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Repercussões do rompimento de vínculos decorrentes da disputa de guarda de filhos. Resumo. Abstract: Introdução

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Repercussões do rompimento de vínculos decorrentes da disputa de

guarda de filhos

Resumo

Este artigo pretende debater as repercussões do rompimento de vínculos decorrentes da disputa de guarda dos filhos. É um tema atual que repercute constantemente em nossa sociedade. O método utilizado consiste numa revisão narrativa da literatura baseado em livros e artigos científicos que apresentam consistência teórica no meio jurídico e psicológico. Por meio deste trabalho busca-se entender como se dá as questões de divórcio, rompimento de vínculos, guarda compartilhada e as consequências para seus envolvidos principalmente para os filhos. Ao tratarmos assuntos tão relevantes podemos entender melhor sobre o divórcio e principalmente sobre a questão da guarda dos filhos, mas principalmente verificar e apontar alternativas para tratar assunto de maneira saudável e satisfatória. Torna-se relevante que haja mais pesquisas e principalmente informações sobre o divórcio e guarda dos filhos para que se possa passar por este processo de forma amena e menos traumatizante para todos os envolvidos. Sugere-se acompanhamento psicológico, realizado por profissionais especializados, para oferecer suporte emocional aos envolvidos no processo de separação conjugal e suas repercussões. A intenção consiste em tornar o processo de separação, e possível definição de guarda de filhos, menos traumatizante aos envolvidos no caso.

Palavras-chave: Divórcio; Rompimento de vínculos; guarda compartilhada.

Abstract:

This article aims to discuss the impact of disruption of bonds arising from child custody dispute. It is a current theme that resonates constantly in our society. The method used consists of a narrative review based on books and scientific papers that present theoretical consistency in legal and psychological means. Through this work we seek to understanding how the issues of divorce, breaking of bonds, shared custody and the consequences for their mainly for the children involved. In addressing relevant issues as we understand more about divorce and especially on the issue of custody, but mainly check and identify alternatives to address the subject of healthy and satisfying way. It is relevant that there is more research and especially information about divorce and custody so that you can go through the process of mild and less traumatic way for all involved. It is suggested psychological counseling, conducted by professionals, to offer emotional support to those involved in marital separation and its impacts. The intention is to make the process of separation and possible definition of child custody, less traumatic for those involved in the case.

Keywords divorce; disruption of linkages ; shared custody.

Introdução

A modificação na lei sobre o divórcio evidenciou diversos modelos e padrões de família, tais como, aqueles padrões socialmente esperados da família nuclear, ou ainda, os novos modelos familiares, decorrentes de reorganizações conjugais, separações, outras formas de união e recasamento. Atualmente as separações judiciais

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A partir desses dados e do contexto sócio-histórico atual do segundo milênio, o divórcio tornou-se evidente, razão pela qual surge a necessidade de mais pesquisas nacionais sobre o tema para subsidiar uma reflexão contextualizada à realidade brasileira (Cano; Gabarra; Moré; & Crepaldi, 2009).

O divórcio tem sido descrito como um evento estressante para as famílias, porque implica em uma série de mudanças na vida dos pais e das crianças. Segundo Cano; Gabarra; Moré & Crepaldi (2009), o divórcio é um processo singular, haja vista que ele terá maior ou menor impacto nas pessoas envolvidas dependendo de alguns fatores externos e das redes de apoio que se estabelecem ou não. Disso decorrem os diferentes graus de complicações que envolvem a família. Como outras situações de conflito, o divórcio aumenta a probabilidade de pais e crianças evidenciarem mal-estar psicológico. Por outro lado, a ideia de que o divórcio e a separação dos pais, por si só, determinam quase invariavelmente piores resultados psicológicos na criança é cada vez menos enfatizada na literatura (Harris, 1998). O interesse atual dos investigadores dirige-se para a procura dos fatores, modelos e processos que melhor permitam explicar o modo como o divórcio pode afetar a vincularidade da criança, em vez da comparação entre crianças de famílias divorciadas e casadas. Neste sentido, Féres-Carneiro, T., e Diniz Neto, O. (2010), descrevem a construção e dissolução da conjugalidade, investigando os padrões de formação e dissolução da conjugalidade, como um processo interacional e constataram que o estudo da conjugalidade produz uma literatura significativa para a compreensão da dinâmica conjugal, adotando diversos enfoques, fornecendo teorias e contribuições às abordagens e modelos terapêuticos.

