. Universidade Federal do Amazonas. Profa. de Sociologia Rural e Cooperativismo e Comercialização Agrícola

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Jozane Lima Santiago. Universidade Federal do Amazonas. Profa. de Sociologia Rural e Cooperativismo e Comercialização Agrícola"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

Os sistemas agroflorestais tradicionais: uma alternativa de conservação

da agrobiodiversidade e seguridade alimentar dos caboclos-ribeirinhos

nos agroecossistemas Amazonicos

Jozane Lima Santiago. Universidade Federal do Amazonas. Profa. de

Sociologia Rural e Cooperativismo e Comercialização Agrícola

Therezinha de Jesus Pinto Fraxe. Profa. do Programa de Pós Graduação em

Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

Albejamere Pereira de Castro. Profa. de Extensão Rural. Pesquisadora do

Núcleo de Socioeconomia

Resumo

A agricultura familiar no Amazonas é caracterizada pelos Sistemas Agroflorestais (SAF’s) diversificados, que representam, através de sua forma e estrutura, os mecanismos, as habilidades e as técnicas necessárias para uso e manejo da diversidade dos recursos naturais. Diante da importância desses sistemas para a agricultura familiar, a pesquisa buscou caracterizar os sistemas agroflorestais encontrados em nove comunidades ribeirinhas no Amazonas: Santa Luzia da Ilha do Baixo – SLBA; Nossa Senhora das Graças – NSG; Nossa Senhora de Nazaré – NSN; Bom Jesus – BJ; Santo Antônio – SAN; Matrinxã – MAT; Lauro Sodré – LS; Esperança II – EII e Santa Luzia do Buiuçuzinho – SLBU. Focou-se no aprofundamento das discussões acerca do conhecimento tradicional associado às práticas de cultivo, ao uso e manejo dos recursos dos ecossistemas de várzeas e terra firme para a reprodução socioeconômica das populações tradicionais locais, dinâmica produtiva que integra terra, água e floresta, ou seja, os meios de produção da vida material e imaterial. Para a realização do trabalho, optou-se pelo Diagnóstico Rápido Participativo, que consiste em um exame intensivo da unidade de estudo, utilizando-se várias técnicas das ciências sociais e humanas. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, mapas mentais e observação participante. Foi possível analisar a composição e a dinâmica ecológica dos sistemas agroflorestais estudados, nos quais está embasada a produção agrícola das comunidades inseridas na pesquisa. Os critérios utilizados pelos agricultores amazônicos para direcionar as decisões relativas às atividades agrícolas na agricultura familiar não visam apenas à rentabilidade, mas principalmente atender as necessidades básicas da família.

(2)

Introdução

Os sistemas agroflorestais são definidos como sistemas de uso da terra em que os cultivos de espécies agrícolas de ciclo curto são combinados de forma simultânea ou sequencial com o cultivo de espécies arbóreas sobre a mesma unidade de manejo da terra (AMADOR; VIANA, 1998), podendo ser associado ao manejo de criação de animais (NAIR, 1993; DUBOIS, 1996; SMITH, et al.,1998). Os quintais e/ou sítios implantados pelos agricultores familiares tradicionais constituem a área ao redor da casa do produtor onde são cultivadas árvores frutíferas, grãos, hortaliças, plantas medicinais e ornamentais, além da criação de animais, e têm como finalidade principal a complementação da produção obtida em outras áreas de produção da propriedade, tais como: a roça, a floresta e as capoeiras melhoradas.

Registrou-se que os agricultores das comunidades de várzea, principalmente, os de Manacapuru e Iranduba, Baixo Solimões e Careiro da Várzea cultivam em seus quintais uma maior diversidade de olerícolas que os agricultores de Coari em área de terra firme. O cultivo das olerícolas é realizado principalmente com fins de manutenção da família em área de terra firme, porém em área de várzea, parte entra no circuito da comercialização.

