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Ao mesmo tempo mudanças se deram em outras ciências através da abordagem sistêmica ou relacional, como na biologia, educação e na comunicação.

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Academic year: 2021

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Introdução

Quando uma rede de computadores conecta uma rede de pessoas e organizações, é uma rede social (tradução da autora de Garton, Haythornthwaite e Wellman, 1997).

O estudo de redes sociais não é novo. O estudo da sociedade a partir do conceito de rede permeia a ciência durante todo o século XX. Nos séculos anteriores, uma parte significativa dos cientistas preocupou-se em dissecar fenômenos, estudando cada uma das partes detalhadamente na tentativa de compreender o todo, paradigma frequentemente referenciado como analítico-cartesiano. A partir do início de século XX começam a despontar estudos que trazem o foco para o fenômeno como constituído das interações entre as partes.

Ludwig Von Bertalanffy desenvolveu a Teoria Geral dos Sistemas nas décadas de 40 e 50. Para entender um fenômeno necessário observar não apenas suas partes mas suas partes em interação.

Outras abordagens também buscavam superar o paradigma analítico-cartesiano. A física quântica na década de 20 com estudos de Einstein, Heinsenberg e outros. Einstein demonstoru que matéria e energia poderiam comportar-se do mesmo modo. A abordagem da Cibernética (Ashby, Wierner) também parte dos princípios sistêmicos e biológicos para observar fenômenos maquínicos. A chamada matemática não-linear, na década de 60 originou a teoria do caos, a partir da observação das interações das massas de ar pelo meteorologista Edward Lorenz.

Ao mesmo tempo mudanças se deram em outras ciências através da abordagem sistêmica ou relacional, como na biologia, educação e na comunicação.

A aceitação paulatina da mudança deu força a que estudos mais antigos recebessem atenção renovada. É o caso do estudo de redes, iniciados principalmente por matemáticos e adotados por ramos das Ciências Sociais.

A metáfora da rede foi utilizada pela primeira vez pelo matemático Leonard Euler, em 1736. Em seu artigo sobre o enigma das Pontes de Königsberg – uma cidade prussiana –, ao mostrar a inexistência de uma rota que permitisse cruzar as sete pontes da cidade sem jamais repetir o caminho, ele cria o primeiro teorema da teoria dos grafos.

Um grafo é a representação de uma rede, podendo ser utilizada como metáfora para diversos sistemas. A partir constatação, a teoria dos grafos obteve força no campo das Ciências Sociais, principalmente através de estudos empíricos que deram origem ao que hoje é referenciado como Análise Estrutural de Redes Sociais. Essa abordagem propõe perceber grupos de indivíduos conectados como rede social, extraindo, a partir dos teoremas dos grafos, propriedades estruturais e funcionais das observações empíricas.

Os estudos de redes receberam atenção renovada após a publicação dos trabalhos de Barabási (2003), Barabáse e Albert (1999), Watts (2003), Watts e Strogatz (1998), dentre outros, no final da década de 90 e início dos anos 2000. A abordagem de redes encontrou eco nos estudos dos agrupamentos sociais no ciberespaço. Um dos grupos que trabalha com essa perspectiva está na Universidade de Toronto, chancelado por Barry Wellman.

Essa abordagem torna necessária a construção empírica qualitativa e quantitativa, na busca, através da observação sistemática dos fenômenos, de verificar padrões e teorizar sobre os mesmos. Estudar redes

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sociais é, portanto, estudar os padrões de conexões expressos no ciberespaço. É explorar uma metáfora estrutural para compreender elementos dinâmicos e de composição dos grupos sociais.

1. Redes Sociais na Internet

Uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos – os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais). O foco da abordagem de rede é a estrutura social – não se pode isolar nem atores nem suas conexões.

