Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Exatas e da Natureza - CCEN Departamento de Geociências – DGEOC
Disciplina: Geografia Física Aplicada ORIENTADOR: Paulo Rosa
RELATÓRIO TÉCNICO
GEOMORFOLOGIA: ESTUDO DO NÍVEL DE INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO NO ESTACIONAMENTO DO CT (CENTRO DE TECNOLOGIA) DA
UFPB
Alunos: Danilo Coutinho Matrícula: 10913616 Paulo Vitor Matrícula: 10913654
João Pessoa - PB Setembro de 2011
INTRODUÇÃO
O seguinte trabalho tem como objetivo indicar o nível de infiltração de água no solo do CT (Centro de Tecnologia) do Campus I da UFPB, para que se possa ver até que ponto esta área é impermeável e como a inserção de equipamentos urbanos pode afetar a drenagem natural e, consequentemente, o escoamento da água.
Local de coleta. Adaptado de
http://moodle.virtual.ufpb.br/file.php/355/CAMPUS_I_Marca_D_gua_tratada.JPG
Para tanto, foram utilizados alguns instrumentos imprescindíveis para o exercício técnico: são eles: régua; infiltrômetro; colher de pedreiro; recipiente com 1 litro de água; cronômetro; e máquina fotográfica digital. As coletas foram feitas em dois dias, 14/09 e 16/09/11, ambas no horário das 12h30min. Ressaltamos a dificuldade em achar um ponto próprio para a fixação do infiltrômetro, por tratar-se de uma área de estacionamento calçado e com ausência de solo exposto. O ponto escolhido foi próximo a uma edificação, apresentando um solo rígido bem compactado. Assim, cavamos o solo 12cm, fixando o infiltrômetro e posicionando uma régua em seu interior. Feito esses procedimentos iniciais, despejamos 1 litro de água dentro do infiltrômetro quando, então, acionou-se o cronômetro.
Infiltrômetro e régua. Foto: Paulo Vitor
Como referencial teórico, este trabalho se balizou no trabalho monográfico de Conrad Rodrigues Rosa, Instabilidade estabilidade ambiental em microbacia urbana: o caso da urbanização da Cidade Universitária. Este autor fez um estudo do que ele chamou de microbacia confinada nas dependências do campus I da UFPB, para mostrar como a inserção de equipamentos urbanos alterou toda a dinâmica do relevo que antes era parte da vertente esquerda do Riacho Timbó, transformando-o e em um sistema com dinâmica própria. Para ele, essa ação antrópica no meio alterou o escoamento superficial e a infiltração do solo, além de ter contribuído para a desagregação de massa com a retirada da vegetação. Ora, por se referir a mesma área (campus I da UFPB) e por tratar do mesmo tema, esse trabalho ofereceu um importante subsídio para a conclusão deste relatório.
Local das coletas. Fotos: Paulo Vitor
O local de coleta situa-se no sudoeste do campus, tendo poucas edificações (e a maioria delas em fase de construção ou reforma). O fato de ter poucas edificações está relacionado à função de estacionamento do mesmo. Este, por sua vez, é calçado (ver fotos abaixo) e, dificilmente, encontram-se pontos em que o solo não está impermeabilizado.
Estacionamento do CT. Fotos: Paulo Vitor
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No primeiro dia (14/09), o calor estava muito forte, o sol parecia incidir diretamente sobre o ponto de coleta e a infiltração ocorreu de maneira relativamente rápida, apesar da rígida compactação do solo. O mesmo não ocorreu no dia 16 do mesmo mês, pois o tempo necessário à completa infiltração da água foi bem maior que a do outro dia, mesmo se tratando exatamente do mesmo ponto e semelhantes níveis de insolação. Provavelmente o que influenciou foi a chuva ocorrida durante a madrugada, saturando o solo, o que foi evidenciado durante a coleta. Nota-se, assim, que o trabalho não mostrou apenas resultados referentes à infiltração de água, mas também pode-se fazer uma correlação deste com a saturação. Principalmente por tratarem-se, ambas, de características do solo alteradas com a inserção de equipamentos urbanos.
Pode-se dizer, portanto, que a chuva contribuiu para a grande diferença nos resultados. No entanto, buscamos caracterizar melhor o nível de saturação do solo, não a partir de eventos ocasionais (no caso, a chuva), mas partindo-se duma percepção nossa, que foi a do aumento gradativo dos intervalos de tempo a cada 4cm de infiltração da água. Em outras palavras, nota-se que a cada 4cm de infiltração da água no solo, o mesmo vai ficando mais saturado e, então, os últimos intervalos de 4cm duram mais tempo. Por exemplo, no caso do primeiro dia, para que os primeiros quatro centímetros de água infiltrassem foram necessários 1’48’, mas foram necessários 2’56’’ para que mais quatro centímetros infiltrassem; os últimos 4cm, por sua vez, necessitaram de 4’41’’ para que houvesse sua infiltração. Há, portanto, uma relação entre a infiltração e a saturação, podendo ser estabelecida a partir de uma só coleta e não, necessariamente, a partir de coletas em dias ou momentos distintos. Ainda assim, admitimos que mais coletas e estudos mais aprofundados poderiam oferecer maior riqueza de detalhes e resultados mais precisos. Segue abaixo os dados referentes às coletas dos dois dias.
Dia 14/09
Infiltração Tempo necessário à infiltração Intervalo
0cm 0’’
4cm 108’’ (1’48’’) 108’’ (1'48'')
8cm 284’’ (4’44’’) 176’’ (2'56'')
12cm 565’’ (9’25’’) 281’’ (4'41'')
Fonte: pesquisa de campo, setembro de 2011
Dia 16/09
Infiltração Tempo necessário à infiltração Intervalo
0cm 0’’
4cm 134’’ (2’14’’) 134’’ (2'14'')
8cm 476’’ (7’56’’) 342’’ (5'42'')
12cm 1117’’ (18’37’’) 641’’ (10'41'') Fonte: pesquisa de campo, setembro de 2011
Fonte: pesquisa de campo, setembro de 2011
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A área em que foi feito este exercício técnico é, de fato, urbanizada. A dificuldade em achar pontos que ofereçam a possibilidade de trabalhar com o instrumento (infiltrômetro) caracteriza bem essa situação, onde apenas um pequeno espaço de não mais de meio metro de largura mostrou-se favorável ao trabalho. Ainda assim, este se mostrou bem rígido, compactado e com níveis de permeabilização baixos. A chuva, ocasional, nos ofereceu também a possibilidade de obter mais resultados e de fazer mais avaliações acerca do exercício. Tem-se, então, uma situação de alteração de toda a dinâmica do sistema onde, modificado pela inserção de equipamentos urbanos, não se tem mais um(a) escoamento/infiltração natural. No entanto, só podem-se tirar mais conclusões a partir de uma comparação entre esta área e outras semelhantemente urbanizadas e/ou não urbanizadas do campus.
REFERÊNCIAS
ROSA, Conrad R. Instabilidade estabilidade ambiental em microbacia urbana: o caso da urbanização da Cidade Universitária – UFPB. Monografia apresentada e aprovada em 2003, pela banca examinadora constituída pelos professores: Prof. Ms. Paulo Roberto de Oliveira Rosa, Prof. Dr. Sérgio Fernandes Alonso e Geógrafa Ms. Nivaneide Alves de Melo.