O cultivo de plantas herbáceas ornamentais foi observado em todas as comunidades das microrregiões pesquisadas, especialmente em agroecossistema de terra firme. A distribuição destas plantas se dá principalmente na frente ou ao lado das casas nos quintais florestais. Estas plantas são manejadas principalmente pelas mulheres, que todos os dias regam e uma vez por mês adubam com adubos orgânicos preparados na própria unidade de produção. A dispersão das plantas ornamentais ocorre através das mulheres que trocam entre si mudas de plantas para enriquecer seus jardins caseiros. Segundo os agricultores entrevistados, a principal função destes cultivos é a de enfeitar dando cores e beleza ao ambiente.

Outro cultivo de grande importância para os agricultores familiares amazônicos é o de plantas medicinais. Em todos os quintais florestais, há presença de jiraus ou cercados contendo as plantas medicinais. A medicina caseira faz parte do ethos de vida desses indivíduos, que possuem uma outra visão do universo da saúde e da doença, bem como práticas de cura ligadas a percepções sobrenaturais de suas causas.

Há ainda o cultivo da mandioca e macaxeira, principal carboidrato consumido pelos produtores rurais da região, além do milho, feijão e cultivos de malva e juta principalmente em Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Nazaré, Bom

(3)

Jesus, Santo Antônio e Matrinxã comunidades do Médio e Baixo Solimões. A fruticultura apresenta-se com uma diversidade de espécies (perenes e anuais) utilizadas tanto para consumo quanto para a comercialização no mercado da sede do município ou na capital do estado.

Como parte das conclusões dos trabalhos realizados, infere-se que os SAFs podem ser pensados como uma alternativa apropriada para o uso das terras agrícolas da bacia Amazônica, por apresentarem estrutura de produção sustentável diversificada: cultivo de plantas de ciclo anual, perene, essências florestais e criação de animais. Percebeu-se ainda que os recursos naturais não são percebidos apenas como matéria-prima a ser apropriada para a subsistência material dos sujeitos, mas como elementos integrantes da vida social, onde a vida natural e sobrenatural co-habitam e reproduzem-se por meio dos mitos, lendas, crenças, festejos religiosos, práticas de cura, torneios de futebol, entre outros. Dessa forma, têm grande potencial para a geração de renda com a comercialização dos produtos agrícolas e florestais, visando à melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares nas comunidades das microrregiões do Amazonas, sem, contudo, causar impactos socioeconômicos negativos, pois estas comunidades praticam de forma consciente uma agricultura adaptada às condições ambientais da Amazônia.

Procedimentos metodológicos

Área de estudo

O estudo foi realizado em nove comunidades ribeirinhas no Amazonas, localizadas nas microrregiões do Médio Solimões e Baixo Solimões Os sujeitos da pesquisa foram os agricultores e agricultoras familiares escolhidos de acordo com os subsistemas agroflorestais existentes nas propriedades, dando relevância: a roça e aos quintais. Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva e exploratória, segundo Cervo e Berviam (1996), a pesquisa descritiva, visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolvem o uso de técnicas padronizadas de coletas de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento.

Para a complementação do estudo, foram realizadas pesquisas bibliográficas. A pesquisa bibliográfica constitui parte da pesquisa descritiva, quando é feita com o intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema pelo qual se procura respostas (CERVO e BERVIAN, 1996), sendo também um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados (LAKATOS e MARCONI, 1996). Para a realização do trabalho, optou-se pelo Diagnóstico Rápido Participativo, que consiste em um exame intensivo da unidade de estudo, utilizando-se várias técnicas

(4)

das ciências sociais e humanas. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas do tipo semi-estruturadas, mapas mentais e observação participante. Foi possível analisar a composição e a dinâmica ecológica dos sistemas agroflorestais estudados, nos quais está embasada a produção agrícola das comunidades inseridas na pesquisa. As informações geradas a partir da utilização dos instrumentos pedagógios passaram por processo de ordenação e seqüenciamento de dados, tabulação e construção de gráficos e tabelas, armazenados em banco de dados, os quais foram sistematizados e analisados.

