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José Daniel Rodrigues Ribeiro1

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Viçosa: ABH.S5901-S5910

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5901

A Bataticultura em Minas Gerais - Os Fatores de sucesso e de crise

José Daniel Rodrigues Ribeiro1

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Associação dos Bataticultores do sul de Minas Gerais (Abasmig), Caixa Postal 30, Pouso Alegre - MG, e-mail: abasmig@overnet.com.br

INTRODUÇÃO

A Bataticultura no Estado de Minas Gerais é uma cultura de elevada importância sócio-econômica, devido à geração de emprego e renda, colocando Minas Gerais como no maior produtor de batata do Brasil com 27,9 % da área colhida e 32,8 % da produção nacional no ano de 2008 (citação). A cultura da batata em Minas Gerais foi introduzida na primeira metade do século XX, pelos imigrantes espanhóis, italianos e japoneses, que naquela época era chamada de “Batata da Angola” e mais tarde de “Batata Inglesa”, porém a exploração econômica se deu no final da década de 40 e inicio da década de 50, sendo o sul do estado a região pioneira no plantio desta Solanácea. Assim como o café contribuiu para o marco desenvolvimentista nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, a batata também deixou seu marco no desenvolvimento da região sulmineira, a exemplo de cidades como Bom Repouso e Ipuiuna que se desenvolveram baseada na economia “batateira”.

Na primeira década de sua introdução, o cultivo era feito apenas em regiões serranas, com altitude elevada, e na safra de verão (das águas) visando aproveitar a estação chuvosa. O abastecimento do mercado era feito de forma bastante irregular, gerando grandes oscilações de preços no mercado, principalmente no inverno, quando os preços da batata alcançavam valores alvitantes devido a pouca oferta do produto nesta época. Na década de 70, com o advento da prática da irrigação, a bataticultura passou a ser cultivada nas estações de outono e de inverno, nas áreas de baixada, com menor altitude. O governo, preocupado em regularizar a oferta do produto, lançou o Plano de Safras Consolidadas, que objetivava planejar a distribuição do cultivo da batata em cada região pelo tamanho da área a ser cultivada e pela época de plantio. Assim, com a ação deste Plano, aliado ao incremento do plantio no outono e inverno, a batata passou a ser ofertada de forma regularizada durante o decorrer do ano.

Mais tarde a bataticultura começou a migrar do sul de Minas para outras regiões do Estado. A introdução da bataticultura na região do Alto Paranaíba se deu no ano de 1975, por imigrantes vindos de Bueno Brandão, no Sul de Minas, sendo pioneiros os irmãos Carlos e Pascoal Mapeli (descendentes de italianos) e também pelo saudoso Edson Nagano, vindo de Monte Castelo – SC. O primeiro plantio foi no município de Tapira, próximo ao povoado chamado de “Tragédia”. De Tapira o plantio se espalhou por vários outros municípios dessa região e para o Triângulo Mineiro como Ibiá, Araxá,

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Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5902 Perdizes, Santa Juliana, Serra do Salitre, Sacramento e Uberaba. Hoje as regiões do Triângulo e do Alto Paranaíba estão entre as principais regiões produtoras do Estado.

Outra região também que merece destacar nesse processo de migração da batata no Estado é Campos das Vertentes, quando a cultura ocupou grandes áreas de plantio nos municípios de Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco, Carandaí, Lagoa Dourada, Casa Grande e São João Del Rei. Atualmente a cultura da batata teve a sua área reduzida nestes municípios, tendo migrado para municípios vizinhos como Madre de Deus, Cruzília, Piedade e Andrelandia.