Com relação às repercussões do rompimento de vínculos na infância, para Bowlby (1979/1997), é comprovadamente produtivo considerar muitos distúrbios psiconeuróticos e da personalidade como um reflexo da incapacidade de estabelecer vínculos afetivos, em virtude de uma falha no desenvolvimento na infância relacionado ao rompimento de vínculos com os pais. Para Viegas e Ramires (2012), a qualidade dos vínculos afetivos estabelecidos antes e depois da separação será a base para assegurar o bem-estar e a saúde mental das crianças e/ou adolescentes envolvidos, uma vez que a integração do self, quando feita de forma adequada, produz segurança interna e equilíbrio na regulação das emoções. Do contrário, quando os pais são incapazes de estabelecer um vínculo seguro e seus interesses estão alicerçados egocentricamente, aumentam os riscos de instauração de traumas e doenças. Segundo Trindade (2011), pode-se afirmar que o processo psicológico de separação inicia com uma crise conjugal na relação entre marido e mulher, para a qual a única alternativa é a ruptura

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judicial, amigável ou litigiosa, cujas consequências, por sua própria natureza, podem se estender a outras pessoas, principalmente aos filhos, de modo que a crise conjugal se dimensiona como uma crise familiar. Assim, a maneira como os pais se relacionam com os filhos e entre si interfere na maneira positiva ou negativa de o filho enfrentar a separação. Outros estudos realizados revelam que a separação conjugal pode exercer efeitos negativos sobre o relacionamento entre pais e filhos e a existência de comportamentos agressivos e desajustados dos pais e dos filhos são os mais comuns (Almeida; Peres; Garcia; Pellizzari, 2000).

O estudo do impacto da dissolução conjugal proposto por Troxel e Matthews (2004), apresenta a separação conjugal como um estressor familiar que tem, por um lado, um efeito desorganizador das práticas parentais e origina, por outro lado, a redução da segurança econômica da família. Essas dimensões, associadas a fatores de vulnerabilidade biológica, familiar, interpessoal e social, contribuem para a insegurança emocional da criança. Reações comuns podem traduzir-se em problemas de saúde física e psicológica na presença dessas vulnerabilidades.

Consequências do divórcio para os filhos

Os possíveis efeitos para as crianças, da separação de seus pais, podem ser assim organizados: Problemas escolares, sentimentos de abandono, sentimentos de impotência, insegurança, condutas regressivas, comportamento disruptivo e antissocial, condutas repetitivas, sentimentos de culpa, medo e depressão (Seijo & Farina 2000).

Segundo Nunes-Costa et al.(2009), a separação ou divórcio dos pais pode desencadear a diminuição da saúde física e psicológica, mas não significa por si só a desadaptação desenvolvimental da criança. Só quando se associa a outros fatores de risco, como o conflito interparental, desencadeia trajetórias desenvolvimentais caracterizadas por uma inadequada adaptação, com piores níveis de saúde física, sintomatologia psicopatológica, pior rendimento acadêmico e comportamentos de risco. Já Kelly e Emery (2003) referem o divórcio como fator protetor no ajustamento da criança: a competência e a adequação dos pais na disputa pela custodia e a qualidade das práticas parentais, a parentalidade apropriada do pai sem a custodia e a diminuição dos conflitos parentais durante o divórcio. Estes últimos, quando presentes, podem amenizar e amortecer o impacto do divórcio ou separação, e com maior probabilidade existe uma adequada adaptação desenvolvimental da criança. Trindade (2011), refere que muito cuidado deve haver para que as crianças não venham a ser usadas

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levar a uma maior conflitualidade da experiência de separação dos pais, capaz, inclusive, de ser percebida como uma revitimização dos acontecimentos devido à obrigatória quebra de lealdade com um dos pais. Ramires (2004), frisa que é de fundamental importância à continuidade da existência dos vínculos com ambos os pais. Desta forma, o relacionamento com os filhos pode se alterar, possibilitando crescimento de ambas as partes, ou permanecer como o palco privilegiado de antigos e novos conflitos, relativos à pensão, condução da educação, acordos de guarda e regulamentação de visitas. A autora reforça que o ajustamento infantil parece estar diretamente relacionado à quantidade e à qualidade do contato e ao vínculo que a criança estabelece com as figuras parentais, tanto a que detém quanto a que não detém a guarda, ao ajustamento psicológico da figura parental que detém a guarda, sua capacidade de cuidado, ao nível de conflito existente entre os pais após o divórcio, ao nível de dificuldades socioeconômicas e à quantidade de eventos estressores adicionais que incidirem sobre a família nesse momento de transição.

