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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

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1 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS

Cíntia Lira Borges - Unichristus Gislene Maia Grangeiro- Faculdade Maurício de Nassau Anny de Sousa Vieira- Faculdade Maurício de Nassau Allana Mirella Alves- Universidade Estadual do Ceará Saul Filipe Pedrosa Leite- Hospital São Carlos Arnaldo Aires Peixoto Junior- Unichristus INTRODUÇÃO: O processo de envelhecimento pode ocasionar prejuízos no estado geral do acarretando maior vulnerabilidade a doenças crônicas degenerativas, a perda da autonomia e comprometimento da interação social, todos esses fatores podem interferir de alguma forma em sua capacidade física e mental, gerando deficiências no desempenho das atividades de vida diária (VITORINO; PASKULIN; VIANNA, 2012). Essas mudanças podem, muitas vezes, preceder a necessidade de institucionalização e pior qualidade de vida. OBJETIVO: Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo, avaliar a qualidade de vida de idosos institucionalizados por meio da aplicação da escala WHOQOL-old. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Estudo transversal, quantitativo e de caráter descritivo. Foi realizado em uma instituição de longa permanência (ILPI), localizada na cidade de Fortaleza – CE. Esse local se caracteriza por ser uma instituição filantrópica que atende idosos em situação de vulnerabilidade e risco social, visando garantir seus direitos e assegurar uma vida digna, como autonomia e liberdade. Atualmente, a quantidade de residentes nessa ILPI é de 230 idosos. A coleta de dados foi realizada no mês de dezembro de 2015 e janeiro de 2016. A amostra foi composta por 110 idosos que responderam aos critérios de inclusão: idade ≥ 60 anos, em boas condições de saúde física ou mental para responder às perguntas. Não participaram os idosos que estavam com enfermidades que impossibilitavam a adequada participação e aplicação do questionário, assim como aqueles que possuíam transtornos mentas que dificultasse a compreensão dos questionamentos. Foi aplicado um instrumento semiestruturado para obtenção da identificação, dos dados sociais e de saúde dos idosos. Além disso, foi aplicado o instrumento WHOQOL-old (World Health Organization Quality of Life for older persons) que contém 26 perguntas com finalidade de avaliar a qualidade de vida dos idosos. É dividido em seis facetas ou domínios: Funcionamento do sensório; Autonomia; Atividades passadas, presentes e futura; Participação Social; Morte e morrer; Intimidade. (FLECK; CHACHAMOVICH; TRENTINI, 2006). Quanto menor a pontuação no domínio, pior é avaliação da qualidade de vida. Outrossim, quanto menos pontos totais, mais baixo é o nível geral de qualidade de vida. Sobre o grau de dependência, o idoso foi classificado como grau I, grau II e grau III, conforme Resolução da Diretoria Colegiada 266/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária que regulamenta o funcionamento das Instituições de Longa Permanência (BRASIL, 2005). Considerou-se grau I o idoso independente (mesmo que fizesse uso de equipamentos de ajuda); grau II o idoso que tivesse dificuldade para realizar no mínimo três atividades de vida diária e/ou com condição cognitiva preservada ou alteração cognitiva controlada; e grau III o idoso com dificuldade para realizar todas as atividades básicas de vida diária e/ou com alteração cognitiva (BRASIL, 2005). Os dados foram inseridos em planilha elaborada no programa Microsoft Excel e analisada no software SPSS (Statistical Package for Social Scienses) versão 20.0. As informações foram organizadas em tabelas contendo