Resultados e Discussão

Os municípios do interior do estado do Amazonas na grande maioria têm sua economia baseada, nos produtos advindos do setor primário. Atividades como agricultura, pecuária, pesca e exploração de borracha, castanha e madeira, estão entre as mais importantes para a manutenção econômica destes municípios.

Os agricultores familiares que habitam as margens dos rios da Amazônia, são comumente denominados de ribeirinhos (Fraxe, 2000), seu modo de vida e seus meios de produção estão baseados principalmente no tipo de ambiente terrestre ao qual seu local de moradia está situado. As estratégias utilizadas para os cultivos agrícolas estão ligadas à subida e descida do nível dos rios, divididas em quatro ciclos anuais denominados de vazante, seca, enchente e cheia. Os ambientes habitados podem ser de várzea que são áreas adjacentes ao rio e que são freqüentemente alagadas ou não pela subida dos mesmos ou de terra firme que são terras altas que não estão sujeitas às inundações periódicas dos rios.

A agricultura praticada em ambos os ambientes é basicamente de subsistência, porém existe a produção de excedentes, que são comercializados e a renda gerada com essa comercialização utilizada para a aquisição de outras mercadorias (Pereira, 1994). Na agricultura familiar parte da produção agrícola entra no consumo direto da família, como meio de subsistência imediata, e a outra parte, o excedente, sob forma de mercadoria, é comercializada. Excedente, neste caso específico, não é o restante da produção oriunda da subsistência, mas o produto dos fatores de produção excedentes dos quais foram utilizados. No caso é a mão de obra, a terra com sua fertilidade natural e os lagos com sua viscosidade, à margem das relações monetárias, das relações sociais abstratas, da dominação política, das relações capitalistas de produção típica, da conduta racional com relação a fins seculares (Martins, 1975).

(5)

Essa agricultura está baseada em cultivares de lavoura temporária e de lavoura permanente, porém, o que se observa nas comunidades ribeirinhas, são os cultivos baseados em espécies de ciclo curto, especificamente no ambiente de várzea sujeitas à interferência direta do ciclo hidrológico na sua produção, principalmente no que diz respeito à mandioca, principal produto de subsistência e comercialização (Noda, 1997; Fraxe, 2000).

Nas áreas de terra firme são cultivadas culturas perenes, preferencialmente árvores frutíferas. Quando essas áreas são alocadas para a produção de culturas temporárias, são utilizados principalmente tubérculos como mandioca e macaxeira.

O extrativismo vegetal tem maior importância econômica nestas áreas, atuando como substituto da atividade pesqueira na várzea. A retirada de lenha, produção de carvão, extração de madeira de lei, castanha, açaí, cipós e látex são as principais atividades econômicas desenvolvidas nos ambientes de terra firme.

A partir da sistematização dos dados foi possível verificar que a produção oriunda dos SAF´s é suficiente para a sustentabilidade da unidade familiar. Os agricultores familiares das nove comunidades pesquisadas realizam a divisão do trabalho nas unidades produtivas e nas tarefas desempenhadas nos lares e nas unidades produtivas. A economia local é sustentada pelos produtos retirados dos componentes dos SAF’s e seus subsistemas: sítios, roças, quintais dentre outros.

A Figura 1 apresenta o fluxograma de circulação dos produtos agrícolas, tais como, hortifrutis e farinha, onde há uma cadeia de intermediação bastante expressiva. Observa-se uma determinada distância entre agricultor e consumidor final, o que acarreta a baixa rentabilidade para a agricultura familiar nesta região. A Figura 2 representa o fluxo da malva e juta, que embora envolva um número menor de agentes, não significa preços mais justos para o agricultor, uma vez que, a comercialização é feita em um mesmo período, o que aumenta a oferta do produto e consequentemente a queda dos preços.