1.1 Atores

São as pessoas envolvidas na rede que se analisa. Com redes sociais na Internet, trabalha-se com representações dos atores sociais, ou com construções identitárias do ciberespaço (um blog, um fotolog, um twitter, que podem ser mantidas por vários atores, caso de um grupo de autores num blog coletivo). Essas representações de atores sociais são espaços de interação, lugares de fala, construídos pelos atores num processo permanente de construção e expressão de identidade no ciberespaço. Denotam a presença do “eu” neste espaço privado e ao mesmo tempo público. Essa individualização de alguém “que fala” através desse espaço é que permite que as redes sociais sejam expressas na Internet.

Compreender como os atores constroem esses espaços de expressão é também essencial para compreender como as conexões são estabelecidas. É através dessas percepções que são construídas pelos atores que padrões de conexões são gerados.

No ciberespaço, pela ausência de informações que permeiam a comunicação face a face, as pessoas são julgadas e percebidas por suas palavras. É preciso colocar informações que gerem individualidade e empatia. Esse é um requisito fundamental para que a comunicação possa ser estruturada – trazem a necessidade de o ator ser individualizado e percebido de modo a proporcionar as pistas necessárias para a interação social.

Nos perfis do Orkut é clara a exposição dos gostos, paixões e ódios dos atores sociais. A própria apropriação das comunidades como elementos de identificação mostra o caráter pessoal da expressão. Weblogs também têm um forte caráter de apresentação de quem escreve. Essas ferramentas são portanto apropriadas como formas de expressão do self, espaços do ator social e percebidas pelos demais como tal. É unicamente por conta dessa percepção que as redes sociais irão emergir como tal. Por causa disso os atores no ciberespaço podem ser compreendidos como indivíduos que agem através de representações performáticas de si mesmos.

Todo tipo de representação das pessoas pode ser tomada com um nó da rede social.

Através da observação das formas de identificação dos usuários na Internet é possível perceber os atores e observar as interações e conexões entre eles. Outro elemento importante do estudo dessas apropriações como representações e extensões do espaço social é a percepção de quem são eles. Esses espaços são espaços de expressão e de construção de impressões.

Através da comunicação entre os atores no ciberespaço, afirma Ribeiro (2005), a identidades deles é estabelecida e reconhecida pelos demais.

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1.2 Conexões

As conexões de uma rede social podem ser percebidas de diversas maneiras. Em termos gerais, elas são constituídas dos laços sociais. Laços são formados através da interação social entre atores. A variação das conexões é que altera as estruturas dos grupos.

Interação

A interação é a matéria-prima das relações e dos laços sociais. As interações são influenciadas pela percepção dos atores sobre o universo que os rodeia e pelas motivações particulares desses atores. Representa um processo sempre comunicacional, segundo Watzlawick, Beavin e Jackson (2000). A interação é, portanto, aquela ação que tem um reflexo comunicativo entre os indivíduos e seus pares, como reflexo social. Atua diretamente sobre a definição da natureza das relações entre aqueles envolvidos. Tem sempre um caráter social perene e diretamente associado ao processo comunicativo.

Estudar a interação social compreende estudar a comunicação entre os atores. Estudar as relações entre suas trocas de mensagem e o sentido das mesmas.

O ciberespaço e as ferramentas de comunicação possuem particularidades a respeito dos processos de interação. Primeiro: não há pistas imediatas da linguagem não verbal, e a interpretação do contexto da interação precisa ser negociada durante o processo. Segundo: podem permitir que a interação permaneça mesmo depois do ator estar desconectado, permitindo assim o aparecimento de interações assíncronas.1

Discutindo as possibilidades das ferramentas, Primo (2003) estabelece uma tipologia para tratar com a interação mediada por computador: a interação mútua e a interação reativa. Para ele a interação reativa é sempre limitada para os atores envolvidos no processo: clicar ou não em um link, por exemplo, um “vetor unidirecional” criado por alguém que permite ao usuário unicamente ir ou não ao site para onde ele aponta. Já num blog, é possível realizar um diálogo entre comentaristas e com o autor. Trata-se de uma interação construída, negociada e criativa.