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2 frequências absolutas e relativas, e medidas de dispersão. Para todas as variáveis contínuas foi aplicado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov, e em todos os casos, as variáveis não apresentaram distribuição normal, ou seja, obtiveram p<0,05. Por isso, foram utilizados testes não paramétricos para relação entre a fragilidade e os dados sociais e de saúde. O teste de Spearman foi utilizado para associação entre idade, tempo de institucionalização e QV, e para identificar a interrelação entre QV e as facetas da WHOQOL-OLD. Para a estatística entre as variáveis categóricas e a pontuação da escala WHOQOL-old, foi utilizado o teste de Mann-Whitney para variáveis binárias, e o teste de kruskal-Wallis para variáveis com 3 ou mais categorias. Todos ao nível de significância de 0,05. Esse estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Complexo Universitário da Universidade Estadual do Ceará, protocolo 1.532.812, CAAE: 12390513.8.0000.5534. Seguiu os aspectos éticos da Resolução 466/12, envolvendo pesquisa com seres humanos. RESULTADOS: Em relação ao perfil dos idosos, observou-se segundo a Tabela 1, que a média de idade foi de 73,8 (±7,0), com prevalência do sexo feminino (50,9%), solteiros (61,8%), analfabetos (25,5%), e aposentados (91,8%). Sobre os dados de institucionalização, o tempo médio de institucionalização foi de 80,1 (±90,8) meses, 41,8% não recebiam visitas, e antes da institucionalização prevaleceram aqueles que residiam sozinhos (36,4%) residiam sozinhos (Tabela 2). Quanto ao contexto de saúde, predominaram os idosos que apresentaram mais de duas comorbidades (86,4%); e 100% faziam uso de mais de dois medicamentos. Em referência ao grau de dependência, 60,9% apresentava grau I (Tabela 2). Na avaliação da relação entre essas variáveis não houve nenhuma diferença estatisticamente significante. Na Tabela 3, todas as facetas apresentaram associação estaticamente significante sobre a pontuação total da QV, com exceção da faceta de Funcionamento do Sensório. A maior média de pontuação foi obtida na faceta de Atividades Passadas, Presentes e Futuras (PPF) (14,52±3,3). Ao contrário, a menor apresentou-se na faceta Morte e Morrer (7,45±3,7). Isso indica que a QV foi mais bem avaliada no domínio PPF e pior avaliada na faceta MEM. O presente estudo foi realizado com uma população específica de idosos residentes em ILPI, por isso os dados obtidos não podem ser generalizados, mas apresentam indicativos importantes para a compreensão da qualidade de vida em idosos institucionalizados. CONCLUSÃO: Os resultados desse estudo indicam que não houve associação significativa entre as variáveis socioeconômicas e de saúde dos idosos. Por outro lado, todas as facetas da escala WHOQOL-old obtiveram associações significativas com a pontuação geral de QV, com exceção da faceta Funcionamento do Sensório. Nessa perspectiva, esse estudo mostrou a relevância da avaliação da qualidade de vida em instituições de longa permanência, ressaltando que é possível a manutenção do bem-estar e da qualidade de vida, a partir de ações direcionadas à saúde física, social e mental do idoso. A equipe de saúde pode colaborar, identificando as reais necessidades dos idosos, e intervindo, precocemente, a fim de promover conforto e melhora das condições de saúde. REFERÊNCIAS: 1) VITORINO, L.M.; PASKULIN, L.M.G.; VIANNA, L.A.C. qualidade de vida de idosos em instituição de longa permanência. Rev.Latino-Am.Enfermagem, v.20, n.6, p. 1186-1195,

2012. 2) FLECK, M.P.A; CHACHAMOVICH, E; TRENTINI, C. Development and validation of the

Portuguese version of the WHOQOL-OLD module. Rev. Saúde Pública. 40, n. 5, p. 785-791, 2006. 3)

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Regulamento Técnico que define as normas de

funcionamento para as instituições de longa permanência para idosos. RDC nº 283, set 2005.

DESCRITORES: Qualidade de Vida; Idoso fragilizado; Instituições de longa permanência; Saúde do Idoso Institucionalizado; Perfil de saúde.