Travis (2003) destaca que na prática clínica de terapeutas de família, a separação conjugal aparece como uma das transformações mais frequentes, e é de consenso considerar esse processo e suas consequências como um evento familiar mais facilmente assimilado hoje do que alguns anos atrás. Conforme dados levantados pela autora, atualmente os filhos de pais separados são mais aceitos e socialmente amparados por colegas e pela escola do que em anos idos, quando havia maior preconceito. Portanto, se o processo de separação é vivenciado de modo a possibilitar esse amadurecimento emocional, em que a própria situação e os conflitos possam ser resolvidos sem isenção de sofrimento e pesar, pode-se dizer que os cônjuges estarão mais preparados para novos relacionamentos, isso é, mais ‘livres’, no sentido de terem menos pendências com suas relações passadas (Cano, Gabarra, Moré & Crepaldi 2009).

Dados sobre a guarda compartilhada

Conforme dados do IBGE (2007), na maioria dos casos de divórcio, os filhos ficam sob a custódia da mãe (89,5%). Apesar disso, convém ponderar que, do ponto de vista legal, foi recentemente estabelecida no Brasil a guarda compartilhada, que determina a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns instituindo responsabilidades. A guarda compartilhada ainda é pouco conhecida e abrange somente 2,9% dos divórcios. Cano, Gabarra, Moré e Crepaldi (2009), referem que apesar dos dados

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mais, o movimento pela guarda compartilhada aumente, em função não apenas da alteração legal registrada, mas especialmente, da maior democratização nas relações entre homens e mulheres e a crescente reivindicação dos homens a um papel mais ativo na criação dos filhos.

Conforme Fidomanzo (2003), a guarda compartilhada sempre existiu. Durante a união do casal, desde os primórdios, quando um ou ambos saiam para o mercado de trabalho, a questão da guarda era habitualmente compartilhada com avós, parentes, babá, empregada, vizinhos, escola ou mesmo com qualquer dos dois, quando em situações de férias ou perda do emprego, sem causar qualquer polemica”.

Brito (2007) em pesquisa realizada com jovens adultos, filhos de pais separados, analisou a percepção sob as mudanças que ocorreram em suas vidas em decorrência do rompimento conjugal, especialmente em relação à convivência familiar. A autora constatou que atualmente, nos referimos à ideia de família no plural, visão semelhante deve acompanhar a estrutura familiar após o rompimento conjugal, na medida em que se percebe a constituição de distintas configurações, reafirmando que não há um padrão de relacionamento após a separação conjugal. Segundo Trindade (2011), deixando a família de ser concebida estritamente como núcleo econômico e reprodutivo (entidade de produção), e avançando para uma dimensão socioafetiva (como expressão de uma unidade de afeto e entreajuda), surgem, naturalmente, novas representações sociais, novos arranjos familiares, isto é, as entidades familiares tornam-se plurais, já que existem em razão do sentimento de afeto dos membros que a constituem. Portanto, pela impossibilidade de se generalizar as consequências do divórcio para os membros da família, sugere-se que é de grande importância outros estudos para avaliar os desdobramentos da separação conjugal de forma diferenciada no que diz respeito aos pais e aos filhos.

Considerações finais

Há preocupação crescente dos profissionais da área da saúde com a defasagem evidente percebida entre a referida necessidade e a busca por tratamento especializado. Ponderando que essa defasagem fica ainda maior se for considerado o número de crianças que, depois de procurar ajuda, abandona ou não chega a iniciar o tratamento, há a necessidade de que mais estudos investiguem medidas eficientes de manter as crianças que necessitam de psicoterapia em atendimento (Gastaud, Basso, Soares, Eizirik e Nunes, 2011).

Compreende-se que reconhecer e identificar possibilidades de desdobramentos desagradáveis para os filhos após a separação dos pais

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mecanismos de apoio às famílias contemporâneas, contribuindo-se para que sejam implementadas estratégias políticas (Brito, 2007).

Portanto, os estudos sublinham a importância de que profissionais e pesquisadores unam seus esforços no sentido da criação de critérios próprios de análise do processo da psicoterapia com crianças que romperam vínculos e que necessitam de acolhimento e alternativas de vincularidade.

Referências

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Cano, D. S., Gabarra, L. M., Moré, C. O. & Crepaldi , M. A. (2009). As Transições Familiares do Divórcio ao Recasamento no Contexto Brasileiro. Psicologia: Reflexão e Crítica, 22(2), 214-222.

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Referências

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