Na maioria das vezes a interação reativa se dá apenas entre o agente e o sistema que media a relação comunicativa, entretanto em alguns casos, como no Orkut, é possível interagir com uma “amizade” simplesmente através de botões, aceitando ou não um convite. Embora essas interações não sejam mútuas elas têm impacto social, já que têm reflexos nos dois lados da relação comunicativa (reflexo no sistema – pessoas unidas por mais uma conexão; reflexo no indivíduo – terá mais um “amigo”).

A interação reativa acaba reduzindo o espectro de relações sociais que possa gerar e consequentemente dos laços sociais. A interação mútua, por sua vez, permite a inventividade, podendo gerar relações mais complexas do ponto de vista social.

Outro fator característico da interação mediada por computador é sua capacidade de migração: podem espalhar-se entre as diversas plataformas de comunicação. Essa migração pode auxiliar na percepção da multiplexidade das relações, um indicativo da presença de laços fortes na rede.

1 Uma comunicação síncrona é aquela que simula uma interação em tempo real. Os envolvidos têm uma expectativa de resposta imediata ou quase imediata.

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A interação mediada por computador é geradora e mantenedora de relações sociais que irão gerar laços sociais.

O conjunto de interações sociais forma relações sociais. Da sua regularidade ou padrões surgem as estruturas (Wasserman e Faust, 1994).

Relação

A relação é considerada a unidade básica de análise em uma rede social. Sempre envolve uma quantidade grande de interações. O conteúdo de uma ou várias interações auxilia a definir o tipo de relação social que existe entre dois interagentes.

Da mesma forma que a interação, as relações podem ser mediadas por computador. A relação sofre conseqüências das limitações contextuais dessa mediação. O distanciamento entre as pessoas envolvidas na construção da relação pode alterar a forma através da qual ela se estabelece. Esse distanciamento proporciona o anonimato; é mais fácil iniciar e terminar relações; barreiras como sexualidade, limitações físicas, etc. não são dadas imediatamente a conhecer, permitindo aos atores reconstruirem-se no ciberespaço.

As relações sociais atuam na construção dos laços sociais. Laços

Laço é a efetiva conexão entre os atores que estão envolvidos em interações. Resulta da sedimentação das relações estabelecidas entre os agentes. Laços são formas mais institucionalizadas de conexão entre atores, constituídos no tempo e através da interação social.

Nesse trabalho distinguem-se dois tipos de laço construído através da comunicação medida pelo computador:2

a) Laço associativo: construído fundamentalmente através da interação social reativa. Exemplo: decidir ser amigo de alguém no Orkut, trocar links no fotolog, etc.

b) Laço dialógico: compreendidos através da interação social mútua, como por exemplo conversar com alguém no MSN, trocar recados no Orkut, etc.

Laços podem ser fortes ou fracos. Laços fortes caracterizam-se pela intimidade, proximidade e pela intencionalidade em criar e manter uma conexão entre duas pessoas. Laços fracos caracterizam-se por relações esparsas, que não traduzem proximidade e intimidade. (Os laços associativos tenderiam a ser mais fracos, por envolverem menos trocas entre os atores.)

Granovetter (1973, 1983) chama a atenção para a importância dos laços fracos como estruturadores das redes sociais. São eles que conectam entre si os grupos constituídos de laços fortes. Eles conectam os clusters nas redes sociais.

2 Essa é uma definição reducionista, embora útil para perceber as diferenças dos laços. Mas, dependendo do tempo e da quantidade de interação investida na conexão, um laço pode ter diferentes níveis.

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Nem todos os laços são recíprocos. Quando os laços que conectam dois indivíduos possuem forças diferentes nos dois sentidos (AB e BA), são ditos assimétricos. Já os laços com a mesma força nos dois sentidos é chamado simétrico.