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3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, é preocupante o envelhecimento acelerado da população, especialmente em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Conforme dados da Organização das Nações Unidas, até 2050 todas as importantes áreas do mundo, com exceção da África, terão quase um quarto ou mais de suas populações com 60 anos ou mais, ou seja, o número de pessoas idosas no mundo deverá chegar a 1,4 bilhão em 2030 e a 2,1 bilhões em 2050.1

Na realidade brasileira, o levantamento estatístico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, mostrou que, a proporção de idosos de 60 anos ou mais de idade passou de 9,7%, em 2004, para 13,7%, em 2014, sendo o grupo etário que mais cresceu na população.2 Em 2030, esta proporção será de 18,6%, e, em 2060, de 33,7%, isto é, a cada três pessoas na população, uma terá pelo ou menos 60 anos de idade.2

O processo de envelhecimento pode ocasionar prejuízos no estado geral desse idoso, acarretando maior vulnerabilidade a doenças crônicas degenerativas, a perda da autonomia e o comprometimento da interação social. Além disso, o indivíduo idoso pode carecer de cuidados, sobretudo da família. Porém, percebe-se que o cuidado familiar está cada vez mais fragilizado e comprometido, devido às mudanças na dinâmica social, como a entrada da mulher no mercado de trabalho e a formação de famílias nucleares.4

Todos esses fatores podem interferir de alguma forma em sua capacidade física e mental, gerando deficiências no desempenho das

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4 atividades de vida diária.3 Essa mudanças podem, muitas vezes, preceder a necessidade de institucionalização e pior qualidade de vida.

Dessa forma, a definição de qualidade de vida (QV) pela Organização Mundial da Saúde5 é descrita como: “percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

A qualidade de vida (QV) vem reunindo distintas perspectivas, tanto pelo saber científico como pelo entendimento comum, levantando-se conceitos objetivos e subjetivos.6 Com intuito de avaliar a QV, a OMS criou um Grupo de Qualidade de Vida (WHOQOL) que contou com a participação de vários países de diferentes culturas, desenvolvendo de início os instrumentos WHOQOL-100 e WHOQOL-bref.5 Em seguida, com o objetivo de avaliar a população adulta idosa foi feito o instrumento WHOQOL-old de forma específica para essa população.7

Ademais, a institucionalização resulta de aspectos como abandono familiar, exclusão e isolamento social.8 Essa são razões que contribuem para o surgimento de pensamentos, sentimentos e ações de rejeição, que prejudicam o estado emocional, mental e a qualidade de vida do idoso.8 O processo de institucionalização, apesar de ser uma opção bem mais aceita atualmente, ainda pode gerar vários confrontos internos, com relação a reflexão do idoso se considerar um fardo para a família, a insegurança sobre o futuro, a sensação de perda da autonomia e a baixa qualidade de vida.9

É relevante que os profissionais que atuam na área da assistência e da pesquisa geriátrica / gerontológica conheçam a percepção dos idosos que

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5 estão aos cuidados dessas instituições, e compreendam a importância do trabalho que vem sendo desenvolvido, nesses locais, com a intenção de melhorar a expectativa e qualidade de vida desse contingente.

Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo, avaliar a qualidade de vida de idosos institucionalizados por meio da aplicação da escala WHOQOL-old.

MÉTODO

Esse trabalho caracteriza-se como um estudo transversal, quantitativo e de caráter descritivo. Foi realizado em uma instituição de longa permanência (ILPI), localizada na cidade de Fortaleza – CE. Esse local se caracteriza por ser uma instituição filantrópica que atende idosos em situação de vulnerabilidade e risco social, visando garantir seus direitos e assegurar uma vida digna, como autonomia e liberdade. Atualmente, a quantidade de residentes nessa ILPI é de 230 idosos. A coleta de dados foi realizada no mês de dezembro de 2015 e janeiro de 2016.

A amostra foi composta por 110 idosos que responderam aos critérios de inclusão: idade ≥ 60 anos, em boas condições de saúde física ou mental para responder às perguntas. Não participaram os idosos que estavam com enfermidades que impossibilitavam a aplicação do questionário, assim como aqueles que possuíam transtornos mentais que dificultasse a compreensão dos questionamentos.

Foi aplicado um instrumento semiestruturado para obtenção da identificação, dos dados sociais e de saúde dos idosos. Além disso, foi aplicado o instrumento WHOQOL-old (World Health Organization Quality of Life for older

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persons) que contém 26 perguntas com finalidade de avaliar a qualidade de

vida dos idosos. É dividido em seis facetas ou domínios: Funcionamento do sensório; Autonomia; Atividades passadas, presentes e futura; Participação Social; Morte e morrer; Intimidade.10 Quanto menor a pontuação no domínio, pior é avaliação da qualidade de vida. Outrossim, quanto menos pontos totais, mais baixo é o nível geral de qualidade de vida.