No período da introdução até os dias atuais diversas cultivares já desfilaram pelo Estado, tais como a Bintje, Jaette Bintje (chamada de suecão), Delta, Radosa, Estima, Elvira, Baraka e Achat. Na década de 70 até meados da década de 90, a Achat foi a cultivar que predominou a preferência dos bataticultores pelo rendimento produtivo e pela tolerância à “murcha-bacteriana” causada pela Ralstonia. Posteriormente, com a introdução do vírus PVY e a sensibilidade desta cultivar a este patógeno, a Achat foi substituída pela Monalisa, cujo reinado terminou em meados da década de 2000, sendo cultivada recentemente em menor escala. A cultivar Monalisa foi aos poucos sendo substituída pela Ágata, que predomina até os dias atuais com 65 % da área plantada no estado. A cultivar Asterix, de pele rosada, conseguiu romper a barreira do preconceito do mercado em aceitar batatas de pele rosada ou vermelha, e ocupa hoje a segunda posição na preferência dos bataticultores, fenômeno este creditado principalmente à adequação de seus tubérculos para fritura. Outras cultivares como a Caesar, Cupido, Markies e Voyager são adotadas em menor escala, mas poderá no futuro vir a ocupar lugar de destaque, principalmente Markies e Voyager, por apresentarem maior resistência à Requeima e aptidão culinária para fritura.

A bataticultura foi a responsável pela melhoria dos solos em Minas Gerais, principalmente em relação à fertilidade. Com a prática tradicional dos bataticultores em utilizar grandes quantidades de corretivos e fertilizantes, aliada ao curto ciclo vegetativo da cultura, que não consegue assimilar todo o fertilizante aplicado, a batata transformou os solos das microrregiões denominadas de Campos nos municípios de Caldas Ipuiuna, Santa Rita de Caldas, Poços de Caldas, Bom Repouso e Senador Amaral, no Sul de Minas, e de Tapira no Alto Paranaíba, assim como os Cerrados de Perdizes, de Santa Juliana e de outros municípios, em terras altamente produtivas.

PRODUÇÃO

Desde a introdução da cultura da batata em Minas Gerais, a produtividade foi sempre crescendo passando de 15 t ha-1 na década de 60, no século passado, para uma produtividade média de 30 t ha-1 na década 10, do século atual, superando a produtividade media nacional que é de 26 t ha-1. Isto graças à tecnologia, organização e administração, praticadas por muitos produtores. As regiões Sul, Sudeste, Triângulo e Alto Paranaíba representam 95,3 % da área plantada no Estado, sendo que o restante está localizado nas regiões Campos das Vertentes, Zona da Mata e Metalúrgica com 4,7 %. A região Sul de Minas chegou a produzir 70% da produção no estado, com área de 26.000 ha. Com a migração de produtores para outras regiões, a área foi reduzida para

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Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5903 21.000 ha, e encontra-se estabilizada nos últimos 10 anos. Embora a área tenha sido reduzida, a produtividade aumentou, e a região passou de 390.000 t. para 600 mil t. anuais.

Participação por mesorregiões de Minas Gerais na produção de batata do Estado em 2008. Fonte IBGE

Região I – Metalúrgica – Campos das Vertentes = 2,99 % Região II – Zona da Mata = 0,03 %

Região III – Sul de Minas = 40,88 %

Região IV – Triângulo – Alto Paranaíba = 53,14 % Região V – Alto São Francisco = 2,15 %

Região VI – Noroeste = 0,81 %

Participação por mesorregião de Minas Gerais na área plantada de batata no Estado em 2008. Fonte IBGE

Região I – Metalúrgica – Campos das Vertentes = 3,89 % Região II – Zona da Mata = 0,04 %

Região III – Sul de Minas = 47,17 %

Região IV – Triângulo – Alto Paranaíba = 45,82 % Região V – Alto São Francisco = 2,34 %

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Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5904 Região VI – Noroeste = 0,73 %

Evolução da área mineira plantada com batata, em hectares. Fonte IBGE

Evolução da produção mineira de batata em toneladas. Fonte IBGE

FATORES DE SUCESSO E CRISE

A despeito do aumento da produtividade e da capacidade dos produtores de utilizar de tecnologias cada vez mais inovadoras no setor produtivo, o mesmo não