Os laços sociais podem ser denominados multiplexos quando são constituídos de diversos tipos de relações sociais. Os laços fortes, segundo Granovetter, de modo geral constituem-se em laços multiplexos. Essa característica pode indicar a existência de um laço forte.

Laço social é portanto composto de relações sociais que são compostas pela interação. Podem ser fortes ou fracos de acordo com o grau de intimidade, sua persistência no tempo e quantidade de recursos trocada. Têm composições diversas, derivadas dos tipos de relação e do conteúdo das mensagens.

São difíceis de ser percebidos por si na Internet, mas através da observação sistemática das interações é possível identificar elementos como grau de intimidade, a natureza do capital social trocado e outras informações que auxiliam na percepção da força do laço que une cada par.

Wellman (1997) aponta que tanto laços fortes quanto laços fracos podem ser suportados por redes sociais na Internet, embora ressalte que essas redes parecem mais configuradas para suportar a participação esparsa, decorrente de laços fracos.

A Internet suportaria tanto laços altamente especializados (formados por relações do mesmo tipo) quanto laços multiplexos, refletindo interações acontecendo em diversos espaços e sistemas.

Quanto maior o número de laços, maior a densidade da rede, os indivíduos que fazem parte dela estão mais conectados. Assim, os laços sociais auxiliam a identificar e compreender a estrutura de determinada rede social.

Laços sociais na Internet muitas vezes são laços também mantidos off-line. Os estudos de Wellman em

Netville demonstram o potencial da Internet de gerar e aprofundar laços sociais através da interação

mediada por computador. De modo geral oferece novos espaços para conhecer parceiros com interesses comuns e estabelecer laços iniciais. Nesse trabalho Wellman explica que muitas dessas redes funcionam principalmente conectando vizinhos.

Outra diferença gerada pela Internet: o advento de laços sociais mantidos a distância. A tecnologia permitiu que os laços fossem dispersos espacialmente. A comunicação mediada por computador apresentou formas de manter laços sociais fortes mesmo separadas por grandes distâncias (Skype, messengers, e-mails, chats). Essa desterritorialização dos laços é conseqüência direta da abertura de novos espaços de interação.

2. O conceito de capital social e o estudo das redes

Um dos primeiros estudos que conectou o capital social à mediação por computador foi o desenvolvido por Wellman e seu grupo em uma vizinhança de Toronto (chamada de Netville), nos anos 90. Os autores sugeriram que a tecnologia poderia fortalecer e trazer novas formas de comunidade baseadas na localidade geográfica. Trabalhos de pesquisadores do grupo de Wellman sugeriram que a Internet seria uma via de construção de capital social (o que não é aceito integralmente por outros autores).

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O conceito de capital social é variado. A concordância entre os estudiosos reside no reconhecimento de que o conceito refere-se a um valor constituído a partir de interações entre os atores sociais.

Para Putnam o conceito de capital social está associado à idéia de virtude cívica, de moralidade e de seu fortalecimento através de relações recíprocas. Para ele há 3 elementos centrais para o capital social: a obrigação moral e as normas, a confiança (valores sociais) e as redes sociais. A confiança decorre de escolhas no nível interpessoal, nas interações que geram aos poucos reciprocidade e confiança, criando valores de integração e apoio. As redes sociais consistem especialmente de ações voluntárias que estimulariam a cooperação entre indivíduos e a emergência dos valores sociais.

Putnam vê o capital social como elemento fundamental para a constituição e o desenvolvimento das comunidades.

Para Bourdieu o capital social está relacionado a determinado grupo, rede social. O conceito de capital social teria dois componentes: um recurso que é conectado ao pertencimento a um determinado grupo e o conhecimento e reconhecimento mútuos dos participantes de um grupo. Esse conhecimento transformaria o capital social em capital simbólico, capaz de objetivar as diferenças de classe e adquirir significado. Para Coleman, o capital social não está nos atores em si mas em sua estrutura de relações. Ele poderia ser transformado em outras formas de capital e assim ser objetivado.