Além disso, ocorre que neste processo, grande parte da produção é comercializada in-natura, ou seja, não passa por qualquer processo de beneficiamento ou agregação de valor ao produto final, como por exemplo os hortifrutis. Outros cultivos como a mandioca, malva e juta passam por um pré-beneficiamento nas próprias comunidades. Os principais produtos comercializados pelas comunidades estudas serão apresentados nas figuras a seguir.

(6)

As três primeiras comunidades do pesquisadas possuem algumas semelhanças quanto à produção agrícola. Nas comunidades Santa Luzia da Ilha do Baixio e Nossa Senhora de Nazaré os principais produtos agrícolas comercializáveis são hortifrutis, conforme pode ser observado nas Figuras 04 e 06. Dentre esses produtos destacam-se feijão de metro, melancia, jerimum, mamão, maracujá e macaxeira. Na comunidade Nossa Senhora das Graças, Figura 05, a economia é eminentemente pesqueira. Entretanto, nesta, também possuiu cultivos agrícolas que são comercializados, tais como a malva, milho, feijão de praia, dentre outros.

Figura 04: Principais Produtos Comercializados na Comunidade Santa Luzia da Ilha do Baixio - SLBA

Fonte: NUSEC, 2008-2009. 0% 5% 10% 15% 20% 25% feijã o de met ro mel anci a jerim um pepi no alfa ce cebo linha tom ate milh o max ixe chei ro v erde couve mar acuj á pim entã o Produtos F re q ü ê n c ia (% )

(7)

Figura 05: Principais Produtos Comercializados na Comunidade Nossa Senhora das Graças - NSG

Fonte: NUSEC, 2008-2009.

Figura 06: Principais Produtos Comercializados na Comunidade Nossa Senhora de Nazaré.

Fonte: NUSEC, 2008-2009.

Nas comunidades Bom Jesus, Santo Antonio e Matrinxã a comercialização da malva e da juta recebe destaque. Nestas, cerca de 50% dos produtos destinados à comercialização provém do cultivo da malva e da juta, Figuras 07, 08 e 09. Essas culturas formam o chamado pelos agricultores locais, de cinturão da malva, de acordo

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% mal va milh o feijã o de pra ia man dioc a mel anci a farin ha bana na bata ta jerim um mac axei ra alfa ce bata ta d oce cebo linha chei ro v erde feijã o de met ro mam ão mar acuj á Produtos F re q ü ê n c ia (% ) 0% 5% 10% 15% 20% 25% mam ão mar acujá mac axei ra chicó ria jerim um bana na pim enta coco man dioc a abob rinha pim enta doc e mel ancia milh o abób ora mal va pepi no Produtos F re q ü ê n c ia (% )

(8)

com Parente (2003) o cultivo da malva funciona como uma espécie de poupança para os agricultores, uma vez que é um produto cuja venda é concentrada num determinado período da enchente.

Figura 07: Principais Produtos Comercializados na Comunidade Bom Jesus. Fonte: NUSEC, 2008-2009.

Figura 08: Principais Produtos Comercializados na Comunidade Santo Antônio. Fonte: NUSEC, 2008-2009.. 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% mal va milh o juta mel anci a bana na man dioc a Produtos F re q ü ên ci a (% ) 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% mal va man dioc a bana na farin ha mac axei ra mel ancia milh o pim enta Produtos F re q ü ên ci a (% )

(9)

Figura 09: Principais Produtos Comercializados na Comunidade Matrinxã. Fonte: NUSEC, 2008-2009.

Assim como as três primeiras comunidades pesquisadas, as comunidades Lauro Sodré e Esperança II baseiam sua economia na comercialização de hortifrutis. Em Lauro Sodré a produção da banana representa mais de 25% de todos os produtos comercializados. Em Esperança II o milho tem uma maior representatividade também com mais de 25% da produção total que é comercializada tanto em espigas verdes como em sacas, Figura 10 e 11.