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Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5905 acontece no setor de comercialização, onde a cadeia produtiva da batata apresenta ainda grandes obstáculos a serem vencidos. O setor é bastante desorganizado, faltando planejamento, estudos de mercado e a prática da segmentação. E como acontece no setor desorganizado, quem dita o preço de mercado é o atacadista ou o corretor (atravessador) que aproveita da fragilidade do produtor. O consumo per capita de batata no Brasil é considerado baixo, uma vez que concorre com uma gama de produtos amiláceos, alguns deles com tradição de consumo como é o caso do arroz. E como regra geral, os valores de mercado são regidos pela lei da oferta e procura, embora no caso de grande oferta da batata os valores são reduzidos muito mais para o produtor que para o consumidor. E além do mais, estudos do CEPEA (citação) têm demonstrado que o consumo de batata independe do preço, ou seja, mesmo a preço mais reduzido o consumo não é aumentado. Daí ocorre que em época de grande safra de batata, geralmente é acompanhada de forte crise no mercado com conseqüente prejuízo para o produtor. Exemplo recente foi a crise observada na batata colhida na safra de verão de 2010/2011, quando muitos produtores tiveram que destinar a sua produção para alimentação animal ou mesmo descartá-la no lixo, gerando uma crise de grande magnitude para o setor. Muitas vezes a crise é tão prejudicial que o produtor fica impossibilitado de continuar na cadeia produtiva. E este fenômeno tem ocorrido com freqüência alternada de períodos de safras e observa-se que o mesmo sempre ocorre após um período de safra bem sucedida.

São diversos os fatores que podem desencadear a crise numa determinada safra de batata, muitos dos quais são fatores previsíveis, o que coloca em pauta uma questão: se os fatores são previsíveis porque deixar acontecer o fenômeno tão agravante?

A seguir serão enumerados alguns dos principais fatores responsáveis pelo sucesso e pela crise no setor produtivo da batata.

Fatores de sucesso A) Estrutura

A capacidade de investimento em estrutura é um fator que assegura grande parte do sucesso no cultivo da batata. À medida que o produtor encontra-se mais estruturado o manejo da cultura passa a ser mais tecnificado resultando num maior rendimento, melhor qualidade e a custo mais competitivo no mercado. São diversos os itens, apresentados a seguir, que compõe a estruturação para a adequada exploração da cultura.

- Mecanização: A bataticultura no estado evoluiu de maneira positiva graças a mecanização. Nas áreas planas das regiões do Triângulo e do Alto Paranaíba a mecanização chega a ser 100 %, do plantio à colheita. Mesmo nas áreas montanhosas da região Sul de Minas, a mecanização evoluiu, com a chegada dos tratores 4 x 4, permitindo o cultivo em topografia ondulada.

A mecanização, quando praticada de forma planejada e com o uso de máquinas e implementos adequados a cada tipo de solo e relevo, permite que as diversas operações, durante todo o ciclo da cultura, sejam feitas de maneira adequada proporcionando maior

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Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5906 rendimento, com melhor qualidade, com redução do custo de produção. Um melhor preparo do solo, com adequada distribuição dos insumos como corretivo, fertilizantes, batata-semente, defensivos para controle das pragas e doenças do solo e cobertura da batata-semente, completando uma adequada operação de plantio, irá possibilitar a obtenção de estande e desenvolvimento das plantas com boa uniformidade. Nas operações da adubação em cobertura e da amontoa, além de evitar o desperdício do fertilizante e danos na parte aérea das plantas, a amontoa bem feita propicia um melhor desenvolvimento dos tubérculos evitando danos como queimadura e esverdecimento dos tubérculos causados pela exposição a luz solar. Nas operações de aplicação de defensivos para controle das pragas e doenças, a utilização de equipamentos apropriados, a boa regulagem dos bicos, o controle da pressão e velocidade de trabalho, são requisitos fundamentais para um bem sucedido controle das pragas e doenças, que irá refletir no rendimento final. E por último, nas operações da colheita e transporte, as máquinas e equipamentos devem ser adequados para realizar as operações sem danos aos tubérculos e com bom rendimento de trabalho.

- Armazéns frigoríficos para semente: A armazenagem frigorificada de batata-semente também contribuiu para o aumento da produtividade. As câmaras frigoríficas disponíveis no Estado têm capacidade para 700.000 cx (30 kg). A armazenagem de batata-semente, em condições de baixa temperatura e elevada umidade, estimula a brotação uniforme e com vigor, aumentando a capacidade produtiva dos tubérculos. - Irrigação: O Uso de pivô-central, auto propelido, e convencional fornecendo água para a planta na quantidade ideal e no momento certo.