Há dificuldades em operacionalizar qualquer um dos 3 conceitos apresentados. Putnam não engloba o conflito; Bourdieu é criticado pelo caráter individualista e por focar na capacidade do indivíduo em utilizar recursos coletivos para seus próprios fins; Coleman vê o capital social de um ponto de vista quase que puramente estrutural.

De Filippis aponta que para Putnam o capital social pode ser transformado em algo possuído por indivíduos ou grupos. Já para Bourdieu e Coleman o capital social não está nos indivíduos mas nas relações entre eles. Consideraremos capital social como um conjunto de recursos de dado grupo que pode ser usufruído por todos os membros do grupo, ainda que apropriados individualmente, e que está baseado na reciprocidade. Ele está embutido nas relações sociais e é determinado pelo conteúdo delas. Portanto para se estudar o capital social dessas redes é preciso estudar não apenas suas relações mas igualmente o conteúdo das mensagens trocadas.

Operacionalização do conceito

Utilizaremos uma classificação construída por Bertolini e Bravo (2001) que partem da definição de Coleman para definir aspectos nos quais o capital social pode ser encontrado, podendo ser compreendidos como os recursos a que os indivíduos têm acesso através da rede: relacional, normativo, cognitivo, confiança no ambiente social, institucional. Esses aspectos seriam compreendidos entre aspectos individuais configurando um primeiro nível de capital social (relações, leis ou normas e o conhecimento que variam de acordo com os indivíduos) e aspectos de grupo, segundo nível do capital social (que apenas podem ser desfrutados pela coletividade, como a confiança no ambiente social, a presença de instituições). A existência dos primeiro é requisito para a constituição do segundo, e o segundo aumenta a qualidade do primeiro. Suporte social, por exemplo, pode ser invocado por atores; mas o segundo nível compreende valores que são acessados pela coletividade.

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Putnam também distingue 2 formas de capital social: o conector (bridging) e o fortalecedor (bonding). O primeiro refere-se a relações fora do grupo, o segundo é focado no fortalecimento de grupos homogêneos. O fortalecedor estaria associado a grupos mais coesos, mais próximos e densos (amizade, família), um tipo de capital social associado com os laços fortes de Granovetter. O do tipo conectivo focaria nos laços fracos, conexões mais distantes, com menor intimidade, mais presente entre grupos sociais. A esses dois Ellison, Steinfield & Lamp (2007) acrescentam um terceiro tipo de capital denominado de manutenção (mantained), presente nos sites de redes sociais na Internet (Facebook). Esses sites são usados para manter contato. É importante observar que o tipo de capital social encontrado nas redes sociais pode ser decorrente também das limitações do próprio software.

O capital social pode ser percebido de formas diferentes nas diferentes ferramentas de rede social na Internet e através das formas de interação nos diferentes sistemas. Por exemplo, o Orkut enquanto sistema proporciona várias formas de interação reativa (aceitar ou não a “amizade”), e, uma vez criada, essa rede não necessita de interação para ser mantida (até a deleção do perfil ou deleção na rede). O sistema mantém essa estrutura, diferentemente da rede social off-line, o que demonstra certa artificialidade nas estruturas sociais apresentadas.

O capital social pode auxiliar na compreensão dos laços sociais e do tipo de rede social formada através de ferramentas sociais na Internet. É preciso estudar não só a existência de conexão entre os atores, mas igualmente estudar o conteúdo dessas conexões, através de suas interações e conversações. Esse conteúdo auxilia a compreender a qualidade dessas conexões de modo mais completo.

O capital social é elemento-chave para a compreensão dos padrões de conexão entre atores sociais na Internet. Compreender a existência de valores nas conexões sociais e o papel da Internet na construção e mudança na percepção dos valores é fundamental para compreender as redes sociais.