Sobre o grau de dependência, o idoso foi classificado como grau I, grau II e grau III, conforme Resolução da Diretoria Colegiada 266/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária que regulamenta o funcionamento das Instituições de Longa Permanência.11 Considerou-se grau I o idoso independente (mesmo que fizesse uso de equipamentos de ajuda); grau II o idoso que tivesse dificuldade para realizar no mínimo três atividades de vida diária e/ou com condição cognitiva preservada ou alteração cognitiva controlada; e grau III o idoso com dificuldade para realizar todas as atividades básicas de vida diária e/ou com alteração cognitiva.11

Os dados foram inseridos em planilha elaborada no programa Microsoft Excel e analisada no software SPSS (Statistical Package for Social Scienses) versão 20.0. As informações foram organizadas em tabelas contendo frequências absolutas e relativas, e medidas de dispersão.

Para todas as variáveis contínuas foi aplicado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov, e em todos os casos, as variáveis não apresentaram distribuição normal, ou seja, obtiveram p<0,05. Por isso, foram utilizados testes não paramétricos para relação entre a fragilidade e os dados sociais e de saúde. O teste de Spearman foi utilizado para associação entre idade, tempo

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7 de institucionalização e QV, e para identificar a interrelação entre QV e as facetas da WHOQOL-OLD. Para a estatística entre as variáveis categóricas e a pontuação da escala WHOQOL-old, foi utilizado o teste de Mann-Whitney para variáveis binárias, e o teste de kruskal-Wallis para variáveis com 3 ou mais categorias. Todos ao nível de significância de 0,05.

Esse estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Complexo Universitário da Universidade Estadual do Ceará, protocolo 1.532.812, CAAE: 12390513.8.0000.5534. Seguiu os aspectos éticos da Resolução 466/12 e 510/2016, envolvendo pesquisa com seres humanos. RESULTADOS

Em relação ao perfil dos idosos, a média de idade foi de 73,8 (±7,0), com prevalência do sexo feminino (50,9%), solteiros (61,8%), analfabetos (25,5%), e aposentados (91,8%) (Tabela 1).

Tabela 1- Perfil social dos idosos institucionalizados e a relação com qualidade de vida. Fortaleza. Ceará. 2016.

Variáveis f % p

Idade * *

Média: 73,8 (±7,0); mínimo: 60; máximo: 91 0,560*

Coeficiente de correlação (ρ): - 0,056 Sexo Feminino 56 50,9 0,387** Masculino 54 49,1 Estado civil 0,252*** Solteiro 68 61,8 Casado/união estável 05 4,5 Divorciado/separado 17 15,5 Viúvo 20 18,2 Escolaridade 0,831*** Analfabeto 28 25,5 Alfabetizado 14 12,7 De 3 a 7 anos 15 13,6 De 8 a 10 22 20 De 11 a 14 23 20,9 15 ou mais 08 7,3 Aposentadoria 0,970**

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8 Sim 101 91,8 Não 09 8,2 Religião 0,621*** Católica 89 80,9 Evangélica 13 11,8 Outras 5 4,5 Nenhuma 3 2,7

*Spearman; **Mann-Whitney; ***Kruskal-Wallis.

Sobre os dados de institucionalização, o tempo médio de institucionalização foi de 80,1 (±90,8) meses; 41,8% não recebiam visitas; e antes da institucionalização prevaleceram aqueles que residiam sozinhos (36,4%) (Tabela 2).

Quanto ao contexto de saúde, predominaram os idosos que apresentaram mais de duas comorbidades (86,4%); e 100% faziam uso de mais de dois medicamentos. Em referência ao grau de dependência, 60,9% apresentava grau I (Tabela 2). Na avaliação da relação entre essas variáveis não houve diferença estatisticamente significante.

Tabela 2- Perfil de institucionalização e de saúde e a relação com qualidade de vida. Fortaleza. Ceará. 2016.