Figura 10 : Principais Produtos Comercializados na Comunidade Lauro Sodré.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% mal va juta bana na man dioc a açaí cana -d e-açúc ar cará cupu açufeijão lara nja mac axei ra milh o pim enta pim entã o tom ate Produtos F re q ü ên ci a (% ) 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% bana na limão mac axei ra farin ha man dioc a caca u jerim um açaí cebo linha coco cupu açu chei ro v erde pupu nha Produtos F re q ü ê n c ia ( % )

(10)

Fonte: NUSEC, 2008-2009..

Figura 11: Principais Produtos Comercializados na Comunidade Esperança II. Fonte: NUSEC, 2008-2009.

Na comunidade Santa Luzia do Buiuçuzinho a maior parte da produção é concentrada na farinha de mandioca, sendo o processo de pré-beneficiamento realizado na propriedade do agricultor. Este processo não apresenta uso de tecnologia moderna sendo a mão-de-obra empregada do tipo familiar, Figura 12.

Figura 12: Principais Produtos Comercializados na Comunidade Santa Luzia do Buiuçuzinho.

Fonte: NUSEC, 2008-2009. 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% milh o bana na cebo linha cheir o ve rde man dioc a farin ha goia ba casta nha grav iola mac axei ra mel ancia pim enta Produtos F re q ü ên ci a (% ) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% farin ha man dioc a pupu nha cana -d e-açúc ar mac axei ra Produtos F re q ü ê n c ia ( % )

(11)

Os Agentes de comercialização

Entre o processo de comercialização de produtos agrícolas existem dois extremos, ou seja, entre as fontes produtoras e o consumidor estão os agentes intermediários, conceituados neste estudo como “agentes de comercialização”. São eles que tornam o fluxo comercial entre estes extremos, Figura 13.

Figura 13: Esquema de comercialização Fonte: Adaptada de Parente, (2003).

O cultivo de hortaliças nos quintais agroflorestais

A principal função desses cultivos é à manutenção da família, sendo o

excedente comercializado. De acordo com os agricultores familiares

pesquisados, quando há um excedente de alguma cultura, estes é

comercializado ou é trocado entre os vizinhos por outros produtos, havendo

assim um sistema de reciprocidade as famílias de agricultores.

Comunidade BJ E II LS MAT NSG NSN SAN SLBA SLBU

Cebolinha ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ Chicória ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ Couve ▀ ▀ ▀ ▀ Coentro ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ Jambú ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ Jerimum ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ Macaxeira ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ Maxixe ▀ ▀ ▀ ▀ Pepino ▀ ▀ ▀ ▀ Pimenta Doce ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ Pimenta Malagueta ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ Agentes de comercialização Pequenos agricultores Consumidor final

(12)

Pimenta

Murupi ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀

Pimentão ▀ ▀ ▀ ▀

Quiabo ▀ ▀ ▀

Tomate ▀ ▀ ▀ ▀ ▀ ▀

Quadro 1 - Principais oléricolas cultivadas nos quintais florestais nas comunidades pesquisadas.

Siglas: SLBA (Sta. Luzia do Baixio); NSG (N. Sra. das Graças); NSN (N. Sra. de Nazaré); BJ (Bom Jesus); SAN (Santo Antônio); MAT (Matrinxã); LS (Lauro Sodré); EII (Esperança II); SLBU (Sta. Luzia do Buiuçuzinho).

Fonte: NUSEC, 2008-2009.

Nos SAF’s verificou-se uma diversidade de culturas (hortaliças, frutíferas e essência florestais); roça; capoeira e as criações de animais domésticos e silvestres. Os agricultores familiares utilizam práticas agroecológicas oriundo da experiência repassada através dos tempos a cada geração no manejo dos SAF’s.