Os tipos de capital social atuam como motivadores para as conexões e auxiliam a moldar os padrões que emergirão da apropriação dos diversos sites de redes sociais

3. Topologia de Redes Sociais na Internet

Para discutir a eficiência da rede versus sua estrutura, Paul Baran (On distributed communication, 1964) apresentou 3 topologias básicas possíveis: distribuída, centralizada e descentralizadas.

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A rede centralizada é aquela onde um nó centraliza a maior parte das conexões; a descentralizada possui vários centros e é mantida por um grupo pequeno de nós; na distribuída todos os nós possuem mais ou menos a mesma quantidade de conexões.3

Uma rede social pode ter características de vários desses modelos.

A teoria das redes foi proposta por Barabási (2003), uma abordagem essencialmente matemática e física dedicada a estudar as propriedades dos grafos, com base em trabalhos da década de 50. Estudos sociométricos são anteriores a esta abordagem, mas perceberam as redes como estruturas estáticas, enquanto a teoria das redes focaria principalmente nas propriedades dinâmicas (propriedades que são estudadas há muito pela chamada Complexidade)

3.1 Redes igualitárias

Rede onde os nós, dada uma quantidade de conexões têm uma probabilidade de acabar com uma quantidade mais ou menos igual de conexões. É uma rede sem conglomerados, pois não há nós com quantidade maior de conexões. São redes distribuídas na perspectiva de Baran (1964) e Franco (2008), onde cada nó possui mais ou menos o mesmo número de conexões.

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3.2 Redes mundos pequenos

O trabalho de Ithiel de Sola Pool e Manfred Kochen (1978) é frequentemente referenciado como um dos primeiros que buscou extrair padrões e levantar questionamentos sobre redes sociais. Levantaram pela primeira vez o problema dos “mundos pequenos”, que observa coincidências entre conhecidos.

Mark Granovetter (1973) descobriu que laços fracos – conhecidos ou amigos distantes – seriam mais importantes na manutenção das redes sociais do que laços fortes, pois conectaria vários grupos sociais. As redes sociais não são simplesmente randômicas; existe algum tipo de ordem nelas.

Ducan Watts e Steven Strogatz (1998) criaram um modelo em que alguns laços estabelecidos aleatoriamente entre alguns nós transformavam a rede num mundo pequeno. Bastam alguns poucos links entre vários clusters para formar um mundo pequeno numa grande rede.

3.3 Redes sem escalas

Barabási e Albert (1999) demonstraram que as redes não eram formadas de modo aleatório. Existia uma ordem na dinâmica de estruturação das redes, no seu crescimento. Quanto mais conexões um nó possui, maiores chances de ele ter mais conexões (conexão preferencial). As redes não seriam constituídas de nós igualitários. Ao contrário elas possuiriam nós altamente conectados (hubs ou conectores). Redes sem escalas seriam as redes descentralizadas de Baran (1964) e Franco (2008).

Em clusters ou comunidades, a distribuição das conexões tende a ser mais igualitária; já em modelos baseados em sites de redes sociais ou nos links de blog, verifica-se distribuição mais semelhante à prevista por Barabási.

4. Propriedades das Redes

São apontadas por estudiosos de Análise Estrutural das Redes.

Grau de conexão: quantos nós compõem a vizinhança de um determinado nó. Em termos de conexões que o nó recebe ou que ele faz.

Densidade: proporção do número máximo de conexões de um grafo em relação ao número máximo de conexões que ele suporta.

Centralidade: medida da popularidade de um nó. Refere-se à posição de um determinado nó na rede. É uma medida mais relevante para redes centralizadas e descentralizadas do que para redes sem escala. Centralização: como a densidade, é uma medida de rede inteira. Densidade descreve a medida da coesão de um grafo; centralização a extensão na qual esta coesão estaria centrada em pontos específicos do grafo. Centralização é uma medida do grafo; centralidade é uma medida do nó.

Multiplexidade: medida dos diferentes tipos de relação social que existem em determinada rede.

Os conceitos associados às propriedades das redes podem ser utilizados para compreender as topologias e inclusive percebê-las.

Referências

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