Variáveis f % p

Com quem residia antes da institucionalização 0,184***

Sozinho 40 36,4

Outros parentes/amigos 34 20,9

Cônjuges e filhos 23 30,9

Outros 13 11,8

Tempo de institucionalização 0,355*

Média: 80,1 (±90,8); Mínimo: 5 mês; Máximo: 636 meses Coeficiente de correlação (ρ): 0,089 Recebe visita 0,787** Sim 64 58,2 Não 46 41,8 Comorbidades Mais de duas 95 86,4 0,175** 1 ou 2 15 13,6 Medicamentos - Mais de um 110 100 Grau de dependência 0,079***

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Grau 1 67 60,9

Grau 2 36 32,7

Grau 3 7 6,4

*Spearman; **Mann-Whitney; ***Kruskal-Wallis.

Na Tabela 3, todas as facetas apresentaram associação estaticamente significante sobre a pontuação total da QV, com exceção da faceta de Funcionamento do Sensório. A maior média de pontuação foi obtida na faceta de Atividades Passadas, Presentes e Futuras (PPF) (14,52±3,3). Ao contrário, a menor apresentou-se na faceta Morte e Morrer (7,45±3,7). Isso indica que a QV foi mais bem avaliada no domínio PPF e pior avaliada na faceta MEM.

Tabela 3- Estatística descritiva e inferencial das facetas do instrumento WHOQOL-OLD em idosos residentes em uma ILPI. Fortaleza. CE. 2016.

Faceta Média Mínima Máxima Desvio padrão Coeficiente ρ p FS 8,36 5 17 2,3 0,124 0,195 AUT 13,17 4 18 2,9 0,643 0,000 PPF 14,52 4 20 3,3 0,723 0,000 PSO 14,29 4 20 3,1 0,679 0,000 MEM 7,45 4 18 3,7 0,243 0,010 INT 14,51 5 20 2,9 0,704 0,000 QV total 72,3 45 92 9,8 - -

FS: Funcionamento do Sensório; AUT: Autonomia; PPF: Atividades Passadas, Presentes e Futuras; PSO: Participação Social; MEM: Morte e Morrer; INT: Intimidade; QV TOTAL: Pontuação total da Escala WHOQOL-OLD; ρ: Coeficiente de Correlação Ró de Spearman; p <0,05.

DISCUSSÃO

O presente estudo foi realizado com uma população específica de idosos residentes em ILPI, por isso os dados obtidos não podem ser generalizados, mas apresentam indicativos importantes para a compreensão da qualidade de vida em idosos institucionalizados.

Nessa pesquisa, mesmo que não obtida associação estatisticamente significante entre as variáveis sociais, de institucionalização e de saúde,

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sabe-10 se que a literatura evidencia que fatores econômicos, de saúde, vida conjugal e escolaridade podem ter impactos positivos ou negativos na QV.12

Da mesma forma, a religiosidade e a espiritualidade são aspectos importantes durante a avaliação da QV.13 A espiritualidade poderá ajudar a pessoa idosa a gerir o seu processo de envelhecimento, o qual é, muitas vezes, acompanhado de situações desencadeadoras de stress, como a situação de ser institucionalizado, contribuindo de forma positiva para o percurso de um envelhecimento bem-sucedido.13

Em relação a avaliação das facetas, pesquisa realizada no município de Natal em seis ILPIs, revelou um resultado diferente desse estudo, destacando uma maior pontuação no domínio de funcionamento do sensório.14 Na presente pesquisa, comparada com as outras facetas, a FS obteve uma pontuação baixa e foi a única sem relação estatisticamente significante. Acredita-se que a média baixa da FS esteja relacionada à carência das habilidades auditiva e visual, a qual já faz parte do curso natural da vida de boa parte dos idosos, porém em instituições, muitas vezes, esses problemas não são solucionados, e podem afetar a independência desse idoso, prejudicando a QV.14

Em relação a faceta AUT, que atingiu uma média de 13,14 (±2,9) uma das mais altas, demostrou satisfação dos idosos, o que difere de outros estudos.14,15 Isso mostra um dado surpreendente, pois alguns estudos revelam que os idosos que residem em ILPI, devido a ociosidade e a falta de estímulo para prática das atividades de vida diária, tendem a perder sua autonomia.14 Portanto, a equipe de uma ILPI tem papel importante para incentivar o idoso a tomar decisões, a ser independente e ser sujeito cognoscente do seu cuidado.