- Embalagens para colheita: O uso de “big-bag” durante a colheita está diminuindo o uso de mão-de-obra, contribuindo na redução de custo e conseqüentemente no custo de produção. Além do mais, essa embalagem evita maiores danos aos tubérculos durante o manuseio e transporte, uma vez que a carga e descarga do veículo de transporte são feitas com guinchos acoplados a trator, que executa essas operações sem muito impacto.

B) Tecnologia

O avanço das pesquisas tem resultado na produção de insumos modernos com maior eficiência e praticidade de aplicação. Fertilizantes e corretivos com formulação mais completa e com granulometria que facilita a aplicação e de efeito mais rápido; os pesticidas são cada vez constituídos de moléculas mais seletivas, mais concentradas (que exige menor volume na aplicação), com menor toxicidade e maior eficiência.

O melhoramento genético também tem permitido ampliar o portfólio, e as novas cultivares apresentam maior vigor e capacidade produtiva, com níveis diferenciados de resistência às principais pragas e doenças, e tubérculos com diferentes aptidões de uso, o que permite atender às diferentes exigências do mercado consumidor.

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Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5907 O desenvolvimento da biotecnologia tem auxiliado bastante a tecnificação do cultivo da batata, com a produção de minitubérculos livres de patógenos, principalmente as viroses, responsáveis pela degenerescência das plantas e redução da produção.

C) Mercado

- Segmentação do mercado: Um dos sucessos que a bataticultura poderá aproveitar é a segmentação de mercado, um programa desenvolvido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Minas Gerais e a CEASAMINAS, que com apoio de diversos organismos da iniciativa pública e privada, vem dirimindo esforços no sentido de disseminar a prática de segmentar o mercado, visando atender as necessidades dos produtores e consumidores. Este tipo de mercado, que é praticado na maioria dos mercados de países desenvolvidos, e de pouco uso no Brasil, irá facilitar a vida do consumidor que poderá aumentar o consumo, pois terá a identificação da cultivar e da aptidão culinária. Mas isto dependerá da colocação em prática da Portaria 69 de 28 de fevereiro de 1996, sobre a comercialização de batata, bem como uma campanha maciça de Marketing.

- Processamento da batata: O crescente surgimento de pequenas fábricas de processamento de batata palha, as quais estão modernizando sua estrutura para oferecer produtos de melhor qualidade, poderá também colaborar para o sucesso da bataticultura com o aumento de opções de mercado para o produtor e para o consumidor. Somente na região Sul de Minas são 65 unidades e em todo o Estado são 124, conforme levantamento realizado pela EMATER – MG.

O mercado de batata processada cresce 5 % ao ano, isto devido ao aumento crescente da refeição fora de casa e da praticidade de elaboração de pratos.

A implantação da indústria “YOKI Alimentos S.A.” em Pouso Alegre, que irá processar batatas fritas na forma de chips e batata-palha, irá incrementar mais ainda a produção de batata para indústria, oferecendo mais opções para o produtor.

Outra grande indústria de processamento, a “Bem Brasil”, localizada em Araxá-MG, que processa batata na forma pré-frita congelada, contribui para o sucesso da bataticultura mineira, aumentando a produção e o consumo de batatas, além de diminuir a dependência de importação e evasão de divisas.

Fatores de Crise

- Falta de planejamento

Não é feito o estudo de mercado antecipado e o planejamento do quanto plantar e para qual mercado vender. Nem tampouco faz o planejamento associado a capacidade de investir (quanto dispõe de capital para investir, a estrutura que já dispõe ou que precisa ser adquirida). Não faz análise de custo de produção, análise do preço de mercado e a análise de risco do mercado. Não associa as condições climáticas da época e do local de cultivo e os riscos de produção.

- Cultivares

Apesar do avanço tecnológico na oferta de um leque enorme de novas cultivares, o mercado ainda fica restrito a tubérculos de pele lisa, brilhante e bom formato. Com isto

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Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5908 os produtores ficam atraídos por esta exigência do mercado, e que não deixa de ser um complicador, pois atualmente a cultivar Ágata, que atende estes requisitos, apresenta um ciclo bastante precoce e após a morte da rama, o período que pode ficar a espera da colheita é muito curto. Se os tubérculos não forem colhidos na época certa, perde a cor e inicia a brotação, pois a cultivar apresenta curto período de dormência. Assim, se o produtor atrasa um pouco a colheita, os tubérculos são rejeitados pelo mercado e o produtor acaba levando o prejuízo, gerando assim a crise. Foi esse processo que aconteceu na safra das águas de 2010/2011.