A prática agroecológica dos agricultores familiares nos quintais e roças

Os agricultores adotam práticas agroecológicas no manejo nos sistemas

agroflorestais com a finalidade de reduzir a incidência de pragas e de ervas

invasoras. Além disso, essas práticas culturais visam proporcionar melhores

condições de desenvolvimento para as culturas.

As práticas culturais realizadas nos sistemas agroflorestais estão descritas no

quadro 2.

Práticas Forma de execução Finalidade

Poda Corte dos galhos e folhas com pequenas

queimas entre as plantas nas áreas de cultivos.

- Limpeza da área, - Adubação e redução do adensamento,

- Repelente de insetos

Capina Corte de plantas rasteiras com a utilização

de terçado ou enxada, o mato da capina é queimado e a cinza é misturada a terra retirada através do solo pela capina.

- Adubação das árvores de cultivos.

- Limpeza da área de cultivo.

(13)

resíduo animal (galinha e gado).

Amontoa È empregado tanto na poda, desbaste e

capina, é o ato de colocar os restos vegetais no caule das plantas ou para posterior queima.

- Adubação

- Manter umidade do solo

- Limpeza

Desbaste Redução do adensamento de determinada

cultura ou eliminação de plantas que oferece risco ao produtor.

- Adubação com os detritos da

queima

- Limpeza

- Lenha para produção de

farinha

Quadro 2 - Principais práticas culturais realizados nos sítios ou quintais dos agricultores das comunidades pesquisadas.

Fonte: NUSEC, 2008-2009.

O manejo com base nestas práticas agroecológicas é realizado em todos os componentes dos SAF’s. Na roça é utilizado o sistema de manejo do solo por meio do pousio e do enriquecimento da capoeira, o qual propicia condições necessárias para a recuperação da capacidade produtiva do solo. O enriquecimento da capoeira proporciona madeira, frutos, caças e plantas medicinais para os agricultores tradicionais. Além de servirem como pomar para fauna local.

O anelamento é outra prática utilizada pelos agricultores familiares para aumentar as áreas de cultivos de frutíferas. Eles utilizam plantas adaptadas à sombra, as quais são plantadas próximas as árvores da capoeira que serão eliminadas. Os detritos resultantes desta prática servem como adubo para a nova planta e como combustível para a produção de farinha. O objetivo principal de tais práticas é diminuir a utilização dos insumos industrializados, manter a sustentabilidade do ecossistema, promover a geração de renda para as famílias através da comercialização dos produtos oriundos principalmente da roça.

Nesse sentido, estas práticas nos sistemas agroflorestais propiciam a sustentabilidade e a subsistência das famílias nestas áreas. Essa é complementada principalmente pelas atividades extrativistas animal e vegetal, os quais geram alimentos, remédios, materiais de construção, condimentos entre outros produtos para a reprodução social da famílias.

Considerações finais

Considera-se, portanto, que as formas como esses policultores lidam com os ecossistemas de várzea e terra firme, constituem valorosas contribuições quando se

(14)

trata de criar novos conceitos e de admitir a racionalidade dos agroecossistemas amazônicos.

A agrobiodiversidade, ou diversidade agrícola, constitui uma parte importante da biodiversidade e engloba todos os elementos que interagem nos sistemas produtivos: os espaços cultivados, as espécies direta ou indiretamente manejadas, como as cultivadas e seus parentes silvestres. Isso reflete as dinâmicas e complexas relações entre as sociedades humanas, as plantas cultivadas e os ambientes e que convive, repercutindo sobre as políticas de conservação dos ecossistemas cultivados, de promoção da segurança alimentar e nutricional das populações humanas, de inclusão social e de desenvolvimento local sustentável.

Os quintais agroflorestais estão entre os subsistemas agrícolas que mais se destacam. Sua importância decorre do fato de apresentarem uma produção constante, proporcionando produtos variados em diferentes quantidades em uma área reduzida que complementam a necessidade e renda do produtor familiar, além de ser verdadeiro banco de germoplasma in situ.