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11 A faceta PPF foi a que teve a maior média (14,52±3,3), revelando que os idosos estão satisfeitos com as atividades realizadas no passado, com aquelas que estão sendo executadas e com as que ainda serão realizadas. Infere-se que a maioria dos idosos pesquisados era proveniente de classe social baixa e, por conseguinte, vivia com limitações financeiras e com sofrimentos inerentes a condição socioeconômica desfavorecida, e por isso não possuía muitas aspirações, desejos ou motivações, afirmando, assim, estarem satisfeitos com suas conquistas e resilientes com o que estava por vir.8 Uma boa opção para manutenção desse resultado seria a possibilidade de um ambiente o mais próximo possível do domicílio do idoso, estimulando e favorecendo a recepção e a realização de novas perspectivas.8

A análise da faceta PSO, que obteve média de 14,29 (±3,1), também, foi positiva para elaboração de intervenções que motivem a participação social. Alguns estudos sugerem que a institucionalização pode gerar uma quebra dos hábitos de vida e rotina do idoso, isso pode favorecer ao isolamento social.16 Portanto, a equipe da ILPI tem a função de impedir a sensação de abandono ao integrar o idoso nas atividades e facilitar a adaptação ao ambiente novo.17 Os profissionais da saúde devem estimular ativamente a participação e decisão dos idosos, especialmente dos fragilizados, que estão mais susceptíveis a níveis baixos de resiliência.

A faceta MEM teve a pior média, 7,45 (±3,7), uma pontuação que apresenta uma insatisfação em relação ao processo de morte e morrer. De fato, o sentimento de morte pode vir acompanhado de medo do desconhecido, ou seja, do não saber sobre o depois, de não saber como vai ser, quando vai

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12 ser e aonde vai ser.15 Essa sensação gera temor e inquietação. Nota-se que é comum presenciar a morte do outro, isso faz com que eles vivam um momento de luto, refletindo na busca para dominar o medo da própria futura morte.14

A faceta INT obteve uma média de 14,51 (DP ±2,9) representando a segunda faceta com a melhor pontuação, mostrando a satisfação dos idosos com as relações sociais e íntimas. É importante que esse dado seja explorado, no sentido de entender a construção de laços de amizades, e a reconstrução de novas famílias, por meio da convivência, da troca de experiência e dos vínculos fortificados. Destaca-se o papel da equipe multidisciplinar, nesse aspecto, tendo em vista a necessidade de realizar atividades de educação em saúde, também, relacionadas aos aspectos sexuais, uma vez que esse domínio se refere aos fatores mais íntimos e que devem ser expressados.

Dessa forma, é fundamental que o idoso tenha a confiança do profissional para se sentir livre durante o diálogo e disponível para se relacionar.18 Essas atitudes são imprescindíveis para a melhora da qualidade de vida.

CONCLUSÃO

Os resultados desse estudo indicam que não houve associação significativa entre qualidade de vida e as variáveis socioeconômicas e de saúde dos idosos. Por outro lado, todas as facetas da escala WHOQOL-old obtiveram associações significativas com a pontuação geral de QV, com exceção da faceta Funcionamento do Sensório.

Enfatiza-se uma maior média de pontuação no domínio Atividades Passadas, Presentes e Futuras e menor média na faceta Morte e Morrer. De

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13 toda forma, a institucionalização interferiu de forma satisfatória na qualidade de vida dos idosos.

Nessa perspectiva, esse estudo mostrou a relevância da avaliação da qualidade de vida em instituições de longa permanência, ressaltando que é possível a manutenção do bem-estar e da qualidade de vida, a partir de ações direcionadas à saúde física, social e mental do idoso. A equipe de saúde pode colaborar, identificando as reais necessidades dos idosos, e intervindo, precocemente, a fim de promover conforto e melhora das condições de saúde. REFERÊNCIAS

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Referências

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