- Manejo Inadequado

A maioria dos produtores não realiza análise de solo, e se o faz, não pratica as recomendações desta. O resultado é a utilização de excesso de adubos que além de causar danos ao desenvolvimento das plantas, onera o custo de produção. Irrigação desuniforme em função da má manutenção do equipamento e das linhas de irrigação, com conseqüências danosas como desperdício de água e de energia (o excesso de água que vasa dos canos causa erosão e destrói plantas, prejudica o desenvolvimento das plantas e dos tubérculos, causa danos ao meio ambiente, aumento de doenças, aumento do custo de produção, perda da qualidade dos tubérculos, menor competitividade no mercado, etc.). Controle inadequado das pragas e doenças utilizando defensivo não recomendado para determinada praga ou doença, preparo inadequado da calda, qualidade da água, equipamentos inapropriados e desregulados, sem assistência de um técnico, desperdício de produtos, aumento do custo de produção, prejuízo na produção. Operação da amontoa mal feita aumentando o percentual de tubérculos refugos. Colheita feita sem obedecer o ciclo da planta, sem muitos cuidados na colheita e no transporte, aumentando o percentual de descartes e produtos de menor valor comercial.

- Mão de obra qualificada

O produtor não investe em treinamento para capacitação da mão de obra. Com freqüência são observados grandes investimentos em máquinas e implementos, sem a devida capacitação dos operadores, o que resulta em baixo rendimento e durabilidade do bem patrimonial. Caso comum também é verificado com os “irrigantes”, o pessoal que trabalha na irrigação, sem o menor preparo para operar o sistema da irrigação, o que causa grandes prejuízos à lavoura e ao meio ambiente pelo desperdício de água e energia, além dos danos causados pela erosão. No caso dos operadores de controle fitossanitário o despreparo é mais agravante. Embora a oferta gratuita de cursos de capacitação pelo SENAR, e a exigência do certificado para operar nesta área, o descumprimento é verificado na maioria das lavouras.

Raramente também o produtor utiliza de serviços especializados como das áreas agronômicas, administração, ciências contábeis, jurídicas, projeção de mercado, propaganda e marketing, e de planejamento. O produtor ainda não visualiza o seu negócio como empresa e ficando sempre exposto a situações de crise de mercado.

- Batata-semente

O número de produtores de batata-semente no Estado é muito pequeno, e a utilização de batata-semente informal, isto é, fora do sistema oficial de certificação, é predominante. O grande problema da utilização deste tipo de material propagativo é a

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Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5909 alta taxa de virose e outras doenças, que compromete o rendimento e o custo de produção, além da contaminação de novas áreas de cultivo com os patógenos de solo.

CONCLUSÕES

A cadeia produtiva de batata tem que modernizar cada vez mais tornando competitiva, oferecendo produto de baixo custo, maior valor agregado com qualidade e confiabilidade. A bataticultura deverá adaptar-se a consumidores que levam uma vida corrida, que trabalha em tempo integral e que dão preferência a alimentos práticos para o preparo da alimentação, daí a importância dos alimentos minimamente processados.

A Produção Integrada de Batata, também é um programa do moderno agricultor, que visa produzir com sustentabilidade, oferecendo ao consumidor alimento seguro, fazendo uso de técnicas modernas de produção, beneficiamento e comercialização seguindo o protocolo de Boas Práticas Agrícolas. A batata deverá ser disputada pelos consumidores em ambiente de qualidade e preços competitivos.

REFERÊNCIAS

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Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S5910 OSAKI, M. Busca da eficiência na bataticultura. In: SEMINARIO MINEIRO DE BATATICULTURA, 4. 2003. Anais... Poços de Caldas: EPAMIG-FECD, 2003. p. 75-87.

RIBEIRO, JDR. 2003. A bataticultura na região Sul de Minas Gerais. In: SEMINARIO MINEIRO DE BATATICULTURA, 4. 2003. Anais... Poços de Caldas: EPAMIG-FECD, 2003. p. 26-28.

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