Referências Bibliográficas

AMADOR, D. B.; VIANA, V. M. Sistemas agroflorestais para recuperação de

fragmentos florestais. São Paulo: ESALQ/USP, n.32, 1998. (Série Técnica IPEF).

CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A Metodologia Cientifica.4 ed. São Paulo: Makron Books,1996.209p.

DUBOIS, J. C. L. Manual agroflorestal para a Amazônia. Rio de Janeiro: REBRAF, 1996, 228p.

FRAXE, Therezinha de J. P. Homens anfíbios: etnografia de um campesinato das águas. São Paulo: Annablume, 2000.

FRAXE, Terezinha de Jesus Pinto; PEREIRA, Henrique dos Santos e WITKOSKI, Antonio Carlos. Comunidades Ribeirinhas Amazônicas: modos de vida e uso dos recursos naturais. Manaus: EDUA, 2007.

LAKATOS, E. M..; MARCONI, M. A. Técnicas de Pesquisa. 3 ed. São Paulo:Atlas,1996.270p.

LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental.Trad. Sandra Valenzuela. São Paulo: Cortez, 2001.

NAIR, P. K. State-of-the-art of agroflrestry systems. Forest Ecology and Management. 1991. 45: 5-29p.

NODA, S. N. As relações de trabalho na produção amazonense de juta e malva. Piracicaba: Esalq-Usp (Dissertação de Mestrado), 1985.

(15)

PEREIRA, Henrique dos S. Gestão participativa e o movimento de preservação de lagos no Amazonas. Cadernos do CEAS, Salvador, n. 207, p. 67-88, set/out. 2003. PINTO, José Maria. Aspectos econômicos da juta na Amazônia in Cadernos da Amazônia. Manaus:Inpa, 1966.

SCHNEIDER, et. al. Amazônia sustentável: limitantes e oportunidades para o desenvolvimento rural. Brasília: Banco Mundial, 2000.

SMITH, N. J.;DUBOIS, D. CURRENTE, E. L.; CLEMENT, C. Experiências

agroflorestais na Amazônia Brasileira: restrições e oportunidades, Brasília, Brasil:

Programa Piloto das Florestas Tropicais do Brasil, 1998. 146p.

WITKOSKI, Antonio Carlos. Terras, florestas e águas de Trabalho: os camponeses Amazônicos e as formas de uso de seus recursos naturais. Manaus: EDUA, 2007.

Martins, A.L.U. 1975. Quintais e Tradicionalismo. São Paulo: Ed. Biblioteca

Pioneira de Ciências Sociais. Sociologia.

Parente, V.M. A. 2003. Economia da Pequena Produção na Várzea:

sobrevivência das famílias ribeirinhas. In: Ribeiro, M.O.A. & Fabré, N.N. (org.).

SAS - Sistemas Abertos Sustentáveis: Uma alternativa de gestão ambiental na

Amazônia. EDUA

– Editora da Universidade Federal do Amazonas.

Manaus-Amazonas.

(16)

Referências

Documentos relacionados

Crisóstomo (2001) apresenta elementos que devem ser considerados em relação a esta decisão. Ao adquirir soluções externas, usualmente, a equipe da empresa ainda tem um árduo

La asociación público-privada regida por la Ley n ° 11.079 / 2004 es una modalidad contractual revestida de reglas propias y que puede adoptar dos ropajes de

É nesse cenário que o direito do trabalho vem a suportar maior prejuízo, ao passo que nenhum outro ramo do direito vive tão próximo das manifestações econômicas como o

Este estudo foi realizado por meio de revisão da literatura de artigos, livros e dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) tem por objetivo sistematizar as informações, sobre a

A cirurgia, como etapa mais drástica do tratamento, é indicada quando medidas não invasivas como dietas restritivas e a prática regular de exercícios físicos

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,